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Musica, Cultura e Educacao: os multiplos espacos de educacao musical (© Eaitora Meridiona, 2011 Capa Leticis Lampert Projeto grifico¢ editoragdo ‘Niura Fernanda Souza Revisto ‘Mariane Farias Reisiogrifica Miriam Gress Editor Luis Gomes Bibliotecie M986 ISBN: 978-45-205-06 4. Musica na Escola ~ Edueagio. 2. En Misica 3. Educagio Muvica. 4. Cultara Mo Santos, Regina Maria Simio cpu: 372.878 7” cpp: 780, A grafia desta obra estSatualizada segundo 0 Acorda Ortogrifico dda Lingua Poreuguesa de 1990, que entrou em vigor no Brasil em 2008. Todos os desta edigio reservados & Editora Meridional Leda ‘Aw, Osvaldo Aranha, 440 Sumario PREFACIO .. Parte |- MEMORIAS DOCENTES Capitulo 1: Para que escreva suas propria hist6rias a propésito da apresentagao de um livro .. 13 Regina Marcia Simo Santos lo 2: Saberes ¢ fazeres em educacio nérias docentes de professoras de MUsicd nurnummewe3H tdo Santos Adriana Rodriques Didier Eliane Maria Vieira Neila Ruiz Alfonz0 Parte Il - ESTUDOS DE CASOS ‘Capitulo 3: Maisica e educagio: 0 grupo BIGBANDA na escola Senador Correa ¢ 0 programa de ridio da APAE de Rio Pomba : Eliane Maria Vieira Capitulo 4: Educagio de adultos ¢ oficina de apreciagio musical: projeto de formacio permanente... 9 Adriana Rodriques Didier cas cantando em grupo: curriculo rizomitico na rede cultural do coro 127 Neila Ruiz Alfonzo Parte III - MARCOS REFERENCIAIS: POR UMA POLITICA PEDAGOGICA QUE TEM A ARTE COMO PERSPECTIVA Capitulo 6: Educacik educacio artistica, arte-educagio e miisica na escola basica no Brasil trajetérias de pensamento e pritica 165 Regina Marcia Simo Santos Capitulo 8 Um paradigma estético Para o curriculo* Regina Marcia Simio Santos Proponho pensar 0 curri entendendo cognigio como i matizagio. Numa abord: pedagégica da invencio. no perspectiva. Arte (Misica) € vista aqui como plano de composi¢io estética ¢ como forma de pensamento, conhecimento ¢ expressio. Ao fundamentar a opcio por uma perspectiva tca” para o curriculo, concebo educagio como Jugar de tragar cartografias, explorando meios por trajetos dinimicos. ci € acabam remetendo a ilo por um paradigma estético, curriculo rizomitico, devir, O marco referencial aprese ‘capitulo se soma as ideias desenvolvidas nos capitulos 6 ¢ 7. O trata de cultura, tidade, diferenca, modelo de escola pritica escolar segundo os critérios da modernidade ¢ ante as, 6 traz um panorama sobre trajetérias da misica-arte-educagio-escola no Brasil. Os temas tratados aqui interessam nao s6 a0s eduucadores musicais, mas também aos professores das demais modalidades da Artec aos que atuam com as séries iniciais, iducagio Musical, Educagio Artistica, Arte-Educagio ¢ Brasil’ nos leva hoje? Como toda essa ticas curriculares acaba ituir hoje, em nossas agoes € pensamentos? Ante 0s recentes documentos legais, considerando o momento hist6rico ea conversagio que ele demanda, que questdes contemporaneas parecem ajudar a pensar tum projeto de eduicacio nestes anos do século XXI, frente aos debates sobre arte, cignciae filosofia? distanciamos de um pensamento cago ede uma teria do currculo om megan centrados no paradigma cien ‘moderna eno paradigm da ct do que Deleuze designa como es Larrosa comenta sobre aexperiéncia, co para formular pri m mtisieg 1ocondigég caracterizam um ‘ono funcionamento de currictilog O par cigncia/téenica situa a educagio como Depois do texto de 2003, enco ‘matters: a new philsophy of sino de msica com base: David 'a que € preciso transformar programas bascadose pono fc masta jem descobertae resolu de problems num cones ‘musical genusino ou préximo a tna pritica musical seja imprescindiv seg Desde 0s textos escritos na primeira metade dos anos 1990 (Santos, 120-127; Santos, 1995, p. 28-40) vou iro funcionamento da arte edo tos de ensino, sem frouxi Parmetros ordenadores eestruturasabertas. No pres ir numa politica pedagégica caracterizada pela construgio de -aprendizagem potencializado pela i ica (0 leitor pode considerar aqui também a imersio numa numa pintura... e caracterizado pela singularidade do encontro, 1a problematizacio de feducagio mus de um “curriculo mais estético”, a discussio trazida por ela pode compor com muitas dessas demaislinhas um cenério para fazer exducagio hoje? izagdo e na poténcia de oj que tear natariSErpaislifrnasTE nessa, perspectiva que vamos a Kastrup, entendendo, como Sylvio Gadelha Costa”, que emporaneidade. Mas, como agenciar seu pensamento de forma a sugerir vias de desobstrucio ou de escoamento nnesse dominio? (Costa, 2000, p. 117). 1 Da aprendizagem inventiva ou da experiéncia de problematizacao: a arte como perspectiva Para Deleuze, aprendizagem é, sobretudo, invengio de probh experiencia de problematizagio. S6 sob estes termos podemos ‘uma aprendizagem inventiva," entendida nfo como atributo de criaturas 1.1 Experiéncia de recognigéo e experiéncia de proble- matizacao wecemos a experiéncia de recogni te pego para ir a0 trabalho, rosto familiar do meu amigo (Kastrup, 2001, p. 207). Diz Deleuze (2006): “€ evidente que os atos de recognicio exi é 1a magi, 60 pedaco de cera. todos esses exemplos, Kastrup apresenta uma fund entre a experiéncia de recognigio a aprendizagem inv aprendizagem inventiva prolonga seus efeitos e sua poténcia de 27 lade, o vajante tem a experigneig tomna-se sensivel a aspectos quc Ihe passavarg desapercebidos. nto com o que diz Deleuze, em Dien Rept recorrendo3 ese de Hume: "a repetigio nada muda no objeey aque se repete, mas muda alguma coisa no esplrito que a contempge (Deleuze, 2006, p. 111), Deleuze afirma que “no se pode filarem Fepetigio ano ser pel difeenca ou mudanca que ela introdu no sping aie a contemple” (p11) ~ este € 0 “paradoxo da repeticao”(Kasrup 2001, p. 208). ] ragio padecer, o que € passivo de um essual que se faz independente do sujeito, lexio, nio é uma operacio de entendimento, Deleuze exemplifica essa experiéncia da contracio com as anilises de ‘Hume ¢ de Bergson, e traz o exemplo de Bergson, para falar de um tempo presente vivo e de um tempo derivado reflexivo: quatro horas soam... Cada batida, cada abalo ou Esse exemplo tomado de Bergson por Deleuze é perfeito para entendermos 0 que Deleuze (2006) chama de (Kastrup, 2001, p. 209), Em outro texto, vemos Deleuze ¢ Guattari dizendo: “A sensacio é contemplaga0 pura, pois € pela contemplacio que se contrai[..]. Contemplar € cia Imistério da criagio passiva,sensagio. A sens enjomnent eal enjoyment” (Deleuze; Guattari, 1992, p. 272). 6 depois dessa sintese do presente vivo (ou vivido) restieufmos esses elementos a um tempo derivado reflexivo, produzindo sinteses 238 ativas, Trata-se do que Deleuze (2006) vai chamar de “o passado reflexivo 1c40” e “o futuro reflexivo da previsio” (p. 113). Oexemplo Jonge de toda lembranga ou (cestituindo esses dde um signo que se interpreta ou se desdobra nas sinteses aivas” (p. 115) —05 dois momentos indicados a partir do exemplo de Bergson. ‘Vamos entio considerar aquestio do signo edo habito, do terrt6rio, agenciamentos ¢ dvires, para enfocar a arte como perspectiva para tratar da aprendizagem i 1.2 Aprender: sobre 0 habito e a forca dos signos Kastrup (2001) afirma que “formamos hébitos contemplando, expondo-nos aos casos e acasos” (p. 209). Ela vai a Deleuze para dizer que 0 hibito € uma contracio da repeticio de casos ou “instantes stcessivos independentes , 2006, p. 112, apud Kastrup, 2001, Quando dizemos que o habito € contragio, a fasio desta repeticZo no esp que contempla em seus estados m fragmentados (p. 118) Existimos contemplando, contraindo, formando habitos, extraindo 29 Deleuze (1987, qpud Kastrup, 2001)" frsa que aprender ¢considerae uma matéria our objeto comoalgo que emit sgnosa serem decifados interpretados. Kastrup trazaideia de Deleuze: Aprender marcenaria € ser senstvel aos signos da ‘madeira, aprender medicina € ser sensfvel aos signoy da doenga, aprender a cozinhar é ser odores, as cores, as texturas dos ingre da comida, aprender a jogar futebol é ser sensivel aog signos da bola, do campo, da torcida, dos jogadores Os signos sio um tip ralquer matéria JJextrafdos da madeira, de um corpo doente, dos igredientes da culinaria, do campo de futebol Eles revelam a presenca da diferenca no ambito do, objeto, seu diferencial. © signo é inequivoco em sua presenga, mas equivoco em seu sentido, Através dele captamos a fluidez da matéria, mais do que a solidez do mundo dos objetos conhecidos. [..] Possui a forca de uma interrogagio que forgaa pensay, de um problema que exige solucio. Porisso Deleuze aponta seu carster de forga, coagio e violéncia. Possti ‘mas, por sua forca de proble= impée-se como inevitével (Kastrup, 2001, p. 211, grifos meus), leuze fala da aprendizagem, considerando o signo. Kastrup (2001) vai por essa erilha, e sintetiza:“o signo se expressa numa matéria, ‘mas nio é objetivo; afetao sujcito, mas nao € subjetivo"; “sem ser objeto de recognicio, forca o movimento da subjetividad Aprendizagem no decorre de uma relagio entre un suje composto de objetos —ndo se dino plano das formas, nen seu centro, Aprendizagem depende de um composto de fragmentos, multiplicidades, diferengas; decorre de um “ dliferencas, num plano de diferenciagio miitua, onde tem lugar a invenga0 desiedomundo” No lugar da relagio matéria-forma, a relagd0 ‘material-forca toma lugar, conforme frisa o compositor Silvio Ferraz (Ferraz, 2005, p. 65, 88, 89), na mesma trilha deleuziana, Na obra Diferencae Repeticio, Deleuze (apud Kastrup, 2001, p-217) insiste que “a aprendizagem dos signos envolve nio 36 0 acaso dos 240 encontros, mas forca a pensar, atuando com violencia sobre o pensamento ie] & positiva”. Tocados ito do objeto), temos “precede [arepresentacio] eexige representacoes” (Kastrup, 200 Trata-se de um contato que provoca uma agitacio criadora, visto cexigente de representagées, que. cla se seguirao” (p. 212— grifo meu) Kastrup dé exemplo: podemos falar da forca que produz uma cescultura, exigindo extrair do bronze ou do mérmore uma fluidez para criar um gesto. Outro exemplo vem do préprio compositor Silvio Ferraz 200: '© quando descreve sua miisica Emt tomo da pedra, A maneira de carta, No set relato, um contato provoca uma agitacio criadora, cexigente de representagSes que aca se seguem. Ou seja, uma forca produz uma misica, exigindo extrair do material uma fluidez para criar gestos musicais expressivos: © titulo nao diz nada. Apenas algumas pedras ¢ sonoridades de eco de quando subimos nelas ou as contornamos pela base. Pedra Selada; subi aquele pedregulho em julho de 1999. Comecei a particura vendo a montanha da janela de uma pousada ‘Terminei a peca aos pés da Serra de Sao José para ‘onde voltei no mesmo julho de 1999 [ original da peca foi mudado [...] nos rascunh violins flautins no agudo em fortssimo, realgados por um quarteto de claves distriburidas pelo palco. ‘um pouco o inferno sonoro do ‘mata e do batido seco da madeira cortada. Apenas sonoridades [...] (Ferraz, 2005, p. 110-111), ‘Assim como nas cartas que Van Gogh escrevia a0 irmio ele se ‘mostrava um pintor, dando consisténcia a um fluxo de sensacbes, Silvio is do que cumprira tarefa de descrever sta miisica. Em rio se trata de percebera paisagem ¢ representi-la tuma tela, com um desenho, com sons, mas de 241 fazer aparecer as forgas da sensacio da paisagem, das frases [JA a relagio (um par) matéria-forma (p. 65). Diz Ferraz, lembrando os escritos do compositor Pierre Schaeffer, ¢ falando da ‘oque nio €’ miisica”,e considerando es para certas musicalidades”: [..] uma primeira vez limitada as fontes sonoras nisca € tudo aquilo que esti sendo tocado por um instrumento musical de forma comreta”), ‘uma segunda vez objetosespecifico de ‘como atagques notéveis em Tal experiéncia € desencadeada por conta de uma diferenca, de wma qualidade, d 1.3 Aprender: sobre habitar um territério e fazer agen ciamentos ‘Vamos agora tratar da aprendizag problematizacio) disparada pelo 2a TV, voltam & quest ito de territério. Aprender € territorializacao © subj ddessubjetivacio. Katrup remete a Deleuze ¢ Guattari na mesma obra Mil Plats IV: [..] 0 signo pie problema, forca a pensar © exige decifracio e se wzindo uma reconfi- guragio permanente dos limites do territério. Toda aprendizaget sta transposicio, impedindo o sujeito de continuar sendo sempre o mesmo. [..] aaprendizagem abarca devires, bem como a corporificagio do conhe- cimento (Kastrup, 2001, p. 217-218). A aprendizagem abarca devires"* — qualidades, fluxos, zona de hanca, movimento, Envolve a dimensio tecnolégica de trato com a ‘matéria, mas também um efhes ov attude de manter, no encontro com os signos, sua exigéncia de decifragio. Aaprendizagem exige imersio no mundo da matéria “assiduidade” na habitacio do terrtério, mas acaba também reco dimes tari (1992) uando reconhece eng am decreto pode fixar co ato de percepcio sendo fundamentalmer cronometrar 0 tempo yaa Dap ot ” classificar, hierarquizar. Ha um *jé dado", @ rensamento € o set for gem dogmitica g do verdadero, eee icador, uma estrutura c ®,espago declcado, ugar de medidas € los elementos formais transcendentes. Conbecer como imersio num corpo-misica, habitar um terrt6ro, remete a.um plano de imanéncia: conceitos nao sio dados prontos, 10 Preexistem. A tinica fingio do conceto, nesse pensar “sem imager conta do acontecimento. A poténcia expressiva se cola a explicatva sobre ideis de misia, de ritmo, Sempre esti dec ordenacbes provisérias, referidasa elementos etiais imanentes. 2. 2 A arte (musica) como experiénci dle compecicae set come experiéncia da ordem do plano no plano de composigio estética extrapola 0 ica. O que isto quer dizer? 252 nots, ints, teas de diversos tam ‘esendbo afetadapelascores dastubosdetinta, pelos cheiros cbrilhos.Sentitambéma texturadas tnt, s6 pelo olhar. ‘A tela recebeu um primeiro trago, uma cor, nium ddeterminado espaco. Experinre ‘ago, Escolhi os pineéis. Cruze, son imprimi outros pontos sobre tela, Aoacaso, indode cor ‘em cor, de trago em traco, sendo afetada pelo que resultava sobre tela, Useias das mos, um pincel em cada mio, Virou um jogo de movimentos, mios © jucritmicamente sealtemavam tocandoattelae pproduzindo pontos, manchase linhas. Eu curt isso. E cu ia experimentando, escolhendo, decidindo. interrompida pela pessoa que perto de mim também ‘Pintava, Surpresa, me perguntou se eu no ia fazer un esbogo. Eu vique era que cla fizia. Algunsanos depois ‘volte aquele local. tela estava i, para exposigio, Ekes ‘me permitiram tazé-a comigo (CAVS, Friburgo, RJ, Ii pelos dos de 2001, Regina Marcia). Essa experi explorar meios, produzir qualidades, sendo afetada por tracos dos materiais ¢ lidando com a experimentagio qute 6 da ordem da composicio estética. O material entra ra sensacio. Deleuze e Guattari,em O que 6a Filosofia, dizem dos materiais e da sensagio, seja quando se compée a partir de um plano detalhado, ou quando se vai compondo de cor em cor, de som em som, por experimentacio. Trata-se de dois estados de relagdo entre plano de composicio técnica ¢ plano de composicio estética. Tomando como exemplo a pintura a 6leo, assim eles dizem (Deleuze; Guattari, 1992): [--] num primeiro caso, o quadro é preparado por ‘um fundo bra odesen! eas luzes. [ existe fora desta realizagio (0 composto de sensagées) se projeta sobre o plano cde composicio técnica bem preparado, de sorte que ‘0 plano de composicio estética venha recobti-lo. 253 Finalizam os autores: 'S6 hd um plano tinico, no sentido em que aarte no comporta outro plano diferente do da composisio estética: 0 plano técnico, com efeito, € necessaria- mente recoberto ot absorvido pelo plano de com= cestética. E sob esta condigéo que a matéria fe torna expressiva: 0 compost de sensag6es Se Tealiza no material, ou o material entra no composto, ‘sempre de modo ase situar sobre um plano de jposicio propriamente estético (Deleuzes tari, 1992, p. 251-2). © plano de compos autonomia a nio ser no primeiro caso [. diriamos agora que elesoben agora que ele sobe no plano de composigio ‘Um plano de composicio se dé sempre sobre um material (lembramos a relagio matera-frcs, 6 comentada em item antens® (ervPrapttale), Entre o plano de composigio técnica (trabalho de des al) eo plano de composigioestéica (trabalho da sensacio),€ ile] precizar onde comeca e onde aca a sensagio, A preparagio da tela, 0 Trago do pelo do pince,acor no tubo fazem parte da sensagio ‘invader 6 plano de composigo. Por isso dizer-se que “o plato do. material (.-] siade o plano de composicio das sensacbes mesmas”, fazendo parte scernivel (Deleuze; Guattari, 1992, p. 216). Tada arte como plano de composicio estética, que cio técni recobreo plan ténico Fala daarte como produtora™ de afetos, rior ] ¢ 4 composicsalea “eagregados ensiveis que nos apanam no seu composto, Diz de “e408 fou compor, pinta, escrever no tem talvez outro obj desencadear devires” (Deleuze, 1997,p. 63) ~fluxos, : G {Grabs de Van Gogh sio devires" (Deleuze; Guattar, 199, p-228);"0 er eaves, on epos, os cachorroslatindo, glos nos quintas de Santa Tee" segundo cada artista € ro eletonctstca Tinnitus do compositor brasileiro Rodolfo Cassi; earn. Silvio Ferraz (2006, p. 116-117) fala da sua experiencia de ewe dea obra: que se tratou de uma suspensio do comeco 20 fim — seavam suspensoso empo.e meu juizodomundo”(P.116) Ele es on nos escritos de Deleuze, significa concomitancia de linhas., leuze e Guattari vio falar que sempre esti em od Dn sobrec son mopman o posure cad pensamcutflooba, Hes Glam do plana decompo, considera co plano dos materiais, ode: Dizem: si¢do técnica o de composicio estética No confundiremos todavia a composica tnt do mera] e comport. que €0 trabalho da se plenamente 0 nome obra de arte € feita por téeni 1 compreende muitas eo [uo] ouvia Schubert ouvindo sons eltronicamente ‘eansformados.[..] [e] podia ter certeza de conhecer aqueleafeto, mesmo que no soubesse nomed-lo. E {aquele ato} exis em Schubert (~] [e © que ele ‘oovia] nao nha nadaaver comasmelodias,csacordes, tpnas com a niisica de Schubert (Ferraz, 2005, p. 116) 255 ————— 2.3 A aula como mapa-cartografia Deleuze fala do mapa como um dos princi ™mapeamento sio termos usados por diversos educagio musical. O educador Pedro Der ue mapa de rota: is do rizoma, Mapae autores, em educagio em "mo (2000), por exemple, [--] embora também seja 0 caso [de] usar auuando neeeisirio, 0 mais fundanendd co ™apeamento experimental e temat objetivo dominante deve ser 0 aprendizagem por mapa (p. 36-37), 16 focar 9 C0. [..] nosso de manejar a Santomé (1998) fala de “mapeamentos”, elaboracdo de um, “pit Si siesdesdo ensino 3s quis devemos ica atentos (232), ar “de mancira esquemética as principais possibis lidaesoferecidas por cada tema de tabalho"p.258) Sener ea para aflexibilizacio do modo de classificacdo do saber, para a vaiaeay da organizacio do modo de aprender ¢ thado com os alunos. O educador mu la do modelo clasp para o ensino de considerando a necessidade de um “may ensino (p. 41): execugio, composicio, (reas do planejamento curricular em misia). 'P2 €um dos prineipios do rizoma, imagem usada pelos ib Deleuze © Guat (1995) par indict outs serene compreensio do mundo, do fazer, do pensar, do funciona das coisas, do cérebro, Ao tomar o termio mapa, os atores seu cardter atrelado a trajetos cartogrificos (dinamic ‘como rascunho suse a variagio a um planejamento compar= sical Keith Swanwick (1991) isica (tla, em portugues), », abertos) ¢ sempre rizoma, cartografia e trajetos dinimicos, Abe “ - vordarei cada um a seguir, a Propésito de aulas e currictlos. “a Sobre rizoma, planejamento e curriculo rizomatico Planejamentos dizem de selecio ¢ organizacio, de abrangéncia ¢ dosagem, de controle e previsibilidade, de aberturas e direcionamentos, de fortes ¢ fracos enquadramentos, de distribuicio temporal e espaci dos conhecimentos. Dizem de “o que” dar, “para que” ¢ “como”. Jé vivemos essas questies desde © projeto da escola mta modernidade Jidamos com elas no mundo contemporineo.” Interlocutores hoje, masde outros tempos, afirmaram sobre “trar partido dos mi resultados possfveis de uma experiéncia” (Tyler, 1979, p. 36 - primeira publicagio em 1949). E indagaram sobre “a extensio do que pode ser previamente determinado para o individuo que aprende e, por outro Indo, o que deve ser criado enquanto se processao ensino” (Gagné, 1975, p.227). Partimos do pressuposto de que nao estamos diante da opcio entre _planejare ndoplangjar(negaro planejamento). No ambito politico (Unio, Estados ¢ Municipios, com documentos norteadores — 05 PCNs dos anos 1990, por exemplo), no Ambito da escola (o projeto pedagégico éda sta competéncia) ou no da ago docente (com autonomia no preparo de cursos, disciplinas, aulas), sempre ha uma decisio sendo tomada. De ‘gual forma, todo material pedagdgico elaborado com vistas conducio do processo de ensino (livros, sfivures etc), tomado pelo professor (0 livro que cle vai adotar, o livro “que vamos dar” ~e que acaba se tornando (© proprio curriculo), todo esse material pedagégico também traz uma decisio sobre objetivos, contesidos, procedimentos do aluno ¢ do professor, disponibilidade de recursos, avaliagio, Decisdes em um desses niveis sempre demanda um olhar para do rizoma.e que in ceducativo. Essas duas falas d que a conversacio sobre rizoma nio respalda a realizagéo do processo ‘educativo descriteriosamente ou como um laissez-faire (no sentido de deixar fazer, deixar ir, deixar passat) Diz Silvio Gallo: planejamento prévio do processo educativo, cultura e educagao, neste jecessario no processo zee G iltiplas conexdes. Estas sio expressdes usadas por Del Zordan, a propésito de tacar u para falar do rizoma como “um caso de sistema aberto”: para o curriculo, isto é, © que Guattari ¢ eu chamamos de rizoma é precisamente um caso de sistema aberto. [..] um ; 10 € um plano de organizacio. Um plano de imanéncia¢[... um plang de orientagio. Num mundo que remete ag scendente, cena 0 conceitas nio sio dados prontos, eles nao preexistem: é preciso inventar, criar os conceitos, ¢ Para experimentar, para intevir. Temos que nos virar sozinhos. Isto 6 com a ajuda de um plano de imanéncia que, por ser precisa ser tragado. Todo mundo precisa plano de imanéncia. Nao pra sempre, Nem ue seja tnico, Pois de podem penetrar uns nos outros” (Deleuze, 1992, p. 37). A imagem de inéncia é uma consequéncia anéis quebrados ou abertos expressa as conexdes heterogéneas, as inhas dda necessidade de ter que se virar sozinho (Tadeus Corazza; Zordan, 2004, p. 150-151). fincionamento da espiral que gera o seu pr ‘caracteriza como um modelo auto-organizativo. Mudancas de directo decorrem da natureza do percurso ou da varial pontoa seratingido, Nesse texto 0s autores filam em tracar 4 plano de imanéncia parao curiculo. Dizem de um plano que 1as que nio pr Um plano sem qual nio d . para sempre, para viver. Um plano }, ara se comportar, para experimentar, para Um plano de imanéncia. Uma espécie de mapa, Um devir esti nessa ideia de plano de imanéncia para o curriculo®, 1 terceira fala vem completaro quadro quie queremos abrir. lott Eisner (1999), curricularista referéncia no campo das Artes, trata ino de arte e reitera que sempre hi uma est aprendizagem diz de algum relacionamento,algur no necessariament verdadeira, line principio de conexio e multiplicidade ‘uma conversagio sobre transversalidade ¢ alianga: centros moventes, 1995, p. 18) face as nraizar 0 verbo ser [. — Se [-} (Deleuze; Rizoma é mapa em que aconteces as «enquadramentos e desenquae roducio de deealques, reenddemos projetos educacionaig or tajetos dinimicos, Prcorreros mean Mar ts dnimics produsindo dries como mereriao catalog oto plano de composigio em 2013 (S e Sobre mapa cartografia © a aula como mapa-cartografia nasa qualidade de mapas ‘arog fruto da exploragio vexperimentagie Rizoma € mapa de trajetos e cartografia é un Faamos de mapscarogas apenas como fern ince ea do termo, No quadro teérico-con aberto, suscetivel de receber mudangas, aberturas.e clausuiras, enquadrar e deseng constituir platds de inte ‘meio do mapa-cart experimentagio (e ni or qué? Para qué? Desacelera-se 0 movi algo que vem de dentro e e: desaceleracio justifica o exercicio, a légica do sede lecalques, paradas nto movimento de aradas do movimento). O que impse tal parada? nto em fungio daquilo que faz pensar fangéo do trajeto. Essa parada ot dle aparatos do modo técnico, mas sem “dessceleragio™ (Deleuze, 1962p. 38)" rar ou desacelerar serve para “ 6s" e “chavear” id © para “apertar os nds” ¢ “chavear”ideias (Santos, 2003b). Essas sio expressées que tomo de empréstimo dé 260 Abdounur ¢ Gardner (Abdounur, 1999, p. 292, 293). O conhecimento tecido nessa rede (rizoma, mapa-cartografia) necessita de ajustamentos, O conhecimento precisa ser chaveado, no ido de preencher conexées pouco emancipadas na rede, retorar caminhos que sofrem ameaca de fechamentos, intensificar pontos do

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