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UNIVERSIDADE REGIONAL INTEGRADA DO ALTO URUGUAI E DAS MISSÕES

CAMPUS DE FREDERICO WESTPHALEN


ÁREA DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE FISIOTERAPIA
PROFA. ME. CAROLINE HELENA LAZZAROTTO DE LIMA
FISIOTERAPIA NAS DISFUNÇÕES MUSCULOESQUELÉTICAS I A

FIBROMIALGIA
Acadêmicas:
Bibiana Pertuzzati
Camile Cauduro
O que é?

• Fibromialgia é uma síndrome dolorosa crônica de etiopatogenia multifatorial complexa, não totalmente
conhecida, caracterizada como uma condição de dor crônica musculoesquelética generalizada, hiperalgesia, com
impacto substancial no estado de saúde, na qualidade de vida e nas atividades sociais. É caracterizada por
dores musculoesqueléticas espalhadas e sítios dolorosos específicos à palpação – tender points, associados
frequentemente a distúrbios do sono, fadiga, sintomas somáticos e cognitivos e distúrbios psíquicos.
(MARQUES; et al, 2015, p.02).

• A prevalência desta doença varia entre 0,2 e 6,6% na população em geral, sendo preferencialmente mulheres e
é observada maioritariamente com idades compreendidas entre os 20 e os 50 anos (MARQUES; et al., 2017).
Fisiopatologia
• O avanço da compreensão dos aspectos biopsicossociais da dor crônica e dos sintomas concomitantes da
fibromialgia sugere a participação de fatores genéticos, do processamento sensorial, especialmente da dor, e do
gerenciamento do estresse.(MARQUES; et al, 2015, p.08)

• Condições de dor crônica, como a fibromialgia, têm componentes de alterações do processamento da dor tanto
pelo sistema nervoso central como pelo fator periférico. O componente do sistema nervoso central está
relacionado com uma transmissão exacerbada da dor, que pode ter sido desencadeada inicialmente por um fator
periférico (uma lesão ou um processo inflamatório regional ou generalizado, como na osteoartrite e artrite
reumatóide).(MARQUES; et al, 2015, p.08)
Fisiopatologia
• A fibromialgia possui um envolvimento principalmente do componente do sistema nervoso central. As pesquisas
recentes apontam para um distúrbio no processamento dos estímulos sensoriais pelo sistema nervoso,
ocasionando hipersensibilidade especialmente dolorosa, mas também auditiva, olfativa etc. Os achados mais
consistentes referem-se a neurotransmissores relacionados à dor, tanto inibitórios como excitatórios.
(MARQUES; et al, 2015, p.08)

• Fatores de risco descritos por Wolfe são: depressão (hospitalização, tratamento presente ou atual, história
familiar), níveis elevados de somatização e ansiedade, sensação de derrame articular, parestesia, rigidez
matinal, alteração do sono, fadiga, cólon irritável, má percepção e insatisfação com o estado de saúde.
Etiologia
Etiologia
• Fatores ambientais: incluem trauma físico ou emocional, infecções prévias, estresse crônico, exposição a
toxinas e alterações hormonais.

• Fatores genéticos: polimorfismos em genes relacionados a neurotransmissores e outros componentes que


participam dessa via, agindo na modulação da dor como serotonina, norepinefrina, dopamina, entre outros, são
frequentemente encontrados em estudos de associação genética com a FM. Porém, outros genes-alvo têm
surgido, relacionados às vias responsáveis pelos mecanismos dos mais diversos sintomas que podem acometer
esses pacientes, como inflamação, vascularização, estresse oxidativo, ciclo celular, entre outros.
Sinais

• Dor e sensibilidade ao toque.


Sintomas
• Além das queixas dolorosas, vários outros sintomas
estão presentes envolvendo estruturas não
pertencentes ao aparelho locomotor, entre eles estão:

alterações do sono

Cefaleia

parestesia em membros

fadiga

queixas gastrintestinais e geniturinárias.


Avaliação
● A avaliação tem início com a história clínica ou anamnese e deve englobar os diferentes aspectos do
cotidiano do paciente: dor nas diferentes horas do dia, hábitos de vida, fatores do dia a dia que levam à
piora, melhora ou alívio da dor, locais de dor em ordem decrescente de intensidade ou incômodo,
trabalho etc.

● Além disso, deve-se ter atenção aos medicamentos em uso, outros diagnósticos médicos associados,
cirurgias prévias e algum evento que levou ao surgimento da dor, pois muitas vezes os pacientes
omitem dados importantes que podem surgir ao longo do processo de avaliação ou ser agregados ao
longo do tratamento.
Avaliação
Avaliação
● Em 2010, o Colégio Americano de Reumatologia (ACR) propôs critérios alternativos, que contemplam
outros sintomas relevantes na síndrome além da dor e, não necessitam do exame de tender points. Os
novos critérios de diagnóstico para fibromialgia do ACR consideram dois aspectos: Índice de Dor
Generalizada (IDG) e Severidade dos Sintomas (SS). No IDG, soma-se o número de áreas em que o
paciente refere dor na última semana, resultando em um escore que pode variar entre 0 e 19 pontos.

● A análise da SS é feita pela soma da gravidade dos três sintomas (fadiga, acordar cansado e sintomas
cognitivos) com o valor correspondente ao número de sintomas somáticos presentes, resultando em
um escore entre 0 e 12 pontos.
Avaliação
● A avaliação fisioterapêutica
envolve elementos propostos pelo
guia para a prática fisioterapêutica
(exame, avaliação, diagnóstico,
prognóstico e intervenção e
resultados) proposta pelo Physical
Therapy (2001):
Avaliação
Roteiro para avaliação dos TENDER POINTS
● Dolorimetria: forma utilizada para avaliar o limiar de dor dos tender points;

●O dolorímetro é um aparelho que avalia o limiar de sensibilidade dolorosa à pressão, possuindo uma

extremidade que é pressionada de forma perpendicular à superfície da pele e um manômetro que registra
essa pressão.
Roteiro para avaliação dos TENDER POINTS
Roteiro para avaliação dos TENDER POINTS
Tratamento
Medicamentoso

● Uso de analgésicos comuns, como paracetamol ou medicamentos anti-inflamatórios não


esteroides, não é efetivo no tratamento de sensibilização central, mas esses medicamentos
possuem importante papel no manuseio de alguns geradores de dor periférica, como na
osteoartrite, em bursites, degeneração discal e artrites inflamatórias, entre outros casos em que
seu uso deve ser indicado;

● Antidepressivos, relaxantes musculares, anticonvulsivantes, entre outros.


Tratamento Fisioterapêutico
● Os exercícios terapêuticos têm sido descritos como um
dos principais recursos para manejo da fibromialgia, com
fortes evidências científicas de melhora na dor, sintomas e
qualidade de vida. pacientes com fibromialgia tratados
com exercícios de alongamento e de fortalecimento
muscular mostram resultados positivos como melhora da
intensidade da dor e qualidade de vida.
Tratamento Fisioterapêutico
● Uma revisão Cochrane (BIDONDE, et al., 2017) mostraram que o exercício aeróbico pode
melhorar a qualidade de vida, a dor, a rigidez e a função física. A literatura também relata que o
exercício aeróbico está associado à redução da ansiedade em adultos com fibromialgia.
Tratamento Fisioterapêutico

● Os movimentos realizados no meio aquático, devido ao calor e flutuabilidade da água, aliviam o estresse nas
articulações, sendo indicados para pacientes com dores crônicas (RODRIGUES, et al., 2012).

● A fisioterapia aquática, geralmente praticada em água aquecida entre 32 e 33°C, é fortemente indicada para o
tratamento da fibromialgia. Durante a imersão, os estímulos sensoriais competem com os estímulos dolorosos,
diminuindo o ciclo da dor (SANTOS, et al., 2020).

● A melhora dos sintomas através do exercício aquático pode ser explicada com base na sua ação vasodilatadora,
analgesia pela liberação de endorfinas, aumento da capilarização, trofismo muscular e consumo de oxigênio, além da
diminuição do peso corporal. Ao mesmo tempo, o relaxamento obtido com a água quente reduz as contraturas
musculares, ajudando a melhorar a microcirculação (RODRIGUES, et al., 2012).
Tratamento Fisioterapêutico
● Terapia manual: Na prática da fisioterapia, a terapia manual desempenha um
papel importante no tratamento de pacientes com distúrbios
musculoesqueléticos, como dores crônicas nas costas, enxaquecas, ansiedade,
hipertensão, depressão e muitas outras condições físicas e psicológicas. (NADAL
et al., 2020).
● Além disso, um protocolo de terapia manual foi eficaz na melhoria da intensidade
da dor, da sensibilidade à dor à pressão, do impacto dos sintomas da
fibromialgia, da qualidade do sono e dos sintomas depressivos (CASTRO, et al.,
2014).
● Massoterapia: tem sido amplamente utilizada para a fibromialgia como
tratamento complementar e alternativo. Pode melhorar a dor, a ansiedade, a
depressão e os distúrbios do sono pela complexa interação de modos de ação
físicos e mentais (IMAMURA, et al., 2012).
Tratamento Fisioterapêutico
Tratamento Fisioterapêutico
Tratamento Fisioterapêutico
Tratamento Fisioterapêutico
Tratamento Fisioterapêutico
Uso da CANNABIS no tratamento da Fibromialgia

● A espécie medicinal Cannabis (Cannabis sativa L.) possui mais de 500 compostos químicos,
onde mais de 100 são canabinoides, principais compostos químicos ativos da planta com efeitos
farmacológicos, podendo indicar ser uma alternativa para o tratamento de fibromialgia
(OLIVEIRA, 2019).
● Os canabinoides atuam no alívio da dor por meio de uma variedade de mecanismos: efeitos
analgésicos e antiinflamatórios diretos, modulação de neurotransmissores e sinergismo com
opioides endógenos e exógenos potencializando sua ação analgésica (RIBEIRO et al., 2019).
Uso da CANNABIS no tratamento da Fibromialgia

● A Cannabis medicinal se apresenta como uma opção terapêutica promissora aos portadores de fibromialgia, pela

eficácia demonstrada contra dor aguda e crônica, com poucos efeitos colaterais graves, resultando na diminuição de
dor e melhora da qualidade de vida, indicando que a cannabis é uma opção viável para o tratamento da fibromialgia.
● Porém existem poucos ensaios clínicos em larga escala demonstrando seus efeitos na fibromialgia, sendo estes de

curta duração. Sendo assim, é necessário serem aprofundados, avaliando outros parâmetros associados à
fibromialgia, como comprometimento cognitivo, fadiga e síndromes adicionais de dor crônica e utilizando grupos
maiores e período prolongado de tratamento, para confirmar sua eficácia e segurança, posologia ideal e efeitos
adversos. exigindo estudos mais aprofundados (SAGY et al., 2019).
Referências
ANTUNES, Mateus Dias; MARQUES, Amélia Pasqual. The role of physiotherapy in fibromyalgia: Current and future
perspectives. Frontiers in Physiology, v. 13, p. 968292, 2022. Disponível
em:<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC9424756/>. Acesso em: 18 de set. 2023.

BERGER, Amnon A. et al. Cannabis and cannabidiol (CBD) for the treatment of fibromyalgia. Best Practice &
Research Clinical Anaesthesiology, v. 34, n. 3, p. 617-631, 2020. Disponível
em:<https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/33004171/>. Acesso em: 19 de set. 2023.

KALTSAS, Gregory; TSIVERIOTIS, Konstantinos. Fibromyalgia. 2015. PubMed. Disponível


em:<https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25905317/>. Acesso em: 18 de set. 2023

MARQUES, Amélia Pasqual; et al. Fibromialgia e fisioterapia: avaliação e tratamento. 2. ed. rev. e-atual. Barueri,
SP: Manole, 2015.

RIBERTO, Marcelo; PATO, Thais Rodrigues. Fisiopatologia da fibromialgia. Acta fisiátrica, v. 11, n. 2, p. 78-81,
2004.

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