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ANGELOLOGIA NOTA INTRODUTORIA A douttina dos anjos segue logicamente a douttina de Deus, pois os anjos sio fundamentalmente os ministtos da providéncia de Deus. Essa doutrina nos permite conhecer a origem, existéncia, natureza, queda, classificagio, obra destino dos anjos. A doutrina dos anjos € fundamentalmente estudo dos ministros da providéncia de Deus (sio os agentes especiais de Deus). Como em toda douttina, hha uma negligéncia muito grande desta, nas igrejas ¢ entre os tedlogos, que chega a ser verdadeira rejeigio. ‘A imporcincia do estudo desses seres parte da dificuldade que a maioria ddos cristios ainda tém em saber situar 6 lugar dos anjos no contexto do humano no cotidiano, e ainda, explicar os propésitos divinos na criagio dos mesmos. Assim, mediante o presente estudo tem-se a oportunidade de prevenir sobre concepgses heresiolégicas acerca dos anjos que tanto permeiam até mesmo alguns segmentos evangélicos na atualidade. 1, ANGELOLOGIA: CONCEITO A palavra anjo, quer extrafda do hebraico, malak do Antigo Testamento ‘ou do grego Angelos do Novo Testamento, significa “mensageiro”. Os anjos si0 mensageiros de Deus, enquanto os anjos decaidos estéo a servigo de Satands ‘Ao nosso redor ha. um mundo espiritual poderoso, populoso de recursos superiores a0 nosso mundo visivel. Bons e Maus espiritos passam em nosso meio, de um lugar para 0 outro, com grande rapidez.e movimentos imperceptives."” Alguns desses 3s se interessam pelo nosso bem estar, outtos, porém, esto empenhados em fazer-nos o mal. Muitas pessoas questionam se existem realmente tais espititos ou seres, quem sio, onde se encontram € 0 que fazem. A palavra de Deus é a tinica fonte de informagio que merece confiansa, € que possui respostas para estas perguntas. Ela deixa claro que ha outra classe de seres superiores a0 homem. Esses seres habitam nos céus ¢ formam os exércitos celestiais, a inumerdvel companhia dos servos invisiveis de Deus. Esses_sio os anjos de Deus, os quais estio sujeitos a0 governo divino, ¢ 0 importante papel que tém desempenhado na histéria da humanidade torna-os merecedores de referéncia especial. 78 | CURSO MEDIO EM TEQLOGIA | KARPOS Existem também aqueles, pertencentes 4 mesma classe de seres, que anteriormente foram servos de Deus mas que agora se encontram em atitude de rebeliso contra seu govern. Considerado pelos estudiosos contemporineos como a mais notivel e dificil das matérias, por isso tem sido marco da implantagéo de grandes seitas € heresias, do mundo atual.!”" 1.1. Trés aspectos de negligéncia desta doutrina:"” Primeiro - Desde 0 principio do cristianismo, os gnésticos prestavam. adoragio aos anjos (Cl 2.18); depois entio, na Idade Média, com as crengas absurdas dos rituais de bruxarias envolvendo culto aos anjos, © agora em nossos dias, os estudos cabalisticos personalizados no meio esotérico e mistico, ensinam, novamente 0 culto aos anjos, por meio de bruxos sofisticados e modernos. Sabendo que antes de tudo, a existéncia ¢ ministério dos anjos sio fartamente ensinados nas Escrituras, por isso, nfo podemos negligenciar os ensinamentos sagrados, Segundo - A evidéncia de possessio demonfaca ¢ adoragao a deménios de forma veemente em nossos dias. O apéstolo Paulo parece travar grande luta com a grande idolatria que considerava adorasao a deménios (1Co 10.19-21), Nos Gltimos dias, esta adoragio aos deménios «a idolos deve aumentar bastante, (Ap 9.20-21).”” A negligéncia deixa de existir para dar lugar a um crescente pensamento sobre o assunto, especialmente do lado do mal. Nio podemos negligenciar cl douttina A pritica acentuada do espiritismo que cresceri assustadoramente nos lltimos dias, conduzindo homens, mulheres e criangas a profundos caminhos de trevas e cegucira espiritual (IT 4.1-2) Eainda a obra de satanise dos espititos maldficos, trapalhando o progresso da graga em nossos préprios coragées ¢ a obra de Deus no mundo (Ef 6.12) Deveriamos queter saber mais ¢ mais dos ensinamentos sagrados para podermos estar firmes contra as astutas ciladas deste inimigo derrotado, Satands, 0 anjo caido (Rm 16,20; Ap 12.7-9; 20.1-10) TH UNVERIDADEDABIOA DIS UNIVERSIDADE DA BIBEIA, 2013.4 MODULO 5 | ANGELOL 79 2. DOUTRINA SECULAR ACERCA DOS ANJOS Historias nas sociedades, histérias seculares, histérias rcligiosas © a arqueologia mostram que quase todas as culturas do mundo aceitam a existéncia de seres sobrenaturais. Muitas sociedades nao faziam nenhuma distingSo entre seres bons © maus, Os egipcios antigos acteditayam que seres sobrenaturais eontrolavam todas as fases da vida ‘© mesmo acontecia na Pérsia, Babilénia e {ndia. Apesar de ser uma cultura inteiramente voltada para a filosofia ¢ idelas humanisticas, os gregos antigos acreditavam em espititos, ea adoracio dos mesmos fazia parte de sua vida didtia"* Os romanos absorveram grande parte de outras religiées em sua propria, isto é, eles faziam isso quando as outras religises eram politeistas. Eles simplesmente acrescentavam deuses ao seu pantedo. Geddes MacGregor escreveu no seu livro (Anjos, Ministros da Graga): * dda Escandinivia 20 1rd, da Ielanda 4 América do Sul, o folelore popular é repleto de alusdes a espiritos tio clementares..que foram trazidos do folclore antigo dos, celtas, escandinavos, teut6nicos ¢ outras culturas’ ‘Mesmo nas culturas mais orientais, como da China, Japio ¢ Coréia, anjos lou deménios eram parte integrante de suas religiées, embora muitas vezes esses seres fossem chamados deuses. No extremo oriente, os espiritos exam considerados como seres humanos mortos resultando na adoragio de ancestrais ¢ mesmo na adoragio direta a anjos ou deménios.”* Certo teélogo, de nome Alexander Hislop, fez um trabalho monumental no final do século XVIII ao tracar conexées entre todas as religides antigas. Ele comparou a crenga ¢ adoragio de seres sobrenaturais de nacio em nagio ¢ de religigo em religifo, Seu relatdrio dé maior evidéncia 20 fato de que algo aconteceu em algum lugar nos tempos antigos envolvendo o relacionamento entre 0s reinos natural e sobrenatusal (© que quer que tenha sido, ainda influencia muitas pessoas em nossos dias. 2.1. Os Anjos no decurso da histéria Nas tradigdes pagés (algumas das quais influenciaram os judeus de tempos posteriores), os anjos eram, is vezes, considerados divinos, ¢ outras vezes, fenémenos naturais. Eram seres que faziam boas ages em favor das pessoas, ou cram as préprias pessoas que praticavam 0 bem: tal confusio esté refletida no fato de que tanto a palavra hebraica “mal'dkh”, quanto a grega “angeles” tém dois sentidos. T7y UNVERSIDADE DA BIBIIA 2013.4 195 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 20135. 80 CURSO MEDIO EM TEOLOGIA | KARPOS Osignificado bisico decada uma delasé “mensageito”. Maseste mensageiro, (dependendo do contexto) pode ser um mensageito humano comum, ou um rmensageiro celestial, um anjo.."* ‘Alguns, com base na teoria da evolugio, fazem a ideia de anjos remontar 420 inicio da civilizagio. “O conceito de anjos pode ter evoluido dos tempos pré- hist6rieos quando, entio, os seres humanos primitivos emergiram das cavernas € comesaram a erguer os olhos aos céus... A vor de Deus jé nao era a rosnada da Aoresta, mas o estrondo do céu’. Segundo essa teoria, desenvolveu-se um conceito de anjos que servissem 4 humanidade como mediadores de Deus. O conhecimento genutino dos anjos, no entanto, veio somente através da Revelagio Divina 2.2, Na Visio da Mitologia Posteriormente, os assirios € os gregos deram asas a alguns desses seres semidivinos. Hermes tinha asas nos calcanhares. Eros, “o espirito voador do amor apaixonado”, tinha asas afixadas aos ombros. Num tom bastante divertido, os romanos inventaram Cupido, “o deus do amor erdtico”, retratado como um garoto brincalhao que atirava flcchas invisiveis para encorajar romances. Platio (cerca de 427-347 aC) também falava de “anjos da guarda’. As Escrituras Hebraicas atribuem nomes a somente dois anjos:"” Gabriel, que iluminou o entendimento de Daniel (Dn 9.21-27), ¢ 0 areanjo Miguel, © peotetor de Israel (Dn 12.1). O livro apécrifo de Tobias (200-250 a.C.), pporém, inventou um arcanjo chamado Rafael que, repetidas vezes, ajudou Tobias em siuagies dificeis. Realmente, s existe um arcanjo (anjo principal), que é Miguel (Jd 9. Mais tarde, Filo (20 a.C. a 42 d.C), 0 fildsofo judaico de Alexandria, no Fgito, retratou os anjos como mediadores entre Deus ea raga humana. Os anjos, criaturas subordinadas, habitavam nos ares como “os servos dos poderes de Deus. Eram almas incorpércas sendo totalmente inteligentes cm tudo ¢ possuindo pensamentos puros.” 2.3. Nos primeiros séculos do cristianismo Durante o perfodo do Novo Testamento, os fariseus acreditavam que os anjos fossem sexes sobrenacurais que, frequentemente, comunicavam a vontade de Deus (At 23.8), TNIVERSIDADE DA BIBUIA 2015 IVERSIDADE DA BIBLIA, 20135 ur 176 UNIVERSIDADE DA BIBIIA, 2013.6 MODULO S | ANGELOL’ 81 Os saduceus, todavia, influenciados pela filosofia grega, diziam: “nio hi ressurreigio, nem anjo, nem espirito” (At 23.8). Para eles, os anjos no passavam de “bons pensamentos intengées” do coragio humane. Nos primeitos séculos depois de Cristo, os pais da igteja pouco disseram a respeito dos anjos. A maior parte de sua atenséo era dedicada a outros assuntos referente & natureza de C dos anjos."° a) Inécio de Antioquia, um dos primeiros pais da igreja, acreditava que a salvagio dos anjos dependia do sangue de Cristo; ) Origenes (182-251 d.C,) declarouaimpecabilidade dos anjos, afirmando ‘que, se foi possivel a queda de um anjo, calvez seja possivel a salvagio de um deménio. Semelhante posicionamento acabou por ser rejeitado pelos concilios, eclesisticos ©) Kem 400 d.C,, Jeronimo (347-420 d.C.) acreditava que anjos da guarda cram dados aos seres humanos quando do nascimento destes; 4) Posteriormente, Pedro Lombardo (100-160 d.C.) acrescentou que um Ainico anjo podia guardar muitas pessoas de uma s6 ver o. Mesmo assim, todos eles acreditavam na existéncia 6) Dionisio, o Arcopagita, (500 d.C.) contribuit notavelmente para cstudo dos anjos. Ele retratou o anjo como “uma imagem de Deus, uma manifestagio da luz oculta, um espelho puro, brilhante, sem defeito, nem impureza, ou mancha’; £) Semelhantemente Irineu, quatro séculos antes (130-195 d.C,), também cconstruiu hipéteses a respeito de uma hierarquia angelical ) Depois, Gregério Magno (540-604 d.C,) atribuiu aos anjos corpos celestiais. 2.4, Perguntas sem respostas ‘Ao saiar do século XIII, os anjos passaram a ser assunto de muita especulagio. © teélogo italiano Tomas de Aquino (1.225-1.274 d.C.) formulow perguntas muito relevantes a respeito, Sete das suas 118 conjecturas sondavam as segulintes dreas:™™ a) De que se compée o corpo de um anjo? Hi mais de uma espécie de anjo? }b) Quando os anjos assumem a forma humana, exercem funcbesvitais do corpo? 6) Os anjos saber quando & manha e quando ¢ entardecer? 4d) Conseguem entender muitos pensamentos a0 mesmo tempo? 6) Conhecem nossas intengdes secretas? 4) Tem capacidade de falar uns com os outros? TeTERS DADE DA BIBLIA 2013.6 182 UNIVERSIDAD DA BIRLIA 2013 4 82 CURSO MEDIO EM TEQLO’ | KARPOS 2.5, Na Idade Medieval Segundo Berkhof™, durante a Idade Média ainda havia alguns que se inclinavam a admitir que os anjos tém corpos etéreos, mas a opiniéo predominante era de que sio incorpéreos. ‘As aparigdes angélicas cram explicadas com a admissio de que, fem tais casos, os anjos adotavam formas corporais temporirias, para fins de revelagio. Virios pontos estiveram em discussio entre os escolisticos. Quanto 20 tempo em que os anjos foram criados, a opiniio dominante era que foram criados no mesmo tempo da criagio do universo material Embora alguns sustentassem que 0s anjos foram criados no estado de grasa, 4 opiniéo mais comum era que foram eriados somente natural" estado de perleigio Havia pouca diferenga de opiniio sobre se se pode dizer que os anjos ‘ocupam um lugar. A resposta comum a esta questio era afirmativa, conquanto se assinalasse que a presenga deles no espaco nao é circunscritiva, mas definitiva, visto que somente os corpos podem estar circunseritivamente no espaso." Embora todos os escolisticos concordassem que o conhecimento dos anjos & limitado, os tomistas © os scotistas diferiam consideravelmente ho concernente 3 natureza desse conhecimento. “Todos admitiam que os anjos receberam conhecimento infuso quando de eriagio, mas Tomaz de Aquino negava, enquanto Duns Scotus afirmava, que podiam adquirir novo conhecimento através da sua atividade intelectual."* primeiro sustentava que 0 conhecimento dos anjos é puramente intuitive, mas 0 sitimo asseverava que esse conhecimento também pode ser discursive. A ideia de anjo da guarda encontrou consideravel apoio durante a dade Média," 2.6. Pintados ¢ cultuados Mais descritivos foram os retratos pintados pelos renascentistas; representavam os anjos como “figuras varonis... criangas tocando harpas ‘trombetas, bem diferentes de Miguel, 0 arcanjo. Retratos pintados com péssimo gosto como “cupidinhos gorduchinhos”, com muito colesterol, vestides com pouca roupa, estrategicamente colocados, essas criacuras eram frequentemente uusadas como friso artistico. Tas BERRHOR 20093 td BERKHOE 2002, 13, 185 BERKHOE 2002, 133, 185 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2015, 5, MODULO 5 | ANGELOL 83 © cristianismo medieval assimilow a massa de especulagées, ©, como consequéncia, comegou a incluir a adoragéo aos anjos em suas livargias, essa aberragio continuow crescendo, levando o Papa Clemente X (1670-1676 d.C) a decretar uma festa em homenagem aos anjos.”” 2.7. No Periodo Reformista Até 0 presente, os catdlicos romanos geralmente consideravam 0s anjos como espiritos puros, enquanto que alguns protestantes, como Emmons, Ebrard, Kurez, Delitasch e outros, ainda Thes atribuiam algum tipo especial de corpo. Mas a grande maioria dos dtimos tinha 0 conceito oposto."”” ‘Swedenbor” sustentava que todos os anjos eram originariamente homens © existe em forma corporal. Sua posigio no mundo angélico depende de sua Vida neste mundo. © racionalismo do século XVII negava sem rebugos a existéncia dos anjos e explicava 0 que a Biblia ensina a respeito deles como uma espécie de acomodagio. Alguns teélogos liberais modernos consideram que vale pena rerer aideia fundamental expressa na doutrina dos anjos, Eles veem nela uma representagio simbélica do cuidado protetor de Deus © de Sua disposigéo para dar ajuda e sovorto. 2.8. A Doutrina dos Anjos para Calvino e Lutero A despeito dos excessos catélicos romanos, 0 Cristianismo Reformado eontinuou a ensinar que os anjos ajudam 0 povo de Deus. a) Joao Calvino (1509-1564 d.C.) acteditava que “os anjos sio despenseiros ¢ administradores da beneficéncia de Deus para conosco... Mantém a vigilia, visando a nossa seguranca; tomam a seu encargo a nossa defesa: ditigem os nossos ‘caminhos, ¢ zelam para que nenhum mal nos acontesa", bb) Martinho Lucero (1483-1546 .C.) em "Conversas & Mesa’, falow em termos semelhantes. Observou como esses sere espitituais, criados por Deus, servem & Igreja ao Reino, Eles ficam mui perto de Deus ¢ do cristio, “Esto em. pé diante da face do Pai, perto do sol, mas sem esforgo. vém rapidamente nos socorree”.”” 2.9. Pés-reforma Na Bra do Racionalismo (cerca de 1800 d.C), surgiram graves duvidas contra a existéncia do sobrenacural; os ensinamentos historicamente aceicos ‘Tay UNWERSIDADE DA BIBUIA 015,53, 190 BERKHOF 2002, 1 191 BERKHOE 2002, 154 apad SWEDENBOR 12 IDEM. 84 | CURSO MEDIC EM TEOLO! | KARPOS pela Igteja comegaram a ser reexaminados. Como consequéncia, alguns eéticos resolveram chamar os anjos “personificages de energias divinas, ou principios bons e maus, ou doeneas ¢ influéncias navurais”.”* ‘em 1918, alguns eruditos judaicos comegaram a ecoar a voz liberal, afirmando que os anjos nao eram reais, pois desnecessirios. “Um mundo de leis de processos nio precisa de uma escada viva para levar-nos da Terra até Deus, nas alturas”, Isso nao abalou a fé dos evangélicos conservadores que continuam a cconfirmar a validade dos anjos."” 2.10. O Consenso do cenério moderno a) Foi talvez o teélogo liberal Paul Tillich”* (1886-1965) quem postulou ‘© conceito mais radical do periodo moderno, Considerava os anjos esséncias, platénicas: emanagées da parte de Deus. Acreditava que os anjos queriam voltar 4 esséncia divina da qual surgiram, pata serem iguais a Deus. Tillich ac nselhava: “Para interpretar 0 conceito dos anjos de modo relevante, hoje, interprete-os como as esséncias platénicas, como 1s poderes da existencia, e nio como seres especiais. Se voce interpreté-los desta iltima maneira, tudo nio passard de grosseira mitologia’. b) Karl Barth © Millard Erickson" entretanto, encorajavam uma abordagem mais cautelosa e sadia. Barth, 0 pai da neo-ortodoxia, achava ser 0 assunto “9 mais notivel e dificil de todos”. Reconhecia o enigma do intérprete: Como “avangar sem ser precipitado”; estar “ao mesmo tempo aberto e cauteloso, critico ¢ ingénuo, perspicaz ¢ modesto?” ©) Erickson”, teélogo conservador, acreseentou que poderiamos ser tentados a omitir, ou negligenciar, o estudo dos anjos, porém “se é para sermos cestudiosos fidis da Biblia, nao temos outra escolha senio falar a respeito deles” 3. AEXISTENCIA DOS ANJOS De acordo com entendimento de Berkhof, todas as religiées reconhecem: ‘a existéncia de um mundo espiricual. Suas mitologias falam de deuses, semideuses, espiritos, deménios, génios, herdis, e assim por diante. Foi especialmente entre os persas que a doutrina 195 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2013, 6 sped TILLICH, 196 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2015, 6 apud BARTI ¢ ERICKSON Is? IDEN 198 BERKHOE 2002, 14 MODULO 5 | ANGELOL 85 dos anjos se desenvolveu, ¢ muitos criticos especialistas afirmam, derivaram a sua angelologia dos persas.'” Mas_ essa teoria nio foi comprovada ¢, para dizer © mfnimo, é muito duvidosa. Certamente nio pode ser harmonizada com a Palavra de Deus, na osjudeus ‘qual os anjos aparecem desde o principio. Além disso, alguns grandes especialistas, que fizeram estudos especificos do. assunto, chegaram 4 conclusio de que a angelologia persa proveio da que era comum entre os hebreus Allgreja crista sempre acreditou na existéncia dos anjos, masa teologia liberal moderna descartou essa crenga, embora ainda considere a ideia-anjo ttl, visto que ela imprime em nds “o vivido poder de Deus na histéria da redengio, Sua providentia specialisima em favor do Seu povo, especialmente em favor dos ‘pequeninos™. Embora homens como Leibnicz © Wolff, Kant Schleiermacher tenham admitido a possbilidade da existéncia do mundo angélico, © alguns deles tenham até mesmo tentando provar isso. com uma argumentagio racional, & evidente que a filosofia nao pode provar nem a existéncia nem a inexisténcia dos anjos.™ Portanto, da filosofia passamos paraa Escritura, que nio faz nenhuma tentativa deliberada de provar a existéncia dos anjos, mas assume de capa a capa, em seus livros histéricos repetidamente nos_mostra os anjos em acio. Ninguém que se incline diante da autoridade da palavra de Deus pode duvidar da existéncia dos anjos. 4, DOUTRINA BIBLICA DOS ANJOS Muito se tem escrito no mundo secular ¢ religioso acerca dos anjos, explorando a credulidade de pessoas espiritualmente carentes e supersticiosa, induzindo- as a ituagdes erradas € falsas sobre o mundo espiricual, ‘Nao poucas passagens das Escrituras ensinam que hé uma ordem de seres celestiais totalmente distintos da humanidade e da Divindade, que ocupam uma posicio exaltada acima da atual posigio do homem caido. Estes seres celestiais si0 mencionados pelo menos 108 vezes no Antigo Testamento ¢ 165 vezes no Novo ‘Testamento, ¢ a partir deste conjunto de Escrituras o estudante pode criar a sua “doutrina dos Anjos’. Ty BERKHOR 2005, 155. 200 IDEM 201 BERKHOE, 2002, 135 spud LEIBNITZ, KANT, SCHELEIERMACHER. 202 IDEM. 86 | CURSO MEDIO EM TEOLO! | KARPOS 4,1, Etimologia ¢ conceito do termo A palavra portuguesa anjo possui origem no latim angelus, que por sua ver deriva-se do grego angelos. No idioma hebraico, temos mal'ék. Seu significado bisico € “mensageiro ” (para designar a ideia de offcio de mensageiro) O grego eldssico emprega o termo angelos para o mensageito, o embaixador ‘em assuntos humanos, que fala e age no lugar daquele que o enviou. No Antigo Testamento, onde o termo mal‘dk ocorre 108 vezes, 0s anjos aparecem como seres celestiais, membros da corte de Yahweh, que servem © louvam a Ele (Ne 9.6; J6 1.6), sio espiritos ministradores (IRs 19.5), transmitem a vontade de Deus (Dn 8.16,17)),obedecem a vontade de Deus (SI 103.20), ‘executam os propésitos de Deus (Nm 22.22), ¢ celebram os louvores de Deus (16 38.7; SI 148.2). ‘No Novo Testamento, onde a palavra angels aparece por 175 vezes, os anjos aparecem como representativos do mundo celestial e mensageiros de Deus Fungées semelhantes 3s do Antigo Testamento sio atribuidas a eles, ais como: servem e louvam a Cristo (Fp 2.9-11; Hb 1.6), sio espiritos ministradores (Le 16.22; At 12.7-11; Hb 1,7,14), transmitem a vontade de Cristo (Mt 2.13,20; Ac 8.26), obedecem a vontade dEle (Mt 6.10), executam os Seus propésitos (Mt 13,39-42), e celebram os louvores de Cristo (Le 2.13,14)2 Ali, os anjos estio vinculados a eventos especiais, tais como: a concepsio de Cristo (Mt 1.20,21), Seu nascimento (Le 2.10-12), Sua ressurteigio (Me 28.5,7) «Sua Ascensio e Segunda Vinda (At 1.11). © termo teoldgico apropriado para esse estudo que ora iniciamos & Angelologia (do geego angelos, “anja” e logia, “esvudo”, “dissertagio”). Angelologia se constitui, portanto, de doutrina especifica dentro do contexto daquilo que denominados de Teologia Sistematica, a qual se ocupa ‘em estudar a existéncia, as caracteristicas, natureza moral e atividades dos anjos. Quando consideramos os anjos, como nas outras doutrinas, existe campo para o uso da azo.” Considerando que Deus € Espirito (Jo 4.24), que nao participa de maneira nenhuma dos elementos materiais, € natural presumir que existe seres criados que se assemelham mais com Deus do que com as criaturas terrestres que combinam o elemento material com o imaterial HA um reino material, um reino animal ¢ um reino humano; assim, podemos stumir que hé um reino angélico ow espiritual. Contudo, a Angelologia rio repousa sobre a razéo ow a suposigéo, mas sobre a “Revelagio” TNIVERSIDADE DA BIBUIA, 2015, 204 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2013.7 305 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2013, 7 206 BERKHOF 2002, 3. MODULO 87 | ANGELOL 5. NATUREZA DOS SERES ANGELICAIS De acordo com Berkhof"”, diferentemente de Deus ¢ a Trindade em si, ‘0s anjos sio seres criados. As vezes tem sido negada a o ensinada com clareza na Escritura fo é certo que as passagens que falam da criagao do exército do céu (Gn 2.1; Sl 33.6; Ne 9,6) se referem 3 criagio dos anjos,e nio do exército de astros: mas SI 148.2,5, C1116 falam claramente da ctiagio dos anjos (comp. 1 Rs 22.19; S} 103.20,21) A ocasiéo em que foram criados nao pode ser fixada definidamente ‘A opinido de alguns, baseada em J6 38.7, de que foram criados antes de todas as outras coisas, realmente néo tem o apoio da Escritura Os Anjos so seres materiais ¢ incorpéreos. Este ponto sempre foi debatido. Os judeus ¢ muitos dos primeiros “pais da igreja’ thes atribuiam corpos ténues ou fgneos; mas a Igreia da dade Média chegou A conclusio de que sio seres espirituais puros. «40 dos anjos, mas é ‘Todavia, mesmo depois disso alguns tedlogos catélicos romanos, arminianos, e até mesmo luteranos reformados (calvinistas), thes atribuiram certa corporalidade, sumamente sutil e pura Consideravam a ideia de uma naturezapuramente espiritual ¢ incorpérea_metafisicamente inconcebivel, bem como incompativel com a nogio de criatura. Também recortiam ao fato de que 0s anjos esto sujeitos a limiragoes cspaciais, movem-se de lugar a lugar ,¢ is vezes cram vistos pelos homens. Sio seres racionais, morais ¢ imortais. Para Berkhof™, quer dizer que sio seres pessoais, dotados de inteligéncia ¢ vontade. © fato de que sio seres inteligentes patece inferir-se imediatamente do fato de que sio espiritos; mas também a Biblia ensina isso explicitamente, 2 Sm 14.20; Mt 24.36; EF 3.10; 1 Pe 2.11 Embora nao oniscientes, sio superiores aos homens em conhecimento, Mr 24.36. Além disso, tém natureza moral e, nesta qualidade, estio sob obrigagio moral; sio recompensados pela obediéncia, ¢ punidos pela desobediéncia.*” A Biblia fala dos anjos que permaneceram leais como “santos anjos’, Mr 25.31; Me 8.38; Le 9.26; At 10.22; Ap 14.10, eretrata os que cairam como mentirosos ¢ pecadores, Jo 8.44; 1 Jo. 3.8-10. Os anjos bons sio também imortais, no sentido de que no esto sujeitos 4 morte Quanto a isso se diz que ossantos do céu sio semelhantes a cles, Le 20.35, 36. Em actéscimo a isso tudo, éthes atribuido grande poder. Eles formam o exército de Deus, uma hoste de herdis poderosos, sempre prontos a fazer o que o Senhor mandar, $1 103.20: Cl 1.16; Ef 1.21; 3.10; Hb 1.14; e os mM. 88 CURSO MEDIO EM TEQLO’ | KARPOS anjos maus formam o exército de Satanis, empenhados em destruir a obra do Senhor, Le 1 1.21; 21's 2.9; 1 Pe 5.82% Existem anjos bons a anjos maus. A Biblia dé pouca informagio a respeito do estado original dos anjos. Lemos, porém, que no fim de Sua obra criadora Deus viu tudo quanto fizera, ¢cis que era muito bom. Além disso, Jo 8.44; 2 Pe 2.4; Jd 6 pressupée uma boa condigéo original de todos 0s anjos.” Osanjosbons sio chamados “anjos eleitos”, Tin 5.21. Estes evidentemente receberam, além da graca de que foram dotados todos os anjos, graga sulficiente para habilité-Ios a manter a sua posigo, uma grasa especial, de perseveranga, pela {qual foram confirmados em sua condigéo. Tem havide muita especulagio intl acerca do tempo e do cariter da queda dos anjos. Contudo, a teologia protestante em geral contentou-se em saber que 05 anjos bons conservaram o seu estado original, foram confirmados em sua condigio, e agora sio incapazes de pecar." Sio chamados nio somente santos anjos, mas também anjos de lux, 2 Co 11.14, Sempre contemplam a face de Deus, Mt 18.10, servem-nos de ‘exemplos na pritica da vontade de Deus, Mt 6.10, etém vida imortal, Le 20.36.2 5.1. Sua Habitagio ‘A habitagio dos anjos também ¢ um assunto revelado definidamente. J& falamos da insinuagdo de que todo 0 Universo encontra-se habitado por inumeriveis exércitos de seres espirituais.2 Esta vasta ordem de seres com todas as suas classificagées tem habicagSes «¢centros fixos para as suas atividades. Com 0 uso da frase “os anjos no céu” (Me 13.32), Cristo definidamente afirma que os anjos habitam as esferas celestiais. © apéstolo Paulo escreve: “um anjo vindo do céu"(GI1.8) ¢ “toda familia, tanto no céu como sobre a terra.” (EF 3.15). Tgualmente, na oracio que Cristo ensinou aos Seus discipulos, eles foram instruidos a dizer: *.faga-sea Tua vontade, assim na Terra como no cé..."(Mt6.10)."6 © tabernéculo do Seu povo terreno, Israel, era um modelo dos céus. ‘Moisés, quando esteve na montanha, olhou para a vastidio dos céus e viu os trés «us, Ele nao tinha telesc6pio. DEN EN, JERKHOF, 2002, 1 214 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2015, 21, IVERSIDADE DA BIBLIA, 2013, 21, UNIVERSIDADE DA BIBEIA, 2013, 21 MODULO 5 | ANGELOL 89 Mas © proprio Deus the mostrou os mistérios dos eéus. Entéo Deus 0 advertiu quando estava para construir 0 taberndculo, dizendo ao Seu servo: ‘Ve que ‘fagas todas as cosas de acordo cam o modelo que te foi mostrado no monte (Hl 8.5). © tabernéculo tinha és compartimentos: o pitio externo, 0 lugar Santo € 0 Santo dos Santos. Uma vez por ano o sumo sacerdote entrava neste local terreno de adoragio, pasando pelo pitio externo para o lugar Santo e finalmente, levando o sangue do sactificio, cle entrava no Santo dos Santos para aspergir © sangue na presenga santa de Jeovs.2"* ‘Mas Aro era apenas um tipo daquele que é maior que Ario, 0 verdadeiro Sumo Sacerdote. Dele, do verdadeiro Sacerdote, 0 nosso Senhor ¢ Salvador Jesus Cristo, foi escrito que Ele penetrou os céus (Hb 4.14): ‘Porgue Cristo ndo centrou em santudrio feito por maos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para comparecer, agora, por nés, diante de Deus (Hb 9.24). Ele passou pelos céus, o pitio exterior, o eéu que circunda a Terra; o lugar Santo, © Universo imenso com sua distincia imensuravel ¢, finalmente, Ele entrou no tereeiro céu, 0 céu que a astronomia sabe que existe, mas que nenhum telescdpio pode alcangar:” Nos lugares celestiais, de acordo com a Epistola aos Efésios, estio os principados e potestades, a multidio incontivel de anjos. 5.2. Sua aparéncia Nas histrias que se tém colecionado, ha anjos com asas € outros sem asas, anjos que se patecem com anjos e outtos que se patecem com seres humanos.”" Parece que 0s anjos que aparecem como homens, ¢ nio como anjos, vio ter aparéncia de quem estio visitando.2? Em outras palavras, se 0 anjo que apateceu a mie de Sansio nio se parecesse com um israelita, ela ndo teria chamado filho de Deus, como sendo ele tum profeca israelia (Ja 13.6). Se os anjos que aparecem sem que se saiba que sio anjos (Hb 13.2), entéo aparecem aos chineses como chineses, aos africanos como afticanos, © 4 Isso significa que ha anjos aparecendo como negros ¢ brancos Ty baw 28 IDEM. 219 IDEM, 220 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 201, 22, 231 IDEM. 222 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2013, 22, 225 IDEM. 90. CURSO MEDIO EM TEOLOGIA | KARPOS 5.3. Suas asas A. Biblia nfo nos diz. que anjos possuem asas. Esta ideia de asas vem de tum verso em Daniel onde esté registrado que um anjo veio voando rapidamente (Dn 9.21). Entretanto, como os anjos no se movem no tempo € no espago como 1n6s, no sabemos se precisam de asas para voar. Outras ordens de seres celestiais chamadas querubins, serafins sio descritas como possuindo asas (Ez 1.5-11; 1Rs 6.2728 Na arte medieval, muitos anjos sio desenhados com asas, mas vieram da ideia da deusa grega Nike. Portanto, ereio que muitos anjos nao possuem asas. Eles sio “espiitos pros", nao compostos de matéria, mas compostos de esséncia e existéncia, de agio e de potencialidade, escreveu Tomés de Aquino.” Em religides nio cristis, a ideia de como sio os anjos vatia, particularmente ‘com as personalidades angelicais especificas, uma vez. que sio percebidos, ou imaginados por diferentes grupos. Nao estamos sempre atentos & sua presenga porque os anjos nem sempre fazem apatigées visiveis.™* 5.4, Nao sao seres humanos glotificados Em Mateus 22.30 esté escrito “gue seremos como anjos”, mas nao diz que seremos anjos. No futuro, os crentes hio de julgar os anjos “Nao sabeis wis que havemos de julgar os anjose2? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? (ICo 6.3). Embora havemos de julgar os anjos maus, isso € diferente de dizer que seremos anjos. As “incontiveis hostes de anjos” sio diferenciadas dos “espiritos dos justos, aperfeigoados” (Hb 12.22.23). 5.5. Nao sao os filhos de Deus em Génesis seis Os anjos sio chamados “Filhos de Deus” no Antigo Testamento nas referéncias de 16 1.6; 2.1; 38,7. Deve ser observado, porém, que, apesar de serem assim chamados, os homens também o foram (Le 3.38: Jo 1-12; 1Jo 5.1-2). A palavra original & “Benai-Elohim’ - filhos de Deus. Que os filhos de Deus se refere aos anjos, neste texto de Gn 6, € a posigio tomada por Joselo, Filo, DEN INIVERSIDADE DA BIBLIA, 2013, 13, UNIVERSIDADE DA BIBLIA. 2013.13 227 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2013, 13, EN, INIVERSIDADE DA BIBLIA, 2013, 13 250 IDEM MODULO 5 | ANGELOL 91 Judeus ¢ os autores do Livro de Enoque e do Testamento dos Doze Patriarcas. Era a posigio geralmente accita pelos judeus eruditos dos primeiros séculos da ea erst? Aimpressio que geraram “gigantes” foi da Septuaginta (LXX), que também traduziu todos os manuscritos, substituindo “filhos de Deus” por “anjos de Deus” em Gn 6; J6 1.6 2.1, por “meus anjos” em J6 38.7. “Ester eramy os valentes que houve na antiguidade, os homens de fama” (Gn 6.4). Filhos do relacionamento entre “os filhos de Deus’ com as “filhas dos homens’. Esta € a definigio original dos textos da palavra de Deus € nio “NEFILINS”, que encontramos em alguns textos traduzidos ¢ nio confidveis, conforme The Theological Workbook of the Old Testament, por Harris, Archer e Waltke.” Teoria equivocada de que os “filhos de Deus” cram anjos a) As referéncias de J6 1.6; 2.1; 38,7 b) A relagdo anormal produziu gigantes impiedosos 6) Anjos podem aparecer como homens (Gn 19.1,5); ou como homens (Me 1.23 26; Me 5.13). O Dr. Henry Mortis diz: “Os filhos de Deus e as filhas dos homens sio homens ¢ mulheres, mas foram possessos por deménios”.* d) Em Me 22.30, o Senor estava apenas explicando que os anjos nao se reproduzem como os humanos. Nao hé prova que os anjos nao tém sexo. Nos originais, a palavta anjos, sempre é no género masculino, Alguém explica que os anjos no se reproduzem porque nao existem “anjas”.”* 6) As referéncias associadas com Judas 6; 1Pd 3.8-20; 2Pd 2.4-6. £) Esta teoria foi assegurada por historiadores como Josefo e Plinio. g) Os livros apécrifos (3 deles), asseguram esta posicio. h) E considerado que houve duas quedas dos anjos, uma quando Satanis liderou a rebeliZo, antes da queda do homem e outra em Gn 6. 5.6. Teoria de que os “filhos de Deus” nao eram os anjos e sim os descendentes de Sete Em Génesis 6 encontramos a corrupgio geral do género humano bem ‘como um protesto de Deus contra os casamentos entre os da linhagem reta de Sete ¢ os da linhagem impia de Caim. Tay UNWERIDADEDABBUA 203,15 JADE DA SIBLIA 2013.14 SADE DA BIBLIA. 2013, 14 JADE DA BIBLIA, 2013, 14 255 IDEM 336 IDEM 237 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2015, 14 92 SO MEI | EM TEOLOGIA | KARPOS Eis o texto: vl “Eaconteceu que, como os homens comegaram a mulsiplicar-se sobre a face da terra, Uhes nasceram filhas, viram os filbos de Deus gue as filbas dos homens eram formosas;¢ tomaram para si mulheres de todas as que excoheram2# Entdo, disse 0 SENHOR: Nio contenderd 0 meu Espirito para sempre com 0 ‘homem, porque ele também & carne; porém os seus dias seréo cento ¢ vinte anos"? Esses filhos de Deus, sem divida, néo eram anjos como teorizam alguns, mas, descendentes da linhagem piedosa de Sete (Dt 14.1; $173.15; Os 1.10); eles deram inicio aos casamentos mistos com as filhas dos homens, isto é, mulheres da familia fmpia de Cairn. A teoria de que os filhos de Deus eram anjos, nao subsiste ante as palavras de Jesus, que 0s anjos nao se casam (Mt 22.30; Me 12.25). Essa uniio entre os justos eos impios levou 3 maldade do versiculo 5, isto é, os justos passaram a uma vivéncia iniqua™® Como resultado, a terra corrompeu-se eenchew-se de violéncia. Observemos alguns pontos que invalidam a teoria de que os filhos de Deus neste caso cram. anjos a) Se anjos de fato se relacionam sexualmente com mulheres, este € um prodigio espetacular da histéria que viola as normas da natureza, ¢ néo hé nada nna Biblia que diga que anjos tém poderes sexuais.* b) Em Gn 6, encontramos em seu contexto a sequéncia do termo “homem’, w.23, 6) A distingéo entre os “filhos de Deus” ¢ Satanas nos textos de J6 1.6; 2.1 cde modo que, claramente entendemos que o titulo “filhos de Deus’ nao se refere 40s anjos caidos. d) Se esta relagio entre anjos e mulheres gerou os “nefilins-gigantes”, como se explica a presenga destes, antes deste ato, ¢ depois do diliivio em Nm 13.332 6) A linguagem de Gn 6.2 € normal para expressar relagio entre humanos. £) Os textos do Novo Testamento nio provam que sio anjos: (a) 1Pd 3.18-20 nfo menciona nada sobre estes “espiritos em prisio” serem anjos, pelo © contexto indica homens (1Pd 4.6); (b) 2Pd 2.4 € Judas 6,7 sé0 referéncias de anjos, mas nao provam que estiveram envolvidos em Gn 6.” hoe 259 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2015.15 240 DEM 2h IDEM IVERSIDADE DA BIBLIA, 2013, 15. 243 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2013.15. MODULO 5 | ANGELOL 93 6. AORGANIZACAO NUMERICA DOS ANJOS No entendimento de Berihof neste ponto particular, a Biblia néo contém nenhuma informagio definida sobre o ntimeto dos anjos, mas mostra com muita clareza que constituem um poderoso exército. Séo _repetidamente mencionados como exército dos céus ou de Deus, ¢ esta expressio 36 por si jé indica um grande néimeto. Em Dt 33.2 lemos que “O Senhor veio de Sinai...das mirfades de santos”, em SI 68.17 0 poeta canta, “Os earros de Deus sio vinte mil, sim, milhares de milhares No meio deles esté o Senhor: 0 Sinai tornou-se em sancudrio”. A pergunta de Jesus, dirigida a um espirito imundo, a resposta foi: “Legido € 0 meu nome, porque somos muitos”, Me 5.9, 15." Nem sempre as legiées romanas eram numericamente iguais, mas cm diferentes ocasides variavam de 3000 a 6000 legionétios. Em Getsémani Jesus disse a um discipulo que queria defendé-lo dos que vieram prendé-lo: “Acaso pensas que nao posso rogar a meu Pai, ¢ cle me mandaria neste momento mais de doze legiées de anjos?”, Mt 26.53 E finalmente, lemos em Ap 5.11: “Vi, ¢ ouvi uma voz de muitos Anjos a0 redor do trono, dos seres viventes ¢ dos ancidos, cujo niimero era de milhées de milhées © milhares de milhares’ Em vista desses dados codos, ¢ perfeitamente seguro dizer que os anjos constituem uma imensurivel companhia, um poderoso exército. Eles ngo formam um organismo como a humanidade, pois sio espiritos {que nao se casam ¢ nao nascem uns dos outros, Seu mtimero total ¢ completo foi eriado no prinefpio; néo hi mais aumento em suas fileiras 7. AS ORDENS ANGELICAIS SEGUNDO BERKHOF Conquanto os anjos nio consticuam um organismo, evidentemente estio organizados de algum modo. Isto decorre do fato de que, a0 lado do nome geral “anjo, a Biblia emprega certos nomes especificos para indicar diferentes classes de anjos © nome “anjo”, como qual designamos de maneira geral os espiritos superiores, nio é um nomem nature na Escritura, mas, sim, um nomem offic. ‘A palavra hebraica maak significa simplesmente mensageito, ¢ serve para ddesignar alguém que ¢ enviado por homens, J6 1.14: 1 Sm 11.3, 0 por Deus, Ag 1.13; MI2.7; 3.1 94 | CURSO MEDIC EM TEOLOGIA | KARPOS O termo grego angelos também é frequ Me 11.10; Me 1.2; Le 7.24; 9.51; Gl 4.14 geral, especificamente distintivo, para todos os seres espirituais, Eles sio chamados filhos de Deus, J6 1.6; 2.1; Sl 29.1; 89.6, espititos, Hb1.14; santos, SI 89.5,7; Zc 14.5; Dn 4.13.17, 24. Contudo, ha diversos nomes especificos que indicam diferentes classes de anjos. De acordo com Grudem™, a Escricura indica que hi uma hierarquia e ‘ordem entre os anjos. Um anjo, Miguel, é chamado ‘arcanjo " em Judas 9, titulo {que indica governo ou autoridade sobre outros anjos. Ele & chamado “um dos emente aplicado a homens, jo hé na Escritura um nome principes supremos” em Daniel 10.13. Miguel também parece ser o lider do exército angelical: “Houve entéo uma {guerra nos céus. Miguel e seus anjos lutaram contra 0 dragio, e o dragio e os seus anjos revidaram. Mas estes nio foram suficientemente fortes, ¢ assim perderam o seu lugar nos céus’ (Ap 12.7,8). E Paulo diz-nos que o Senhor retornaré do céu “dada a ‘ordem, com a vor do arcanjo” (ITs 4.16). Se essa mengio se refere a Miguel, 0 cura néo nos diz’ Ainico arcanjo mencionado, ou se hé outros arcanjos, a Esc A Biblia faz mengio de anjos bons ¢ anjos maus, embora ressalte que todos os anjos foram originalmente criados bons e santos (Gn 1.31); tendo livre arbitto. Numerosos anjos participaram da rebeliso de Satands contra Deus (Ex 28.12 -17; Jd 6; Ap 12.9; Mt 4.10) e abandonaram o seu estado original de ‘praca, (como servos de Deus, ¢ assim perderam o direito & sua posigio celestial). 7.1. O Anjo do Senhor Uma designacio especial no Antigo Testamento ¢ “O ANJO DO SENHOR’”. Hé 60 ocorténcias no Antigo Testamento, onde sua aparigio ¢ autoridade o classifica de forma especial (Gn 16.11; 16.13; 18.2; 18.13 -33; 22,1118; 24.7; 3111-13; 32.24-30; Bx.3.2-6; J2.2.15 611-14; 13.2122). 7.2, Sua identidade Existem aqueles que acreditam que era simplesmente um anjo em missio ‘special representando Jeovi 3) Esta identificagio fala de Jesus como um anjo, que se assemelha & doutrina mulgumana, mérmon outras. MODULO | ANGELOL 95 b) Jesus tinha um anjo especial a quem chamava de “Meu anjo”, enviado pata “testficar acerca destas coisas” descrito em Ap 22.16. Entio Deus também poderia fazer uso de um anjo para missées especiais ou comissioné-lo para tal «) Em Mateus o anjo que aparece a Zacarias e Maria é chamado “O Anjo do Senhor' (Kjrios), depois identificado como Gabriel. “Kyrios” éa palavra grega equivalente a Jeova, de acordo com o dicionsrio expositivo de Vine. d) O Tedlogo Hicks observa que as Escrituras ocasionalmente atribuem as palavras de um anjo a Deus mesmo quando ele nao é um anjo de Jeovd. Isso rio deveria causar problemas, porque se um anjo de Jeovs é Deus ou 0 Seu anjo, ainda assim representa Deus intervindo diretamente na vida dos homens. Hi virios argumentos que afirmam ser uma teofania da segunda pessoa da Trindade (Cristofania). Dentte eles alistamos:*” 2) Alinguagem, malak yaweh, é um titulo singular ¢ peculiar mostrando {que esse personagem era mais do que um anjo. b) No Antigo Testamento, cle é consistentemente apresentado como Jeovs: © anjo apareceu, mas Deus, ou 0 Senhor, falou 6) As promessas ou orientagées dadas por este ser sio tais que somente Deus poderia ter assim dado. d) Este anjo, identificado como Jeovi, apesar de tudo é apresentado de forma distinta de Jeova e clama por Jeové. Portanto, este anjo parece ser uma Cristofania, ou pré-encarnacao do Filho de Deus, Jesus Cristo.® ©) Quando © Anjo do Senhor apareceu a Josué, diz a Palavra do Senhor que ele Josué) *...se prostrou sobre o seu rosto na terra, ¢ © adorou, ¢ disse -IhE: Que diz meu Senhor a0 seu servo?"(Js 5.1). Se 0 Anjo do Senhor nio fosse 0 proprio Senhor (0 Senhor Jesus), © anjo (caso fosse simplesmente “um anjo”) teria proibido a Josué de adoré-lo, como ocorreu em Ap 19.10 ¢ Ap 22.8,9. 1) Em Jz 2.1, 0 Anjo do Senhor diz: Do Egito Eu vos fiz subir, e Eu vos trouxe & terra que a vossos pais Eu tinha jurado, e Eu disse: Eu nunca invalidarei ‘© meu concerto convosco (0 grifo nos pronomes € nosso). Comparada esta passagem com outras que descrevem 0 mesmo evento, verifica-se que eram atos do Senhor, o Deus do concerto isralita Foi Ele quem jurou a Abraio,a Isaque € a Jacé que aos seus descendentes daria a terra de Canad (Gn 13.14-17; 17.8). Jurou que esse concerto setia eterno. Fle tirou os israelitas do Egito (Ex 20.1,2) e Ele os levow A terra prometida (Js 11,2) g) Embora concordemos com o fato de que existem controvérsias a respeito desta passagem de Jz 13.18, reputamos a mesma como factual ¢ clucidativa 2s UNERSIDADE DABIBNA DO 250 UNIVERSIDADE DA SIBIIA. 2013, 27 96 | CURSO MEDIO EM TEOLOGIA | KARPOS Quando Mano, pergunta a0 Anjo do Senhor, 0 Seu nome, Ele responde: “porque perguntas assim pelo meu nome, visto que é maravilhoso”? Uma comparagio desta resposta com a passagem de Is 9,6 demonstra que 0 Anjo do Senhor que apateceu a Manoé & 0 Menino de quem Isafas se refere. Isto é, 0 Anjo do Senhor, cujo nome é Maravilhoso. h) Outra prova eserituristica que apresentamos, € que no contexto deixa de utilizar-se do termo “o Anjo do Senhor” como neotestamentitio, a Bibli pessoa especifica. Isto & demonstrado pelo fato de que o artigo definido masculino singular “o” deixa de ser utlizado, sendo substituido pelo artigo indefinido “um” Alguns exemplos disto si os textos de Le 1.11; At 12.7 e At 12.23, dentre muitos outros. Infelizmente, nem todas as ocorréncias no Novo Testamento, na versio ARC, aonde deveria ocorrer a expressio “um” anjo do Senhor, acontece. Em ver disso, se encontra o termo “o” anjo do Senhor. Fato que foi corrigido na versio ARA, nos textos citados ¢ em outros conrelatos.** Esta substicuigio na ARA possui um grande significado, Pois no contexto do Novo Testamento, contemporineo ou posterior A encarnagio, as manifestagées, angelicais nao eram do Anjo do Senhor, mas meramente de um de Seus anjos, pois o Anjo do Senhor jé havia sido manifestado na carne (Tim 3.16). 4.1.2. 7.3. Tarefas realizadas** a) Mensagens ao povo do Senhor (Gn 22.15-18); b) suprir necessidades do povo do Senhor (IRs 19.5-7)s, ©) proteger 0 povo de Deus do perigo (Ex 14.19) d) ocasionalmente destruir os inimigos de Jeov: ©) punia os rebeldes (28m 24.16,17). 4.1.3. Bx 23.23); 7A, Seus aparecimentos ) Seu primeito aparecimento foi & escrava egipcia Hagar, a fim de Ihe socorter ¢ foi identificado como sendo “O Anjo do Senhor” (Gn 16.7-12); g) 4 pessoa de Abraio (Gn 22.11,15): h) a Jacé (Gn 31-11-13); ’) a Moisés (Ex 3.2). Ainda mais explicitamente, 0 anjo do Senhor que aparece a Moisés na satca ardente disse, em linguagem bem clara: Deus de teu pai, o Deus de Abraio, o Deus de Isaque ¢ o Deus de Jacé" TEN, IVERSIDADE DA BIBLIA, 2013, 27 UNIVERSIDADE DA BIBEIA, 2013, 28 MODULO 5 | ANGELOL 7 3) a todos os israelitas durante o éxodo (Bx 14.19); 1) mais tarde em Boquim (Jz 2.1,4); 1) a Balaio (Nm 22.22-36); m) a Josué (Js 5.13-15, onde o principe do exército do SENHOR é mais provavelmente o Anjo do SENHOR); Josué prostrou-se ¢ 0 adorou (Is 5.14). Esta atitude tem levado muitos a crerem que esse anjo era uma manifestagio do préprio Senhor Deus; do contritio, 0 anjo teria proibido Josué de adoriclo (Ap 19.10; 22.8,9); 1) a Gideio (Je 6.11); 0) a Davi (ICr 21.16); p) a Blias (2Rs 1.3-4): 4g) a Daniel (Dn 6.22). 7.5. Os Querubins Segundo Berkhof, A escritura_menciona repetidamente os quetubins les guardam a entrada do paraiso, Gn 3.24, observam 0 propiciatério, Bx 25.18, 20; Sl 80.1; 991; Is 37.16, Hb 9.5, econstituem a ‘carruagem de que Deus se serve para descer 3 terra, 2Sm 22.1 1; I 18.10. Em Ez LeAp 4 siorepresentados como seres vivos em virias formas Estas tepresentaées simbdlicas scrvem simplesmente pata demonstrar ‘0 seu extraordinatio poder e majestade, Mais que outras criaturas, eles foram destinados a revelar o poder, a majestade e a gléria de Deus, a defender a santidade de Deus no jardim do Eden, no taberndculo, no templo e na descida de Deus 3 terra 7.6. Os Serafins (Os serafins constituem uma classe de anjos proximamente relacionada com 4 anterior. Sio mencionados somente em Is 6.2,6. Também sio representados simbolicamente em forma humana, mas com seis asas, duas cobrindo 0 r0sto, das os pés, ¢ duas para a pronta execugio das ordens do Senhor, Diferentemente dos querubins, permanecem como servidores em torno do ono do Rei celestial, cantam louvores a Ele ¢ estéo sempre prontos a fazer 0 que Ele manda. Enquanto que os querubins sio os anjos poderosos, os serafins podem ser considerados os nobres entre os anjos. ‘Ao passo que aqueles defendem a santidade de Deus, estes atendem ao propésito da reconciliacio, © assim preparam os homens para aproximar-se apropriadamente de Deus. 98 CURSO MEDIO EM TEOLOGIA | KARPOS 7.7. 0 Anjo Gabriel ¢ 0 Arcanjo Miguel Diversamentede todos os outros anjos, estes dois sio mencionados nominalmente. Gabriel aparece em Dn 8.16; 9.21; Le 1.19,26. A grande maioria dos comentadores 0 considera como um anjo ctiado, mas alguns deles negam que 0 nome Gabriel seja um nome préprio, vendo-o como um substantivo comum, com o sentido de homem de Deus ~ um sinnimo de anjo. Mas esta posigio ¢ insustentvel Alguns comentadoresantgose recentes vem nele um serineriado, alguns sugerinéo até que ele poderia sera terceira pessoa da Trindade Santa, sendo Miguel a segus ‘Mas uma simplesleitura das passagensem questio mostra a impossibilidade dessa interpretagio. Gabriel pode ser um dos sete anjos dos quais se diz que se acham diante de Deus (Ap 8.2, Comp. Le 1.19). Parece quesua fancéo principal ¢ servir de intermedidrio e intérprete de revelagées divinas.** © nome Miguel (literalmente, “quem € como Deus”) tem sido interpretado como um designativo da segunda pessoa da Trindade, Mas isto néo € mais sustentivel que a identificagio de Gabriel com o Espirito Santo. Miguel é mencionado em Dn 10.13, 21; Jd 9; Ap.127. Por ser chamado “0 arcanjo” em Jd 9, ¢ pela expressio utilizada cm Ap 12.7, parece que cle ocupa um importante lugar entre os anjos. As passagens de Daniel também indicam 0 fato de que cle éum principe entre eles. Vemos rele 0 valente guerreito a liderar as batalhas de Jeové contra os inimigos de Israel contra os poderes malignos do mundo dos espiticos.”” 7.8. Principados, potestades, tronos ¢ dominios Em acréscimo aos anteriores, a Biblia fala de certas classes de anjos, ‘que ocupam lugares de autoridade no mundo angélico, como archai ¢ Exouxiai (principados e potestades), Ef 3.10; C12.10, thronoi (tronos), Cl 1.16, kyreotetoi (dominios), Ef 1.21; Cl 1.16 (nesta passagem, traduzido por “soberanias’, Almeida. Autorizada), e dynameis (poderes), EF 1.21; 1 Pe 3.22. Estes nomes nio indicam diferentes espécies de anjos, mas diferencas de classe ou de dignidade entre cles. Existem outros trés tipos especificos de seres celestiais mencionados na Escritura. Tanto se pensarmos neles como tipos especiais de “anjos” (no sentido mais amplo do termo) ou como scres cclestiais distintos dos anjos, cles sio de ‘qualquer forma seres espirituais eriados que server e adoram a Deus." 55 BERRHOR Ge 256 BERKHOY, 2002, 13, 357 ten 258 GRUDEM, 2008, MODULO 99 | ANGELOL 8. O SERVICO ORDINARIO DOS ANJOS Consiste primeiramente em seus louvores a Deus dia ¢ noite, Jo 38.7:Is 6.3; SI 103.20;148.2; Ap.5.1 1. A Escritura dé a impressio de que eles o fazem audivelmente, como no nascimento de Cristo, conquanto nio_ possamos fazer ideia de como osanjos falam ¢ cantam. Desde a entrada do pecado no mundo, eles io enviados para dar assisténcia 20s herdeitos da salvagio, Hb 1.14. Bles se regozijam com a conversio de um pecador, Le 15.10, exercem protetora vigilancia sobre os erentes, Sl 34.7; 91.11, protegem os pequeninos, Mt 18.10, estio presences na igreja, 1 Co 11.10; 1 ‘Tm 5.21, recebem aprendizagem das multiformes riquezas da graca de Deus, EF 3.10; 1 Pe 1.12, e encaminham os erentes a0 seio de Abraio, Le 16.22." ‘Aiideia de que alguns deles servem de anjos da guarda de crentes individuais rio tem apoio na Escritura Adeclaragio de paresa_indicar que hé um grupo de anjos particularmente encarregado de 8.10 € geral demais, para provaro ponto, embora s eriancinhas. At 12.15, tampouco o prova, pois esta passagem mostra apenas que, naquele periodo primitivo, havia alguns, mesmo entre os discipulos, que acreditavam em anjos protetores 9. O SERVICO EXTRAORDINARIO DOS ANJOS ‘A queda do homem tornou necessitio 0 servigo extraordindrio dos anjos, ¢ este consticui um importante elemento da revelagio especial de Deus. Muicas veres eles si0 intermedifrios das revelagses especiais de Deus, comunicam béngios 20 Seu povo e executam juizo sobre 0s Seus inimigos. Sua atividade € mais proeminente nos grandes pontos de transigio da economia da salvagio, como nos dias dos patriatcas, na época da entrega da lei, no periodo do cativeiro e da restauragio, © no nascimento, na ressureigio € na ascensio do Senhor. Quando cessou 0 perfodo da revelagio especial de Deus, cessou 0 servigo extraordindrio dos anjos,a ser retomado somente por ocasiso da volta do Senhor® 1359 BERRHOR t007, 5 260 IDEM 61 BER 100| CURSO MEDIO EM TEQLO | KARPOS 10. A ATUAGAO DOS ANJOS NA VIDA TERRENA DE JESUS ONa eternidade passada (S1 90.2), adoravam a Cristo “E, quando outra vez introduz no mundo o Primogénito, diz: E todos os anjos de Deus 0 adorem” (Hb 1.6). A expressio eternidade passada refere se 4 existéncia eterna de Deus, que nio tem comego nem fim.2? Eternidade (hb. olam) néo significa em primeito lugar que Deus transcende ‘6 tempo, mas, sim, que € infindével no tempo (Gn 21.33; J6 10.5; 36.26). As Escrituras nao ensinam que Deus existe num tipo de eterno tempo presente, onde rngo ha nem o passado nem o futuro. Os trechos das Eserituras que declaram a eternidade de Deus fazem-no ‘em termos de continuidade, ¢ néo de intemporalidade, isto é, Deus conhece 0 passado como passado, o presente como presente € 0 futuro como futuro." OAnunciaram o seu nascimento “Ora, 0 nascimento de Jesus Cristo foi assim: Extando Maria, sua mie, desposada com Jose, antes dese ajuntarem, ackou-se ter concebido do Espirito Santo. Entéo, Jose seu marido, como era justo e a no queria infamar, intentou deied-la seeretamente” 2 ‘Um anjo do Senhor anuncia 0 nascimento de Jesus, fato registrado tanto por Mateus quanto por Lucas, ambos concordam em seus registros em declarar inequivocamente que Jesus nasceu de uma mie virgem, sem a intervengio de pai hamano, e que Ele foi concebido pefo Espirito Santo (Le 1.34,35) ‘A doutrina do nascimento virginal de Jesus, de hd muito ver sendo atacada pelos teélogos liberais. E inegivel, no entanto, que o profeta Isaas vaticinou a viinda de um menino, nascido de uma virgem, que seria chamado Emanuel , um cermo hebraico que significa Deus conosco (Is 7.14).2" Essa predigio foi feta 700 anos antes do nascimento de Cristo. A palavravirgem é. tadugio correta da palavra grega parthenos, empregada na Septwaginea, em Is 7.14 ‘A palavea hebraica significando virgem (almah), empregada por Isaias, designa uma virgem em idade de casamento, ¢ nunca € usada no Antigo ‘Testamento para qualquer outza condicio da mulher, exceto a da virgindade (Ga 24.43; Is 7.14). Dai, Isaias, Mateus ¢ Lucas afirmarem a virgindade da mae de Jesus (Is 7.14)28 iy BERRHON oo, 2 DIM. 16g UNIVERSIDADE DA BIBLA, 2015, 34 er DEN 264 IDEM: MODULO S | ANGELOL’ 101 OProtegeram-No na Sua infincia “E, tendo-se eles retirado, es que 0 anjo do Senhor apareceu a Jost em sonhos, dizendo: Levanta-te, ¢ toma 0 menino ¢ sua mée, ¢ foge para o Egito, e demora-te Md até que ew te diga, porque Herodes hd de procurar 0 menino part 0 matar. E, levantando-te cle, tomou 0 menino e sua mae, de noite, foi para o Egito?? E esteve li até & morte de Herodes, para que se cumprisse 0 que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho. ..Morto, porém, Herodes, eis que 0 anjo do Senhor apareceu, num sono, a José, no Egito, dizendo: Levantacte, e toma 9 menino e sua mée, ¢ vai para a terra de Ixrael, porgue jd estéo ‘mortos os que procuntuam a morte do menino. Entéo, ele se levantow, ¢ tomowo menino ¢ sua mée e foi para a terra de Israel” Esses dois avisos da parte de Deus a José, por meio dos seus anjos, nos ensinam que Deus vela por aqueles que Ele ama ¢ Ele é quem melhor sabe frustrar 1s planos dos impios e livrar seus fis das mos dos que Ihes querem fazer mal.”” OAcolheram depois da tentagio no deserto “E, tendo jejuado quarenta dias ¢ quarenta noites, depois teve fome: E, chegando -se a ele 0 tentador, dise: Se tu & 0 Filho de Deus, manda que estas pedras se tornem em pes. Ee, porém, respondendo, disse: Estd exrito: Nem sé de pao viverd @ homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus’ (Mt 4.2,3)2” “Entéo, 0 diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos e 0 serviram” (Mt 4.11), Jesus jejuow 40 dias, e depois teve fome, ¢ a seguir foi tentado por Satands a comer. Isto pode indicar que Cristo absteve-se de alimento, mas nao de dgua. Abster-se de agua por 40 dias requer um milagre.” ‘Uma ver que Cristo teve que enfientar a tentagio, como representante do homem ele nio poderia empregar nenhum outro meio para vencé-la além do de um homem cheio do Espirito Santo (Ex 34.28; 1Rs 19.8; Mt 6.16) Por conseguinte, esperaria na providéncia do Pai, no precisaria transformar pedras em pies para alimentar-se. A sua justa obediéncia é recompensada pelo Pai 20 ser servido pelos anjos (Mt 4.11). Um dos aspectos principais da tentagio de Jesus girou em torno do tipo de Messias que Ele seria ¢ como empregaria a sua ungio da parte de Deus.” Jesus foi tentado a utilizar sua ungio ¢ posigéo para srvir a scus proprios interesses, obter glériae poder sobre as nagses, a0 invés de acetara cruze 0 caminho do sofrimento, ¢ ajustar-se A expectativa popular de um Messias sensacional. ar IDEM 275 UNIVERSIDADE DA BIBLIA 2015, 36 102] CURSO MEDIO EM TEQLOGIA | KARPOS Consolaram-no em sua luta espiritual no Getsémani Em oragio no Getsémani Jesus diz: “...Mew pai, se possfoel, passa de mim este clice; todavia, nao seja como eu quero, mas como tu queres” (Mt 26.396). "E apareceuclhe um anjo do céu, que 0 confortava” (Le 22.43). Sua oragio, no que diz respeito 20 afastamento do cdlice néo foi atendida, contudo, foi ouvida, pois o Pai o fortaleceu mediante um anjo do eéu, que 0 confortava”" 0 Acompanharam toda sua vida ministerial Jesus falou de anjos que subiam e desciam sobre Ele (Jo 1.51); disse poder ccontar com mais de 12 legides de anjos em prol de sua defesa (Mt 26.53). °E, sem diivida alguma, grande é mistério da piedade: Aquele que se manifestou ‘em carne foi justificado em espirito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na gléria” (1Tm 3.16). 0 Observaram-no na Sua ressurrcigio A ressurreigio de Jesus Cristo (Mt 28.2-5; Le 24.23; Jo 20.12; Mt 28.6) € uma das verdades essenciais do evangelho (1Co 15.1-8). Qual a importincia da ressurreigio de Cristo para os que nEle créem? Ela comprova que Ele é o Filho de Deus (Jo 10.17,18; Rm 1.4). Garante a eficdeia da sua morte redentora (Rim 6.4; 1Co 15.17) Confirma a verdade das Escrituras (SI 16.10; Le 24.44-47; At 2.31). E prova do juizo Futuro dos impios (At 17.30,31). Eo fundamento pelo qual Cristo concede o Espirito Santo ea vida espiritual ao seu povo (Jo 20.22; Rm 5.10; 1Co 15.45), €a base do seu ministério celestial de intercessio pelo erente (Hb 7.23-28).” Na sua ascensio acompanharam “E levow-os fora, até Betémia; e, levantando as mdos, os abengoow. E aconteceu ‘que, abengoando-os ee, se apartou deles ¢ foi elevado ao céu. E, adorando-o eles, tornaram com grande juibilo para Jerusalém” (Le 24.50 52). "E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado as aituras, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olbos E, estando com os olhos fites no céu, enguanto ele subia, eis gue junto deles se ‘puseram dois varies vestidos de branco, os quais Ihesdisieram: Varées galileus, por que estais olbando para o céu? Esse Jesus, que dentre vis foi recebido em cima no céu, bd dde vir assim como para o céu 0 vistes ir” (At 1.9,10,11)2* 1374 UNIVERSIDADE DA BIBITA 2015, 36 273 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2013.36 276 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2013, 36 377 ten 275 UNIVERSIDADE DA BIBLIA, 2013, 37. MODULO 5 | ANGELOL 103 OEles 0 acompanhario na Sua segunda vinda "Ea vis, que sis atribulados,descanso conosco, quando se manifestar 0 Senhor Jesus desde o céu, com os anjos do seu poder, como labareda de fogo, tomando vinganga ddos que néo conhecem a Deus e des que néo obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo” (25 1.7)" 11. O PODER DOS ANJOS Aparentemente os anjos tém poder muito grande, Eles sio chamados “anjos poderosos, que obedecem a sua palavra” (S\ 103.20), “governo” (EF 1.21) e ainda “poderes” ¢ “autoridades” (Cl 1.16). Os anjos séo aparentemente “maiores em forca © poder” que of seres hhumanos rebeldes (2Pe 2.11; Mr 28.2). Ao menos durante 0 tempo de sua existéncia terrena, a raga humana foi feita “um pouco menor do que os anjos” (Hb 2.72" Embora o poder dos anjos seja grande, ele nio € certamente infinito, mas € usado para batalhar contra os poderes demoniacos do mal que estio sob ‘© controle de Satands (Dn 10.13; Ap 12.7,8; 20.1-3). Nio obstante, quando 0 Senhor retornar, setemos elevados & posigso mais alta que a dos anjos (ICo 6.3) 22 11.1. O lugar dos anjos no propésito de Deus 00s anjos mostram a grandeza do plano de Deus ¢ de seu amor por nds. Os seres humanos e os anjos sio as Gnicas criacuras morais altamente inteligentes que Deus criou, Portanto, podemos entender muita coisa a respeito do plano de Deuse de seu amor por nés quando nos comparamos com os anjos.2 ‘A primeira distingio a ser observada é que nunca é mencionado que os Anjos foram criados & imagem de Deus, a0 passo que diversas vezes € dito que ‘0s seres humanos foram criados 4 imagem de Deus (Gn 1.26,27; 9.6). J& que ser ctiado & imagem de Deus significa ser igual a Deus, parece justo concluir que somos mais parecidos com Deus que os anjos.”" Isso € apoiado pelo fato de que Deus algum dia nos dard autoridade sobre ‘os anjos, para julgé-los: "Vocés ndo sabem que haveremos de julgar os anjos?” (1 Co 6.3). Embora o ser humano tenba sido feito “um pouco menor do que os anjos” 340 GRUDEN, 19994 3h GRUDEM 399.4 a3 IDEM 284 IDEM. 104| CURSO MEDIO EM TEQLOGIA | KARPOS (Hb 2.7), quando a nossa salvagio se completar seremos exaltados acima deles € dominaremos sobre eles.” De fato, mesmo agora os anjos jé nos server: "Os anjos ndo sao, todos els, cspiritos ministradores enviados para servir agueles que ho de herdar a salvagio?” (Hb 1.14) A capacidade dos seres humanos de gerar filhos iguais a si mesmos (‘Adio getou um filho 4 sua semelhanga, conforme a sua imagem” Gn 5.3) € outro

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