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PROJETO Os Puritans "Sola scriptura, sola gratia, sola fide, soli Deo gloria, solus Christus” OS PURITANOS Pregando a Cristo Manoel Canuto Tem cuit de i mesivo ca coutrina. Continua nesies deveres; porque, fazed assim, salads tba meso como aes tes unites. 416 PAX wand pranadr do soul passat, Raber M, MoCheyne, que fo chamado oot vez deo homer que ms pavecou Pa am Cristo, pregou um sermao de ordenagao e um dos aspectos abordados (parte do serméo) foi a forma gomo 0 oH: 7) sate gana oer oe ‘ninso deve nea OA, UR peat Bats una ces vinutes do progador, ser paints asim como Deus 6 pasts par com os ‘ecadores nao converides. Jesus chegou a dizer: “Jerusalém, Jerusaldm/ Que matas os projetas e apedrejas os que te foram Seinsia! Guatcn aes iach tar oe eat mientras maw mate ca emanate ate quisestes!’ (Mt 23:37). Da mesma forma o Espirito Santo lutou conosco e nao fora assim, seriamos hoje como a mulher de Ld, um monumento ao apego ao mundo, Todos os homens precisam do amor que “tudo sofre e suporta’, As vezes quando os pecadores: ‘docbsinadaze ce cara andrei somos elas Josoooro dill. ereenselos duane batios re: Nearer es tnieicren cara ante eee oataen terre tui oma oerente Anson a dope autos oe Des qv presses aches do apo Sana ge Das 28 fGlogue nos ed paiste arg somosee Se reat Wis Pest ece Honen deve obit, mae co aro cue be da out Cui zen sue 9 cacao an ue Casas soe nosarcavameniso conta os auris Caate cae imu se wt Pe ot ae som dus oigar ones Taw esse sastane Ne ponacie dos aposuksvonos enprasorma creo simpercone ae Tea mac aur steals ar ara ovorara aoe Too lo aus ve patron itrosoe do passace feorgre shiver 66 mise Tnecossro que Os mnitas una 0 conbecmero doutinaio, a verdad com 2 expsiao da mesma para quo povo Peer reser sees talea oats tea oo tates un tas es cantatas toa i amagicnts Gears ee Crsina’ o camino ou demonstando qi hone duvet sm avarice, cupade dente co ews Sanlore aie (ana sogare Evagete Gia Pas aaa oes Scar Soe oie es Dre Comeau bes os pastores reunissem o conhecimento biblico de Jonathan Edwards, a clareza de John mn, @ 0S profundos chamados @. cee ede Sahai Sacer nae sos enero Bee igen Sr oe oo ties nae coivosse ro plo de um incndo no gitaramos com ugéncl para cue tgs sanre? Nao saharamon com rgenes, gum Que ontvese oe sogenco? sus Sere powrons quo edo Somintando porn a perio‘ 9 rocbisn eas are? No pararss pas sava‘o ca mete? Ne covers sever com rgb, enqurto& tampa ax pansoes da condom qe encarta 0.0 cegino aoe espera? Jesu sore sooreJeruclém, Paul aamoesiou com lagimas durante toons, tote o da aos ce Else para que wglasem conte os ‘Save ansinan Na ere am aro qo grate regan Gorge hebts uno ndopregers com Grane’ agas pica poraioe, A peperse dave ser uguts porque o faemo 6 re ameaya ovate ceo converte oxo" ru Wo at dl 1 eto tempo 0 micas de Jess fo exestvo El nfo paava do prove ae vam todos 08 gare fazondo a voriage do Papua no porsr nergy sedaqules quo Pa Re dom Eteose cra vrs mao Pho horn Ns fom anse rena acaboge 2 930) € bem lors cue Satan tantém io sescae, sore sla oeapade cues tags elu Arnot extd sempre &naara ents, uate pessoas mem po nut eso mune? A mare noe tagun mas o apt Sats tarbar rao dornfae os some -panceanc® pr ante ostos coco aporac quan a Patera progesa para sor aos mores, Irardo.os dn concongto toma Prleeeh, poetza a onpo fo do fem, debe Peo atinsts Reet ance ee ce quscrom sr competetes mists do evangate, ce quscrem eprcsrtraverdade 6 modo cote e verdadero, tara gun Sorensen da Pale De nae oe ba auncaeer ean der aioe onal use tem scrtondbie evornohorescomomates dese quo ucerem oncortar Teague’ omuedenomie estoga ise a Srp EDITORIAL Sioio das enacsdeunone SoNoveTorarons per quee nham a entondé-las cada voz mais claramonte, ¢ dai, sejam ca- Ms Pups - Hae VEE Miriaro 4: Tea | pazesce apresenté-las com clareza cada vez maior aos que ve- ge eeatcnaeea aan iin A tam ous, Aba do minisleno nfo colle merameni am ee pan to tfereceranossa expenncl pessoal, ou falar dae nossas vias tid Sone {dos ures, mas tim, om apresentara verdad de Devs de od Flnexdesecaehatudo SEES | mano tao simples 0 ara quanto possivel. Eo oto de tazer Herald. de Ameda (0°81) 427.6354 isso 6 estudar a Palavra e toda e qualquer coisa que nos ajude tat nessa tarefa... Conceda-nos Deus a graga © o poder para fez®- feotearcara tie | ferparaahonra ea gléia do Sou Sertorcme,(Ciscemindo Os ‘TemposEatora PES) TUN nn GT RRR REET | altura. ED Jornal Os PURITANOS Sermao Puritano: Um Novo Modelo de Exposi¢ao Por: Joseph Pipa ~G SA A muttidéo estava emocionada na Igreja de Santa Maria quando John Cotton subia 20 pilpito para pre~ «gat. Ele era tio famoso que muttos vieram para ouvilo pregar aquele sserméo para a Universidade, pois ‘mesmo ainda jovem jé demonstra- va muita habilidade e contecimen- ta. 1é havia demonstrado que era um orador poderoso. slr Para Pagina N° Scrolls Jornal OS PURITANOS multidao estava emocionada na lgreja de Santa Maria quando John Cotton subiu ao pillpito para pregar. Ele era tao famoso que muitos vieram para ouvi- lo pregar aquele sermao para a Universidade, pois mesmo ainda jovem jé de- monstrava muita habilidade e conhecimento. Ja havia demonstrado que era um orador poderoso. No seu sermao anterior, pregado na mesma Universidade, tinha deixado 0 povo “eletrficado” através de seu estilo e da sua elogiiéncia Por isso, muitos tinham vindo ouvi-lo com aquele expecativa de ver “fogos de attificio” de eloqdéncia. Mas, quando ele comecou a pregar, uma onda de desapontamento comecou a varrer a mulfidao presente porque este mestre em reldrica estava pregando no esilo simples e direio dos puritanos. ‘O que havia acontecido com John Cotton? No periodo entre estas suas ‘duas pregacées John Cotton havia se convertido através da pregacao do gran- de puritano Richard Sibbes. Sua conversao afetou sua forma de pregar. Seu bidgrafo, Cotton Mather, da Nova Inglaterra, diz 0 que aconteceu com John Cotton: "Mr Cotton, apés sua conversio, resolveu que sempre pregaria de f }o que, de acordo com sua consciéncia, fosse 0 mais agra- davel a Cristo”. Esta nao foi um 0 fc, pois se ele pregasse como os puvitanos estaria, supostamente, trazendo vergonha paraa causa de Deus. Existe este ditado de que a religido faz com que os estudiosos se transformem em tolos, 0 que, pela graga de Deus, esperamos que nao ocorra. Por outro lado John Cotton sentiu que era sua obrigagao pregar de forma direta como convi- nnha aos ordculos de Deus. Pois o propésito da Biblia era converter os homens € nao simplesmente fazer ostentagao teatral. Este conflito que John Cotton passou nos permite analisar a filosofia da pregacao dos puritanos. Quando Cotton pregou este segundo sermao em 1610, a pregacao puri- tana jé havia sido caracterizada e marcada com seu estilo bem definido, Este estilo de pregacdo nao era apenas a marca caracteristica de um grupo, mas havia sido resultado de convicgées essencialmente teolégicas — pregar de fo ma direta a Palavra. ‘Qs puritanos usavam © novo método reformady e direto de pregar. Este novo método reformado era um tipo especial de estrutura de esbaco de ser- mao. Quando lemos os sermées dos puritanos ou 0 sermao de Jonathan Edwards, “Pecadores nas Maos de um Deus Irado’, percebemos sua estrutura O.sermao comeca com uma andlise do contexto, sequida de uma breve expli- cacéo_exegética e, desta exegese, 0 pregador as douti pregar. Logo ele desenvolve estas doutrinas com provas ¢ argur mente faz a aplicacao & congregacao, o que chamavam de “us: na forma da pregacao, eles usavam 0 estilo de comunicagao que era muito diferente dos demais pregadores briténicos da época Muitos hoje concebem o estilo de pregagao puritana como sendo cheio de muitas palavras, monétono e escoldstico. Entretanto, apesar disso, nos seus Proprios dias, a pregacdo puritana com todo esse estilo revolucionou a Ingla- terra Para que compreendamos este novo método reformado, vamos inicial- mente entender 0 estado ou a forma como se pregava na segunda parte do século XVI. Na época da Reforma havia basicamente dois tipos de sermao em, Uso, Muitos, como Calvino, usavam aquilo que se chama de forma antiga. E chamada de antiga porque historicamente se liga até aos primeiros grandes Joseph Pipa pregadores da histéria da Igreja como Joao Criséstomo, A forma antiga de pregacao nao tinha nenhuma estru- tura elaborada de organizacao. Se lermos os comenta- tios de Calvino perceberemos que ele simplesmente se- gue a ordem do texto fazendo a exegese e trazenco a aplicagao. Outros usavam uma forma semelhante a mo- derna, o que se vé hoje. Na verdade, o que chamamos de forma “moderna” vinha desde a Idade Média. Era uum estilo de pregacao que se desenvolveu com base na oratéria de Cicero e, nas maos dos pregadores da Idade Média, havia se tornado ‘uma forma muito laboriosa ¢ florida de se pregar. Mas 05 reformadores tomaram esta forma de pregagao e eli- minaram toda sua ornamentagao, e passaram a usar aquele tipo de sermao classico, muito proximo 20 ser- mao que encontramos nos cléssicos livtos de homilética Ou seja, introducao, divisao do texto, pregacao de pon- tos em sucesso e a conclusdo. Para alguns pregadores ingleses esse tipo de pregacao se tornou uma arma po- tente em suas maos. Mas, muitos dos pregadores ingle- ses daquela época haviam voltado ao método escoléstico de pregacio. Estavam tao influenciados pela ret6rica e dialética de Aristételes que o sermao em suas maos se tornou simplesmente uma disseccdo minuciosa, fria e sem vida do texto, além de nao ter aplicacao pratica & vida. O problema foi que eles, ao invés de desenvolve- tem uma filosofia prépria de pregacdo, consideraram a tegacao como uma subdivisao da retorica e dialética classica. Nos dias de hoje se faz algo muito parecido, Mas 0s reformadotes insistiram que a homilética, a arte de pregar, deveria ser uma ciéncia que tivesse existén- cia propria. Sem dtivida ajudada pela retorica e ialética, mas nao baseada nestas coisas. ‘Nos dias modernos, teorias de comunicacao tém tomado o lugar da retérica. Cada vez mais os seminari- osestao falando de formas como comunicar em lugar de_como pregar. Aqui existe uma diferenca profunda, Hoje perdemos a ciéncia, a arte biblica da homilética, A pregacao publica perdeu a sua dimensao biblica e 0 seu poder biblico. Nas maos dos pregadores ingleses este estilo se tornou um instrumento que fazia com que as convicgbes tetéricas do pregador fossem inseridas nos seis sermes, 0 que naturalmente afetava e alterava 0 sentido do texto. Mas isso nao os preocupava pois se- guiam as idiossincrasias da igreja primitiva em termos de exegese. Seus sermées eram cheios de alegorias. Cito um exemplo de um pregador briténico. Seu texto era Lucas 23:28 quando ha o relato das mulheres choran- do quando Jesus levava a cruz. Ele comeca descreven- do 08 4 tipos de mulheres que estavam ali chorando. Apés fazer a introducao a sua passagem, divide o texto em 8 partes como seque: Nesta passagem podemos observar tantas palavras se teferindo a tantos lugares. Sao oito expresses com oito partes. A primeira expres- séo: “nao chores”; a sequnda: “chorai”; a terceira: “nao chore mas chore”; a quarta: “por mim”; a quinta: “por \yés mesmas”; a sexta: “por mim e por vocés mesmas”; fa sétima: “nao chorai por mim”; a oitava: “chorai pot ¢ao teatral. vocés mesmas”. E patético mas esta era a divisao do serméo, Isso é apenas uma ilustracéo de como os pre- adores ingleses daquela época estavam dividindo e fa zendo 0 esboco de seus sermoes, Naturalmente, além de usar esta forma, este mé- todo de esbogo, eles usavam muito pouca aplicacao. E quando faziam uma aplicacao, era mais de uma manei- ra genérica. Esta perspectiva nasceu da sua filosofia de pregacao. Eles nao criam que 0 sermao era o meio prin- pal de graga, Nao criam na centralidade da preqacao | nno.culto, Na opiniao deles a> Pois 0 propésito da Biblia era converter 08 celebragao dos sacramentos homens e nao:simplesmente fazer ostenta- deveria ter tanto efeito na mente das pessoas quanto © sermao. Assim, a teologia deles influenciava o esboco, a estrutura do sermao e 0 estilo de suas pregacdes. O sermao de pessoas com es- tas convicodes sdo exemplos de fantasias poéticas. A eloqaéncia artificial que eles demonstravam era conseguida através da tima que faziam nas palavras e frases. Faziam jogo de palavras; usavam palavras com duplo sentido. Seus sermées estavam cheios de cita- es de grego e latim para demonstrar erudigao, Q.pro- ilo destes menadores ea clear a sua ncn eloaiiéncia. O 5 aquela pregacéo ch ilustrag6es humori gadores que a cada ponto do seu s Estou falando sobre isto porque acredito que é ‘muito relevante estes exemplos que tiramos da historia da pregacao. Precisamos ver isto para podermos locali zat e entender de que forma os puritanos viam a prega- ao. Sem diivida alguma os puritanos estavam comple- tamente insatiseitos com a forma ¢ 0 estilo do sermao dos anglicanos. Por isso citei a experiéncia de John Cotton. Os puritanos rejeitaram o estilo anglicano de pregacdo ¢ no seu lugar introduziram 0 novo método tefarmado com seu estilo direto de pregar. Teologia Puritana da Pregacéo Os puritanos consideravam a pregacao como a fungdo principal do pastor e fundamentavam esta c: viegao no fato de a pregagao ter sido o trabe cipal de Cristo e dos apéstolos. Pertanto, aderiram fir- ‘memente ao principio da centralidade da pregacao no culto. Para os puritanos, durante a pregacéo uma “transac” especial estava ocorrendo. Sequindo a tra- digo dos apéstolos e Joao Calvino, os puritanos acte- ditavam que quando um homem ordenado (pela lgre~ ja) para pregar, expunha a Palavra de Deus, Cristo esta vafalando através dele. Bela pregacio, a Palavra escrita se torna a Palavra viva de Deus, O puritano William Perkins escreveu: “Porque quando as promessas da mi- sericérdia de Deus sao oferecidas ao Seu povo através da pregacéo da Palavra por um ministro_ordenado, como se 6 préprio Cristo, em pessoa, estivesse falando alravés das Suas ordenancas’. Jomal Os PURITANOS Este é um ensino claramente expresso no NT. Isso precisa ser redescoberto nos nossos dias. Ea base te {l6aica pela qual podemos entender poraue a pregacao em de ser central no culto. Tudo que fazemos no culto é importante, ¢ quando.estamos_adoranda no_culto falando a Deus, Mas ¢ nosso culto.atinge 0 x quando Deus em resposta nos fala. Por isso a pregacao era algo tao importante para os puritanos e deve ser, pela mesma razéo, importante para nés. Ba- seados nesta compreensio que eles tinham da natureza da pregagao os puritanos, con: como 0 meio principal de graca, da pregacao que Deus primariamente haveria de con- verter e santificar os pecadores. Eles pregavam com este propésito em mente. Q grande alvo dos puritanos era mudar as pessoas e equipar o.povo de Deus para traba- Thar para a gléria de Deus. 0 sermao comega com uma anélise do con- texto, seguida de uma breve explicagao preceito por preceito, Por Sermao Puritano: Um Novo Modelo de Exposicao de um livro ou de um salmo da Escritura”. A primeira coisa que notamos aqui é que para os puritanos o con- tetido da pregacao deveria ser primeiramente a Palavra de Deus. E mesmo que seja um sermao t6pico seu objetivo deve ser expor 0 contetido da Escritura, Qual- quer parte de um sermao tem de ser baseado na Pala- vra de Deus. Cada pregador deve perguntar: Seré que posso dizer que meus sermoes sao biblicos? Com rela- {40 a0 método, os puritanos recomendavam e pratica- vam, em termos gerais_a pregacéo expositiva. 2. A pregacao deve ati égico. (Qs puritan dor deve se aproxim vésde suas mentes, Port Batanta, (sermao devia ser inten ser sg Serdade, linha por linka, Eles queriam que 0 povo exegética e, desta exegese, o pregador ex- causa disso os sermées pu- percebesse 0 quanto preci- savam de pregac&o, Um grande pregador puritano chamado Henry ‘Smith, disse: “Queridos, se vocés considerarem que nao podem ser nutridos para a vida eterna sendo pelo leite da Palavra de Deus, voces prefeririam que seus compos estivessem sem alma do que ter as suas igrejas sem pre- gadores”. Em outro sermao, para enfatizar a importan- cia do pregador, ele disse: "Vocés precisam que thes ensine porque Paulo fazia tanta questao de ter pregado- res. E porque os pregadores sao como lampadas (can- deeiros) que se consomem asi mesmos para dar luz aos, outros ese consomem para trazer luz até vocés; eles s80 como galinha que protege os seus pintinhos contra os gavides; também eles nos protegem da serpente enga- nadora; ¢ porque eles so como 0 grito que dertubou as muralhas de Jeric6, assim também derrubam as mu- ralhas do pecado; porque trai as doutrinas que ele vai pregar. cheios de argu- mentos, provas e demon tragées que partiam das Escrituras, Eles eram “expe nna persuasao e, talvez 0 maior de todos eles tenha sido Jonathan Edwards. A pregacao deve ser de facil memo- rizacao. Q.pove deve ser capaz de lembrar-se do que 0. pastor pregou. De acordo com a maneira puritana de pensar, embora o sermao devia operar quando no pré- prio ato da pregacdo, ele dev de edificacao 4 medida que o py para casa. Portanto, os preaado vam as pessoas para que elas, bre o sermao pregado, sobre o que se hav rajavam as pessoas a tomarem nota e decorarem os pon- tos principais do esbogo do sermaio; que nao somente no culto doméstico, mas sao como aquela coluna de fogo que conduzia os isra- elitas até a terra da promes- sa, da mesma forma os pre- gadores vao adiante de vocés levando-os a terra da promessa; porque os prega- Muitos hoje concebem 0 estilo de pregagdo jxme na cwola, acongre- puritano como sendo cheio de muitas pala- gacao deveria tepetit 0 ser vras, monétono e escoldstico. Entretanto, mao do domingo. Se o povo apesar disso, nos seus prdprios dias, a pre- fizesse tudo sso precisava de gacao puritana com todo esse estilo revolu- @lguma coisa sdlida em que i se firmar. CY 0 tipo de pregacao dores sao como André que chamou seu irmao para ver © Mesias, assim também eles chamam vocés para que venham ver o Messias; portanto, tenham os pregadores em alta estima” ~~ Com base na compreensao puritana da natureza teolégica da pregacao foram desenvolvidas 0 que po- demos classificar como sendo as cinco marcas do ver dadeiro sermao, “1) Se Cristo vai nos falar através do sermao, ele tem de ser biblico. ‘A Dixetorio de Culto de Westminster nos dia: “De forma geral, o tema de um sermao tem de ser um texto da Escritura expondo alguns principios basicos da reli- giao e que sdo adaptaclos ou que sao titeis a determina- das ocasiées, ou entdo_o prega \de_pregar expositivamente através de um capitulo, de uma parte Jomal OS PURITANOS que encontramos hoje ¢ que exerce uma pressio ape- nas sobre a consciéncia nao é passivel de memorizacéo. Se 0 sermao vai ser decorado pela congreaacio deve ‘ecuma estrutura clara que facilte esta memorizacao ¢ a estrutura do sermao puritano capacitava o povo ame- morizar Iss0 ainda é verdade hoje. Quando acabamos de pregar nos dias de hoje, a nossa conareaacdo d ria ser capi wvando em suas mentes pelo menos 0 esboco do que foi dito. No iltimo dia do ‘Senhor tive uma experiéncia singular com respeito a esta verdade. As margens do tio Amazonas, em uma fazen- da, tive o privilégio de pregar pela manha daquele do. mingo através de um intérprete a muitos que nao sabi- am ler. Mas, porque 0 sermao foi claro e direto, muitos puderam compreender e memorizar. No culto da noite tum motorista cle caminhao ficou de pé e recitou o meu Joseph Pipa sermao para a congregacao, apenas porque a estrutura do sermao tinha sido simples, facil de memorizar Lembremos: 0 sermao deve ser biblico, légico & facil de memorizar. 4, Mas 0 sermao deve ser claro. Nao deve haver nada deste livro (1592), nenhum livro havia sido publicado dentro da igteja da Inglaterra a respeito de pregacdo, Perkins havia procurado suprir esta necessidade. Ele percebia que os pastores nao tinham treinamento apro- priado para pregar. Seu livro tem duas partes princi- pais. Depois de dar 0 con- ho sermao que faca com que as pessoas se desviem da verdade, que distraia a Nos dias modernos, teorias de comunicagao tém tomado o lugar da retorica. Cada vez mais 0s semindrios estado falando de formas como texto inicial, ele trata da es- trutura do sermao e a pro- clamacao deste sermao. atengao para outta coisa alm da verdade. O sermao deve ter uma linquagem popular, com um yocabulério simples e “crucificado” sem chamar atencao para o ego. Naturalmente que nem todos iréo compreender a ver- dade, mas de qualquer forma a verdade deve ser pro- clamada na linguagem de todos. 5. O sermao deve ser transformador. grande propésito do sermao puritano era trans- formar a vida das pessoas ¢ equipé-las para viver pare a.gloria de Deus. Portanto deveria ser apresentado com aplicacao e ajuda. Este é um breve sumério da teologia da pregacao puritana, Comecamos dando uma olhada no estado geral da pregagao na segunda metade do século XVI e ‘a reagao puritana contra essa situacao que se expressa na sua prépria teologia da pregacéo. Método Puritano de Pregacéo. Este método chegou a ser conhecido como novo método teformado, e o mentor deste tipo de pregacaoe que 0 desenvolveu {oi William Perkins. Perkins “encarnava” toda a teologia puritana em seu pastorado € pregacao. Era um pregador poderoso e fiel. John Cotton disse que no dia que ouvi as badaladas do sino da igreja chamando para o funeral de William Perkins, secretamente ele vibrou de alegria. Por qué? Porque a sua consciéncia havia sido severamente ferida debaixo da pregacao poderosa de Perkins. Ele disse: “Agora que oatormentador morreu, posso escapar desta conviccao de pecado que sempre vinha de seus sermoes”. Mas a cexperiéncia de John Cotton nao é um evento isolado. A pregacao de Perkins teve uma influéncia incalculavel em muitas pessoas nos seus dias. Seu bidgrafo diz que ele era capaz de se comuni- car-com pessoas de todos os niveis sociais, desde o operdrio e o comerciante Ble podis retar de forma eficaz didos, mas aos crentes Williams Ames nos diz que quando ele foi a Cambridge, dez anos depois da morte de Perkins, a cidade ainda estava cheia de referéncias a William Perkins. Com 0 propésito de reformar a Igreja ¢ leva-la para dentro daquele programa puritano de reforma, Perkins escreveur um livto: “A Arte de Profetizar”. Ele usava a palavra profetizar no sentido de pregar. O pro- posito era dar aos pregadores ingleses um livro de Homilética para usarem no preparo dos seus sermoes, E interessante que desde a Reforma até a publicagao HES 6 comunicar em lugar de como pregar. O serméo deve ter uma linguagem popular, com um vocabuldrio simples e “crucificado”, sem chamar atencdo para 0 ego. Nesta primeira parte ele fa- lava do esbogo do sermaoe tratava dos seus principios teolégicos. Ele tem um capi- tulo final onde trata da questa de como o pastor deve dirigit a congregacao em piiblico. E verdade que Perkins desenvolve a estrutura do sermao baseado numa teoria de comunicagao. Isto é importante para nés, pois ele acreditava que a maneira de alcancar as emogoes ¢ a vontade des pessoas era indo através do intelecto. Ele estava aplicando as teori- as e 0s métodos pedaaéaicos de Tirano. Perkins acredi- tava que 0 pregador se ditigia primeiro ao intelecto usan: do verdades irrefutaveis, principios irrefutéveis da exegese ¢, s¢ houvesse necessidade, estes principios poderiam ser repetidos através de demonstracao e ar- ‘qumentagéo. Uma vez que a pessoa hava aceito a ver- dade que estava sendo proclamada, ela estava em con- digdes de aplicar a sua vida e ao seu pensamento aqui- lo que o pastor estava felando. Nao é somente se dirigir 20 intelecto da congregacao, mas persuadir as pessoas intelectualmente da verdad da Escritura. Sobre este fun- damento ele partia para a aplicacao. Isso esté bem co- locado nas cinco marcas que apresentamos acima. centro da estrutura do sermao é chamado de 0 “esquema triplo’, que consistia de (a) doutrina, (b) de- monstvacao e (c} usos. Na doutrina o pastor declarava averdade sours gue e enconirava na passagem. er de outras partes de assem aquilo que o pastor ha- via falado pare que a verdade exposta se tornasse ittefutavel. Finalmente, 05 usos eram as aplicagbes que se fazia 4. congregacéo a partir da doutrina que tinha acabado de ser estabelecida. Algumas vezes poderia ha- ver uma ou mais doutrinas e nesse caso, cada doutrina seria desenvolvida e con- sequentemente aplicada Ele partia de uma d ‘continuava na proxima, Mas, em geral havia no desenvolvimento. do sermio ‘apenas uma doutrina Nao foi Perkins que inventou este estilo de prega- <0, mas estava convencido de que esta era a melhor maneita de se ter a pregacéo ideal. Por causa de seu rOprio exemplo como pregadior e do livro que escre- vveu, ele acabou transformando o estilo de pregacao da époea. No fim do século XVI era a tnica maneira que ‘9s puritanos conheciam de pregar. Doutrina e demonstracao. No fim do seu livro, Perkins da a ordem e o suma- Jomal Os PURITANOS rio de seu método. 1. O_pastor tem de ler 0 Escrituras Canénicas. 2. Dar o sentido ¢ a compreenséo do que esta sendo lido pela propria Escritura e tirar do texto 0 seu sentido natural, retirando alguns pontos iiteis da doutri- 1g.¢ aplicd-los & vida das pessoas numa forma simples edireta. Se voed ja leu algum sermao puritano, espero que esteja agora em condigdes de reconhecer 0 que ali esta presente, Sermo Puritano: Um Nove Modelo de Exposicao principios especificos que sao baseados naquele maior de que a Escritura interpreta a Escritura: 1. Analogia da f6. A Biblia é uma unidade. Uma vvez que voce conhece toda douttrina biblica percebe que nao ha nenhuma contradigao. Portanto, nao se pode interpretar o texto de fon que aBiblia, diz em outro lugar. ‘O texto deve ser interpretado a luz do sou pré- prio contexto. 3. Comparar Escritura com Escritura Todos estes principios estao operando por detras A primeira coisa que © pregador puritano nos da 6.9 contexto da passagem. A sequnda coisa é nos dar uma breve exposic&o exegética do texto escolhido. O propésito destes pregadores era eletrizar “8 maneita como os purita- in nos desenvolvem sua exe- a sua audiéncia, nao com a verdade da Pala oon. i tonto, Tudo esta ou vra de Deus, mas com sua eloqtiéncia. O pa- mariado no Diretorio de ralelo moderno deste tipo de sermao é aque- Culto de Westminster. Se 0” ulto de Westminster. Se o la pregagao cheia de piadas e estérias, ane- texio escolhido para a pre~ Geralmente divide o texto fazendo um esboco exe- gético e, a partir dai, ele expe a doutrina ali contida Seguindo este inétodo o puritano mostra de for- ma clara & sua congregagio, que a doutrina que esté pregando vem diretamente de uma exegese da Escritu- ra, Entéo, desenvolve a doutrina que extraiu da Escritu- através de demonstracoes e arqumentos. dotas, ilustragdes humoristicas. gacdo longo como em his- t6rias ou parabolas o pastor deve dar um breve resumo dele. Se, a0 contrario, 0 tex- tg 6 curio, o pastor deve fazer uma pardfrase do texto, Oxpropésito ¢ que, de uma forma ou de outra, se possa olhar_e-compor o-contexto do texto e demonstrar as doutrinas principais que devem ser extraidas daquele texto. Fazendo a andlise ¢ organizacao do texto escolhi- Finalmente 0.88 con ouvintes através de uma aplicacso direta, Portanto, segundo Perkins, a doutrina a ser de- monstrada no sermao deveria partir de uma exegese da Escrtura. Como Calvino e os demais reformadores, eles acreditavam que spenas um dinico senti- do. Perkins continua procurando mostrar e dar algumas regras de interpretacao titeis a0 pregador. Da os seguin- tes métocos que acredita serem necessérios para se in- terpretar a Biblia corretamen 1. Ter nhecimento geral de toda bbiblica. Por iss0 0 pregador negessita da Conlissio de Fé e dos Catecismos. Cal- vino enfatizou que, se al- .guém tem um conhecimen- to claro da verdade, ele esta habilitado a ser urn intérpre- te fiel da Palavra de Deus Seele conhece o todo pode nterpretar part. im segundo lugar, Perkins recomendava que se lesse_a Escritura numa seqiiéncia especial usando andlise gramatical, ret6rica ¢ l6gica para entender ottexio. 3. Fazer uso de comentarios escritos por exegetas grtodoxos, Por isso devemnos sempre indicar bons livros. 4. Manter um registro do que esd lendo. Os puri tanos chamavam a isto de “livro de registro de leitura” (dos textos). Era um livro que registrava as passagens lidas, os pontos principais e um esbogo do que prega- tolos. 5. Nao esquecer que toda interpretagéo biblica deve ser feita em oracdo. Isso, porque o Espirito Santo o.interprete da Palavra de Deus Havendo estabelecido estes prinefpios de interpre- tagdo basicos ele vai mais adiante ¢ coloca mais trés Jornal OS PURITANOS Os puritanos consideravam a pregagao como a fungao principal do pastor e fundamenta- vam esta conviceao no fato de apregacao ter © que o pregador faz é sim- sido o trabalho principal de Cristo e dos apés- do, deve- n consideracéo a ordem do assunto do que jas palavias.¢ 3 _Assim feito, os puritanos passavam pata’ &xposi- @odadouttina, Como dissemos, a doutrina nada mais Edo que a verdade extraida do texto e exposta de uma forma adaptada a edificacao do povo de Deus. O pre- gador deveria falar de forma tao clara que aqueles que uvissem, com prazer recebessem a Palavra de Deus. William Perkins sempre falava de “extrait” uma verdade de um texto. Havia dois métodos de se fazer isto. 1) Anotagao e 2) Colegao (ajuntamento} 1) Anotagao é usado quando. a doutrina esté ck ramente explicita no texto. plesmente observar aquilo que 0 texto esta dizendo de forma clara. Um exemplo é risto diz que aquele que olhar para uma mul ima intencao impura, no seu coracio comete adultério com ela. Daf, Perkins ex- trai a sequinte verdade: O texto ndo somente esta afir- mando isto, mas dele se deriva a verdade de que 0 sen- tido daquele ensino é proibir toda ocasido para o adul- teétio. “~~ 2) Coleco (ajuntamento) é 0 método usado quar doa doutrina esté implicita no texto. Neste caso a verdade tem de ser deduzida por inferéncia. Ou seja, a verdade quando néo é deciarada explicitamente pode estar obviamente contida na passage. Como exemplo temos a passagem de Sofonias 2:2, quando encontra- mos a expressao “examinai-vos a ués mesmos”. Basea- do nesta expresséo Perkins desenvolve a doutrina da necessidade de arrependimento. Isso, porque todo arre- Joseph Ppa pendimento deve comecar com auto-exame e todo auto- exame deve levar o arrependimento, Uma vez que a doutrina é derivada do texto ela deve ser demonstrada, No desenvolver da doutrina a verdade deve ser clara- mente demonstrada, Uma vez que isso é feito, os ouvin- tes estardo prontos para ouvir a aplicacso. Esta é uma idéia do método puritano de preparar um sermao, ndo somente por causa do contexto histéri co, mas porque nos traz licdes importantes. ‘Agora vamos ver algumas implicacées praticas 1) Primeiro, 0 estudo tério que até quanto ele sabia, nunca, conscientemen- te, interpretou mal a Palavra de Deus. Vocé pode dizer isto? Além disso devemos construire estruturar nossos sermées de forma cuidadosa e nao deixar para a tiltima hora. Se o sermao tem de ser logico e deve ser memori- zado pela congregacao, ele precisa ser elaborado com cuidado. Uma palavra ditigida aos presbiteros. Voces de- vem dar apoio e encorajamento aos seus pastores para que eles estudem; protejam © grande alvo dos puritanos era mudar as 3s sasioces!Fxia deles este pessoas e equipar o povo de Deus para tra- tino de progacéo e estudio. balhar para a gloria de Deus. Eles queriam ‘Aos membros da igre- que 0 povo percebesse o quanto precisavam je digo: Este tipo de sermao minster interpreta o Velho de pregagao. vai exigir alguma coisa de @ 0 Novo Testamento, Le- O° Pregae do método e estruture do sermao puritano nos ajuda a entender de que maneira a Confissdo de Fé de Wes — voo’s. Vocé nao vai a igreja mos no capitulo I. p. VI, desta Confissdo: ‘apenas para ser entretido; deve se apropriar da Palavra de Deus através de sua mente e fazé-la descer ao cora- G0 e nele leve esta Palavra para casa e para que nele surta efeito onde estiver. Para isso tem de ser um ouvin- te atencioso. Nao culpe.o pastor se nao tirou nada de umsermao preparado zelosamente. E sua responsabil dade tirar proveito, porque nao fol igreja pax teter ou se divertir, mas para seri Palavrae ter Deus tratando com seu coracéo. Lembrem-se das cinco marcas do sermao purita- no. Nao vamos desenvolvé-las como os putitanos de- senvolveram; algumas vezes a estrutura do sermao pu- ritano continha muitas palavras e quando havia a ten- déncia de d nas de 0 texto, 0 sermao perd thos, Mas a ligao € que nao deverncs seguir os purita- ‘nos como robés, mas “pegar” a visio que eles tinham. Lembre-se! O sermao deve ser: 1) Biblico; 2} Léaico; 3) Fécil de ser memorizado; 4) Direto; 5) Transformador. “Todo conselho de Deus concernente a todas as, coisas necessérias para a gléria dele e para salvacéo, fé e vida do homem, ou ¢ expressamente declarado na Escritura ou pode ser légica e claramente deduzido dela...” Portanto, quando vemos o método que Perkins usava quando organizava as demonstragdes biblicas para provar seu texto escolhido, podemos entender o mesmo tipo de exegese que encontramos na propria Confissio de Fé, Isso também explica a relacdo entre os textos de demonstragao e a doutrina que os puritanos extraiam destes textos. 2) A segunda licdo prética é que, se entendermos ‘ma mais proveitosa estes sermaes. Perceberemos onde eles querem chegar ¢ como chegardo. Nos ajudardo, nos sermaes muito elaborados e floridos, o que deve- ‘mos desprezar. 3) Com tudo isso veremos a énfase na necessida- de de pregar exclusivamente a Palavra de Deus. Se 0 nosso povo vai ser mudado pela pregacéo, ele também deve ser convencido da verdade da Palavra de Deus. O seu propésito.como pregador ¢ ajudé-lo a ver qual a verdade das Escrituras.e que é isso que Deus esta dize do. Existem varias opinides sobre os propésitos do ser ‘do: persuadir, motivar, instruir, mas sempre com aquele ‘propésito principal, qual seja, explicar a Palavra de Deus. @ Quero que meu povo va para casa, depois d do Domingo, tendo uma idéia m: texto usado, Provavelmente eles esquecerao 0 que dls- se, Mas na proxima vez que abrirem a Biblia naquele {exlo pregedo, sem duvida terao uma compreensao mais Mas este tipo de pregacao que estamos defenden- do exige trabalho arduo. O pastor deve ser um exegeta fie! das Escrituras. Deve trabathar duro nos s ‘dos porque somente através deste trabalho arduo e em oracao, a “Biblia se abre” para nés, Como intérpretes devemos tratar o texto de forma fiel. E vergonhoso sa- ber que nés, que temos esta viséio da Biblia como de fato a Palavra de Deus, somos, algumas vezes, exegetas tao desleixados. Joao Calvino podia dizer do seu minis- is estu- Amém, Palestraproferida na Simpésio Os Puritanos em Recife/I998, O Dr Joseph Pipa & professor no Westminster Seminary = Calitrnia - LUA € Reitor do Seminssio Presbiteriino de Greenville, O Pastor puritano se gastava no estudo da Palavra, se gastava em todo o processo de pre- paragao e estudo Augustus Nicodemus Jomal Os PURITANOS A Importancia da Pregacao Refortmada _ por pao angaca A pregagéo, como uma forma als- tinta de comunicagao da vontade de Deus revelada na sua Palavra, esté em declni. Em muitas igrejas ela tem sido substtuida por um smiimero cada vez maior de atividades. Ir Para Pagina N° ieee Jomal OS PURITANOS pregagao, como uma forma distinta de comunicagdo da vontade de Deus reve Jada na sua Palavra, esté em declinio. Em muitas igrejas ela tem sido substitu- ida por um ntimero cada vez maior de atividades. H4 30 anos atras, o Dt. Martyn Llovd-Jones foi convidado a proferir uma série de conferéncias no Westminster Theological Seminary, na Filadeélfia, Nes- tas palestras, publicadas em 1971, com o titulo Pregagao & Pregadores, ele enfatizou que a pregacao a tarefa primordial da igreja e do ministro; e expli- cou que estava ressaltando isso, “por causa da tendéncia, hoje, de depreciar a pregagdo em prol de varias outras formas de atividade.”! A situagao ndo me- Ihorou. John J. Timmerman observou, quase vinte anos depois, que “em mui- tas igrejas, o sermao é uma ilha diminuindo cada vez mais em um mar turbu- lento de atividades.”* Muitas so as raz6es para o declinio contemporaneo da pregacao. O surgimento de novos meios de comunicacéo e de novas midias interativas; a averséo do homem pés-modemo pela verdade objetiva ou absoluta; a secula rizagao da sociedade; o afastamento do crstianismo das Escrituras; ¢ a propria corrupeao da pregacao, em muitos pulpitos degenerada em eloquéncia de pa- lavras, demonstragao de sabedoria humana, elucubragées metafisicas, meio de entretenimento, ou embromacéo pastoral dominical; certamente so algu- ‘mas delas.’ Uma das principais, entretanto, diz respeito a concepco moderna da pregacdo, muitas vezes encarada como atividade meramente humana pou- co relevante, e cuja eficdcia depende principalmente das habilidades naturais ‘ou capacidade do pregador. Todas estas tendéncias, influéncias e concepgées produriram resultados devastadores sobre a pregacdo nos meios evangélicos. Ela tornou-se como que um apéndice no culto publico; ¢ as conseqiiéncias, sem divida, tém se feito sentir na vida da igreja. Na perspectiva reformada, o declinio do lugar da pre gacao no evangelicalismo moderno é uma constatagao serissima. Se a teolog teformada com telacéo & pregacéo reflete o ensino biblico, entéo muito do estado presente da Igreja Crista, se explica como resultado desse declinio da_ pregacdo. Meu propésito com este artigo apresentar, resumidamente, algu- ‘mas evidéncias histéricas relacionadas & importancia da pregacao na {é refor- mada, Em virtude da elevada concepcao da pregacio como vox Dei, a fé refor- mada atribui a 0 publica da Palavra de Deus a maior importancia la a pregacdo é considerada como principal meio de gra- a, como a tarefa primordial da igreja e do ministro da Palavra, é tida como| [elemento central no culto, como marca genuina da verdadeira igreja, e 0 meio| Ipor exceléncia pelo qual é exercido o poder das chaves. PRINCIPAL MEIO DE GRACA Na teclogia reformada a pregacao ¢ um meio de graca. Ela ea ministracao dos sacramentos sao as ordenangas pelas quais 0 pacto da graga é administra- dona nova dispensacao? De fato, na concepcao reformada, a pregacao & o mais excelente meio Paula Anglada pelo qual a graca de Deus ¢ conferida aos homens, suplantando inclusive os sacramentos. Qs sacramentos 1ndo so indispensAveis; a pregacdo é. Os sacramentos nao tem sentido sem a pregagao da Palavra, sendo-Ihe subordinados.” Os sacramentos servern apenas para edificar a igreja; a preaacao, além disso, ¢ 0 meio por exceléncia pelo qual a fé é suscitada; é 0 poder de Deus ‘Data a salvacso* Os sacramentos seo como que apén- dices & pregacao do evangelho.” E assim que refor- madotes e puritanos interpretam as palavras de Paulo, em J Corintios 1.17: *Porque nao me enviou Cristo para tizar, mas para preqar o evangelho, Para Calvino, os sacramentos ndo tém sentido sem a pregacao do evan- gelho.” Quando a ministragéo dos sacramentos dissociada da pregacdo, eles tendem a ser considerados como praticas magicas.” A idéia puritana quanto & relevancia da pregagéo nao ¢ diferente. Lloyd-Jones observou que “os purita- os asseveravam também que o sermao é mais impor- tante que as ordenangas ou quaisquer ceriménias. Ale- gavam que ele é um ato de culto semelhante & eucaris- tia, e mais central no servigo da igreja. As ordenancas, diziam eles, selam a palavra pregada e, portanto, S80, subordinados a ela.”"* Comentando Efésios 4.11, Hodge explica 0 papel do pregador como canal da operacao do Espirito como segue: ‘Assim como no corpo humano ha cerlos canais por meio dos quais a influéncia vital lui da cabeca para 0s membros, os quais so necessétios sua comunica- <0; assim também ha certos meios divinamente desig- nados para a distribuicao do Espirito Santo de Cristo para os diversos membros do seu corpo. Que canais de influéncia divina séo estes, pelos quais a igreja é susten- tada ¢ impulsionada, sao claramente indicados no ver- 30 1, onde o apéstolo diz, “Cristo deu uns para apés- tolos, outros para profetas, outros para evangelistas, ‘outros para paslores e mestves, com vistas ao aperfeico- santos.” E, portanto, através do ministério. ue a influéncia divina flui de Cristo, o cabe- ‘para todos os membros do seu compo; de modo que onde o ministério falha, a influéncia divina falha. Isto nao significa que os minis- tros, na qualidade de ho- mens ou oficiais, sejam de tal modo canais do Espirito para os membros da igreja, ‘que sem a intervengéo mi- histerial deles, ninguém se toma participante do Espiti- to Santo. Significa, sim, que os ministros, na condigéo, de despenseiros da verdade, séo, portanto, os canais da comunicagao divina, Pelos dons da revelacao e inspira- <0, Cristo constituiu uns apéstolos e outros profetas, ara a comunicacao ¢ registro da sua verdade; e pela vocagao interna do seu Espirito, ele constitui outros evangelistas e outros pastores, com vistas & sua cons- tante proclamagao e persuaséo. E € somente (no que diz respeito aos adultos) em conexdo com a verdade, assim revelada e pregada, que o Espirito Santo é comu- nicado.!? Que gragas sao comunicadas por meio da prega- = 10 De fato, na concepgao reformada, a prega- ¢40 6 o mais excelente meio pelo qual a gra- a de Deus 6 conferida aos homens, suplan- tando inclusive os sacramentos. (80? A pregacdo é 0 meio pelo qual as pessoas adultas, € capazes so externamente chamadas para a salva- Go." Ea causa instrumental da fé e principal meio pelo qual a {é é aumentada e fortalecida, a igreja edificada, @ 0 Reino de Deus é promovido no mundo."® Pela pre- gacao da Palavra.a iateia ¢ ensinada, convencida, re- provada, exorlada e confortada."® A TAREFA PRIMORDIAL DA IGREJA E DO PRE- GADOR Na concepgao reformada, a pregagéo é a tarefa primordial da igreja e do ministro da Palavra."” Em suas mensagens e escritos, os reformadores condenam insis- tente e duramente 0 clero romano por negligenciar a pregacdo. Incapacitados para a tarefa, os sacerdotes catélicos delegavam a fungao a outros,'* e dedicavam- se aatividades secundérias, ou mesmo & ociosidade ¢ & luxtiria, A superficialidade e leviandade com que as pessoas participavam da missa era, para Lutero, culpa dos bispos e sacerdotes, que nao pregavam nem ensi- navam as pessoas a ouvir a pregacao.” Ele considera que: nao hé praga mais cruel da ira de Deus do que quando ele envia fome [escassez] de ouvir sua Palavra, como diz més [8.11s], como também nao existe mai- orgraca do que quando envia sua Palavra, conforme SI 107: “Enviou sua Palavta e os sarou, ¢ os livrou de ‘sua perdigo.” Também Cristo nao foi enviado para outre tarefa do que para [pregar] a Palavra; também o apostolado, o episcopado e toda ordem clerical para uta coisa nao foram chamados ¢ instituidos do que para o ministério da Palavra.20 Para Lutero, “...quem ndo prega a Palavra, para © que foi chamado pela igreja, nao ¢ sacerdote de ma- neita alguma.... quem néo € anjo [isto é, mensageito. Nota do tradutor] do Senhor dos Exércitos ou quem & chamado para outta coisa que para o angelato (por dizé- lo assim), certamente nao é sacerdote... Por isso tam- bem sao chamados de pastores, porque devem apas- centr, isto 6, ensinar...O minus do sacerdote é pre- gar... O mifistério da Palavra faz 0 sacerdote e 0 bis- po.” Calvino também con- dena repetidas vezes 0s sa- cerdotes e bispos por nao pregarem o evangelho. Co- mentando Atos 1.21-22. quando Barsabas e Matias so indicados para preen- cher a vaga de Judas no apostolado, como testemunha da ressurreigao de Cristo, Calvino conclui com isso que © ensino ¢ a pregacéo sao fungées essenciais do minis- trio A Forma de Governo Edlesidstico Presbiteriano relaciona, entre as atribuigdes do mi Polavra, juntamente com a oragdo ¢ a administracao dos sacra- mentos, “alimentar o rebanho, pela pregacao da Pala: via, de acordo com a qual deve ensinar, convencer, re provar, exortar e confortar.”=* Estes documentos presbiterianos simplesmente refletem a concepgao puritana. William Bradshaw, au- Jomal Os PURITANOS tor de uma das obras mais antigas sobre os puritanos, comenta que, para eles, “a mais elevado e supremo ofi- cig¢ autoridade do pastor ¢ pregar 0 evangelho, solene epublicamente a congregagao.”* Packer cita Owen para demonstrar que a pregacao era, para os puritans, “o principal dever de um pastor... De acordo com 0 exem- plo dos apéstolos, eles dever livrar-se de todo impedi- mento, a fim de que possam dedicar-se totalmente. Palavra e & oracéo.”** Jonathan Edwards considerava.a pregacao do evangelho o principal dever do ministro.”” Em uma carta, ele comentou: Devemos ser fidis em cada parte das nossas obras ministeriais, ¢ nos empe- har para magnificar nosso oficio. De maneira particu- lar, devernos atentar para a nossa pregacio, a fim de que ela seja ndo apenas sa, mas instrutiva, temperada, espiritual, muito estimulante e perscrutadora; bem per- tinente a época e tempos em que vivemos; labutando diligentemente para isso.2* Entre as passagens biblicas que fundamentam esta caracteristica da pregacao reformada, as seguintes po- dem ser mencionadas: Lucas 12.14 e Joao 6.14-15, com rtelagao a Jesus; Atos 6.1-7 e 1 Corintios 1.17, com rela- a0 aos apéstolos; 1 Timéteo 5.15, com relagdo aos evangelistas, precursores do ministétio permanente da pregacdo da Palavra; e Romanos 10.13-17 ¢2 Timéteo 4.1-4, com relagao aos ministros permanentes da Pala- O ELEMENTO CENTRAL NO CULTO No culto medieval, a pregagio era considerada, no maximo, como elemento preparatério para a ministracao e recepgao dos sacramentos, Na concep- go reformado-puritana, “a leitura das Escrituras, com santo temor; a sa pregagao da Palavra e a consciente atencaoa ela, em obediéncia a Deus, com entendimen- to, {6 e reveréncia...” so os principais elementos do culto a Deus na dispensacao da graca.® A Reforma res taurou a preqacao a sua posigao biblica, conferinde a ela a ceniralidade no culto publico.” Naantiga dispensacio, o elemento central do culto piiblico era o sacrificio, uma preaacéo simbélica, apan- tando para o sactificio de Cristo. Na nova dispensacao, havendo Cristo oferecido a si mesmo como 0 Cordeiro Pascal que tira 0 pecado do mundo, nao ha mais lugar para sactificios. A pregacdo da Palavra é a legftima subs- tituta do sacrificio como atividade central do culto na dispensacao da graca..O que o sacrificio proclamava de forma simbdlica e pictorica pa antiga dispensacao, deve ser agora anunciad de forma oral, pela leitura e preaa- a0 da Palavra, ‘Com o propésito de restaurar a igreja em Gene- bra ao modelo biblico, Calvino ¢ outros redigitam as Ordenancas Eclesiésticas, um manual de governo ecle- sidstico e de culto, De acordo com as Ordenangas, a pregagao da Palavra deveria ser 0 elemento essencial do culto public e a tarefa essencial e central do minis- ‘ério pastoral.” No seu prefacio aos sermaes de Calvino Jornal OS PURITANOS [Almportancia da Pregacio Reformada sobre 0 Salmo 119, Boice observa: “Quando a Refor- ma Protestante aconteceu no século XVI e as verdades da Biblia, que por longo tempo haviam sido obscureci- das pelas tradicdes da igreja medieval novamente tor- rnaram-se conhecidas, houve uma imediata elevacao das Escrituras nos cultos protestantes. Joao Calvino, em particular, pds isto em pratica de modo pleno, ordenan- do que os altares (ha muito 0 centro da missa latina) fossem removidos das igrejas e que o pulpito com uma Biblia aberta sobre ele fosse colocado no centro do pré- dio" Lutero também “ considerava a pregagao como a parte central do culto pu- Devemos ser fiéis em cada parte das nossas_biico e colocava a pregagio obras ministeriais, e nos empenhar para da Palavra até mesmo aci- magnificar nosso oficio. ma da sua leitura.”** Timo- thy George descreve assim a contribuigao de Lutero para a pregacao: Lutero recuperou a doutrina paulina da procla- magéo: a f@ vem pelo ouvir, o ouvir pela palavra de Deus... (Rm 10.17). Lutero nao inventou a pregacao masa elevou a um novo status dentro do culto cristéo. O sermao era a melhor e mais necessaria parte da mis- sa, Lutero investiu-o de uma qualidade quase sacramen- cornando-o 0 niicleo da liturgia... O culto protestan- te centrava-se ao redor do pilpito e da Biblia aberta, com 0 pregador encarando a congregagéo, e néo em volta de um altar com o sacerdote realizando um ritual semi-secreto. O oficio da pregacéo era téo importante que até mesmo os membros banidos da igreja nao de- viam ser exclufdos de seus beneficios.* Quanto aos puritanos, eles “anelavam ver a pre- gacdo da Palavra de Deus tornar-se central no culto.”"® O culto puritano culminava no sermao. Ryken observa que “os puritanos fizeram da leitura e exposicao das Escrituras 0 evento principal no culto.” A pratica purita- nna da “profetizacao” (prophesying), um tipo de escola de profetas em que ministros pregavam um apés 0 ou- tro, com vistas ao treinamento de pregadores menos experientes,” “contribuiu mais do que qualquer outro meio para promover e estabelecer a nova religiao na Inglaterra” na época.” A MARCA ESSENCIAL DA VERDADEIRA IGREJA Porquanto na pregacao Cristo fala e se faz pre sente, governando e ensinando a igreja, a fé reformada € unanime em considerar que a pregagao da Palavra é uma das marcas da verdadeira igreja. Diversos simbo- los de {6 reformados, entre os quais a Confissao Belga (artigo 29), a Confissao Escocesa de 1560 (artigo 18), a Confissao da lgreja Inglesa em Genebra de 1556 (arti- os 26-28), Confissio de Fé Francesa de 1559, ¢ a Se- gunda Confiss4o Helvética de 1566 (capitulo 17), pro- fessam que a “pregacdo pura do evangelho,” a “verda- deira pregacao da Palavra de Deus,” é uma das marcas pelas quais a verdadeira igreja de Cristo pode ser reco- nnhecida neste mundo. Lutero escreveu que “unicamen- te Crisio € 0 cabeca da cristandade. Ele age através do cevangelho pregado, do Batismo e da Ceia do Senhor, Paulo Anglada ‘5 quais, portanto, sao também os sitiais pelos quais a verdadeira igreja se identifica.”** Para Calvino, Satands tenta destruir a igreja fazendo desaparecer 2 pregacao pura.” Conseqiientemente, “... os sinais pelos quais a igreja ¢ reconhecida sao a pregagao da Palavia e a ob- servancia dos sacramentos, pois estes, onde quer que exisiam, produzem fruto e prosperam pela béngdo de Deus. Eu nao estou dizendo que onde quer que a Pala- va seja pregada os frutos imediatamente aparecam; mas que onde quer que seja recebida e habite por algum tempo, ela sempre manifesta sua eficdcia, Mas isto, quan- do a pregagao do evangelho é ouvida com reveréncia, @ 05 sacramentos nao sao negligenciados...” * De fato, entreas trés marcas da verdadeira ioeia, geralmente reconhecidas (a pregacéo, a ministracao dos. sactamentos ¢ 0 io da disciplina), a pregacdo é porque inclu da Palava, vés da pregacao ver , que 05 eleitos sao congreaados e edificados. Berkhof, por exemplo, afitma que,, estritamente falando, pode-se dizer que.a preaacdo verdadeira da Palavra e seu reconhecimento ‘como o modelo da doutrina e da vida é a dnica marca da igeja, Sem ela nao ha igreja, ¢ ela determina a reia administracao dos sactamentos eo exercicio fiel da dis- ciplina eclesiastica,"* Herman Hoeksema, outro tedlogo reformado, escreveu: "...podemos dizer que a tinica marca impor tante distintiva da verdadeira igreja é a pura pregacao da Palavra de Deus. Onde a Palavra de Deus pregada € ouvida, af esté a igteja de Deus. Onde esta Palavra nao ¢ pregada, af a igreja nao esté presente. E aonde esta Palavra é adulterada, a igreja deve arrepender-se oumorrerd."® O MEIO PELO QUAL £ EXERCIDO 0 PO- DER DAS CHAVES Na fé reformada,o poder das me do. us 16.19 e 18.18, 6 ordinariamente confer: do aos ministros, sendo exercido pela pregacdo. A pie- aco liga e desliga pessoas do reino de Deus, abrindo efechando as portas do céu Calvino, por.exemplo, ensina que o poder das cha- ves esté unido a Palavra.e 6 exercido pela preaacao do ‘evangelho. Ci ‘e-desligar que Cristo.conferiu a sua iareia esta ligada & Palavra, Isto é especialmente verdade com relagao a ministério das chaves, cujo poder consiste nisso: que a graga do evangelho é publica e privadamente selada na mente dos crentes por meio daqueles que Deus comissionou; e o tinico método pelo qual isto pode ser feito ¢ pela pregacao.”® O perdao dos pecados “nos é dispensado pelos ministros e pastores da igreja, seja na pregacao do evangelho ou na administracao dos sacra- mentos, e nisto é especialmente manifestado o poder das chaves.”* Para ele, “...0 poder das chaves ¢ sim- plesmente a pregacao do evangelho naqueles lugares, ¢ no que dia respeito ao homem, nao ¢ tanto poder como 5 12 ministério. Propriamente falando, Cristo ndo dé seu poder a homens mas a sua Palavra, da qual ele fez de homens, ministros.”* ‘A Confissio de Fé de Westminster reflete a inter- pretacio dos reformadores, ao afirmar que “pelo minis- tétio do evangelho* o Reino de Deus é aberto aos pe- cadores penitentes."*? Esta interpretacdo é, de mado getal, aceita pelos tedlogos reformados modernos.** CONCLUSAO Em muitos citculos evangélicos contemporaneos, o surgimento de novos meios de comunicacéo, a avey- sa-.do homem moderno por verdades obietivas, a se- cularizagao da sociedade, o afastamento do cristianis- mo das Escrituras, 0 préprio deciinio da pregacéo, e, especialmente.a concepgao moderna da pregagao como una alividade meramente humana tém resu evidente depreciacdo da preaacia. Outras atividades tém tomado o seu lugar no culto, e a pregacao tém sido relegada a um plano secundatio no culto e na vida da igreja. A tradicao reformada, entretanto, atribui grande importancia a pregacao. Na tgologia reformada, a pre- gacao ¢ imprescindivel. £ o principal meio de graca, a tarefa primordial da igreja e do ministro, o principal ele- menio de culto na dispensacao da graca, constitui-se marca essencial da verdadeira igreja, e meio pelo qual ‘uwino de Deus ¢ aberto ou fechado aos necadores, A redescoberta da importancia da pregacao por parte das igrejas herdeiras da Reforma no Brasil, por certo pro- moveria, como nenhum outro instrumento, o reino ¢ a gloria de Deus em nosso pais. Que assim seja. © autor & minsto da lgreja Presbiteriana Central do Pard, professor slo Grego e Hermendutica no Seminsrio Teoldgico Batista Equator all e presidente da Associacio Reformada Palasra da Verdade, 3 fcle Belém. E mestre em Teologia pela Potchetsroom University for Chvistian Higher Education e doutorando em Ministério 90 Westminster Theological Seminary in California. Este artigo cde um dos expitulos da dissertagio de Doutorado em Ministerio, {que esta sendo elaborada pelo autor, com o tema: "Heemenéutica € Pregacio; Manual de Heemenéutica Reformada para Progadores,” no Westminster Theological Seminary in California, 1D, Marlyn Lloyd-Jones, Preaching and Preachers (1971 reimpressao, Londres: Hodder and Stoughton, 1985), 26, 2 John J. Timmerman, Through a Giess Lightly (Grand Rapids: Eordmans, 1987). Cltado em Davie J. Engelsma, “Preaching in Worship: Voice of Ged, Voice of Christ (1,” The Standard Boaror 74/8 (1998). hiip:iwww. prea.org/standard_bearer/1998 Jant5.htmlsPreachinginWorship. Internet; acessado em 05/09! 98. Ver também Paul Helm, "Preaching and Grace," The Banner of Truth 117 (si), 8 3 No livro Pregagao @ Pregadores, Llaydiones menciona algut -mas_raz605 hem particulares para a presente depraciacao da ‘RLEGRGKO, que também merecem ser consideradas, entre as quals:o “pulpitaros." os profissionais do puipito da saculo pageadoe do inicio deste edeulo, 0s quais davam valor exagorado aLloimae 20 esfilo elahorado do seumao-a éofase modesma ein aconselhamento pessoal (hoje degenerada em clnicas pasta: Jomal Os PURITANOS tals. de aconsethamento psicoligico| e 0 ritualsmo, que enfatiza formas elaboradas de culo, atribuindo-thes certa conotacao rel diosa (vor Lloyd-Jones, Preaching and Preachers, 16-18 @ 36- 40). 4 Acerca deste assunto, ver Paulo R. B. Anglada, “Vox Del; A Teologia Retormada da Progagéo,” Fides Reformata, IV-1(anei- ro-unho de 1999): 147-50, 5 Catecismo Maior de Westminster, resposta 35. Ver também Confissdo de Fe de Westminster, 7:6. 6 Jamos | Packer, ‘Mouthpiece for God; Preaching and the Bible,” fom Truth & Power: The Pizee of Scripture in the Christan Life (Wheaton, llinois: Harold Shaw Publishers, 1996), 158. 7 Ver, Martinho Lutero, "Um Serméo @ respeito do Novo Test: mento, Isto E, a respeito da Santa Missa,” om Martinho Lutoro: ‘Obras Selacionadas, vol. 2, O Programa da Reforma: Escitos de 1520 (S2o Leopoldo: Editora Sinodal e Porto Alegre: Concor- dia Editora, 1989), 271 8 Ver Institutes 4.14.14 @ 4.17.99; Pere Ch, Marcel, El Bautismo: Sacramento del Pacto de Gracia (Rijswiik: Fundacion Editorial de Literatura Reformada, 1968), $558; ¢ “The Directory for the Publick Worship of God.” 878, 8 Insttuias 4.16.28, 10 Wid, 4.145. 11 John Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, trad Christopher Fetherstone, ed. Henry Beveridge (Albany, Oregon: ‘Ages, 1998), 963. 12 Lloyd-Jones, “A Pregagéo," em Os Puritanos: Suas Origens @ Sous Sucessoros, trad. Odayr Olivet (Sao Paulo: Pubiicacoos Evangélicas Selecionadas, 1981), 985. Whitefield também men: ciona a pregagéo como meio de graga (ver George Whiteied, Sermon 32: A Penitent Heart; The Best Now Year's Git" em George Whitefield 58 Sermons (Albany, Oregon: Ages, 1997). 405, 1 Charles Hodge, An Expostion of Ephesians (Albany, Oregon: ‘Ages, 1997), 167-68, 14 Contissao de Fé de Westminster, 10:3. 18 Ver Contissio de Fé de Westminster, 14:1 © 25:3, ¢ "The Form of Presbyteriat Church Government" (Forma de Governo Eclasiastico Prosbiteriano), em Westminster Confossion of Faltn (Glasgow: Froe Presbyterian Publication, 1994), section 1. 16 "The Form of Presbyterial Church Government,” section 3 17 James |. Packer, A Quest for Godliness: The Puritan Vision of the Christian Life (Wheaton, linois: Crossway Books, 1990), 281 18 Especialmente a pregadoresitinerantes, como os Dominicanos « Franciscanos, 19 Martinno Lutero, ‘Das Boas Obras,” em Martinho Lutero: Obras, Solecionadas, vol. 2, 0 Programa da Refoima: Escitos de 1520, (Gao Leopoldo Edtora Sinodal e Porto Alegre: Concdrdia Edit: 1a, 1989), 97, 20 Martinno Lutero, “Tratado de Martinho Lutero sobre a Liberds do Crista," em Martinho Lutero: Obras Selecionadas, vol. 2, 0 Programa da Reforma: Escitos de 1520 (Sto Leopoldo: Editora, ‘Sinodal e Porto Alegre: Coneéraia Editra, 1988), 438. 21 Lutero, "Do Cativeiro Babilénico da Igreia," 415-16 22 lastitutas 45,13, 23 John Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, 52. 24 Segdo 3. Ver também “The Directory for the Publick Worship, of God 379. 25 Citade am Lloya-vanes, “A Pregagéo,” 382 26 A Quest for Godliness, 282 Jornal OS PURITANOS ‘Almportincia da Pregagae Reformada 27 Ver Sereno E, Dwight, “Memoirs of Jonathan Edwards,” em ‘The Works of Jonathan Edwards, vol. 1 (Albany, Oregon: Ages, 1097), 86. £28 Dwight, “Memoirs of Jonathan Edwards,” 293, 29 Conlissao de Fé de Westminster, 21:5, 30 Ver Fickenscher Il, “The Contribution of the Reformation to Preaching,” Concordia Theological Quarterly 58/4 [1994], 263- 64, ‘81.J. H. Merle c'Aubigne, History of the Reformation inthe Time (of Calvin, vo. 7 (Albany, Oregon: Ages, 1998), 82. 32 James Montgomery Boice,prefacio a Sermons on Psalm 119, by John Calvin (Albany, Oregon: Ages, 1998), 7 {88 Clyde E. Fant, Jr and Wiliam M. Pinson, Jr, 20 Centuries of Groat Proaching: An Encyclopedia of Proaching; val. 2 (Waco, Texas: Word Books, 1971), 9 34 Timothy George, Teologia dos Reformadores, trad. Gérson Dudus e Veléria Fontana (Sao Paulo: Vida Nova, 1994), 91-02 35 R. T. Kendal, "Puritans in the Pulpit and ‘Such as run to hear Preaching,” Westminster/Puritan Conference (1990), 87 36 LioydJones, “A Pregagao,” 138-139 87 Kendal, “Pusilans in the Pulpit” 87. 38 Martinho Luteto, “A Respeito do Papado em Roma contra 0 Colebérrimo Romanista de Leipzig,” om Martinho Lutero: Obras. Selecionadas, vo. 2,0 Programa da Refonna: Esciltos de 1520 (Sao Leopoldo: Euitora Sinodal e Porto Alegre: Concérdia Eclito ra, 1989), 199 99 Instiutas 4.1.11 40 foi., 4.1.10. Ver também John Calvin, *Pratatory Address,” fom Institutes of the Chistian Palgion, (Albany, Oregon: Ages, 1996), 27. 41 Louis Berkhot, Toologia Sistematica, 3 ed. espanhola (reviea da), trad. Felipe Delgado Coxtés (Grand Rapids: TELL, 1976), 589 42 Horman Hooksma, Reformed Dogmatics (Grand Rapids: Reformed Free Publishing Association, 4a reimpresséo, 1985), 6620. Q autor explica a raz8o dessa primazia na pagina seguinte 43 Instituias 3.4.14 44 Ibid, 4.1.22. 45 Ibid, 4.11.1. Cf 46.4 46 Isto 6, "da progagao do Evangelho.” 47 Conlissdo Uo Fé de Westminster, 30:2 48 Como John Richard De Witt, “The Character of Reformed Preaching,” The Banner of Trah 176 (aid) 17; Berkhot, Teologia Sistematica, 690, 709-713; @ outros. A Palavra de Deus, a Biblia, aquece 0 coragao porque tem em si o calor do Espirito Santo para encher 0 coragao de ale- gria e gozo celestiais e, portan- to, 6 poderosa para transformar os homens Richard Tibbes

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