PREGUE MISSOES: UM MANUAL PARA EXPOSICAO DO NOVO TESTAMENTO (PORTUG
1 PEDRO 2.9-10
O proposito de Deus
para peregrinos
Visdo geral
Em Sua graca e misericérdia, Deus salva 0
crente da morte espiritual e lhe concede uma
nova identidade. Esta maravilhosa transfor-
macao da ao cristéo um motivo e uma
mensagem para conversar com nao-cristaéos
sobre Deus e buscar sua salvacao.
Contexto
Pedro escreveu esta carta por volta do ano
63 d.C., quando a igreja ja havia se espalhado
muito além da Palestina. A hostilidade com
Roma estava aumentando, e dentro de ape-
nas mais alguns anos, o imperador Nero iria
aprisionar Pedro e martiriza-lo, juntamente
com milhares de outros crentes.
Pedro iniciou sua carta dirigindo-se aos “fo-
rasteiros” cristaos espalhados pelas regides
da Turquia moderna (1Pd 1.1; cf. 2.11). Por-
que Deus fez com que nascessem de novo
(1Pd 1.3, 23), eles tinham uma nova iden-
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tidade. Mesmo que eles permanecessem no
mundo por um tempo — e possivelmente so-
fressem por causa disso — os propésitos de
Deus deveriam estar na vanguarda de seus
pensamentos..
No segundo capitulo Pedro introduziu a me-
tafora de uma “casa espiritual” (v. 5) sendo
construida por Deus. O préprio Cristo é a
pedra angular principal (v. 6). Embora rejei-
tado pelos homens, Ele é precioso para Deus
(vv. 4, 7). Da mesma forma, os crentes tam-
bém sao “pedras vivas” com um ministério
espiritual para cumprir (v. 5).
Ideia central
Aqueles que se tornam parte do povo de Deus
devem louva-lO e contar aos outros sobre Ele.
Esboco
A. Identidade dos crentes (9a)
1. Racaescolhida
2. Sacerdécio real
3. Nagao santa
4, Posse de Deus
B. Propésito dos crentes (9b)
C. Histéria dos crentes (10)
1. Distante de Deus
2. Trazido perto pela misericérdia de
Deus
Comentarios
v. 9a Pedro comecou por contrastar as
acées dos crentes com as dos incrédulos. Es-
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tes tiltimos tropecam em sua desobediéncia.
Os crentes, porém, fornecem firme “mate-
rial de construcdo” para Deus, na medida em
que vivem de acordo com a nova identidade
eochamado que Ele lhes deu.
Depois de citar trés referéncias do Antigo
Testamento (vv. 6-8), Pedro fez alusao a mais
algumas. Por meio delas, destacou quatro
facetas centrais da identidade do crente. A
frase inicial, raca eleita, reflete uma énfase
encontrada repetidamente no Antigo Tes-
tamento, mas mais proeminente em Isaias
43.20-21: “.. porei aguas no deserto e rios,
no ermo, para dar de beber ao meu povo,
ao meu escolhido, ao povo que formei para
mim, para celebrar o melhor louvor” (cf. Dt
10.15; 1Rs 3.8; Ag 2.23; etc. ). Pedro es-
sencialmente afirmou que os cristaos tém a
oportunidade de cumprir o chamado divino
que Israel recebeu no inicio. Eles gozam do
privilégio de serem escolhidos por Deus (cf.
1Pd 1.1; 2.4, 6), mas devem ter em mente
a responsabilidade que acompanha isso, ou
seja, de glorificar a Deus.
As proximas trés descricdes sao encontra-
das, entre outros lugares, juntas em Exodo
19.5-6. Assim como Moisés recebeu instru-
cdes de Deus sobre a identidade do povo
judeu recém liberto do Egito, Pedro transmi-
tiu as mesmas verdades aos cristaos recente-
mente salvos do pecado.
Ao se referir a eles como um sacerdécio real
(cf. v. 5), Pedro lembrou aos crentes de sua
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responsabilidade de servir a Deus em suas
interagdes com outras pessoas. Embora uma
das doze tribos de Israel tivesse sido sepa-
rada para funcées sacerdotais — os levitas -
toda a nacao também foi descrita como um.
reino de sacerdotes (cf. Is 61.6; 66.21). Se, da
mesma forma, todos os cristaos so sacerdo-
tes, a implicagdo é que eles servem a Deus
diante dos pagdos. Como um meio-campista
no futebol, um sacerdote atuava como um
intermediadrio, auxiliando outros que pudes-
sem vir diante do Senhor. Agora, os cristaos
servem como sacerdotes quando oram pelos
outros e apresentam as Boas Novas sobre um
Salvador que foi sacrificado pela humani-
dade (2Co 5.18).
A frase nacg&éo santa fez alusio a uma
caracteristica essencial do sacerdote eficaz.
Ser “santo” nao s6 significa ser separado
das atividades mundanas, mas também ser
dedicado para os propésitos de Deus. A santi-
dade de Israel — ow a falta dela — foi um dos
temas mais proeminentes do Antigo Testa-
mento (cf. Dt 7.6; 14.2; etc.). Mas a santi-
dade nao implica isolamento dos outros. Em
contraste com as nacées terrenas, separadas
de outras por geografia ou identidade étnica,
a santidade de Israel deveria té-los tornado
mais eficazes em suas interacdes sacerdo-
tais com o resto do mundo. Os cristaos, da
mesma forma, devem ser santos para serem
Uteis a Deus a fim de alcancar os outros (1Pd.
1.14-16).
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A frase final nesta sequéncia ecoou o pen-
samento encontrado em Exodo 19.5 (cf.
Is 43.21). A expressio “propriedade exclu-
siva” transmite a ideia de algo que é “pre-
servado” ou “salvo”, ou mesmo um prémio
que é “ganho”. Assim como Israel poderia
testemunhar aos outros sobre ser milagro-
samente preservado através do Exodo (ex.
Ex 15.1-21; Sl 66.5-7; 136.10-22; etc.), os
cristdos séo as pessoas especiais de Deus as
quais Ele salvou da autodestruicao e conde-
nacido, Eles agora sio como uma demonstra-
c4o e lembranca viva do poder e amor de
Deus (cf. Tt 2.14).
v. 9b Na tiltima parte deste verso Pedro
deixou explicito 0 propédsito de Deus em dar
aos cristéos uma nova identidade. Eles estado
especialmente equipados para proclamar
(“declarar” ou “relatar”) as maravilhosas
qualidades do cardter de Deus aos outros.
Embora este termo nao seja encontrado em
outros lugares do Novo Testamento, foi
usado repetidamente na versdo grega do An-
tigo Testamento por salmistas falando sobre
a obra salvadora de Deus (Grudem; Sl 9.14;
71.15; 73.28; 79.13; 107.22; 119.13, 26).
As virtudes ou exceléncias de Deus (cf. 2Pd
1.3) incluiam Seu incrivel amor que estendia
a graca e a misericérdia para com os crentes
(Jo 3.16). Assim como Israel foi levado para
fora do Egito e para a Terra Prometida, Deus
voltou a exibir Seu poder ao resgatar os cris-
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taos, transferindo-os do reino da morte e das
trevas para o da vida e da luz (cf. At 26.18;
2Co 4.6; Ef 5.8; Co 1.13).
v.10 Ocontraste entre a escuridao e a luz
No verso anterior levou Pedro a mencionar
um conjunto adicional de opostos encontra-
dos em Oseias 1.10 e 2.23. Depois de lembrar
os israelitas de seus muitos pecados, Oseias
declarou que Deus, em misericérdia, con-
tudo, os consideraria 0 povo de Deus se, ao
menos, eles, humildemente, voltassem a Ele.
Os cristaos, da mesma forma, nao devem
pensar levemente nas muitas béncdos de
Deus (expressas no v. 9). Ja foram pecado-
res alienados de Deus, que nao mereciam
nada além da ira de Deus. Mas Deus, em
sua grande graca e misericérdia, os escolheu
para se tornarem Seu préprio povo. Os cren-
tes agora tém o grande privilégio e respon-
sabilidade de dizer aos outros o quao grande
Ele realmente é.
Implicagées e Aplicacées
A. Uma vez que Cristo se ofereceu como um
sacrificio perfeito para o pecado, nao ha ne-
cessidade de um sacerdécio para continuar
fazendo isso (Hb 7.26-27). Mas os “sacerdo-
tes” cristaos ainda sao capazes de ajudar os
pecadores a se aproximarem de Deus. Eles
podem seguir 0 exemplo de Jesus, que tam-
bém serve como nosso perfeito Sumo Sacer-
dote e intercede por nds (Hb 7.25). Os cren-
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tes podem orar para que os descrentes se re-
conciliem com Deus confiando na morte e
ressurreicdo de Jesus.
B. Quando os crentes nao tém santidade,
pode haver confusdo na mente de um nao-
cristao quanto ao deus que realmente servi-
mos. Um estilo de vida sagrado, que de-
monstra 0 compromisso de honrar o YHWH
em todas as decisdes, é um complemento ne-
cessario a proclamacao verbal do evangelho.
C. Como posse valiosa de Deus, 0 cristao é
essencialmente um troféu de Sua graca e po-
der. Ele esté em exibicdo neste mundo para
que outros tenham uma ideia melhor do ca-
rater e capacidade de nosso Senhor. O habito
de agradecer a Deus nao deixara duvidas
quanto a fonte de nossa transformacao (Hb
13.15).
D. As muitas béncdos que Deus dé ao cris-
tao nao sao meramente para seu préprio be-
neficio e prazer. Fomos trazidos a luz “para
que” (1Pd 2.9) possamos glorificar a Deus. A
busca do homem por propésito final sempre
sera curta até que ele perceba que somos
chamados a uma existéncia centrada em
Deus. Uma vez que entendemos 0 propésito
de Deus, nossas prdprias prioridades e obje-
tivos podem ser alinhados de modo a serem
agradaveis a Ele.
Ilustracao
Durante séculos, 0 povo Mizo do nordeste
da india esteve entre os grupos tribais mais
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isolados e temidos em qualquer lugar do
mundo. Nao so seus guerreiros eram ferozes,
mas também colecionavam as cabecas de
seus inimigos mortos.
Em 1894, dois missionarios escoceses en-
traram na regido. Eles encontraram no Mizo
um grupo animista, sem linguagem escritae
que nunca tinha ouvido falar do Evangelho.
O trabalho foi lento, mas em menos de uma
década, uma pequena igreja havia sido plan-
tada. Mais importante, os primeiros missio-
narios foram rdpidos em passar uma visao
de missGes aos novos cristaos.
Ja em 1900, seis anos apés 0 inicio da obra,
quatro dos primeiros convertidos foram co-
missionados pela igreja para trabalhar como
evangelistas, e foram apoiados por outros na
pequena congregacao. Um deles, Khuma, ia
de casa em casa com um simples convite:
“Venha, acredite no Senhor Jesus Cristo”.
Ondas de reavivamento espiritual logo var-
reram.a regiao. A igreja rapidamente cresceu
de algumas dezenas de crentes para varios
milhares espalhados por muitas aldeias. Na
década de 1930, o povo era quase inteira-
mente cristao.
A visio de missées foi além da evangeliza-
co de seu préprio povo. Eles comecaram
a enviar missionarios préprios para outros
grupos tribais na regido. Hinos missiona-
rios e oracdo corporativa por missées foram
enfatizados nos cultos da igreja. As criancas
ouviam histérias inspiradoras sobre missio-
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narios na escola dominical. A énfase missio-
naria foi integrada em todos os aspectos da
vida, e vista como algo normal para o cris-
tao.
Hoje, os Mizo sao conhecidos por sua alta
taxa de alfabetizacao, um resultado do tra-
balho missionario feito entre eles. Mas os
Mizo nao sao um povo rico. Ser capaz de
contribuir para missGes requer criatividade.
Muitas mulheres praticam buhfai tham, o
que significa que elas separam em um recipi-
ente especial um punhado de arroz de cada
refeicdo. No final do més, o arroz é, entao,
vendido e o dinheiro é dado a missées. As
criangas, da mesma forma, s4o encorajadas a
reservar varas de lenha que elas retinem na
floresta para serem dedicadas a missées.
De um grupo de menos de um milhido de
cristaos, mais de 2000 missiondrios foram
enviados do Mizo e apoiados para trabalhar
em toda a India, além de dezenas de outros
paises! De acordo com um pesquisador (Pa-
trick Johnstone): “Nenhuma nacao na Terra
enviou uma proporcdo maior de seu povo
como missionarios do que o Mizo”.
Nas palavras de um dos lideres mizo
(homem chamado: Lalchhunga): “Deus esco-
Iheu e elevow nossa nac&o, que é pouco em
numero e ocupa uma pequena terra, para
proclamar o Evangelho. Proclamar o Evan-
gelho é nossa responsabilidade — é a maior
tarefa dada a Igreja, entéo vamos trabalhar
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mais do que estamos trabalhando agora para
realizar essa tarefa”.
Ver www.missionfrontiers.org/issue/arti-
cle/the-mizos-of-northeast-india (Novem-
bro-Dezembro 1994)
[ConexGes: Nova identidade com o Evange-
lho, proclamando o Evangelho, visdo para
missées]
1 min restantes no capitulo 93%