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ALTIMETRIA
A altimetria tem por finalidade a medida da distância vertical (diferença de nível),
entre diversos pontos, com o objetivo de representar sobre um plano horizontal o
relevo de um terreno.

1.1 Planialtimetria ou Altiplanimetria: É a associação da planimetria com a


altimetria, que juntas permitem a representação gráfica completa do relevo de um
terreno, (em coordenadas x, y e z ou h).

1.2 Nivelamento: Operação realizada para determinar a diferença de nível entre dois
ou mais pontos de um terreno.

1.3 Altitude: Quando é tomado o nível médio dos mares como superfície de
referencia, as alturas dos pontos são denominadas de altitude ou elevação. Para sua
determinação é necessário partir de um ponto de altitude conhecida

1.4 Referência de Nível (RN): Marco de referência, com perfeitas condições de


inalterabilidade, cuja altitude servirá de referência ou ponto de partida para outros
trabalhos de nivelamento. Geralmente os marcos de referência são instalados em
lugares de destaque nas cidades, ao longo de rodovias e ferrovias, em aeroportos,
prefeituras, igrejas, escolas e obras de arte importantes. São implantados com
barômetros de precisão, ou sua elevação é estabelecida através de um transporte de
RN com nivelamento de precisão. Nestes marcos constam a altitude e a sigla do
órgão que os implantou. Ex. SGE – Serviço Geográfico do Exército, IBGE –
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Normalmente são marcos de bronze,
chumbados a um bloco de concreto. Estes marcos são protegidos por lei. (Anexo I
– Relação de altitudes perímetro urbano de Chapecó – IBGE).

1.5 Cota: Este termo é usado quando o plano de referência do levantamento for
arbitrado ou fictício, situado em uma superfície qualquer não estando relacionado
ao nível do mar. Em situações isoladas onde não há necessidade de correlação com
outros mapas ou projetos existentes, adota-se cotas arbitrarias para definição de
um plano para o levantamento. É recomendado que a cota tenha um valor
suficiente para não ocorrerem cotas de valor negativo. Exemplo 100,000 metros.

1.6 Altura (cota) do Instrumento: Chamamos de cota do instrumento a distancia


vertical entre os dois planos horizontais; plano horizontal (arbitrado ou em relação
ao nível do mar) e o plano gerado pelo aparelho. A altura do instrumento é soma
da visada a ré com a cota do ponto onde ela fio lida.

1.7 Cota de um ponto: A cota de um ponto é a diferença entre a altura do instrumento


e a visada a vante para o ponto desejado. Em uma estação poderemos efetuar o
levantamento de nível de vários pontos. Quando necessitarmos efetuar a mudança
do instrumento para frente para continuar efetuando o levantamento, na última
leitura de vante faremos a leitura a ré para obtermos a nova altura do instrumento.

1.8 Principais Métodos de Levantamentos Altimétricos: A engenharia coloca a


nossa disposição diferentes equipamentos, dos mais sofisticados aos mais
rudimentares, para nos auxiliar neste tipo de trabalho. Por exemplo: barômetros,
teodolitos, nível ótico, nível digital, nível infravermelho, mangueira de nível
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(vasos comunicantes), nível de pedreiro, miras e até mesmo podemos improvisar
réguas para trabalhos menos complexos. O método a ser empregado em um
determinado levantamento está intimamente ligado à precisão requerida pelo
trabalho, ao tamanho da área à ser levantada e ainda ao equipamento disponível.

1.8.1 Nivelamento com Jogo de Réguas: Em áreas pequenas e não dispondo de um


teodolito ou nível ótico é possível improvisar com um par de réguas e um nível de
pedreiro o equipamento necessário para o levantamento de uma perfil longitudinal.
Constituído de uma régua vertical graduada cada 5 ou 10cm e de outra horizontal
mais reforçada e munida de nível de bolha de ar também graduada ou com uma
fita métrica presa a ela.É um dos métodos mais rudimentares, de baixo custo,
porém de pouca precisão.

Fig 01. – Nivelamento com emprego de Jogo de Réguas

TABELA DE REGISTRO DE DADOS


TRECHO AB BC CD DE EF
DIST. HOR. 4,00 4,00 4,00 2,50 1,50
DIF. NÍVEL 0,50 0,85 1,12 0,95 -0,70

1.8.2 Nivelamento com Mangueira de Nível: Executado com uma mangueira


transparente cheia de água, que quando estabilizada (em repouso), tem em suas
extremidades o mesmo nível. Este processo é o mais empregado em obras de
pequeno e médio porte na construção civil. A precisão do processo está
relacionada ao cuidado com que for executado. Muito importante é verificar se não
ficaram bolhas de ar dentro da mangueira, que poderão acarretar um erro
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sistemático ao nivelamento. Pode-se encher a mangueira colocando o recipiente
com água em uma posição mais elevada, fazendo com que não possa entra outro
material exceto água. Não se deve utilizar água de torneiras para encher a
mangueira pois neste caso facilmente poderão ser incorporadas bolhas de ar.

DN (AB) = h1-h2
Fig. 02 – Nivelamento com emprego de Mangueira de Água

1.8.3 Nivelamento com Nível Ótico:

Fig. 03: Exemplos de níveis óticos de luneta marca Kern e Leica.

Nível Ótico: Equipamento topográfico específico para realização de nivelamentos,


composto de uma luneta que permanece fixa em um plano horizontal quando
nivelada, permitindo a rotação sobre este plano. A luneta possui dois fios
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perpendiculares entre si, que se cruzam em um centro ótico denominados fios do
retículo, e mais outros dois fios horizontais eqüidistantes denominados fios
estadimétricos. A leitura da mira no nivelamento é feita no fio médio do retículo.

Fios do retículo

Fios estadimétricos

Fig.04: Disposição interna dos fios de uma luneta em um nível ótico.

1.8.3.1 – Nivelamento Geométrico Simples


Quando a determinação da diferença de nível entre dois ou mais pontos é feita com
o nível instalado na mesma estação denomina-se nivelamento geométrico simples.
Seja determinar a diferença de nível (DN) entre os pontos A e B da Fig. 05:
a) Instala-se o nível em um ponto C aproximadamente eqüidistante de A e B,
denominado estação;

Fig. 05 Nivelamento Geométrico Simples com emprego de nível ótico

DN(AB) = L(Ré) – L(Vante)


DN(AB) = AD - BE
b) Nivela-se o instrumento e visa-se a mira colocada no ponto A, fazendo-se a
leitura AD, chamada de leitura a ré;
c) Muda-se a mira para o ponto B (ou utiliza-se uma segunda mira), fazendo-
se a leitura BE, chamada de leitura a vante;
d) A diferença de leitura a Ré e a Vante nos dará a diferença de nível entre os
pontos A e B
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Fig. 06 Nivelamento Geométrico Simples com emprego de nível ótico por radiação

Nivelamento Geométrico Simples por Radiação


Quando de uma mesma estação são determinados diversos pontos de nível temos
um nivelamento geométrico simples por radiação.
h = (LR – LV)
h 1=2,525-1,422=1,103 Cota 1= Cota A + h1 = 100,000+1,103 = 101,103
h 2=2,525-1,128=1,397 Cota 2= Cota A + h2 = 100,000+1,397 = 101,397
h 3=2,525-0,715=1,810 Cota 3= Cota A + h3 = 100,000+1,810 = 101,810

1.8.3.2 Nivelamento Geométrico Composto


Em muitos casos um nivelamento exige mais de uma instalação de nível para que a
distancia vertical entre os dois pontos extremos seja enquadrada. Estes pontos
intermediários são chamados de pontos de mudança ou pontos auxiliares. A
diferença de nível final entre os pontos extremos será a soma das diferenças de
níveis parciais das várias estações. Para continuar o nivelamento simples da
estação 1, basta visar da estação 2, a mira colocada no mesmo ponto B no
nivelamento anterior. Pode-se usar o sapo, ou cravar um piquete para garantir o
mesmo nível para o pé da mira nas duas visadas. Para garantir a verticalidade da
mira pode-se utilizar um nível esférico encostado atrás da mira. Também é
importante imobilizar a mira, para isso podem ser empregados dois sarrafos
posicionados perpendicularmente entre si.

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Fig. 07 – Nivelamento Geométrico Composto com emprego de nível ótico

h1 = (R1 – V1)
h2 = (R2 – V2) DN(AD) = h1 + h2 + h3
h3 = (R3 – V3)

Fig. 08 – Procedimento correto para operação de nivelamento

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O nivelamento geométrico composto pode ser:
a) de uma poligonal aberta;
b) de uma poligonal fechada.

Nivelamento Geométrico de poligonal aberta


Quando se parte de um ponto de altitude ou cota conhecida para um ponto
qualquer a ser determinado denominamos o caminhamento de poligonal aberta.
Neste caso é necessário que seja feito um outro nivelamento em sentido contrário
chamado contra nivelamento, para verificação do trabalho.

Fig. 09 – Nivelamento de uma poligonal aberta, caminhamento de ida

CADERNETA DE CAMPO
PONTO VISADO LEITURA DESNÍVEL hp ALTITUDES OBSERVA-
ESTAÇÃO (mm) OU COTAS ÇÕES
RÉ VANTE + -
RN A 1,010 100,000
A Aux1 0,320 0,690 100,690
Nivelamento

Aux1 0,995 100,690


B Aux2 0,876 0,119 100,809
Aux2 2,045 100,809
C Marco 0,531 1,514 102,323
Marco 0,600 102,323
D Aux3 2,114 1,514 100,809
Nivelamento
Contra

Aux3 2,000 100,809


E Aux4 2,119 0,119 100,690
Aux4 0,615 100,690
F RN A 1,305 0,690 100,000

2,323 2,323

Notas: A cota da RN é arbitrada;

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LR : Leitura Ré
LV: Leitura Vante
hp = LR-LV LR = LV hp = 0
Fig. 10 – Nivelamento de uma poligonal aberta, caminhamento de volta (contra nivelamento)

Nivelamento Geométrico de poligonal fechada


A poligonal fechada é aquela em que se parte de um ponto de referência conhecido
e chega em outro ponto conhecido. O procedimento é o mesmo da poligonal
aberta, apenas o contra nivelamento não será necessário, uma vez que a altitude ou
cota do ponto de chegada já é conhecido.

1.9 Erro permitido nos nivelamentos


Podemos classificar os nivelamentos geométricos em função de sua precisão em:
1a Ordem  Em < 2mm - Nivelamentos de alta precisão
2 Ordem  Em < 4mm
a
- Nivelamentos de precisão
3 Ordem  Em < 5mm
a
- Nivelamentos comuns ou topográficos
Em : Erro máximo permissível
n: Distância em Km (quilômetros), entre os pontos extremos do nivelamento.

A precisão de um nivelamento depende entre outros fatores:


- da precisão do equipamento;
- da extensão da poligonal nivelada;
- do número de estações;
- da temperatura;
- da perícia do operador na leitura da mira;
- da calagem do nível.
Considera-se como razoável um erro de fechamento compreendido entre 5mm a
10mm por quilometro de caminhamento, em nivelamentos comuns ou
topográficos.
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Para n quilômetros o erro médio (Em) será de:
Em = 5mm ; e o erro máximo admissível será: Emax = 2,5 x Em
Para 1Km Em = 5mm  Emax = 12,5mm
2Km Em = 7mm  Emax = 17,5mm
3Km Em = 9mm  Emax = 22,5mm
4Km Em = 10mm  Emax = 25,0mm
5Km Em = 11mm  Emax = 27,0mm
O erro tolerável é função direta da precisão que se pretende atingir em um
determinado trabalho. Visando atingir este objetivo o engenheiro deverá
especificar adequadamente o procedimento e o equipamento necessários.

1.10 – Verificação de fechamento:Em caminhamentos de poligonais fechadas ou


abertas com contranivelamento, a soma algébricas das diferenças de níveis parciais
devem ser nulas, ou seja:

RÉ - VANTE DE MUDANÇA = 0 OU
RÉ = VANTE DE MUDANÇA

O erro encontrado deverá ser distribuído entre todas as estações do nivelamento,


dividindo-se o erro pelo número de leituras a ré e somando-se ou subtraindo-se a
elas. As leituras com maior número de pontos visados receberão maiores
correções.
Exemplo numérico:

Fig. 11 – Levantamento de um trecho de rodovia


Na poligonal de estaqueamento de um determinado trecho de uma rodovia, montar
e calcular a caderneta de nivelamento, sabendo-se que RNA = 100,000
RNB = 97,500
Obs: distância entre estacas 20m
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CADERNETA DE CAMPO

LEITURAS ALT. OU ALTITUDE


ESTAÇÃO PONTOS COTA OU COTA
VISADOS RÉ VANTE PLANO REF. DOS OBS.
PONTOS
RNA 3,946 103,947 100,000
0+0 (+0,001) 3,012 “ 100,935
A 1+0 2,412 “ 101,535
2+0 1,915 “ 102,032
3+0 1,214 “ 102,733
3+0 3,027 105,762 102,733
4+0 (+0,002) 2,200 “ 103,562
4+5 1,105 “ 104,657
B 5+0 1,209 “ 104,553
6+0 1,594 “ 104,168
7+0 1,889 “ 103,873
7+0 0,852 104,726 103,873
8+0 (+0,001) 1,251 “ 103,475
C 9+0 1,959 “ 102,767
10 + 0 3,007 “ 101,719
10 + 0 0,376 102,096 101,719
10 + 10 (+0,001) 0,850 “ 101,246
D 11+ 0 1,111 “ 100,985
12 + 0 1,795 “ 100,301
13 + 0 2,059 “ 100,037
13 + 0 0,514 100,552 100,037
14 + 0 (+0,001) 0,959 “ 99,593
E 15 + 0 1,859 “ 98,693
16 + 0 2,500 “ 98,052
RN B 3,052 “ 97,500
 RÉ  ULT. 97,500 H. FINAL
VANTE
8,715 11,221 100,000 H. INICIAL
-2,506  RÉ- ULT. -2,500 H
VANTE
+2,506 -( RÉ-
ULT. VANTE)
+0,006 Eh

H= RÉ - ULTIMA VANTE
Eh = Erro do nivelamento
Extensão nivelada: Estaca (16+0) – (0+0) = 16+0  16 x 20,00 = 320,00m
Em = 5mm 5x 0,320 = 2,8mm  Emax=2,5x2,8 = 7mm
Eh = 6mm < 7mm = Emax (ok)
Eh: Erro do nivelamento encontrado é dividido pelo número de leituras a ré e
somado ou subtraído a elas.

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