Você está na página 1de 2

LEIS DE ECOLOGIA POPULACIONAL jmbernardo, rev 2018

As mais conhecidas:

(i) Lei de Malthus – na ausência de forças externas, bióticas ou abióticas,


que alterem as taxas de natalidade e mortalidade, a população cresce ou
decresce exponencialmente;
liga-se ao modelo de crescimento populacional exponencial, também conhecido
como de Malthus, malthusiano ou de curva J e que é característico das
espécies de estratégia de selecção r , de que são exemplos os insectos ou,
dentro dos mamíferos, os ratos e os coelhos.
Malthus, há mais de 2 séculos, sustentava com pessimismo a ideia de que o
crescimento (progressão geométrica, exponencial) da população humana tendia
a ultrapassar as condições de subsistência, i.e. os recursos disponíveis, e que
portanto a sobrepopulação, a fome e a guerra por ela gerada seriam
inevitáveis.

(ii) Lei de Allee (Efeito de Allee) – Allee (1931) observou que peixes
vermelhos cresciam mais rapidamente em água onde anteriormente estavam
outros peixes vermelhos do que em água em que isso não se verificava;
haveria assim efeitos benéficos resultantes do número de indivíduos de uma
população ou grupo.
Este efeito tem sido interpretado de diversas formas e não há propriamente
consenso relativamente às causas desse efeito positivo.
A lei tem sido formulada como: densidade populacional determina a reprodução
e sobrevivência dos indivíduos, e assim um maior número de indivíduos
beneficia a população;
quando a densidade populacional aumenta, eleva-se também a sobrevivência e
a reprodução; quando a densidade populacional decresce abaixo de um certo
limite, o acasalamento e a reprodução falham;
tem sido ligado à dificuldade em encontrar parceiros para reprodução nas
situações de baixas densidades e à menor viabilidade individual devido à
ocorrência de fenómenos de disfunção social já que nas espécies que se
organizam em grupo, a baixa densidade ou baixa dimensão populacional não
possibilita os benefícios da integração em grupo (segurança, por ex.).

(iii) Lei de Verhulst –partindo da lei de Allee, refere o beneficio da população


pela presença de conspecíficos (organismos da mesma espécie) mas existindo
um limite superior acima do qual a densidade não pode aumentar, ou seja a
própria densidade populacional, devido à competição intra-específica, limita o
crescimento populacional;
esta lei liga-se ao modelo de crescimento logístico, ou de curva S,
característico da estratégia de selecção K .
(iv) Lei de Lotka-Volterra – que defende que a interacção com outros
organismos ou com o ambiente pode produzir feedbacks negativos nas
populações e, quando estes ocorrem, a dinâmica da população é cíclica ou
oscilatória; é o que se observa nas interacções predador-presa que dão origem
a ciclos populacionais tanto do predador como da presa;

(v) Lei de Liebig – que afirma que são vários os factores, bióticos e abióticos,
que controlam (ou têm potencial para controlar) o crescimento de uma
população mas apenas um ou dois são realmente limitantes ; já se viu
anteriormente a propósito dos factores limitantes (Lei de Liebig ou Lei do
Mínimo).

(vi) Lei de Fenchel (Fenchel, T.,1974. Intrinsic rate of natural increase: the relationship
with body size. Oecologia 14: 317-326.) – relaciona o crescimento exponencial com a
massa corporal dos organismos ; assim, populações com indivíduos de maior
tamanho corporal terão menores taxas de crescimento populacional.
Esta relação já foi anteriormente abordada no âmbito da relação dimensão-
metabolismo e liga-se, naturalmente, aos modelos de estratégias de selecção r
e K (Pianka). A lei pode-se expressar pela equação alométrica:
r = aW − 0.25

em que r é a taxa intrínseca de crescimento populacional,


a é uma constante (dependendo de serem organismos unicelulares ou pluricelulares,
poiquilotérmicos ou homeotérmicos), e
W é a massa corporal do organismo.

Você também pode gostar