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Finanças Empresariais  Rendibilidade

4. RENDIBILIDADE

A. Objectivos
i) Compreender a tendência da evolução económica da empresa através da
estrutura de custos e da evolução no tempo;
ii) Compreender a importância da análise da rendibilidade dos capitais
investidos na sobrevivência financeira da empresa;
iii) Compreender a rendibilidade do capital próprio em função das diferentes
estratégias de financiamento.

B. Aspectos essenciais
i) Análise da estrutura de custos
 A análise da estrutura de custos realizada em percentagem facilita a leitura
da mesma por apresentar uma base comum: o total dos custos;
 A análise realizada na vertical permite visualizar o peso de cada tipo de
custos, e identificar quais os custos mais importantes na empresa;
 A análise realizada na horizontal permite visualizar a evolução do peso de
cada tipo de custos, e identificar quais os custos com peso crescente ou com
peso decrescente na estrutura;
 A análise temporal dos custos (realizada na horizontal) pode ser feita
itemi 1
recorrendo a taxas de crescimentos anual: g   1 , ao cálculo de
item i

itemi
índices sobre um ano base:  100 , à taxa média de crescimento anual:
item0

 1 n
 itemn 
  1 .
 item0 

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ii) Rendibilidade das vendas


 Em Finanças da Empresa o conceito de vendas corresponde a Volume de
Negócios, cujo equivalente contabilístico é vendas e prestações de serviços;
 A rendibilidade das vendas analisa a relação entre os resultados e as vendas,
e consoante o numerador se tem uma diferente noção da rendibilidade das
vendas;
 O rácio de margem de contribuição analisa a eficiência ao nível dos custos
variáveis, e, em princípio, este rácio não é afectado pela dimensão do volume
de negócios (pois os custos variáveis devem variar na mesma proporção do
volume de negócios), mas tão só pela variabilidade da eficiência dos
consumos: se a rendibilidade aumentar houve maior eficiência no consumo
dos custos variáveis; ou pela alteração dos preços de venda ou de preços de
custos variáveis:
Margem de contribuição
Margem de contribuição das vendas 
Volume de Negócios

 A rendibilidade operacional das vendas (rácio de margem operacional) além


de ser afectada pelos factores da margem de contribuição (custos variáveis e
variações de preços) é também afectada pela eficiência de gestão dos custos
fixos (custos de estrutura) e respectivos custos de factores:
Resultado Operacional
Rendibilidade operacional das vendas 
Volume de Negócios

 O rácio da margem de excedente bruto de exploração é utilizado numa


perspectiva de fluxos de tesouraria por não considerar os custos com
amortizações, provisões, perdas por imparidades e reversões (custos sem
movimentação de dinheiro):
Excedente Bruto de Exploração
Margem EBE 
Volume de Negócios

 Os diferentes rácios devem ter consideração a estrutura de activos da


empresa, pois quando são de capital intensivo há lugar a um elevado valor
de amortizações (necessárias para a reposição futura do activo fixo) capaz de

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originar um rácio de margem EBE bastante superior ao rácio de margem


operacional, mas cujo efeito é apenas de curto prazo por representar um
benefício de tesouraria corrente insuficiente para financiar o investimento de
substituição;
 A rendibilidade corrente das vendas permite analisar os resultados após
inclusão dos custos financeiros:
Resultado Corrente
Rendibilidade corrente das vendas 
Volume de Negócios
 Para os detentores do Capital da empresa (accionistas) é calculada a
rendibilidade líquida das vendas por dar informação sobre o ganho final –
para a empresa – em cada venda:
Resultado Líquido
Rendibilidade líquida das vendas 
Volume de Negócios
 Os analisas financeiros utilizam uma perspectiva da rendibilidade sem
afectação do financiamento, das amortizações e provisões, e dos impostos
sobre o rendimento, dando relevo à análise da margem EBITDA (Earnings
Before Interests, Taxes, Depreciations and Amortizations):
EBITDA
Margem EBITDA 
Volume de Negócios

iii) Rendibilidade dos capitais investidos


 A rendibilidade do Capital investido é um indicador de desempenho dos
capitais totais investidos na empresa, independentemente da sua forma de
financiamento;
 A rendibilidade do Capital Investido determina a sobrevivência financeira da
empresa a longo prazo, e a capacidade de atracção de capitais quer próprios
quer alheios;
 Como indicadores tem-se: Eficiência de gestão, Capacidade da empresa em
gerar resultados, Planeamento e Controlo de Gestão;

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 A rendibilidade do Capital Próprio é a medida de eficiência privilegiada dos


accionistas e dos investidores:
Resultado Líquido
Rendibilidade do Capital Próprio 
Capital Próprio

 A rendibilidade operacional dos capitais investidos indica a rendibilidade do


capital independentemente dos financiadores da empresa (capitais próprios
ou capitais alheios):
Resultado Operacional
Rendibilidade Operacional dos Capitais Investidos 
Capitais Investidos
 Também se pode utilizar a rendibilidade operacional dos capitais investidos
líquidos de impostos sobre lucros, utilizando a taxa efectiva de impostos  t 

para efectuar o respectivo ajustamento:


Resultado Operacional  1  t 
Rendibilidade Operacional dos Capitais Investidos 
Capitais Investidos

 Para analisar a rendibilidade do activo atendendo ao facto de ser este quem


gera resultados para a empresa considera-se o Resultado Operacional:
Resultado Operacional
Rendibilidade do Activo 
Activo

iv) Decomposição da rendibilidade dos capitais investidos


 A rendibilidade operacional dos capitais investidos pode ser calculada sem
impostos ou considerando a taxa efectiva de impostos:
RO
sem impostos ROCI 
CI
RO  1  t 
com impostos ROCIT 
CI

 A taxa efectiva de impostos sobre os lucros é determinada pelo rácio entre


Impostos Sobre os Lucros (ISL) e os Resultados Antes de Impostos (RAI):
ISL
t
RAI

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 O desempenho operacional do capital investido pode incluir os resultados


extraordinários1, ficando o rácio do seguinte modo:
EBIT
sem impostos RCI 
CI
EBIT  1  t 
com impostos RCIT 
CI

 A rendibilidade operacional dos capitais investidos  ROCI  pode ser

discriminada em 3 partes: rácio da margem de contribuição, efeito dos


custos fixos, rotação dos capitais investidos;
 O rácio da margem de contribuição apura o resultado como parte das
vendas, e quanto maior o efeito da alavanca comercial maior a
rendibilidade bruta das vendas:
Margem de Contribuição  MC 
Rácio da margem de contribuição 
Volume de Negócios VN 

 O efeito dos custos fixos evidencia o peso dos custos fixos no consumo de
recursos gerados pelas vendas, e quando menores os custos fixos mais
próximo estará o rácio do seu valor limite de 1 (um):
Resultado Operacional  RO 
Efeito dos Custos Fixos 
Margem de Contribuição  MC 

 A rotação dos capitais investidos fornece informação sobre a intensidade da


utilização (rotação) dos recursos, sendo que quanto maior a rotação do
investimento melhor a utilização dos capitais investidos, e maior o seu
contributo para a rendibilidade dos capitais:
Volume de Negócios VN 
Rotação dos capitais investidos 
Capitais Investidos  CI 

 Multiplicando os 3 rácios obtém-se uma cadeia capaz de exprimir mais


detalhadamente a composição da rendibilidade dos capitais investidos:
MC RO VN  RO 
ROCI     
VN MC CI  CI 

1
O SNC deixou de considerar os Resultados Extraordinários dificultando a aplicação e interpretação desta
rácio.

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v) Modelos de alavanca financeira


 A rendibilidade do Capital Próprio e a rendibilidade dos Capitais Investidos
podem diferir quando parte do investimento (activo) é financiada por
Capitais Alheios remunerados;
 O modelo multiplicativo do capital próprio inspira-se no sistema DuPont
criado nos anos 30 do séc. XX, e baseia-se na ideia de a rendibilidade poder
ser obtida pela margem e pela rotação;
 O Índice de Alavanca Financeira  IAF  utiliza o endividamento utilizado pela

empresa e o peso dos custos financeiros sobre o Resultado Corrente  RC  ,

sendo determinado pela relação a rendibilidade corrente do capital próprio


e a rendibilidade operacional dos capitais investidos:
RC RO
RCCP  e ROCI 
CP CI
RC
RCCP
IAF   CP
RCI RO
CI
 Caso o Índice de Alavanca Financeira seja superior a 1 (um) conclui-se que o
financiamento com capitais alheios tem favorecido a rendibilidade dos
capitais próprios; se for inferior a 1 (um) o endividamento é desfavorável à
rendibilidade dos capitais próprios;
 Considerando RL  RAI  1  t  é possível reorganizar a equação anterior:

CI RC
IAF  
CP RO
Multiplo Efeito dos
da estrutura juros e gastos
de capital financeiros

 O modelo aditivo do capital próprio baseia-se nos trabalhos de Modigliani e


Miller sobre a estrutura de capitais, e utiliza a rendibilidade operacional dos
capitais investidos e a ideia de alavanca financeira sobre a rendibilidade
exigida pelos detentores do capital alheio remunerado;

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 A remuneração do capital alheio  j  é determinada do seguinte modo:

Resultados financeiros CF
j 
dívida financeira líquida D

 Considerando que RC  RO  j  D é possível determinar a rendibilidade


corrente dos capitais próprios de uma empresa endividada sem impostos e
após impostos:

RCCPL 
RO  j  D
e RCCPL 
 RO  j  D   1  t 
CP CP
 Se a empresa não tiver recorrido a Capitais Alheios, tem-se D  0 e CP  CI ,
e a fórmula fica idêntica à ROCI pressupondo o financiamento total por
Capitais Próprios:
RO RO  1  t 
RCCPU  e RCCPU 
CP CP
 Do desenvolvimento das fórmulas anteriores é possível chegar ao modelo
aditivo de rendibilidade dos Capitais Próprios, que fica dependente da
rendibilidade operacional dos capitais investidos, da estrutura de capitais
adoptada, e da diferença entre a rendibilidade operacional e o custo médio
do capital alheio:
 RO D  RO    RO D  RO  
RCPL      j   e RCPL      j    1  t 
 CI CP  CI   CI CP  CI 

vi) Estrutura de capital e rendibilidade dos capitais próprios


 A estrutura de capitais influencia a rendibilidade dos capitais próprios sempre
que o custo médio do capital alheio é diferente da rendibilidade operacional
dos capitais investidos, beneficiando a empresa sempre que o custo médio
do capital alheio for inferior à rendibilidade operacional dos capitais
investidos.

C. Bibliografia a consultar
Análise e Relato Financeiro (Carvalho das Neves), Capítulos 14 a 16

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