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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Unidade III
7 ANÁLISE AVANÇADA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

EBITDA – Earning Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization

O EBITDA representa o potencial de geração genuinamente operacional de caixa que o ativo


operacional de uma empresa é capaz de produzir, antes inclusive de considerar o custo de qualquer
capital tomado emprestado. Não corresponde ao efetivo fluxo de caixa físico já ocorrido no período,
porque parte das vendas pode não estar recebida e parte das despesas pode não estar paga.

Assim que recebidas todas as receitas e pagas todas as despesas, esse é o valor de caixa produzido
pelos ativos, antes de computadas as receitas e as despesas financeiras (juros), impostos (sobre o lucro),
a depreciação, a amortização e a exaustão. É determinado pela soma do lucro operacional (antes do IR)
e das despesas não desembolsáveis (depreciação/amortização).

É um indicador financeiro equivalente ao fluxo de caixa, evidenciando a capacidade da empresa em


remunerar os credores e acionistas.

O EBITDA concentra informações no operacional e na capacidade da empresa em gerar caixa. Essa


é a principal razão para a exclusão das receitas e despesas financeiras (juros pagos a credores), posto
que não apresentam vínculos com a atividade, embora sejam muitas vezes inevitáveis ao fomento da
atividade. Além do mais, o EBITDA exclui do seu efeito – apesar de serem itens operacionais, que não
impactam diretamente o fluxo de caixa – depreciação, exaustão e amortização.

Modelo simplificado – EBITDA

(+) receita bruta;

(–) deduções e impostos;

(=) receita líquida;

(–) custos;

(=) lucro bruto;

(–) despesas operacionais;

(=) lucro operacional;


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Unidade III

(+/‑) receitas / despesas financeiras;

(=) Resultado EBITDA.

EBITDA – como calcular?

Reinaldo Luiz Lunelli

Um indicador financeiro bastante utilizado pelas empresas de capital aberto e pelos


analistas de mercado é o chamado EBITDA, cujo conceito ainda não é claro para muitas
pessoas. A sigla corresponde a Earning Before Interests, Taxes, Depreciation and Amortization,
ou seja, lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização.

Conceito

Em linhas gerais, o EBITDA representa a geração operacional de caixa da companhia,


ou seja, o quanto a empresa gera de recursos apenas em suas atividades operacionais, sem
levar em consideração os efeitos financeiros e de impostos. Difere do EBIT, conhecido como
o lucro na atividade, no que se refere à depreciação e amortização, pois o EBIT considera
esses efeitos contábeis.

A utilização do EBITDA ganha importância, porque analisar apenas o resultado final da


empresa (lucro ou prejuízo) muitas vezes tem sido insuficiente para avaliar seu real desempenho
em um dado período, já que muitas vezes é influenciado por fatores difíceis de serem mensurados.

Cálculo do EBITDA

Um primeiro passo é calcular o lucro operacional que, de acordo com o critério utilizado
no Brasil, é obtido como a subtração, a partir da receita líquida, do custo das mercadorias
vendidas (CMV), das despesas operacionais e das despesas financeiras líquidas (despesas
menos receitas com juros e outros itens financeiros). Vale lembrar que a definição de lucro
operacional em boa parte do mundo exclui o resultado financeiro.

Já para calcular o EBITDA, é preciso somar do lucro operacional a depreciação e amortização


inclusas no CMV e nas despesas operacionais. Isso porque essas contas não representam
saída de caixa efetiva no período. Em resumo, a depreciação de um equipamento quantifica
a perda de sua capacidade produtiva graças ao uso ou tempo, e, portanto, a perda de seu
valor para a empresa. Essa perda, vale ressaltar, é apenas econômica e não financeira, ou
seja, não há um desembolso efetivo do recursos no período.

Outra conta que deve ser acrescentada no EBITDA é a despesa financeira líquida, que foge
do escopo de análise do indicador, ou seja, de efetivo desempenho operacional. Assim, para
o cálculo do EBITDA, adicionam‑se os juros, depreciação e amortização ao lucro operacional
líquido antes dos impostos.
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Vale lembrar que muitas empresas já publicam diretamente o indicador, que não é de
divulgação obrigatória de acordo com as regras da CVM. Isso tende a facilitar a análise,
embora muitos analistas critiquem as diferentes metodologias adotadas, principalmente em
relação a itens extraordinários.

Aplicação do EBITDA

O indicador pode ser utilizado na análise da origem dos resultados das empresas e, por
eliminar os efeitos dos financiamentos e decisões contábeis, pode medir com mais precisão
a produtividade e a eficiência do negócio.

Como percentual de vendas,pode ser utilizado para comparar as empresas quanto à


eficiência dentro de um determinado segmento de mercado. Além disso, a variação do
indicador de um ano em relação a outro mostra aos investidores se uma empresa conseguiu
ser mais eficiente ou aumentar sua produtividade.

Por outro lado, como ressalva, vale lembrar que o EBITDA pode dar uma falsa ideia
sobre a efetiva liquidez da empresa. Além disso, o indicador não considera o montante de
reinvestimento requerido (pela depreciação), fator especialmente crítico nas empresas que
apresentam ativos operacionais de vida curta.

Assim, o EBITDA é um indicador financeiro muito relevante, mas que deve ser utilizado
combinado com outros indicadores de desempenho para fornecer uma visão mais apropriada
da performance da empresa. Ainda assim, é certamente o mais acompanhado pelos analistas
e acaba ganhando bastante importância também na análise de crédito e nos múltiplos de
avaliação de empresas.

Em determinado cenário, uma empresa pode apresentar um EBITDA verdadeiramente


“astronômico” e nem sequer ter dinheiro para pagar os salários (basta que tenha vendido
a clientes que não pagam, ou que tenha efetuado avultados investimentos). Isso deve‑se
ao fato desse indicador analisar somente as contas de resultado, não se importando com a
movimentação patrimonial.

O caso da famosa Worldcom é um bom exemplo disso. Um investidor que se tenha


deixado “guiar” pelo EBITDA, foi enganado pelas “manipulações contábeis” efetuadas nas
contas patrimoniais.

Fonte: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/calculodoebitda.htm>. Acesso em: 2 fev. 2012.

EVA – Economic Value Added

É uma medida de desempenho empresarial, considerada por muitos especialistas como a verdadeira
chave para a criação da riqueza.

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Unidade III

Para os parâmetros do EVA, o capital é tanto o empréstimo de terceiros quanto o dinheiro investido
pelos acionistas da empresa. O custo da dívida é o que está cobrando a instituição financeira para emprestar
o dinheiro. Já o custo do capital investido pelo acionista envolve a avaliação dos ativos da companhia.

É preciso saber, portanto, se o custo do capital justifica os ganhos que serão obtidos em um
investimento. Uma empresa só cria valor se o retorno sobre seu capital for maior do que o custo
envolvido ou do que a taxa de ganho que os investidores poderiam auferir no caso de investirem em
outros valores com o mesmo risco.

A principal mensagem do EVA é que não é suficiente ter lucro líquido positivo ou certo nível de lucro
por ação. Ao contrário, a empresa precisa ganhar o suficiente para cobrir o custo do capital de terceiros
e o custo de oportunidade do capital próprio antes que ela comece a criar valor.

É constante a procura pelas organizações por uma representação de valor ideal, e por isso,
atualmente, o EVA tem sido um indicador muito utilizado. Existe pouca dúvida de que a criação de valor
é o objetivo final de qualquer organização. A dificuldade está em desenvolver uma estrutura para avaliar
corretamente a criação de valor em diferentes níveis operacionais e em utilizar a criação de valor para
guiar a conduta de diferentes grupos dentro de uma organização.

O EVA é utilizado quando há:

• diminuição dos resultados;

• aumento dos custos;

• perda da margem na produção e/ou na comercialização dos produtos e serviços;

• perda de mercado;

• obsolescência dos produtos e serviços.

Fórmula / exemplo

• EVA = NOPAT – custo do capital

• NOPAT (Net Operating Profir After Tax): lucro operacional pós‑impostos.

Modelo do EVA

(+) receita bruta;

(–) deduções e impostos;

(=) receita líquida;


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(–) custos;

(=) lucro bruto;

(–) despesas operacionais;

(=) lucro operacional;

(+/‑) receitas / despesas financeiras;

(=) resultado antes dos resultados financeiros (EBITDA);

(–) impostos;

(=) NOPAT;

(+) lucro operacional depois dos impostos;

(–) custo do capital;

(=) EVA (Economic Value Added).

MVA – Market Value Added

O MVA (Valor de Mercado Agregado), que envolve o capital total da empresa (incluindo ações,
empréstimos e ganhos retidos) e deduz isso do valor do capital acionário e dívidas, foi criado pela Stern
Stewart & Co. para que os administradores pudessem tomar decisões estratégicas por meio de uma
medida de análise que examinasse o valor futuro de suas empresas, pois o problema com o EVA é que
são medidas de análise que examinam o passado.

O MVA é a diferença entre quanto o empresário obteria para vender todas as ações (valor de mercado)
e o capital investido pelos acionistas‑proprietários. Ou seja, se o resultado do MVA for positivo, pode‑se
dizer que a empresa realmente criou valor para quem tiver suas ações.

Existe uma íntima correlação entre as medidas do EVA e do MVA.

O EVA calcula a riqueza criada em determinado tempo, um ano, por exemplo, enquanto o MVA
mede o valor acumulado em toda a trajetória da empresa até determinada data. Se os administradores
melhoram a medida do EVA, o MVA da empresa terá uma probabilidade maior de melhorar também.

Essas medidas fornecem um quadro mais confiável do desenvolvimento das empresas, pois se
concentram no fluxo de caixa, que é difícil de manipular, ao contrário dos métodos tradicionais de
contabilidade, que podem ser facilmente manipulados e são tratados diferentemente por diferentes
regimes da contabilidade.
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Unidade III

Formas de criar eficiência do EVA e do MVA:

1. cortar custos e reduzir impostos para aumentar o NOPAT (lucro operacional líquido, deduzido o
Imposto de Renda) sem crescer capital;

2. empreender todos os investimentos nos quais o aumento do NOPAT será maior do que o aumento
de encargos de capital;

3. retirar capital das operações quando as economias decorrentes da redução dos encargos de capital
excedam qualquer redução do NOPAT;

4. estruturar as finanças da empresa de forma tal que minimizem o custo de capital.

Saiba mais

Para saber mais sobre MVA e EVA, leia: <http://www.revistasusp.sibi.usp.


br/pdf/rege/v12n1/v12n1a2.pdf>. Acesso em: 2 fev. 2012.

Observação

A análise avançada somente é recomendável para os analistas com alto


grau de experiência e entendimento das demonstrações contábeis, devido
ao grau de complexidade na interpretação.

8 RELATÓRIO DE ANÁLISE

Conceito e aplicação

Relatório de análise: trata‑se do documento final da análise, contendo as conclusões obtidas por
meio das análises vertical e horizontal, bem como os indicadores financeiros e econômicos.

Esse relatório deverá ser elaborado pelo analista de balanço, porém, deverá ser dirigido a cada
usuário das informações contábeis, uma vez que cada um deles terá uma necessidade diferente sobre
os resultados obtidos.

Lembrete

Os relatórios de análise contribuem para simplificar os dados produzidos


por meio de índices.

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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

Alguns pontos devem ser considerados ao se redigir um relatório de análise:

• deve ser elaborado em linguagem inteligível para leigos, mesmo que alguns usuários possuam
conhecimentos contábeis;

• o analista deverá tomar o cuidado de não colocar suas opiniões pessoais sobre os resultados
obtidos, porém, com muito critério, poderá sugerir algumas ações que auxiliarão na tomada de
decisão;

• não há um tamanho padrão para o relatório, mas deverá ser apresentada de forma clara e objetiva
a situação econômico‑financeira da empresa e também o seu desempenho ao longo dos períodos
analisados, bem como as tendências para o futuro. Devem ser esclarecidas, ainda, as causas
que proporcionaram o grau de endividamento, liquidez e rentabilidade encontrados, sejam eles
positivos ou negativos;

• deverá constar também no relatório a comparação dos indicadores obtidos na análise em relação
aos padrões pertencentes ao ramo da empresa em questão;

• No relatório não deverá constar valor dos indicadores apurados em análise; esses deverão ser
acompanhados em planilhas que auxiliarão o usuário das informações para uma consulta, se for
o caso.

Em seguida, a título de ilustração, apresentaremos como os dados apurados na análise de balanço


deverão ser transformados em informações:

Tabela 10: Exemplo de indicadores de liquidez apurados na análise de balanço

Indicadores Índices Índices‑padrão


Liquidez geral 1,42 1,20
Liquidez corrente 1,70 1,35
Liquidez seca 1,54 1,25

Dados que devem ser relatados

Situação de liquidez: o índice de liquidez geral foi de 1,42; esse índice mostra que, a cada R$100,00
de dívida, a empresa tem R$142,00 para pagar, sobrando, portanto, R$42,00. Ainda está acima do
índice‑padrão da categoria que, conforme está apontado, é de R$1,20. A liquidez corrente de R$1,70
também está acima do padrão de R$1,35 e também indica que, a cada R$100,00 de dívida em curto
prazo, a empresa tem R$170,00 para pagar, sobrando R$ 70,00. Já a liquidez seca de R$1,54 está abaixo
da corrente de R$1,70, porém, não ficou inferior ao padrão de R$1,25. Mas podemos dizer que há
condições de pagar as dívidas em curto prazo assumidas, uma vez que, a cada R$154,00, temos, em
contrapartida, uma dívida de R$100,00. Logo, sobrarão R$54,00.

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Unidade III

Transformando os dados em informações

Situação de liquidez: a empresa encontra‑se bem estruturada sob o ponto de vista de solvência,
possuindo solidez financeira suficiente para cobrir seus compromissos de curto e de longo prazo, uma
vez que opera com todos os índices de liquidez acima do padrão de seus concorrentes.

Indicadores de insolvência – conceito e aplicação

Os indicadores de insolvência ou fórmulas de previsão de falências são discutidos por diversos


autores, por apresentarem dados subjetivos em sua constituição.

Também conhecida como “termômetro de insolvência” essa ferramenta analítica utiliza métodos
estatísticos quantitativos para auxiliar o gestor de crédito, justamente, na concessão de créditos aos seus
clientes. A técnica estatística da análise discriminante, utilizada com frequência nesses casos, incorpora
os índices financeiros de lucratividade, estrutura, liquidez e atividade, para compor um modelo que,
estatisticamente, tenha a capacidade de prever a probabilidade de insolvência para um período futuro
previamente determinado pelo próprio modelo (IUDÍCIBUS, MARION e LOPES, 2000).

Lembrete

Os indicadores de insolvência complementam a análise financeira,


servindo de confrontação aos indicadores internos (financeiros) e externos
(mercado) da empresa/entidade.

Silva (2008) ressalta que diversos estudos foram realizados no Brasil, a partir de experiências
positivas anteriores que foram desenvolvidas no exterior, também com o propósito de prever situações
de insolvência.

Entre os principais estudos feitos no Brasil, Silva (2008) e Iudícibus, Marion e Lopes (2000), destacam
a análise discriminante de Stephen C. Kanitz que construiu o chamado “termômetro de insolvência”.

Segundo Matarazzo (1998, p. 245), as fórmulas mais conhecidas e desenvolvidas por autores
brasileiros são:

Kanitz:

• FI = 0,05x1 + 1,65x2 + 3,55x3 – 1,06x4 – 0,33x5;

• FI = fator de insolvência = total dos pontos obtidos;

• X1 = lucro líquido / patrimônio líquido;

• X2 = ativo circulante + realizável em longo prazo / exigível total;


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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

• X3 = ativo circulante – estoques / passivo circulante;

• X4 = ativo circulante / passivo circulante;

• X5 = exigível total / patrimônio líquido.

Classificação:

• FI inferior a ‑3 → insolvente;

• FI entre ‑3 e 0 → indefinida;

• FI acima de 0 → solvente.

Diversos outros modelos foram desenvolvidos nessa área. Porém, Silva (2008), ressalta que esse é um
critério de análise baseado na objetividade e não na subjetividade do analista.

Esse fator é de grande relevância, pois em grandes empresas é possível colher dados mais precisos
e numerosos para a obtenção dos índices financeiros, enquanto que, em pequenas empresas, as
informações quantitativas tendem a ser deficientes. Sendo assim, essa deficiência precisa ser compensada
por informações qualitativas.

Portanto, em empresas grandes ou pequenas, a decisão de crédito envolve os fatores quantitativos


e qualitativos.

Altman (dois modelos):

• Z1 = 1,44 + 4,03x2 + 2,25x3 + 0,14x4 + 0,42x5;

• Z2 = 1,84 ‑0,51x1 + 6,32x3 + 0,71x4 + 0,53x5;

• Z1 ou Z2 = total dos pontos obtidos;

• X1 = ativo circulante – passivo circulante / ativo total;

• X2 = reservas e lucros suspensos / ativo total;

• lucro líquido + despesas financeiras + Imposto de renda;

• X3 = ativo total;

• X4 = patrimônio líquido / exigível total;

• X5 = vendas / ativo total.


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Unidade III

Classificação (para os dois modelos)

Total de pontos = 0 → insolvente.

Elizabetsky:

• Z = 1,93x32 – 0,20x33 + 1,02x35 + 1,33x36 – 1,12x37;


• Z = total dos pontos obtidos;
• X32 = lucro líquido / vendas;
• X33 = disponível / ativo permanente;
• X35 = contas a receber / ativo total;
• X36 = estoque / ativo total;
• X37 = passivo circulante / ativo total.

Classificação:

Total de pontos = 0,5 → insolvente.

Matias:

• Z = 23,792x1 – 8,26x2 – 9,868x3 0,764x4 – 0,535x5 + 9,912x6;


• Z = total dos pontos obtidos;
• X1 = patrimônio líquido / ativo total;
• X2 = financiamento e empréstimos bancários / ativo circulante;
• X3 = fornecedores / ativo total;
• X4 = ativo circulante / passivo circulante;
• X5 = lucro operacional / lucro bruto;
• X6 = disponível / ativo total.

Classificação:

Total de pontos = 0 → insolvente.

Pereira:

• Z = 0,722 – 5,124E23 + 11,016L19 – 0,342L21 – 0,048L26 + 8,605R13 – 0004R29;


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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

• Z = total dos pontos obtidos;


• E23 = duplicatas descontadas / duplicatas a receber;
• L19 =estoques (final) / custo das mercadorias vendidas;
• L21 = fornecedores / vendas;
• L26 = estoque médio / custo das mercadorias vendidas;
• R13 = (lucro operacional + despesas financeiras) / (ativo total – investimento médio);
• R29 = exigível total / (lucro líquido + 0,1 imobilizado médio).

Classificação:

Total de pontos = Abaixo de 0 → insolvente.

Conforme demonstra Matarazzo (1998), cada autor apresenta uma fórmula diferenciada do outro;
logo, os resultados também serão diferentes. Então, não será possível chegarmos aos indicadores de
insolvência?

Entendemos que:

1. os modelos apresentados não substituem a análise por meio dos índices tradicionais e devem ser
usados apenas complementarmente às conclusões desses últimos;

2. o uso da análise discriminante, uma das técnicas utilizadas na estatística, contribui para identificar
os índices e pesos a serem utilizados, conforme aponta Matarazzo (1998, p. 245), tomando‑se
como base os índices apurados por meio da análise balanço;

3. em geral, as empresas não falem da noite para o dia; elas começam a dar sinais de insolvência,
como, por exemplo, redução nas vendas, altos índices de inadimplência, constates atrasos
nos pagamentos aos fornecedores e empregados, enfim, uma análise financeira anualmente
contribuirá com a gestão empresarial, se as medidas apontadas no relatório de análise forem
tomadas em tempo hábil.

Resumo

Para os analistas mais experientes e usuários com grau de necessidade


profunda, a análise avançada das demonstrações contábeis são concebidas
por meio do cálculo do EBITDA Lucrosantes de juros, impostos, depreciaçãoe
amortização (Lajida), EVA (Valor Econômico Agregado) e MVA (Valor Agregado
de Mercado). Esses índices são frequentemente utilizados no mercado acionário,
pois os usuários querem ter a “certeza” da situação atual e futura da empresa.
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Unidade III

Decorrente desse objetivo, o analista deve ter experiência ao analisar


esses índices, pois fornecem informações profundas.

O produto básico e palpável da análise das demonstrações contábeis


é a elaboração de relatório. Esse relatório deve conter as informações e
análises de forma concisa e objetiva, de acordo com o nível do usuário.
Elaborar o relatório em linguagem coloquial para que todos tenham a
devida compreensão de uso é fundamental.

Fundamentalmente, o relatório deve conter as informações necessárias


para a compreensão da análise efetuada, portanto, saber redigir o relatório
é uma qualidade que os analistas devem ter.

Por fim, sendo a contabilidade uma ciência, os pesquisadores encontram


fórmulas devidamente testadas que aprofundam os horizontes da análise
das demonstrações contábeis com a utilização de ferramentas úteis, como:
tecnologia de informação, estatística, matemática e as demonstrações
contábeis. Nesse tópico, são apresentados os vários modelos apresentados
pelos pesquisadores contábeis, demonstrando a utilidade da análise das
demonstrações contábeis.

Exercícios

Questão 1. (IBFC 2013) Da demonstração de resultados do exercício do período findo em 19X1 da


empresa Altos dos Morros, extraíram-se as seguintes informações:

Receita de vendas 31.000,00


Custos dos Produtos vendidos 19.000,00
Despesas com vendas 1.500,00
Despesas Gerais e administrativas 2.500,00
Despesas financeiras 3.000,00
Depreciação 1.400,00
Provisão para IR 1.400,00

Com base nestas informações, pode-se afirmar que o indicador EBITDA é:

A) R$ 8.000,00

B) R$ 9.400,00

C) R$ 14.400,00

D) R$ 13.800,00
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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS

E) R$ 6.600,00

Resposta correta: alternativa A.

Análise das alternativas

Para o cálculo do EBITDA, deve-se utilizar a seguinte estrutura.

Receita operacional bruta (+) 31.000,00


Deduções (Impostos sobre vendas) (-) (1.400,00)
Receita operacional líquida (=) 29.600,00
Custos dos produtos vendidos (-) (19.000,00)
Lucro bruto (=) 10.600,00
Despesas operacionais
- Despesas de vendas (-) (1.500,00)
- Despesas gerais administrativas (-) (2.500,00)
Depreciação (+) 1.400,00
EBITDA 8.000,00

Questão 2. (BNDES 2011) Vários acontecimentos certamente aumentam o Valor Econômico


Agregado (EVA) para os acionistas de uma empresa. Entre eles a (o):

A) empresa pagar dividendos maiores.

B) empresa pagar dividendos mais frequentemente.

C) receita de vendas aumentar.

D) custo de oportunidade de aplicação do capital própria da empresa diminuir.

E) lucro líquido da empresa diminuir.

Resolução desta questão na plataforma.

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FIGURAS E ILUSTRAÇÕES

Figura 1

Usuários da análise de balanços. In: MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade
empresarial. 3a ed., São Paulo: Atlas, 2005.

Figura 2

MoneyGod032208.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/LCDNe2>. Acesso em: 2 fev. 2012.

Figura 3

Processo contábil. Adaptado de: RIBEIRO, J. L. D. Técnicas para o tratamento de dados qualitativos.
FEENG: Porto Alegre, 2001, p.14.

Figura 4

Análise de balanço. Adaptado de: RIBEIRO, J. L. D. Técnicas para o tratamento de dados qualitativos.
FEENG: Porto Alegre, 2001, p. 15.

Figura 5

One_Hundred_Dollar_Bills_8654_2.jpg. Disponível em: <http://mrg.bz/PhicCY>. Acesso em: 2 fev.


2012.

Figura 7

100_4262.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/sldF3x>. Acesso em: 2 fev. 2012.

Figura 8

IMGP6299.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/dMh1DI>. Acesso em: 2 fev. 2012.

Figura 11

IMGP6114.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/GXcvCf>. Acesso em: 2 fev. 2012.

Figura 12

Fluxo dos objetivos da avaliação das demonstrações contábeis. In: PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C.
Análise das demonstrações financeiras. São Paulo: Thomson, 2004, p. 76.

106
Figura 13

IMGP6259.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/t6C7iy>. Acesso em: 2 fev. 2012.

Figura 14

Lawyer_at_Work.jpg. Disponível em: <http://mrg.bz/RbK8Gs>. Acesso em: 2 fev. 2012.

Figura 15

Tripé da análise. In: MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade empresarial. 3a
ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 1.

Figura 16

Níveis introdutório e intermediário. MARION, J. C. Análise das demonstrações contábeis: contabilidade


empresarial. 3a ed. São Paulo: Atlas, 2005, p. 2.

Figura 17

Sequência do processo contábil. In: MATARAZZO, D. C. Análise financeira de balanços: abordagem


básica e gerencial. 6a ed. São Paulo: Atlas, 2003, p. 16.

Figura 19

IMGP6316.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/zYtMIp>. Acesso em: 2 fev. 2012.

Figura 20

Objetivos da análise das demonstrações contábeis. Adaptado de: PADOVEZE, C. L.; BENEDICTO, G. C.
Análise das demonstrações financeiras. São Paulo: Thomson, 2004, p. 90.

Figura 23

P9231844.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/5d5z67>. Acesso em: 2 fev. 2012.

Figura 24

eyeglasses00025.jpg. Disponível em: <http://mrg.bz/HxQ4XL>. Acesso em: 2 fev. 2012.

Figura 25

112546158426.jpg Disponível em: <http://mrg.bz/HrgzvM>. Acesso em: 2 fev. 2012.

107
Figura 26

Morguefile_CIMG9873.jpg. Disponível em: <http://mrg.bz/LgnSuR>. Acesso em: 2 fev. 2012.

Figura 27

cohdra_100_5150.JPG. Disponível em: <http://mrg.bz/C8JYLh>. Acesso em: 2 fev. 2012.

REFERÊNCIAS

Textuais

ASSAF NETO, A. Estrutura e análise de balanços: um enfoque econômico‑financeiro. 8a ed. São Paulo:
Atlas, 2006.

BRASIL. Lei nº 11.638, de 28dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei no6.404, de 15 de
dezembro de 1976, e da Lei no6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande
porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007‑2010/2007/lei/l11638.htm>. Acesso em: 2 fev. 2012.

BRASIL. Lei nº6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6404compilada.htm>. Acesso em: 2 fev. 2012.

IUDÍCIBUS, S. Análise de balanços. 9a ed. São Paulo: Atlas, 2008.

IUDÍCIBUS, S.; MARION, J. C.; LOPES, C. C. V. M. Curso de contabilidade para não contadores: para as
áreas de administração, economia, direito e engenharia – livro de exercícios. v. 1, 2ª ed. São Paulo:
Atlas, 2000.

LOPES, M. Por que as contas não fecham. Revista Exame, 17/04/2000, ed. 0714. Disponível em: <http://
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Unidade III – Questão 1: INSTITUTO BRASILEIRO DE FORMAÇÃO E CAPACITAÇÃO (IBFC). Concurso


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Unidade III – Questão 2: BNDES. Profissional Básico: Formação de Contabilidade. Questão 65.
Disponível em: <https://qcon-assets-production.s3.amazonaws.com/prova/arquivo_prova/27340/
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Informações:
www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000

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