Você está na página 1de 21
Usp Reins Vierator he Preis Vice presidente Diretora Editorial Dinstora Coral Edtoevanisetes UNIVERSIDADE DE SAO PAULO Suely Vilela Hélio Noguciea de Cruz EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO Pino Martine Filho COMISSAO EDITORIAL José Mindlin Laura de Mello e Sous Braslio Jodo Sallum Junior Carlos Alberto Barbosa Dantas Carlos Augusto Montico Franco Maria Lajlo Guilherme Leite da Silva Diss Plinio Martins Filho Silvana Bir Ivete Silva Marilena Vizencin Carla Fernanda Foneana Marcos Bernardini ArtHur C. Danto APOS O FIM DA ARTE A ARTE CONTEMPORANEA E OS LIMITES DA HISTORIA be Dados lcenaionais de Caalgact na Public (IP) (Camara Besleea do Liza, SP Bras Bano, Rr (ARS © Fie de Arie: A Ate Compre Limits de Hise ina} Arthur © Dane: tad Sau Kreg ‘Sho Pal: Oupseus Editor, 2006, Titulo original: After the end of a: contemporary att and the pal of haar 1. Are — Hisoriogtfia 2. Cea de at ~ loi 3, Pl -modernismo 1. Till Title: a are contemporacs€#limiter ston, os.t3a cop-70118 Todi pra Gelags saree: Ane! Crises: Hat 70118 2. Cates deat: Hsin 70.18 © Arthur C. Danco ‘odes os diteicos desta edigho reservados (© Odysseus Ediora Leda dor responsével:Selianos Tras ‘Teal: Salo Krieger Preparacio de eato: Martha Rosemberg Revisioeéenica 1: Virginia HA. i Revisio técnica 2: Marco Aurélio Werle ‘Revisiofinal: Daniel Seraphim Projetogrdfcoe capa: Odysseus Eatora e Duppla Design Diagramacio: Suzana Moraes Barros digo: 1 — Ano: 2006 ISBN: 85-314.0932-2 (Edusp) ISBN: 85-88023-42-3 (Odysseus Edtora) usp ~ Editorada Universidade de Sio Paulo ‘Aw Prof. Luciano Guberto, Teves J, 376 (andar ~ Ea. da Antiga Reioria ~ Cidade Universieria (05508900 ~ So Paulo ~ SP Brasil Divisio Comercial el, (Oxx11) 3091-4008 / 3091-4150 SAC (x11) 3091-2911 ~ Fax xe} 1) 3091-4151 wow usp.beledusp — e-mail: edusp@eda uspbr Odysseus alitora ‘Rus dos Macunis, 495 CEP 054.001 So Paulo - SP ~ Brasil “elfax: (1) 3816 0835, ‘wewoodyseus.com br ~ e-mail: editora@odysseus.com.be Para Robert Mangold ¢ Sylvia Plimack Mangold ¢ para Barbara Westman SUMARIO usta be nustaagoes Xt prerico 00 actor Xill sctaoecamentos XIX cootr10 ow 5 cariruo vos 23 cariruio mets 49 caviruio ountko 67 arin canco 89 DA Es A cRINCA DE Ant Su be un cr go ct, ox aeED wero (1958), MODMEADO FOR BAND AEED, 7 (Ga mea ua De sas nT a #328 (1990) caviruo sere 129 castro ono 149 cartruio Nowe 169 viru onze 215 Iwonce wemissno 245 osthcio 27 A eOiGKO BRASIERA VIRGINA H, A AA . LISTA DE ILUSTRACGOES VIM STILL DE UM CORPO QUE CM, DE ALERED HITCHCOCK (195), MODIFICADO POR ‘Bavio REED, OUE INSERIU UMA DE SUAS PINTURAS, A #328 (190) 2. NOT ANDY WARHOL (BRILLO BON) (995), POR MIKE BIDLO 22 BLACK PAINTING (1962), POR AD REINHARDT [51 INSTALAGAO DE FOTOGRAFIA, * EXPOSIGAO INTERNACIONAL DADA, BERLM, 121 44 DANIEL HENRY KAHNWEILER (1910) POR PABLO PICASSO. {66 JACKSON POLLOCK EM FOTO DE MARTHA HOLMES, 1949, {88 BOX WITH THE SOUND OF 115 OWN MAKING [CAIXA COM © SOM DE SUA PROPRIA FEITURA] (196) POR ROBERT MORRIS NO. 4 BIBLIOTECA DO ARTISTA ARMAN, EM FOTO DE JERRY L. THOMPSON 128 0 BEVO, POR ROY LICHTENSTEIN, TAL COMO APARECEU NO ART NEWS, MARGO DE 1962 148. HOMO DUPLEX (997) POR SEAN SCULLY 165 UNITTLED FILM STILL (978), DE CINDY SHERMAN 168 THE MONOCHROME SHOW (195)POR BARBARA WESTMAN 184 MALEVICH EM LETO MoRTUARIO 194. THE SCOTTISH SYMPHONY |A SINFONIA ESCOCESA): CELTIC KINLOCH RANNOCK (0980) POR JOSEPH BELYS 212. CAPA DA THE NATION DE WDE MARCO DE 1994 250 THE KIDNAPPING OF MODERN ART BY THE NEW YORKERS (98°) [0 RAPTO DA ARTE MODERNA PELOS NOVAIOROLINOS|, POR RUSSELL CONNOR. 258 AMERICA'S MOST WANTED [A MAIS DESEIADA DA AMERICA] (194) POR VITALY KOMAR E ALEXANDER MELAMID. 242. PROFESSOR ARTHUR DANTO MOSIRANDO 0 AUGE D4 FILOSOFIA DO FINAL DO ‘SECULO XX A SEU COLEGA, DR. HEGEL POR ANTHONY HADEN-GUEST 270. PEOUENO APOLLINAIRE X (2004), DE OSMAR PINHEIRO PREFACIO DO AUTOR ‘A INAGEM QUE ESCOLH! COMO FRONTISPCIO deste liveo é 0 still de um clip modificado de um filme famoso ¢ familias, Un corpo que cai, de Alfred Hitchcock, de 1958, A alteracio foi feta pelo pintor David Reed, que inseriu uma de suas pinturas ~ a #328, de 1990 ~ na tomada de um quarto de hotel, em lugar de algum quadro mediocre que Hitchcock possa ter colo- cado acima da cama para conferie autenticidade ao cendrio, se € que havia algo acima da cama: quem se lembra desses detalhes? O instantineo é de 1995. Reed transformou 0 clip numa tomada continua, reproduzida repetidas vvezes num aparelho de TY, to indefinido quanto qualquer dos itens da mo- bilia do quarto de hotel em So Francisco ocupado por Judy, a principal per- sonagem feminina de.Um corpo que cai, procagonizada por Kim Novak. Em 1958 provavelmente no era comum hotéis baratos terem quartos com apa- relho de TY, mas & claro que hoje esses aparelhos, como as camas, constituem 1 mobilia minima dos quartos de hotel. O aparelho de TV, mostrando o clip modificado por Reed, foi colocado pelo artista junto a uma cama, que era tio indefinida quanto a do filme, mas uma cépia exata dela, ¢ fabricada para a ‘casio pelo préprio Reed. Com um icem a mais, compunham uma instalacio na exposigio retrospectiva de Reed no Kélnischer Kunstverein ~ um espago para exposigées de arte em Colonia, O item a mais era a prépria pincura #328, pendurada sobre a cama numa parede proviséria, A pincura explora dois modos de ser ~ apresenta o que os fildsofos medievais distinguiam como realidade formal e realidade abetva, existindo, pode-se dizer, uma como ima- gem e outra como realidade. Ela ocupa o espaco do espectador € 0 espago ficticio de uma personagem num filme. xiv 0 clip modificado representa duas das obsessdes de David Reed, De tio cobcecado por Um corpo que cai, cerca ver ele fez uma peregrinagao por todos os fugares que apareciam no filme de Hitchcock ¢ que ainda existiam em Sio Francisco e, em 1992, ele montou uma predecessora dessa instalagio de Colé- nia no San Francisco Art Instiute, com cama, uma pintura (a #251) € uma tela de video colocada sobre um manequim de ago ~ uma peca bastante pro- fissional do equipamento, olhando pela janela do hotel ~ que mostra a cena do filme de Hiechcock na qual Judy, no quarto, revela ao amante sua identi- dade como “Madeleine”. Na instalagio de 1992, o filme esta inalterado: @ idéia ainda nao havia lhe ocorrido. ‘A outra obsessio esté relacionada a idéia do que ele chama de “pinturas de quartos”, A expressio foi utilizada por seu mentor, Nicholas Wilder, relacio- rnando-as com as pincuras de John McLaughlin. Os compradores desses qua- dros inicialmente os mantinham expostos nos locais mais puiblicos da case, ‘mas com 0 tempo, disse Wild, “cles levavam a pintura para o seu quarto, fim de poder conviver com ela mais intimamente”. Reed respondeu 2 iss0 como a uma revelacio: “Minha ambigio na vida era ser um pintor de quar- tos", O video modificado faz pressupor um convivio fntimo entre Judy € a #528, ¢, colocando a #328 no espaco do espectador com uma cama (numa insealagio na Max Protetch Gallery em Nova York, uma réplica do roupio de Scotty descuidadamente jogado sobre a cama), Reed direciona o espectador a se relacionar com a #328, se ele ou ela.a tivesse adquirido, ou qualquer outra pincura de Reed Reed tem ainda outra obsessio digna de ser mencionada, qual seja, as pineuras mancirsta ¢ barroca, e um de seus trabalhos recentes é um conjunto de estudos, realizados segundo uma pintura para um retabulo perdido, por Domenico Feti, para a Walters Gallery of Arc de Baltimore, Maryland, numa ‘mostra intitulada Going for Baroque {Rumo ao Bacroco}. Um retabulo inclui ‘um conjunto de pineuras em uma estrutura complexa, comumente com ou- tas pineuras, cuja finalidade € definie 0 que poderiamos chamar de relagio do uusuério (e nio do espectador) com a pintura. A pritica comum, € claro, é orar ‘a quem quer que esteja recratado na pincura. Ha uma analogia entre a insta- lacio que Reed planejou e a complexa peca de mobilia formada pelo retabulo, fem que, ademas, ela define qual deve ser a relacio da pessoa com a pintura, ‘Deve-se conviver com ela, intimamente, como sugere a sua colocagio no quarto, ‘A moldura de um quadro, a arquitevura do retibulo, a instalagio em que ‘uma pintura é inserida como uma jéia tém uma Logica comum, & qual eu, como flésfo, sou bastante sensvel: elas definem atitudes pitdricas a serem assumidas diante de uma pintura, que por sis6 no bastam para essas final- dades. Um preficio nio é bem o local para exercitar essa Logica e, em todo 0 «aso, 0 meu objetivo pode ser mais facilmenteatingido se formos diretamente a0 que parece sero uso, por Reed, do dspositivo de comada continua cinema- togrifica, do mecanismo de dublagem pictérca ¢ do monitor ~ sem falar na cama, no roupio e mesmo na pincura vista como parte da instalagio do quar- to ~ que exemplifica a priica artitica contemporinea. £ a pritica que os ‘pincores no hesicam em usar para situar seus trabalhos por meio de disposi- tivos pertencentes a midias completamente diferentes ~ escultura, video fil- ime, instalagio e assemelhados. O grau de avider de pintores como Reed por «se tipo de recurso evidencia o distanciamento dos pintores contemporiineos da ortodoxia estética do modernismo, que insistia na pureza do meio como definidora de sua agenda. A indiferenca de Reed para com 0s imperativos modernistas sublinha 0 que ser4 discutido em um dos capiculos deste liv, como 0 “desaparecimento do puro". A arte contemporiinea pode ser pensada ‘como impura ou nio-pura, mas somente em relagio com a memiéria do mo-

Você também pode gostar