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] 1 caeiTure p | O paladar | pds-moderno: comer fora na era individualizada Donald Sloan casts err © Canpurana do Conunit Pés-modemnimo Top temo prmodemismo ghana tan nds ae Toi quant free sn apn pee tds Ape tome cate dango otecon etna cee Sita, gue um fa const prptindo por ens qe Trev pot devia de oto parse io coment sobre rmaduiomo nada ater atten dom desenelvimer- Secular cntepornene Fentertone 15,1 A mets de efi pormederniomo come tender scl ett énerompds pn impli net do ref "i Fasthesune (381.7 ober: © problema cm orm Dt Sobol _ psu oo de qustio de quando un emo dei Soomoposos ou termo etal ee € dea, oniageeatancer ente > Ceompret do terme equ pares pode decor opens capa dent apt a sede conemporines m- Situ eres doquraconcos anes eda hse des Po cate Tr modena cou se ented como 0 pero em que cc ndatatngo en on, acon tas Sid goer ed denen i No mle doo Tent soelg soba ea mera, enna nie de ‘eens bandon en ene pep oe Geageindutas Na verade oon tera Bok O92 p10 row das tora de moda fens antes {apenas etre oe dei conte deta tov un A carts cls de modeiadeeftzam a Tomogeneiad epee ue or odo de coro soil 50 _piuveunvesamete En conten, retin sobre Stormo tam popes tnivraimenteapcves Ste tina da soda contmporne «wot guste como dase tov poere avr cm verde “arava lon” (Calhoun e ee Opiate peace cme ira narnia 2002, p. 414), que rovelam a natureza supostamente desestruturada e _mutével da vida atual. No entano, essa observacio, por si 6, no es- clarece se os ps modemistas fizeram mais do que comenta formas evidentes de comportamentonasltimas fase da era moderna, em vez de estabelecerem uma teoria sociol6gica nova e significativamente di- ferent Em sou cratvo texto, Risk Sait ~ Towers a New Maerity [Soce- dade de Riso em Direyo a uma Nova Modemidadel, Beck (1992) obser~ ‘va a natureza mative da sociecade capitalist do final do sécalo xx, No cle dessa tese, est sua afirmativa de que as hlerarqulas soca ra- dicionas, querefletiam eapoiavam as divisdesdo mercado de trabalho {industrial esto perdendo importa. Ele afiema Naguoladpoca [dbcada do 1950, a unidadeinstivel de exprincias ‘comparthadas da vida, intermedia peo mercado e modeladas polo ats, que Max Weber oun no concote de dase sola comogou a ‘28 romper. Sous dvrsos elementos (come condi mates que == ‘pendom de oprtunidades especticas de mercado, eciénciadaradicto © dos ests pré-capasas,consiéneia dos limites de comunidade © ‘das bareras & moblidade, bam coma redes de conto) a08 potas £8 esitagraram (Back, 1992, 9.96) ‘A consideragio de Beck sobre as conseqiéncias dessa mudanca ‘observada na estrutura da sociedade estécentrada no concsito de ‘maternidade reflerioa que, segundo el, requer que desenvolvamos nos- sas propras biografis sem inf luéncia do contexto de classe tradicio- nal (chamada modernidade industri), Esse processo,conhecido como indidualizagio,estimula a crenga de que a legitimidade socal decorre de conquista pessoal e da realizacio de ambigSes,o que, por sua vez, aumentaa probabilidade de crises individualizadas, ‘Alm dso, a individualizacio uz earactersticas estabelecdas ea influéncia de grupos de classe social que costumavam ter ratzes stra Retr Compan do Comiot politica. As novasaliangas politcas pastoram a se basear no assunto, ‘Em ver de terem uma ampla base de classe social Iso resulta em "oa" fizdes temporatias” (idem p. 100) dos que, pelo interesse em camp inhase casas atuals, costumam aparecer na midia, Os nicos confit td grupos permanente, segundo Beck (1992, p. 101, surgem das nos sno “caracteistias aribuidas”,ques8o “rasa, cor da pele género, tna, ‘dade, homossexualidade,incapacidades isicas[.J"-Os grupos forma: dos com base nessas caracteristicasatibuidas buscam atualmente ga ‘nharinfluéncia politica pela énfase na incompatibilidade de desigual- dade de grupo com a orientagio contempordinea pare a ealizagio. “Zygmunt Bauman 2001) sum dos comentarstas do pos-modernis- ‘momais proificosenotévels, que, na verdade, enfatizouo possvel fm {do sistema baseado em classes antes de Beck, discorre longamente 50 bre as consegiéneies da mudana socal para oindividuo. Ele faz uma reflect sobre até que ponto(ssauto-identidades, a0 longo da era 10- ‘Germ, foram estabeecidas por uma estrutura administrativa que no € (quentionada, Segundo o autor, fia acetago dessa estratura, ea sua perpetuagio pela aceitacto, que nos capacitou a atribur significado as Rossas esclhas de vido Além disso, 0s significados da vida que obti- ‘vemos pela formacio de igagdes com o fenémeno cltual que, Ionge {de serem efémeros,eram na verdade considerads eternos, no foram, {gualmente valorizados, ajudando, asim, a manter as hieranquios so CGnis: Bauman também destaca a visio, quase sempre expressa pelos (que poderiam ser considerados socilogos da atuaidade, de que ae tabilidade da conjuntura social eos signficados da vida que ela impos foram preservados pela hegemonia deoligica de uma classe socal.Os Ieitores observarto que ess visio da dinimica de sociedade foi apr ‘morada por Pierre Bourdieu (consultar Capitulo D. ‘O rompimento de Bauman com o sistema socal vigente,€ 0 ele mento mais obviamente controverto da sua tes, surge com sia afi rmagio de que esta visso de onganizacio da sociedade ¢ a sun conse “aiiente influéncia nas escolhas da vida e na formacio da identidade CAS. (npn once ts rules cestio se tomando redundantes. Em seu lugar, ele ve o surgimento de lume sociedade na qual os individvos enfrentam inseguranca ¢ isola ‘mento em potencial quando operam sem familiaridade com os limites, ‘eas condigbes racionais: Bauman (2002 p. 432) afirma: Proponto qu socablidace, habia, atoconstiuio © automontagem ‘cupem na tora eociolégiea da pés-medernidadeo ugar cir que ‘8 oriodoxia da moderna teria social eservou para a catogorias Ge so- ciedade, grupo normatio (como lasse ou comunidad), socisizago © contol. [Na visto que Batman tem desociedade, a desconstrugio aparente de conjunturas estabelecidas, que tinham o poder de ditar normas ‘comportamentais,obriga-nos a buscar uma alterativa. Essa alternati- ‘va nos chega na forma de uma faixa de habitats relativamente autdno- ‘mos, que abordamos e aceitamos ou rejitamos por tentativa © err, fomecendo-nos um “padrto de automontagem”. Nossa liberdade de acesso a habitats diferentes e, portanto, nossa capaeidade de determi- nar nossos padres de automontagem sio limitadas, eso que forma, _abase da desigualdade na vida contempordnea. Nessoacimulo de “sim- ‘bolos (ibier, p. 438), que possibilitam o aceso a habitats € aumen- tam nossa faxa de escolhasrealistasna vida e que, por sua vez propi- ciam oportunidades de desenvolver nossas identidades pessoais e pposiglo social, depende do nosso conhecimento sobre os tragos ‘comportamentais exgidos em cada habitat. Deve fcar claro que nem Beck nem Bauman estio propondo que © pés-modernismo significa 0 surgimento de uma sociedade demo- cratzada em que as mudancas nas fontes de satus socal e as conse id Taveras palavras de Lon lingworth, personagem da pega de {Wilde A Woman of No Importance, refletiam as ambicdes pesoais do au tor. “Um homem que consegue dominar uma mesa dejantarlondrina ‘consegue dominar o mundo, futuro pertence ao dindi, S003 requin- tados que vio ditar as megras” Russel, 1989, p62). “Mais tarde, na décasa de 1960, a esttizacio da vida cotidiana foi ‘stimulada ainda mats pelo surgimento da arte pop, cx maior expoen- te foi Andy Warhol, Se sucesso em desafar nogiesesabelecidas do que constitu e arte, até certo ponto pela criagSo de obras que se concentra tam em mercadorias de consumo acesiveise comuns, como ltas de Sopa Campbell, cem scones da cultura popular, como Marlya Monroe, ‘stimu as massasa se entregarem atm crtérioestético, passatempo {que ante era prvilégio da elite cultural, Pode-seobservar isso como parte de uma tendéncia mais ampla que minou a autordade dos que fntestinham direito exclusivo de determinar 0 que tinha eo que m0 tinha significado caltural. Para alguns, so fi interpretado como uma, decadéncia deprimente pelo fato de assegurar credibilidade & cultura poplar. Para outros, como Angela Robbie, fi ‘onascimento daqueles cj vozes fram historicamenteabafadaspolas metanaratvas (moderstas) de domino, uo eram ao mesmo tempo patircale imperialists (1094.25, apud Stroy, 1980,p.199) que.) pn pn otemo-coer ton nana 'oerou um nove corpo de ineecuas, vozes de margnatzados que f- lam do panto de vista as dlerncas: stra, gbneo, classe, prferncia sonua [| (Storey, 188, p. 129), Essa tencléncia,além cle mistrar os limites da distngio entre arte ce devenho, ests levando 0 “consumo estéticoe & necessidade [do in- dlividuol ce transformar a vida em wm todo esteticamente agradavel [ual (Featherstone, 191, p. 67). Isso pode dar mais peso a proposta de Baudrillard (2001) de que estamos operando em um mundo hiper-real também, conforme freqjentemente se afrma, de que quanto mais a ‘oss preocupaci contemporina com estéicaéestimulada pela ida, ‘mais ela se basen em algo além de valores efémeros. A conseqiéncia disso € que nossos marcadores clturas no tém ligagfo com histria fou com a tradigto,e que nossa vid carece de raizes ( desafio de todos ns, em um mundo em que deparamos com ‘uma profusio de imagens e uma vasta gama de escolhas de consumo, cujasimplicacdes podem ser simbslica ¢ emocionalmente significe tivas,¢trilhar um caminho que nos possibilite crarestlos de vida atraentes.O estilo de vida que se baseia nas preferéncias de consumo € 6 primeiro meio que utilzames para comunicar a outras pessoas an tareza da autopercepcio desejada. Segundo Featherstone (1991, p. 86 Em uma cultura de consume, lnviduo medorno acquis aconscéncia - tio, os quais atuam como forma de comunicaglo: comunicagio de a sociagioa grupos, dedistingio da sociedade mais ampla eda aceitag80 {e determinados valores espectficos Estes autores sugerem oestabole- ‘mento dle um ofidigo semi6tco, com base principalmente em aspec- tos do estilo de vida, que faciita uma compreensio no falada entre _membros do grupo e que fornece um sentimento bem recebido de se- _guranga. Dizem que um elementa importantssime do consumo dessa ‘comunidade concentra-se nos espacos sociais em que seus membros texpressam os estilos de vida adotados, normalmente bares e cubes, roturnos. Esses locas nfo so simplesmente centos de consumo, ces {nfluenciam os freqientadores por meio de um processo de socialize ‘to cultural, tomando-s, portant o frum em que aprendem as nor ‘mas cultura da comunidade e, pelo qual, afirmam asa paticipacio. ‘Lgost& Peackock (2000) destacam outro grupo socal espectico para 0 qual as normas de consumo social toraram-se estabelecidas, {nfluenciando aspectos do estilo de vida des seus asociados. Os auto- res estudaram o comportamenta apresentado em determinados clubes pst ples mer onus _que atendem pratcamente apenas pesioas que estio envolvidas com producto de pecas teatrais da parte oeste de Londres. Elesobservaram, ‘um comportamento amplamente hedonistco, ainda que requintado, _quendo seria considerado acetivel em muitos circulos, masque nesses _ambientes exam francamente esimlados. Conclairam que o compor tamento distintivoerequintado dessas pessons da comunidade atsti- ‘a éusado para indicar asociagto ao grupo, para perpetuar adistingSo ‘© para propiciar uma forma de confor e seguranca. [Nesses dois exemplos, hi uma indicagio de que a enfase no estilo 4e padroes de consumo realmente tem efeito democratizante, pois ela, pode ocular divisdes que jt estiveram em primeiro plano, como aque Jas com base em clasts, impondo uma nova gama de convenc®es cul- turais. Esas convengiesrepousam na compreensio ena lemonstragio, de estilo. Seria bom analisar se esse tipo de democratizacSo e estende para além de grupos de minoras espeifcas. Mort (1996) comenta até que Ponto. cescenteimportancia do estilo de vida no Reino Unido estava, iretamente ligados politica de corte de imposto do governo Thatcher 1a década de 1980, Ele observa que havia uma percepsio generalizada entre os adversrios do govern de que o corte dos impostos, que esti- _mulou um consumo excesivo, fol responsivel pelo surgimento de sis- ‘temas de valores superfciaise transitrios dentro dos quai o papel do estilo de vida tomnou-se central ((© governo produc uma sociedadeaigodso-doce que estimulaogasto -¢dosenteado por pate do coum. © culo ao inhi fo a] domanda incorrlével por mercaderis oqaram uma nova cullza¢a0 de banalda- es (Mon, 1996, p.2). ‘Além disso, com ecos de alguns comentsris pés-moderistas, ‘Mort afirma que o governo promoveu explictamente a visio de que © ‘rescimento do consumismo levava i Iibertagio dos grilhées da socie- dade baseada em classes: “A retdrica do mercado, que equiparava a Iiberdade de gastar dinheiro com iberdades politica ecultuais mals, ‘amplas, fl identifcada como a parte mais importante desse vocabuli- so politico” Gbidem,p.5). [Apesar das afirmacdes dos expoentes da politica da época,¢ dif cil entretanto, encontrar evidéncias empirica que apsiem a visto de {que oconsuimismo, ea sua expressio no estilo de vida, trazem emanei- 'pacio,Ocrescimento tanto da conscientizacio do estilo quanto da apa- tia politica nfo indica por si s6 a eliminagio dos limites de classe Comer fora [Nesta parte do capital os etres serlam perdondos se perguntassem como esse comentro se relaciona com o gosto gastrondmicoe com o conportaniento do consumidor no stor derestaurante Bem, hi pow cos locais em que o interessado em estilo se destaca mais do que nos restaurantes (As evidéncias indicam que os espacos de hospitalidade comercial nciuindo restaurants, so importantes centrs par aexibi- «Bo de silos de vida e par oaprendzado das convencies desses et los Seria possvel agumentar que os restaurantes, 0 comportamento «os constmidores que ele ajudam a preserva, si simbolos da nossa ruidanga para uma soiedade ps-mosdera em quea buséa de estilo de vide € uma preocupacio generalizads) Unry (1995 afirma que o papel social do espag, e nessa crcuns- tancia obviamenteaplicaremos nossasobservaghes as papeissocais de restaurantes, € uma questo sobre a qual aparecem poucoscomen- {évios Essa omisso, continua ele, ¢ importante, uma vez que as as smudancas ocorrdas no uso do espago nos itimos anos refletem estruturagio econémica que caactriza 0 pés-modemismo. Ury faz algumas observactesespecficas sobre a mudanga do uso do espago e sua ligacto com 0 pés-modernismo. Em primeir lugar, conforme fi bservadoanteriormente nest capitulo, houve um visivel eescimento pala peste co rn na cultura estética em que as consderagdes visuals so importantes. 0 autor afirma que a arquitetura e o design de interoressfo atualmente ‘menos representatives da hegemonia cultural eda autoridade moral e ‘mais movides por um deseo ce refetire/ou influenciae 0 apeloettico popular. Além disso, nossa preocupagio com consideragies estéticns tomna-s autoperpetuaora, uma vez que coloca mais pressio competi tiva sobre os donos e operadores de espagos pablias para torn-los fiscamente atraentes aos clientes eacionistas. Urry também afirma que ancisa percupcio do propésite dos espacos pablicos pée-modemos 6a sdeque cles no s6deveriam ser esteticamenteestimlantes, como tam bbém deveriam facilitar 0 consumo. Ele observa que o uso de muitos espacos, especialmente nas grandes cidades da Inglaterra, no se ba sea mais na produgio mas no consumo. "Em segundo lugar, o crescimento da nossa cultura simbliea, am- plamente perpetuado pela midia,estimula 0 aso do espago como un frum para 0 desenvolvimento ea expressdo de estilos de vida © de auto-identidade. Na verdade, “é possvel que os locais consumam a ‘dentdade da pessoa, de modo que se tornem locais em que litral- mente se consome de tudo” (Urry, 1985, p 2) Finkelstein (1989p, 3) em seu texto Dining Ou: A Sociology of Mars ‘Manners, ue ainda 6 uma das melhores andlises do propssito social dos restaurantes, dscute pape do individo no context social: "3

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