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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAPÁ

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS


GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL
LEGISLAÇÃO E ÉTICA

DIEGO SERRA DIAS MONTEIRO


JOÃO VITOR BARBOSA GALVÃO

SEGUNDA AVALIAÇÃO PARCIAL DE LEGISLAÇÃO E ÉTICA

MACAPÁ-AP
2023
DIEGO SERRA DIAS MONTEIRO

JOÃO VITOR BARBOSA GALVÃO

SEGUNDA AVALIAÇÃO PARCIAL DE LEGISLAÇÃO E ÉTICA

Trabalho apresentado à disciplina de Legislação


e Ética, do curso de Engenharia Civil da
Universidade Federal do Amapá – Campus
Marco Zero, como requisito para obtenção de
nota da Avaliação Parcial 2.

Orientador: Prof.(a) Me. Luiz Henrique Rambo

MACAPÁ - AP
2023
Sumário
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
2. PROBLEMAS DE ACESSIBILIDADE NA CIDADE: ANÁLISE E SOLUÇÃO ......... 5
2.1. CASO 1: DESNÍVEL NO PASSEIO ................................................................. 5
2.2. CASO 2: ESQUINA DESGASTADA ............................................................... 7
2.3. CASO 3 ........................................................................................................... 10
2.4. CASO 4: POSTE NO CAMINHO DO PISO TÁTIL ....................................... 11
3. CONCLUSÃO ............................................................................................................ 15
4. REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 16
1. INTRODUÇÃO

No cenário contemporâneo, a acessibilidade urbana emerge como um elemento


crucial para a construção de cidades inclusivas e igualitárias. O acesso irrestrito aos espaços
públicos é um direito fundamental, e as calçadas desempenham um papel vital nesse contexto.
Nesse contexto várias normas (como a NBR 9050 e os códigos de obras dos municípios)
foram desenvolvidas com o objetivo de garantir, com qualidade e segurança, o direito de ir e
vir de todos os cidadãos brasileiros, porém em virtude da falta de gestão da infraestrutura
urbana, muito do que foi estabelecido não está sendo aplicado.
Este trabalho visa analisar os problemas relacionadas a acessibilidade nos passeios
da cidade de Macapá, levantando as irregularidades em relação as normas vigentes. Serão
apresentados alguns casos pontuais, mas que retratam situações muito comuns de serem
visualizadas no município, cujos entraves forçam os pedestres a trafegarem pelos bordos das
ruas, sendo um risco a suas vidas. Não somente isso, serão propostas possíveis soluções para
enfrentar essas problemáticas, em conformidade com as normativas vigentes.

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2. PROBLEMAS DE ACESSIBILIDADE NA CIDADE: ANÁLISE E SOLUÇÃO

A Atual situação das calçadas em Macapá é resultado direto da sua falta de


padronização e manutenção, sendo os donos dos lotes adjacentes ao trecho da calçada os
responsáveis por executá-la e geri-la, conforme o Artigo 132 do Código de obras de Macapá
(2004, p. 34), “compete ao titular da propriedade ou posse a construção, reconstrução e
recuperação dos passeios em toda a extensão das testadas dos terrenos, edificados ou não.”
Somado isso a falta de comprometimento do município em pressionar a construção e
manutenção e fornecer aos moradores um projeto padrão de calçadas, os donos dos lotes
adjacentes as executa dentro do seu interesse, sem se importar com as diretrizes impostas
pelas normas as quais desconhecem, acarretando os problemas abaixo:

2.1. CASO 1: DESNÍVEL NO PASSEIO

O primeiro caso, demonstrado na Foto 1, apresenta uma calçada com um grande


desnível, resultado da não conformidade com a declividade local da via, além de uma parede,
que impede a passagem de qualquer pedestre, e a uma canaleta sem nenhuma proteção, sendo
ela um perigo aos usuários do passeio.
Foto 1: Grande desnível e parede na calçada

Fonte: Acervo pessoal

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Localização: Av. Mendonça Júnior, 960 - Central, Macapá - AP, CEP: 68900-020
Figura 1: Localização do caso 1

Fonte: Google Maps, 2023

Inicialmente, para ser resolvido a questão dos grandes desníveis observados, deve ser
obedecido o item 6.12.2 da NBR 9050/2020, na qual prescreve a necessidade dos passeios
respeitarem a declividade do greide da pista de rolamento. Essa medida pode resolver por
completo tais rebaixamentos como também podem amenizá-los a níveis aceitáveis descritos
pela norma, especificamente no item 6.4.1. Além disso, é necessário a demolição da parede
visando remover qualquer obstáculo no passeio.
Figura 2: Tratamento de desníveis

Fonte: NBR 9050 (2020, p. 53)

Uma outra questão a ser destacada é a valeta desprotegida. A NBR 9050/2020


recomenda em seu item 6.3.5:
Em rotas acessíveis, as grelhas e juntas de dilatação devem estar fora do fluxo
principal de circulação. Quando não possível tecnicamente, os vãos devem ter
dimensão máxima de 15 mm, devem ser instalados perpendicularmente ao fluxo
principal ou ter vãos de formato quadriculado/circular, quando houver fluxos em
mais de um sentido de circulação.

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Por fim, como uma última alternativa, poderia se aproveitar da situação da total falta
de uniformidade para reconstruir uma nova calçada que obedeça às padronizações presentes
na NBR 9050/2020 em seu item 6.12.3, na qual especifica inclinações e larguras das
chamadas faixas de serviço, livre e de acesso, podendo também construir um sistema de
drenagem urbana mais adequado.
Figura 3: Faixas de uso de uma calçada.

Fonte: ABNT NBR 9050 (2020, pag. 75).

2.2. CASO 2: ESQUINA DESGASTADA

Nesse caso (Foto 2) é perceptível outra situação muito comum na cidade de Macapá,
desgastadas nas calçadas. A presença de uma grande cobertura vegetal indica que muito do
revestimento cimentado encontra-se destruído, o que facilitaria a implantação futura de um
novo layout aos passeios. Outra situação a ser considerada é a não existência de
rebaixamentos das calçadas e do piso tátil, elementos básicos que deveriam ser presentes.

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Foto 2: Esquina desgastada

Fonte: Acervo pessoal

Localização: R. Odilardo Silva, 3265 - Julião Ramos, Macapá - AP, 68901-017


Figura 4: Localização do caso 2

Fonte: Google Maps, 2023

Apresentado todas essas situações, seria necessário reconstruir uma nova calçada nos
moldes da Figura 3, respeitando os espaçamentos disponíveis in loco. Os pisos táteis devem
ser instalados seguindo as recomendações presentes na NBR 16537/2016, enquanto os
rebaixamentos da calçada, o item 6.12.7.3 da NBR 9050/2020, na qual descreve
suscintamente as inclinações e dimensões específicas desses elementos do passeio público.

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Vale ser destacado que o tipo de rebaixamento irá depender do layout e das dimensões da
calçada, como pode ser visto abaixo:
Figura 5: Rebaixamento de calçada

Fonte: ABNT NBR 9050 (2020, pag. 78).

Figura 6: Rebaixamento de calçada entre canteiros

Fonte: ABNT NBR 9050 (2020, pag. 79).

Figura 7: Rebaixamento de calçadas estreitas

Fonte: ABNT NBR 9050 (2020, pag. 80).

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2.3. CASO 3

O caso 3 (Foto 3) apresenta um caso muito comum de má aplicação de


acessibilidade. Na foto é possível ver a descontinuidade do piso tátil ao ocorrer a transição de
calçadas, devido a mudança de propriedade do terreno e da sua respectiva calçada. Outro
ponto a se observar é que no fim da calçada existe um desnível considerável e a rota acessível
em nenhum momento sinaliza com piso tátil de alerta esse desnível.
Foto 3: Caso 3

Fonte: Acervo pessoal

Localização: Rua Odilardo Silva, 3095 - Julião Ramos, Macapá - AP, 68901-017
Figura 8: Localização do caso 3.

Fonte: Google Maps, 2023

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Como já mostrado em casos anteriores, a falta de padronização nas calçadas de
passeio se dá devido ao código de obras de Macapá conceder a competência da manutenção
das mesmas aos proprietários dos lotes. No caso em questão, a solução proposta seria a de
readequar a calçada com o nível abaixo para atingir a mesma cota da calçada com
acessibilidade. Isso garantiria que percurso acessível permaneça livre de qualquer desnível,
em conformidade com a NBR 9050/2020, que estabelece que "Desníveis de qualquer natureza
devem ser evitados em rotas acessíveis".
Em caso da inviabilidade de elevar a cota da calçada, é possível considerar o desnível
como um degrau, pois conforme afirma a NBR 9050/2020 “Desníveis superiores a 20 mm,
quando inevitáveis, devem ser considerados como degraus”. Sendo assim, antes da mudança
de calçada seria adequado pisos táteis de alerta para sinalizar a mudança de nível e,
simultaneamente, instalar pisos táteis na calçada de cota menor para a continuidade da rota
acessível.

2.4. CASO 4: POSTE NO CAMINHO DO PISO TÁTIL

Na situação apresentada na Foto 4, a calçada de passeio apresenta obstáculos na rota


acessível e a disposição dos pisos táteis estão em não conformidade com as normas. A
primeira inadequação está na divisão inadequada das faixas de uso de uma calçada, pois, de
acordo com a NBR 9050/2020, ela deve ser dividida em faixa de serviço, faixa livre e faixa de
acesso como apresentado na Figura 3: Faixas de uso de uma calçada..

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Foto 4: Poste no caminho do piso tátil.

Fonte: Acervo pessoal

Localização: Rua Vinte e Nove de Julho, 1640 - Novo Buritizal. CEP: 68.904-600.
Figura 9: Localização do caso 4.

Fonte: Google Maps, 2023

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No caso real, o poste de concreto deveria estar localizado em sua faixa de serviço,
entretanto essa faixa não existe e sua instalação está localizado no meio da faixa livre. A
segunda inconformidade evidente é a obstrução da rota acessível pelo poste de concreto e a
disposição dos pisos táteis não estarem de acordo com o que a NBR 16537/2016 propõe. As
10 e 11 ilustram de maneira clara a maneira correta de contornar obstáculos em uma rota
acessível, destacando a necessidade de empregar pisos táteis de alerta a uma distância mínima
de 60cm, aspecto que não está sendo observado na situação em questão.
Figura 10: Rota acessível com obstáculos.

Fonte: ABNT NBR 16537, 2016.

Figura 11: Rota acessível para objetos em balanço.

Fonte: Manual de acessibilidade - Prefeitura de Florianópolis. Disponível em:


https://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/26_12_2011_17.31.26.f930687d1baa0226e641b934b6fa8d6c.
pdf

Considerando que as calçadas em questão foram construídas pela prefeitura, sugere-se,


como meio de resolver essa inconformidade, a realocação do poste para uma nova faixa de

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serviço que atenda às larguras mínimas estabelecidas pelas normas. Caso a readequação das
faixas de uso não seja viável, é recomendável que a disposição dos pisos táteis seja ajustada
de acordo com as normas aplicáveis, assegurando assim o correto contorno de obstáculos.

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3. CONCLUSÃO

Após analisar quatro casos de falta de acessibilidade em Macapá, fica evidente a


necessidade de intervenções. A identificação de problemas como descontinuidade de piso
tátil, ausência de calçadas e desníveis elevados destacam a importância de tornar os ambientes
urbanos mais inclusivos. O contato com Normas Técnicas proporcionou um embasamento
técnico essencial para a compreensão das diretrizes necessárias à promoção da acessibilidade.
A consulta ao Código de Obras de Macapá evidenciou a importância de considerar a
responsabilidade dos proprietários de lotes na manutenção das calçadas.
Portanto, os resultados indicam a importância de implementar práticas que estejam
de acordo com as normas técnicas, visando à acessibilidade como um direito fundamental. A
superação desses desafios exige esforços coordenados do poder público, proprietários dos
lotes e a comunidade em geral.

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4. REFERÊNCIAS

Av. Mendonça Júnior, 960 - Central · Av. Mendonça Júnior, 960 - Central, Macapá -
AP, 68900-020, Brazil. Disponível em: https://maps.app.goo.gl/2b6ZvkHk6UngWhNF7.
Acesso em: 20 dez. 2023.

Rua Vinte e Nove de Julho, 1640 - Novo Buritizal · Rua Vinte e Nove de Julho, 1640 -
Novo Buritizal, Macapá - AP, 68904-600, Brazil. Disponível em:
https://maps.app.goo.gl/o3yKWxVBzkDnrsuY8. Acesso em: 20 dez. 2023.

0°01’22.2"N 51°03’32.5"W. Disponível em: https://maps.app.goo.gl/MttwiK7eo3oYDiP27.


Acesso em: 21 dez. 2023.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9050:


Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2020. Rio de
Janeiro, 2020.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 16537:


Acessibilidade - Sinalização tátil no piso - Diretrizes para elaboração de projetos e instalação.
2016. Rio de Janeiro, 2016.

PMM. Lei Complementar nº 031/2004, de 24 de junho de 2004. CÓDIGO DE OBRAS E


INSTALAÇÕES DO MUNICÍPIO DE MACAPÁ. [S. l.], 24 jun. 2004.

https://www.pmf.sc.gov.br/arquivos/arquivos/pdf/26_12_2011_17.31.26.f930687d1baa0226e
641b934b6fa8d6c.pdf

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