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3. Diga o que entende por Produção Primária Líquida. Qual a diferença entre este
conceito e a Produção Primária Bruta e a Produção Primária do Ecossistema? Discuta
sucintamente as relações entre a Produção Primária em plantas e as principais zonas
climáticas da Terra. (5 e 6)
A Produção Primária Líquida (NPP) é dada pela taxa de acumulação de carbono orgânico
nos tecidos das plantas terrestres, enquanto que a Produção Primária Bruta (GPP)
corresponde à taxa de absorção de CO2 por parte das mesmas. O primeiro parâmetro possui
uma relação com a taxa de fotossíntese já que, sendo uma medida de fixação de carbono na
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biomassa, significa que ao valor da GPP já foi subtraída a perca de CO 2 por via da respiração
(Rp):
NPP GPP R p .
A Produção Primária do Ecossistema (NEP) corresponde à diferença entre a Produção
Primária Líquida e a soma das respirações dos herbívoros (Rh) e dos decompositores (Rd):
NEP NPP ( Rh Rd ) .
A NPP varia consoante as regiões climáticas já que a quantidade de flora e o tipo de
vegetação nas diferentes províncias do globo é dependente do clima. Assim, em regiões
desérticas e zonas geladas a NPP será reduzida ou até mesmo nula, enquanto que a floresta
tropical, representando o clima antagónico, pode apresentar produções anuais muitíssimo
elevadas.
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6. Diga o que entende por litosfera e caracterize, do ponto de vista composicional, as
diferentes componentes que a integram. Quais os principais problemas que,
vulgarmente, se colocam a esta caracterização e de que forma os mesmos podem ser
resolvidos ou minimizados? (9)
O termo litosfera é utilizado para distinguir, com base em propriedades físicas, a camada
envolvente exterior da Terra (excluindo a hidrosfera e a atmosfera) que engloba a crusta
terrestre (continental e oceânica, relativamente jovens) e o manto superior rígido.
A composição da crusta, que constitui uma pequeníssima percentagem da massa total da
Terra, é muito heterogénea e é influenciada por todos os processos que ocorrem nas massas
mais profundas (maiores). Estes processos resultam de fluxos energéticos que se dão entre os
diferentes níveis, assegurados por um regime térmico, que promovem uma re-
homogeneização química. A sua composição global poderá ser modelada considerando que
esta é constituída por 2/3 de basalto e 1/3 de granito, que é semelhante à composição dos
andesitos do Arcaico. As composições médias ponderadas para as principais rochas
sedimentares não diferem substancialmente das composições médias globais da crusta
determinada da forma acima descrita, apoiando desta forma estes resultados.
Na composição da crusta continental é possível de serem observadas algumas tendências
para os diferentes grupos de elementos químicos: (1) os elementos alcalinos e alcalino-
terrosos são, por norma, passíveis de fácil solubilização, embora catiões com grande raio
iónico (como o Rb, o Cs e o Ba) sejam normalmente retidos, adsorvidos em minerais de argila;
(2) elementos relativamente imóveis incluem-se nos grupos do Al (Al, Ga), Ti (Ti, Zr, Hf) e REE
(incluindo Y, Sc), para além dos que formam usualmente iões com valência elevada (e. g. Th e
Nb); (3) metais de transição do 1º período da TP revelam comportamento tendencialmente
imóvel, não obstante a mobilidade relativa do Ni e V; (4) Si geralmente retido no quartzo.
Admite-se que, globalmente, a crusta oceânica se encontre estratificada pela seguinte
ordem, do topo para a sua base: sedimentos de cobertura; rochas basálticas fracturadas;
rochas basálticas maciças atravessadas por diques; diques e basaltos maciços; metagabros e
gabros com bolsadas de plagiogranitos e protrusões de serpentina; gabros e metagabros com
protrusões serpentiníticas e bolsadas de rochas ultramáficas; rochas ultramáficas
serpentinizadas; harzburgitos e lherzolitos mantélicos. É de notar que a estratigrafia dos
fundos oceânicos normalmente aceite não poderá ser aplicada uniformemente devido a
domínios tectónicos e de dinâmica magmática e hidrotermal distintos.
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maior for a quantidade de nuvens formadas na atmosfera, menor será a incidência solar, já
que estas promovem uma maior reflexão destas radiações.
(1) (2)
Uma das consequências mais devastadoras da actividade humana para o meio ambiente e,
neste caso, também para as águas pluviais, é a utilização de componentes poluentes. Neste
contexto, as chuvas ácidas são a manifestação desta actividade. Inicialmente nelas
encontram-se alguns gases que reagem com a água e outros compostos gasosos, formando
novas espécies; tal é o caso do CO2, SO2, NO2, HCl, conduzindo à formação de ácidos (como
o H2CO3, H2SO4, HNO3 e HCl) ou bases (como o NH4OH). A maioria dos compostos ácidos
experimentam forte dissociação, daqui resultando as águas ácidas, enriquecidas em SO42-,
NO3-, Cl-, HCO3- e H+.
9. Quais os principais componentes das águas fluviais? Qual a sua origem e de que
forma a actividade humana pode ser determinante? Neste contexto, quais as principais
questões que se levantam em torno da matéria orgânica e dos nutrientes azóticos e
fosfatados? (13)
As águas fluviais são constituídas essencialmente por água, matéria inorgânica em
suspensão, espécies inorgânicas dissolvidas (provenientes dos sistemas litosfera, hidrosfera e
biosfera ou estando relacionadas com espécies atmosféricas de origem antropogénica),
nutrientes dissolvidos, matéria orgânica dissolvida e em suspensão, e metais traço dissolvidos
ou em suspensão.
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O seguinte quadro revela as origens dos elementos maiores dissolvidos águas fluviais,
verificando-se que em alguns elementos, como o Cl-, o Na+ e o SO4, a contribuição
antropogénica pode ser determinante.
Relativamente aos nutrientes azóticos deve-se referir que a sua principal fonte continental
é a fixação biótica, sendo esta em grande parte resultante da actividade humana na agricultura
e na utilização de fertilizantes. Quanto aos nutrientes fosfatados, a sua remoção dos sistemas
continentais processa-se via runoff fluvial, sendo que a quantidade de fósforo incorporada na
matéria orgânica supera largamente a que é libertada via meteorização e remoção pelas
águas fluviais, ficando conservado nos sistema biológicos, principalmente retidos nos solos.
Desde modo verifica-se que a acumulação destes nutrientes no subsolo pode ter fortes
consequências em termos da sua contaminação.
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12. Quais as principais fontes de energia envolvidas nas reacções químicas que
determinam a variabilidade composicional das águas oceânicas? Justifique a sua
resposta. (16)
A variabilidade composicional das águas oceânicas tem como uma das suas causas as
reacções químicas que se processam neste reservatório. Estas reacções necessitam de
energia para que se desenvolvam, possuindo três fontes:
→ Reacções químicas: reacções que libertam energia fornecem esta para outras reacções que a
necessitam;
→ Energia solar: as plantas marinhas, através da fotossíntese, sintetizam e segregam compostos
orgânicos e inorgânicos (esqueletos e carapaças) que estão em desequilíbrio com a água do
mar; os animais marinhos consomem matéria orgânica fotossintetizada e também segregam
compostos inorgânicos quimicamente instáveis. Como consequência há remoção de certos
elementos químicos; estes serão reintroduzidos após a morte dos organismos e progressão
dos processos de dissolução;
→ Energia decorrente de processos geológicos: essencialmente vulcanismo submarino e
actividade hidrotermal.
Processos metassomáticos e hidrotermais, por interacção fluido-rocha, e processos
biológicos são os principais responsáveis pela alteração da composição das águas marinhas.
Nos processos biológicos destaca-se que estes controlam, na sua essência, as concentrações
em Ca2+, HCO3-, SO42+, H4SiO4, O2, NO3- e ortofosfato.
15. Quais os principais tipos de aerossóis e como se caracterizam? Quais as fontes que
determinam a sua abundância relativa? Que efeitos (directos e indirectos) se lhes
associam? (19)
Os aerossóis provêm principalmente de fontes continentais, marinhas e antropogénicas.
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Ciclos Geoquímicos 2005_2006
Modelação de Ciclos Biogeoquímicos – Respostas ao Questionário Teórico
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A equação que descreve a variação de massa no reservatório é uma equação diferencial
que satisfaz a condição de balanço de massa:
dM M .
Qin Qout Qin
dt H
Se o reservatório está num estado estacionário, isto é, em que os fluxos das fontes são
iguais aos fluxos dos sumidouros, dM 0.
dt
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Ciclos Geoquímicos 2005_2006
Principais Ciclos Biogeoquímicos – Respostas ao Questionário Teórico
3. Porque razão sendo o metano muito menos abundante que o CO 2 acabe por ter uma
importância igualmente fundamental no ciclo global do C? Discuta em termos da
dinâmica, química e física, do metano relativamente ao CO 2 e das principais fontes de
metano, naturais e antropogénicas.
Dentro do ciclo global do carbono é possível ser considerado o subciclo do metano. Apesar
dos seus fluxos para a atmosfera serem inferiores aos verificados para o CO2, a sua
importância revela-se nos ciclos que não envolvem grandes transferências de C e onde o CH 4
pode ser um indicador precioso, tendo igualmente um efeito no clima desproporcional
relativamente à sua abundância: o metano absorve 20 vezes mais radiação de grande
comprimento de onda que o CO2 e tem um efeito radioactivo integrado no tempo, que se
segue a uma injecção instantânea deste gás relativamente à mesma injecção de CO 2 (GWP -
Greenhouse Warming Power). O GWP para o CH4 é de 7 para um período de 500 anos.
O seu tempo de vida é superior ao do CO2, com cerca de 11 anos.
Através da oxidação a partir de reacções com radicais OH e sem qualquer outra troca
envolvida, é possível remover metano da atmosfera (resposta rápida a aumentos de CH4,
dependentes da taxa de oxidação).
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4. Quais os processos que controlam o CO2 no oceano?
A quantidade de CO2 no reservatório oceânico depende dos seus fluxos de entrada e saída
que este estabelece com a atmosfera e com os sedimentos do fundo, por fenómenos de
transferência de massa como a difusão, a dissolução e a precipitação de compostos que
englobam esta molécula. Existem três principais processos, ditos bombas, que controlam estes
fenómenos: a bomba de solubilidade, a bomba biológica e a bomba dos carbonatos.
Como o próprio nome indica, o primeiro tipo de bomba está relacionado com a solubilidade
do CO2 nas águas oceânicas, sendo que é tanto maior quanto mais baixa for a
temperatura, controlando a sua pressão parcial e o fluxo de transferência entre a atmosfera e
os oceanos.
A bomba biológica está associada a processos biológicos em promovem a transferência de
CO2 e, logo, carbono entre a atmosfera, os oceanos e os sedimentos. Através da fotossíntese
o fitoplâncton, organismos que proliferam na zona eufótica, consome CO2 dissolvido nas águas
marinhas, libertando também este composto via respiração. O dióxido de carbono é
igualmente utilizado para a formação de carapaças e conchas de organismos vivos, os quais,
depois da sua morte, sofrem decomposição, transferindo este gás de volta aos oceanos. As
estruturas inorgânicas dos mesmos acumulam-se nos fundos oceânicos, dando posteriormente
origem a sedimentos, promovendo uma remoção de CO 2 do reservatório em causa, por
precipitação de CaCO3. Este processo altera a alcalinidade das águas, libertando parte deste
constituinte para a atmosfera – bomba dos carbonatos.
Mecanismos Terrestres:
1. Crescimento induzido por factores metabólicos que afectam a taxa de fotossíntese,
respiração, crescimento e decaimento;
2. Reflorestação de zonas afectadas no passado, mudanças na utilização ou gestão dos solos,
afectando a mortalidade dos elementos da floresta, a estrutura da idade da floresta e
consequentemente a taxa de acumulação do C.
3. Factores fisiológicos ou metabólicos.
4. Fertilização com CO2: existe uma resposta directa através do aumento da taxa de
fotossíntese e crescimento da planta. Resposta desconhecida no longo prazo. Exemplo: as
plantas acabam por se habituar às elevadas concentrações de CO 2 e acabam por reduzir a
taxa de fotossíntese para os níveis normais.
5. Fertilização com N2: Actividade humana aumentou a abundância das formas biologicamente
activas de azoto (NOx e NH4). Adição de N2 aumenta a NPP (aumento da capacidade de
armazenamento de C).
6. Adições de N podem saturar os sistemas: (i) aumento da nitrificação e lixiviação do nitrato
(acidificação dos solos e águas); (ii) empobrecimento em catiões e desequilíbrio entre
nutrientes; (iii) produtividade reduzida.
7. Química Atmosférica: dois factores importantes são o O 3 troposférico e o enxofre (chuvas
ácidas). Estas (NO3- e SO42-) promovem a mobilidade dos micronutrientes nos solos (K+, Ca2+,
Mg2+), mobilidade e toxicidade do Al e aumento do conteúdo do azoto e enxofre nos solos.
Efeitos desconhecidos na acumulação do carbono.
8. Variabilidade e Mudanças Climáticas: Variações anuais nos sumidouros terrestres de C são
muito grandes. A variabilidade devida à respiração é superior que a devido à fotossíntese. A
respiração é mais sensível a variações de temperatura e humidade.
9. Sinergias entre mecanismos fisiológicos: aumento conjunto de CO2 e N2 tem como efeito o
crescimento da biomassa em maior quantidade que o expectável. O aumento relativo é maior
em zonas nutricionalmente pobres.
10. Modelos para o C terrestre: Os sumidouros terrestres variam entre 1.5 e 4.0 Pg C a -1. A
magnitude do fluxo de C terrestre projectado para o ano de 2100 varia entre ser uma fonte de
0.5 Pg C a-1 e um sumidouro de 7 Pg C a-1.
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11. Mecanismos de distúrbio ou demográficos: sumidouros terrestres resultam da recuperação
de ecossistemas objecto de distúrbio no passado.
12. A dificuldade em estabelecer cenários para o futuro depende da definição dos mecanismos
importantes e em que situação o são. Por exemplo: aumento de CO 2 pode induzir uma maior
capacidade de armazenamento de C, mas o aumento da temperatura pode induzir a
substituição de biomas por outros (florestas por savanas e pradarias), induzindo uma fonte
efectiva de C para a atmosfera.
Mecanismos Oceânicos:
1. Mecanismos físico-químicos: o aumento do CO2 atmosférico afecta a taxa de absorção pelos
oceanos através de, pelo menos, 8 mecanismos, metade químicos, metade físicos.
2. Factor tampão (Factor de Revelle);
3. Aquecimento: decréscimo da solubilidade do CO2; feedback positivo ao aquecimento global.
4. Mistura vertical e estratificação: aumento da temperatura sugere que a estabilidade (térmica)
da coluna de água aumenta. O amortecimento dos gradientes torna o sistema mais estagnado.
Em contrapartida, o aumento do ciclo hidrológico aumenta a frequência e intensidade das
tempestades, promovendo a mistura.
5. Circulação termo-halina: particularmente sensível às alterações climáticas, nomeadamente a
formação da NADW.
6. Feedbacks/Processos biológicos: a sua compreensão é limitada e os efeitos líquidos estão
longe de serem previsíveis.
7. Adição de nutrientes limitando a produção primária: azoto inorgânico é limitativo da produção
primária marinha. Disponibilidade em zonas de upwelling, por isso sensível à circulação
oceânica.
8. Utilização amplificada de nutrientes: um dos mistérios da biologia marinha é a observação de
regiões com abundância de nutrientes e pouca clorofila (HNLC). Uma das hipóteses, que tem
recebido mais atenção é a limitação em Fe.
9. Modificações das razões elementares da matéria orgânica no oceano: A razão C:N:P nas
partículas orgânicas marinhas encontra-se reconhecida como permanecendo constante há
muito tempo. Até que ponto se podem modificar é algo de desconhecido.
10. Aumento da razão carbono orgânico/carbonato no output da produção biológica: uma vez
que a produção de carbonato biogénico aumenta pCO 2, o aumento desta razão aumenta a
eficiência da bomba biológica.
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A fotorrespiração prende-se com o facto de que a já mencionada enzima Rubisco (ciclo de
Calvin) pode admitir tanto CO2 como O2, sendo este um inibidor competitivo da fotossíntese.
Este processo produz CO2, sem elaboração de ATP, sendo activado em climas quentes e
secos, por encerramento dos estomas, conduzindo a um empobrecimento em CO 2 e
acumulação de O2.
Organismos metilotróficos podem metabolizar compostos C1 – como o metano, o metanol, o
formaldeído e o formato –, consumindo O2 para a sua síntese. Estes compostos são em solos
e em sedimentos com produtos de fermentação aeróbia, consumindo o metano produzido
durante a metanogénese.
Os organismos quimiolitotróficos, de metabolismo inorgânico, oxidam compostos
inorgânicos como fonte de energia e de electrões, podendo ser também autotróficos. A fixação
do CO2 não se encontra ligada à produção de O 2 pela estequiometria da fotossíntese, sendo
muito distinta desta.
Uma larga porção da produção primária é consumida por mecanismos de degradação
aeróbia, por parte de organismos de maior porte. A produção primária terrestre parcialmente
degradada pode ser incorporada nos solos e posteriormente erodida. A sua preservação pode
durar vários milénios nestas condições. Com a excepção de algumas bacias restritas, grande
parte da coluna de água marinha está oxigenada. Estudos sedimentológicos e do fluxo de
partículas demonstram que grande parte da produção primária marinha é completamente
degradada, antes da sua deposição nos fundos oceânicos; a produção de O 2 é compensada
pelo seu consumo nos oceanos. A penetração de oxigénio nos sedimentos é muito limitada,
embora possa ser amplificada pela actividade de organismos escavadores.
Existem cinco principais processos químicos abióticos que consomem oxigénio: a oxidação
eficiente de gases vulcânicos, quer na atmosfera, quer em águas naturais ou superfícies
minerais, podendo estar envolvidos alguns organismos quimiolitotróficos; oxidação de
minerais, por exposição à oxidação; em fontes hidrotermais, onde se dá a rápida oxidação de
espécies reduzidas emanadas pelos fluidos hidrotermais e erupção basáltica, promovendo a
sua alteração; oxidação do Fe e do S em transições óxido/anóxido; oxidação abiótica da
matéria orgânica, por foto-oxidação de M. O. dissolvida e particulada e dos combustíveis
fósseis, por fogos de queima de vegetação e combustíveis e por oxidação do metano na
atmosfera.
Existem várias evidências de diversos campos (e, logo, independentes) que indicam a
transição de uma atmosfera redutora para uma oxidante no intervalo 2.2 – 2.0 Ga. No registo
geológico, a transição das BIF’s, ou Banded Iron Formations, onde afloram minerais de Fe não
oxidados, para as denominadas red beds, já com intensa oxidação deste tipo de minerais (~2.0
Ga), reflecte o acumular de oxigénio na atmosfera terrestre, atingindo uma dada concentração
do mesmo que permitiu a oxidação verificada.
Com a acreção da Terra, dá-se a libertação de gases. Os compostos CH4, H2O, N2, NH3 e
H2S são retidos pelo campo gravítico, enquanto que H 2 e He escapam para o espaço. Por
processos de fotólise, H2O, NH3 e H2S dão origem aos produtos O2, N2 e S; por oxidação de
CH4 e H2S, produz-se CO2, CO e SO2. A elevada pressão parcial de CO2 e CH4 mantém efeito
estufa, com a superfície terrestre a uma temperatura ≈ 90ºC. A água permite a manutenção do
ciclo hidrológico e a meteorização mineral; o CO 2 reage com silicatos; o oceano forma-se
possuindo um tampão bicarbonato; CH4 é rapidamente oxidado (O2 derivado da fotólise da
água).
A progressiva oxidação do Planeta também é assegurada pela emissão de H2 em gases
vulcânicos (forte potencial redutor; escapa da atmosfera).
Gases vulcânicos actuais oxidados, resultantes da oxidação do manto (presentemente no
buffer quartzo-faialite-magnetite, QFM).
A oxidação ter-se-á dado há 3.6 – 3.9 Ga.
O Arcaico:
Baixos níveis de O2: pirite e uraninite em sedimentos detríticos; Paleossolos (Mount Rose,
Australia): com 2.75 Ga, contém até 10% de MO com δ13C –33%0 a –55%0 (Rye & Holland,
2000) ⇒ Ciclo do C através do metano e organismos metanotróficos. Solos modernos com
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δ13C < –40%0 têm de ter uma fonte de metano externa. Paleossolos mais recentes (2.4 Ga)
revelam perca de Fe durante a meteorização e formação dos solos.
Fraccionação isotópica do S: Desvios importantes em δ33S e δ34S em sulfuretos e sulfatos
ocorreu entre 2.4 e 2.0 Ga; denotam a transição da fotoquímica do SO2 para a meteorização
oxidante de sulfuretos.
Razões isotópicas de N e S: Concentrações baixas ou limitadas de O2; Não pode ocorrer
desnitrificação, a qual gera N2 com δ15N negativo relativamente à fonte NO3 −; o nitrato
actual está enriquecido em 15N relativamente à atmosfera; Redução bacteriana do sulfato
produz um sulfureto empobrecido em 34S. Diferenças no Arcaico em δ34S < 2%0 indicam
uma fraccionação menor.
Evolução da fotossíntese:
A produção inicial de CH4 terá contribuído para a oxidação da crosta por via indirecta:
fotodissociação do metano e escape de H2;
O Fe impede a acumulação de O2;
Serpentinização como processo de oxidação via libertação de CH4 e H2;
Só quando as fontes de Fe2+, CO e CH4 são inferiores à de O2 pode este acumular na
atmosfera.
Efeitos isotópicos da fotossíntese:
Desvio no δ13C dos carbonatos: cianobactérias e fixação biológica do CO2.
Balanços de massa com isótopos, apontam para que a partição entre o C orgânico e
inorgânico, e a produtividade global e sedimentação de C não variou significativamente nos
últimos 4 Ga.
Ciclo biogeoquímico do C mostra uma consistência ao longo de 4 Ga de evolução biológica,
apesar das grandes inovações na produção primária e respiração;
2. A consistência da sedimentação da MO versus carbonatos significa que as contribuições
relativas de várias fontes e sumidouros para o sistema oceano + atmosfera se tem mantido
constante.
Parece indicar que a meteorização oxidante das rochas sedimentares se encontrava activa no
Arcaico, antes da acumulação do O2 atmosférico.
Evidências para a fotossíntese no Arcaico:
Estromatólitos;
Fósseis em rochas do Arcaico e Proterozóico, associados à assinatura de δ13C providencia
uma evidência indirecta que a fotossíntese terá evoluído cedo (3.5 Ga).
Detecção de esterenos C27 e C30 em rochas com 2.7 Ga (Pilbara, Australia), compostos
derivados dos esteróis, maioritariamente produzidos pelos eucariotas (aeróbicos).
A Atmosfera Proterozóica:
Oxigenação da atmosfera Proterozóica:
Sobrevivência aos UV: intensidade solar inferior; Fe2+ dissolvido no oceano; águas ricas em
substâncias húmicas.
Stress aos UV: explicação possível dos 500 Ma entre o aparecimento das cianobactérias e a
acumulação do O2. Síntese do composto que bloqueia os UV requer O2.
Valores δ13C elevados (até 10 %0) nos carbonatos marinhos com 2.3 – 2.0 Ga.
Evidências para o aumento do O2 aos 2.3 – 2.0 Ga: BIF’s e red beds;
Glaciação Huroniana: arrefecimento do clima em resposta ao aumento do O2 → rápido
consumo do CH4 atmosférico.
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