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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

ENTREVISTA COM O DIRETOR DA CSP-CONLUTAS (Central


Sindical e Popular) HAMILTON ASSIS: A IMPORTÂNCIA DOS
MOVIMENTOS ORGANIZADOS NA CONQUISTA DO VOTO
FEMININO, UM MARCO FUNDAMENTAL PARA A CIDADANIA NO
BRASIL

SALVADOR/ BA
2018.1
UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR

ENTREVISTA COM O DIRETOR DA CSP-CONLUTAS (Central


Sindical e Popular) HAMILTON ASSIS: A IMPORTÂNCIA DOS
MOVIMENTOS ORGANIZADOS NA CONQUISTA DO VOTO
FEMININO, UM MARCO FUNDAMENTAL PARA A CIDADANIA NO
BRASIL

ADVAN DA SILVA RAMOS JR

DENISE MÁRCIA DE ANDRADE CARNEIRO

DEVISON DOS SANTOS BORGES

VANESSA COSTA SILVA

VICTORIA CARVALHO SANTOS

SALVADOR/ BA
2018.1
O direito à cidadania através do voto foi conquistado há duzentos anos no mundo inteiro.
Há mulheres que trabalham em cargos públicos, mas, a um déficit muito grande e
desproporcional entre a participação política de homens e mulheres nos poderes. Poucas
mulheres são da política.
Para responder sobre a importância do avanço feminino para a cidadania em todo o
mundo e principalmente no Brasil, explicamos e acompanhamos a diferença entre o número
de homens e de mulheres diante do cenário político atual, entrevistamos Hamilton Assis,
pois, está diariamente lutando por direitos junto ao sindicato para conquista de cidadania.

Quando o voto das mulheres foi conquistado no Brasil?


Hamilton Assis: Em 1932. Se não houvesse mulheres esforçando-se para conquistar votos,
em meio a um mundo machista isso não teria acontecido. O homem era considerado o
provedor da família e tinha direito de escolher em seu candidato. Um cidadão que tinha seus
direitos, eram em sua maioria branca e sabia ler, numa sociedade onde a maioria era
analfabeta e trabalhava o dia inteiro. Incluir as mulheres como pessoas aptas para votar foi
uma luta dura e uma conquista e após essa batalha.

Qual a importância da luta das mulheres pelo voto e qual o seu significado?
Hamilton Assis: A luta pelo direito ao voto universal sempre foi difícil, no Brasil esta luta foi
direcionado também as mulheres de elite, mesmo que a luta fosse em conjunto para todas,
e conquistando esse direito, havia uma diferença e estava muito distante da luta diária das
mulheres negras. Enquanto as mulheres brancas buscavam igualdade jurídica com os
homens, as mulheres negras estavam nas ruas trabalhando duramente para proporcionar
melhores condições de vida. Mulheres e homens negros eram vistos como seres de
segunda classe, nem sempre a luta pelo sufrágio universal incluía as mulheres negras. Mas,
o sufrágio feminino foi um marco para a cidadania formal das mulheres.

Há uma relação direta entre o poder de voto feminino e o número de mulheres eleitas
no Brasil?
Hamilton Assis: No Brasil, por sermos uma sociedade tradicional e patriarcal machistas,
definimos como se a mulher estivesse que ficar em casa cuidando da família, esse elemento
termina por evidenciar uma presença marcante masculina na representação política o que
tradicionalmente faz com que as mulheres votantes sempre tivessem quase que
exclusivamente homens para votar (eram as poucas opções que existiam). Hoje a cada vez
mais mulheres na vida política provando que o “lugar da mulher é onde ela quiser”. Então
sim, há relação entre o voto e o número de mulheres eleitas. Quanto mais as mulheres
conquistam novos espaços na sociedade, aumenta a possibilidade delas conquistarem
espaços no parlamento e em outras instituições pública ou privada. Só a luta muda a vida.

Qual a relevância do voto feminino para os demais pleitos das mulheres?


Hamilton Assis: Total. Porque o voto é uma da forma exercer e assumir o poder nas
democracias, o que significa que cada vez mais mulheres estarão votando e sendo votadas,
quebrando a lógica de votar apenas nos homens. Para isso é necessária uma participação
efetiva das mulheres nos diversos setores da sociedade e na luta ativa por melhores
condições de vida do nosso povo garantindo ELAS ao poder. Com isso estou dizendo que
precisamos de mais mulheres das classes trabalhadoras nessa disputa que estejam ao lado
dos trabalhadores que busque as condições para ampliar as conquistas femininas no Brasil
cada vez mais.

Você acredita que a conquista do voto feminino foi o motor para a representação das
mulheres hoje no cenário político e econômico do nosso país?

Hamilton Assis: Não o motor. Na verdade, o motor foi a coragem delas. Tudo parte daí. E o
direito ao voto foi resultado disso. As mulheres sempre se organizaram das mais diversas
formas, sempre souberam se virar, não é um sexo frágil como dizem. Depois que criaram
associações para se organizar nas diversas lutas em que participavam, elas estão nos
sindicatos, em associações, em entidades de classe, nos movimentos estudantis, negros e
feministas. É a representação dentro dos parlamentos que é mínima, são poucas. Por isso
sou favorável à política de cotas para mulheres no parlamento, e em todos os fóruns de
poder. Precisamos entender que se não existe igualdade de condições entre os indivíduos
precisaremos estabelecer padrões que se iguale e as cotas é uma dessas possibilidades.

Qual o grande motivo da defasagem entre homens e mulheres na participação


política?
Hamilton Assis: A nossa sociedade é profundamente machista e racista, portanto, ela define
quais os grupos que são prioritários, e, no nosso caso são os homens e brancos. São eles
que estão no topo das grandes empresas, que dirige a grande maioria dos Estados no
Brasil, ou seja, são eles que detém o poder efetivo. As mulheres brancas, detém parte deste
poder, mas está abaixo dos homens brancos, ocupa pouquíssimos cargos representativos.
Os homens e as mulheres negros e indígenas não representam quase nada do poder
exercido no Brasil. Numa sociedade mais igual teriam creches em todos os espaços em que
os homens com filhos trabalhassem, mas isso não ocorre, ou seja, o absurdo é acreditar
que os homens não são responsáveis pelos filhos, só as mulheres.
Qual a relação entre a representação feminina e o atual cenário do Brasil
Hamilton Assis: O atual cenário político econômico é crítico. Já se passaram dois meses da
execução de Marielle e nada de sabermos “quem mandou matar e quem matou Marielle? ”.
A história é significativa, era uma mulher negra, militante do PSOL, oriunda da favela,
bissexual, mãe jovem que cuidou da filha sem a presença do pai. Ela sintetizava a história
guerreira das nossas mulheres, principalmente das mulheres negras. Hoje não é mais
possível aceitar a existência de um parlamento predominantemente masculino e branco,
cada vez mais observamos a presença das mulheres negras e a necessidade de termos
uma representatividade mais real da diversidade brasileira com a presença de mais
mulheres negras e homens negros, com mais gays, lésbicas, transexuais, graças aos
grupos e incentivos dos sindicatos, associações e ajuda do marketing.

Conclusão
Perante a ideia de que as mulheres deveriam se dedicar ao lar e a família, houve bastante
preconceito em prol de rebelarem-se e ir de contra os valores, pondo em risco o “fim da
família”. Foram necessários anos de luta para que rompesse essas barreiras impostas e
hoje, podemos comemorar a eleição da primeira mulher para a Presidência da República,
porém, sabemos que, ainda são poucas a representatividade das mulheres na política,
considerando a quantidade de mulheres filiadas a partidos. O direito ao voto, é uma das
mais importantes vitórias da cidadania feminina, mas ainda há muito o que se trabalhar
sobre seus direitos diante de um vasto preconceito.

Hamilton Assis é diretor da


CSPCONLUTAS (Central
Sindical e Popular), membro da
Coordenação Estadual do PSOL
(Partido Socialismo e Liberdade),
já foi coordenador da CUT
(Central Única dos
Trabalhadores) por 20 anos,
tendo ocupado a vice-presidência
em duas gestões; é professor da
rede municipal, ocupando a
função de coordenador
pedagógica na rede de educação
de Salvador – Gerência Regional
Pirajá.
Referências Bibliográficas:

EAD UCSAL, AVA, Proposta do trabalho, DISPONIVEL EM:


https://ead.ucsal.br/pluginfile.php/175222/mod_resource/content/0/Trabalho
%20Interdisciplinar%20-%20CS%202018.1.pdf / 15/05/2018

Entrevista ao Hamilton Assis, diretor do CSPCONLUTAS (Central Sindical e Popular),


localizado em Salvador – BA. 16/05/2018

A conquista do voto Feminino do Brasil, DISPONÍVEL EM: https://jornalggn.com.br/noticia/a-


conquista-do-voto-feminino-em-1932 29/05/2018

CIDADANIA DA MULHER: a conquista histórica do voto feminino no Brasil, DISPONIVEL EM:


http://www.migalhas.com.br/Quentes/17,MI274136,51045Cidadania+da+mulher+a+conquista+
historica+do+voto+feminino+no+Brasil / 28/05/2018

O PERCURSO DA CIDADANIA NO BRASIL, DISPONÍVEL EM:


https://ead.ucsal.br/mod/lesson/view.php?id=52172 / 29/05/2018

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