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FILOSOFIA E ÉTICA NOS NEGÓCIOS – ESTUDO DE CASO 2

Ética nos negócios ou questão de relações públicas? 1

Em uma época de crescente ceticismo quanto à possibilidade de ética e sucesso andarem


juntos, foi fundado, em 1998, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social. Atualmente,
mais de 500 empresas são associadas ao instituto, sob diversos programas de associação. O
programa de associação cujo vínculo é o mais forte é chamado de “Vivência”, e nesta categoria
encontram-se empresas como: Coca-cola, Vale, Alcoa, JBS, MRV, Odebrecht, Walmart, etc. Os
associados pagam para associarem-se e recebem, em troca, uma série de benefícios, como o
vínculo à marca Ethos, conteúdos especializados, cursos e palestras.
Por meio de seu posicionamento oficial, o Instituto Ethos parece assumir uma posição muito
clara quanto a seus valores. A ferramenta criada com o nome de Indicadores Ethos, disponível
online, auxilia as empresas a avaliarem o progresso de implementação de práticas e de condutas
éticas, divididas em quatro grandes dimensões: VIsão e Estratégia, Governança e Gestão, Social e
Ambiental.
Em resposta a uma situação em que, “por meio da cacofonia de histórias contadas pela mídia,
acusações políticas, notícias de ganância e histórias convincentes de dificuldades, a comunidade
empresariam como um todo tem sido caracterizada como uma cesta cheia de maçãs podres com a
capacidade de comprometer o desenvolvimento econômico e social da nação”, os associados ao
Instituto apresentam-se como “um quórum crescente de empresas que estão se juntando para
declarar um compromisso à ética nos negócios”. Além disso, tais empresas divulgam ser de sua
responsabilidade o “reestabelecimento da ética como o fundamento das práticas de negócios
cotidianos”.
As opiniões quanto às declarações das empresas, entretanto, variam. Os otimistas as veem
como um passo na direção certa, argumentando que a iniciativa destas empresas, bem como a do
Instituto Ethos, merecem aplausos. Entretanto, muitos pessimistas veem a associação das
empresas ao Instituto como um mero exercício de relações públicas para empresas que tiveram
suas práticas questionadas no passado e que agora buscam redenção. O caso mais recente é o da
Vale e da barragem rompida na cidade de Brumadinho-MG. Em resposta a este caso, o Instituto
Ethos publicou a seguinte nota em seu site oficial:

Nesse momento desolador que nos deixa atônitos diante do desastre na cidade de
Brumadinho, em Minas Gerais, o Instituto Ethos se refere em primeiro lugar aos familiares daqueles
que foram atingidos e vieram a óbito e dos que estão desaparecidos. “Desejamos a necessária
força para enfrentar uma situação como essa e lamentamos profundamente as vidas perdidas”,
disse Caio Magri, diretor-presidente do Ethos.
O Ethos aguarda os esclarecimentos da Vale e mais informações para se posicionar quanto
aos danos ambientais que ainda serão apurados e as responsabilidades que levaram à queda das
barragens.
“Com certeza não pouparemos esforços em nossa constante busca para que as empresas
adotem boas práticas e assumam os necessários preceitos da responsabilidade social empresarial
em atendimento a preservação da vida e do meio ambiente ”, ressalta Magri.

Perguntas:
1. Você acha que é uma boa ideia do Instituto Ethos permitir a associação de qualquer empresa
que pague pelo pacote, independentemente do histórico de transgressões éticas cometidas
por tais empresas?
2. Visite o site do Instituto Ethos e baixe a apostila dos Indicadores Ethos, versão 2018. Quais
dos indicadores apontaria, na sua opinião, para um problema no caso como o da Vale?
3. O que diferencia, na sua opinião, a empresa que se associa ao instituto por dever ou por
interesse?
4. Você acha que a ameaça de desligamento das empresas ao Instituto Ethos poderia ter
alguma influência nas tomadas de decisões de seus associados?

1 Adaptado de Ghillyer, A. Ética nos negócios, 4a edição. Porto Alegre: AMGH, 2015, p. 41

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