Você está na página 1de 1

Napoleo, o pequeno

...a misria tem fundos lamacentos, e quando um afogado vem desse leito at a superfcie, traz imundcies agarradas ao corpo e s roupas. Honor de Balzac

Ali, onde h tempos atrs o artista perdeu o seu halo, onde a lama percorre o caminho no lugar dos homens, e se esconde sob a aparncia refinada de luxuosos capotes. Ali vai o nosso pobre homem. Um jovem, desde pequeno chamado Napoleo. At hoje, quando ainda pequeno. Grande apenas pelos sonhos que tem. Neste cenrio, at onde a vista alcana se pode ver a exuberncia, e seus olhos ainda lembram dos bulevares. E se pode caminhar entre as carruagens, milhares e milhares de quilmetros, at onde as pernas no se cansam. No palco, atuam juntas todas as espcies, homens, insetos e cavalos. Atrados pela luz, que tambm chama, e nos chama para ver o espetculo. Mas o pobre Napoleo, to pequeno, imerso nestes acontecimentos, j no tem tempo para contemplaes, e nem privilgios para olhar tudo isto pelas lentes de um binculos, no conforto macio da poltrona de algum camarote. Como fazemos ns neste momento. E o que vemos, tambm s vezes nos confunde. No entanto, nada escapa aos olhares burgueses. Quando Napoleo adentra um salo qualquer, logo identificado pela sujeira de seus ps. Percebe-se que j andou no inferno. O que nem todos sabem que ainda anda. Talvez nem Napoleo o saiba, pois acreditava ter rompido as portas do paraso. Napoleo, o pequeno, fora trado, pela luz e pelos livros. Seu corao jaz em chamas. Matheus Paz

Você também pode gostar