Você está na página 1de 8

GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS

POLÍCIA MILITAR DO AMAZONAS


COLÉGIO MILITAR DA POLÍCIA MILITAR I – UNIDADE PETRÓPOLIS
REVISÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA

CONTEÚDOS: Gramática: Capítulo 9 – Sentença simples; Capítulo 10 – Substantivos abstratos e


concretos Interpretação Textual: Capítulo 12 – Figuras de palavras; Literatura: Capítulo 16 – Relatos
do novo mundo; Capítulo 20 – Barroco

GRAMÁTICA
1- (UFMG) Assinale a alternativa em que a função não corresponde ao termo em
destaque.
a. Comer demais é prejudicial à saúde. – complemento nominal
b. Jamais me esquecerei de ti. – objeto indireto
c. Não tens interesse pelos estudos. – complemento nominal
d. Tinha grande amor à humanidade. – objeto indireto

No exemplo, “à humanidade” complementa o sentido do substantivo amor, por isso ela exerce a função
sintática de complemento nominal, e não de objeto indireto

2- Observe a frase a seguir: “Não posso lhe garantir que todos estarão presentes à sua festa
de formatura”.

Do enunciado, pode-se afirmar que a parte destacada desempenha a função de

a) sujeito de posso.
b) objeto direto de posso.
c) objeto indireto de posso.
d) objeto direto de garantir.
e) objeto indireto de garantir.

A sequência destacada é uma oração que funciona como complemento direto do verbo garantir, pois quem
garante, garante algo a alguém. O verbo garantir, nesse contexto, pede também um objeto indireto, que está
representado pelo pronome oblíquo lhe. É importante notar que a oração tem valor de um sintagma nominal.
Portanto, exercendo função substantiva, pode ser substituída por um pronome: “Não posso lhe garantir
isso”.

3- Leia os versos a seguir da música Asa branca e atente para os termos destacados.

I II
Entonce, eu disse: “Adeus, Rosinha, Eu te asseguro, num chore, não, viu!
Guarda contigo meu coração”. Que eu voltarei, viu, meu coração.

Considerando a função sintática e o valor semântico dos termos destacados em I e II, é


correto afirmar que

a) os termos, em I e II, são objeto direto, e ambos devem ser entendidos no sentido denotativo.
b) o termo em I é sujeito e em II é aposto, e ambos devem ser entendidos no sentido
denotativo.
c) o termo em I é sujeito e em II é aposto, e ambos devem ser entendidos como uma metáfora.

1
d) o termo em I é objeto direto e em II é sujeito, e ambos devem ser entendidos como uma
metáfora.
e) o termo em I é objeto direto e em II é vocativo, e ambos devem ser entendidos como uma
metáfora.

Na primeira ocorrência, o verbo guardar requer objeto direto (quem guarda, guarda algo). Nesse caso, a
metáfora é “guarda contigo minha vida/meu sentimento, porque eu vou voltar”. Na segunda ocorrência,
“meu coração” é vocativo, ou seja, o eu lírico está chamando Rosinha de “meu coração”.

O diminutivo é uma maneira ao mesmo tempo afetuosa e precavida de usar a linguagem.


Afetuosa porque geralmente o usamos para designar o que é agradável, aquelas coisas tão
afáveis que se deixam diminuir sem perder o sentido. E precavida porque também o usamos
para desarmar certas palavras que, por sua forma original, são ameaçadoras demais.

(Luís Fernando
Veríssimo, Diminutivos)

4- A alternativa inteiramente de acordo com a definição do autor sobre diminutivos é:

a) O iogurtinho que vale por um bifinho.


b) Ser brotinho é sorrir dos homens e rir interminavelmente das mulheres.
c) Gosto muito de te ver, Leãozinho.
d) Essa menininha é terrível!
e) Vamos bater um papinho.

INTERPRETAÇÃO TEXTUAL
Aquele bêbado

— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.
O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mario
Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana, embebedava-se de Índia Reclinada,
de Celso Antônio.
— Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos.
Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de
uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-
alcoólatras anônimos.
ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.

1- A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no


texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma

a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.


b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
Página 2 de 8
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.

Determinado problema da personagem do conto é apresentado logo no primeiro parágrafo: o alcoolismo.


Ela jura não mais beber, mas faz uma restrição: não vai mais beber álcool. Até esse ponto do texto, o leitor
entende o verbo beber em seu sentido denotativo: ingerir líquido, especialmente bebida alcoólica (no caso
da personagem); embriagar-se. Entretanto, do segundo parágrafo em diante, o leitor percebe que a
personagem faz a restrição anunciada, mas permite-se o prazer de beber cultura: música, literatura, artes
visuais… Assim, depois disso, é empregado o verbo beber em sentido conotativo.

2- (UNIFESP)
Poetas e tipógrafos
Vice-cônsul do Brasil em Barcelona em 1947, o poeta João Cabral de Melo Neto foi a um
médico por causa de sua crônica dor de cabeça. Ele lhe receitou exercícios físicos, para
“canalizar a tensão”. João Cabral seguiu o conselho.
Comprou uma prensa manual e passou a produzir à mão, domesticamente, os próprios
livros e os dos amigos. E, com tal “ginástica poética”, como a chamava, tornou -se essa ave
rara e fascinante: um editor artesanal.
Ruy Castro. Folha de S.Paulo, 17 ago. 2013. (adaptado)
Com a frase – tornou-se essa ave rara e fascinante –, o autor vale-se de uma

a) hipérbole para sugerir que João Cabral melhorou após a prensa.


b) redundância para afirmar que João Cabral poderia dispensar a prensa.
c) ironia para questionar João Cabral como editor artesanal.
d) metáfora para externar uma avaliação positiva de João Cabral.
e) metonímia para atribuir uma ideia de genialidade a João Cabral.

As demais alternativas não apresentam designação correta para a gura de linguagem usada na frase “tornou-
se essa ave rara e fascinante”, pois a hipérbole expressa exagero, a redundância está associada a tudo o que
é repetitivo, demasiado ou supérfluo, a ironia declara o contrário do que se pensa e a metonímia substitui
um termo por outro do mesmo domínio. Apenas D é correta, pois a associação de “ave rara” com a
genialidade de João Cabral constitui uma metáfora.

3- (ENEM)

Nessa tirinha, a personagem faz referência a uma das mais conhecidas figuras de
linguagem para
a) condenar a prática de exercícios físicos.
b) valorizar aspectos da vida moderna.
c) desestimular o uso das bicicletas.
d) caracterizar o diálogo entre gerações.
e) criticar a falta de perspectiva do pai.

Página 3 de 8
Na tirinha, a personagem estabelece uma relação de similaridade entre pedalar na bicicleta
ergométrica à existência do pai, levando a crer que ele, apesar de esforçar-se, não alcança seus
objetivos.

O corpo no cavalete
é um pássaro que agoniza
exausto do próprio grito.
As vísceras vasculhadas
principiam a contagem
regressiva.
No assoalho o sangue
se decompõe em matizes
que a brisa beija e balança:
o verde — de nossas matas
o amarelo — de nosso ouro
o azul — de nosso céu
o branco o negro o negro

CACASO. In: HOLLANDA, H. B. (Org.). 26 poetas hoje. Rio de Janeiro: Aeroplano, 2007.

4- Situado na vigência do Regime Militar que governou o Brasil, na década de 1970, o poema
de Cacaso edifica uma forma de resistência e protesto a esse período, metaforizando:

a) as artes plásticas, deturpadas pela repressão e censura.


b) a natureza brasileira, agonizante como um pássaro enjaulado.
c) o nacionalismo romântico, silenciado pela perplexidade com a Ditadura.
d) o emblema nacional, transfigurado pelas marcas do medo e da violência.
e) as riquezas da terra, espoliadas durante o aparelhamento do poder armado.

Olho as minhas mãos


Olho as minhas mãos: elas só não são No mundo há pedras, baobás1, panteras,
estranhas Águas cantarolantes, o vento ventando
Porque são minhas. Mas é tão esquisito E no alto as nuvens improvisando sem
distendê-las cessar.
Assim, lentamente, como essas anêmonas Mas nada, disso tudo, diz: “existo”.
do 15 Porque apenas existem...
fundo do mar... Enquanto isto,
Fechá-las, de repente, O tempo engendra a morte, e a morte gera
5 Os dedos como pétalas carnívoras! os deuses
Só apanho, porém, com elas, esse alimento E, cheios de esperança e medo,
impalpável do tempo, Oficiamos rituais, inventamos
Que me sustenta, e mata, e que vai 20 Palavras mágicas,
secretando Fazemos
o pensamento Poemas, pobres poemas
Como tecem as teias as aranhas. Que o vento
A que mundo Mistura, confunde e dispersa no ar...
10 Pertenço?
Página 4 de 8
25 Nem na estrela do céu nem na estrela do sonhos?
mar Quem faz – em mim – esta interrogação?
Foi este o fim da Criação! (QUINTANA, Mário. Apontamentos de
Mas, então, história sobrenatural. Porto Alegre: Globo,
Quem urde eternamente a trama de tão 1984.)
velhos
Vocabulário:
1
baobá – árvore comum em regiões secas, rica em reservas de água.

5- As figuras de linguagem são recursos comumente utilizados no texto poético como meio de
afastar-se do significado literal das palavras. A caracterização da figura de linguagem
sublinhada está adequadamente indicada em:

a)”Os dedos como pétalas carnívoras”. (v.5 – ironia)


b) “Como tecem as teias as aranhas”. (v.8 – metáfora)
c) “No mundo há pedras, baobás, panteras”. (v. 11 – metonímia)
d) “Águas cantarolantes, o vento ventando”. (v. 12 – hipérbole)
e) “Olho as minhas mãos: elas só não são estranhas”. (v.1 – aliteração)

LITERATURA

1- O movimento literário que retrata as manifestações literárias produzidas no Brasil à época de


seu descobrimento, e durante o século XVI, é conhecido como Quinhentismo ou Literatura de
Informação.
Analise as proposições em relação a este período.
I. A produção literária no Brasil, no século XVI, era restrita às literaturas de viagens e jesuíticas
de caráter religioso.
II. A obra literária jesuítica, relacionada às atividades catequéticas e pedagógicas, raramente
assume um caráter apenas artístico. O nome mais destacado é o do padre José de Anchieta.
III. O nome Quinhentismo está ligado a um referencial cronológico – as manifestações literárias
no Brasil tiveram início em 1500, época da colonização portuguesa – e não a um referencial
estético.
IV. As produções literárias neste período prendem-se à literatura portuguesa, integrando o
conjunto das chamadas literaturas de viagens ultramarinas, e aos valores da cultura greco-latina.
V. As produções literárias deste período constituem um painel da vida dos anos iniciais do Brasil
colônia, retratando os primeiros contatos entre os europeus e a realidade da nova terra.

Assinale a alternativa correta.


a) Somente as afirmativas I, IV e V são verdadeiras.
b) Somente a afirmativa II é verdadeira.
c) Somente as afirmativas I, II, III e V são verdadeiras.
d) Somente as afirmativas III e IV são verdadeiras.
e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

2- Escrita por Pero Vaz de Caminha, a Carta do Achamento do Brasil


a) Descreve a terra descoberta, supostamente as Índias, cuja cultura dos habitantes era
completamente conhecida por parte dos portugueses que atracaram nas praias.
Página 5 de 8
b) Denuncia as mazelas da terra, a pobreza e a inviabilidade de colonizá‐la por ser um território
inóspito, pobre e muito quente.
c) Atrai a curiosidade e a ambição dos habitantes do velho mundo, para que eles, movidos pelo
desejo de conhecer a nova terra, enfrentassem os perigos da viagem e viessem a habitá‐la e
colonizá‐la.
d) É um texto literário, tendo em vista que a imaginação fértil de seu autor não lhe confere a
menor credibilidade histórica.
e) É o primeiro documento histórico produzido em terras brasileiras, construído por uma
linguagem técnica, científica, cujo significado só pode ser captado por intelectuais.

3- (ENEM)
A língua de que usam, por toda a costa, carece de três letras; convém a saber, não se acha
nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem
Rei, e dessa maneira vivem desordenadamente, sem terem além disto conta, nem peso,
nem medida.
GANDAVO, P. M. A primeira história do Brasil: história da província de Santa Cruz a que
vulgarmente chamamos Brasil. Rio de Janeiro: Zahar, 2004. (adaptado)

A observação do cronista português Pero de Magalhães de Gandavo, em 1576, sobre a


ausência das letras F, L e R na língua mencionada, demonstra a

a. simplicidade da organização social das tribos brasileiras.


b. dominação portuguesa imposta aos índios no início da colonização.
c. superioridade da sociedade europeia em relação à sociedade indígena.
d. incompreensão dos valores socioculturais indígenas pelos portugueses.
e. dificuldade experimentada pelos portugueses no aprendizado da língua
nativa.

4- (UNICAMP)
O vento da vida, por mais que cresça, nunca pode chegar a ser bonança; o vento da
fortuna pode chegar a ser tempestade, e tão grande tempestade, que se afogue nela o
mesmo vento da vida.
VIEIRA, Antônio. Sermão de quarta-feira de cinza do ano de 1672. In: A Arte de Morrer. São
Paulo: Nova Alexandria, 1994. p. 56.

No sermão proferido na Igreja de Santo Antônio dos Portugueses, em Roma, Vieira


recorre a uma metáfora para chamar a atenção dos fiéis sobre a morte. Assinale a
alternativa que expressa a mensagem veiculada pela imagem do vento.

a. A vida dos fiéis é comparável à tranquilidade da brisa em alto-mar.


b. A fortuna dos fiéis é comparável à força das intempéries marítimas.
c. A fortuna dos fiéis é comparável à felicidade eterna.
d. A vida dos fiéis é comparável à ventura dos navegadores.

Página 6 de 8
5- O Barroco manifesta-se entre os séculos XVI e XVII, momento em que os ideais da Reforma
entram em confronto com a Contra-Reforma católica, ocasionando no plano das artes uma difícil
conciliação entre o teocentrismo e o antropocentrismo.

A alternativa que contém os versos que melhor expressam este conflito é:


A esse cede amor em mil ternezas.
a)Um paiá de Monal, bonzo bramá, (Gregório de Matos)
Primaz da Cafraria do Pegu,
Que sem ser do Pequim, por ser do Açu, d) Luzes qual sol entre astros
Quer ser filho do sol, nascendo cá. brilhadores,
(Gregório de Matos) Se bem rei mais propício, e mais amado;
Que ele estrelas desterra em régio
b) Temerária, soberba, confiada, estado,
Por altiva, por densa, por lustrosa, Em régio estado não desterras flores.
A exaltação, a névoa, a mariposa, (Botelho de Oliveira)
Sobe ao sol, cobre o dia, a luz lhe
enfada. (Botelho de Oliveira) e) Pequei Senhor; mas não porque hei
pecado,
c) Fábio, que pouco entendes de finezas! Da vossa alta clemência me despido;
Quem faz só o que pode a pouco obriga: Porque quanto mais tenho delinquido,
Quem contra os impossíveis se afadiga, Vos tenho a perdoar mais empenhado.
(Gregório de Matos)
6- Leia o texto e responda à questão:

O estilo barroco chega ao Brasil pelas mãos dos colonizadores, sobretudo portugueses.
Desenvolve-se no século XVIII, 100 anos após o surgimento do Barroco na Europa, – recebe
influências tanto portuguesas quanto francesas, italianas e espanholas. Em Minas Gerais, a
expressão estética tanto deverá corresponder às solicitações dos elementos transpostos como
dos elementos locais espontâneos. Isso vai se verificar tanto em relação aos fatores estruturais,
como no que diz respeito às ideias, aos conhecimentos e valores.
(MACHADO, L. R. Barroco Mineiro. São Paulo: Perspectiva, 1983.
p. 167-169.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre o barroco mineiro, considere as


afirmativas a seguir.

I. Nascido da herança europeia, o barroco mineiro é uma arte que traz em si o diálogo entre sua
origem e um novo contexto, caracterizando-se como um meio de expressão ao mesmo tempo
barroco e mineiro.
II. O aspecto social contemporâneo à chegada do barroco a Minas contribuiu para que sua
organização fosse caótica e para que as características desse movimento acabassem
contrastando com a vida mineira.
III. Posto em contato com o clima de efervescência cultural e com as descobertas no campo
estético de Minas, o barroco mineiro rompeu com a ideia do barroco universal e se destacou pela
ambivalência.
IV. Os elementos transpostos pelos colonizadores apresentavam em suas raízes algumas
semelhanças com o universo mineiro, mas o poder instituído pela Academia Nacional de Belas
Artes encaminhou o movimento para rumos distintos.

Assinale a alternativa correta:


a) Somente as afirmativas I e II são corretas.
b) Somente as afirmativas I e III são corretas.
Página 7 de 8
c) Somente as afirmativas II e IV são corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

6- Pequei, Senhor; mas não porque hei Se uma ovelha perdida e já cobrada
pecado, Glória tal e prazer tão repentino
Da vossa piedade me despido: Vos deu, como afirmais na Sacra História:
Porque quanto mais tenho delinquido,
Vos tenho a perdoar mais empenhado. Eu sou, Senhor, ovelha desgarrada;
Cobrai-me; e não queirais, Pastor Divino,
Se basta a vos irar tanto um pecado, Perder na vossa ovelha a vossa glória.
A abrandar-vos sobeja um só gemido:
Que a mesma culpa que vos há ofendido, (MATOS, G. Poesias selecionadas. São
Vos tem para o perdão lisonjeado. Paulo: FTD, 1998. p.18.)

Cite duas características do Barroco presentes no poema.

A análise desse soneto de Gregório de Matos permite identificar características barrocas, principalmente
suas contradições. A primeira característica se refere ao tema abordado pelo autor, onde o eu-lírico ora a
Jesus Cristo, Nosso Senho e Salvador, enaltecendo a fé católica e assim, colaborando com a “Arte da Contra
Reforma.”
No primeiro quarteto fica claro o ato de contrição, em que o eu-lírico humildemente se confessa pecador,
tentando garantir o seu perdão, mas deixando claro que sua falta não representa uma vontade de se distanciar
do Senhor e de se despedir de sua piedade, pelo contrário, que existe a confiança no empenho de Cristo em
salvar todos, mesmo em caso de novo erro. O conflito espiritual se faz presente junto com a angústia
causada pelo desejo de aproveitar a vida e a necessidade de salvação divina, concentrada na antítese que
enfoca o perdão e o pecado, como por exemplo, podemos utilizar o seguinte verso para demonstrar essa
antítese.
O “Cultismo” aparece na linguagem rebuscada e na forma de metáfora, onde despedir-se da piedade do
Senhor significa não desejar mais o perdão.
A parte final de “A Jesus Cristo Nosso Senhor”, dois tercetos, traz consigo a característica barroca do
“Conceptismo”, onde existe um jogo de ideias pautado num raciocínio lógico. Se existe a premissa
maior de que a glória e o regozijo de Cristo consiste em recuperar a ovelha perdida, ou seja , perdoar
o pecador, e se existe também a premissa menor de que eu sou pecador, e, portanto a ovelha perdida,
então conclui-se que o Senhor, para não perder a sua glória, buscará a sua ovelha perdida, “me
salvará”.

Página 8 de 8

Você também pode gostar