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CULTURA E SOCIEDADE - Entrevista
CULTURA E SOCIEDADE - Entrevista
SALVADOR/ BA
2018.1
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR
SALVADOR/ BA
2018.1
O direito à cidadania através do voto foi conquistado há duzentos anos no mundo inteiro.
Há mulheres que trabalham em cargos públicos, mas, a um déficit muito grande e
desproporcional entre a participação política de homens e mulheres nos poderes. Poucas
mulheres são da política.
Para responder sobre a importância do avanço feminino para a cidadania em todo o
mundo e principalmente no Brasil, explicamos e acompanhamos a diferença entre o número
de homens e de mulheres diante do cenário político atual, entrevistamos Hamilton Assis,
pois, está diariamente lutando por direitos junto ao sindicato para conquista de cidadania.
Qual a importância da luta das mulheres pelo voto e qual o seu significado?
Hamilton Assis: A luta pelo direito ao voto universal sempre foi difícil, no Brasil esta luta foi
direcionado também as mulheres de elite, mesmo que a luta fosse em conjunto para todas,
e conquistando esse direito, havia uma diferença e estava muito distante da luta diária das
mulheres negras. Enquanto as mulheres brancas buscavam igualdade jurídica com os
homens, as mulheres negras estavam nas ruas trabalhando duramente para proporcionar
melhores condições de vida. Mulheres e homens negros eram vistos como seres de
segunda classe, nem sempre a luta pelo sufrágio universal incluía as mulheres negras. Mas,
o sufrágio feminino foi um marco para a cidadania formal das mulheres.
Há uma relação direta entre o poder de voto feminino e o número de mulheres eleitas
no Brasil?
Hamilton Assis: No Brasil, por sermos uma sociedade tradicional e patriarcal machistas,
definimos como se a mulher estivesse que ficar em casa cuidando da família, esse elemento
termina por evidenciar uma presença marcante masculina na representação política o que
tradicionalmente faz com que as mulheres votantes sempre tivessem quase que
exclusivamente homens para votar (eram as poucas opções que existiam). Hoje a cada vez
mais mulheres na vida política provando que o “lugar da mulher é onde ela quiser”. Então
sim, há relação entre o voto e o número de mulheres eleitas. Quanto mais as mulheres
conquistam novos espaços na sociedade, aumenta a possibilidade delas conquistarem
espaços no parlamento e em outras instituições pública ou privada. Só a luta muda a vida.
Você acredita que a conquista do voto feminino foi o motor para a representação das
mulheres hoje no cenário político e econômico do nosso país?
Hamilton Assis: Não o motor. Na verdade, o motor foi a coragem delas. Tudo parte daí. E o
direito ao voto foi resultado disso. As mulheres sempre se organizaram das mais diversas
formas, sempre souberam se virar, não é um sexo frágil como dizem. Depois que criaram
associações para se organizar nas diversas lutas em que participavam, elas estão nos
sindicatos, em associações, em entidades de classe, nos movimentos estudantis, negros e
feministas. É a representação dentro dos parlamentos que é mínima, são poucas. Por isso
sou favorável à política de cotas para mulheres no parlamento, e em todos os fóruns de
poder. Precisamos entender que se não existe igualdade de condições entre os indivíduos
precisaremos estabelecer padrões que se iguale e as cotas é uma dessas possibilidades.
Conclusão
Perante a ideia de que as mulheres deveriam se dedicar ao lar e a família, houve bastante
preconceito em prol de rebelarem-se e ir de contra os valores, pondo em risco o “fim da
família”. Foram necessários anos de luta para que rompesse essas barreiras impostas e
hoje, podemos comemorar a eleição da primeira mulher para a Presidência da República,
porém, sabemos que, ainda são poucas a representatividade das mulheres na política,
considerando a quantidade de mulheres filiadas a partidos. O direito ao voto, é uma das
mais importantes vitórias da cidadania feminina, mas ainda há muito o que se trabalhar
sobre seus direitos diante de um vasto preconceito.