Você está na página 1de 4

Importância de educação para a saúde nas escolas

O conceito de saúde é um dos mais pronunciados, no entanto, não é fácil de precisar, uma vez
que está relacionado com a perceção que cada pessoa ou comunidade tem num determinado
momento e contexto, e depende de crenças relacionadas com a vida, o sofrimento e o
significado da morte. Turabián e Franco (2001, pág. 18), expressam esta dificuldade de
conceptualização e afirmam que a saúde é uma abstração, uma vez que não existe senão «a
minha saúde», «a tua saúde» ... “a saúde é a capacidade de apropriação por parte do ser
humano do seu próprio corpo e a capacidade de integrá-lo no projeto autónomo de vida que
cada uma forja”

A organização Mundial de Saúde (1948), na sua carta fundamental, definiu saúde como um
estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas ausência de doença.
Embora esta definição não seja perfeita, dado o carácter específico e pessoal da perceção de
doença e também porque, na vida, tudo flui e nada está completo ou determinado em termos
de mudança e desenvolvimento humano, o facto é que, ao explicitar-se que não é possível
definir “estado de saúde” apenas pela demonstração da “ausência de doença”

A evolução de novas concepções sobre a pessoa e a vida, fundamentadas pela investigação


científica, determinou a acção das políticas de saúde e das políticas de educação nos últimos
30 anos. De acordo com o Ministério da Saúde (2004), as actuais políticas de saúde têm
referentes fundamentais na noção de cuidados de saúde primários, expressos pela
Conferência de Alma Ata em 1978, que estabelecia uma ordem prioritária na prevenção da
doença e na promoção da saúde; a adopção do conceito de metas para a saúde, como
elemento fundamental para a formulação de políticas de saúde para todos; e a ideia de
promoção de saúde, através da carta de Ottawa em 1986, em que se reconhece os
determinantes culturais da saúde, dos estilos de vida saudáveis e dos meios organizacionais
específicos, redes de cidades saudáveis, escolas promotoras de saúde, promoção de saúde nas
empresas. As políticas de saúde implicam a preocupação com os mecanismos que assegurem
uma visão prospectiva e resultados sustentados na qualidade de vida das populações,
assumindo o cidadão como referencial, com absoluto respeito pelas suas preferências e
necessidades, bem como pelos princípios da justiça, de cidadania e de coesão social.

Educação para a Saúde

A Educação para a Saúde (EpS) tem vindo a ser internacionalmente reconhecida como parte
integrante dos esforços para a prevenção da doença e promoção da saúde.

A um nível internacional, desde 1978 realizaram-se várias conferências sobre promoção de


saúde em todo o mundo. Conferências Internacionais da OMS e respetivos marcos
conceptuais: promoção de saúde; educação para a saúde; participação comunitária; propostas
de ação; meio ambiente.

Cada cidadão assume assim um papel inelutável de ator e educador de saúde, pelo que a
educação se deve centrar nas disposições e capacidades individuais e grupais, oferecendo
conhecimentos, influenciando modos de pensar, gerando ou clarificando valores, ajudando a
mudar atitudes e crenças, facilitando a aquisição de competências e produzindo mudanças de
comportamento e estilos de vida.

A educação para a saúde deve ser considerada como um dos aspetos do processo educacional
global, do qual faz parte; embora tenha objetivos específicos, não se acha de forma alguma
dele desvinculada, nem constitui um departamento estanque. Podemos considerar que a
saúde individual ou da família é de responsabilidade direta de cada indivíduo e do líder
familiar, ao passo que o problema da saúde pública compete as instituições públicas e à
comunidade, possuindo, portanto, urna dinâmica diferente. Sendo assim, podemos pensar na
educação para a saúde em três níveis: individual, familiar e da comunidade. Lembramos que os
objetivos principais a serem atingidos pela educação-sentido lato-são:

 A consciência que o indivíduo deve ter de si mesmo;


 A consciência que o indivíduo deve ter do meio em que vive;
 0 estabelecimento entre o indivíduo e o meio de relações produtivas para ambos;

O foco da educação para a saúde

O principal foco da Educação para a Saúde (EpS) são as atitudes e os comportamentos de


saúde. O comportamento de saúde pode ser definido em sentido lato como: “...o padrão de
comportamento observável, as ações e hábitos que se relacionam com a manutenção, a cura e
a melhoria de saúde” (Gochman citado por Russel, 1996, p. 6).

No sentido de abordagens mais estruturalistas, tem-se dado, recentemente, mais atenção à


importância das variáveis sociais e ambientais na medição de saúde (OMS, 1985), uma terceira
vertente debruça-se sobre o impacto dos fatores psicológicos, como o stress e a
personalidade, no estado de saúde. Entretanto multiplicam-se os conceitos de “combinação de
meios”, “aprendizagem planificada”, “facilitação de mudança”, “autonomia e decisão
voluntária”, “comportamentos de saúde”, “parcerias”, “settings”, entre muitos outros,
expressos no documento do Plano Nacional de Saúde 2004-2010 (Ministério da Saúde, 2004).

https://jvilelas.webnode.pt/_files/200000157-37a9138a5f/Educacao-Para-a-Saude.pdf

https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/17514/v82n1p14.pdf

. A educação para a saúde nas escolas

A escola, como local por onde passam todas as crianças e jovens, é, hoje, consensualmente
reconhecida como um cenário prioritário na promoção da saúde, visão que é também bem
explicita no Plano Nacional de Saúde 2004-2010

O início da escolaridade traz alterações importantes no ritmo de vida das crianças. Estas
entram para um meio diferente do familiar, onde vão ser confrontadas pela primeira vez com
imposições sociais institucionalizadas e definidas, que irão influenciar o seu comportamento e
a sua personalidade.
Na escola aprende-se não só o conteúdo curricular, mas também inevitavelmente aprende-se
a ser e a viver. Daí a importância de conseguir potencializar estas aprendizagens positivas,
através de ambientes físicos e humanos estruturantes, estimulantes e facilitadores de todas as
aprendizagens

Em 1992, foi criada a iniciativa das Escolas Promotoras de Saúde, através da Rede Europeia de
Escolas Promotoras de Saúde (REEPS). A REEPS teve por base a ideia de que a escola é um
sector importante para as crianças, onde elas podem aprender e desenvolver competências
para melhorar a sua saúde.

Em 1995, a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou ainda o programa “Saúde Escolar
Global” que pretendia fortalecer a promoção da saúde através de atividades educativas, a
nível local, regional, nacional e global, com o objetivo de aumentar o número de escolas que
pudessem ser verdadeiramente denominadas Escolas Promotoras de Saúde.

De acordo com o Centre for Health Promotion, da Divisão de Saúde Comunitária Australiana, o
projeto de uma Escola Promotora de Saúde deve assentar em três grandes áreas, inter-
relacionadas entre si:

- Currículo escolar: o que é incluído e o modo como o processo de ensino e aprendizagem é


desenvolvido e encorajado;

- Ambiente escolar: inclui o ambiente físico, a cultura escolar, as políticas e os procedimentos


desenvolvidos para criar um ambiente saudável para viver, aprender e trabalhar;

- Parcerias e ligações com a comunidade: inclui parcerias internas (com os pais e encarregados
de educação, pessoal escolar e alunos) e parcerias externas (com outras escolas, profissionais
de saúde, e organizações governamentais e não governamentais).

Todas estas estratégias têm como meta uma abordagem global da formação escolar, e o
reconhecimento de que todos os aspetos da vida da comunidade escolar são potencialmente
importantes para a promoção da saúde, de modo a melhorá-la e a diminuir desigualdades

Para as escolas desenvolveram todo o seu potencial de promoção da saúde, é necessário


tempo e trabalho em comum e respeito mútuo entre os parceiros da educação e da saúde. O
trabalho realizado em equipa, e tendo por base uma orientação interdisciplinar será mesmo a
chave para o sucesso da promoção em saúde escolar, de modo a haver uma
complementaridade e partilha de saberes e competências (Pombo et al, 1994) Por tudo isto,
podemos perceber que as Escolas Promotoras de Saúde têm um papel importante na
formação das gerações mais jovens e na construção de uma sociedade mais saudável.
Educação e saúde interligam-se mutuamente

https://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/56468/3/EpS.pdf

Você também pode gostar