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COMPREENDER

AS POLÍTICAS
DA UNIÃO
EUROPEIA A União
Em prol da
Económica
estabilidade,
do crescimento
e Monetária
e da e o euro
prosperidade
na Europa
«U m a U n ião E c o n ó m ic a e Mo net ár ia
o p er ant e e um eur o fo r t e e es t ável
s ão o s al ic er c es d o c r es c im ent o
e d o em p r ego na Eur o p a. »

Ol l i R ehn , vic e‑p r es id ent e d a C o m issão


Eur o p eia r es p o n s ável p el o s As s un t os
Ec o n ó m ic o s e Mo net ár io s e p el o Euro
ÍNDICE
Por que necessitamos da União
Económica e Monetária e do euro?
Uma política comum
para uma moeda comum . . . . . . . . . . . . . 3
COMPREENDER AS O que é, na prática, a União Económi‑
ca e Monetária?
POLÍTICAS DA Princípios comuns de estabilidade
e crescimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
UNIÃO EUROPEIA
O que faz a União Europeia para
promover o crescimento?
A presente publicação faz parte de uma coleção que descreve Sair da crise mais forte
a ação da União Europeia em vários domínios políticos, as e mais unida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
razões da sua intervenção e os resultados obtidos.
Perspetivas
O caminho a seguir: rumo a uma
Outros títulos disponíveis para descarregamento em linha: União Económica e Monetária sólida
http://europa.eu/pol/index_pt.htm e genuína . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
Breve glossário de termos
técnicos utilizados . . . . . . . . . . . . . . 18
Mais informações . . . . . . . . . . . . . . 20

Como funciona a União Europeia


«Europa 2020»: a estratégia europeia de crescimento
Os termos técnicos assinalados com (*) são explicados num breve
Os pais fundadores da União Europeia glossário que se encontra no final da presente publicação.

Ação climática
Agenda digital
Agricultura
Ajuda humanitária e proteção civil
Alargamento
Alfândegas
Ambiente Compreender as políticas da União Europeia:
Assuntos marítimos e pescas A União Económica e Monetária e o euro
A União Económica e Monetária e o euro
Comércio Comissão Europeia
Concorrência Direção-Geral da Comunicação
Consumidores Publicações
Cultura e audiovisual 1049 Bruxelas
Desenvolvimento e cooperação BÉLGICA
Educação, formação, juventude e desporto
Emprego e assuntos sociais Manuscrito atualizado em junho de 2014
Empresas
Energia Fotografia da capa e da página 1: © ccvision.de
Fiscalidade
Fronteiras e segurança 20 p. — 21 × 29,7 cm
Investigação e inovação ISBN 978-92-79-35752-7
Justiça, cidadania e direitos fundamentais doi:10.2775/20754
Luta contra a fraude
Mercado interno Luxemburgo: Serviço das Publicações
Migração e asilo da União Europeia, 2014
Orçamento
Política externa e de segurança © União Europeia, 2014
Política regional Reprodução autorizada. As fotografias só podem
Saúde pública ser utilizadas ou reproduzidas mediante a autorização
Segurança dos alimentos prévia dos titulares dos direitos de autor.
Transportes
A U N I Ã O E C O N Ó M I C A E M O N E T Á R I A E O E U R O
3

Por que necessitamos da União Económica


e Monetária e do euro?
Uma política comum para uma moeda comum

O que conduziu à adoção do euro?

© Reuters/BSIP
Apesar de já estarmos habituados ao euro, ele não surgiu
do dia para a noite. O lançamento do euro constitui um
marco importante, mas relativamente recente, na história
da integração europeia desde o final da Segunda Guerra
Mundial ― uma história em que os objetivos económicos
e políticos estiveram sempre estreitamente ligados. Tudo
começou no pós‑guerra, quando a prioridade era assegurar
uma paz duradoura e reconstruir a economia europeia
através do reforço da cooperação entre os países,
especialmente em termos de comércio livre.
Mais de 330 milhões de cidadãos da União Europeia utilizam
o euro no seu dia‑a‑dia. Para além da sua dimensão económica, o euro é um
símbolo poderoso e concreto da unidade, identidade
e cooperação europeias. O Tratado de Maastricht lançou
a União Económica e Monetária (UEM) e, ao mesmo tempo,
selou o compromisso da União Europeia de «continuar
O euro: um marco o processo de criação de uma união cada vez mais estreita
na integração europeia entre os povos da Europa». A UEM exigiu um
aprofundamento da integração a nível político e, por
O euro faz parte da vida quotidiana dos cidadãos de 18 conseguinte, uma união mais estreita. Enquanto a União
Estados‑Membros da União Europeia (UE). Em circulação Económica e Monetária abrange todos os Estados‑Membros
desde 2002, o euro é a moeda que mais de 330 milhões de da União Europeia, os Estados‑Membros da área do euro
pessoas utilizam para satisfazer as suas necessidades de devem respeitar uma série de regras específicas devido ao
todos os dias, para poupar para amanhã ou para investir no facto de terem uma moeda comum.
futuro. Atualmente, é a segunda moeda mais importante
do mundo, logo a seguir ao dólar norte‑americano,
constituindo um exemplo único de cooperação monetária
sólida e em grande escala entre países soberanos.

O euro constitui uma conquista da maior importância na


integração europeia, de países que, ao longo da sua
história, estiveram muitas vezes em guerra entre si; este
tipo de integração e solidariedade económica era de facto
impensável no passado. A geração que em 2020 atingirá
a idade adulta não terá conhecido outra moeda senão
o euro como moeda nacional.
4 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

Breve história do euro


—— Bases. O Tratado de Roma de 1957 subordinou O Sistema Monetário Europeu representou uma
a reconstrução da Europa ao desenvolvimento transferência radical da política monetária para
gradual de um mercado comum sem fronteiras o nível europeu.
no qual os produtos, serviços, pessoas
e capitais circulassem livremente entre —— União Económica e Monetária. Com a adoção
os países participantes. do Tratado da União Europeia (mais conhecido
por Tratado de Maastricht) em 1992, os
—— Ambição a longo prazo. A partir das décadas governos da União Europeia aprovaram
de 1960 e 1970, a ideia de uma União o lançamento da UEM, que tinha como objetivo
Económica e Monetária ― por outras palavras, a realização do mercado único,
um mercado único (*) altamente integrado com o estabelecimento do Banco Central Europeu
uma política monetária (*) única e uma moeda e a criação de uma moeda única estável
única ― afirmou‑se como uma ambição até ao final do século.
europeia nova e recorrente face a um dólar
norte‑americano fraco, às crises do petróleo —— Euros no bolso. As notas e moedas de euro
e à instabilidade cambial. começaram a circular em 2002; a nova moeda
única veio substituir as moedas nacionais (como
—— Harmonização. Em 1979, foi lançado o Sistema o franco francês, o marco alemão ou a peseta
Monetário Europeu, precursor da União espanhola) de 12 países europeus. Entretanto,
Económica e Monetária, com o objetivo de o número de Estados‑Membros da União
estabilizar as taxas de câmbio, limitar as Europeia cuja moeda é o euro (países da «área
flutuações das moedas dos diferentes países do euro» ou da «zona euro») aumentou
e travar o aumento dos preços (inflação). de 12 para 18. Ver mapa infra.

QUE ESTADOS‑MEMBROS PERTENCEM À ÁREA DO EURO?

Data de entrada na área do euro:


Açores (PT)
1 de janeiro de 1999: Bélgica (BE), Alemanha (DE), Irlanda (IE), Madeira (PT)
Espanha (ES), França (FR), Itália (IT), Luxemburgo (LU),
Países Baixos (NL), Áustria (AT), Portugal (PT) Finlândia (FI) FI
1 de janeiro de 2001: Grécia (EL) Ilhas Canárias (ES)
1 de janeiro de 2007: Eslovénia (SI) Guadalupe (FR)

1 de janeiro de 2008: Chipre (CY), Malta (MT) Martinica (FR)

1 de janeiro de 2009: Eslováquia (SK) SE EE


1 de janeiro de 2011: Estónia (EE) Guiana
LV Reunião (FR)
1 de janeiro de 2014: Letónia (LV) DK francesa
1 de janeiro de 2015: Lituânia (LT) IE (FR)
LT
UK

NL PL
Estados-Membros da União Europeia que não
BE DE
utilizam o euro:
LU
CZ
Bulgária (BG), República Checa (CZ), Dinamarca (DK), SK
FR
Croácia (HR), Hungria (HU), Polónia (PL), AT
Roménia (RO), Suécia (SE), Reino Unido (UK) HU
SI RO
IT HR

PT
BG
ES

EL

Todos os Estados‑Membros da União Europeia fazem de alguma forma MT


CY

parte da União Económica e Monetária, mas nem todos usam o euro como
moeda. Por ocasião da assinatura do Tratado de Maastricht, dois
Estados‑Membros (Dinamarca e Reino Unido) decidiram não adotar o euro.
Outros ainda não satisfaziam todos os critérios económicos previstos no
Tratado de Maastricht para poderem adotar o euro, nomeadamente os
relativos à estabilidade dos preços e às taxas de câmbio.
A U N I Ã O E C O N Ó M I C A E M O N E T Á R I A E O E U R O
5

Quais são as vantagens da União • A União Económica e Monetária apoia o crescimento


Económica e Monetária e do euro? económico: o agrupamento de economias e mercados
a nível europeu oferece as vantagens de um mercado de
• A União Económica e Monetária suporta o euro: a UEM maiores dimensões, bem como um enquadramento
ocupa‑se da política monetária (*) (estabilidade dos preços comum para melhorar a eficácia, a competitividade e a
e taxas de juros), da política económica (*) e de alguns solidez das economias, tanto a nível da União Europeia
aspetos da política orçamental (*), com vista a limitar os como a nível nacional. Por seu turno, este agrupamento
défices anuais e as dívidas dos governos (ver capítulo fomenta a estabilidade económica, maior crescimento
seguinte), a fim de assegurar uma conjuntura económica e a criação de mais postos de trabalho.
estável e favorável ao crescimento na área do euro e no
mercado único. Assim, um dos seus principais objetivos
consiste em garantir a solidez e a estabilidade do euro. • O euro é prático para os cidadãos: as vantagens da
moeda única são óbvias para quem viaja entre os
• A União Económica e Monetária assegura 18 países da área do euro. Por exemplo, o euro pôs
a estabilidade dos preços: o Banco Central Europeu termo aos custos e à maçada do câmbio de moeda nas
(BCE), independente, define a política monetária, fronteiras. Além disso, tornou as compras
incluindo a emissão de moeda, para a área do euro. transfronteiriças e a comparação de preços
O seu principal objetivo é manter a estabilidade dos (nomeadamente nas compras via Internet) muito mais
preços no consumidor e salvaguardar o valor do euro, fáceis e muito mais transparentes, fomentando
através da fixação e do ajustamento das taxas de juros a concorrência e mantendo os preços baixos para os
dos empréstimos concedidos pelo BCE. Para realizar este quinhentos milhões de consumidores europeus. Por
objetivo, o BCE procura manter as taxas de inflação último, o Banco Central Europeu tem garantido
a médio prazo um pouco abaixo dos 2%, taxa a estabilidade dos preços na área do euro, protegendo
considerada suficientemente baixa para permitir que os assim o poder de compra dos cidadãos.
consumidores beneficiem plenamente das vantagens da
estabilidade dos preços (nas décadas de 1970 e 1980,
muitos Estados‑Membros da União Europeia tinham
taxas de inflação muito altas, que, em alguns casos,
ultrapassavam 20%. A inflação caiu quando os
Estados‑Membros começaram a preparar‑se para o euro,
tendo estabilizado em cerca de 2% na área do euro.)

O Banco Central Europeu assegura que a inflação se


mantenha em cerca de 2% na área do euro.

A INFLAÇÃO MANTEVE-SE À VOLTA DOS 2% NA ÁREA DO EURO

%
Lançamento do euro
5

2 Índice harmonizado de preços no


consumidor (IHPC; taxa anual)

Inflação média
1 (1999-2014; taxa anual)

0 © Comissão Europeia

Os dados anteriores a 1996 foram


estimados com base nos índices
-1 nacionais não harmonizados de
1990 1995 2000 2005 2010 preços no consumidor.
6 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

• O euro é bom para as empresas: o euro tem igualmente


vantagens importantes para as empresas europeias, de
entre as quais importa destacar a estabilidade das taxas
de juros, promovida pela União Económica e Monetária,
que contribui para que as empresas invistam mais na
criação de emprego e na produção de riqueza. A adoção

© Shutterstock/Gena96
do euro pôs igualmente termo à concorrência entre
políticas monetárias nacionais e eliminou os custos do
câmbio de moeda, reduzindo riscos e aumentando
a disponibilização de capital para investimentos
produtivos. Além disso, a estabilidade dos preços confere
segurança às empresas para fazerem, a mais longo
Todas as moedas de euro têm uma face comum e uma face
prazo, planos e investimentos suscetíveis de melhorar nacional no reverso. As moedas e notas emitidas num
a sua competitividade (*), aspeto particularmente Estado‑Membro da área do euro podem ser utilizadas em
importante nas nossas economias globalizadas, em que qualquer outro Estado‑Membro da área do euro.
as empresas europeias estão em concorrência com
empresas de todos os continentes.

• O euro tem expressão mundial: o euro serve toda Durante a crise financeira (ver capítulo seguinte),
a Europa, dando‑lhe uma voz mais forte e maior peso o euro manteve praticamente o seu valor em
económico no comércio mundial. O euro é uma moeda relação a outras moedas mundiais, como o dólar,
estável, sustentada por um importante bloco económico com 1 euro a valer cerca de 1,3 dólares.
(a área do euro) que é mais resistente aos choques
mundiais. Ora, uma moeda com tal força e estabilidade
potencia a posição da Europa na economia mundial.
A par do dólar, o euro é a moeda de eleição para
transações a nível mundial: é a segunda moeda mais
transacionada nos mercados cambiais, sendo
diariamente utilizada em cerca de 40% das transações
internacionais. Com efeito, estão em circulação mais de
980 000 milhões de euros e mais de cem milhões de
pessoas fora da Europa utilizam moedas que estão
indexadas ao euro. Por último, desde a sua criação,
em 1999, a área do euro tem continuado a atrair
investimento estrangeiro direto de países
de todo o mundo.
A U N I Ã O E C O N Ó M I C A E M O N E T Á R I A E O E U R O
7

O que é, na prática, a União Económica


e Monetária?
Princípios comuns de estabilidade e crescimento

Quais são as regras básicas da União


Económica e Monetária? O Pacto de Estabilidade e Crescimento:
manter as finanças públicas sob controlo
«União Económica e Monetária» é, na realidade, uma
expressão abrangente, utilizada para designar um conjunto Para que a União Económica e Monetária funcione
bem, é necessário que todos os Estados‑Membros
de políticas que visam promover o crescimento na União
da União Europeia, sobretudo os da área do euro,
Europeia e preservar a força e a estabilidade do euro.
respeitem as regras que todos aprovaram. Tal
A União Económica e Monetária abrange a política implica, nomeadamente, que mantenham as
monetária («União Monetária»), a política orçamental e a respetivas finanças públicas em ordem ― por outras
política económica («União Económica»). Para uma síntese, palavras, que, nos orçamentos nacionais, assegurem
ver o quadro «Panorâmica da União Económica um justo equilíbrio entre a despesa e a receita.
e Monetária», infra.
O défice orçamental é o montante pelo qual
Estas políticas são geridas por autoridades nacionais ou a despesa pública excede a receita pública num dado
europeias ou por ambas. A política monetária é gerida ano. O Pacto de Estabilidade e Crescimento exige
exclusivamente pelo Banco Central Europeu, que que os Estados assegurem que os respetivos
é independente, (ver capítulo anterior), enquanto a política défices anuais não excedem 3% da sua produção
orçamental (tributação e finanças públicas) é da anual total (ou produto interno bruto, PIB).
Os Estados‑Membros da União Europeia apresentam
responsabilidade dos governos nacionais, apesar de as
os seus projetos de orçamento à Comissão; estes
decisões relativas às finanças públicas de cada
projetos são avaliados anualmente no âmbito
Estado‑Membro poderem ter impacto em toda a União do «Semestre Europeu» (ver capítulo seguinte).
Europeia. Por este motivo, a União Económica e Monetária
inclui algumas regras essenciais relativas às finanças A dívida pública é o montante total dos défices
públicas, estabelecidas e adotadas conjuntamente por orçamentais acumulados. Quando a despesa pública
todos os Estados‑Membros da União Europeia e aplicadas é superior à receita pública (gerando um défice
pela Comissão Europeia tendo em vista a preservação da anual), o Estado em causa tem de pedir dinheiro
estabilidade económica. O principal instrumento de emprestado ou aumentar os impostos para cobrir
orientação e coordenação das decisões económicas dos a diferença. A dívida pública de um Estado
Estados‑Membros da União Europeia é o Pacto de corresponde, portanto, ao valor total da dívida
Estabilidade e Crescimento, adotado em 1999 e reforçado acumulada por esse Estado ao longo dos anos.
a partir de 2011 (ver capítulo seguinte).
O Pacto de Estabilidade e Crescimento exige que
os Estados‑Membros assegurem que as
respetivas dívidas não excedem 60% do seu PIB
(ou continuem a reduzi‑las a um ritmo satisfatório
até esta proporção).

A existência de défices anuais e de dívidas públicas


(que podem obrigar os Estados a gerar receitas
adicionais) não constitui, por si só, um problema.
Pode até ser um meio de investir no futuro
crescimento económico. O Pacto de Estabilidade
e Crescimento tem por objetivo evitar
o endividamento excessivo e dívidas públicas
insustentáveis, que comprometam
o desenvolvimento económico.
8 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

PANORÂMICA DA UNIÃO ECONÓMICA E MONETÁRIA

União Monetária União Económica

Política Monetária Política Orçamental Decisões de política


económica
O que Estabilidade dos preços: Finanças públicas Tributação (receita Decisões relativas aos
abrange? fixação de taxas de juro (níveis de despesa do Estado). sistemas educativos,
para a área do euro que e contração aos mercados de
permitam manter de crédito pelos trabalho, aos regimes
a inflação um pouco Estados‑Membros). de pensões, etc.
abaixo dos 2%
–––
Circulação de notas
e moedas de euro.

Quem gere? O Banco Central Europeu Responsabilidade dos Responsabilidade Responsabilidade dos
(BCE) fixa as taxas de juro governos nacionais. dos governos governos nacionais.
e imprime as notas de euro. ––– nacionais. –––
––– A União Europeia A União Europeia
Os governos nacionais aplica regras comuns coordena e formula
cunham as moedas de aos défices/dívidas recomendações no
euro nas quantidades nacionais. âmbito do Semestre
aprovadas pelo BCE. Europeu.

Para mais Consultar o capítulo 1 Consultar o capítulo 2 Consultar o capítulo 3


informações

O que acontece se as regras Estas regras, aprovadas por todos os Estados‑Membros


forem infringidas? e instituições da União Europeia, demonstram que as
decisões económicas são uma questão de interesse comum
Se constatar que um Estado‑Membro da União Europeia e de responsabilidade partilhada ― sobretudo na área
infringiu as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento em do euro. Embora os aspetos de supervisão do Pacto
matéria de défices/dívidas, a Comissão Europeia pode dar de≈Estabilidade e Crescimento sejam aplicáveis a todos
início a procedimentos destinados a corrigir a situação. No os Estados‑Membros da União Europeia, apenas podem
caso de as infrações não serem de caráter temporário ou ser impostas multas por infração às regras aos
excecional, a Comissão recomenda que os ministros das Estados‑Membros da área do euro. De um modo geral,
finanças da União Europeia acionem contra o Estado‑Membro todos os Estados‑Membros da União Europeia e, em
em causa o procedimento relativo aos défices excessivos (*). especial, os Estados‑Membros da área do euro têm de
Se a maioria dos ministros das finanças da União não rejeitar estar seguros de que, por norma, são adotadas políticas
a recomendação, o Estado‑Membro em causa terá prudentes, de que existem mecanismos para identificar
de apresentar um plano pormenorizado para reduzir o seu e corrigir divergências e de que a boa governação
défice ou a sua dívida para os limites impostos pelo Pacto económica de um Estado‑Membro não será comprometida
dentro do prazo estabelecido para o efeito (para mais por comportamentos perdulários de outros.
informações, ver capítulo seguinte).
A U N I Ã O E C O N Ó M I C A E M O N E T Á R I A E O E U R O
9

Quem gere a União Económica


e Monetária?
― Uma responsabilidade partilhada

A União Económica e Monetária é gerida por diversas


instituições da União Europeia e nacionais, cabendo a cada
uma missões específicas. Este processo de gestão
é conhecido por «governação económica» e nele intervêm:

A COMISSÃO EUROPEIA ― Efetua previsões económicas


e acompanha uma série de indicadores económicos
Compreender o Banco Central Europeu
relativamente a todos os Estados‑Membros da União e o Eurosistema em três minutos.
Europeia, a fim de assegurar que estes cumprem as regras
do Pacto de Estabilidade e Crescimento por todos Ver o vídeo em:
aprovadas. A Comissão avalia a situação económica https://www.youtube.com/watch?v=TAlcFwGIQBg
e formula regularmente recomendações ao Conselho de
Ministros, que representa os governos de todos os
Estados‑Membros da União Europeia [os ministros das
Finanças tomam decisões no Conselho Ecofin (*)].

O CONSELHO EUROPEU ― Composto pelos chefes PARLAMENTO EUROPEU ― Partilha com os ministros
de Estado e de Governo de todos os Estados‑Membros da das Finanças (no Conselho Ecofin) a elaboração das leis
União Europeia, define as principais orientações políticas. e exerce uma supervisão democrática sobre a gestão
da União Económica e Monetária.
A CIMEIRA DO EURO ― Pelo menos duas vezes por ano,
os chefes de Estado e de Governo dos Estados‑Membros GOVERNOS NACIONAIS ― Estabelecem os seus
da área do euro reúnem‑se para coordenar a governação orçamentos nacionais no respeito dos limites acordados
do euro. para os défices/dívidas e executam as decisões tomadas
pelo Conselho de Ministros da União Europeia. São ainda
O CONSELHO DE MINISTROS DA UNIÃO EUROPEIA responsáveis pelas políticas económicas, educativas,
(«CONSELHO ECOFIN») ― O Conselho de Ministros laborais, sociais e em matéria de pensões, para referir
reúne ministros de todos Estados‑Membros da União apenas algumas.
Europeia, variando as formações do Conselho em função
do domínio de política. O Conselho Ecofin é composto pelos BANCO CENTRAL EUROPEU ― Gere, de forma
ministros das finanças de todos os Estados‑Membros da independente, a política monetária na área do euro,
União Europeia e, para além de coordenar, legisla sobre assegurando a estabilidade dos preços através da fixação
a política económica e financeira da UE em vários domínios, das taxas de juros, de modo a controlar a inflação
nomeadamente a coordenação da política económica, a médio prazo.
a supervisão económica, o acompanhamento das políticas
orçamentais e das finanças públicas dos Estados‑Membros
da União Europeia, o euro (aspetos jurídicos, práticos
e internacionais), os mercados financeiros, os movimentos
de capitais e as relações económicas com os países não
pertencentes à União Europeia. Com base nas propostas
da Comissão, os ministros tomam decisões que são
juridicamente vinculativas para os Estados‑Membros
da União Europeia.

EUROGRUPO ― Os ministros das Finanças de todos os


países da área do euro reúnem‑se para discutir assuntos
relacionados com o euro, normalmente antes do Conselho
Ecofin, em que as decisões são formalmente adotadas
(ver supra).
10 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

Como surgiu a crise económica e financeira?


A crise, que tem afetado seriamente muitos 2010‑2012: crise da dívida soberana
Estados‑Membros no interior e no exterior da área do
euro desde o final de 2009, representa, na realidade, No final de 2009, algumas das economias mais
o culminar de várias crises e fatores, incluindo uma expostas da área do euro (nomeadamente a Grécia,
crise financeira (ou do setor bancário), uma crise a Irlanda e Portugal) deixaram de conseguir,
económica e uma crise da dívida soberana (*), que simultaneamente, sustentar níveis de dívida
agravou as condições de vida das pessoas em alguns galopantes e fazer face à crise financeira, o que gerou
Estados‑Membros da União Europeia. uma crise da «dívida soberana». Os investidores do
mercado financeiro perderam a confiança quer na
capacidade de estes Estados‑Membros pagarem as
A partir de 2000: suas dívidas, quer na sua competitividade. Os juros
dívidas e divergências económicas que os investidores exigiam pelas obrigações do
Estado (*) subiram tanto que estes Estados‑Membros
Ao longo de vários anos, muitos Estados‑Membros deixaram de poder contrair empréstimos nos
da União Europeia acumularam dívidas e défices mercados financeiros através da venda de obrigações.
significativos. O Pacto de Estabilidade e Crescimento Ora, como uma parte destas obrigações estava na
estava a chegar ao seu limite: em 2004 já vários posse de investidores de outros Estados‑Membros da
Estados‑Membros tinham infringido as suas regras, área do euro (nomeadamente de bancos), esta crise
que se revelavam difíceis de cumprir. Uma moeda tornou‑se um problema muito mais amplo: os bancos
comum requer que os agentes económicos dos deixaram de ter confiança para conceder crédito
Estados‑Membros participantes tenham flexibilidade a empresas e famílias, o que deu origem a uma nova
suficiente para se adaptarem às mudanças da crise, a «crise do crédito».
economia. Não obstante, as divergências
económicas entre os Estados‑Membros, em termos Para superar a crise, era necessário repor as
de produtividade e de salários, não cessavam de finanças públicas em ordem e empreender reformas
aumentar. Acresce que alguns Estados‑Membros estruturais com vista a recuperar a competitividade.
deixaram de ser economicamente competitivos. Os Estados‑Membros da área do euro criaram
Estes desequilíbrios foram‑se acentuando ao longo o mecanismo de estabilidade europeu, no âmbito do
de muitos anos e, em alguns Estados‑Membros, não qual foram concedidos empréstimos significativos
foram devidamente corrigidos; por seu lado, a União aos Estados‑Membros em maiores dificuldades (ver
Europeia não dispunha de meios para os corrigir. Na capítulo seguinte). Em 2011, surgiram sinais de uma
realidade, existia uma união monetária, mas não tímida retoma da economia, que voltaria a entrar
existia uma união económica que a sustentasse. em recessão ligeira em 2012.

2007‑2008: crise financeira mundial 2013‑2014: recuperar da crise


Em 2007 e 2008, vários grandes bancos Em 2013, a economia da União começou a recuperar
norte‑americanos, incluindo o Lehman Brothers, lentamente do longo período de recessão. A política
o quarto maior banco de investimento dos Estados
económica da UE concentrou‑se no crescimento
Unidos, abriram falência em resultado da concessão sustentável e na criação de emprego, e permitiu que
de crédito de risco no mercado hipotecário os Estados‑Membros continuassem a consolidar
[rebentamento da bolha do crédito de elevado risco as suas finanças públicas a um ritmo mais lento,
(subprime) nos Estados Unidos]. Devido consentâneo com as suas circunstâncias específicas.
à interdependência da economia mundial, o contágio Simultaneamente, os Estados‑Membros da União
financeiro a bancos de todo o mundo não se fez Europeia compreenderam a necessidade
esperar. Os bancos deixaram de emprestar dinheiro de intensificar as reformas estruturais
uns aos outros e o crédito esgotou‑se. Para evitar para desbloquear o crescimento na Europa.
o colapso do sistema bancário, entre 2008 e 2011,
os Estados‑Membros da União Europeia, pertencentes
ou não à área do euro, injetaram cerca de 1,6 biliões O maior desafio continua a ser estimular a criação
de euros nos seus bancos em garantias e em capital de emprego. Grécia e Espanha, nomeadamente, têm
(quase 13% do PIB da UE), agravando, desta forma, taxas de desemprego superiores a 25%. A Comissão
os respetivos défices e dívidas. Europeia e os Estados‑Membros da União Europeia
lançaram uma série de medidas com vista a fazer
os desempregados regressarem ao sistema de
2009: crise económica ensino, aos centros de formação ou ao trabalho
e a promover um crescimento económico forte
Em 2009, a economia da UE entrou em recessão e duradouro.
profunda. Os Estados‑Membros da União Europeia
adotaram políticas de estímulo económico para
contrariar a desaceleração económica. Para mais informações sobre a estratégia
de crescimento da União Europeia, denominada
estratégia «Europa 2020», ver a secção da presente
publicação sobre o Semestre Europeu
(capítulo seguinte) ou consultar
http://ec.europa.eu/europe2020/index_pt.htm.
A U N I Ã O E C O N Ó M I C A E M O N E T Á R I A E O E U R O
11

O que faz a União Europeia para promover


o crescimento?
Sair da crise mais forte e mais unida

Ensinamentos extraídos: O princípio orientador é o de que a um reforço da


reforçar a cooperação solidariedade mútua deva corresponder um reforço da
responsabilidade individual, que por sua vez terá de
Um importante ensinamento aprendido com a crise foi o de emergir de um processo profundamente democrático.
que os Estados‑Membros da União Europeia (em especial
os da área do euro) dependem uns dos outros: se um Outro importante ensinamento é o de que num sistema
prosperar, os outros beneficiam; se um vacilar, os outros económico interdependente, como a área do euro, os países
sofrem. Fiéis ao princípio da solidariedade, os não podem permitir que os seus défices e as suas dívidas se
Estados‑Membros da área do euro prestaram assistência acumulem indefinidamente. Do mesmo modo, as
à Grécia, à Irlanda, a Portugal e a Chipre, disponibilizando divergências económicas entre os Estados‑Membros da
assistência financeira condicional, nomeadamente para União Europeia, em termos de crescimento e de
ajudar estes Estados a não acumularem dívidas excessivas competitividade, têm de ser atenuadas: a união monetária
(ver ilustração infra). Entretanto, a Espanha beneficiou é insuficiente se não houver um aprofundamento da união
igualmente de assistência financeira condicional para económica, o que por sua vez implica uma maior integração
sanear o seu setor bancário. política. É esta a razão por que, desde 2010, os governos
nacionais decidiram reforçar a sua cooperação ao nível da
União através da introdução de uma série de medidas,
Em dezembro de 2013 e janeiro de 2014, referidas mais adiante, destinadas a conferir à UE os meios
respetivamente, a Irlanda e a Espanha concluíram para agir com eficácia, não só para prevenir crises deste tipo
com êxito os seus programas de assistência, o que como para relançar o crescimento e o emprego na economia
reflete o regresso da confiança dos mercados, europeia. Estas medidas implicam um reforço significativo
a melhoria das perspetivas económicas e a descida
da cooperação económica e política atual e futura,
do desemprego.
nomeadamente entre os Estados‑Membros da área do euro.

Um vídeo da Comissão Europeia que explica a crise económica


e financeira: de que forma a União Europeia encontrou
soluções para superar a crise financeira, de que forma está
a reforçar a sua União Económica e Monetária e de que forma
está a preparar o caminho para uma união política.

Ver o vídeo em:


https://www.youtube.com/watch?v=0B3zNcFYqj0
12 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

Sair da crise, retomar o crescimento


Assistência financeira à Grécia
A União Europeia tomou medidas decisivas para evitar
No final de 2009, o Governo grego admitiu
crises futuras e para retomar o crescimento através
que o défice da Grécia era substancialmente
de uma melhor coordenação das decisões económicas.
superior ao anteriormente declarado. Esta situação
era o resultado de despesas excessivas
(nomeadamente com um setor público 1. O SEMESTRE EUROPEU: UMA NOVA ABORDAGEM
sobredimensionado e ineficiente), de evasão fiscal DA COOPERAÇÃO ECONÓMICA
e de políticas económicas nacionais inadequadas,
que criavam estruturas de mercado rígidas A «Europa 2020» (*) é a estratégia da União Europeia para
e frequentemente dominadas por poderosos o crescimento económico e a criação de emprego até 2020.
grupos de interesses organizados. A pedra angular da «Europa 2020» é o Semestre Europeu,
estabelecido em 2010 como um ciclo anual de
Para salvar a Grécia da bancarrota e permitir que coordenação da política económica e de diálogo entre as
este país possa continuar a pagar as prestações instituições europeias, os governos dos Estados‑Membros
sociais aos seus cidadãos e os salários aos seus da União Europeia e os parlamentos nacionais. No âmbito
funcionários públicos, os Estados‑Membros da área
deste exercício, a Comissão realiza uma avaliação anual
do euro e o Fundo Monetário Internacional (FMI)
(análise anual do crescimento, AGS) das economias e das
concederam à Grécia, desde 2010, empréstimos
no valor global de quase 240 000 milhões de euros, finanças dos Estados‑Membros da União Europeia,
a reembolsar durante um longo período. avaliação que é publicada todos os anos no mês de
novembro, sendo em seguida discutida em profundidade
Em troca deste apoio, as autoridades gregas têm pelas autoridades nacionais e da UE. Em maio‑junho do
vindo a corrigir as fragilidades do país, através ano seguinte, a Comissão formula recomendações de
de uma vasta gama de medidas que visam tornar política económica e orçamental específicas para cada
as finanças públicas deste Estado‑Membro Estado‑Membro («recomendações específicas por país»),
sustentáveis (sem deixar de proteger os seus que são discutidas e aprovadas por todos os líderes
cidadãos mais vulneráveis), tornar o sistema fiscal e ministros das finanças da União. Estas recomendações
mais equitativo e mais eficaz, modernizar visam relançar o crescimento, impulsionar a criação de
a administração pública para que esta responda emprego, aumentar as oportunidades de formação e de
melhor às necessidades da população grega, sanear
ensino, bem como de estágios profissionais, assistir as
os bancos para que estes possam voltar a conceder
pequenas e médias empresas no acesso ao financiamento,
crédito às famílias e às empresas, e mudar
a legislação que impede as empresas gregas fomentar o crescimento através da promoção da
de competir, investir e criar emprego. investigação e da inovação e muito mais.

A execução destas medidas é acompanhada pela O Semestre Europeu reforça a União Económica e Monetária
Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu no seu conjunto. Da cooperação entre os Estados‑Membros
e pelo FMI, que apresentam relatórios regulares emergem soluções a longo prazo para assegurar
aos seus membros (a Comissão Europeia apresenta a estabilidade e o crescimento, em vez de soluções de
relatórios aos Estados‑Membros da área do euro). recurso para responder a objetivos de curto prazo.
Os credores disponibilizam os empréstimos O Semestre Europeu proporciona ainda um enquadramento
em prestações regulares, na condição de a Grécia e um calendário anual vinculativo para gerir as novas
respeitar os compromissos de reforma assumidos.

A apropriação destas medidas pela Grécia, O CUSTO DOS EMPRÉSTIMOS PARA OS GOVERNOS
bem como a justiça social constituem as prioridades DE CINCO ESTADOS‑MEMBROS DA UNIÃO EUROPEIA
para que o programa de reformas conduza %
à inversão da situação económica. 45
40
35
Com o apoio dos Estados‑Membros da União Europeia
30
e da «task force» (grupo de trabalho) especial que 25
presta assistência técnica específica à Grécia, uma 20
vasta gama de reformas estão a ser levadas a cabo, 15
incluindo a racionalização dos fundos da segurança 10
social, o apoio à estratégia nacional de luta contra 5

a corrupção, o aumento da eficácia na cobrança de 0


’07 ’08 ’09 ’10 ’11 ’12
impostos e a reformulação da administração pública
tornando‑a menos pesada e mais eficiente. Alemanha França Irlanda Portugal Grécia

Taxas de rentabilidade das obrigações soberanas a 10 anos


Fonte: Comissão Europeia.
A U N I Ã O E C O N Ó M I C A E M O N E T Á R I A E O E U R O
13

NOVEMBRO

DEZEMBRO

FEVEREIRO

SETEMBRO

OUTUBRO
JANEIRO

AGOSTO
MARÇO

JUNHO

JULHO
ABRIL

MAIO
Previsões económicas 1.os dados O Eurostat
Previsões económicas do outono Previsões económicas da primavera valida os
do inverno do Eurostat
sobre a dados sobre
dívida/défice a dívida/
PRIORIDADES GERAIS /défice
AAC
COMISSÃO EUROPEIA

A Comissão publica
a análise anual
do crescimento
RMA

e o relatório sobre
o mecanismo de ANÁLISE ACONSELHAMENTO

CSR
AA
alerta. PORMENORIZADA ORIENTADO
A Comissão recomendações
Área
do €
ORÇAMENTOS publica análises específicas por
Parecer da aprofundadas país aplicáveis
Comissão sobre os sobre os países às políticas
projetos de propostas com potenciais orçamental,
de orçamento riscos económicos económica e social
CONSELHO EUROPEU/

Área EUROGRUPO CONSELHO CONSELHO CONSELHO CONSELHO


AAC

REP
GIP
do €
Os ministros das Os ministros EUROPEU Os ministros EUROPEU
/CONSELHO

Finanças debatem nacionais Os dirigentes nacionais Os líderes da


os pareceres da adotam as da UE adotam debatem as UE aprovam as
RMA

CE sobre projetos conclusões da as prioridades recomendações recomendações


de propostas de AAC e do RMA. económicas com específicas por específicas por
orçamento base na AAC país país finais
ESTADOS-MEMBROS

Área EXECUÇÃO EXECUÇÃO Área EXECUÇÃO


do € do €
Os Estados- Os Estados-Membros Os Estados-Membros
-Membros apresentam os seus programas apresentam
adotam os de estabilidade ou de projetos de propostas
orçamentos convergência (sobre políticas de orçamento +
orçamentais) e programas programas de parceria
nacionais de reformas (sobre económica (países
políticas económicas) sujeitos a um PDE)

Diálogo Diálogo Diálogo


PARLAMENTO

AAC
AAC

REP
EUROPEU

económico económico económico


sobre a AAC no Conselho sobre as
Europeu/AAC recomendações
RMA

específicas por
país

AAC: análise anual do crescimento (prioridades económicas globais para a UE).


RMA: relatório sobre o mecanismo de alerta (mecanismo de análise dos riscos económicos).
REP: recomendações específicas por país.
PDE: procedimento por défice excessivo.
AA: análise aprofundada.
Programa de Parceria Económica: descrição das reformas estruturais essenciais necessárias para que o défice seja corrigido de forma duradoura.

EVOLUÇÃO ANUAL DO PIB NOS 28 ESTADOS‑MEMBROS


DA UNIÃO EUROPEIA
medidas de combate à crise e em prol do crescimento,
adotadas desde o início da crise (ver pontos 2‑4, infra). Crescimento real do PIB, UE 28
%
5
2. UMA ESTRATÉGIA GLOBAL PARA ASSEGURAR 4
Previsão
A ESTABILIDADE FINANCEIRA 3

2
Prevenção reforçada de défices 1
e dívidas excessivos... 0

-1
A fim de evitar a acumulação de défices e dívidas -2
excessivos, o Pacto de Estabilidade e Crescimento -3
(ver capítulo anterior) foi reforçado em dezembro de 2011 -4
com a entrada em vigor de um novo pacote legislativo da -5
96 98 00 02 04 06 08 10 12 14
União, que ficou conhecido como «six‑pack» por conter seis
atos legislativos destinados a reforçar a gestão económica
na União Europeia. A crise não só pôs em causa o crescimento económico
equilibrado dos Estados‑Membros da União Europeia como
destruiu muitos dos milhões de postos de trabalho criados
até 2008. O novo enquadramento de gestão económica
conhecido por Semestre Europeu visa promover
o crescimento, criar emprego e evitar crises futuras.
14 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

© European Union Em maio de 2013, entraram em vigor dois novos atos


legislativos (designados por «two‑pack») que reforçam
ainda mais a cooperação económica e orçamental (e, por
conseguinte, o Pacto de Estabilidade e Crescimento) entre
os Estados‑Membros da área do euro, intensificando, em
especial, a coordenação e o acompanhamento das políticas
orçamentais nacionais. A Comissão analisa e avalia os
projetos de orçamentos anuais dos Estados‑Membros da
área do euro antes de os mesmos serem aprovados pelos
parlamentos nacionais. Este novo pacote reforça
igualmente o acompanhamento pela Comissão junto dos
Olli Rehn, vice‑presidente da Comissão responsável pelos Estados‑Membros da área do euro que enfrentam graves
Assuntos Económicos e Monetários e pelo Euro, durante uma dificuldades financeiras, tornando vinculativas ao abrigo da
conferência de imprensa sobre a entrada em vigor do pacote legislação da União Europeia partes do Tratado Orçamental.
legislativo «six‑pack».
O objetivo consiste em garantir o equilíbrio dos orçamentos
nacionais e impedir que os Estados‑Membros, em especial
os da área do euro, acumulem défices e dívidas excessivas,
A reforma tornou o Pacto de Estabilidade e Crescimento evitando assim futuras crises económicas.
mais transparente e vinculativo, reforçando as
responsabilidades da Comissão em matéria de
acompanhamento e avaliação dos orçamentos nacionais. … e apoio financeiro para os mais carenciados
No caso de um Estado‑Membro da União Europeia
ultrapassar os limites do défice/dívida aprovados por No outono de 2012, os Estados‑Membros da área do euro
comum acordo, este deve demonstrar que está a tomar as criaram um novo fundo de emergência [ou «firewall» (*)]
medidas adequadas para resolver a situação, e de acordo permanente denominado Mecanismo de Estabilidade
com um calendário bem definido. As recomendações Europeu (*) com uma capacidade de concessão de crédito
formuladas pela Comissão destinadas a Estados‑Membros de 500 000 milhões de euros, que o coloca entre os
específicos são agora mais bem aplicadas. As sanções maiores do género em todo o mundo. O Mecanismo pode
financeiras (incluindo as pecuniárias) aplicáveis aos conceder empréstimos a Estados‑Membros da área do euro
Estados‑Membros da área do euro que não consigam que enfrentem temporariamente dificuldades na obtenção
equilibrar as suas contas podem ser impostas mais cedo de crédito nos mercados financeiros devido a preocupações
e gradualmente agravadas. O financiamento da União suscitadas pelos níveis da sua dívida. A concessão de
Europeia, nomeadamente para o desenvolvimento regional crédito é subordinada à observância de condições
e a agricultura, pode ser suspenso, para todos os rigorosas, nomeadamente a recondução das finanças
Estados‑Membros que infrinjam reiteradamente as públicas a níveis sustentáveis, em conformidade com
disposições do Pacto, quer pertençam ou não à área do o Pacto de Estabilidade e Crescimento, e a prossecução das
euro. No entanto, a aplicação das regras do Pacto de reformas estruturais. Desta forma, aumenta a confiança
Estabilidade e Crescimento reforçado tem em conta as dos mercados financeiros na capacidade destes
condições económicas específicas de cada Estado‑Membro, Estados‑Membros para pagarem as suas dívidas e virem
não sendo adotada uma abordagem uniforme. a recuperar a sua competitividade. Globalmente,
o Mecanismo contribui para assegurar a estabilidade
Em 2012, todos os países, com exceção do Reino Unido e da financeira de toda a área do euro.
República Checa, reforçaram o seu empenhamento no Pacto
com a assinatura de um acordo internacional denominado
Tratado sobre Estabilidade, Coordenação e Governação
na União Económica e Monetária, também conhecido por Em 2009 e 2010, foram criados dois fundos de
«Pacto Orçamental» (importa referir que, em 2014, emergência (ou «firewalls») temporários para ajudar
a República Checa acabou por manifestar a intenção de os Estados‑Membros da União Europeia a fazer face
assinar o Tratado). Este facto demonstra a vontade desses às suas dívidas: o Fundo Europeu de Estabilidade
Estados‑Membros de consagrarem uma cultura de Financeira (*) e o Mecanismo Europeu de
Estabilidade Financeira (*). No final de 2012, foi
estabilidade financeira nas suas legislações, prevendo
criado um novo fundo permanente, denominado
a obrigação de manterem os respetivos orçamentos
Mecanismo de Estabilidade Europeu (*), que, desde
equilibrados ou excedentários. O Tratado torna ainda as então, tem concedido empréstimos consideráveis
medidas corretivas mais automáticas graças ao alargamento a Estados‑Membros da área do euro em dificuldades.
de novas regras de votação e exige compromissos mais
firmes por parte dos Estados‑Membros da área do euro.
A U N I Ã O E C O N Ó M I C A E M O N E T Á R I A E O E U R O
15

O Fundo Europeu de Ajustamento à Globalização é outro Por último, no domínio da política regional, o financiamento
instrumento que foi utilizado para atenuar os efeitos dos projetos de investimento regionais foi concedido com
negativos da crise. O Fundo apoia pessoas que perderam maior rapidez aos Estados‑Membros da área do euro, para
os seus empregos em consequência da globalização (por responder à crise e em especial àqueles que beneficiam de
exemplo, a deslocalização de uma empresa para o exterior pacotes de assistência económica. Além disso, para aliviar
da União Europeia), mas também em consequência da crise a pressão sobre os orçamentos nacionais numa época de
económica e financeira, facultando formação, tutoria restrições orçamentais, a contribuição da União Europeia
e aconselhamento profissional a trabalhadores por conta para projetos regionais foi aumentada e as contribuições
de outrem e independentes. Para o período 2014‑2020, nacionais foram reduzidas.
o Fundo dispõe de um orçamento global superior
a 1 000 milhões de euros.

Finalidade Estados‑Membros em causa


Estados‑Membros da área Todos os Estados‑Membros
do euro da União Europeia

Semestre Europeu Coordenação anual


✔ ✔
Coordenação das políticas

(desde 2010) das políticas económicas


entre a União Europeia A Comissão pode formular
económicas

e os governos nacionais recomendações adicionais


destinadas aos
Estados‑Membros
da área do euro

Pacto de Estabilidade Coordenação e vigilância


e Crescimento
(reforçado pela legislação
económica/orçamental
para evitar défices/dívidas
✔ ✔
Avaliação europeia dos
do «six‑pack» em 2011 excessivos nos orçamentos nacionais, bem
Prevenção do défice/dívida

e do «two‑pack» em 2013) Estados‑Membros como imposição de multas


da União Europeia aos Estados‑Membros
da área do euro em caso
de infração às regras
do Pacto11

Pacto orçamental Reforça o Pacto



O Tratado foi assinado por
(Tratado sobre Estabilidade, de Estabilidade todos os Estados‑Membros da
Coordenação e Governação na e Crescimento: União Europeia, com exceção
União Económica e Monetária os Estados‑Membros da Croácia e do Reino Unido.
(TECG), 2012) comprometem‑se a manter A Dinamarca e a Roménia
os seus orçamentos declararam‑se vinculadas por
equilibrados todos os artigos do Tratado

Mecanismo de Estabilidade Fundo de emergência


Europeu
(2012)
europeu com um orçamento
de 500 000 milhões de euros

Apenas podem beneficiar

para prestar assistência do mecanismo
a Estados‑Membros com Estados‑Membros da área
dificuldades temporárias em do euro que tenham assinado
Mecanismos de apoio

obter empréstimos nos o Pacto Orçamental


mercados financeiros devido
a dívidas soberanas
excessivas.

Fundo Europeu de Fundo com um orçamento


Ajustamento à Globalização
(instituído em 2006)
anual de 150 milhões de
euros destinados a apoiar
✔ ✔
trabalhadores que tenham
sido despedidos em
consequência da globalização
ou de uma crise económica
e financeira grave.

Síntese das medidas tomadas pelas instituições


e Estados‑Membros da União Europeia desde 2010 para
melhorar a coordenação das suas políticas económicas,
prevenir crises do défice/dívida e prestar assistência
aos Estados‑Membros que se debatem
com dificuldades financeiras.
16 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

3. ANTECIPAR E CORRIGIR DESEQUILÍBRIOS o efeito o dinheiro dos contribuintes, o que contribuiu para
ECONÓMICOS SIGNIFICATIVOS agravar as dívidas, a recessão e uma crise social prolongada.

A crise veio revelar a extensão dos desequilíbrios No intuito de construir um enquadramento sólido para
económicos entre certos Estados‑Membros da União a regulamentação do setor financeiro, em 2009, o Conselho
Europeia, nomeadamente em termos de competitividade Europeu recomendou a definição de um «conjunto único de
e de produtividade. Estes desequilíbrios são especialmente regras» aplicável a todas as instituições bancárias do
problemáticos quando envolvem Estados‑Membros da área mercado único da União Europeia. Desde 2010, a Comissão
do euro, na medida em que a cooperação no âmbito propôs quase trinta medidas adicionais para assegurar que
de um sistema comum implica, nomeadamente, todos os agentes, produtos e mercados financeiros dos
que os Estados‑Membros não possam compensar Estados‑Membros da União Europeia sejam devidamente
temporariamente uma perda da competitividade através da supervisionados. Foram criadas novas autoridades
desvalorização das respetivas moedas, ajustando as taxas pan‑europeias (em parte para avaliar a capacidade dos
de câmbio (estas desvalorizações são, porém, normalmente bancos da UE de resistir a eventuais choques financeiros)
seguidas de inflação, que, com o tempo, anula os efeitos com o objetivo de assegurar que os bancos tenham um
da desvalorização competitiva). Quanto menores forem comportamento responsável, possuam capacidade de
os desequilíbrios económicos entre os Estados‑Membros concessão de crédito suficiente e possam garantir os
da União Europeia, mais forte é a UE (e em especial depósitos bancários dos cidadãos da União Europeia.
a área do euro) enquanto bloco económico.
Contudo, os líderes da União reconheceram que um setor
Em consequência, a União Europeia reforçou financeiro mais forte não basta para quebrar o círculo
o acompanhamento das economias dos seus vicioso entre os bancos e as dívidas soberanas, sobretudo
Estados‑Membros, em especial dos da área do euro. nos países da área do euro, onde é necessária uma
O «six‑pack» de 2011 introduziu igualmente um abordagem mais integrada. Por esse motivo, em junho de
procedimento relativo aos desequilíbrios 2012, manifestaram a sua disponibilidade para a criação de
macroeconómicos (*), um novo mecanismo de alerta uma União Bancária (*), tendo posteriormente a Comissão
precoce destinado a identificar e a evitar potenciais apresentado propostas com vista ao seu estabelecimento
desequilíbrios com muito maior antecedência. A Comissão gradual. Por exemplo, a partir de janeiro de 2015, o Banco
acompanha uma série de indicadores económicos suscetíveis Central Europeu tornar‑se‑á o principal responsável pela
de afetar a competitividade global, como os preços da supervisão dos bancos da área do euro. Outras medidas
habitação, os custos da mão‑de‑obra e as exportações para preveem instrumentos da União Europeia para reestruturar
países terceiros e entre Estados‑Membros da União bancos em dificuldades, incluindo um fundo de resgate para
Europeia. Esses desequilíbrios podem ser, por exemplo, bancos da área do euro financiado por impostos cobrados
aumentos salariais não consentâneos com a produtividade, aos bancos a nível nacional, a fim de assegurar que o setor
ou um rápido aumento dos preços da habitação não financeiro paga pelos seus fracassos em vez de apresentar
compatível com o orçamento dos agregados familiares. a fatura aos contribuintes europeus.

Caso detete desequilíbrios excessivos, a Comissão formula


recomendações ― que o Conselho de Ministros endereça
ao Estado‑Membro em causa ― destinadas a corrigir
a situação. O governo do Estado‑Membro em causa tem,
então, de estabelecer um plano de medidas corretivas.
© Reuters/BSIP

Além disso, podem ser impostas sanções (incluindo multas)


aos Estados‑Membros da área do euro que reiteradamente
não sigam as recomendações da Comissão, como podem
ser congelados vários fundos destinados aos
Estados‑Membros, quer pertençam ou não à área do euro
[ver procedimento por desequilíbrio excessivo (*)].

4. SUPERVISÃO MAIS RIGOROSA DOS BANCOS:


PROTEGER OS CONTRIBUINTES

A crise da dívida soberana interligou‑se com a crise


financeira: na ausência de um enquadramento a nível da
União Europeia para a supervisão do comportamento dos
A União Europeia tomou medidas para reformar e reforçar
bancos, os governos da UE tiveram de salvar individual
o seu setor dos serviços financeiros, colocando a tónica na
e arbitrariamente alguns dos seus bancos utilizando para vigilância dos bancos e na reestruturação dos bancos em
dificuldades («União Bancária»).
A U N I Ã O E C O N Ó M I C A E M O N E T Á R I A E O E U R O
17

Perspetivas
O caminho a seguir: rumo a uma União Económica
e Monetária sólida e genuína

As sucessivas crises que fustigaram a Europa e o resto


A justiça social não pode ser dissociada da solidez
do mundo a partir de 2008 terão sido das mais graves
das finanças públicas. Por exemplo, um sistema
registadas desde a Grande Depressão da década de 1930
tributário mais eficaz, com menos isenções ou
e puseram seguramente à prova a solidariedade lacunas que permitam a evasão fiscal, pode
e a integração europeias. contribuir para a eficácia e a justiça.»
Olli Rehn, vice‑presidente da Comissão Europeia,
Trabalhando conjuntamente e em estreita cooperação, Estrasburgo, 13 de janeiro de 2014.
a União Europeia e os Estados‑Membros da União Europeia
contiveram a crise e lançaram as bases da recuperação
económica. Além disso, reformaram a União Económica
e Monetária, de modo a assegurar estabilidade financeira Enquanto a União Bancária está já a ser instituída nos
e crescimento na UE através do reforço da cooperação Estados‑Membros da área do euro, o aprofundamento da
económica e do acompanhamento a nível europeu. O Banco união económica e orçamental requer a alteração dos
Central Europeu, com a sua política de taxas de juros, Tratados da União Europeia. Uma cooperação mais estreita
desempenhou um papel fundamental na recuperação da nos domínios das políticas económicas, orçamentais e para
confiança dos mercados. A UE reforçou a sua capacidade o setor bancário deve ser acompanhada de mecanismos
de gestão de crises em várias frentes, para assegurar que mais fortes para legitimar as decisões tomadas em comum,
os Estados‑Membros da área do euro, em especial, evitam de modo a assegurar a necessária responsabilização
a acumulação de dívidas insustentáveis, fazem face aos democrática dos governos europeus e a participação dos
desequilíbrios económicos e não voltam a utilizar cidadãos da UE na tomada de decisões políticas.
indevidamente o dinheiro dos contribuintes para salvar Resumindo, é necessária uma verdadeira União Política.
bancos da falência.

Embora tenham sido feitos progressos substanciais, a União


Económica e Monetária ainda não está concluída. Em 2012,
a Comissão publicou um Plano pormenorizado para uma
União Económica e Monetária efetiva e aprofundada, um
contributo para o debate em curso sobre o seu futuro.
O Plano pormenorizado define meios para reforçar a União
Económica e Monetária ao longo dos próximos anos e propõe
um calendário para reformas. Além disso, sugere que os
Estados‑Membros da área do euro se integrem mais O novo edifício do Banco Central Europeu em Frankfurt.
depressa e mais profundamente do que os restantes
© European Central Bank / Robert Metsch

Estados‑Membros, embora todos possam participar se assim


o desejarem. Mais concretamente, propõe o seguinte para
a área do euro:

—— uma União Bancária, que assegure uma rigorosa


supervisão dos mercados financeiros e dos bancos,
para garantir um comportamento responsável por parte
dos bancos e para proteger os contribuintes;

—— uma União Económica aprofundada que sustente


a União Monetária, com investimentos orientados para
a promoção do crescimento e da competitividade e com
uma dimensão social mais forte;
Cooperar para solucionar os problemas económicos com que
a Europa se debate atualmente é a melhor forma de promover
—— uma União Orçamental (*) destinada a garantir a solidez o crescimento sustentável e gerar emprego em todos os
das finanças públicas e a aprofundar a solidariedade Estados‑Membros da União Europeia.
financeira entre Estados‑Membros em épocas de crise.
18 C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

Breve glossário de termos técnicos utilizados

Por que necessitamos da União PROCEDIMENTO RELATIVO AOS DÉFICES


Económica e Monetária e do euro? EXCESSIVOS: procedimento a que a Comissão Europeia
dá início no caso de um Estado‑Membro da União Europeia
COMPETITIVIDADE: a capacidade de um país vender ultrapassar os limites do défice ou da dívida fixados no
os seus produtos e serviços em mercados nacionais Pacto de Estabilidade e Crescimento, e que tem por objetivo
e estrangeiros, bem como de atrair reduzir o défice/dívida desse Estado‑Membro até
investimento estrangeiro. aos limites comummente acordados.

POLÍTICA ECONÓMICA: a nível europeu, a coordenação OBRIGAÇÕES DO ESTADO: empréstimos contraídos por
das decisões e reformas económicas (relativas, por governos nacionais, que vendem obrigações a investidores
exemplo, à educação, aos mercados de produtos, ao para obter receitas e pagar as suas dívidas. Estes
mercado de trabalho e às pensões) com vista a assegurar empréstimos são acompanhados do compromisso
um crescimento económico equilibrado, sustentável de reembolsar o valor nominal na data de vencimento
e inclusivo (ver igualmente a estratégia e de, até então, pagar juros periódicos.
«Europa 2020», infra)
MACROECONOMIA E MICROECONOMIA:
POLÍTICA ORÇAMENTAL: equilíbrio entre a receita do a macroeconomia ocupa‑se do estudo de indicadores
Estado (através da tributação) e a sua despesa, bem como económicos de grande escala, como o rendimento nacional,
a estrutura e a substância dos impostos e da despesa. o desemprego e a inflação, e visa compreender a economia
no seu conjunto. A microeconomia incide sobre agentes
POLÍTICA MONETÁRIA: sistema em que uma autoridade de menor dimensão, como empresas e consumidores
monetária (a nível da União Europeia, o Banco Central de mercados específicos, e sobre a forma como
Europeu, BCE) controla o dinheiro em circulação, o comportamento destes afeta a oferta e a procura
imprimindo as notas e autorizando o volume de moeda e, em consequência, os preços.
a cunhar pelos Estados‑Membros da área do euro,
e controla a inflação, ajustando as taxas de juros de modo CRISE DA DÍVIDA SOBERANA: situação em que os
a garantir a estabilidade dos preços. investidores, receosos de que um governo não consiga
honrar as dívidas contraídas com obrigações do Estado,
MERCADO ÚNICO: sucessor do «mercado comum» reclamam taxas de juros cada vez mais elevadas sobre
das décadas de 1960‑1970, promove a livre circulação essas obrigações, agravando ainda mais o défice e a dívida
de produtos, serviços, pessoas e capitais num bloco soberana desse Estado.
comercial único.

O que faz a União Europeia para


O que é, na prática, a União Económica promover o crescimento?
e Monetária?
RELATÓRIO DO MECANISMO DE ALERTA:
CONSELHO ECOFIN: formação, ao nível da UE, o procedimento relativo aos desequilíbrios
constituída pelos ministros das finanças de todos os macroeconómicos (PDM) é um mecanismo de vigilância que
Estados‑Membros da União Europeia, que legisla, em visa identificar com maior antecedência potenciais riscos,
conjunção com o Parlamento Europeu, sobre assuntos prevenir a emergência de desequilíbrios macroeconómicos
económicos e financeiros respeitantes à União. prejudiciais e corrigir desequilíbrios eventualmente
existentes. O ponto de partida anual do procedimento
EUROGRUPO: grupo constituído pelos ministros das é o Relatório do Mecanismo de Alerta, que é baseado
finanças dos Estados‑Membros da área do euro que debate num painel de indicadores.
todos os assuntos respeitantes ao euro e à área do euro.
UNIÃO BANCÁRIA: mais um passo no sentido da
integração económica e financeira dos Estados‑Membros
da União Europeia e da área do euro, que visa reforçar
e completar a regulamentação e a supervisão do setor
bancário na Europa.
A U N I Ã O E C O N Ó M I C A E M O N E T Á R I A E O E U R O
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FUNDO EUROPEU DE ESTABILIDADE FINANCEIRA ESTRATÉGIA «EUROPA 2020»: a estratégia de


(FEEF)/MECANISMO EUROPEU DE ESTABILIDADE crescimento da União Europeia para o período 2010‑2020,
FINANCEIRA (MEEF): duas «firewalls» ou sistemas de centrada no crescimento «inteligente, sustentável
apoio financeiro concebidos como medidas temporárias e inclusivo» (ver http://ec.europa.eu/europe2020/index_pt.
para apoiar os Estados‑Membros da União Europeia em htm ou a publicação da série «Compreender as políticas da
dificuldades, que foram entretanto substituídos pelo União Europeia», dedicada à estratégia «Europa 2020»).
Mecanismo de Estabilidade Europeu (ver infra), ao qual
devem ser endereçados os novos pedidos de apoio PROCEDIMENTO POR DESEQUILÍBRIO EXCESSIVO:
financeiro. O «Fundo» foi criado como fundo de emergência procedimento a que a Comissão dá início quando um
com uma capacidade de 440 000 milhões de euros para Estado‑Membro da área do euro apresenta sérios
a concessão de crédito aos Estados‑Membros da área do desequilíbrios económicos (em termos de crescimentos
euro, sendo ainda responsável por programas de apoio e competitividade). É, de alguma forma, a vertente corretiva
anteriormente aprovados para a Grécia, a Irlanda do «procedimento relativo aos desequilíbrios
e Portugal. Obtém os seus fundos em mercados financeiros macroeconómicos», o mecanismo de alerta precoce
com garantias dos Estados‑Membros da área do euro. da União Europeia que assinala a emergência
A assistência é prestada mediante a observância de de novos desequilíbrios.
condições rigorosas e baseia‑se num programa de
ajustamento económico para o Estado‑Membro em causa. «FIREWALL»: mecanismo que contribui, em condições
O «Mecanismo» permite à Comissão contrair créditos nos muito rigorosas, para o financiamento das dívidas
mercados financeiros até um montante máximo de 60 000 dos Estados‑Membros que se veem confrontados
milhões de euros, em nome da União Europeia, para poder com dificuldades temporárias para contrair empréstimos
conceder empréstimos a qualquer Estado‑Membro que se nos mercados financeiros (ver Fundo Europeu
encontre em dificuldades. de Estabilidade Financeira/Mecanismo Europeu
de Estabilidade Financeira supra).
MECANISMO DE ESTABILIDADE EUROPEU (MEE):
criado em 2012, o MEE é um mecanismo permanente de UNIÃO ORÇAMENTAL: a partilha de um orçamento
resolução de crises nos Estados‑Membros da área do euro comum com uma autoridade orçamental central, a exemplo
alicerçado nos princípios subjacentes ao FEEF e ao MEEF dos Estados Unidos. A dívida dos Estados‑Membros da área
(ver supra), que desde sempre foram medidas de apoio do euro poderia ser financiada não por obrigações
temporárias. Com uma capacidade de concessão de crédito nacionais, mas por obrigações comuns. Trata‑se
que pode chegar aos 500 000 milhões de euros, o MEE de uma visão a longo prazo, que exigiria a revisão
depende parcialmente do capital realizado para emitir dos Tratados da União Europeia.
instrumentos de dívida destinados a financiar empréstimos
e outras formas de assistência em benefício de
Estados‑Membros da área do euro em dificuldades
financeiras. Para ser elegível para empréstimos do MEE,
o Estado‑Membro em causa deve ter assinado previamente
o «Pacto Orçamental» europeu e, em seguida, deve seguir
um programa de ajustamento específico. Até agora, foram
aprovados dois programas deste tipo: um em 2013 para
Chipre (com um programa de ajustamento económico
integral) e outro em 2012 para Espanha
(com um programa de ajustamento para o setor
financeiro espanhol).
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NA-04-14-124-PT-C
C O M P R E E N D E R A S P O L Í T I C A S D A U N I Ã O E U R O P E I A

Mais informações
XX Para uma panorâmica dos assuntos económicos e financeiros da União Europeia:
http://ec.europa.eu/economy_finance/index_pt.htm
XX Para informações sobre o Banco Central Europeu: http://www.ecb.int
XX Perguntas sobre a União Europeia? Europe Direct pode ajudar: 00 800 6 7 8 9 10
http://europa.eu/europedirect/index_pt.htm

ISBN 978-92-79-35752-7
doi:10.2775/20754

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