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Sinopse

Conheço Gray Baldwin minha vida inteira.

Ele é um garoto de fraternidade arrogante com um copo


vermelho permanentemente preso à mão.

E é o melhor amigo do meu irmão.

Ele assumiu como missão pessoal me irritar e, quando se


concentra em alguma coisa, raramente falha.

Mas quando Gray e eu terminamos na mesma faculdade,


não conseguimos ficar longe um do outro.

Eu deveria odiá-lo, mas quando estou sozinha com Gray,


tudo muda.

Acontece que esse garoto é mais do que eu jamais


imaginei.

Nossa atração é algo que não pode ser extinto.

Mas Gray está determinado a me afastar.

E estou determinada a ficar.


Capítulo Um

Gigi

Fui em direção a aula de História da Arte e manobrei pelo


campus movimentado. A Universidade do Texas estava fervilhando
de alunos indo e voltando das aulas vestindo shorts e camisetas,
aproveitando as últimas semanas de verão. Bandeiras penduradas
em todos os postes de luz com as cores escarlate e branco da TU1
e o orgulhoso mascote bulldog em exibição total. Eu ainda tinha
que me beliscar às vezes para saber que estava realmente aqui.
Minha melhor amiga Addy e eu tínhamos nos mudado para os
dormitórios duas semanas atrás, e nós duas havíamos feito
juramento à mesma irmandade, Kappa Gamma.

Estive tão ocupada com a semana do rush e o início das


minhas aulas que não tive nenhum momento para sentir saudades
de casa ainda. Conversava com meus pais todos os dias e meu
irmão Cade me visitava algumas vezes por semana. Minhas outras
três melhores amigas, Ivy, Maura e Coco, estavam todas
frequentando escolas no Texas, e fazíamos ligações no Zoom pelo
menos duas vezes por semana e conversávamos individualmente
com ainda mais frequência. Era opressor e emocionante ao mesmo
tempo, estar aqui e me situar, mas ter o apoio de todos, e ter Addy
ao meu lado, ajudou muito.

1
Universidade do Texas.
— O que foi, G? — A voz de Gray me assustou quando se
aproximou de mim, fazendo-me quase saltar da minha pele.

Eu mencionei que o melhor amigo do meu irmão também


frequentava a TU?

— Você não tem suas próprias aulas para ir? Por que está
sempre se aproximando de mim? — assobiei. Brincar com Gray
Baldwin havia se tornado meu passatempo favorito ao longo dos
anos. Não que eu fosse admitir isso para ele, porque em seu
mundo, eu era apenas alguém divertida para incomodar. Nada
mais. Ele tinha um jeito de me irritar, sempre teve. Gray era um
júnior e acabara de ser eleito presidente de sua fraternidade.

O menino nasceu para administrar uma casa de fraternidade.

Ele era a epítome de um garoto de fraternidade arrogante com


um olhar sedutor e um copo Solo2 vermelho permanentemente
preso em sua mão.

— Acontece que estou indo para a aula agora. Não aja como
se você não gostasse de encontrar comigo. — Ele me cutuca com o
ombro, e eu olho para cima para ver um largo sorriso em seu rosto
bonito. Borboletas invadem minha barriga. Novamente. Isso vinha
acontecendo cada vez mais nos últimos meses e realmente tinha
que parar.

Gray era alto, com ombros largos, cabelo castanho


desgrenhado, mais longo na parte superior e mais curto nas
laterais, e olhos verdes que sempre conseguiam roubar o ar dos

2
Marca de copo plástico vermelho, muito utilizado nas festas americanas.
meus pulmões. Ele era o que minha melhor amiga Coco chamaria
de sexo puro. E eu odiava a forma como meu corpo reagia a ele
ultimamente. Não fazia sentido. Ele não era meu tipo. Ele estava
tão fora dos limites quanto possível.

Um pegador assumido que não se desculpava por isso.

O melhor amigo do meu irmão.

E ele me irritava com mais frequência do que antes.

Mas ele era lindo e charmoso, e isso me enfurecia.

— Não se iluda. Agora que terminei oficialmente com o rush,


posso começar a sair. E eu não preciso que você entre no meu
negócio se nos encontrarmos — eu disse, tentando disfarçar meu
sorriso porque sabia que era exatamente o que ele faria.

Gray e Cade eram melhores amigos desde que conseguia me


lembrar.

Do berço ao túmulo, sempre diziam.

Eles eram um pouco selvagens quando estavam juntos, e


deixaram para trás muitos corações partidos no East Texas High,
a escola que todos nós frequentamos. Crescemos em uma pequena
cidade a cerca de duas horas daqui, chamada Willow Springs. Uma
das cidades mais antigas de nosso estado e mais conhecida como
‘O coração do Texas’. Gray estava ao redor desde que eu conseguia
me lembrar. Ele era um elemento permanente em nossa casa. Seus
pais se divorciaram quando ele era jovem e seu pai lutava contra
as drogas e o álcool, mas ele raramente falava sobre isso. A mãe
dele se casou novamente, e teve duas adoráveis filhas gêmeas de
quem eu cuidei mais vezes do que eu poderia contar. Porque Gray
não se incomodava e raramente passava uma noite de fim de
semana em casa.

— Seu negócio é meu negócio, G. Prometi a Cade e a seus pais


que cuidaria de você, e é exatamente isso que pretendo fazer. —
Cade sempre foi um irmão superprotetor, beirando o ridículo e, por
alguma razão, seu melhor amigo achava que era seu trabalho fazer
o mesmo.

Duas garotas caminharam em nossa direção e ambas sorriram


enquanto o olhavam descaradamente. — Ei, Gray — elas
ronronaram, e revirei os olhos.

Ele acenou com a cabeça, mas manteve sua atenção em mim.

— Não preciso de uma babá. Quando eu for para a sua festa


da fraternidade, você precisa ficar em seu próprio espaço. — Parei
quando chegamos ao prédio onde eu tinha aula.

— Sempre gostei mais do seu espaço — ele disse com um


sorriso malicioso, cruzando os braços sobre o peito musculoso
enquanto seu olhar se fixava no meu, e meu estômago afundou
novamente.

Maldito seja você e seu ser sexy, Gray Baldwin.

— Ei, Gray. — Tiffany, a presidente da minha irmandade, se


aproximou e ficou ao lado dele antes de se virar para mim com
uma expressão neutra. — Oh, oi, Gigi.

— Ei — falei, e os olhos de Gray nunca deixaram os meus


enquanto ele cumprimentava Tiffany.
— Então, você tem que agradecer a esse cara por você e Addy
receberem uma oferta da Kappa Gamma. Ele pode ser muito
persuasivo — ela falou, passando a mão nos bíceps dele, e tive
uma vontade repentina de dar um soco na garganta dela.

De onde veio isso?

Ele lançou a ela um olhar como se não devesse me dizer que


ele estendeu a mão e disse boas palavras sobre mim e Addy. Eu já
sabia, porque Tiffany tinha deixado seu ponto perfeitamente claro
quando recebemos nossas propostas, sobre ela estar fazendo um
favor para Gray e que nós duas devíamos uma a ela.

Não era exatamente um momento de irmandade, mas eu não


estava convencida de toda a coisa da vida grega ainda, então o júri
estava decidindo.

— Oh, me desculpe. Isso era um segredo? — Ela riu e levantou


uma sobrancelha para mim. — Vamos, Grey, vamos nos atrasar
para a aula.

Eles tinham aula juntos? Estavam namorando?


Provavelmente ele estava dormindo com ela. Nada me surpreendia
quando se tratava de Gray. Outra razão pela qual eu precisava
manter meus sentimentos por este menino sob controle.

Odiá-lo era muito mais fácil do que gostar dele.

— Vamos — ele disse para Tiffany antes de se inclinar perto


do meu ouvido. — Goste ou não, é melhor você planejar me ver no
seu espaço, G.
Observei-o se afastar e, enquanto caminhava para dentro do
prédio, amaldiçoei-me internamente por deixá-lo me deixar toda
nervosa.

Eu gostava muito das minhas aulas e o professor Benzo era


um dos meus favoritos. A aula de uma hora e meia passou
rapidamente, voltei para os dormitórios e passei por Bailey no
corredor. Ela morava no nosso andar e a apenas três portas de
nós. Ela não tinha causado a melhor primeira impressão com Addy
ou comigo, mas sua colega de quarto Sadie era doce. E as duas
participavam da mesma irmandade que nós.

— Ei, Gigi. Awww... olhe para você. Você está tão country com
seu vestidinho e botinhas — ela disse, com uma tentativa terrível
de um sotaque sulista. Por que ela sentia a necessidade de falar
com um sotaque cada vez que falava sobre minhas roupas, estava
além da minha compreensão.

— Gosto de usar esses vestidos esvoaçantes no calor — falei,


olhando para a minha roupa, o que realmente me mantinha fresca
neste tempo quente. Ao contrário da situação atual de Bailey.

Ela usava jeans pretos justos e uma camiseta preta justa. Se


essa era sua ideia de moda no verão, eu estava bem sendo country.
Bailey era do Colorado e claramente não estava acostumada com
a umidade do Texas ainda.

— Tenho que admitir, meio que funciona para você — ela disse
com um sorriso. — Você tem toda essa coisa de garota da porta ao
lado. Alguns caras provavelmente acham isso atraente.

Eu ri. Bailey era uma campeã quando se tratava de dar elogios


indiretos. — Obrigada. Vejo você mais tarde.
Quando empurrei a porta do quarto 711, Addy estava sentada
em sua mesa estudando. Nosso quarto era digno de uma revista.
A mãe de Addy havia projetado o espaço, já que as garotas do sul
levavam a decoração do dormitório muito a sério, ou pelo menos
nossas mães o faziam.

Nossas cabeceiras eram cobertas com tecido de veludo branco,


e nossa roupa de cama de linho pêssego tinha pequenas flores
brancas por toda parte. Tínhamos muitas almofadas para um
dormitório, mas você não mexia com a mãe de Addy quando se
tratava de decoração. Nossas paredes estavam cobertas com fotos
emolduradas de casa e placas de madeira desgastadas com
palavras doces e inspiradoras nelas. Tínhamos espelho de
maquiagem em nossas mesas para que pudéssemos nos arrumar
em nosso quarto, em vez de ter que arrastar nossa maquiagem e
secadores de cabelo para o banheiro comum.

— Ei, como foi a aula? — Addy perguntou enquanto girava em


sua cadeira, que combinava com o tecido das nossas cabeceiras.
Nenhum detalhe foi poupado ao projetar nosso quarto. Minha mãe
riu da mãe de Addy sobre o quão sério ela levou isso no dia da
mudança, mas minha mãe gostou por eu morar em um espaço que
era quente e aconchegante e me fazia sentir em casa.

— Foi boa. Temos nossa ligação FaceTime com as meninas


agora?

Ela olhou para o telefone e sorriu. — Sim. Cinco minutos.

Ela pegou seu laptop e nós duas nos jogamos em sua cama,
colocando o computador entre nós. Eu contei-lhe sobre o meu
encontro irritante com Gray no campus.
— Eu sei que você acha que ele está sendo protetor, mas eu
juro que há algo aí. Vejo a maneira como ele olha para você. — Ela
conectou nossa ligação enquanto falava.

Balancei minha cabeça. — Absolutamente não. Não


suportamos um ao outro na maior parte do tempo.

Eu nem tinha admitido para minhas melhores amigas como


estava me sentindo quando estava perto de Gray ultimamente,
porque eu sabia que não era correspondido. Eu, definitivamente,
não era o tipo dele. E ele nunca olharia para mim de qualquer
maneira porque eu era a irmã mais nova de Cade. Minha única
esperança era que isso passasse. Era uma paixão boba. Não iria a
lugar nenhum.

As meninas entraram em foco e conversamos todas ao mesmo


tempo, como sempre. Ivy acenou com a mão no ar, antes de
segurar o grande livro encadernado em couro em suas mãos. —
Ok, temos assuntos importantes para discutir. E decidi chamar
nossos fins de semana em casa de Final de Semana Willows.

Ivy era a presidente das Magic Willows3, um grupo que


formamos na quinta série usando a primeira inicial de cada um de
nossos nomes. Maura, Adelaide, Gigi, Ivy e Coco. Guardamos
todas as nossas memórias nesses cadernos, e tínhamos
conseguido preencher vários ao longo dos anos. Estávamos todas
com poucas horas de diferença uma da outra, comigo e Addy em
Austin, Maura e Ivy em Dallas e Coco fazendo carreira solo em
Houston. Mais importante ainda, Willow Springs estava no meio
do caminho, então seria uma volta para casa fácil para todas nós.

3
Expressão que significa Willows Mágicas.
Tínhamos o compromisso de nos encontrar em casa pelo menos
um fim de semana por mês.

— Por que tem que ter um nome? — Coco pergunta, com uma
sobrancelha levantada enquanto olhava para a tela.

— Porque sim, Co. Eu gosto de dar nomes às coisas. Por que


você deve questionar tudo? — Ivy disse, e uma lágrima escorreu
por seu rosto, assustando a todas nós.

— Você sabe que eu só gosto de te encher, Ive. Eu te amo


muito. — O rosto de Coco ficou sério quando ela percebeu que a
aborrecera.

Estávamos todas preocupadas com Ivy. Ela namorou com Ty


por anos, e os dois estavam loucamente apaixonados. Ou assim
pensamos. Ty planejou frequentar a mesma faculdade que ela em
Dallas, mas depois que um escândalo louco com sua família era
tudo que todos em Willow Springs podiam falar, ele deixou a cidade
com sua mãe neste verão e levou o coração de Ivy com ele.

— Eu também te amo. Não sei o que há de errado comigo


ultimamente. Eu simplesmente choro o tempo todo — disse ela, e
Maura a envolveu com um braço.

— Ela tem sentido saudades de casa nos últimos dias. —


Maura abraçou Ivy com ainda mais força.

— É muita mudança. — Os olhos de Addy se encheram de


emoção. Sempre sentimos as mágoas umas das outras por
estarmos conectadas de uma forma que a maioria das pessoas não
conseguia entender. Verdadeiras irmãs de alma. — Está tudo bem
ficar triste por causa de Ty.
Ivy enxugou as lágrimas que caíam. — Eu sei. Simplesmente
não consigo decidir se estou brava ou triste. Tínhamos um plano.
E ele simplesmente pulou do navio e me deixou. Quem faz isso?

— Não acho que tenha nada a ver com você — eu falei. — Acho
que descobrir que o pai dele não só teve um caso, mas também
engravidou a mulher, foi mais do que ele podia suportar. Quero
dizer, os Greenes eram a família perfeita de acordo com os padrões
de Willow Springs. Isso foi totalmente incomum. E então, com a
mãe dele saindo da cidade, acho que ele só precisava ficar longe
por um tempo.

— Não vamos usar a palavra mulher levianamente. A garota


que ele engravidou mal saiu do ensino médio, pelo amor de Deus.
O Sr. Greene é um velho pervertido. Deve ser tão humilhante para
eles. — Coco balançou a cabeça e revirou os olhos ao mesmo
tempo. O teatro era sua especialidade.

— Mas isso não tem nada a ver comigo. Por que ele me cortou?
E agora ele está em Nashville e provavelmente se tornará um
grande e famoso cantor country e nunca mais olhará para trás. —
Ivy começou a soluçar e uma lágrima rolou pela minha bochecha.
Eu rapidamente a limpei. Eu odiava que não pudéssemos abraçá-
la quando ela estava passando por tanta coisa.

— Não tem nada a ver com você. Acho que Ty é apenas um


cara legal e estava com vergonha de toda a conversa na cidade, e
quando sua mãe foi embora, acho que ele só queria ir com ela. E a
última vez que você falou com ele, ele disse que você merecia coisa
melhor. Conhecendo Ty, ele carrega a culpa e a vergonha de seu
pai e pensa que está lhe fazendo um favor ao partir. — Addy
manteve sua voz suave e eu descansei minha cabeça em seu
ombro, desejando que estivéssemos todas juntas.
— Você já o procurou de novo? — perguntei.

— Não. E eu não vou. Ele me disse que tinha acabado e me


pediu para deixá-lo ir. Não vou implorar para ele ficar comigo. Eu
ainda tenho um pouco de orgulho. — Ela ergueu o queixo um
pouco, enxugou as lágrimas e forçou um sorriso. — Está feito. Eu
superarei Ty Greene em algum momento.

— Bem, mal posso esperar para estar sob o comando de


alguém novo. Estou em um período de seca desde que Shaw e eu
terminamos, mas já houve alguns candidatos em minhas aulas —
disse Coco, quebrando a tensão como sempre fazia.

Nós rimos.

— Um brinde a todas nós encontrando nosso caminho nesta


nova aventura — eu disse. — E estaremos juntos em duas
semanas. Mal posso esperar para te abraçar, Ivy.

— Eu também — ela falou, seu sorriso alcançando seus olhos,


deixando-me saber que ela ficaria bem.

— Magic Willows para a vida toda — disse Maura, e todas nós


repetimos suas palavras.

Como sempre fizemos.


Capítulo Dois

Gray

Eu estava de volta às aulas há duas semanas. Eu tinha uma


dor de cabeça crônica e me perguntei por que diabos eu concordei
em ser presidente da minha maldita fraternidade. Eu poderia dar
um beijo de adeus em todos os bons momentos. Jack Schwab me
convenceu a ir em frente. Ele tinha sido presidente nos últimos
dois anos.

— É incrível. Você terá seu próprio quarto e seu próprio


banheiro. É enorme — ele disse.

E eu provavelmente bebi muitos copos Solo vermelhos para


pensar sobre isso. O fato de agora eu ser responsável por tudo que
esses idiotas faziam nesta casa era aterrorizante. Se menores
fossem pegos bebendo, eu era o idiota sendo responsabilizado.
Seria difícil encontrar uma festa da faculdade onde os alunos não
estivessem jogando seu jogo de bebida. Então, basicamente, eu
estava fodido.

Eu tinha certeza de que não iria jogar fora minhas chances de


ir para a faculdade de direito, mais especialmente porque Simon,
meu padrasto idiota, ficaria muito feliz em dizer eu avisei.

De jeito nenhum.
A última vez que o vi, ele fez algumas dúzias de piadas sobre
eu ser igual ao meu pai, e ele me lembrou que segurava os cordões
da bolsa para o meu futuro. Ele me disse que estava nervoso sobre
investir em alguém que mais tarde poderia estragar tudo. Mas, por
enquanto, o homem tinha mais dinheiro do que Deus e parecia
bastante satisfeito em me dar um cartão de crédito com saldo
ilimitado para manter meu estilo de vida e me manter longe o
suficiente.

E eu estava muito feliz em obedecer.

Pelo menos é o que parece. Tenho lidado com seu desdém


desde os sete anos de idade, quando ele e minha mãe se casaram.
O homem estava se preparando para eu estragar a minha vida
inteira. No colégio, eu dei a ele o que queria, voltando para casa
com cara de merda mais vezes do que não. Dormindo com a maior
parte da nossa classe feminina do último ano.

Eram sapatos difíceis de preencher. Mas fiquei feliz em


assumir a responsabilidade.

Exceto quando se tratava de escola. Era a única coisa com que


eu me importava. Meu pai tinha sido um advogado brilhante antes
de cair do planeta e se perder nas bebidas, pílulas e apostas
esportivas. E decidi, em algum lugar ao longo do caminho, que não
tomaria esse caminho. Eu planejava ir para a faculdade de direito.
Provavelmente me tornar um advogado de divórcio. Ei, espero que
minha mãe recupere o bom senso um dia e precise de uma boa
representação quando deixar o idiota.

Pode-se sonhar.
Acho que realmente incomodou Simon que eu fizesse a lista
do reitor a cada semestre desde que comecei na Universidade do
Texas, que por acaso também era uma das faculdades mais
prestigiadas do país.

Tome isso, idiota.

Posso ser incapaz de um compromisso e um bom tempo


perpétuo, mas eu era mais inteligente do que a merda, e ele não
podia tirar isso de mim. Foi a única coisa que meu pai claramente
me deu.

Obrigado, pai. Agora fique sóbrio e vá assumir suas


responsabilidades.

Mesmo com meu pai lutando contra seus demônios, ele era
mais homem, mais pai do que Simon jamais havia sido. Ele tinha
sido um grande constrangimento ao longo dos anos? Sim. Teve
muitas acusações de intoxicação pública, esteve envolvido em
brigas intermináveis nos pubs locais da cidade e teve uma queda
violenta em desgraça. E morávamos em uma cidade pequena, o
que significava que todo mundo conhecia suas merdas. Todos em
Willow Springs eram o juiz e o júri.

Exceto meu melhor amigo, Cade.

A família Jacobs me aceitou como eu era, apesar do meu pai.


Inferno, Bradley Jacobs, o pai de Cade e meu pai se conheciam há
muito tempo. Eles eram melhores amigos. Bradley sabia que havia
um homem bom por trás de todo aquele entorpecimento
acontecendo.
Eles abriram suas portas e seus corações para mim, fazendo-
me sentir como parte da família. Quando eu estava em casa, não
ficava na casa da minha mãe. Ficava na casa dos Jacobs, e eles
até me deram meu próprio quarto lá. Foi assim que funcionou nos
últimos anos.

Eu os amava. Não havia nada que eu não fizesse pelos Jacobs.


Inferno, Cade era o irmão que nunca tive, e ele sabia sobre minhas
lutas com Simon. Ele era meu melhor amigo e meu ala. Ele
segurou minha cabeça quando eu vomitei meu cérebro por beber
até enjoar mais vezes do que deveria ser exigido de um melhor
amigo.

Sentei-me na cama quando vi uma ligação de Cade. Ele


frequentava uma faculdade a cerca de uma hora e meia de
distância de mim, mas conversávamos com frequência.

— Ei, idiota. Como você está? — ele perguntou quando peguei


o telefone.

— Por que concordei em ser presidente desta maldita


fraternidade mesmo?

— Porque ficará bem no seu currículo para a faculdade de


direito. Basta aceitar e terminar.

Passei a mão pelo rosto e caí para me deitar na cama. — Mais


fácil falar do que fazer. Parei de beber há duas semanas porque
estou muito ocupado com esses malditos animais em casa.

Ele riu. Isso era justo. Fui um animal durante a maior parte
da minha vida, então foi o carma me retribuindo e me fazendo lidar
com essa merda.
— É bom ficar sóbrio de vez em quando. O que está
acontecendo com seu pai? — ele perguntou.

— Meus avós entregaram o dinheiro para ele. Basicamente,


eles lhe deram tudo o que tinham na aposentadoria para dar a ele
esta oportunidade. — Fechei meus olhos quando as palavras
deixaram minha boca. Meu pai tinha acabado de entrar em um
programa de reabilitação de noventa dias. Meus avós eram duas
das pessoas mais gentis que já conheci, e eles desistiram de tudo
para ajudar meu pai.

— Sinto muito, irmão. Sei que isso é difícil. Mas, felizmente,


colocá-lo em um programa mais longo ajudará.

Esta seria a quarta tentativa de reabilitação do meu pai, e ele


nunca tinha durado além de duas semanas. Esse novo programa
seria mais intensivo e ele moraria lá por três meses.

— Obrigado. Veremos o que acontece. — Não tinha muito mais


a dizer sobre o assunto porque já havia me decepcionado muitas
vezes no passado. Ações valem mais do que palavras. Esperava
que ele conseguisse, mas certamente não estava prendendo a
respiração.

— Como está minha irmã? Você está de olho nela?

— O Papa é católico? — falei com uma risada enquanto me


sentava e depois ficava de pé. Falar sobre Gigi sempre me deixava
nervoso.

— Sabia que podia contar com você. Ela parece feliz com a
Kappa Gamma. Obrigado por arranjar isso. Acho que vale a pena
transar com a presidente de uma casa de fraternidade.
Revirei meus olhos. Tiffany e eu tínhamos ficado juntos uma
vez no semestre passado, e eu pedi a ela para cuidar de Gigi e Addy
durante o rush algumas semanas atrás. Eu sabia que Gigi estava
nervosa, mesmo que ela nunca admitisse. E conhecia Addy a maior
parte da minha vida, assim como seu namorado Jett. O cara era
legal, e ele me puxou de lado e pediu que eu cuidasse de sua garota
também durante a semana do rush.

— Sim, bem, agora Tiff continua me mandando mensagens


porque pedi um favor a ela. Todos nós estivemos sob restrição pelo
rush, mas os portões se abriram, e essa garota está tão metida na
minha bunda que não vou ser mais capaz de me esconder dela.

— Gray, Gray, Gray... isso é o que acontece quando você


mergulha sua caneta na tinta da empresa. — Ele soltou uma
risada.

— Tanto faz cara. Nunca mais se refira ao meu pau como uma
caneta. É ofensivo. — Nós dois rimos. — Como está Camilla? —
Meu melhor amigo começou a sair com uma garota alguns meses
atrás e eu nunca o tinha visto tão interessado em qualquer garota
antes.

— Ela é demais. Estou feliz por estar de volta à escola com ela.

— Nunca pensei que veria esse dia — falei. — Eu vou até a


casa da sua irmã um pouco mais tarde para verificar como ela
está. Ela quer ir à festa neste fim de semana, e eu preciso prepará-
la para todos os idiotas com os quais terá que lidar.

— Cara, você está seriamente dando a conversa sobre


pássaros e abelhas para minha irmã? — Ele riu tão alto que tive
que afastar o telefone do ouvido. — É por isso que ela está sempre
chateada com você.

— O dever chama. Nada estará acontecendo no meu turno,


acredite em mim — eu disse.

— Confio em você com minha vida, irmão. Obrigado por


sempre cuidar da Gigi. Camilla está aqui. Eu te ligo mais tarde.

Desligamos a chamada e deixei cair meu telefone na minha


mesa. Tinha passado um dia. Inferno, foram algumas semanas
difíceis. Eu estava completamente sóbrio, tentando ficar de olho
em Gigi e ter certeza de que nenhum idiota chegasse perto dela, e
também mantendo meus irmãos da fraternidade na linha. Isso
significava nenhum trote, nenhuma festa fora de controle e
ninguém olhando para Gigi Jacobs.

E eu estava exausto pra caralho.

Houve uma batida na minha porta e eu gritei para entrarem.


Ultimamente, era uma dor de cabeça após a outra.

— E aí, Pres — Colin disse. Ele estava no segundo ano e havia


se mudado para a casa algumas semanas atrás. O cara me
incomodava pra caralho.

— Não me chame assim. O que você precisa? — rosnei. Tornei-


me uma babá maldita e não estava me divertindo.

— O banheiro do segundo andar está entupido e os chuveiros


não têm água quente. — Ele se moveu pelo meu quarto, parando
para olhar as duas fotos emolduradas que eu tinha na minha
cômoda. Havia uma da minha família com mamãe, Simon e as
meninas, e outra dos Jacobs que Katie Jacobs tinha me dado no
ano passado. Ele apontou para Gigi na fotografia. — Droga, eu
conheço essa garota. Ela está na minha aula de ciência política.
Ela é tão gostosa. Você pode me apresentar?

— Eu posso te enganchar por suas bolas de merda, seu idiota.


Nem olhe para ela, ou vou jogar sua bunda para fora daqui tão
rápido que sua maldita cabeça vai girar. Há um desentupidor
embaixo da pia, vá mergulhar no vaso entupido. E talvez um banho
frio seja exatamente o que você precisa. — Segurei a maçaneta da
minha porta e usei minha mão para encorajá-lo a sair.

— Jesus. O que aconteceu com o tempo bom, Gray? — ele


perguntou enquanto se movia para o corredor.

— Ele cresceu algumas bolas de merda. Vá mergulhar na


merda — rosnei e bati a porta na cara dele.

Meu telefone vibrou e eu o arranquei do bolso de trás e li a


mensagem.

Tiff ~ Ei, Gray. Ansiosa pela festa neste fim de semana. <emoji de olhos
piscando>

Eu ~ Sim. Deve ser um bom momento.

Tiff ~ Então, eu sei que ajudei aquelas suas duas amigas a conseguir
uma oferta na casa. Apenas me certificando de que elas não estão
competindo comigo. <emoji encolhendo os ombros> <emoji de olhos
piscando>
Jesus. Este dia simplesmente não iria parar. Ela estava
tentando fazer de nossa conexão única algo que não era. Eu tinha
sido direto com ela de que não fazia a coisa de namorado, e ela
agiu como se estivesse a bordo. Mas na semana passada tivemos
um encontro grego com as fraternidades e os oficiais da
irmandade, e a garota havia se inserido nas duas vezes em que
estive conversando com outras garotas. Apenas falando. E ela
tinha ido para o bloqueio total de pau ambas as vezes. Não tinha
me incomodado muito, porque eu não estava com humor para ficar
com ninguém no momento, o que era definitivamente a primeira
vez. Mas saber que Gigi estava aqui no campus me deixou nervoso,
e minhas novas responsabilidades em casa eram muito mais
estressantes do que eu esperava. E acabei com a Tiff também,
porque não estava interessado. Mas com certeza eu não queria que
ela descontasse em Gigi e Addy.

Eu ~ Amigas da família. Agradeço por você cuidar delas.

Tiff ~ Qualquer coisa por você, Gray. Eu te vejo na festa neste fim de
semana. Finalmente podemos sair. Você sabe o que acontece quando o
gato pode sair para brincar.

O que diabos isso significa? Ela era a gata?

Santo Deus.

Não havia como eu escapar porque a festa seria na nossa casa.


E eu era a porra do presidente desse show de merda.
Eu ~ Ok. Estou trabalhando como babá, então não poderei demorar.
Vou ficar de olho nos calouros e me certificar de que as coisas não saiam
do controle.

Tiff ~ Ohhh, isso foi um convite? Você quer brincar de casinha, papai?

Eu esfreguei a mão no meu rosto. O que diabos estava


acontecendo?

Eu ~ Não. É um trabalho de um homem só. Vejo você mais tarde.

Precisava que essa conversa acabasse.

Enviei uma mensagem para Gigi.

Eu ~ Estou indo aí falar com você.

Gigi ~ Pare de pairar. <emoji revirando os olhos>

Não respondi. Porque quando se tratava de Gigi, pairar era


minha especialidade.

Dirigi até os dormitórios, estacionei minha caminhonete e corri


para dentro, antes de bater em sua porta. Como a porra de um
adolescente hormonal morrendo de vontade de chegar à sua
garota. O que diabos estava acontecendo comigo?

Ela abriu a porta, uma sobrancelha levantada, tentando


parecer irritada, mas eu vi o sorriso lutando para sair. Ela tinha o
cabelo puxado para trás em um rabo de cavalo, e usava uma
blusinha branca e um short jeans cortado. Sexy pra caralho. Era
difícil desviar o olhar de suas pernas bronzeadas e tonificadas e
me forcei a encontrar seu olhar.

Tão bonita.

— O que é desta vez? Já cobrimos o básico em sua última


visita. Fiz anotações, lembra? — Ela revirou os olhos azuis safira.
— Todos os universitários são uns canalhas. Nada de bom vem de
ficar bêbada. E meu favorito de todos os tempos, o sexo vai fazer
meus seios menores. O que é dessa vez, meu sábio?

Soltei uma risada. Ninguém me dava a merda do jeito que Gigi


fazia. A garota acabou de me pegar. Passei por ela e me sentei em
sua cama.

— Onde está Addy? — Examinei seu quarto. Não era minha


primeira vez aqui, inferno, ajudei na mudança. E ajudar a mãe de
Addy não era uma tarefa fácil. A mulher mandou em Cade e em
mim o dia todo, forçando-nos a prender essas malditas cabeceiras
e pendurar oito milhões de coisas ridículas nas paredes. Eu fiz isso
por Gigi. Inferno, faria qualquer coisa por essa garota.

Porque ela é a irmã mais nova do meu melhor amigo.

Nada mais.
— Ela está com Jett. O que você está fazendo? — perguntou,
sentando-se em sua cadeira na minha frente.

— Vim te dizer para não ir à festa neste fim de semana. Não


acho que seja uma boa ideia.

Seus olhos dobraram de tamanho. — Você veio até aqui para


me dizer isso?

— Não fui claro? — Deitei-me na cama dela, cheirava a


pêssegos. Amava isso pra caralho.

Isso me lembrava de casa.

E bondade.

E Gigi.

— Você não é meu chefe, Grey, então economize seu fôlego.

Sabia que ela não iria me ouvir. Eu só queria uma desculpa


para vir aqui. Por alguma razão, gostava de estar perto de Gigi.

Mais do que deveria.

— Você discorda de mim apenas por esporte? — perguntei,


deslizando seu travesseiro debaixo da minha cabeça e ficando
confortável.

— Discordo porque você é um idiota pomposo. — Ela mordeu


o lábio inferior suculento e eu me sentei rapidamente quando meu
pau ganhou vida.

O que diabos há com isso?


Meu pau era um filho da puta atencioso quando se tratava de
Gigi. Principalmente nos últimos meses. Ela não se parecia mais
com a irmã mais nova de Cade. Inferno, ela sempre foi linda, e eu
sempre tive que me lembrar que ela estava fora dos limites, mas
ultimamente estava sentindo coisas que sabia que não deveria. E
brigar com Gigi Jacobs tinha se tornado melhor do que sexo com
qualquer outra pessoa.

Quão confuso era isso? Eu definitivamente precisaria começar


meu jogo com outra garota neste fim de semana para tirá-la da
minha cabeça.

Esfreguei a mão no meu rosto. — Você conversou com seu


irmão? Nunca pensei que veria o dia em que Cade seria chicoteado
por uma boceta, mas ele com certeza parece passar muito tempo
com Camilla.

— Você é tão rude — Gigi falou, cruzando os braços sobre o


peito quando viu meu olhar pousar ali. Não perdi a maneira como
seus seios se animaram quando olhei para ela.

Jesus.

Obrigava-me a pensar em meu cachorro Duke no dia em que


o enterramos toda vez que minha mente ia na direção errada com
Gigi Jacobs. O que estava acontecendo muito ultimamente.

Geralmente funcionava, mas ultimamente nem mesmo a


perda do meu companheiro de infância de quatro patas estava
funcionando.

Fantasiar com uma garota que estava fora dos limites não era
o melhor uso do meu tempo. Eu sabia melhor. Posso ser péssimo
em muitas coisas, mas estragar meu relacionamento com os
Jacobs era absolutamente a única coisa que nunca faria.

— Não é rude. Apenas sendo honesto. — Levantei-me.

— Ele gosta de uma garota. Coisas piores podem acontecer. —


Ela levantou uma sobrancelha em desafio.

— Boceta? É com essa palavra que você tem problemas?


Acontece que você tem uma e confie em mim quando digo, você
precisa estar ciente disso. Você vai ter uma tonelada de perdedores
tentando entrar nas suas calças nessa festa da fraternidade. A
faculdade não é como Willow Springs. — A raiva cresceu em meu
peito e me movi em direção à porta. De repente, precisando de
distância da garota que conheci na maior parte da minha vida.

— Posso cuidar de mim mesma, Gray. — Agora ela estava de


pé e me encarando.

No meu espaço.

Consumindo meu ar.

— Seu negócio é meu negócio, goste ou não. E esses caras


estão atrás de uma coisa e apenas uma coisa. — Achava que Gigi
ainda era virgem, porque fiz questão de ficar de olho nela. Não
tinha certeza, mas ela ainda não tinha namorado, pois era boa
demais para todos aqueles idiotas em casa.

— Você é um porco.

— Acredite em mim, já fui chamado de coisa pior, G. — Eu


sorri.
— Saia. — Ela caminhou até a porta e colocou a mão na
maçaneta, levantando uma sobrancelha como se me desafiasse a
lutar com ela nisso.

A porta bateu na minha cara quando cheguei do outro lado, e


não pude deixar de rir.

Eu amava entrar em sua pele. Era muito fácil.

Mas isso era o mais longe que eu permitia.

Sempre.
Capítulo Três

Gigi

Peguei algumas roupas para usar na festa e as segurei para


Addy. Viver com minha melhor amiga era o melhor.

— Gosto do top preto com a saia jeans e suas botinhas fofas.


É perfeito — disse Addy, enquanto se sentava em sua mesa, que
também funcionava como penteadeira. Seu cabelo estava preso, e
ela se virou para o espelho de maquiagem e voltou ao trabalho. —
Jaden te mandou uma mensagem de novo?

Jaden estava na minha aula de inglês e ele nos convidou para


a festa Sig Alpha esta noite. Não que você precisasse de um convite.
Todo mundo estava falando sobre isso. Até Jett concordou em ir
conosco, porque sabia que Addy queria ir. Jett estava focado no
futebol agora, e eles começaram a temporada fortes, saindo com
uma vitória contra o Utah. Jett tinha sido chamado de fenômeno
dos calouros no jornal local, e todos esperavam que ele nos
conduzisse a uma temporada de vitórias. Addy se preocupava que
fosse muita pressão para ele, mas ele levou tudo na esportiva.

— Sim. Ele disse que me encontraria lá, mas ele ainda é um


calouro, então provavelmente vai trabalhar na festa.
Ela se virou para mim enquanto puxava a presilha do cabelo
e deixava seu cabelo comprido e escuro cair sobre os ombros. — O
que você acha dele? Você gosta dele?

— Ele é legal. Mas depois da aula parei no banheiro, e quando


saí eu o vi pegando um número de outra garota. Então, acho que
ele está definitivamente lançando sua rede e vendo o que pega —
falei através da minha risada.

Ela deu uma risadinha. — Típico garoto de fraternidade. Mas


é bom estarmos indo. Vi alguns caras examinando você na aula de
ciências políticas.

— Examinando-me? — Fiquei boquiaberta. — Quem é você


agora?

— Estou canalizando minha Coco interior. Ela me disse para


garantir que você saísse da sua zona de conforto e se divertisse um
pouco este ano.

— Estou tão feliz que Coco se inscreveu para a mesma


fraternidade que nós. Mal posso esperar para ver onde Maura e Ivy
vão parar — eu disse. Cada uma de nossas faculdades realizou o
rush em momentos diferentes, e eu estava grata por termos
terminado. Toda a experiência foi um pouco estressante.

O telefone de Addy tocou e ela o ergueu. Era Coco no


FaceTiming para ver o que eu ia vestir. — Falando no diabo.

Eu estava tão animada para ir para casa e ver meus pais e as


meninas. Tivemos que contornar o cronograma de jogos de Jett
porque Addy não queria perder nenhum, o que eu entendi.
Tínhamos ido ao primeiro juntas, e eles não tinham um neste fim
de semana, por isso ele poderia ir conosco à festa.

— Ei, meninas. Grande festa esta noite — Coco ronronou


quando ela entrou em foco. Ela era nossa consultora de moda
residente e todas nós nos beneficiamos com suas dicas na hora de
escolher uma roupa.

Nós rimos. — Sim. Jett está chegando em vinte minutos e


vamos caminhar até a casa.

— O que eu não daria para ver Gray Baldwin como presidente


da fraternidade. Ah... aquele garoto em uma posição de poder. Não
consigo lidar com isso. Alguém me dê um banho frio. Ele é tão
gostoso. E agora ele tem aquela barba por fazer que o torna ainda
mais sexy.

Revirei meus olhos. Obviamente, Gray era bonito. Muito


possivelmente, o garoto mais bonito que já vi. Mas ele também era
arrogante, desagradável, autoritário, egocêntrico e irritante. Isso
ofuscava sua boa aparência.

— Qualquer que seja. Acredite em mim, ele sabe que é tudo


isso. Ele não precisa de ninguém acariciando seu ego. Achei que
você gostasse do cara de química nerd? — perguntei.

— Sim, Wallace e eu vamos a uma festa hoje à noite. Só não


tenho certeza se vai a lugar nenhum porque ele me disse que tem
que estar em casa por volta das dez da noite porque precisa
acordar cedo para estudar. Em um sábado. Dizer o que? Isso é tudo
meio louco.

Addy e eu caímos para trás em um ataque de riso.


— Você vai falar com aquele garoto Jaden? — perguntou, e
elas se animaram como se eu conversar com um cara fosse o ponto
alto de suas vidas.

— Ele está bem. Acho que ele é um pegador.

— Todos os meninos são, Gigi. Pelo menos até encontrarem a


garota certa. Não pense demais — disse Coco, e Addy concordou
com a cabeça.

Houve uma batida na porta e Addy correu.

Jett entrou e puxou-a em seus braços, e algo em meu peito


apertou. Algo sobre a maneira como ele olhava para ela. Desejava
que alguém me olhasse assim.

Ele se moveu para se sentar ao meu lado na cama e acenou


para a tela. — E aí, Co?

— Ei. Parece muito bem, Sr. Stone — Coco disse, fazendo todos
nós rirmos mais uma vez.

— Eu tento — ele falou com um encolher de ombros.

Ele deu um tapinha em seu colo e Addy se aproximou e


sentou-se ali.

— Tudo bem, tenho que vestir minhas roupas e tirar este robe
para que possamos ir — eu disse, soprando um beijo para ela.

— Vista algo quente, por favor, Gigi. Addy, certifique-se de que


ela se divirta — gritou Coco, enquanto eu pegava minha roupa
pendurada na porta do armário.
— Entendi. — Revirei meus olhos para ela. — Tudo bem.
Ligaremos para você mais tarde. Amo você.

— Amo vocês — disse Coco, antes de encerrar a ligação.

— Volto já — disse a Addy e Jett antes de ir para o banheiro


no corredor para me trocar. Eu odiava o banheiro comunitário.
Quando entrei, Bailey estava de pé na pia aplicando brilho labial.

— Ei, Gigi. Você e Addy vão para a festa Sig Alpha? — Ela
jogou seu longo cabelo loiro sobre um ombro e olhou para mim.

— Sim. Jett acabou de chegar, então nós três iremos daqui a


pouco. Você vai?

— Claro. Não perderia isso. Esses caras são tão gostosos. Você
viu o presidente deles este ano? Alguém o apontou no campus e
oh, meu Deeeus. Ele é maravilhoso. Vou direto para o topo, se é
que você me entende. — Ela piscou.

Eu não tive coragem de dizer a ela que não seria uma grande
façanha. Gray pegava todas. Dormir com ele seria tão fácil quanto
passar o cartão de refeição. Ele era uma coisa certa. E ela era
bonita, então tenho certeza de que ele morderia a isca.

— Bem, boa sorte com isso. Eu te vejo lá.

Fui até a cabine para trocar de roupa enquanto ela continuava


a falar.

— Você seriamente está se trocando na cabine? Você é tão


adorável e reservada. Eu meio que adoro isso.
Revirei os olhos porque sabia que ela não podia me ver. Eu não
estava prestes a apenas me despir na frente dela. Mal conhecia a
garota.

Forcei uma risada falsa. — Jett está em nosso quarto com


Addy, então corri para cá.

Saí da cabine e seus olhos me examinaram da cabeça aos pés


enquanto eu segurava meu robe sobre o braço.

— Uau. Você parece bem. — Ela assentiu como se estivesse


surpresa. Hum, obrigada? — Quero dizer, não me entenda mal.
Você é obviamente deslumbrante, mas geralmente parece tão... eu
não sei. Garota da porta ao lado.

Ela explodiu em uma gargalhada histérica e caminhei em


direção à porta. Eu não era fã. Todos os seus elogios foram
indiretos. Addy e eu notamos isso na primeira vez que a
encontramos.

— Obrigada. — Cheguei na porta antes que ela falasse


novamente.

— Quão sério são Addy e Jett? Quero dizer, ele também é


muito sexy. E ele é o quarterback estrela. Eu não me importaria
de ficar um pouco no campo com ele, se é que você me entende. —
Ela riu de novo, mas não era genuíno, e eu me encolhi com suas
palavras.

— Eles são tão sérios quanto possível. Você não tem chance.
— Fiquei surpresa com o quão ásperas minhas palavras saíram,
mas grata por tê-la colocado em seu lugar.
— Calma, garota. Perguntando a uma amiga. — Ela piscou. —
Estou de olho em um certo presidente de fraternidade de qualquer
maneira.

Girei nos calcanhares e saí. Não tinha tempo para pessoas


como Bailey. E ela acabou de me mostrar quem realmente era. Ela
sabia que Addy era minha melhor amiga. E ela queria o namorado
de outra pessoa. E queria afundar suas garras em Gray.

Não fiquei bem com nenhuma das duas possibilidades.

— Ei. Cuidado com Bailey. Ela basicamente perguntou se Jett


se desviaria — falei enquanto pendurava meu robe na parte de trás
da porta.

— Aquela cobra. Ela estava me perguntando esta manhã há


quanto tempo Jett e eu estamos juntos. Eu deveria saber.

— Nada para se preocupar, Ace. Você está tatuada aqui. — Ele


fez uma pausa para tocar seu braço exposto com tinta, antes de
colocar a mão no coração. — E aqui. Quer dizer, você me deu
metade do seu sanduíche na terceira série. Quem pode competir
com isso?

Addy inclinou a cabeça para trás enquanto ele passava os


braços em volta da cintura dela. — E é claro que era pasta de
amendoim e geleia orgânica. Mamãe não aceitaria de outra
maneira.

Ele se inclinou e a beijou, e desmaiei um pouco. Adorava a


maneira como eles se amavam.

— Ok. Que bom que estamos na mesma página. — Addy se


afastou e abanou o rosto. — É melhor irmos.
Olhei no espelho mais uma vez. Minha blusa deixou um braço
exposto e Addy aplicou um pouco de iluminador na minha
clavícula. Brilhava um pouco, e eu corri meus dedos por meus
cabelos longos para dar um pouco de impulso antes de ir para a
porta.

— Vamos fazer isso.

Os dormitórios ficavam no centro do campus, e Greek Row


ficava a apenas alguns quarteirões de caminhada. Todas as casas
da irmandade e fraternidade se alinhavam em uma rua, então era
fácil ir de casa em casa no caso de várias festas acontecendo. Pelo
menos foi o que Tiffany nos disse. Quando chegamos a Sig Alpha,
parecia algo saído de um filme. As pessoas estavam espalhadas no
gramado da frente e a música estrondeava da casa. Gray estava
parado à distância passando a mão pelo cabelo. Era mais comprido
na frente e mais curto atrás, e definitivamente combinava. Ele não
tinha seu típico olhar despreocupado em seu rosto. Ele parecia
estressado. Não estava acostumada a vê-lo assim. Ele pegou vários
copos vermelhos Solo e os empilhou um dentro do outro, antes de
conduzir as pessoas para dentro. Ele ainda não tinha nos visto,
pois ainda estávamos a alguns metros da varanda da casa Sig
Alpha. Mas Gray sempre foi fácil de detectar. Ele era alto e maior
do que a própria vida. Sempre foi.

— Uau. Há muitas pessoas aqui — disse Addy, e Jett e eu


assentimos.

Jett parecia completamente imperturbável. Eu era tudo menos


isso.

— Gigi — uma voz gritou da varanda da frente. Era Jaden, e


ele acenou para nós. — Pode entrar.
Jett o estudou e acenou com a cabeça. — Ele parece um pouco
suspeito. Vamos.

Eu ri porque Jett era tão confiante quanto Cade e Gray. Eles


pensavam que todos os caras eram más notícias. Muitas vezes
lutei contra o desejo de lembrá-los de que também eram meninos
e poderiam ser igualmente suspeitos se quisessem.

— Ei, Jaden. Parece que a festa começou, hein? — gritei por


cima da música estrondosa ao fundo. — Esta é minha melhor
amiga Addy e seu namorado Jett.

— E aí, galera? Sim, essa festa está o máximo. Eu me


candidatei à melhor casa do campus, o que posso dizer? E você
está gostosa pra caralho. — Seus olhos percorreram todo o meu
corpo e eu estremeci.

Não de um jeito bom.

Ele nem mesmo tentou esconder o fato de que estava


basicamente me deixando nua com seu olhar. Eu poderia
definitivamente dizer que ele estava bebendo, porque não foi tão
ousado quando conversamos na aula. Entramos na casa e
seguimos em direção à cozinha.

— Não gosto dele — Jett sussurrou perto do meu ouvido e


balancei a cabeça.

Addy apertou minha mão enquanto o seguíamos.

— Bebidas? — Ele entregou um copo vermelho Solo para Jett,


que o recusou.

— Não, obrigado.
— Você claramente não está em uma fraternidade, porque
ninguém toleraria essa merda — disse ele enquanto entregava um
copo de suco vermelho para mim e Addy.

— Definitivamente não pertenço a uma fraternidade, você está


correto. — Os olhos de Jett estavam duros e ele não parecia feliz
enquanto examinava nossos copos. Eu sabia que ele não estava
bebendo para que pudesse ficar de olho em Addy e em mim, pois
esta era a nossa primeira festa na faculdade. Claro, bebíamos um
pouco no colégio, mas definitivamente não estávamos mais em
Willow Springs. As coisas estavam mais altas, maiores e mais na
sua cara aqui.

— Bebam, senhoras — Jaden ronronou, tocando o fundo do


meu copo e tentando me fazer engolir. Antes que eu pudesse
impedi-lo, o copo foi arrancado da minha mão, derramando tudo
na frente da minha blusa e respingando em Jaden.

— Dê o fora daqui, calouro. Nem olhe para ela, porra, está me


ouvindo? — Gray sibilou, enquanto eu limpava a frente da minha
camisa. — Dê-me isso. — Ele pegou o copo da mão de Addy com
um pouco mais de delicadeza do que quando arrancou o copo das
minhas mãos.

— Desculpe, Gray. Não sabia que ela estava com você. — As


palavras de Jaden foram arrastadas enquanto dava um passo para
trás, limpando o ponche vermelho da frente de sua camiseta
branca, sem sucesso. Jett usou a mão para cobrir o sorriso, e Addy
e eu olhamos uma para a outra com descrença.

— Agora você sabe, porra. Vá pegar algumas cervejas do barril


e traga para mim — Gray disse, antes de caminhar até o balcão e
pegar algumas toalhas de papel e voltar em minha direção.
Ele começou a limpar o líquido do meu peito e meu queixo
caiu. Ele estava me limpando como se eu fosse uma criança. — Dê
isso para mim, seu grande palhaço. Você poderia ter feito uma
cena maior? O que você está fazendo?

— O que eu estou fazendo? Mantendo você segura, porra.


Nunca beba ponche da fraternidade. É muito forte. Beba uma
cerveja se precisar beber alguma coisa. E vou fazer uma cena de
merda sempre que quiser. — O olhar em seu rosto era de homem
das cavernas, então suavizou um pouco quando ele terminou seu
discurso. — De nada.

Jett soltou uma risada e os lábios de Addy se curvaram nos


cantos antes que eu a olhasse e ela se endireitasse. — Não acho
que você poderia fazer qualquer outra coisa para piorar as coisas.
Agora estou encharcada, todo mundo está olhando, e você
espantou o garoto com quem eu estava falando.

— É assim mesmo? — Ele cruzou os braços sobre o peito e os


músculos contraíram a camiseta branca. Eu tinha visto o peito de
Gray antes no lago, e era algo sobre o qual se poderia escrever
livros. Todo esculpido, bronzeado e musculoso. Quer dizer, se você
gostava desse tipo de coisa, eu não.

Eu definitivamente não gostava.

— É isso mesmo, seu grande idiota. — Deus, ele poderia me


irritar sem nem mesmo tentar. E por que ele tinha que parecer tão
bem quando estava fazendo isso? Seus olhos verdes dançavam
com brilhos de âmbar e ouro, e achei difícil desviar o olhar.

— Em primeiro lugar, aquele idiota de quem você está falando.


É um idiota.
— Ainda assim, ele conseguiu uma oferta para Sig Alpha, sua
fraternidade? — Levantei uma sobrancelha em desafio.

— Ele, com certeza, conseguiu. Esta casa está cheia de idiotas.


E atualmente estou cuidando desses filhos da puta, então confie
em mim quando digo que você não quer mexer com aquele cara.
Não vou permitir — disse ele, inclinando-se mais perto para que
sua respiração fizesse cócegas em minhas bochechas.

Ele é real?

Engasguei-me de forma dramática. Coco ficaria orgulhosa. —


Você não vai permitir isso? Você não acabou de dizer isso. — O
nervo. — Você está falando sério?

— Muito sério, G. — Ele saiu pela sala enquanto eu o seguia


com meus olhos. Ele conversou com um cara da banda e a música
parou.

O que diabos ele estava fazendo?

— Ouçam. Vocês veem essa garota aqui? — ele gritou, e todos


se viraram quando ele fez seu caminho até mim e espalmou o topo
da minha cabeça como um lunático. — Se vocês derem em cima
dessa garota, vou dar um soco na porra da sua cara. Estamos
entendidos?

As pessoas riram e acenaram com a cabeça, e a música


começou a tocar novamente. Jaden se aproximou, equilibrando
três copos vermelhos Solo enquanto a cerveja espirrava da borda.
Toda aquela confiança e arrogância se foram. — Aqui está, Pres.

— Não me chame assim, seu idiota. E fique longe dela. — Ele


ofereceu cerveja a Jett e Addy. Jett gostava de Gray e parecia muito
satisfeito com a cena ridícula que ele acabara de fazer. Meu sangue
ferveu quando peguei o copo de Jaden e forcei um sorriso. Ele
acenou com a cabeça antes de ir embora.

— Como você ousa falar em meu nome. Agora ninguém vai


falar comigo. — Eu fervi antes de tomar um grande gole da cerveja
quente e nojenta.

— Esse é o objetivo.

— Estou indo embora. Estou encharcada, você apenas me


envergonhou, já tive o suficiente. — Inclinei minha cabeça para
trás e bebi o líquido antes de empurrar o copo em seu peito. —
Obrigada por arruinar minha noite.

— Fico feliz em ajudar. — Ele sorriu.

Saí da festa com Addy e Jett nos meus calcanhares.

— Não seja muito dura com ele. Acho que ele está apenas
cuidando de você — disse Jett, enquanto voltávamos para os
dormitórios.

— Ele é ridículo. E irritante — bufei. E eu odiava o quão bom


ele parecia. Mesmo quando estava me humilhando, não conseguia
desviar meus olhos dele.

— Concordo com Jett. Gray tem boas intenções. Ele sempre


foi protetor com você. Ele simplesmente não faz isso da maneira
certa. — Addy riu e passou um braço em volta do meu ombro.

Eu não sabia se estava brava com a cena ridícula que ele


acabara de fazer, ou brava porque uma pequena parte de mim
gostou. Eu gostava de ter a atenção de Gray, e isso não fazia
sentido.

Porque ele me deixava louca.

Da pior maneira.
Capítulo Quatro

Gray

Idiota número um estava desmaiado no sofá com uma garota


seminua e eu empurrei seu ombro. — Hora de limpar, calouro.

Tive uma noite de merda cuidando de todos esses idiotas, e


mal dormi. Felizmente, nós sobrevivemos à noite sem sermos
pegos pelos policiais, ou qualquer drama desnecessário. Bem,
além do fato de que Gigi não estava falando comigo. Eu poderia
viver com isso. Especialmente vendo o cara que estava tentando
falar com ela na noite passada, fechar o zíper da calça jeans e ficar
de pé. Bastardo sujo. O pensamento de que ele estava perseguindo
Gigi fez todo tipo de coisas malucas comigo.

— Volte para a cama, baby — a garota sussurrou, pegando


sua mão. Uma camisinha usada estava na mesa de café ao lado
dele e amaldiçoei baixinho.

Dê descarga nessa merda no banheiro. Não o coloque na mesa


de centro onde todos vivemos. O que eu gostaria de salientar,
Jaden não morava na casa. Ele era um calouro de merda. Um
candidato.

Não o rei do castelo.


— Limpe essa merda. Não precisamos de seus preservativos
usados em nossa mesa. Tenha a porra da decência.

Ele deu uma risadinha. — Desculpe, Pres. Vida de garoto de


fraternidade, estou certo?

Revirei meus olhos. Esse nome ridículo estava me irritando e


ele era um monte de coisas, mas certo não era uma delas. Percorri
a casa me certificando de que todos estavam trabalhando e fazendo
sua parte. Meu telefone vibrou e o nome de Cade apareceu na tela.

— E aí, irmão? — falei, minha voz grave e cansada.

— Você parece uma merda. Noite difícil?

— Algo parecido. — Apontei para o chão, para um sutiã que


estava caído e um dos candidatos se apressou e o jogou no saco
de lixo.

— Acabei de falar com a Gigi. Ela foi à sua primeira festa da


fraternidade na faculdade — ele disse, e eu poderia dizer que ele
estava tentando esconder o humor em seu tom.

Passei a mão pelo cabelo. — Porra. Ela está chateada, não


está?

— Você tirou um copo da mão dela e disse a todos os caras da


festa para não falarem com ela? — Ele mal conseguiu pronunciar
as palavras através de sua risada.

— Malditamente correto. Esses idiotas estão latindo para a


porra da árvore errada — sibilei, apontando para a merda
enquanto alguns dos candidatos se amontoavam ao redor do
banheiro, com medo de entrar.
Eles não tinham nenhum problema em fazer a bagunça, mas
estavam hesitantes em limpar.

Sem folga no meu horário, meninos.

Já fui calouro uma vez e paguei minhas dívidas.

— Obrigado por cuidar dela. Você provavelmente poderia


diminuir um pouco. Queremos que ela se divirta um pouco — disse
ele, enquanto uma voz de menina o chamava ao fundo.

— Não posso. Diga oi para Camilla, seu babaca. Falo com você
mais tarde.

Ele estava rindo quando encerrei a ligação. Encontrei Ricky


Turlington, um dos caras para quem eu fiz uma oferta pessoal
porque ele era inteligente e menos idiota do que os outros,
limpando vômito no banheiro. Lutei contra minha risada.

— Tudo bem, outra pessoa pode limpar. Siga-me, Turlington.


— Ele estava ansioso para dar o fora daquele show de merda e
ficou atrás de mim na caminhada para a cozinha. Nossa
cozinheira, Francie, não ficou muito satisfeita ao descobrir que a
cozinha estava em um estado menos que perfeito esta manhã.

— Esta é a Francie. Certifique-se de sempre ser bom para ela


quando estiver aqui, entendeu? — perguntei antes de parar para
beijar a doce mulher mais velha na bochecha, ela chegou mais
cedo esta manhã enquanto eu estava tentando limpar a bagunça.

— Você tem sorte de eu te amar, Gray — ela resmungou


enquanto terminava de limpar os balcões.
Éramos mimados por essa mulher. Ela fornecia três refeições
quentes por dia e era uma ótima cozinheira. Não tão boa quanto
Katie Jacobs, mas muito melhor do que a cozinheira particular que
minha mãe tinha em sua casa. Francie mantinha duas geladeiras
que ficavam trancadas em nossa despensa enorme, e era onde ela
guardava os alimentos aos quais não tínhamos acesso quando ela
não estava aqui. Era a única maneira de manter os festeiros longe
de nossa comida. Ela saiu da despensa com uma bandeja e
colocou-a na minha frente e de Ricky antes de levantar a tampa
para nos mostrar uma pilha enorme de donuts.

— Peguem alguns antes que eu os coloque para os animais —


ela disse com uma risada.

Puxei uma cadeira e gesticulei para que Ricky fizesse o mesmo


enquanto nós dois pegávamos donuts. — Você saiu cedo ontem à
noite — eu disse.

Ele se mexeu na cadeira. — Está tudo bem? Não queria ficar


muito bêbado porque sabia que era esperado que voltasse aqui
esta manhã para limpar.

Ricky foi o primeiro a aparecer pronto para trabalhar hoje. Os


outros candidatos tinham desmaiado nos sofás ou no chão do
quarto de um dos irmãos, e ainda não conseguiam se reunir a
tempo quando passavam a noite sob este mesmo teto.

Percebi esse tipo de merda, porque por mais que eu sempre


tenha gostado de me divertir, eu queria muito trabalhar. Nunca fui
negligente, nem negligenciei minhas responsabilidades. Eu cresci
com um homem que fez isso e não queria seguir esse caminho.
Isso daria a Simon muito prazer.
O que posso dizer... sou mesquinho assim.

— Totalmente legal, cara. Relaxe. Eu sabia que você era uma


boa pessoa, por isso queria você aqui. Precisamos de irmãos com
uma boa cabeça sobre os ombros.

— Obrigado, Gray. Eu agradeço.

— Certo. Não deixe aqueles idiotas pressionarem você. Saiba


que eu estou te protegendo, então não aceite muita merda. Ok?

Ele deu uma mordida em seu donut e granulado caiu por toda
a mesa e nós dois rimos. — Entendi.

Nós conversamos por um tempo e fiz meu caminho para o meu


quarto para tomar um banho. Uma das vantagens de ser
presidente significava ter um banheiro privativo no meu quarto.
Depois de dois anos compartilhando aquela merda comum que
guardava memórias que eu prefiro não lembrar, eu estava feliz por
um pouco de privacidade.

Não que não houvesse bons momentos ali. Inferno, eu tinha


transado com algumas garotas naquelas baias. Eu não poderia
reclamar. Mas agora que parei de beber nas últimas semanas, não
parecia tão atraente. Estava imundo e cheirava a mijo e merda, e
certamente não era o lugar mais propício para transar.

Meu telefone tocou e o nome do meu pai apareceu na tela. Não


falava com ele há alguns dias, pois ele estava focado em sobreviver
aos primeiros trinta dias de seu programa de 90 dias na
reabilitação, então tentava estar disponível quando ele tinha tempo
para falar.
— Oi, pai. Como está indo? — perguntei, caindo para me
sentar na minha cama.

— Grey, que bom que você atendeu. Está tudo bem. Sinto que
estou pronto para dar o fora daqui e voltar à normalidade, sabe?

Este não foi meu primeiro rodeio quando se tratava de atender


a essas chamadas. Ele sempre vacilava durante as duas primeiras
semanas. Era como se o choque de seu último fundo do poço
começasse a se tornar menos terrível. Quando ele concordou em ir
para a reabilitação, ele ficou enojado de si mesmo e pronto para a
mudança.

Esse é o problema do vício. Não importava de onde você vinha


ou quão inteligente fosse, isso o puxava para o abismo horrível da
escuridão. Meu pai não era um cara mau. Ele era o cara mais
inteligente que eu conhecia, engraçado como o inferno e leal até o
fim, quando estava sóbrio. Infelizmente, ele ficava chapado na
maioria das vezes e se perdia em todo o entorpecimento.
Provavelmente poderia odiar o homem se tivesse acontecido de
forma diferente. Meu pai não era o cara que gostava de festa e não
conseguia se reunir. Não, tinha acontecido da pior maneira. Ele
sofreu um acidente de carro quando eu tinha cinco anos, e a
médica prescreveu oxy4. E isso foi tudo que ela escreveu. Ele foi
demitido da empresa um ano depois, e mamãe o deixou em
seguida.

Ele deu um novo nome aos destroços de trem.

4
Oxicodona é um opioide indicado para o tratamento de dores moderadas a severas, quando é necessária a
administração contínua de um analgésico, 24 horas por dia, por período de tempo prolongado.
Era um trem-bala de alta velocidade que descarrilou em tempo
recorde.

Meus avós moravam em Willow Springs e eu os via com


frequência quando estava em casa. A dor nos olhos da minha avó
foi o suficiente para deixar papai sóbrio e mandá-lo para a clínica
de reabilitação em Dallas, uma vez que ele perdeu todo o dinheiro
que prometeu pagar de volta.

Não foi a primeira vez e provavelmente não seria a última.

Eu acreditava na redenção, mas meu pai me ensinou a ser


realista depois de tantas vezes, e coloquei muita esperança de que
ele se recuperasse.

— Sim. Mas, lembre-se, os resultados funcionam melhor


quando você segue os noventa dias inteiros, certo? E o vovô tirou
esse dinheiro da aposentadoria dele para dar a você a chance de
ficar limpo. Isso por si só deve ser motivação suficiente para levar
o programa até o fim.

— Eu ouço você, filho. Mas eu coloquei algum dinheiro nos


cavalos antes de vir aqui, e acertei. Ganhei alguns milhares de
dólares e estou pronto para sair e fazer meu dinheiro trabalhar
para mim. Voltar ao jogo. Talvez falar com Larry na empresa sobre
como voltar.

Ele estava falando besteira. Meu pai foi expulso e escoltado


para fora da propriedade depois de ser pego roubando de seus
parceiros. Eu não sabia de todos os detalhes sangrentos porque
era jovem na época, mas ouvi a conversa pela cidade e sabia que
ele tinha fodido tanto que não voltaria mais. Mas isso não
significava que ele não poderia organizar sua vida e fazer outra
coisa.

— Tudo bem. Bem, esse dinheiro pode ser usado para você se
erguer quando sair. Ou você poderia começar a pagar a vovó e o
vovô, certo? — Passei a mão pelo cabelo. Como você diz a um
viciado que apostar dinheiro em um cavalo era exatamente o
motivo pelo qual ele precisava permanecer no programa e ir até o
fim?

— Seu moleque de merda. Você está brincando comigo com


essa merda? Eu não deveria ter ligado para você, Gray. Você é um
idiota julgador como sua mãe.

E olá, desintoxicação. Bem-vinda de volta.

— Suponho que sim, pai. Mas a diferença é que ainda estou


aqui. Ficando ao seu lado e te apoiando em todas as suas
besteiras.

Havia dias que era demais, e eu estava cansado de torcer por


ele apenas para ficar desapontado. Mas aquele vislumbre de
esperança, aquele um por cento de chance de que desta vez
pudesse durar, bem, foi o suficiente para me manter aqui.

Manter-me esperando e acreditando que ele podia melhorar.

Ele ficou em silêncio do outro lado da linha. — Porra. Sinto


muito, garoto. É uma merda agora.

Eu odiava quando ele me chamava de garoto. Como se


fôssemos estranhos e não pai e filho. Era sua palavra de despedida
quando estava se afastando, então era um gatilho para mim.
— Pai. — Eu pausei, dando a ele um minuto para processar a
palavra. Era um pequeno truque que aprendi com um amigo em
uma de minhas primeiras reuniões do AA. Eu não estaria acima
da culpa ou chantagem emocional se isso ajudasse meu pai a
encontrar seu caminho. — Eu sei como isso é difícil. Eu parei de
beber nas últimas semanas, porque percebi que estava me
entorpecendo um pouco.

— Não vá por esse caminho, Gray. Eu sei que aquele seu


padrasto idiota é difícil de lidar, mas não deixe ele te empurrar
para a toca do coelho. É isso que ele quer.

Essa foi a primeira coisa inteligente que meu pai disse em duas
semanas. Ele estava lá.

Em algum lugar.

Por trás de todas as mentiras e vergonha.

Razão pela qual eu estava segurando tanto a esperança.

Mas ele estava certo sobre Simon. E eu dei a ele bastante


munição contra mim. Eu festejei durante o ensino médio e os
primeiros anos de faculdade porque foi isso que ele disse que eu
faria, e se eu estivesse sendo completamente honesto e assumindo
alguma responsabilidade, não era tudo culpa de Simon. Beber
também havia se tornado uma fuga para mim. E sendo filho de um
viciado, deveria ter reconhecido isso em vez de pular a bordo e
brincar com fogo.

Eu tinha tendências como meu pai e era inteligente o


suficiente para reconhecer que podiam me puxar para baixo.
Então, sim, recuar porque eu era o responsável por esta
fraternidade foi uma boa jogada para mim. E ficar sóbrio por
quatorze dias consecutivos me permitiu ver as coisas com um
pouco mais de clareza. Em primeiro lugar, o fato de que eu não
passava catorze dias sem beber havia alguns anos era uma grande
bandeira vermelha. Era fácil ignorar os sinais quando você estava
constantemente bêbado.

Eu estava pisando em águas perigosas.

E não estava orgulhoso disso.

Estava grato por não estar tendo nenhuma abstinência física


da bebida. E estava grato por nunca ter sido tentado por nada mais
forte quando estava bêbado. Sempre fiquei longe de drogas e
pílulas porque isso que acabou destruindo a vida de papai. Mas a
bebida era um canal para esse estilo de vida e era hora de me
controlar na porta.

— Eu te escuto. E estou feliz por este chamado de despertar.


Acho que é fácil se perder nessa fuga, sabe? Achei que estava
apenas me divertindo, mas não tenho mais tanta certeza.

— Bem, você é meu filho, então tome cuidado. Lamento que


eu seja a razão pela qual você deseja escapar da vida. Isso é por
minha culpa.

— Não é isso, pai. Todo mundo tem sua merda, certo? Estou
apenas aprendendo que pode ser melhor apenas lidar com isso e
não fugir.

— Você é uma criança esperta, Grey. Ainda não descobri essa


merda. Estou correndo há tanto tempo que não sei mais como
viver.
— Sim, você sabe. Apenas confie no processo. Faça um dia de
cada vez, ok?

— Tudo bem. Posso fazer isso.

— Claro que você pode. Acredito em você, pai.

— Precisava ouvir isso hoje. Amo você, Grey.

— Amo você também. Ligue-me se precisar de mim — falei.

— Eu irei. — Ele encerrou a ligação e eu fiz uma chamada


rápida para Toby, seu conselheiro na instalação. Toby disse que
tudo o que meu pai falou era normal e esperado. Tínhamos ligações
semanais, então ele estava me mantendo informado sobre o
progresso de papai. Depois que desligamos, fui até o banheiro para
tomar banho.

Deixei a água quente cair nas minhas costas. Gostava de ter a


cabeça limpa. Sempre fui capaz de manter boas notas enquanto
festejava pra caralho como se eu fosse algum tipo de estrela do
rock. Mas ter a cabeça limpa era diferente. E não me importava
nem um pouco.

Mas eu precisava de algo bom para me concentrar e a primeira


coisa que me veio à cabeça foi Gigi. Ainda podia vê-la saindo da
casa furiosa e cheia de fogo. Eu amei isso pra caralho. Amava
irritá-la e deixá-la toda agitada. Não estava certo, mas nunca
afirmei ser um seguidor de regras. Amei a maneira como sua
língua mergulhou para molhar seus lábios depois que ela assobiou
para mim. A forma como sua bunda balançava enquanto saía da
casa.
Abaixei-me e agarrei meu pau, deslizando minha mão para
cima e para baixo no meu eixo.

Fechei os olhos e deixei minha mente me levar para onde


queria.

Os pensamentos de Gigi Jacobs encheram minha cabeça.

Cabelo loiro, olhos cor de safira e um corpinho firme.

O pensamento de seus lábios macios me fez ficar ainda mais


duro.

Que porra é essa?

Isso era pior do que beber. Os pensamentos mais proibidos


que eu poderia ter, e estavam acontecendo com mais frequência
ultimamente. Mas eu não poderia impedi-los, mesmo que quisesse.

E eu não queria.

Estive me torturando por muito tempo.

A fantasia estava bem. Seria meu segredinho e eu nunca


agiria.

Bombeei mais forte enquanto pensava em seus seios


empinados. Como ela cheirava a pêssegos e imaginei que ela teria
um gosto muito doce.

Gemi quando o melhor orgasmo da minha vida rasgou meu


corpo.

Santo Deus.
Gigi era diferente. Especial. Eu não poderia brincar com ela.
Ela merecia muito mais.

Sem mencionar que ela era a irmã mais nova de Cade.

Mas esta não foi minha primeira vez fantasiando com essa
garota.

E com certeza não seria a última.


Capítulo Cinco

Gigi

Bailey e sua colega de quarto Sadie se convidaram para entrar


em nosso quarto, literalmente empurraram a porta de lado e
entraram, e Addy me olhou várias vezes, deixando-me saber que
ela estava tão irritada quanto eu. Quer dizer, quem faz isso?

— Aquela garota Ophelia no corredor me disse que ela é


virgem. — A cabeça de Bailey caiu para trás de tanto rir. — Quão
patético é isso? O que ela está esperando?

— Talvez ela queira esperar pelo cara certo. Duvido que ela
fique muito feliz por você contar às pessoas o que ela compartilhou.
— Sadie franziu a testa, e eu poderia dizer que ela estava
desconfortável com sua colega de quarto. Esta foi a primeira vez
que eu realmente a ouvi enfrentar Bailey.

— Concordo. Não há vergonha em esperar — disse Addy.

— Você está me dizendo que não pulou em cima do


quarterback quente? — Bailey jogou o cabelo por cima do ombro e
estudou Addy.

— Não é algo que eu realmente fale com pessoas que não


conheço bem. — O rosto de Addy endureceu. Isso foi o mais duro
que ela conseguiu, e eu estava grata por ela ter colocado a garota
irritante em seu lugar.

— Bem, você não é divertida. E você, Gigi? Sei que todos vocês
vieram daquela cidadezinha minúscula, mas sabem o que dizem
sobre as garotas de cidades pequenas — disse Bailey, e forçou uma
risada falsa.

— Não sei o que dizem, nem me importo. — Eu me levantei.


Estava superando essa conversa. Nós nem éramos amigas dessa
garota.

Houve uma batida na porta e fiquei emocionada com o


adiamento. Gray estava do outro lado, e eu nunca fiquei tão feliz
em vê-lo, porque isso significava que Bailey teria que ir embora.

— Ei, entre — falei, e ele se assustou. Provavelmente esperava


que eu perguntasse por que ele estava aqui ou rosnasse para ele
como normalmente fazia. Passaram-se alguns dias desde que fui
àquela festa e ele agiu como um idiota. Ele fazia check-in todos os
dias ligando e enviando mensagens de texto, mas fiquei longe da
casa da fraternidade desde então.

— Oh, oooohhhh. — disse Bailey, olhando-o tão abertamente


que Addy e eu rimos. — Como você conhece Gray?

— Como você conhece Gray? — ele latiu antes de cruzar os


braços sobre o peito. O menino estava mal-humorado e taciturno
ultimamente.

— Eu vi você por aí. — Bailey agitou os cílios para ele e eu


revirei os olhos. Sadie sorriu nervosamente, como se sua mera
presença fosse demais para ela.
Gray era lindo de se olhar. Nenhuma dúvida sobre isso. Ele
era alto, com ombros largos e seu cabelo era sexy daquele jeito que
dizia ‘eu não dou a mínima’. E esses olhos verdes hipnotizantes
fizeram a maioria das garotas cair a seus pés.

Para minha sorte, não olhava para ele dessa forma.

Ou pelo menos eu não me permitia.

— Tudo bem. Elas estão indo embora? Porque eu preciso falar


com você. — Ele voltou sua atenção para mim. Ele estava nervoso.
Eu conhecia esse menino minha vida inteira e podia dizer que algo
estava acontecendo.

— Acho que o que dizem sobre as garotas de cidade pequena


é verdade, hein, Gigi? — Bailey brincou, e eu queria dar um chute
nela.

— Novamente, eu não tenho ideia do que você está falando.


Vejo você mais tarde, Sadie — eu disse, segurando a porta aberta
para elas, já que eu não tinha me movido desde o furacão Gray.

— Tchau, Gigi. Tchau, Addy. — Sadie sorriu, e eu decidi ali


mesmo estender mais a mão para ela. Ser colega de quarto da
Bailey deve ser o pior.

Addy e eu nos despedimos e eu fechei a porta.

— Quem diabos era aquela? Inferno, eu pensei que ela estava


prestes a subir em mim como uma maldita árvore — Gray sibilou
antes de se sentar na minha cama.

— Sinta-se em casa, por que não? — Revirei os olhos enquanto


Addy pegava sua mochila.
— Você está certo sobre ela, Gray. Ela é a pior. Ok, estou indo
para a casa de Jett. Vocês se divirtam. Vou mandar uma
mensagem se eu passar a noite lá, ok? — Addy disse, puxando-me
para um abraço.

— Ok. Divirta-se.

— Até mais, Addy. Diga a Jett que estou ansioso pelo jogo de
sábado. — Gray tirou os sapatos.

Addy fechou a porta atrás dela, e me movi para ficar perto do


menino grande esparramado em meu edredom. — O que você está
fazendo aqui?

— Aí está ela. Achei que você estava um pouco mais amigável


do que o normal quando cheguei. — Ele riu.

— Bem, eu queria que ela fosse embora. Seu timing foi


impecável pela primeira vez... na vida.

— É assim que funciono, G. Só vim te verificar e conversar com


você sobre aquele idiota, Jaden. Na verdade, ele acabou de vir ao
meu quarto para me pedir permissão para te convidar para sair,
como se eu fosse seu fodido guardião. Quem faz isso? Ele é um
idiota.

— Suponho que seria alguém que você ameaçou quando ele


falou comigo na festa. Claro que ele está perguntando agora. Você
disse a ele para ficar longe de mim e você é o presidente da
fraternidade que ele se inscreveu. Agora você o fez sentir que
precisava pedir sua permissão, seu faminto por poder, arrogante...
— Fiz uma pausa porque não conseguia pensar em palavras
descritivas suficientes para ele no momento. — Estúpido,
narcisista, burro pomposo.

Nada mal por um momento.

Ele se sentou e um largo sorriso se espalhou por seu rosto, e


meu estômago embrulhou. — Oh, narcisista é bom. Essa é nova.
Estou orgulhoso de você, garota.

— Cale-se. O que você disse para ele?

— Eu disse não a ele. Disse que chutaria a bunda dele para o


meio-fio se ele apenas olhasse para você. — Ele colocou as mãos
para cima quando eu engasguei. — Estou brincando. Eu disse que
pensaria nisso. É por isso que estou aqui.

— Para perguntar se eu gosto dele?

— De jeito nenhum. Claro, você não gosta dele. É um idiota.


Ele acordou com outra garota no sofá na manhã seguinte à festa.
Ele não é alguém com quem você quer mexer. Mas eu queria te
dizer isso para que você pudesse chutar a bunda dele para o meio-
fio.

— Então você veio até os dormitórios, em vez de me ligar,


apenas para me dizer para recusá-lo? E por que você se importa
se ele estava com outra garota? Nós não estamos namorando. Já
conversamos na aula algumas vezes, só isso. E você não deve ser
tão julgador, já que provavelmente acordou com uma garota
qualquer em sua cama também. Casas de vidro, Gray Baldwin.

Ele deu uma risadinha. — Eu não. Meu pau está em algum


tipo de hiato. E quando se trata de você, julgarei o dia todo. Ele
não é bom o suficiente, e isso é tudo que você precisa saber.
— Por favor, não fale comigo sobre o seu pênis. É mais do que
eu posso suportar agora — falei, nervosamente andando pela sala.

Acabou de ficar quente aqui?

Talvez fosse minha ‘virgem’ ficando nervosa só de pensar no,


er, pacote de Gray.

Ele riu. — Meu Deus, G. Não chame isso de pênis. Isso é


ofensivo. Os meninos têm pênis. Eu sou um homem. Eu tenho um
pau ou um cacete. E é realmente bom, se posso falar por mim.

—MUITA INFORMAÇÃO — gritei, cobrindo os ouvidos com as


mãos. Eu não queria pensar sobre Gray e seus deslumbrantes...
bens. Tenho certeza de que era uma máquina de amor
superpoderosa. Mas isso não significa que eu queria falar sobre
isso. Ou pensar nisso.

Eu não fiz.

Não deveria.

Não iria.

— Se acalme um pouco. Não há problema em ficar agitada. A


maioria das mulheres fica. Sem vergonha nesse jogo. — Ele caiu
de costas para se deitar.

— O que você tem? Você está estranho. Sua mãe está bem? As
meninas? — perguntei, de repente preocupada porque Gray não
era ele mesmo. Percebi no minuto em que ele entrou pela porta
antes de se distrair com seu pacote gigante somente para membros.

Oh. Meu. Deus.


O que estava acontecendo?

Tire sua cabeça da sarjeta.

— Não. Elas estão bem. Só uma merda com meu pai. — Ele
empurrou de volta para se sentar quando seu telefone vibrou em
seu bolso.

Ele se abaixou para pegar e ler a tela, praguejando baixinho.

Mudei-me para me sentar ao lado dele. — Seu pai está bem?

Eu sabia que seu pai lutava contra o álcool e as drogas, mas


ele nunca falava sobre isso. Cade me disse que Gray teve
dificuldade em lidar com tudo isso.

— Na verdade. Eu não sei, porra, G. Ser um escravo do vício


não é maneira de viver sua vida. E é uma batalha que ele está
perdendo. Você conhece Wren, certo?

— Wren Staub? Da nossa cidade? — perguntei.

— Sim. Era ele, deixando-me saber que soube que meu pai
saiu da reabilitação mais cedo. Eles eram amigos naquela época.
E quando falei pela última vez com meu pai, ele estava ficando
impaciente. Eu deveria saber que ele iria cair fora.

Meu peito apertou com suas palavras. Nunca tinha visto esse
lado vulnerável de Gray. Ele sempre pareceu tão no topo do
mundo. Mas ter um pai lutando contra o vício não poderia ser fácil.
A culpa me engolfou por nunca ter parado para pensar sobre como
isso provavelmente era para ele. Minha irritação com esse garoto
geralmente me mantinha muito distraída.
— Sinto muito. Você sabe onde ele está? Pode ligar para ele?

— Eu tentei algumas vezes, é por isso que procurei Wren. —


Ele encolheu os ombros. — Tudo bem. Estou indo embora. Não
vim aqui para sobrecarregar você com minhas merdas. Apenas
tome cuidado com Jaden, ok?

Ele veio até aqui para me avisar sobre um garoto de quem eu


nem gostava muito. Eu só queria que Gray pensasse que sim,
porque eu sabia que isso o irritava. Mas eu não me importava com
nada disso agora. Ele estava sofrendo e eu podia sentir em cada
osso do meu corpo.

— Espera. O que você está fazendo agora?

Ele fez uma pausa enquanto pegava os sapatos, seu sorriso


era forçado. — Provavelmente apenas vou explodir algumas bolas
em casa.

— Por que você não fica e assiste a um filme comigo? Vou até
deixar você escolher. Vamos. Estou entediada. Addy se foi. Será
uma boa distração para nós dois.

Sua língua deslizou para umedecer seu lábio inferior


rechonchudo, e eu apertei minhas coxas juntas por instinto.

Santa Mãe de Deus, isso não é bom.

— Você quer assistir um filme comigo, G? — Sua voz era rouca


e sexy, e todo o ar deixou meus pulmões.

— Só pensei que talvez, não sei — atrapalhei-me com minhas


palavras.
— Eu só estou te enchendo. Sim. Vamos assistir a um filme.
Assim posso ter certeza de que Jaden ficará longe de você, certo?
— Ele riu, voltando a se sentar na cama ao meu lado. Seu peso me
fez saltar e tombar sobre ele. Suas mãos envolveram minha cintura
e ele me empurrou de volta, e minha pele aqueceu
instantaneamente. Calafrios percorreram meus braços e lutei para
recuperar a compostura.

Ele manteve as mãos lá por mais tempo do que o necessário


antes de se afastar, e eu finalmente limpei minha garganta para
que pudesse falar. — Ok, o que devemos assistir?

Peguei meu laptop e me afastei para ficar pressionada contra


a parede. Ele fez o mesmo e eu coloquei meu computador no meu
colo.

— Sua escolha. Não me importo — disse ele.

— Tem certeza disso? Você sabe que sou um grande fã de


filmes femininos. Última chance de escolher — falo, minha voz toda
provocadora.

— Surpreenda-me. — Ele cruzou as mãos e as colocou atrás


da cabeça, esticando seu grande corpo ao meu lado enquanto
nossas pernas pendiam para fora da cama. Não havia realmente
nenhum outro lugar para assistir a um filme em um dormitório.
Mas de repente parecia muito íntimo.

Eu escolhi “Sweet Home Alabama”. Era um dos meus favoritos


e achei que ele gostaria porque Cade gostou. O filme começou e
tentei relaxar.
Mas me sentar tão perto de Gray estava fazendo todo tipo de
coisas malucas comigo.

O cheiro de hortelã e sândalo invadiu meus sentidos.

Esta não era a primeira vez que sentia coisas sobre Gray. E
odiava isso. Nós crescemos juntos e ele sempre agiu como um
irmão mais velho, mas em algum momento nos últimos anos, as
coisas mudaram. Olhava para ele de forma diferente, e não estava
orgulhosa disso.

Este era Gray.

O melhor amigo do meu irmão.

Ele era sexy e lindo e roubava o ar dos meus pulmões na


maioria dos dias.

Eu sabia que ele não me olhava assim. Mas quando estava


perto dele, ou sozinha com ele, sentia todo tipo de coisa. Meu
cérebro estava tentando de tudo para não olhar para ele. Sua
grande mão descansou ao lado da minha.

Minhas costas permaneceram eretas como uma vareta e fiquei


olhando para a tela por duas horas.

Cruzar a linha com Gray Baldwin não era uma opção.

Era uma impossibilidade total.


Estávamos todos saindo. Jett liderou a equipe à vitória em
campo, e foi um dia divertido no campus. O futebol universitário
tinha uma maneira de aproximar todos. Eu topei com Gray no jogo.
Eu não o via desde a noite em que assistimos a um filme juntos.
Ele partiu logo depois. Quando conversei com meu irmão no dia
seguinte, não mencionei isso. Nada tinha acontecido e não
significava nada, mas por algum motivo, senti como se Gray tivesse
se aberto sobre seu pai, e eu tinha a sensação de que ele não fazia
isso com frequência. Ou com muitas pessoas. E não era minha
história para contar.

Eu o checava todos os dias desde então, e tínhamos mandado


mensagens algumas vezes. Acho que de uma maneira estranha
estávamos nos tornando amigos. Sempre fomos uma família, mas
ele estava me mostrando lados que eu não sabia que existiam. Ele
ainda não tinha ouvido falar de seu pai, e eu sabia que isso estava
pesando muito para ele.

Íamos a uma festa em sua casa esta noite e eu já tinha falado


com ele sobre ficar fora do meu negócio. Eu estava na faculdade e
queria me divertir. As palavras de Bailey ficaram comigo, ela rindo
sobre Ophelia ser virgem. Não fazia sentido. Bailey não era alguém
que eu respeitasse, e sua opinião não importava para mim, mas o
que ela disse ainda me fez pensar quando minha vida iria começar.
Quando eu encontrasse alguém com quem eu gostaria de dar esse
passo. Eu me perguntei se eu era o problema? Eu era inacessível?
Muito fechada? Sempre fui um pouco mais tímida com pessoas
que não conhecia, mas me considerava uma pessoa amigável.

— Então, Sadie, Bailey, Ophelia e algumas outras garotas do


nosso andar vão caminhando para a casa Sig Alpha conosco. Jett
está vindo agora e está trazendo alguns de seus companheiros de
equipe. — disse Addy, franzindo as sobrancelhas.
Eu ri. — Ok. Estou aberta a isso. Jaden está enviando
mensagens de texto dizendo que está ansioso para me ver esta
noite, mas depois do que Gray me disse, eu não tenho grandes
esperanças sobre ele.

— Gray com certeza é protetor com você, certo? Estou dizendo,


ele gosta de você mais do que um amigo — Addy falou, puxando
algumas roupas e colocando-as em sua cama. Todas as Magic
Willows pensavam que havia algo entre mim e Gray, e elas sempre
me provocavam sobre isso.

— Hum, isso é um não. Ele é um jogador total. Definitivamente


não sou o tipo dele. Ele se sente protetor porque é muito próximo
da minha família. — Procurei no meu armário, empurrando cabide
após cabide para o lado. Adorava minhas roupas, mas elas
gritavam country chic. Eu queria canalizar minha Coco interior
esta noite.

Meu telefone vibrou na minha cama e eu ri quando olhei para


a tela para ver a chamada recebida no FaceTime.

Seu timing sempre foi estranho.

— Ei, Co. O que houve? — Segurei o telefone na minha frente


para que pudesse ver seu rosto.

Addy correu atrás de mim e acenou. — Ei, garota. Que


saudade de você. Vamos nos encontrar em casa no próximo fim de
semana, certo?

Todas as cincos tínhamos combinado de nos encontrar em


Willow Springs no próximo fim de semana, e eu mal podia esperar
para ver minhas garotas.
— Sim. Mal posso esperar. Então, achei que você precisava de
ajuda para escolher sua roupa, Gigi. Tenho mandado mensagens
para Addy e ela tem algumas opções para você em sua cama. —
Coco sentou-se à escrivaninha e aplicou brilho labial.

— Essas são para mim? Achei que eram para você. O que há
de errado com minhas roupas? — perguntei, movendo-me para a
cama de Addy para ver minhas escolhas.

— É uma festa de fraternidade, não um churrasco de igreja. E


certamente não é como se Addy tivesse as roupas mais sexy
também, mas ela tem alguns trajes bonitos e jeans sexy. Você pode
arrasar com esse visual.

Peguei o body vermelho que ficava bem fundo nas costas. —


Não posso usar sutiã com este.

— Exatamente. Você não precisa de um. Não é decotado e você


não tem muito peito, e o que você tem é muito empinado — disse
Coco através de sua risada.

— É triste que você conheça meus seios melhor do que


qualquer garoto?

— Está bem. Mas é hora de mudar isso. Você não está mais
em Willow Springs, onde conhece todo mundo durante toda a sua
vida. É por isso que você está recebendo tanta atenção na
faculdade, porque você é incrivelmente linda e todo mundo está
prestando atenção. Então, pegue sua merda esta noite. Faça-os
implorar por isso.
— Caramba, Co. Ela não está procurando um lance alto, ela
só quer flertar com um cara bonito. — Addy caiu de costas na cama
rindo.

— Mesma coisa. Eu vou esperar. Experimente esse body


vermelho com aqueles jeans skinny escuros apertados. Você tem
umas botas de salto pretas lindas, certo?

Entreguei o telefone para Addy e segurei um par de botinhas


e as duas me deram um sinal de positivo. Vesti o body e puxei o
jeans sobre meus quadris e bunda, respirando fundo para levantar
o zíper. Inclinei-me e coloquei as botas e depois me virei para Addy.
Ela ergueu o telefone para Coco, que assobiou e aplaudiu.

— Santa gostosura, garota. Prepare-se para ter todos os olhos


em você esta noite.

Eu me movi em direção ao espelho de corpo inteiro que estava


pendurado na parte de trás da nossa porta para me examinar.
Uau. Era um visual diferente, com certeza. Eu costumava me vestir
de um jeito boêmio, com vestidos soltos e esvoaçantes e tops com
minhas botinhas de tornozelo. Mas Coco estava certa. Esta era
uma festa da fraternidade. Eu estava na faculdade agora. Era hora
de começar a agir como tal.

Virei-me para verificar minha bunda no espelho e os


pensamentos de Gray inundaram minha mente. Ele teria um
ataque quando me visse com isso.

E por alguma razão, um grande sorriso se espalhou pelo meu


rosto.
Irritar Gray Baldwin estava rapidamente se tornando meu
passatempo favorito.
Capítulo Seis

Gray

A casa estava explodindo, eu me encostei na parede e bebi


minha água Perrier em um copo vermelho Solo. Eu era careta
assim e não precisava que ninguém me incomodasse por não
beber. Eu precisava ter certeza de que essa festa permaneceria sob
controle e eu estaria de plantão se Wren encontrasse meu pai.
Precisava estar pronto para pular no carro e ir para Willow Springs
para arrastar sua bunda de volta para a reabilitação, se
necessário.

Então, seria outra festa sóbria.

— Vocês dão as melhores festas malditas, Grey — Lila disse


enquanto beijava seu caminho pelo meu pescoço. Suas mãos se
moveram por baixo da minha camiseta e subiram pelo meu peito.

Continuei olhando para a festa enquanto seus lábios se


moviam para o meu rosto e cobriam minha boca. A garota era
algum tipo de deusa do sexo e nós brigamos com isso algumas
vezes ao longo dos anos, mas já fazia um tempo. Não tínhamos
muito em comum fora do físico, mas agora esse era o único tipo de
fuga que me permitiria. Eu não tinha ficado com ninguém desde
que voltei para a faculdade, porque estive de péssimo humor nas
últimas três semanas.
Entre a pressão de ser presidente, ficar de olho em Gigi, minha
carga horária e me preocupar com meu pai, eu não tinha me
divertido muito ultimamente. Meus dedos se enredaram em seu
cabelo enquanto a beijava. Ela tinha gosto de cerejas como sempre.
A garota devia usar algum tipo de pasta de dente sexy ou algo
parecido para ter uma boca com gosto de cobertura de um sorvete.

Tentei me perder nela, mas não conseguia chegar lá. Puxei-me


de sua boca e a segurei em um abraço. Eu não queria ser um idiota
total, mas não estava com humor para Lila no momento. —
Desculpe. Preciso ficar de olho na festa, então me dê um pouco de
espaço, ok?

Ela olhou para mim. Grandes olhos castanhos, lábios


vermelhos e uma boca implorando para ser fodida.

Jesus.

E, no entanto, nada estava acontecendo no sul, o que era


estranho. Inferno, eu estava duro desde o jogo de futebol o tempo
todo que conversei com Gigi. A irmã mais nova do meu melhor
amigo.

Quão fodido era isso?

Tive que voltar para casa e cuidar dos negócios no chuveiro


pela centésima vez esta semana. Esfreguei tantas vezes que pensei
que meu pau iria cair. Mas ainda não tinha acontecido. Eu decidi
que não havia mal em fantasiar com Gigi, contanto que eu nunca
agisse sobre isso.
Mas agora eu estava pensando nela enquanto uma garota sexy
pra caralho se esfregava contra o meu lixo, e eu só queria ir
embora.

Isso não era bom.

Talvez eu pudesse tirá-la do meu sistema transando com Lila


esta noite. Essa era uma ideia.

— Não me faça esperar muito tempo. Senti sua falta, Gray.


Somos tão bons juntos — ela disse, enquanto seus lábios
vermelhos vieram para encontrar os meus e sua mão roçou meu
pau. Ele não estava com humor para Lila, aparentemente.

Um grupo de pessoas entrou pela porta da frente e meus olhos


pousaram em Gigi Baldwin, cercada por Addy, Jett e alguns caras
que reconheci do time de futebol. Enquanto ela se movia no meio
da multidão e eu a vi melhor, empurrei Lila para longe e segui em
frente.

De jeito nenhum.

Ela usava um top vermelho colante e jeans que se ajustavam


ao seu corpinho apertado como uma segunda pele.

Meu pau saltou em atenção enquanto eu empurrava a


multidão entre nós.

Ela estava rindo e conversando, e peguei Jaden pela minha


periferia se movendo em direção a ela. Suas ondas loiras desciam
por suas costas, que acabei de notar que estava completamente
nua, e ela parecia sexy pra caralho.
— Gray, há uma luta na frente — disse Ricky, pegando meu
braço antes que eu pudesse chegar até Gigi.

Porra.

— Vamos — falei, dirigindo-me para a porta da frente. Os


policiais estavam procurando um motivo para nos fechar. Eu não
ia dar a eles mais motivos do que o necessário.

Dois idiotas bêbados estavam gritando e se empurrando.


Nenhum golpe foi dado, tanto quanto eu poderia dizer.

— Ei, idiotas. Entrem e divirtam-se ou deem o fora daqui. Não


precisamos dos policiais aqui. Entenderam?

Eles deram de ombros e riram. Os caras eram tão estranhos


às vezes. Eles estavam prontos para brigar há dois minutos e agora
pareciam que iam se abraçar.

— Foda-se. Vamos tomar uma cerveja — um babaca falou para


o outro.

— Bem, isso foi fácil — disse Ricky, e nós dois rimos.

Voltei para dentro e encontrei Gigi imediatamente. Ela estava


de pé contra a parede agora, com Jaden envolvido em seus
negócios. Fiquei para trás. Queria ver como ela lidaria com ele. Eu
já a tinha avisado sobre ele. O que eu faria, arrancaria a bunda
dele aqui?

Não era uma má ideia, mas eu precisava saber que Gigi podia
cuidar de si mesma.

Eu nem sempre estaria por perto.


Inferno, eu deveria estar no meu quarto transando com Lila,
que atualmente estava lambendo os lábios e olhando para mim do
outro lado da sala.

No entanto, meu olhar continuou voltando para a irmã mais


nova do meu melhor amigo. Jaden se inclinou e sussurrou algo em
seu ouvido, e ela sorriu. Meu peito apertou. Ela estava caindo
nessa merda? Inferno, eu era o rei desse jogo. Sabia como era. Mas
Gigi era boa demais para essa merda.

Ela colocou as mãos no peito dele e o empurrou um pouco


antes de balançar a cabeça e dar o que eu só poderia assumir que
era um olhar de desculpas. Meu idiota interior aplaudiu.

Ela fechou essa merda com a graça de um anjo do caralho.

Ele abaixou a cabeça e se afastou, e não pude deixar de sorrir.

Até mais, idiota.

Ela olhou para cima e seu olhar azul safira travou com o meu.
Ela inclinou a cabeça para o lado e sorriu, e juro por Deus, meu
peito apertou. Meu coração disparou. Um coração que nem sabia
que ainda sabia bater com a atenção de uma garota. Mas estava
ameaçando pular do meu peito.

Meu olhar a esquadrinhou e parou em seus malditos mamilos


que agora estavam duros o suficiente para cortar vidro.

Eu me movi em direção a ela, peguei sua mão e a conduzi


através da multidão. Não perdi todos os olhos nos seguindo. Corri
para o meu quarto e puxei-a para dentro, antes de fechar a porta.

— Que porra você está vestindo? — assobiei.


Ela piscou algumas vezes como se estivesse atordoada com a
minha explosão.

Aperte o cinto, garota. Estou apenas começando.

— Desculpe? — Ela cruzou os braços sobre o peito e olhou feio.

— Seus malditos mamilos estavam olhando para mim do outro


lado da sala. — Corri furiosamente para o meu armário e tirei meu
casaco preto enorme com capuz. — Coloque.

— Você está literalmente louco. — Ela empurrou minha mão.


— Não estou usando esse moletom ridículo porque você não
consegue parar de olhar para o meu peito.

— Com certeza, G. E ninguém mais pode aqui. Eu vi aquele


idiota do Jaden falando com você e tenho certeza de que ele estava
olhando para a mesma coisa.

Ela balançou a cabeça e sua língua apareceu para molhar seus


lábios carnudos, e quase gozei ali mesmo. Jesus Cristo. Eu
precisava obter o controle desta situação.

Ela é a irmã do seu melhor amigo, idiota.

Ela é a porra da Gigi Jacobs.

A melhor garota que você já conheceu.

Inteligente e bonita.

Inocente e confiante.

Muito fora da minha maldita liga.


— Eu recusei. Ele foi legal sobre isso. Você é o único agindo
como um louco. — Ela se virou com raiva e saiu furiosa para a
porta.

Envolvi minha mão em torno de seu pequeno pulso enquanto


meu peito batia em suas costas. Ela se virou e suas costas
pressionaram a porta. Sua respiração estava forte e rápida, o peito
subindo e descendo, e eu não conseguia desviar meu olhar. Ela
era linda pra caralho.

— Seus mamilos não estavam duros quando você estava


falando com aquele idiota. — Minha respiração estava fora de
controle e eu não conseguia chegar perto o suficiente. Inclinei-me
para frente, meus lábios tão perto dos dela que pude sentir toda
aquela doçura e minha língua doeu para mergulhar dentro. — Eles
não estavam duros até que você olhou para mim. Por que você
acha que isso aconteceu?

Ela procurou meu olhar e um hálito quente fez cócegas em


minha bochecha. Suas mãos se ergueram e agarraram minha
camiseta. — Não sei. — Suas palavras eram ofegantes e
entrelaçadas com a necessidade, e meu pau latejava contra meu
zíper, desesperado por mais do que apenas a fantasia dessa garota.
Para tocá-la. Prová-la. Sentir cada curva suave.

Minha mão deslizou pelo seu corpo e meu polegar traçou um


pico duro e ela engasgou. Seus olhos se fecharam e sua cabeça
caiu para trás. Eu duvidava que Gigi já tivesse sido tocada. Eu não
tinha certeza, mas tive a sensação de que ela nunca permitiu que
ninguém tivesse acesso a seu doce corpo. E ela certamente não
deveria agora.
Mordi seu lábio inferior porque eu só precisava provar. Algo
para me segurar. Minha mão segurou seu peito perfeito, e se
encaixou lá como se ali pertencesse.

Jesus, eu não era esse cara.

Eu não pegava o que não era meu.

E Gigi Jacobs não era minha. Nunca seria. Ela merecia um


cara bom.

E não era eu.

Inclinei-me e ajustei meu pau com raiva, antes de recuar.

— Vista uma camisa ou vá para casa. Isso nunca aconteceu.


— Corri a mão pelo meu cabelo e observei seu olhar cheio de desejo
mudar em um instante.

— Você é um idiota, Gray Baldwin.

— Não posso discutir com isso — falei enquanto ela girava nos
calcanhares e saía furiosa do meu quarto.

Voltei para a festa e Lila se aproximou. Eu vi Gigi conversando


com Addy do outro lado da sala, ela olhou para cima e seu olhar
travou com o meu. Seu rosto ainda estava vermelho por causa do
nosso encontro. Inclinei-me e cobri a boca de Lila com a minha.
Ela foi muito rápida para enredar os dedos no meu cabelo e me
puxar para mais perto. Ela gemeu em minha boca e eu olhei para
cima para ver Addy, Jett e Gigi saindo pela porta da frente.

Bom.
Missão cumprida.

Afastei-me e Lila fez beicinho. — Desculpe. Não vai acontecer


esta noite.

Atravessei a festa e olhei pela porta da frente para ver os três


descendo a rua em direção ao dormitório.

Ela ficaria bem.

Fiz a coisa certa.

E foi a coisa mais difícil que já fiz.

Silenciosamente elogiei meu pau zangado por mostrar


contenção. Porque o fato de eu ter acabado de segurar o seio
perfeito de Gigi na minha mão e ter roçado seus lábios macios
contra os meus, me fez perceber que eu não sabia onde encontrei
forças para me afastar. Mas eu fiz.

Não teria acontecido se eu não estivesse sóbrio.

Outro lembrete de que era hora de me recompor.

Dirigi para casa na esperança de encontrar meu pai. Willow


Springs não era grande o suficiente para ele se esconder por muito
tempo. Meus avós ainda não sabiam que ele tinha saído da
reabilitação, e eu queria que continuasse assim. Cade concordou
em me encontrar lá no fim de semana e me ajudar a tentar localizá-
lo. Minha esperança era que eu pudesse colocá-lo de volta no
programa, e ninguém saberia que ele tinha saído. Falei com seu
conselheiro, e eles esperavam que eu pudesse encontrá-lo e levá-
lo de volta o mais rápido possível, para que nem tudo estivesse
perdido.

Cade estava feliz em ir para casa para uma visita e me disse


que Gigi e suas amigas estariam todas lá no fim de semana.

Isso não tinha nada a ver com meu desejo de voltar para casa.
Pelo menos é o que eu estava dizendo a mim mesmo. Ela não
respondeu nenhuma mensagem desde a festa. Eu tinha passado
pelo dormitório dela duas vezes e ela não atendeu a porta. A garota
chata que eu tinha visto em seu quarto antes estava sempre à
espreita e me disse que Gigi estava na biblioteca. Eu tinha ido lá,
e não havia sinal dela.

Ela estava definitivamente me evitando.

Inferno, entendi isso. Mas precisávamos superar. Foi um


momento de fraqueza. Nada aconteceu além do fato de que era
evidente que ambos queríamos desesperadamente que
acontecesse.

Com sorte, agiríamos normalmente quando estivéssemos em


casa. Cade esperava que eu ficasse com eles, e eu não disse nada
diferente. Duvidava muito que ela quisesse que alguém soubesse,
então provavelmente estaria tudo bem.
Parei na casa da minha mãe porque Simon estava no trabalho.
Eu queria ver as meninas que elas tinham acabado de voltar da
escola.

— Gray — Beatrice gritou, enquanto corria pela calçada em


minha direção. Eu a peguei em meus braços e a girei. — Você vai
me levar para tomar sorvete como prometeu enquanto está em
casa?

— Claro, pequena pepita.

Penelope correu em minha direção e eu coloquei Bea no chão


e a peguei. — Estou tão feliz por você estar em casa. Senti sua
falta.

Minhas irmãs eram gêmeas idênticas, de sete anos, e opostas


completas. Enquanto Bea era extrovertida e divertida, Penn era
doce e quieta. Ambas eram donas do meu coração e sabiam disso.

— Senti sua falta também, Penny Pie. Temos um encontro de


sorvete amanhã, certo? — perguntei, colocando-a de pé.

— Claro que sim. Estarei de vestido e tudo mais.

Tanta doçura em um pequeno pacote.

— Soa bem. Vamos ver a mamãe. Seu pai ainda está no


trabalho, certo? — perguntei como sempre fazia quando chegava
em casa.

— Sim. Papai ainda está no trabalho. — Bea correu pela


entrada da garagem e gritou pela casa. — Gray está em casa.

A garota era maior que a vida.


— Olá, lindo — disse minha mãe, e eu a envolvi em meus
braços. Eu amava essa mulher mais do que a própria vida, mas
seu marido havia colocado uma grande pressão em nosso
relacionamento. Eu não pude tolerar seu abuso verbal, e minha
mãe virava o rosto porque não queria lidar com as consequências.

Então, ela basicamente me permitiu morar na casa dos Jacobs


quando eu estava por aqui e nós simplesmente não conversamos
sobre isso. Tenho certeza de que Simon reclamava de mim tanto
quanto eu reclamava dele, e mamãe estava entre a cruz e a espada.

Ela me serviu um copo de chá doce e nós dois nos sentamos à


grande mesa da cozinha em sua grande propriedade. Este lugar
nunca tinha realmente parecido como minha casa. Talvez porque
Simon e eu não nos demos bem. As gêmeas correram para pegar
alguns brinquedos que queriam me mostrar.

— Alguma notícia sobre o seu pai? — mamãe perguntou, seus


olhos pareciam tristes. Hesitei em contar muito porque temia que
ela contasse ao marido, que por sua vez jogaria na minha cara.

— Não. Wren não o viu. Liguei para a reabilitação e ele está


fora por três dias agora, mas eles estão dispostos a aceitá-lo de
volta, já que ele pagou por um programa de noventa dias.

— Seus avós pagaram, Gray. — O tom da mamãe foi duro. Ela


havia desistido da recuperação do meu pai e eu entendia isso. Eu
simplesmente não compartilhava da mesma opinião. Ele ainda
estava lá. Eu acreditava nisso no fundo da minha alma.

— Semântica. Então como você está? — mudei de assunto.


— Bem. Simon perguntou se todos nós poderíamos jantar
enquanto você está em casa.

Meus olhos saltaram da minha cabeça. — Por quê?

— Eu acho que ele gostaria de reparar alguns dos danos que


fez. Recentemente, alguns dos meus famosos vieram às reuniões
de Jesus. — Ela riu.

Minha mãe era uma mulher gentil, mas quando perdia o


controle, ela deixava tudo para fora. E você ouvia porque isso não
acontecia com frequência.

— Tudo bem. Bem, deixe-me saber. Venho buscar as meninas


amanhã à tarde para levá-las para tomar sorvete. — Levantei-me
para verificar minhas irmãs.

— Você vai ficar na casa dos Jacobs neste fim de semana? —


ela perguntou, e eu vi a dor ali.

— Esse é o plano. Mas estou feliz por vir jantar.

Eu queria oferecer um ramo de oliveira. Machucar minha mãe


era a última coisa que queria fazer.

Passei a próxima hora brincando no quintal antes de sair.


Katie Jacobs me mandou uma mensagem e disse que haveria um
lugar para mim na mesa de jantar e esperava que eu pudesse ir.

Quando estacionei na casa dos Jacobs, vi o carro de Gigi


estacionado ao lado do carro do seu irmão. Caminhei para dentro
e Katie correu para me abraçar.
— Tão feliz de te ver. Adoro quando vocês voltam para casa.
Gigi disse que você foi muito útil para ela na escola.

Interessante.

Toquei um punhado de seu peito, mas acho que ela não me


jogou debaixo do ônibus.

— Sim. Ela parece estar se adaptando bem.

— Ela está. Estou orgulhosa da minha garota. Entre, estamos


apenas sentados. — Katie liderou o caminho pelo corredor e eu a
segui.

— Aí está ele. — Cade me puxou para um abraço e Bradley


Jacobs o seguiu.

Gigi não se levantou e evitou contato visual enquanto me


sentava ao lado dela.

Meu assento.

— Ei — falei, olhando para ela enquanto Cade se movia para


a cozinha para ajudar seus pais a trazer a comida.

— Oi. — Ela não olhou para mim e manteve a cabeça erguida.

— Você está com raiva de mim? Tentei ligar algumas vezes.


Parei no seu dormitório também — sussurrei, inclinando-me e
absorvendo toda a sua doçura.

Ela se virou para olhar para mim e encolheu os ombros. — Oh.


Não tinha percebido.
Eu ri e ela se virou.

Está bem então.

A mesa estava cheia de travessas de frango frito e costelas.


Purê de batata e salada de repolho. Meu estômago roncou quando
coloquei meu guardanapo no colo.

Era bom estar em casa.

— Diga o que está acontecendo, querida — disse Katie,


olhando para a filha. — O que aconteceu com aquele garoto Jaden?

Meus ombros enrijeceram.

Pensei que tínhamos acabado com aquele idiota?

— Ele me convidou para jantar e ir ao cinema. Nós sairemos


quando eu voltar na próxima semana. — Gigi se mexeu apenas o
suficiente para ter certeza de que eu podia ver o sorriso se espalhar
claramente em seu rosto.

Meu maldito sangue ferveu.

E eu não poderia voltar para a faculdade rápido o suficiente.

Tinha alguns traseiros para chutar.


Capítulo Sete

Gigi

— Você deveria ter visto a cara dele. Não tem preço — falei
enquanto dirigíamos para o lago no carro de Coco. Eu estava
imprensada no banco de trás entre Addy e Maura, Ivy sentou-se
na frente ao lado de Coco.

— Então, você gosta dele? — Maura perguntou.

— Claro que não. Eu o odeio.

— Ela gosta dele mais do que o odeia. Confie em mim. — Addy


encolheu os ombros e revirei os olhos.

— Eu não. Mas sei que ele não gosta de Jaden, então gostei de
dizer a ele que sairíamos. E eu irei. Não sei por que fui tão rápida
em descartá-lo na festa.

— Hm, acho que você o descartou porque gosta de outra


pessoa — disse Coco entre uma risada. — E esse Gray Baldwin é
tão gostoso. Vejo porque você está sob o feitiço dele.

— Pfft, por favor. Não estou sob nenhum feitiço. Claro, tivemos
um momento estranho em seu quarto, mas eu tinha tomado duas
cervejas e não estava pensando direito.
— Ele segurou seu seio — Ivy me lembrou, e mentalmente me
chutei por sentir a necessidade de contar tudo a elas.

— Por favor. Como um membro orgulhoso do itty-bitty-titty-


Comitê5, isso mal conta. — Eu ri, tentando amenizar isso.

A verdade, aquele momento foi a experiência mais sensual que


tive em minha vida até hoje. Quão triste é isso? Um breve momento
de fraqueza com um cara que nem me beijou. E então ele seguiu
em frente beijando outra garota bem na minha frente. Depois de
roçar seus lábios contra os meus e me tocar de uma forma que
ninguém nunca fez. Claro, Tony Franco teve um pouco de ação por
baixo da camisa no segundo ano, mas não foi assim. Pelo menos
não para mim. Eu apertei minhas coxas com o pensamento disso.
A maneira como seu polegar tocou meu mamilo e seu hálito quente
fez cócegas em meu rosto. Suas palavras estavam cheias de
necessidade e quase entrei em combustão e fiz papel de boba. Ele
estava brincando comigo, como de costume. Era sobre Gray que
estávamos falando. Mas ele nunca me provocou desse jeito antes.
Também nunca foi tão prejudicial.

Irritante era mais o seu truque. Mas ele estava aumentando


seu jogo e eu estava me desligando.

— Está tudo bem gostar dele, você sabe — disse Addy,


apertando minha mão. Minha doce e desesperada romântica.

— Eu não gosto. Você sabe que não. E nem vamos começar a


imaginar como Cade reagiria se soubesse que isso aconteceu. Não

5
Traduzindo literalmente: Comitê dos Peitos Pequenos.
que algo realmente tenha acontecido, mas meu irmão perderia a
cabeça se soubesse que Gray estava me provocando desse jeito.

— Isso é o que não faz sentido. — Maura soltou o cinto quando


chegamos ao lago e paramos em uma vaga para estacionar. — Não
acho que ele fez isso apenas para mexer com você.

— Concordo. Acho que o garoto tem todas as sensações e não


sabe o que fazer a respeito. Eu amo isso. Um bad boy torturado e
uma virgem angelical — disse Coco, quando todas saímos do carro
e caímos na gargalhada.

— Hum, bad boy torturado e virgem angelical? Acho que você


está sendo um pouco dramática — falei, enquanto caminhávamos
em direção à água. Já havia um grande grupo de pessoas reunidas
em torno de duas fogueiras diferentes.

— Acredito que estou certa. Vamos lá, só por um minuto, vá


comigo nisso. — Coco jogou o cabelo por cima do ombro e olhou
por cima enquanto falava. — Digamos que ele goste de você. Ele
tem a reputação de ser um prostituto e é o melhor amigo de Cade,
que por acaso é o irmão mais superprotetor que já conheci. Como
eu disse, ele está em uma situação difícil.

Pensei sobre isso. Gray olhava para mim assim? Algumas


vezes eu me perguntei. Mas sempre achei que estava apenas lendo
as coisas erradas. Afinal, era Gray. Talvez fosse apenas a
perseguição que ele gostava. Talvez ele realmente estivesse apenas
brincando comigo. Eu certamente não era seu tipo normal. Não
que alguém fosse. Gray passava pelas garotas mais rápido do que
a maioria das pessoas trocava de roupa. De qualquer forma, era
uma enorme bandeira vermelha. Gray Baldwin não era o garoto
para mim por uma infinidade de razões.
Ele era o melhor amigo do meu irmão.

Ele era um grande playboy.

E ele não tinha relacionamentos firmes.

Aí está. Eu esqueceria o que aconteceu e descartaria como um


lapso único de julgamento. Eu era humana. Todos nós erramos.
Voltaria para a faculdade, sairia com Jaden e esqueceria como era
ser pressionada contra Gray e toda a sua dureza.

Minha boca ficou seca com o pensamento.

Afastei-o e me sentei perto do fogo. Era uma noite perfeita e


fiquei feliz por estar com minhas melhores amigas.

A partir de amanhã, eu limparia todos os pensamentos sobre


Gray. Eu me daria mais uma noite para desfrutar dele em meus
sonhos.

— Estou feliz que você concordou em sair comigo — disse


Jaden, enquanto eu pegava um pedaço de pão na cesta e o deixava
cair no meu prato.

— Claro. Obrigada por me convidar.


Ele assentiu. — Eu pensei que você tinha terminado comigo
depois da festa na semana passada. Você me afastou com força,
mas achei que merecia. Tenho certeza de que seu guarda-costas
disse que fiquei com alguém.

Fiquei surpresa com sua honestidade e ri de sua descrição do


que eu só poderia presumir que era o presidente de sua
fraternidade e meu nêmesis irritante.

— Quem, Gray? — Eu ri. — Ele não é meu guarda-costas.


Apenas o melhor amigo do meu irmão.

— Ele me expulsou da primeira vez que tentei sair com você, e


é por isso que fiquei com outra pessoa naquela noite. Nada
aconteceu. Nós apenas ficamos. Mas então eu não conseguia parar
de pensar em você e perguntei a ele se teria algum problema se eu
te convidasse para sair — falou, seu olhar azul oceano travando
no meu. Seu cabelo loiro era cortado rente à cabeça, e ele tinha
uma covinha perfeita quando sorria. Dentes brancos perolados e
ombros largos. Jaden era um menino lindo e parecia muito com
Chad Michael Murray de “One Tree Hill”. Ele parecia ser um tipo
honesto.

— O que ele disse? — perguntei, porque estava desesperada


para saber.

— Ele disse que você era boa demais para mim, mas que a
decisão final era sua. Quero dizer, ele deveria ser meu irmão de
fraternidade. Ele mal me conhece. Como diabos sabe que não sou
bom o suficiente para você?

Dei de ombros. — Isso é apenas Gray. Não leve para o lado


pessoal.
— Eu acho que ele está certo. Você é uma garota crescida,
pode tomar suas próprias decisões, certo?

— Definitivamente.

Peguei minha água e tomei um gole, tentando afastar os


pensamentos daqueles olhos verdes esmeralda e do jeito que ele
tem me olhado ultimamente. Eu afastei isso.

— Então, diga-me o que você gosta de fazer, Gigi Jacobs. —


Ele encheu o garfo com um pedaço enorme de lasanha e colocou
na boca.

— Você sabe, todas as coisas normais. Eu amo o lago, nadar,


fogueiras, todas essas coisas boas. Também gosto de pintar e criar
coisas. Essa é a minha especialidade.

— Você é uma graduanda em arte, certo?

— Sim. E você? — perguntei depois de engolir o melhor


espaguete que já comi.

— Sou especialista em negócios. Gostaria de ter minha própria


empresa startup algum dia. — Ele exalava confiança enquanto
falava.

— Oh, isso é legal. Que tipo de negócio você quer ter?

Sua cabeça se inclinou para o lado e uma pequena linha se


formou entre suas sobrancelhas como se estivesse completamente
perplexo com a minha pergunta.
— Não sei. Eu não pensei muito no futuro. Basicamente, sei
que quero trabalhar para mim mesmo e ganhar uma tonelada de
dinheiro.

Não é o plano de negócios mais sólido, mas ei, eu era uma


graduanda em arte. Estava pensando e sonhando com meu futuro.
Mas parecia estranho que ele não tivesse a menor ideia do que
gostaria de ter. É como criar um quebra-cabeça, mas sem perder
tempo para abrir a caixa.

Meu telefone vibrou na minha bolsa e me inclinei para


verificar.

Gray ~ Onde diabos você está?

Revirei os olhos e o afastei sem responder.

— Isso parece bom — falei, mas minhas palavras eram vazias.


Porque seu plano não era algo com o qual eu me relacionasse. —
Então, que filme assistiremos?

— Oh, você ainda quer fazer isso? Pensei que talvez


pudéssemos voltar para o meu quarto e assistir a um filme?

Meu coração começou a disparar e não de um jeito bom.

— Estou indo ao cinema — digo, enxugando minha boca com


o guardanapo.
— Ok. Nós podemos fazer isso. Achei que seria mais...
aconchegante no meu quarto.

Claro que achou. Ele estava mostrando sua mão e eu estava


perdendo o interesse a cada minuto que passava. Meu telefone
vibrou novamente, inclinei-me para verificar.

Gray ~ Pegue o seu maldito telefone. Pare de me ignorar.

— Você sabe o quê? É minha colega de quarto e ela não está


se sentindo bem. É melhor eu ir para casa esta noite.

— Ok. — Ele não escondeu sua decepção. — Vamos pedir a


conta.

Quando ele parou no dormitório, não saiu do carro para abrir


minha porta. Em vez disso, inclinou-se, pegando-me
completamente desprevenida, e me beijou. Ele quase escalou o
assento em cima de mim enquanto puxava meu cardigã e tentava
baixá-lo. Minhas mãos empurraram contra as dele enquanto eu
recuava.

Uma batida na janela assustou a nós dois. — Abra a porta.

Gray.

Normalmente eu ficaria chateada, mas desta vez eu estava tão


aliviada pela interrupção que não consegui nem ficar brava. Eu
não diria isso a ele. Empurrei Jaden para longe de mim e peguei
minha bolsa.
— Esse maldito cara — ele disse baixinho, e seu tom enviou
calafrios na minha espinha.

Essa foi a primeira e última vez que eu saía com Jaden, e eu


não consegui deixar o carro rápido o suficiente. Abri a porta e a
empurrei. Havia um frio no ar, puxei meu cardigã sobre os ombros
e bati a porta.

— Você está bem? — Gray perguntou, preocupação gravada


em suas feições.

Jaden saiu do carro. — Você quer que eu te acompanhe até a


sua porta?

Ele era real? Ele tinha acabado de me acariciar e eu não o


queria perto de mim.

— Não. Estou bem. — Corri em direção à entrada e abri a porta


enquanto Jaden saía do estacionamento.

— Ele fez algo com você? Não consegui ver muito através de
seus malditos vidros escuros, mas podia ver ele escalando o
assento. O que diabos aconteceu?

Eu me virei enquanto ele me seguia pelo longo corredor. —


Nada. Não é grande coisa. Eu me viro sozinha. O que você está
fazendo aqui?

Não escondi a raiva do meu tom. Estava feliz por ele ter
aparecido?

Sim.
Mas ainda não explicava por que ele estava lá. Por que estava
me enviando mensagens de texto durante o meu encontro.

Por que ele se importava.

— Eu precisava falar com você, então vim aqui e aquele filho


da puta parou logo depois de mim.

Comecei a andar novamente e ele se arrastou logo atrás.

— Sobre o que você precisa conversar, Gray?

— Uh, bem, é o aniversário das gêmeas no mês que vem. Não


sei o que comprar.

Empurrei minha porta, parei e o encarei. Eu não o convidei


para entrar. Ele não podia simplesmente invadir minha vida
sempre que sentia vontade e me mandar embora quando as coisas
se tornassem reais.

— Você me mandou uma mensagem e veio até aqui para me


perguntar o que dar para suas irmãs de aniversário? — Cruzei
meus braços sobre meu peito quando seu olhar se moveu para
baixo em meu corpo.

— Sim. Você as conhece bem. E você é uma menina.

— Obrigada por notar — assobiei.

— Eu sempre noto, G. — Sua língua deslizou ao longo de seu


lábio inferior, e eu apertei minhas coxas juntas para parar a dor
que sempre persistia quando ele estava perto.
— Por que você não pergunta para sua namorada? Ela
também é uma menina.

Ele deu uma risadinha. — Quem? Lila?

— Eu não sei o nome dela. Mas vendo como você ficou com ela
na outra noite, presumo que sim. Estou obviamente dando muito
crédito, considerando seu histórico.

Ele passou a mão pelo cabelo e estudei o movimento. Eu me


perguntei o quão macio era. Qual seria a sensação da sua barba
sob meus dedos.

— Meu histórico? Você está me vigiando? — Sua voz estava


rouca, e ele se aproximou de mim enquanto se encostava-se ao
batente da porta.

— Dificilmente. A cidade inteira sabe que você é um prostituto.

— Isso te incomoda? — ele perguntou, e seu rosto estava tão


perto do meu que eu podia sentir sua respiração em minha
bochecha.

Novamente.

Já estive lá, fiz isso.

Afastei-me. — Não. Não me importo com o que você faz, Gray.


Apenas pare de brincar comigo.

Ele parecia ferido. Quase vulnerável, antes que seu olhar


endurecesse. — Eu não estou brincando com você.

— Então o que você está fazendo aqui?


— Eu te disse, preciso pedir alguns presentes para Bea e Penn.
Pensei que erámos amigos.

Respirei fundo. — Bea gosta de pintar. Vá na Amazon e peça


para ela algumas telas, tintas e pincéis. Penn gosta de ler. Você
pode encomendar a série Junie B. Jones. Era a minha favorita na
idade dela, e eu contei a ela sobre isso, e ela disse que queria ler.
Vou mandar uma mensagem para você com alguns links para
tudo, ok? — Comecei a fechar a porta na cara dele. Foi uma noite
horrível e eu queria ficar sozinha. Não podia mais jogar esse jogo
quente e frio com Gray.

— Obrigado. Tem certeza de que está bem?

— Você me conhece. Estou sempre bem. Tenha uma boa noite.


— Fechei a porta, deixando-o parado ali parecendo completamente
confuso.

Entre na fila, amigo.

Ele era o único confuso. Eu não.

As duas semanas seguintes passaram voando. Minha carga de


aula estava me mantendo ocupada, e eu encontrei um novo amigo,
Leo, na minha aula de cerâmica. Ele era doce e gentil, e estávamos
estudando juntos e saindo muito ultimamente. Eu não sentia
nenhum tipo de faísca com ele, e tinha quase certeza de que era
gay, mas ele não tinha me contado ainda. Ele era fofo e engraçado,
e eu gostava de sair com ele.

Pedimos pizza e estávamos estudando no meu quarto


enquanto assistíamos “Bridgerton” na Netflix.

— Então, diga-me sua situação, garota. Você tem namorado


em casa? Eu não vejo você saindo com ninguém aqui na faculdade
além de mim e Addy — ele falou com a boca cheia de pizza.

— Não. Solteira e pronta para me misturar — eu disse, e sua


cabeça caiu para trás de tanto rir.

— Oh, é assim, hein?

— Saí com um cara que era meio chato algumas semanas


atrás, e ele continua ligando e mandando mensagens, mas estou
ignorando-o. Ele simplesmente não é bom em ler os sinais. E você?

— Talvez tenhamos saído com o mesmo cara. — Ele levantou


uma sobrancelha em desafio, como se não tivesse certeza se eu
sabia que ele gostava de caras. — O último cara com quem me
relacionei era um B maiúsculo, babaca.

Eu ri. — O nome dele era Jaden?

— Sebastian. O cara queria apenas me colocar na cama. Eu


sou aparentemente fácil de pegar — ele disse, franzindo as
sobrancelhas.

— Tenho certeza que você é.


Houve uma batida na porta e me levantei. — Espero que não
seja aquela garota Bailey de quem falei. Ela nunca vai embora —
sussurrei-gritei.

Abri a porta para encontrar Gray parado ali, parecendo com


todas as fantasias que já tive. Ele usava jeans escuro, um suéter
preto justo e seu cabelo estava uma bagunça desgrenhada.

— Ei — disse ele, enfiando as mãos nos bolsos. — Não falo


com você há algum tempo e queria ver como estava. Você quer
jantar?

Respirei fundo porque o menino literalmente roubava o ar dos


meus pulmões. Não sei quando aconteceu, mas Gray Baldwin era
minha criptonita.

— Estou bem. Na verdade, estou comendo agora. Apenas


estudando com um amigo e assistindo “Bridgerton”. — Lambi
meus lábios porque minha boca ficou seca quando seu olhar fez
uma leitura lenta do meu corpo. Da cabeça aos pés. Como se
estivesse guardando cada centímetro na memória. Seus olhos se
moveram por cima do meu ombro e ele olhou para Leo sentado na
minha cama.

— Ei, eu sou Gray. — Ele ergueu o queixo, parecendo tão


vulnerável que precisei de tudo para não explicar que Leo era
apenas um amigo. Mas eu não devia uma explicação a Gray.
Éramos apenas amigos. Ele deixou isso perfeitamente claro. Ele
fez o que fez e eu precisava fazer o meu ponto.

— Este é Leo — eu disse.


— Prazer em te conhecer — Leo falou e de repente havia uma
tensão estranha ao nosso redor.

— Sim. Prazer em te conhecer também. Ok, G, tenha uma boa


noite. Obrigado por essas ideias de presentes. Encomendei tudo
para entregar aqui para que eu possa embrulhar. Vou dirigir até
lá no aniversário delas.

Havia lados em Gray que eram inegavelmente doces. A


maneira como ele amava suas irmãs estava no topo da lista. O
amigo leal que ele era para meu irmão e a maneira como cuidava
da minha família eram impossíveis de ignorar. Havia muito mais
neste garoto do que você podia ver na superfície. Mas ele era
complicado e usava um escudo invisível em torno de si que eu
reconheci há muito tempo. Mas quando ele me deixou entrar,
gostei do que vi.

— Isso é ótimo. Avise-me se precisar de ajuda para embrulhar.


É meio que minha especialidade. — Eu sorri.

O quê? De onde veio isso?

— Tudo bem. Vou aceitar, porque não tenho a menor ideia do


que estou fazendo quando se trata disso.

— Soa bem.

— Até mais, G. — Ele recuou e ergueu a mão antes de se virar


e caminhar pelo corredor. Meu olhar demorou um pouco mais do
que deveria em sua bunda quando ele saiu de vista.

Fechei a porta e encostei-me nela enquanto tentava me


recompor.
— Puta merda, água e fogo, quem era esse? — Leo gritou.

Eu ri. — Ele é o melhor amigo do meu irmão. C-conheço minha


vida inteira.

— É assim mesmo? Vocês dois nunca trocaram gentilezas? —


Ele sorriu.

— Hum. Definitivamente não. Acho que ele supera todo tipo


de gentileza com muitas pessoas. Somos mais como uma família.

— Amiga, você não é família com aquele menino. A menos que


estejamos falando de todos os tipos de endogamia e inadequação
do interior. Ele apenas fodeu você com os olhos bem na minha
frente.

Sentei-me na cama e ri. — Ele não fez.

— Você é tão inocente, não é? Acredite em mim quando digo


que preciso de um banho frio depois de ver a maneira como ele te
olhou.

— Bem, ele deixou bem claro que não somos nada mais do que
amigos.

— Ações falam mais alto do que palavras, e o que acabei de


testemunhar não estava nem mesmo no reino da amizade. — Ele
riu. — Você ainda não esteve com um cara, não é?

— Você quer dizer quanto ao sexo?

Ele se inclinou para frente e bagunçou meu cabelo. — Sim,


quero dizer quanto ao sexo.
— Não. Ainda não. Você?

— Garota, eu perdi meu cartão V quando tinha apenas quinze


anos. Eu perdi com uma garota primeiro e então percebi que não
era realmente minha praia. E estou supondo que o Sr. Sexy está
agindo com cautela porque sabe o quão especial você é. Inferno,
eu soube na primeira vez que conversamos. Doce como açúcar e
pura como uma freira no mosteiro da Cidade do Vaticano.

Dei um tapa em seu ombro por ser ridículo.

— Pare. Podemos parar de falar sobre Gray?

— Você pode parar de falar sobre ele, garota. Mas não acho
que você pode se esconder disso.

— E por quê? — perguntei enquanto revirava meus olhos de


forma dramática.

— Porque é óbvio que ele tem Gigi no cérebro. Seu grande


cérebro e seu pequeno cérebro. — Nós dois caímos na gargalhada,
eu me sentei e me recompus.

Talvez o que ele disse seja verdade.

Mas eu sabia que Gray nunca agiria sobre isso.


Capítulo Oito

Gray

Eu tinha acabado de deixar o escritório do meu conselheiro,


conversamos sobre minha carga horária para o próximo semestre.

Dirigi até o dormitório de Gigi. A garota tinha me evitado nas


últimas semanas e eu estava grato por isso. A tentação quando eu
estava perto dela tinha se tornado muito poderosa. Tive um
momento de fraqueza e dirigi até seu dormitório desesperado para
vê-la. Para senti-la. Porque quando ela estava perto, eu a sentia
em todos os lugares. Eu não tinha que tocá-la. Ela era uma parte
de mim e não sabia como isso foi acontecer.

Ela estava em um encontro e, obviamente, tinha a atenção de


todos os fodidos caras neste campus. Eu ouvi aquele idiota do
Jaden conversando com outro candidato na casa sobre como ele
tentou fazer um movimento em Gigi, e eu estraguei tudo quando
bati na janela de seu carro. Ele também mencionou que tentou
fazer com que ela voltasse para seu dormitório, para que pudesse
explodir seus miolos, palavras dele, não minhas. Eu tinha visto
vermelho e invadi a porra do castelo e esmurrei sua bunda.

Eu garanto que aquele idiota não chegaria perto dela agora.


Não com um olho roxo e um lábio inchado.
Estive sóbrio por seis semanas desde o início das aulas e não
me importava nem um pouco. O que me importava era o caso grave
de bolas azuis com o qual eu estava lidando. Eu não tinha
transado desde que voltei para a faculdade, mas senti o corpo de
Gigi Jacobs contra o meu. Nada aconteceu, mas ela me arruinou
para todas as outras garotas. Inferno, encontrei Lila nua na minha
cama depois da festa em nossa casa no fim de semana passado.
Passei a noite toda procurando em todos os cômodos por Gigi como
um maricas, mas ela nunca apareceu.

A coisa doentia sobre isso. Eu estava feliz por ela não ter
aparecido porque eu não pude agir sobre isso, mas eu estava
completamente quebrado por não ter conseguido vê-la.

Você pode dizer mais fodido do que isso?

E agora eu estava dirigindo para seu dormitório para que ela


pudesse me ajudar a embrulhar os presentes para minhas irmãs
antes de ir para Willow Springs para comemorar com meus dois
pequenos humanos favoritos. A verdade era, eu só precisava de
uma desculpa para vê-la. Pensei nela mais do que queria admitir.

Meu telefone tocou quando saí do carro com uma sacola de


presentes e alguns rolos de papel de embrulho.

O nome do meu melhor amigo apareceu na tela. Conversamos


todos os dias. Sempre.

— E aí, como vai? — falei, abrindo a porta do dormitório dela.

— Apenas vou encontrar Camilla para almoçar, e você?


— Você está ficando sério com essa garota, hein? — perguntei.
Cade sempre foi um pouco pegador, então ver ele se estabelecer
com uma garota era surpreendente.

— Algo assim. Certo. O que você está fazendo?

— Acabei de chegar ao dormitório da sua irmã. Ela vai me


ajudar a embrulhar alguns presentes para Bea e Penn. Estou
voltando para casa hoje para o jantar de aniversário delas.

— Fico feliz em ver que você nem sempre é um idiota — ele


brincou. — Diga a elas que eu disse oi. Você sabe que pode ficar
em casa quando estiver lá. Meus pais estão em casa. Eles não
partem para o Havaí por algumas semanas. Não que você não
saiba onde está a chave escondida se for quando eles não
estiverem lá. — Ele sabia que eu odiava ficar na casa de Simon,
mas eu poderia me esforçar por uma noite se isso deixasse minhas
irmãs felizes. Katie e Bradley estavam comemorando seu vigésimo
quinto aniversário de casamento no mês que vem e eles estavam
planejando esta viagem para Maui por semanas.

— Obrigado, irmão. Vou ver como Simon está. Tivemos aquele


jantar quando eu estava em casa, há algumas semanas, e ele
reduziu o mínimo possível as agressões. Quer dizer, ele ainda não
consegue resistir, mas ele definitivamente fez um esforço maior do
que o normal.

— Bom. Talvez haja esperança para aquele idiota — disse ele.


— Alguma notícia do seu pai?

Corri a mão pelo meu cabelo enquanto me aproximava da


porta de Gigi. —Não. Ele ainda está desaparecido, o que nunca é
um bom sinal.
— Sinto muito por ouvir isso. Você está aguentando firme?

— Sim. Infelizmente, esta não é a minha primeira vez neste


caminho com ele, mas é a primeira vez que permaneço sóbrio,
então é divertido — falei, sem esconder meu sarcasmo.

— Você ainda não está bebendo? Cara, isso é incrível. Nunca


pensei que veria esse dia.

Concordei. Eu tive alguns momentos em que pensei em beber


algumas doses, mas algo me impediu todas as vezes. Pensamentos
sobre meu pai. Visões de mim mesmo seguindo o mesmo caminho
fodido que ele. Talvez seu fundo do poço tenha sido o meu
chamado para acordar. Com certeza não foi o dele.

— Obrigado, idiota. Agradeço a confiança. — Eu ri e bati na


porta. — Tudo bem, estou aqui. Ligo para você da estrada.

— Diga a Gigi que ligarei para ela mais tarde. Dê a ela um


abraço meu. Esquece, mantenha suas patas sujas longe da minha
irmã. — Sua voz era toda provocadora, mas eu sabia que ele falava
sério.

Um lembrete infinito de que eu não poderia tocar nela fora dos


meus pensamentos sujos, é claro. Transar com Gigi em minhas
fantasias se tornou meu passatempo favorito.

— Adeus, idiota. — Encerrei a ligação e coloquei meu celular


no bolso de trás.

— Ei — ela disse, parada lá com longas ondas de seu cabelo


caindo em cascata sobre seus ombros. Ela usava um vestido curto
esvoaçante com botinhas, mostrando suas pernas bronzeadas e
sensuais. Havia um constrangimento entre nós desde que eu
quase a reivindiquei no meu quarto, algumas semanas atrás, na
festa. — Pode entrar.

— Ei, Gray — Addy disse, puxando a mochila sobre o ombro.


— Vocês se divirtam. Estarei de volta em algumas horas.

— Até mais. — Levantei meu queixo para ela. — Diga a Jett


que fiquei impressionado com o jogo dele no sábado. O cara é uma
estrela do rock.

Ela sorriu. — Eu vou. Obrigada.

Addy fechou a porta atrás dela e o ar na sala mudou. Aquela


atração invisível que sempre aparecia quando estava sozinho com
Gigi me envolveu. Tentei lembrar dela pequena com o penteado da
Princesa Leia que costumava usar, assando em seu forno Easy-
Bake quando tinha cinco ou seis anos de idade. Se eu pudesse
manter os pensamentos dela como uma menina, talvez isso
afastasse a porra da visão infinita dela esparramada nua debaixo
de mim. Contorcendo-se e implorando do jeito que eu queria que
ela fizesse.

Jesus.

Puxe a porra da cabeça para fora da sarjeta, idiota.

— Deixe-me ver o que você tem — disse ela, sentando-se no


chão. Ela tinha uma tesoura e um rolo de fita adesiva ao lado.

Meu pau endureceu com suas palavras.

Adoraria mostrar o que tenho.


Coloquei a sacola ao lado dela e me sentei a alguns metros de
distância, com as costas contra a cama de Addy. Precisava manter
algum espaço.

— Elas vão adorar isso, Gray. Você fez bem. — Ela olhou as
sacolas.

Meu maldito peito apertou. Por que obter a aprovação de Gigi


Jacobs me fez sentir como um rei de merda?

— Obrigado. Você me disse o que comprar, então eu acho que


você fez bem. — Eu ri.

Ela começou a cortar o papel e observei seus movimentos. Ela


se inclinou, colocando uma pilha de livros no centro do papel e
cortando-a bem. Ela se concentrou como se este fosse o trabalho
mais importante do mundo. Eu poderia simplesmente ter
comprado alguns sacos de presente e jogado a merda neles. Mas
queria uma desculpa para vê-la.

Talvez para fazer as pazes.

Certificar-me de que estávamos bem.

Ou talvez fosse só porque eu não conseguia parar de pensar


nela.

Ela amarrou uma fita em volta do pacote, olhou para cima e


me viu observando. Suas bochechas coraram e ela colocou o cabelo
atrás da orelha. Ela pegou as telas e as colocou no papel.

— Você já ouviu falar do seu pai? — ela perguntou, e seu olhar


azul safira encontrou o meu.
— Não. Wren também não o viu.

Sua cabeça se inclinou para o lado e ela me estudou. — Isso


deve ser difícil. Tenho certeza de que você está preocupado como
um louco.

— Está tudo bem. Ele vai aparecer.

— Não precisa estar bem, você sabe — disse ela, tirando um


pouco de fita adesiva e dobrando as laterais do pacote.

— O que você quer dizer?

— Quer dizer, está tudo bem não estar bem. Estar chateado.
Estar triste.

— Oh, sim?

— Sim. Pare de agir todo duro e estoico. Você pode me dizer


que está preocupado. Seu segredo está seguro comigo — falou,
enquanto olhava para cima e sorria, e eu me ajustei debaixo do
meu zíper o mais discretamente possível. Inferno, a garota era tão
inocente quanto podia nesse departamento. Duvidava que ela
soubesse que toda vez que eu estava perto dela, meu pau pensava
que era a porra do quatro de julho. Ele queria sair e colocar fogo
em alguma merda.

— Suponho que você esteja certa. Não é o primeiro segredo


que você guarda. — Por que diabos eu estava indo lá? Trazer à
tona aquele momento que compartilhamos era estúpido. Porque
eu não só queria que acontecesse de novo, eu queria ir mais longe.
Eu a queria de maneiras que não conseguia entender.

— Você quer falar sobre isso em vez do seu pai?


— Falar de que? — Eu sorri.

— O fato de que você quase me beijou. Bem, quase nos


beijamos. — Seu rosto ficou vermelho. — E você tocou no meu
peito. Talvez tenha sido um acidente, nem sei.

Um tom rosa cobriu suas bochechas e me aproximei dela antes


que pudesse me conter. Sentei-me ao seu lado e peguei o pacote
que tinha acabado de embrulhar, como se essa fosse a razão de eu
ter rastejado até aqui. Eu o afastei e deixei minha mão cair próxima
a mim. As costas de nossas mãos roçaram uma na outra, e meu
dedo se enroscou no dela, precisando confortá-la.

Precisando tocá-la.

Estava tão enrolado nessa garota que não conseguia ver


direito.

— Aquilo foi intencional, G. E foi um inferno de muito mais do


que um toque. — Eu ri. — E precisei de tudo em mim para impedir
as coisas de irem mais longe.

Ela respirou longa e lentamente. Sem mover seu dedo do meu


enquanto o calor entre nós queimava.

— Por que você parou? — sussurrou.

— Você sabe o porquê. Isso não pode acontecer novamente.


Nunca. — Puxei sua mãozinha na minha e entrelacei nossos dedos
porque precisava de mais.

— Por quê? — ela perguntou, virando-se para me encarar.


Seus lábios carnudos estavam cobertos de gloss rosa, e seu olhar
procurou o meu por respostas.
— Você sabe o motivo.

— Por que você não sente isso por mim? — ela perguntou. —
É por isso que você beijou aquela outra garota bem na minha
frente dois minutos depois? — Ela puxou a mão como se tivesse
acabado de ser lembrada de por que me odiava.

— Eu beijei Lila para tirar você do meu sistema. Para ter


certeza de que você ficaria longe — admiti, antes de me amaldiçoar
silenciosamente por dizer isso a ela.

— Não entendo?

— Escute, você é boa demais para aturar minhas merdas. E


seu irmão – Jesus porra Cristo. Ele iria me matar, porra. Você pode
fazer muito melhor do que eu, G. Prometo a você. Aquele cara que
esteve aqui outra noite parece um cara legal, hein? Você está
namorando com ele? — Cruzei os braços sobre o peito porque eu
era um idiota ciumento e estava tentando controlar minha raiva
repentina. Eu não podia estar com ela e não suportava a ideia de
outra pessoa estar com ela.

— Ele não gosta de garotas. Nós somos amigos. Mas tenho


algumas propostas — disse ela, erguendo o queixo para mim.

Magoei seus sentimentos. Ela era uma garota esperta e seria


sensato ficar bem longe de mim.

— Bom para você. — Eu me afastei.

— Sim, bom para mim. — Ela ergueu uma sobrancelha e


estalou a língua, e precisei de tudo para não a puxar para mais
perto e saborear aquela boca doce.
— Jaden está deixando você sozinha, certo?

— Sobre isso — ela falou com um revirar de olhos dramático.


— Eu o vi na aula, e parecia que ele havia levado um chute no
traseiro. Você não sabe de nada, não é?

— Deixe-me perguntar algo. — Passei a fita para ela pegar.


Minha mão roçou a dela mais uma vez.

Por que mesmo eu vim aqui?

Porque eu era um masoquista doente que obviamente gostava


de se torturar.

O cheiro de pêssegos e bondade me cercou, e meu desejo se


agitava cada vez que ela olhava na minha direção.

— O que? — perguntou, agindo irritada, mas incapaz de


esconder o fato de que gostava de brincar comigo.

Inferno, sempre fomos bons nisso.

— Aquele punk merecia levar um chute na bunda?

Ela largou a fita e olhou para mim. — Provavelmente. Sim.

— Isso foi o que pensei.

— Você não precisa meter o nariz no meu negócio — Gigi


sibilou. Ela estava tão desesperada quanto eu para me afastar.

— Você não tem que decidir onde enfio meu nariz — eu disse,
e minha língua saiu porque eu não conseguia afastar a ideia de
enfiar meu nariz entre suas pernas, mas eu não diria isso a ela.
Ela ficou de pé e começou a colocar os pacotes nas sacolas que
eu trouxe, a irritação emanando dela.

— Sabe, Gray. Você é um monte de coisas, mas eu nunca o


teria imaginado um covarde.

Agora eu estava de pé e puxando a sacola para longe dela. —


Você está certa. Eu sou muitas coisas, mas um covarde não é uma
delas.

— A definição de covarde é aquela que mostra um medo


vergonhoso ou timidez. — Um sorriso falso enorme cresceu em seu
rosto bonito.

— Por que diabos você conhece a definição de covarde?

— Eu fiz meu SATs6não muito tempo atrás, muito obrigada.


Presumi que você conhecesse a definição, já que a usa tão bem. —
Ela foi até a porta e a abriu.

— Como sou exatamente um covarde?

— Porque você é um garotinho assustado que tem medo do


meu irmão e dos próprios sentimentos. — Ela ficou lá toda
arrogante e segura de si mesma. Inferno, insultar-me era seu
passatempo favorito.

— Não tenho medo de nada, G. Você está errada sobre isso. —


Passei pela porta aberta, recusando-me a deixá-la chegar até mim.

6
O Scholastic Aptitude Test (Teste de Aptidão Escolar) é um dos exames escolares mais comuns dos EUA,
cuja nota é usada para admissão em universidades.
— Acho que você está com medo de me beijar porque sabe que
seria bom e isso o assusta demais.

Virei-me para ver ela sorrindo como se estivesse orgulhosa de


estar me irritando. Mas ela não estava. Eu não tinha medo de
Cade, Gigi ou qualquer uma dessas merdas.

Estava com medo de machucá-la.

Mas se ela precisava de uma prova, eu estava muito feliz em


dar a ela.

Mudei-me para o seu espaço, deixando cair as sacolas aos


meus pés.

Sua respiração parou e ela recuou contra a cômoda, e a porta


se fechou atrás de mim.

— Você acha que eu tenho medo de beijar você? — perguntei,


minha voz rouca e crua enquanto me movia em seu espaço.
Querendo roubar o ar de seus pulmões.

— Eu acho que você tem — ela sussurrou.

Uma mão enganchou em volta de seu pescoço e a outra


apertou sua bunda enquanto eu a puxava para perto. Meu pau
estava tão duro que pensei que poderia rasgar o jeans que o
mantinha cativo. Minha boca bateu na dela, e não havia nada de
gentil nisso. Minha língua deslizou dentro de sua boca doce
enquanto seus lábios se separavam, quase me convidando a
entrar. Gemi contra seus lábios macios enquanto nossas línguas
faziam uma dança selvagem carregada de necessidade e desejo.
Ela se aproximou e eu a levantei do chão, suas pernas
envolveram minha cintura. Eu a balancei lentamente, movendo-a
para cima e para baixo, para que ela pudesse se esfregar contra
meu pau. Sua respiração estava irregular e suas mãos
emaranhadas no meu cabelo. Ela se moveu mais rápido e eu sabia
que ela estava perto. Inferno, eu nunca fiz uma garota gozar
apenas por beijá-la, mas tudo sobre Gigi era diferente.

Da melhor maneira do caralho.

Ela gritou meu nome enquanto seus quadris se moviam em


um ritmo frenético ao cavalgar até a última onda de prazer. Eu a
coloquei de pé e observei seus olhos selvagens. Seus lábios
estavam inchados e ela afastou o cabelo do rosto. Ela parecia um
pouco chocada com todo o encontro.

— Não tenho medo de beijar você, G. Só tenho medo de que


nós dois queiramos mais. E isso não pode acontecer. — Beijei o
topo de sua cabeça antes de pegar as duas sacolas aos meus pés
e sair pela porta.

Eu precisaria parar em casa para um banho rápido para que


eu pudesse esfregar minha última fantasia de Gigi Jacobs se
desfazendo em meus braços apenas com minha boca na dela.

Essa seria definitivamente a minha nova favorita.


Capítulo Nove

Gigi

Addy e eu caminhamos com um grupo de nossas irmãs até o


campo reservado para nosso jogo de futebol americano. Somos
parceiras do Sig Alpha, e meu estômago embrulhou com a ideia de
ver Gray. Eu não o via há uma semana, quando ele me fez ter um
orgasmo apenas me beijando. Eu queria morrer. Contei a Addy
sobre o beijo, mas não sobre a parte de gritar seu nome enquanto
me empurrava contra ele como uma idiota louca por sexo. Estava
mortificada. Algo sobre aquele menino trazia à tona lados de mim
que eram tão desconhecidos.

Ele me mandava mensagens todos os dias, assim como fazia


desde que eu vim para a faculdade, mas agia como se nada tivesse
acontecido. A coisa toda era muito confusa. Ele mandou fotos de
suas irmãs com os presentes que ganharam e me deu atualizações
sobre seu paradeiro.

Addy achava isso hilário. Ela achava que ele gostava de mim,
mas não sabia como fazer isso porque meu irmão iria enlouquecer.
Mas eu não conseguia entender Gray. Ele era tão quente e frio.
Não tínhamos nada em comum. Ele era um pegador, para
começar. E ele me irritava com mais frequência do que não. Essa
era apenas uma paixão estúpida e eu precisava superar isso.
— Jett está a caminho? — perguntei enquanto largávamos
nossas bolsas no banco.

— Sim. E seu companheiro de equipe Wade, aquele que você


conheceu na festa, está vindo também. Ele definitivamente gosta
de você porque fica perguntando a Jett sobre você.

— Ele é fofo e muito legal — falei, enquanto meu olhar


procurava no campo por uma certa pessoa que eu amava odiar.

— Ei, meninas. — Leo se aproximou e nos deu um abraço,


erguendo as sobrancelhas enquanto observava nossas roupas. —
Futebol não é minha praia, mas estou curtindo tanto esse visual e
estou aqui para torcer por vocês.

Todas nós usávamos shorts curtos de spandex e camisetas


rosa e brancas com nossos nomes nas costas e nossas bandeiras
eram de um rosa brilhante. Addy e eu prendemos o cabelo em
rabos de cavalo e usamos aquelas meias esportivas que ficam logo
abaixo do joelho.

— Se vocês não vão dar cento e dez por cento, levem suas
bundas para casa — Tiffany gritou enquanto se aproximava, e
levou tudo o que eu tinha em mim para não revirar os olhos.

Nossa líder feroz, também conhecida como presidente da


Kappa Gamma, era ridiculamente intensa durante o jogo. Ela tem
nos enviado e-mails intermináveis sobre as regras e o código de
vestimenta. Estávamos jogando contra as Pi Delta e,
aparentemente, a ex-melhor amiga de Tiffany, palavras dela, não
minhas, era a presidente da Pi Delta.
— Uau, ela é demais — sussurrou Leo, e Addy e eu tentamos
cobrir nossas risadas.

Minha pele formigou e me virei para ver Gray caminhando em


minha direção. Ele não estava vestindo uma camisa, estava com
shorts de basquete e um boné de beisebol virado para trás. Minha
boca ficou seca com a visão dele. Alguns caras caminhavam atrás
dele vestindo o mesmo traje. Eles tinham nossos símbolos de
fraternidade pintados em seus peitos.

Oh, meu Deus.

Eu já tinha visto Gray sem camisa antes. Deus sabe que ele
gostava de se mostrar como se estivesse em exibição no distrito da
luz vermelha. Mas eu sempre desviei o olhar. Agora, eu não poderia
me virar nem se minha vida dependesse disso. Abdômen esculpido
e ombros definidos. Seu short estava baixo em seus quadris, onde
um V profundo conduzia até seu Santo Graal. Ele era alto, cerca
de um metro e noventa, e cada centímetro dele era perfeito. Sua
pele bronzeada brilhava e meu queixo bateu no chão enquanto o
observava.

Ele riu e bagunçou o topo da minha cabeça como se eu fosse


uma criança, o que me irritou.

— E aí, G.

— Nada — assobiei.

— Ei, Gray, você está pronto para chutar a bunda das Pi


Delta? — Tiffany se moveu ao lado dele e pousou uma mão em seu
ombro enquanto se levantava para beijar sua bochecha.
— Calma, garota — Leo sussurrou em meu ouvido para que só
eu pudesse ouvir.

Minhas mãos fecharam ao meu lado enquanto eu tentava


ganhar compostura. Eles tiveram sua pequena aventura durante
o verão, e ela perguntou sobre ele várias vezes. Joguei de sonsa e
apenas disse que ele era o melhor amigo do meu irmão.

Porque era isso que ele era, certo?

— Sim. Vamos fazer isso. Addy está jogando como QB7? —


Gray perguntou quando Jett se aproximou e deu-lhe um daqueles
meio abraços de cara.

— Sim. Ela consegue. Repassei alguns passes com ela e Gigi.


Elas fizeram algumas jogadas ontem e estão realmente decentes.
— Jett riu e um tom rosa se espalhou pelas bochechas de Addy.
Eu amo como eles são juntos.

Por que eu tive que me apaixonar por um homem inatingível


sem ideia de como tratar uma garota?

É hora de superar isso.

— Ei, Gigi — disse Wade, ficando atrás de Jett enquanto


acenava.

— Oi. Obrigada por vir. — Eu sorri porque não perdi a maneira


como a cabeça de Gray virou para olhar na direção de Wade.

7
Quarterback.
— Estou animado para ver você jogar — disse ele.

— Ok, chega de conversa fiada. Vamos lá. — Gray correu para


o centro do campo, segurando uma bola na mão enquanto falava
com o técnico da Pi Delta.

Tiffany entregou a ele uma prancheta com a lista de escalação


das garotas, e ele chamou sete de nós para nos amontoarmos no
centro. Ela me deu uma cotovelada enquanto jogava seus longos
cabelos sobre um ombro. Eu me perguntei como ela possivelmente
correria com o cabelo solto e cacheado, mas nada me surpreendia
com essa garota.

A primeira jogada que Gray chamou foi um passe. Ele queria


que Addy se aquecesse. Jett ficou à margem dando-lhe algumas
dicas, e todos riram. Ela passou a bola para Heather, que se moveu
cerca de um metro abaixo no campo antes de tropeçar e cair com
a graça de uma criança dando seus primeiros passos.

— Não. Isso é inaceitável — Tiffany gritou enquanto olhava


para o chão e Heather ficava de pé.

Tanto pela irmandade.

— Você é a treinadora ou eu? Não há eu no time, garota —


Gray disse com um sorriso que me fez apertar minhas coxas
juntas. Meu Deus, o menino era sexy. Ele mandou Heather e
Tiffany para o banco para se acalmarem e chamou mais duas
meninas de nossa equipe para se juntarem a nós no campo. —
Tudo bem. Vamos tentar uma jogada de passe.

Gray convidou Jett para ir a campo com ele para ajudar a


treinar, e Addy não conseguiu tirar o sorriso do rosto.
— Está pronta? — ela me perguntou.

— Sim. Vou correr em direção à zona final e espero para pegar


a bola, certo? — perguntei.

Jett e Gray soltaram uma gargalhada.

— Esse é o objetivo — Gray falou antes de lembrar as outras


garotas de bloquear o máximo que pudessem.

O apito soou e corri pelo campo. Sempre gostei de correr e


venci todos os meninos no desafio de preparação física do ensino
médio em educação física, então sabia que tinha a velocidade a
meu favor.

Eu me virei no momento em que a bola voou direto em minha


direção, ameaçando me acertar no rosto. Eu tinha um irmão mais
velho, então este não foi meu primeiro rodeio com uma bola de
futebol. Estendi as mãos e a bola me atingiu com força no peito,
mas consegui segurar.

— Vá — Jett e Gray gritaram descontroladamente, e corri para


a zona final, acertando a bola quando cruzei a linha.

Ouvi Leo gritando e fazendo uma cena enquanto se sentava no


banco com minhas irmãs da irmandade.

Todas as garotas correram para mim e Tiffany gritou


ofensivamente do lado de fora. O juiz soprou seu apito e disse a ela
para se acalmar, e todos nós rimos.

— Eu sabia que você tinha velocidade, mas caramba, G. Isso


foi incrível pra caralho — Gray falou, inclinando-se para prender o
cabelo que se soltou do meu rabo de cavalo atrás da minha orelha.
— O que posso dizer? Sou cheia de surpresas. — Sorri.

O calor em seus olhos fez borboletas enxamearem minha


barriga. — Você com certeza é.

Corri em direção a Addy assim que Jett a colocou de pé depois


de girá-la. Nós batemos as palmas e fomos até o banco ao lado de
Leo.

Infelizmente, Pi Delta marcou na próxima jogada, empatando


o jogo antes do intervalo.

A segunda metade do jogo foi rápida. A outra equipe pareceu


fracassar e perder o interesse, mas continuamos nos arrastando
pelo campo. Nossa defesa foi rápida e Pi Delta nunca mais chegou
perto de marcar. Addy e eu fizemos a mesma jogada mais duas
vezes, ambas resultando em touchdowns, e saímos vitoriosas do
campo.

Pulamos e aplaudimos, e foi a primeira vez que eu realmente


senti que estava criando um vínculo com minhas irmãs da
fraternidade.

Até Tiffany estava sendo legal. Ela me puxou de lado. — Ei, eu


sei que você é como a irmã mais nova de Gray e tudo, então eu
espero que você possa me ajudar com ele. Quer dizer, olhe para
ele. Ele é tão gostoso. Você pode falar bem de mim, visto que sou
a razão pela qual você recebeu uma proposta para entrar na casa?

Não foi a primeira vez que ela me lembrou que tinha ajudado
Addy e a mim quanto à proposta. A garota gostava de tocar sua
própria buzina. E o pensamento dela e Gray juntos me deixou
doente. Não havia nenhuma maneira no inferno que eu iria ajudá-
la a fazer isso acontecer.

— Hum, ele é o melhor amigo do meu irmão. Eu realmente não


tenho uma palavra a dizer sobre quem ele namora.

— Vamos, Gigi. Ajude uma garota. Ele confia em você. Posso


ver isso — ela falou enquanto Addy, Jett, Leo e Wade se
aproximavam.

— Nós vamos pegar alguns sanduíches, vocês querem vir? —


Addy me perguntou antes de olhar para Tiffany, que eu sabia que
ela não gostava, mas ainda a convidou para se juntar a nós porque
ela não tinha um osso mau em seu corpo.

— Você deveria vir — disse Wade, voltando sua atenção para


mim.

Sem vibração.

Mas ele era muito legal.

— Você está vindo. Estou morrendo de fome e acabei de


sobreviver ao meu primeiro jogo de futebol. — Leo passou um
braço em volta de mim.

Gray se aproximou colocando uma camiseta pela cabeça, e


estudei cada movimento seu. A maneira como seus braços se
flexionaram enquanto puxava o tecido de algodão para baixo. A
maneira como seu pomo de Adão balançou em sua garganta
quando seu olhar travou com o meu. Minha boca ficou seca e tomei
um gole da minha garrafa de água para esfriar.
— Bom jogo. Vocês duas dominaram — ele disse, e seus olhos
nunca deixaram os meus.

— Foi divertido. Quer vir com a gente pegar um sanduíche? —


perguntei, e minha língua mergulhou para molhar meus lábios
enquanto fazia todos os esforços para agir completamente natural.

Seus olhos se moveram de Jett e Addy e Leo para Wade, antes


de voltar para mim. — Nah. Vocês se divirtam. Obrigado por
ajudar, Jett. Até mais.

Ele correu para longe e meu coração afundou. Por que ele
estava me evitando de novo?

— Gigi, vá falar com ele. Você me deve, garota. — Tiffany


juntou as mãos como se estivesse orando e Addy e Leo reviraram
os olhos com irritação.

— Ok. Eu já volto, e então estarei pronta para ir. — Na


verdade, fiquei feliz por ter um motivo para falar com Gray.

— Ei — gritei enquanto fechava a distância entre nós, e ele se


virou.

— E aí? — ele perguntou, cruzando os braços sobre o peito,


como se estivesse se protegendo.

De mim?

Eu sou o inimigo agora?

— Tiffany me pediu para falar com você. Ela realmente gosta


de você.
Ele me estudou. — Você está me arrumando para a Tiffany
agora?

Levantei uma sobrancelha. — Não. Quer dizer, eu não tenho


muita escolha, visto que ela continua me lembrando que Addy e
eu só estamos na casa porque ela fez um favor.

Ele assentiu. — Você vai almoçar com o amigo de Jett?

— Você se importa se eu for? — Levantei uma sobrancelha.

— Não. Por que deveria? — falou, seus olhos duros.

— Sem razão, eu acho. Quer dizer, além do fato de que você


me beijou.

— Você me desafiou a beijar você. Eu disse que isso não


poderia acontecer de novo — disse ele, aproximando-se e
invadindo meu espaço.

Suas palavras doeram.

— Bom saber. — Eu dei um passo para trás. — Vou almoçar


com Wade. Ele parece o tipo de garoto que beija você e realmente
quer fazer isso de novo. Acho que vou ter que descobrir. Vou dizer
a Tiffany para mandar uma mensagem de texto para você. — Corri,
deixando-o parado ali, e empurrei o nó na minha garganta.

Gray deixou claro que era uma coisa de uma única vez.

Essa era uma pequena paixão boba que iria embora.

Na verdade, eu não conseguia suportar ele no momento, então


não deveria ser tão difícil.
— Ele quer que você mande uma mensagem para ele — eu
disse a Tiffany antes de me virar para o resto do grupo. — Vocês
estão prontos? Estou faminta. Acontece que marcar touchdowns
abre o apetite.

Eles riram e Tiffany me cumprimentou e me abraçou antes de


sair correndo. Caminhamos até a lanchonete no campus. Addy,
Jett e Leo estavam alguns passos à nossa frente e Wade caminhava
ao meu lado. Afastei os pensamentos de Gray e Tiffany da minha
mente.

— Então, você é de Willow Springs também? — Wade me


perguntou. Ele era muito fofo. Tinha cabelos loiros e olhos
castanhos, e parecia um bom cara. Ele era definitivamente gentil
e doce, o que estava em contraste direto com o garoto que acabara
de ferir meus sentimentos.

— Sim. Todos nós crescemos lá. — Senti uma pontada de


tristeza ao falar de casa. Sentia saudades dos meus pais, do meu
irmão e das minhas melhores amigas. Graças a Deus, Addy estava
aqui comigo.

E Gray.

Não. Ainda o odeio.

Wade e eu conversamos durante nossa caminhada e durante


o almoço, e ele foi ótimo. Meu telefone vibrou na mesa e eu o peguei
para ver uma mensagem do inimigo.

Gray ~ Você está com raiva de mim, G?


Eu ~ Aborrecida é uma descrição melhor.

Gray ~ Justo. Você está almoçando com aquele cara?

Eu ~ Sim. Você não se importa, lembra?

Gray ~ Eu não me importo. Apenas verificando você. Divirta-se.

Eu ~ Eu te odeio.

Gray ~ Tudo não estaria certo no mundo se você não odiasse.

Larguei meu telefone de volta na mesa e o silenciei. Estava


cansada de jogar com Gray Baldwin.

Ele estava certo.

Tudo estava bem no mundo quando eu o odiava.

E na maioria das vezes era fácil para mim.


Capítulo Dez

Gray

Fazia uma semana desde o jogo de futebol americano e Gigi


não tinha respondido a uma porra de mensagem. Ela estava
chateada. Bem. Mas não deveria sumir de mim quando eu deveria
estar de olho nela. Eu tinha passado por seu dormitório algumas
vezes e ela não abria a porta quando estava lá.

Era o melhor. Eu nunca deveria a ter beijado. Agora ela me


odiava mais do que nunca e eu estava fodido com o maldito beijo.
Não conseguia tirá-la da minha cabeça. Minha mão provavelmente
empolaria com a quantidade de vezes que eu me esfreguei no
chuveiro para tentar superar isso.

A fodida da Lila apareceu na minha porta na casa da


fraternidade e caiu de joelhos.

Pronta e disposta.

E adivinha o que? Não gostei disso. Tentei chegar lá. Fiquei


com ela por um ou dois minutos e apenas disse que não estava me
sentindo bem.

Estava sofrendo de abstinência de Gigi.

Fodido.
— Gray, você pode esperar um minuto? — o professor
Lambrose gritou enquanto eu caminhava para a porta com o resto
dos alunos da minha aula de Direito Empresarial e Ética.

— Claro. E aí professor? — perguntei, tentando pensar se eu


tinha esquecido uma tarefa. Duvidoso. Eu nunca tive minhas
merdas mais organizadas do que neste ano, e eu estava arrasando
nas minhas aulas até agora. Acontece que estar sóbrio
compensava em mais de uma maneira.

— O trabalho que você enviou recebeu a maior pontuação da


classe. Você ficou do lado oposto e me conquistou. Posso prometer
a você, isso não acontece com frequência. — O professor Lambrose
era um homem baixo, robusto e famoso por ser um destruidor de
bolas. Isso foi definitivamente inesperado.

— Obrigado, senhor. Isso significa muito.

— Bom. Eu não dou elogios facilmente. Você me impressionou.


Suponho que você gostaria de ir para a faculdade de direito? — ele
perguntou.

— Esse é o objetivo, sim.

— Quando você estará fazendo o LSAT8? — Ele empilhou uma


pilha de papéis ao lado de seu laptop e olhou para mim.

— Eu ia encomendar os materiais de estudo durante as férias


de inverno e passar o próximo semestre me preparando, espero
fazer durante o verão. Gostaria de ir para o último ano com isso
resolvido — falei, mudando meus pés com desconforto. Não estava
8
LSAT – Legal Scholastic Aptitude Test. Trata-se do teste de aptidão aplicado aos estudantes que, tendo
terminado a faculdade, candidatam-se ao curso de Direito.
acostumado a receber elogios de professores. Claro, sempre me saí
bem nas aulas, pontuava alto, mas nunca me comprometi o
suficiente para ser o melhor da classe.

Foi bom pra caralho.

— Tenho um amigo no tribunal que aceita estagiários por


recomendação minha. Acho que seria uma boa opção para você,
iria permitir-lhe algumas experiências da vida real. Você estaria
interessado?

Meu queixo caiu. Uma recomendação vinda deste homem era


o melhor que podia acontecer. Ele só dava uma aula para alunos
de graduação e passava o resto do tempo como professor na
Faculdade de Direito da TU, que por acaso era minha primeira
escolha.

— Eu estaria absolutamente interessado. Sim. Muito obrigado.

Ele estendeu a mão e apertou a minha com força. — Considere


isso feito. Vou marcar uma reunião. Mantenha o bom trabalho.

— Sim, senhor. — Saí da sala de aula com a sensação de ter


três metros de altura. E a primeira pessoa que eu queria falar era
a única pessoa que atualmente não estava falando comigo. Eu
disquei o número dela e segurei o telefone no meu ouvido. Olhei
para o campus para ver Gigi do outro lado do pátio. Ela estava com
o telefone na mão e olhou para a tela, mas não respondeu. Eu
podia ver a trinta metros de distância que ela estava sorrindo, e
não pude deixar de rir. Eu rapidamente digitei uma mensagem.

Eu ~ Você rejeitou minha chamada, G. Não é legal. Olhe para cima.


Ela olhou para a tela enquanto eu me apoiava em uma árvore,
observando-a.

Incrivelmente linda.

Ondas louras caíam sobre seus ombros e ela usava uma


pequena minissaia floral, um suéter branco e uma espécie de bota
curta que todas as garotas usavam aqui.

Ela olhou para cima e encontrou meu olhar. Seu sorriso era
tão brilhante que minha respiração ficou presa na garganta. Mas
então seus olhos endureceram e ela fez uma careta.

Ainda chateada.

Ela invadiu meu caminho e eu não me mexi. Eu iria aproveitar


este momento. A maneira como seus quadris balançavam e suas
pernas brilhavam ao sol.

— Você está me perseguindo agora? — assobiou.

Inferno, eu nem me importava com uma Gigi com raiva. Tinha


sentido falta de vê-la e iria aceitá-la de qualquer maneira que eu
pudesse.

— Certo. Se é isso que preciso fazer.

— O que você quer? — ela perguntou, e eu poderia dizer que


ela estava tentando esconder seu sorriso. Gigi era boa até o âmago,
mesmo em seu pior dia, embora tentasse provar que eu estava
errado quando estava com raiva.
— Queria te dizer uma coisa. — Cruzei uma perna sobre a
outra e minha língua mergulhou para molhar meus lábios. O
cheiro de pêssegos me oprimiu e lutei contra a vontade de puxá-la
para perto.

— Por que você não conta a Tiiiiifany? — ela disse o nome


lentamente e revirou os olhos.

— Por que diabos eu diria a ela?

— Ela me disse que vocês saíram outro dia. Eu nem quero


saber o que isso envolve — ela falou, antes de girar nos
calcanhares e sair correndo.

— Ei — gritei enquanto corria atrás dela.

Nunca pensei que perseguiria qualquer garota antes. Mas Gigi


era diferente.

Estendi a mão para ela e a envolvi em torno de seu pulso antes


que ela se virasse e seu peito se chocasse contra o meu. — O que?

— Nada aconteceu com Tiffany. Nós não saímos. Ela parou lá


em casa e me levou biscoitos. Eu não gosto dela desse jeito. Mas
algo bom acabou de acontecer comigo agora. — Corri minha mão
livre pelo meu cabelo, mas mantive meus dedos em volta dela
porque eu não queria arriscar que fugisse novamente. — E eu
queria te contar.

Ela olhou para minha mão em seu pulso e levantou uma


sobrancelha. — O que aconteceu?
Seu tom era exasperado e eu não pude deixar de rir. Minha
mãe me disse que eu estava esgotando minha vida inteira. Mas eu
nem tinha começado com Gigi Jacobs.

Eu a soltei porque sabia que ela esperaria para ouvir o que eu


diria. Ela era boa assim. Atenciosa. Enfiei minhas mãos nos bolsos
porque de repente me senti como um idiota carente. Eu
normalmente não me sentia estranho, mas estava sentindo isso no
momento.

— Eu, uh, bem, o professor Lambrose, meu instrutor de


Direito e Ética Empresarial, acabou de me oferecer uma
recomendação para um estágio de verão no tribunal.

Sua cabeça inclinou para o lado enquanto ela me estudava, e


um sorriso se espalhou por seu rosto. — Isso é incrível. O que o
fez oferecer isso a você? Você fez uma prova?

Poucas pessoas se interessavam pelos momentos alheios, mas


Gigi sempre se interessou. Claro, ela queria saber mais.

— Acho que obtive a maior pontuação nos artigos que


submetemos. Inferno, talvez tenha sido um erro. — Eu ri, tentando
amenizar isso.

— Não faça isso. — Ela estendeu a mão e tocou meu antebraço,


e me senti grato por estar usando moletom, esperava que
escondesse a barraca que estava montando acampamento em
minhas calças. — É incrível. Parabéns.

— Obrigado.

Minha pele esquentou onde sua mão me tocou, e gostei por ela
não ter se afastado. — Então, por que você quis me dizer? Você
não queria ligar para Tiffany ou uma de suas outras vadias? — ela
sibilou para mim e eu não pude deixar de rir.

Ela era tão fofa quando estava com ciúme. Eu estava pisando
em território perigoso e sabia disso. Mas não conseguia ficar longe.

— Eu não as conheço minha vida inteira — falei. Minha mão


veio sobre a dela porque eu precisava senti-la ainda mais.

Ela olhou para mim, e seu azul safira travou com o meu. —
Então, ligue para Cade.

— Eu vou. Mas quis ligar para você primeiro.

Seus dentes afundaram em seu lábio inferior rechonchudo e


ela sorriu. Foi um sorriso que poderia iluminar a porra do mundo.
Eu gostaria de poder engarrafar essa merda e manter comigo.

— O que você está fazendo agora? — Ela puxou a mão e


colocou o cabelo atrás da orelha.

— Voltando para a casa, por quê?

— Venha comemorar comigo. Estou indo para o estúdio de


cerâmica. Eu o reservei por uma hora. Vou te mostrar meu projeto.

— Bem, eu geralmente comemoro com algumas doses de


uísque, mas como não estou bebendo, acho que a cerâmica
funciona. — Não tinha nenhum desejo de ir para um maldito
estúdio de cerâmica, mas queria passar mais tempo com ela.

Que porra você está fazendo, idiota?


— Vamos, meu pequeno perfeccionista — disse ela sobre uma
risada e meu peito filho da puta apertou com suas palavras.
Estávamos brincando com fogo. Isso não poderia ir a lugar
nenhum. Gigi merecia um cara muito melhor do que eu. Merda,
ninguém era bom o suficiente para ela, inclusive eu. E eu era muito
impressionado comigo mesmo, então isso dizia muito. Mas Cade
era como um irmão para mim, e sua irmã estava muito fora dos
limites. Ele sabia quem eu era, e ele nunca ficaria bem com isso.

Mas poderíamos ser amigos. Nós poderíamos sair. E isso era


tudo, certo?

Entramos no estúdio de cerâmica e ela se inscreveu na mesa.


Eu a segui até uma sala dos fundos. Éramos os únicos aqui e ela
acendeu a luz. Havia prateleiras cheias de diferentes peças de
cerâmica e ela se moveu em direção a uma tigela grande e um vaso.
Eu olhei seu traseiro. Sua saia balançava contra suas coxas
enquanto ela caminhava em direção às prateleiras. Eu queria
alcançar minha mão sob sua saia e tocá-la onde eu sabia que
estava morrendo de vontade de ser tocada.

Tira a porra da cabeça da sarjeta, seu canalha.

— Esses são meus — disse ela, estendendo a mão para agarrá-


los. Corri quando o vaso quase tombou, meu peito pressionando
suas costas, enquanto estendia a mão e o pegava. Ela respirou
fundo antes de se virar para mim. Peito a peito. Respirações vindo
rápido.

— Aqui está. — Entreguei a ela o vaso e agarrei a tigela antes


de dar um passo para trás.
Nós os colocamos na mesa e ela puxou uma cesta de tintas,
espremendo-as em um prato com pequenos círculos para separar
as cores. — Por que você não pinta o vaso para dar à minha mãe
no Natal? Ela vai adorar.

Eu ri enquanto estudava a peça intrincada. — Eu não pinto,


G.

— Sim? Bem, você também nunca ficou sóbrio por meses


seguidos, nunca recebeu ofertas de estágios incríveis de seus
professores e você não beija a irmã mais nova de seu melhor amigo.
Então, talvez dê uma chance a isso? — Ela arqueou uma
sobrancelha e eu não pude deixar de rir.

Ela percebeu que eu não tinha bebido nada desde o início das
aulas. E isso era uma coisa boa, porque se eu fosse um idiota
bêbado agora, eu a teria esparramada nesta mesa embaixo de
mim, fazendo todas as coisas que eu queria fazer com ela. Esse era
outro motivo pelo qual era bom ficar sóbrio.

— Aquilo foi uma coisa única, G.

— Eu sei. Você deixou isso perfeitamente claro, e só Deus sabe


onde sua boca esteve desde que tocou a minha. — Ela revirou os
olhos e estremeceu de forma dramática, e cobri minha boca com a
mão para que ela não visse meu sorriso.

— Você me conhece muito bem. É por isso que precisamos ter


certeza de que isso nunca aconteça novamente. Você poderia fazer
muito melhor. — Mergulhei meu pincel na tinta laranja porque
sabia que essa era a cor favorita de Katie. Olhei para ver Gigi com
sua tigela virada enquanto pintava a base, então fiz o mesmo.
— Concordo. Mas eu tenho uma pergunta — falou, e um tom
rosa cobriu suas bochechas. Ela não olhou para mim, então eu
sabia que estava nervosa, e nunca quis que ela se sentisse assim
perto de mim.

— Fale-me. — Cobri a metade inferior da cerâmica com tinta


laranja e estudei meu trabalho. Ficou uma merda.

Ela olhou e sorriu. — A primeira cerâmica nunca parece boa.


Você consegue.

— Qual é a sua pergunta?

— Aquele beijo. É sempre assim para você? — Seus olhos


estavam focados em sua tigela e eu sorri. Não pude evitar. Porque
aquele beijo de merda estava assombrando meus sonhos.
Consumindo meus pensamentos.

— Você nunca foi beijada adequadamente antes? — Minha voz


estava rouca, e me ajustei debaixo da mesa enquanto a simples
menção de sua doce boca deixava meu pau em alerta máximo.

— Não assim. Quer dizer, o que aconteceu, você sabe, no final.


— Ela riu e cobriu os olhos com a mão e balançou a cabeça. —
Aquilo foi constrangedor. Nunca aconteceu comigo antes.

Meu Deus, meu pau estava lutando tanto contra meu moletom
que fechei os olhos e tentei pensar em qualquer coisa para me
acalmar.

Vômito.

Filmes de terror.
Cachorrinhos doentes.

Simon, meu padrasto idiota.

Funciona sempre.

— Nada para se envergonhar. É chamado de orgasmo, e é uma


coisa boa.

— Oh, meu Deus — ela sussurrou. — Eu sei o que é isso. Você


teve um? Ou só eu?

Minha cabeça caiu para trás de tanto rir, e ela franziu a testa.
— Não estou rindo de você, G. Apenas rindo da situação. Digamos
que tive cerca de quatrocentos orgasmos revivendo aquele beijo.
Isso faz você se sentir melhor?

E estou duro de novo.

— Oh. Bom saber.

— Na verdade. É um jogo perigoso que você está jogando,


trazer tudo isso à tona. Só porque foi bom, não significa que
deveria ter acontecido.

— Por quê? Por causa de Cade? — Ela mergulhou o pincel na


água antes de cobrir com tinta rosa.

— Essa é uma de muitas razões. Ele me mataria, você está


brincando? Ele é meu melhor amigo. Meu número um. E você sabe
que isso não pode ir a lugar nenhum. Você só ficou um pouco
nervosa porque claramente nunca beijou ninguém que soubesse
como fazer você se sentir bem. Fique longe de idiotas egoístas, G.
— Sim, estou trabalhando nisso. — Ela levantou uma
sobrancelha e encontrou meu olhar, deixando claro que pensava
que estava olhando para um.

— Você acha que eu sou egoísta? Sério? Esta é a coisa mais


altruísta que já fiz.

— Então por que você continua mandando mensagens de texto


e ligando? Deixe isso ir.

— Então o que? Nós nos beijamos uma porra de uma vez e


agora você não quer falar comigo? Não podemos fazer isso. Não vai
acontecer.

— Talvez não dependa de você, Gray. Você não dá as cartas.

Eu estava muito feliz por ela estar ficando brava, porque essa
era a única maneira de evitar que as coisas piorassem novamente.

— Tem razão. Você dá as cartas aqui. Portanto, faça boas


escolhas. — Segurei meu vaso porque o lado de fora estava
completamente coberto com tinta laranja e parecia uma merda.

— Eu sempre faço. — Seu rosto endureceu e ela olhou para o


vaso. — Você precisa pintar em uma direção na próxima camada,
para que as linhas não apareçam.

— Eu não tenho a mínima ideia do que isso significa.

Ela se levantou com aborrecimento e ficou tão perto de mim


que fui inundado com o cheiro de pêssego. Respirei em toda a sua
bondade. Sua mão pousou sobre a minha e ela a moveu para frente
para mergulhar o pincel na tinta, antes de me guiar para mover as
cerdas em longas pinceladas ao longo do comprimento da
cerâmica. De novo e de novo. Sua mãozinha manobrou a minha
com perfeita precisão.

— Sem pressa. Não se apresse — ela sussurrou, e sua voz era


abafada e carente.

Santo Deus.

Tudo com essa garota era sexual agora?

Ela moveu minha mão.

Longo, lento e gentil.

E eu queria virá-la sobre a mesa e fazer do meu jeito com ela.

— Ok, entendi. Eu entendi — assobiei, puxando minha mão.


Ela voltou para seu assento com um sorriso malicioso espalhado
em seu rosto, como se estivesse orgulhosa. — Você acha que é
engraçada com essa merda?

Ela se virou para olhar para mim. — Apenas fazendo boas


escolhas, certo?

Revirei meus olhos. Ela me deixou todo agitado e parecia


muito satisfeita consigo mesma. Meu telefone vibrou e eu o tirei do
bolso de trás. Meu pau estava realmente esfregando contra o tecido
do meu moletom neste momento, eu estava irritado, e se fosse
possível morrer de um caso grave de bolas azuis, eu poderia muito
bem ir para o necrotério agora.

Cade.

Sempre lá para me dar um alerta.


Meu melhor amigo.

Meu irmão.

Mostrei a tela a ela antes de colocar no viva-voz. — E aí?

— Bem. Indo para a aula. O que você está fazendo?

— Estou em um estúdio de arte de merda com sua irmã.


Encontrei ela no campus — falei, olhando para ela porque eu não
conseguia tirar meus malditos olhos dela.

— Ei. Ele está mentindo. Ele ama isso. — Ela se aproximou do


telefone e eu dei um passo para trás, o que a fez rir.

— Por que diabos você está no estúdio de arte? Isso tem que
ser a primeira vez.

— Eu encontrei com ele no campus. Seu melhor amigo acabou


de receber uma oferta de estágio de verão no tribunal porque
obteve a maior pontuação em seu trabalho. Então, eu disse a ele
para vir comemorar pintando um vaso para mamãe. — Ela riu e
eu rolei meus olhos porque ela estava me elogiando mais do que o
necessário.

— Cara. Isso é incrível. Parabéns. E eu agradeço por você ficar


de olho em Gigi.

Ela revirou os olhos. — Você sabe que eu posso te ouvir. Ele


não está de olho em mim. Eu sou uma garota crescida. Ele está
pintando um vaso para a mamãe. E eu tive que mostrar a ele como
fazer isso, então aí está.
— Você sabe o que quero dizer, irmão. Obrigado por estar
sempre me ajudando — disse Cade. — Eu estava ligando para
avisar que eu e Camilla vamos visitar vocês neste fim de semana.
Quero ver o último jogo de Jett e pensei que poderíamos sair
juntos. Eu quero que vocês a conheçam.

— Oba, finalmente conseguirei conhecê-la — disse Gigi, e seus


lábios se ergueram nos cantos. — Parece que todo mundo está
crescendo.

Não perdi a insinuação ou a maneira como sua sobrancelha


subiu em desafio quando olhou para mim.

— Soa bem. E quero conhecer esse cara de quem você me


falou, Gigi. O que você gosta. Você já o conheceu, irmão?

Meu queixo caiu.

Ela gosta de outra pessoa?

Que porra é essa?

— Eu não o conheci. Mas farei isso antes de você chegar aqui.

— Eu sabia que você iria. Vejo vocês em alguns dias.

Encerrei a ligação e olhei para ela.

— Você tem algo que quer me dizer? — Eu cruzei meus braços


sobre meu peito.

Ela riu. — Não é realmente sua preocupação, certo?

Foda-se isso.
Tudo sobre essa garota era minha preocupação.
Capítulo Onze

Gigi

A expressão em seu rosto não tinha preço. Ele se virou e saiu


do estúdio de arte quando eu me recusei a lhe contar quaisquer
detalhes e mencionei o fato de que ele bateu no último garoto com
quem saí.

Eu mal podia esperar para informar as meninas quando


tivéssemos nossa chamada das Magic Willows no Zoom esta tarde.

Cade me pegou em um momento de fraqueza, fazendo-me um


milhão de perguntas, e eu admiti que tinha uma queda por um
cara. Não mencionei que era o melhor amigo dele, porque acredite
em mim, fiquei tão surpresa com a revelação quanto ele.

Mas eu gostava de Gray.

Gostava muito dele.

Não conseguia parar de pensar naquele beijo. Eu sabia que ele


também. Mas estava com tanto medo de bagunçar as coisas e eu
entendia isso. Realmente entendia. Éramos família. Isso podia dar
muito errado. Eu nunca gostaria de fazer nada para atrapalhar
sua amizade com meu irmão.
Mas isso era separado. Eu não entendia por que não podíamos
simplesmente guardar para nós mesmos e ver o que acontecia
antes de envolvermos mais alguém.

— Ei, garota — Leo gritou e se moveu a passos largos ao meu


lado.

— Oi. Como você está? — perguntei enquanto caminhávamos


para a nossa aula de História da Arte.

— Bem, eu tenho um pouco de fofoca. Você conhece aquele


cara gostoso que está na nossa aula de cerâmica com o cabelo loiro
desgrenhado que parece um garoto surfista sexy?

Eu ri. — Sim. Você o apontou muitas vezes.

— Ele me encontrou esta manhã no campus e falou comigo —


disse ele, abanando o rosto. — Eu morri. Mas enfim... eu esperava
que ele jogasse pelo meu time, mas ele me perguntou sobre você.

— Eu?

— Eu sei. Sua pequena pagã de sorte. Você está de olho no big


daddy Gray, e agora tem um surfista gostoso balançando a língua
em sua direção. Oh, o que aquela língua poderia fazer.

— Você é insano. Gray apenas deixou bem claro que nada pode
acontecer entre nós. E agora meu irmão está vindo para a cidade
e quer conhecer o cara que eu gosto, porque é claro que eu disse
que estou interessada em alguém quando ele perguntou, mas não
falei que era o melhor amigo dele. E Gray está fervendo de raiva
porque pensa que eu conheci alguém. Minha vida é uma bagunça.
— Amiga, você tem aquele garoto todo nervoso por sua causa.
Então você convida o surfista para sair neste fim de semana. Ele
com certeza se encaixa no papel. Talvez você acabe gostando dele,
ou pelo menos apenas fique com ele. Estou feliz de sair com vocês
e estar lá esperando nos bastidores se ele decidir pular do barco
da vagina — disse Leo.

— Você é louco. Ele é bonito. Qual o nome dele?

— Oh, querida. É um nome tão bom. River. Eu gostaria que


esse rio9 passasse por mim.

Caí para trás na minha cadeira de tanto rir. — Deixe-me


pensar sobre isso.

O professor Tomlin entrou, peguei meu caderno e comecei a


trabalhar.

Quando a aula terminou, Leo pegou seu celular e engasgou.


— Oh, querida. Ele já está me enviando mensagens perguntando
sobre você. Nosso pequeno River está mal. Ele quer saber se
estamos planejando ir à festa Sig Alpha neste fim de semana. Ele
quer que eu dê a ele seu número para que possa te enviar uma
mensagem de texto. Você está bem com isso?

Meu estômago caiu com a ideia de ver Gray, e fazer isso perto
do meu irmão seria definitivamente diferente. Tenho certeza de que
Gray iria me ignorar completamente na frente de Cade.

9
O nome River significa rio em português.
— Sim. Estou perdendo meu tempo com Gray. Ele está certo,
nada vai sair disso. Preciso começar a conhecer outras pessoas.

Ele gritou: — Eu amo esse seu lado.

Eu ri e concordamos em nos encontrar mais tarde. Corri de


volta para meu dormitório para minha conversa com as Magic
Willows. Sempre era o ponto alto do meu dia quando todas nós
conversávamos. Isso me fazia sentir perto de casa.

— Aqui está ela — disse Addy quando me sentei ao seu lado


na cama, encostando minhas costas na parede.

— Ei — gritei, observando cada um de seus rostos bonitos.


Coco estava sentada em sua mesa no dormitório que parecia algo
saído de uma revista. A menina tinha um dom para o design,
nenhum ‘se’, ‘e’ ou ‘mas’ sobre isso.

— Oi, G, sentimos sua falta — Maura e Ivy disseram ao mesmo


tempo. Elas estavam sentadas juntas em uma cama em seu
dormitório também.

— Então, dê-nos a atualização. Addy estava apenas nos


contando um pouco sobre Gray. Ela acha que ele está totalmente
a fim de você e eu também acho. E, obviamente, raramente estou
errada sobre essas coisas. — Coco se inclinou para frente e jogou
seu cabelo loiro sobre um ombro. Atrás dela estavam desenhos de
moda em preto e branco que ela havia esboçado e emoldurado.

— Não importa. Ele não vai agir sobre isso, e Cade está vindo
para a cidade neste fim de semana, então será apenas mais um
lembrete de que não podemos ir a lugar nenhum. — Dei de ombros.
— Mas Leo acabou de me dizer que um cara fofo na minha aula de
cerâmica quer se encontrar na festa Sig Alpha neste fim de
semana.

— Ooohhh. Talvez isso dê algum sentido a Gray. — Maura deu


um longo gole em sua garrafa de água depois de falar.

— Concordo. Talvez você precise mostrar o que ele está


perdendo — disse Ivy com uma sobrancelha levantada.

— Eu não acho que ele vai fazer algo sobre isso. E você conhece
Gray. Ele tem uma tonelada de garotas o perseguindo. ECA. Nem
me fale sobre a nossa presidente de fraternidade, Tiffany. Ela está
obcecada por ele e continua me pedindo conselhos.

Coco riu e balançou a cabeça antes de se recompor. — A garota


está marcando seu território. É melhor se mexer, Gigi. Você tem
alguma competição.

— Eu não estou perseguindo-o como um cachorrinho. Talvez


ele não tenha gostado de me beijar e não queira me dizer. — Claro,
ele alegou que gostou quando estávamos no estúdio de cerâmica,
mas Gray também não ia querer magoar meus sentimentos.

— Por favor. Quem não gostaria de beijar você? — Ivy falou,


cruzando os braços sobre o peito. — Digo que você deve se
encontrar com o outro garoto e ver o que Gray faz sobre isso. Na
pior das hipóteses, talvez você acabe gostando desse outro cara, o
que seria muito menos complicado.

— Verdade — falei. — O que está acontecendo com você?


Alguma atualização sobre Ty?

— A irmã dele me mandou uma mensagem outro dia para me


informar que alguma grande gravadora está contratando-o em
Nashville. Tenho certeza de que ele será uma grande estrela e
dormirá seu caminho por todo o Tennessee enquanto pisa no meu
coração e na minha virgindade. Eu o odeio.

— Você não o odeia, Ive. — Coco inclinou a cabeça para o lado


e seus olhos se encheram de empatia. — Está tudo bem ficar triste
por causa dele.

— É mais fácil odiá-lo. — Ivy enxugou a lágrima escorrendo


por sua bochecha, antes de balançar a cabeça e levantar o queixo.
— De qualquer forma, tenho um encontro hoje à noite. O nome
dele é Willie e ele é muito fofo e legal. Nós vamos jantar.

— Oh, eu me pergunto se ele tem um grande willie? — Coco


disse com um sorriso malicioso.

Ela não se conteve.

— Claro, você vai por aí. Não estou interessada em saber mais
sobre seu testamento, muito obrigada. O pênis de Ty me marcou
para o resto da vida.

Todas nós rimos.

— Você vai superar isso, Ivy. Prometo. — Addy sorriu. — Você


já ouviu falar de Shaw, Co?

— Nós mandamos mensagens ocasionalmente. Mas você viu o


post dele no Instagram com a loira gostosa? Acho que Shaw está
bem sozinho. — Ela revirou os olhos. — Você ainda fala com Kyle,
Maura?

Kyle era o namorado colegial de Maura, e eles se separaram


durante nosso último ano depois que ele foi para a faculdade.
— Não, não temos conversado e está tudo bem. Estou me
divertindo aqui. — Ela sorriu e suas bochechas ficaram vermelhas.

— Nossa pequena Maura está recebendo muita atenção dos


caras aqui — disse Ivy, franzindo as sobrancelhas. Maura e Ivy
sempre foram garotas de relacionamento. Elas tiveram namorados
no ensino médio e as duas estavam indo a encontros agora que
estavam solteiras.

— Isso é porque você é quente como o inferno, garota. Vocês


todas são. Como tivemos a sorte de nos conhecer quando éramos
tão jovens e todas acabamos sendo gostosas? — Coco perguntou,
e todas nós caímos na gargalhada mais uma vez.

— Magic Willows para a vida toda — falei.

Continuamos conversando pela hora seguinte, contando cada


pequeno detalhe de nossas vidas, como sempre fazíamos.

Meu irmão me levantou do chão e me girou. — Senti sua falta,


irmã.

— Senti sua falta também — eu disse, colocando meu vestido


curto e esvoaçante no lugar e me virando para encarar Camilla.
Ela era linda. Cabelo castanho comprido ondulado, olhos
castanhos e um sorriso caloroso. Ela era alguns centímetros mais
alta do que eu, e ela e Cade pareciam realmente fofos juntos. — Ei,
Camilla. Prazer em te conhecer. Sou Gigi.

— Você pode chamá-la de G-money se quiser. — Gray valsou


atrás de mim e eu enrijeci.

— Por favor, não. Não sei por que ele insiste em me irritar. —
Olhei para o garoto que estava consumindo todos os meus
pensamentos, lembrando a mim mesma que eu o odiava.

Ele bagunçou o topo da minha cabeça e revirei os olhos. Sim,


entendi, amigo. Nós somos apenas amigos.

Eu o ouço alto e claro.

— É tão bom te conhecer, Gigi. Seu irmão fala de você o tempo


todo. — Ela me puxou para um abraço.

— Awww... obrigada. Ele fala muito sobre você também. Não


posso acreditar que você a fez ficar naquela casa de fraternidade
nojenta. — Tentei disfarçar meu sorriso quando olhei para Gray.

— Desagradável? Aquele quarto é digno da porra da realeza.

Levantei uma sobrancelha. — E deixe-me adivinhar. Você é o


rei?

— Você sabe, G. Vou dar meu quarto para Cade e Camilla


neste fim de semana. Vou dormir no sofá.

— Isso é tão legal da sua parte, Gray. Acabamos de deixar


nossas coisas na casa dele e tem um banheiro privado, então
parecia bom — disse Camilla.
Eles foram para a casa de Gray primeiro, e ele os trouxe ao
campus para me encontrarem para o almoço.

— Cara, você não precisa dormir no sofá. Você não me disse


que Addy está sempre dormindo na casa de Jett? Por que você não
dorme na cama dela? — Cade perguntou, e meu corpo inteiro ficou
imóvel.

Gray olhou para mim, não deixando nada óbvio que isso
poderia ser estranho. — Pode ser. Vamos ver. Você vai para a festa
amanhã à noite, certo? — ele me perguntou.

— Sim. Na verdade, vou encontrar alguém lá — contei, e mal


pude esconder minha emoção em dizer isso. Mal podia esperar
para ver a reação de Gray.

— Ah, é esse o cara de quem você me falou? — Cade


perguntou, e não perdi a maneira como as mãos de Gray se
fecharam em punhos ao seu lado.

— Sim. É sim. Não o conheço bem, mas ele parece ser muito
legal e é muito, muito bonito. — Alegremente acentuei as últimas
palavras e Camilla bateu palmas.

— Oh, isso é tão divertido. Mal posso esperar para conhecê-lo.

— Sim. Eu também. — A voz de Gray permaneceu


completamente calma e controlada.

Caramba.

— E você, irmão? Alguém em vista? — Cade perguntou


enquanto caminhávamos para o restaurante.
— Sim, você me conhece. Tenho algumas em jogo. A presidente
da fraternidade de Gigi estará lá, e ela definitivamente está
caidinha. — Ele arqueou as sobrancelhas e fervi quando a
recepcionista nos levou para a mesa.

— Oh, sim, ela é um verdadeiro doce.

— Você tem um problema com a Tiffany, G? — Gray perguntou


com um sorriso arrogante.

— Você não gosta dela? — Cade pegou um pedaço de pão e


encontrou meu olhar.

— Ela é legal. Ela só gosta de jogar na minha cara que é a


razão de eu ter entrado na casa. Mas de qualquer forma. Se Gray
gosta de ter sua pata em cima dela, vá em frente. Por que eu me
importaria? — assobiei, e o olhar de Camilla saltou entre mim e
Gray. Meu irmão olhou para o telefone como se não tivesse notado
nada.

— Você entrou naquela casa porque é incrível. Foda-se ela —


Cade disse. — Sem ofensa se você gosta dela, irmão.

Gray riu. — Eu não preciso gostar dela para transarmos.

Seus olhos pousaram nos meus e ele parecia muito orgulhoso


de si mesmo.

— Você é nojento — falei, erguendo os olhos quando a


garçonete se aproximou.

Fizemos nossos pedidos e Camilla nos informou sobre sua


cidade natal na Geórgia. Realmente gostei dela. Ela me fez todo
tipo de pergunta sobre minha irmandade e meu dormitório. A
conversa veio facilmente e ignorei o elefante na sala.

O elefante sendo o idiota arrogante sentado ao meu lado na


mesa me fazendo sentir todos os tipos de sentimentos malucos.

Eu o odiava, mas lutei contra a vontade de tocar sua mão por


baixo da mesa.

Ele me irritava, mas eu não conseguia afastar a sensação de


seus lábios contra os meus.

Mais importante, ele estava fora dos limites por um milhão de


razões, mas eu queria desesperadamente ficar sozinha com ele em
seu quarto novamente. Ou meu quarto.

Ou qualquer quarto, por falar nisso.

— Você está muito bem — Addy falou quando me virei para o


espelho de corpo inteiro.

— Obrigada. Queria que você fosse esta noite. — Calcei


minhas botas de salto e olhei mais uma vez no espelho.

— Eu sei. Mas não há como Jett sair antes do grande jogo. O


treinador os prendeu no toque de recolher, e quero estar lá com
ele. Sei que ele finge que não fica nervoso, mas tem muita pressão
sobre ele. — Addy iria passar a noite com Jett e assistir filmes, já
que seria dia de jogo amanhã.

— Entendo totalmente. E vamos nos encontrar amanhã e ir ao


jogo juntas?

— Sim. E é melhor você me enviar uma mensagem esta noite.


Meus lençóis estão limpos se Gray precisar dormir aqui. — Ela
piscou.

— Eu envio. Espero que não, porque isso pode ser muito


estranho. E pelo jeito que ele falou sobre Tiffany, acho que ele pode
ir para casa com ela. Ele é um porco — falei, jogando um tênis no
armário com mais força do que pretendia.

Ela riu. — Confie em mim, ele não está a fim dela. Mande-me
uma mensagem se precisar de mim. E avise Cade, Camilla e Gray
que Jett conseguiu acesso para todos nós ao campo no final do
jogo amanhã.

— Tão legal da parte dele providenciar. Estou animada para


vê-lo jogar. É isso se eles não ganharem, certo?

— Sim. Dedos cruzados, eles ganham e vamos para os


playoffs.

— Tenho cem por cento de fé em Jett — falei. — Vou mandar


uma mensagem para ele desejando sorte esta noite.

— Obrigada. Amo você. Boa sorte com River — disse ela,


inclinando-se para me abraçar.

— Amo você também. — Acenei enquanto ela fechava a porta


atrás dela.
River encontraria comigo e Leo na festa com alguns de seus
amigos. Eu gostaria de poder dizer que estava nervosa ou animada
com isso.

Mas tudo que eu conseguia pensar era no garoto no qual não


deveria estar pensando.

Gray.
Capítulo Doze

Gray

Designei Ricky para a porta para ajudar a monitorar quem


entrava e saía da festa esta noite. O cara era um calouro, mas
provou ser confiável, então ele de alguma forma se tornou meu
braço direito na casa.

— Estou cuidando disso, Gray — ele disse, dando-me um soco


no punho quando meu melhor amigo saiu do meu quarto onde
estava hospedado com Camilla.

— Então, essa festa vai explodir, hein? — ele perguntou,


seguindo-me até a cozinha.

Francie tinha saído durante o dia e eu enchi um copo vermelho


Solo com cerveja do barril e entreguei a ele.

— Sim, será grande. É por isso que é bom não estar bebendo
agora. É comigo que os policiais falam quando a festa se empolga.

— Estou orgulhoso de você, irmão. — Cade ergueu seu copo e


inclinou o queixo antes de dar um longo gole.

— Surpreendentemente, não sinto falta agora. Perdi muito


tempo vivendo em uma névoa de embriaguez. — Eu ri, mas minhas
palavras vieram de um lugar honesto.
Ele assentiu. — Acredito que é bom se afastar de vez em
quando. Talvez eu precise pensar sobre isso também. Camilla tem
me falado muito sobre o quanto eu bebo com meus irmãos da
fraternidade quando temos festas.

— Gosto dela. Ela é boa para você. — Puxei uma cadeira e ele
fez o mesmo. Nem sempre era fácil encontrar um lugar para
conversar nesta casa, mas havia um silêncio antes da tempestade.

Esta noite definitivamente seria a tempestade.

— Sim. Ela é incrível, certo? — Ele pousou o copo e balançou


a cabeça. — Embora ela tenha me perguntado se você e Gigi já
namoraram. — Ele soltou uma risada e meu peito se apertou de
culpa.

— O que? Por que ela pensaria isso? — Eu me levantei para


pegar uma garrafa de água na geladeira porque não conseguia
olhar para ele agora. Cade me conhecia melhor do que ninguém.

— Eu sei. Irônico, certo? Minha mãe e Gigi estão sempre


dizendo que as garotas estão mais sintonizadas com as coisas, e
Camilla tira isso da bunda dela. Ela disse que pegou algum tipo de
tensão sexual idiota. Quase caí de tanto rir com o pensamento.
Gigi te odeia e você adora incomodá-la. É assim que funciona. Fale
sobre interpretar a situação de maneira errada. — Ele bebeu o
resto de sua cerveja.

— Sim. Acho que ela perdeu a parte em que tudo o que digo
irrita a merda da sua irmã. — Foi a única coisa que consegui
pensar em dizer que não era uma mentira descarada.
— Exatamente. E tive que lembrá-la de que você é meu irmão.
Você nunca iria lá. Jesus, cara, seu pau viu mais ação do que eu
gostaria de falar. Gigi está definitivamente fora dos limites. Camilla
entendeu agora. — Suas palavras doeram, mas ele estava certo.
Fui um pegador no colégio e nos primeiros anos de faculdade,
assim como Cade. Mas entendi por que ele não me queria perto de
sua irmãzinha. Inferno, até eu sabia que não era bom o suficiente
para ela.

— Eu ouvi você. Mas olhe para si mesmo. Você fodeu por aí


por um longo tempo antes de conhecer Camilla, e aqui está agindo
como um adulto e essa merda.

— Estou com sorte. Ela sabe quem sou e demorou um pouco


para mudar de ideia e confiar em mim, mas chegamos lá. Você
acha que vai querer isso? Gigi mencionou algo sobre sua irmã de
fraternidade. — Estava grato que a conversa tinha se afastado de
mim e de sua irmã, e eu queria manter assim.

— Nah. Ela é exagerada. Não é realmente o meu tipo.

— Foi essa com quem você transou no verão? — Ele levantou


uma sobrancelha com um sorriso malicioso e revirei os olhos.

— Ei, panela, essa é a chaleira. Você nunca dormiu com


alguém de quem se arrepende?

— Só estou te dando merda. Serei seu ala esta noite se você


precisar de mim.

— Obrigado. Que bom que você está aqui, irmão.

Ficamos sentados conversando por uma hora antes da festa.


Cade e Camilla me ajudaram a correr até a loja de bebidas em
busca de mais algumas coisas de que precisaríamos e, antes que
eu percebesse, tínhamos uma casa cheia de gente.

Pessoas bêbadas.

Houve algumas lutas que Ricky parou antes que


aumentassem e ele viesse me buscar, e fomos capazes de encerrar
antes que alguém se machucasse.

Selecionei alguns irmãos para ficarem sóbrios durante a noite


para me ajudar com a segurança e monitorar a festa. Aquele
pedaço de merda do Jaden, que estava em uma ladeira
escorregadia desde que estava na casa, foi minha primeira escolha
depois de Ricky. Por razões muito diferentes. Eu o encarreguei de
garantir que meu melhor amigo e Camilla fossem atendidos. Ele
reclamou disso, mas eu estava pronto para chutar sua bunda para
o meio-fio e acho que ele percebeu, então fez o que lhe foi dito. Não
faria mal àquele garoto ter uma noite sóbria onde ele realmente
fazia algo para ajudar seus irmãos.

Aproximei-me para verificar Ricky e minha cabeça se virou


para ver Cade girando em torno de sua irmã que tinha acabado de
chegar. Leo estava ao lado dela. Meu queixo caiu enquanto eu
olhava sua roupa. Ela usava um top preto que mergulhava tão
baixo na frente que de jeito nenhum ela estava usando um sutiã.
Seu jeans skinny preto abraçava sua bunda perfeitamente, e
minha boca ficou seca. Espreitei em sua direção, fechando a
distância entre nós com apenas alguns passos.

— Você está bem com ela se vestindo assim? — assobiei.

Cade soltou uma risada. — Ela se parece com todo mundo


aqui.
— Acho que ela está incrível — Camilla disse, envolvendo um
braço em volta de Gigi.

Cristo, todos perderam a cabeça?

— Qual é o seu problema? — Gigi rosnou, erguendo o queixo


para mim.

— Ei, Gray — uma voz disse ao meu lado, e uma mão esfregou
meu braço. Eu me virei para ver a garota do dormitório de Gigi e
Addy.

— Ei, uh, Brittany? — falei, mas meu olhar não deixou Gigi.

— É Bailey. Ótima festa, chefe.

Chefe? De onde as pessoas tiravam essa merda?

— Obrigado — respondi, olhando para a mão dela que estava


descansando no meu braço e ela sorriu.

Não vai acontecer, querida.

Soltei um longo suspiro e, pela primeira vez em alguns meses,


eu realmente queria uma bebida. Queria esquecer que os mamilos
de Gigi Jacobs estavam afiados o suficiente para cortar vidro e
encarando-me.

Provocando-me.

Apenas então, um cara com cabelo loiro e um jeito arrogante


de eu-acabei-de-ficar-alto se aproximou e entregou a Gigi e a Leo
um copo.
— O que há no copo? — Cruzei meus braços sobre o peito,
forçando Bailey a me libertar de seu aperto.

Cade estava conversando com Leo e eu queria dar um tapa na


cabeça dele por sua falta de preocupação com a situação. Não
deixei de perceber a maneira como Camilla me estudou, seu olhar
pingue-pongue entre mim e Gigi.

— Uh, só cerveja — o idiota disse.

Sim, vá buscar sua prancha de surfe e seus comestíveis e dê o


fora daqui.

Ele estava fodendo-a com os olhos e essa merda não estava


acontecendo no meu horário.

— Sinto muito, pai. Eu não sabia que precisava da sua


permissão para tomar uma cerveja? — Gigi olhou para mim, antes
de jogar seu cabelo na cara do babaca para chamar a atenção de
seu irmão.

— Cade, esse aqui é River.

Você deve estar me zoando. Claro, esse era o nome dele. River
precisava fluir direto para fora daqui.

— Prazer em te conhecer — Cade disse, batendo o punho com


o idiota.

Estou vivendo em um universo alternativo?

Estamos bem com isso agora?


— Você está bem? — Camilla perguntou, movendo-se para
ficar ao meu lado, enquanto Bailey entendia a dica e falava com
outra pessoa.

— Estou bem. Você está se divertindo?

— Estou. Obrigada por nos ceder seu quarto. Sinto-me mal


com isso. Não acho que você deveria dormir no sofá. Isso não está
certo. — Ela sorriu e vi algo lá. Era malicioso e ela olhou para Gigi
antes de se virar para olhar para mim com uma sobrancelha
levantada.

— Estou bem.

— Tenho certeza de que está. Mas apenas para você saber...


Cade pode ficar preso em sua visão. Ele fica nervoso, mas sempre
supera as coisas.

Ele nunca iria superar eu e Gigi juntos. Eu não tinha dúvidas


sobre isso.

— Não sei do que você está falando — eu disse, tentando


esconder o sorriso no meu rosto porque eu estava um tanto
fascinado com a rapidez com que ela reconheceu a batalha
acontecendo entre mim e Gigi. Que era mais do que aborrecimento
e irritação.

Mais do que uma brincadeira divertida.

Muito mais.

— Claro, você não sabe. Para sua informação, ouvi River


dizendo que a levaria para casa depois da festa.
Minhas mãos se fecharam em punhos ao meu lado. — Uma
porra que ele vai. E só porque não confio nele. Estou surpreso que
Cade esteja agindo de forma amigável com o idiota.

— Cade tomou quatro cervejas e três doses de uísque e Gigi o


criticou por ser autoritário antes mesmo de chegarmos aqui, e ela
está certa. Vocês dois precisam recuar, a menos que você, em
particular, tenha motivos para se preocupar com isso.

— Eu não tenho. Sempre cuidei dela, só isso.

— Bem, então, River parece ser um cara legal e ela parece


gostar dele.

— Ela não gosta — sibilei. Ela só agia dessa forma para me


irritar, mas como diabos eu deveria explicar isso para Camilla.

A cabeça de Gigi caiu para trás de tanto rir enquanto ela e


Cade ouviam River como se ele fosse a pessoa mais sábia que já
tinham escutado. O que ele poderia estar compartilhando? Como
enrolar um baseado em tempo recorde ou como era sua água-viva
favorita? Parem com o riso excessivamente exagerado. Olhei para
Gigi e ela se recusou a olhar na minha direção.

— Aí está você — disse Lila, deslizando a mão em volta da


minha cintura enquanto se aproximava de mim. Seus seios
estavam saindo de seu top decotado. Lila era voluptuosa, para
dizer o mínimo.

A cabeça de Gigi virou em minha direção e seu olhar travou no


meu.

Sim, eu posso provocar assim como você, G.


Eu a apresentei a Camilla, e sua mão deslizou dentro da
minha. Dedos entrelaçados.

Todos nós caminhamos até Cade e eu apresentei Lila ao grupo.

— Big daddy, Gray, esta festa está acesa — Leo disse, e todos
riram de suas palavras arrastadas.

Gigi deu um gole em sua cerveja e se recusou a olhar para


mim. O surfista chapado me deu uma batida no punho como se
fôssemos amigos.

Não éramos.

— Doce festa, cara — disse River.

Balancei a cabeça e meus olhos se concentraram em sua mão


apoiada na parte inferior das costas de Gigi.

— Obrigado. Você gostaria de um tour pela casa? Temos um


terraço legal na cobertura — falei, desesperado para fazer qualquer
coisa para afastar ele de Gigi. Ela estreitou o olhar para mim,
perguntando silenciosamente o que eu estava fazendo.

— Mesmo? Porra, sim. Não me inscrevi na fraternidade porque


não sou muito de compromisso — disse ele, e tive dificuldade em
esconder meu sorriso.

Fobia de compromisso. Strike um, idiota.

— Entendo. Sim, vamos lá. — Virei para levá-lo embora e ele


não largou a mão de Gigi. Ela olhou para mim como se me
desafiasse a fazer algo a respeito.
— Fique com seu irmão. Está frio lá fora e vou levá-lo até o
telhado. — Meu olhar focou propositalmente em seus mamilos que
estavam mais uma vez cientes da minha atenção.

Ela bufou e cruzou os braços sobre o peito depois que


astutamente me mostrou o pássaro.

Não pude deixar de rir enquanto me afastava com o babaca


em meus calcanhares. Eu não me importei nada. Leo se juntou a
nós na turnê de merda.

— Você não gosta dele, não é? — Leo se inclinou para que


apenas eu pudesse ouvi-lo, enquanto River caminhava pelo terraço
e olhava para a borda quando estávamos do lado de fora, no
terraço da cobertura.

— Ele me irrita, mas isso não quer dizer muito, porque a


maioria das pessoas me irrita — eu disse com um encolher de
ombros.

— Espero que não. — Ele riu, e sua bebida espirrou nas


laterais de seu copo.

— Estranhamente, você não. — Leo estava se tornando uma


das minhas pessoas favoritas. Ele apoiava Gigi e eu vi isso na
primeira vez que o conheci.

E o fato de que ele não estava tentando entrar em suas calças


também ajudou.
— Você se importa se eu fumar um vape10 aqui? — o idiota
surfista perguntou.

— De jeito nenhum. Sem pressa. — Cruzei meus braços sobre


meu peito. Quanto mais tempo eu pudesse mantê-lo, melhor.

Leo riu. — Você é um homem com um plano, não é?

— Não tenho ideia do que você está falando — respondi com


uma risada.

Conversei com Leo pela próxima hora enquanto o surfista


idiota morria de rir.

— Cara. Obrigado por se relacionar comigo aqui. Espiritual,


cara. Toda essa experiência foi real. Eu não tive muito real desde
que vim para a faculdade. Mas eu sinto vocês dois agora.

Sinta-se em casa, River.

Ele claramente tinha tomado uma bebida forte porque me


puxou para um abraço e cheirava a bourbon.

— Bom saber. Preciso voltar lá embaixo. — Estava recebendo


atualizações de texto de Ricky a cada dez minutos e as coisas
estavam indo bem na festa.

Leo e River me seguiram pela casa e River entrou em uma sala


onde dois caras estavam jogando Fortnite.

10
Os dispositivos Vape também são conhecidos como cigarros eletrônicos.
O universo estava alinhando todas as estrelas para mim no
momento.

— Ficarei aqui. Eu te vejo lá embaixo. — Suas palavras soaram


arrastadas.

Fabuloso. Ele me pareceu o tipo de cara que poderia passar


horas jogando.

Leo e eu voltamos para o grupo e fiquei feliz em ver Cade e


Camilla dançando e se divertindo.

— Onde está River? — Gigi perguntou, parecendo entediada


quando seu olhar encontrou o meu.

— Seu namorado poderia dar a Snoop Dogg e Marth Stewart


uma corrida pelo dinheiro deles quando se trata de fumar ervas.
Ele atualmente está bêbado e jogando videogame. Desculpe-me
por isso. — Tentei não sorrir, mas era impossível.

Gigi agarrou a mão de Leo, olhando para mim enquanto o


levava para dançar com seu irmão e sua namorada. Verifiquei
algumas coisas e cedi a Lila, que me arrastou para o mar de
bêbados suados da faculdade que atualmente pulavam para cima
e para baixo ao som da música techno.

Rimos e dançamos, e meus olhos nunca estavam longe de Gigi.


A festa começou a desaparecer enquanto as pessoas voltavam para
casa. Jaden fez um trabalho decente de limpeza e certificou-se de
que ninguém estava dirigindo. Ricky estava ajudando as pessoas
que se acomodavam no sofá a saírem de lá e até ligou para alguns
Ubers de seus telefones.
— Eu te amo irmão. E Camilla acha você ótimo — disse meu
melhor amigo, puxando-me para um abraço de irmão.

— Também te amo, cara.

— Tudo bem, bebemos demais. Sua casa oficialmente dá festas


melhores do que a minha. — Ele deu um tapa no meu ombro e me
saudou, enquanto Camilla acenava antes de conduzi-lo pelo
corredor até o meu quarto. — Ei, certifique-se de que Gigi chegue
bem em casa, certo?

— Claro — falei, e Camilla franziu as sobrancelhas para mim


atrás das costas de Cade.

Revirei os olhos e me virei para ver River descendo as escadas.


— Oi, desculpe. Eu desmaiei em um dos quartos.

— Nós íamos procurar por você — Leo disse.

Gigi cruzou os braços sobre o peito. — Tudo bem. Vou para


casa.

— Posso te acompanhar? — River perguntou. O garoto era


desleixado e não estava em condições de levar ninguém para casa,
incluindo ele mesmo.

— Vou dar uma carona a vocês — eu disse, balançando


minhas chaves na minha frente. — Prometi ao seu irmão.

Gigi saiu furiosa da casa na minha frente e River tropeçou


atrás dela, completamente sem noção. Leo se moveu a passos
largos ao meu lado. — Eu não acho que ela está feliz com você. Ela
acha que você sabotou a noite dela com River.
— Obrigado pelo aviso, mano. E eu o sabotei totalmente. —
Dei de ombros. Eu não tinha vergonha. Não queria que ela
perdesse tempo com um cara assim. Fiz o que precisava ser feito.

Ele soltou uma risada. — Bem, pelo menos você é honesto.

— Eu sou, meu amigo.

Eles se empilharam na minha caminhonete e Gigi estava


dobrada na frente entre mim e Leo. O surfista idiota estava no
banco de trás completamente esparramado e roncando antes
mesmo de eu ligar o motor.

— Onde todo mundo mora? — perguntei.

Leo me informou que ele e River moravam no mesmo


dormitório na rua de Gigi. Perfeito. Eu me certificaria de que o
velho River chegaria em segurança ao seu dormitório.

Parei e Leo me ajudou a tirar River da parte de trás da minha


caminhonete, ele acordou e me agradeceu pela carona. Balancei a
cabeça enquanto os dois entravam no prédio.

Quando voltei para o carro, recebi o tratamento de silêncio, o


que não me surpreendeu. Ela se moveu pelo assento o mais
próximo possível da porta do passageiro. Paramos na frente de seu
dormitório e ela se virou para mim.

— Você está feliz com você mesmo?

— Na verdade, estou, obrigado.


— Qual é o seu problema? — perguntou, e meu olhar desceu
mais uma vez para seus seios. Eram pequenos, mas empinados
como o inferno, especialmente na minha presença.

— Meu problema é o fato de que seus mamilos ficam duros


toda vez que olho para eles.

— Então pare de olhar. — Ela abriu a porta e foi para a frente


de seu prédio. Pensei em estacionar e correr atrás dela. Desabar
na cama de Addy para que eu não tivesse que dormir no sofá. Mas
eu me conhecia muito bem. Se eu fosse para o quarto dela agora,
não haveria nenhuma maneira da minha boca não estar na dela.

A atração era muito forte.

Meu telefone vibrou e eu olhei para baixo para ver uma


mensagem dela.

Gigi ~ Eu te odeio.

Eu ~ Mantenha assim. Bons sonhos, G.

Gigi ~ <emoji de dedo médio> <emoji de dedo médio>

Eu ri.

Saí do estacionamento e dirigi para casa.

Era a única maneira de ficar longe dela esta noite.


Capítulo Treze

Gigi

A próxima semana voou como um borrão. Meu irmão e Camilla


voltaram para a faculdade e encontrei uma nova amiga na
namorada de Cade. Eu a amei. Jett providenciou para que
entrássemos em campo depois que a TU venceu o jogo e chegou
aos playoffs, e eu estava muito feliz por experimentar isso com
meu irmão.

Seu melhor amigo era outra história.

Ignorei Gray depois que ele conseguiu fugir com River durante
a festa, mas ele não queria nada comigo romanticamente.

Muito hipócrita?

River havia entrado em contato no dia seguinte para se


desculpar por ter ficado tão mal que nem conseguia dizer meu
nome. A verdade era: eu não estava interessada em River, nem em
ninguém.

Gray me arruinou com seu beijo.

E o odiava por isso.

Pensei sobre aquele beijo. Sonhei com aquele beijo.


E ansiava por outro.

Estive ignorando suas mensagens durante toda a semana,


porque isso tinha acabado de se tornar nossa rotina. Ele me
irritaria e eu o ignoraria por tanto tempo quanto pudesse até que
ele me cansasse novamente.

Ele deixou claro que nada poderia acontecer entre nós, mas
toda vez que eu tentava namorar outra pessoa, Gray tinha um
colapso.

Frustração não começava a descrever os sentimentos em


fermentação que ressoavam dentro de mim. Quanto mais ele me
afastava, mais eu queria estar perto dele.

No entanto, eu o odiava ao mesmo tempo?

O que estava errado comigo?

Eu nunca perdia o controle de minhas emoções ou


sentimentos, especialmente quando se tratava de meninos. Nunca
gostei de ninguém o suficiente para obter uma reação de mim. E
agora eu estava explodindo de sentimentos e emoções tão
estranhos que não sabia o que fazer com isso.

Então, no típico estilo hormonal louco e irracional, eu estava


indo para uma festa na Sig Alpha esta noite. Sim. É onde
estávamos com isso. Estava ignorando suas mensagens onde ele
fingia ser um membro da família apenas estendendo a mão para
me verificar e eu iria mostrar a ele o que estava perdendo.

Addy, Leo e eu caminhamos até a cidade, onde havia uma


butique bonita para encontrar algo para vestir esta noite.
— Não acredito que você consegue namorar aquele astro do
futebol delicioso. Cara, ele parece esculpido com perfeição, e eu só
o vi totalmente vestido — Leo brincou, e um tom rosa se espalhou
pelas bochechas de Addy.

— Ele é o mais próximo da perfeição que você pode chegar. —


Ela sorriu.

— Sim, garota. Ele com certeza é. E o big daddy Gray é,


mmmm-mmmm, vocês duas têm um gosto fabuloso para homens.

— Gray não é meu namorado. Inferno, ele não é nada meu.


Talvez meu nêmesis — eu sibilei enquanto empurrava algumas
peças na prateleira, pois queria algo que saltasse em mim, e eu
ainda estava para encontrar.

— Claro, ele é. É por isso que ele correu com aquele pobre sexy
River pela casa até o menino cair.

Addy riu. — Concordo. Ele definitivamente está a fim de você,


mas está com medo do que vai acontecer com Cade.

— Ora, a bela bunda do seu irmão parecia perfeitamente


razoável para mim. — Leo ergueu uma blusa preta transparente,
torci o nariz e balancei a cabeça. Não queria mostrar tudo, apenas
o suficiente para deixar Gray mexido.

— Ele não é razoável sobre coisas assim — eu digo.

— Ela não está brincando. Ele se enfureceria se Gray tentasse


namorar Gigi. Gray tem uma certa reputação em casa — disse
Addy, parando para olhar um macacão branco de gola alta.
Conservador, mas sexy, como minha melhor amiga. — Mas Cade
também, e ele mudou as coisas para Camilla.
Segurei uma blusa azul com uma pequena minissaia jeans e
a estudei. — Exatamente. Ele é ridículo. Ele superaria isso. Mas
talvez Gray esteja com medo de não poder permanecer fiel a mim.
Essa é a verdade. Ele provavelmente quer apenas uma noite, e
sabe que isso causará muitos problemas com Cade. E eu o odiaria
se ele fizesse isso também. Então, talvez ele esteja certo e não
devêssemos ir lá.

Leo riu. — Uma noite. Oh, garota, você faz isso parecer tão
sujo. Uma noite pode ser incrível.

— Tenho certeza de que pode, mas visto que estou longe de ser
uma noite neste momento, eu provavelmente não deveria tentar
uma aventura casual. Eu nunca tive nada. E quero o verdadeiro
negócio. Como o que Addy e Jett têm — admiti antes de me virar
para deixá-los ver a roupa que eu estava admirando.

— E você merece isso. E diabos sim para essa roupa. Elegante,


sexy e muito Gigi. Vá experimentar — disse Addy.

— Concordo. Você merece o melhor, garota. E essa roupa vai


deixar todos os meninos caindo aos seus pés. Por que eles não
fazem nada sexy assim para os garotos? — Leo disse, e todos nós
rimos.

Leo esperou no sofá de veludo rosa enquanto Addy e eu íamos


para os provadores para nos trocarmos. Nós modelamos algumas
coisas diferentes, mas os dois votaram no top e na saia azuis para
mim e no body de gola alta branco e jeans para Addy.

O tempo estava mudando enquanto o Dia de Ação de Graças


estava chegando. Eu mal podia esperar para ir para casa por
alguns dias. As meninas estariam todas em casa, mas Addy iria
com Jett para o jogo de boliche no fim de semana. Teríamos alguns
dias todas juntas e eu estava ansiosa por isso.

— Bem, eu posso não ter uma roupa com qualquer


atrevimento, mas estarei entrando com as duas garotas mais
gostosas do campus no meu braço, então isso tem que me trazer
um pouco de atenção, certo? — Leo era um personagem, e eu me
aproximei dele.

— Você sempre está incrível — falei enquanto pegávamos


nossas sacolas e saíamos da loja, rindo todo o caminho de volta
para os dormitórios.

Eu tinha sido convidada para dançar tantas vezes que mal


conseguia sentir meus pés com essas botas. A roupa era
claramente um sucesso. Eu também tinha bebido mais do que o
normal e, sabe de uma coisa, não me importava.

Eu queria ser uma universitária normal. Estava cansada de


ser sempre tão responsável. E fiz questão de beber o ponche
vermelho que Gray insistiu que eu evitasse na minha primeira
festa.

Porque Gray Baldwin não era o meu chefe.

Ele veio dizer oi e eu virei as costas para ele. Não queria olhar
para ele porque sabia que no minuto em que o fizesse, estaria
desesperada por mais. Estava me afastando dele, não que eu me
não importasse com a maneira como ele me olhou quando me viu
pela primeira vez. Observei enquanto seus olhos me examinavam
lentamente antes de eu me virar rapidamente quando ele tentou
encontrar meu olhar.

Fui até Addy, Jett e Leo. Joshua, o garoto com quem eu estava
dançando, saiu correndo para me buscar uma bebida. Minha
cabeça estava um pouco confusa e toquei meus lábios para ter
certeza de que ainda estavam lá, porque eu não conseguia senti-
los, o que me fez rir. Joshua se aproximou e me entregou outro
ponche vermelho delicioso.

— Tem certeza de que quer beber isso? — Addy me perguntou,


preocupação atada em seu rosto bonito.

— Estou totalmente bem. Tããão bem, na re... realidade? Isso


é uma palavra? Realidade? — falei mais devagar e tentei me
lembrar do significado.

Joshua passou um braço em volta do meu ombro e Jett se


moveu em seu espaço. — Acredito que ela teve o suficiente, amigo.

— Você é o pai dela? — Joshua perguntou.

— Não. Eu sou amigo dela, e você definitivamente não é. — O


rosto de Jett endureceu e eu recuei, sem saber por que ele estava
com raiva.

— Vamos, Gina, vamos sair daqui — disse ele, e eu ri porque


ele me chamou pelo nome errado. Inferno, eu só o conheci na pista
de dança, nunca tivemos uma conversa além dele me entregando
alguns drinks.
— Sai, idiota — uma voz disse atrás de mim e enrijeci.

Gray.

— E quem diabos é você? Seu padrasto? — Joshua pressionou


e fechei os olhos porque sabia que isso não acabaria bem. O pobre
coitado nem me conhecia, mas estava disposto a irritar Jett e Gray.

— Eu sou seu pior pesadelo de merda, filho da puta, isso é


quem eu sou. — Gray levantou a mão e antes que eu pudesse
processar o que estava acontecendo, Joshua foi conduzido para
fora da festa.

— Você vai expulsar todos os caras com quem eu falar? —


sibilei quando ele pegou o copo da minha mão e o colocou na mesa
ao nosso lado.

— Provavelmente.

— Você é um idiota. — Virei nos calcanhares e me dirigi para


a pista de dança.

— Aonde você pensa que está indo? Você mal consegue andar
— ele gritou atrás de mim e colocou a mão em volta do meu pulso.

Empurrei-o. — Vou dançar e você não pode me impedir.

Antes de dar um passo, fui jogada por cima do seu ombro


enquanto ele se movia pela multidão com facilidade. Dei um tapa
em suas costas e olhei para cima para ver Addy, Jett e Leo
sorrindo. Claro, eles ficariam do lado dele. Todo mundo estava
sendo contra eu me divertir esta noite.
Ele me puxou para seu quarto e me deixou cair na cama, antes
de bater a porta fechada.

— Que porra você está fazendo? — ele gritou, andando em


pequenos círculos na minha frente, enquanto passava a mão pelo
cabelo.

— Que porra estou fazendo? — Minhas palavras foram


arrastadas, isso me fez rir. Eu caí de volta em sua cama quando o
quarto começou a girar.

— Jesus, G. Eu disse para você não beber essa merda. — Ele


veio se sentar ao lado da cama e tirou o cabelo do meu rosto.

— Você não é meu chefe, Gray. — Eu saí da cama e me


levantei. — Eu sou minha chefe.

Ele se levantou, pairando sobre mim.

— Tudo bem. Qual é o plano, chefe? — ele perguntou, sua voz


grave e tensa, por razões que eu não conseguia entender em meu
estado nebuloso. Mas gostei.

E eu sou a chefe.

— Você quer saber o plano? — perguntei, cutucando-o no


peito.

— Quero. — Sua mão estava segurando o lado do meu rosto e


fechei os olhos com seu toque.

Não. Não. Não me distrair do que eu queria fazer.


— O plano é este. Estou cansada de ser virgem. E você estraga
tudo para mim toda vez que tento falar com outra pessoa. Então,
você terá que fazer algo. Não me importo com Cade ou qualquer
outra pessoa. Faça de mim uma mulher, Gray Baldwin. Faça o seu
caminho comigo e me ensine todas as coisas. Sou uma tela vazia
morrendo de vontade de ser pintada. — A última linha me fez sorrir
porque eu não esperava ir tão fundo. Mas aqui estava eu.
Implorando ao menino dos meus sonhos para fazer amor comigo.
E eu tinha colocado arte na jogada, o que deveria ser a cereja do
bolo. Quer dizer, duvidava que as idiotas habituais de Gray
pensassem tanto nisso.

— Meu Deus, você não pode dizer coisas assim — ele sibilou e
se aproximou.

— Bem, que pena para você, porque estou dizendo isso, seu
idiota teimoso.

Seu polegar roçou meu lábio inferior e apertei minhas coxas,


porque talvez isso realmente fosse acontecer, e estava pronta para
isso.

Algo se retorceu no meu estômago e, sem nenhum aviso,


minha cabeça caiu e um jorro de líquido saiu do meu corpo.

Eu vomitei em todo o garoto que eu queria fazer amor. Ele ficou


lá olhando para mim sem acreditar.

Porque, olá, nada sobre esta noite estava indo do meu jeito.

E usava uma roupa bonita.

— Oh, meu Deus, eu estraguei minha roupa? — sussurrei e


olhei para baixo.
Ele riu como se eu tivesse dito a coisa mais engraçada do
mundo. — Não. Você de alguma forma conseguiu colocar todo o
seu vômito em mim. Venha aqui.

Segui-o até o banheiro, e ele puxou sua camiseta coberta de


vômito pela cabeça e a jogou no chão antes de ligar o chuveiro.
Minhas mãos começaram a suar ao observá-lo pelo espelho
enquanto ele estava atrás de mim. Seus músculos flexionaram ao
abaixar seu jeans.

— Estamos tomando banho? — perguntei antes de colocar


água na boca e cuspir na pia.

Ele ergueu uma sobrancelha. — Você não tem razão para


tomar banho. Sou o único coberto de vômito.

Ele empurrou sua cueca preta para baixo e meu queixo caiu.
Eu não tinha visto muitos pênis em minha vida, mas tinha quase
certeza de que este poderia ganhar algum tipo de prêmio por sua...
grandeza. Uma verdadeira perfeição, assim como tudo sobre esse
menino. — Oh, meu Deus.

Ele ergueu uma sobrancelha. — Você gosta do que vê?

Balancei a cabeça lentamente antes de minha mão ir para o


meu estômago enquanto uma sensação de mal-estar me inundava
novamente. Ele levantou o assento do vaso antes de entrar no
chuveiro.

Caí de joelhos e descarreguei o que restava em meu estômago.

Enquanto Gray estava nu atrás da cortina, parecendo com


todas as fantasias que já tive. Eu estava sonhando com isso? Ele
tinha acabado de se despir na minha frente?
Bem, depois que eu implorei para ele fazer sexo comigo e então
vomitei nele.

Ele não era aquele que deveria ser examinado agora.

Limpei minha boca e empurrei para trás para me inclinar


contra a parede e gemi. A banheiro estava girando e meu estômago
estava enjoado.

A água foi desligada e ele abriu a cortina do chuveiro. Forcei


minha cabeça para cima para olhar para ele mais uma vez. Se esta
era a última vez que o veria nu, não queria esquecer como ele era.
E caramba, minha cabeça estava tão confusa que eu nunca me
lembraria desse momento.

— Seria completamente inapropriado pedir a você para pegar


meu telefone e tirar uma foto sua para eu olhar mais tarde?
Quando eu estiver me escondendo em meu quarto e mortificada
com tudo o que acabou de acontecer.

Estava me sentindo um pouco melhor depois da última


descarga de vômito e bile, abri os olhos e olhei para ele.

Ele amarrou uma toalha em volta da cintura, seu cabelo


molhado, olhos verdes olhando para mim com qualquer coisa,
menos julgamento, e um sorriso sexy que derreteu meu coração.
Ele se abaixou para encontrar meu olhar. — Não há nada para se
envergonhar, G.

— Eu só implorei para você me fazer uma mulher e depois


vomitei em você. E então vomitei enquanto você estava nu atrás da
cortina — falei enquanto lágrimas começavam a cair.
Ele usou os polegares para enxugar as lágrimas. — Acredite
em mim, você já é uma mulher, G. Fazer sexo não a torna mais
completa. Você já é perfeita para mim.

Enterrei meu rosto em minhas mãos e chorei. — Então por que


você não me quer?

Não pude acreditar nas palavras que saíram da minha boca.


Fale sobre coragem líquida. Tenho certeza de que me arrependeria
de cada palavra amanhã, mas não poderia manter isso por mais
tempo, nem se tentasse.

E eu não queria.

— Você acha que eu não quero você? Estou ficando louco toda
vez que você aparece aqui com um cara idiota pendurado em cima
de você. Eu te quero tanto que não consigo ver direito.

Inclinei minha cabeça contra a parede e acalmei minha


respiração. — Do que você tem medo?

— Machucar você. Machucar Cade. Estragar as coisas.

Concordei. — Não precisamos contar a ninguém. Podemos ver


para onde vamos primeiro.

Ele sorriu e me colocou de pé. — Vamos conversar sobre isso


amanhã. Você está bêbada e nada vai acontecer esta noite.

Ele me levou para seu quarto, puxou uma camiseta e colocou-


a na cama antes de caminhar até a porta.

— Aonde você está indo? — perguntei, sentando-me no


colchão macio.
— Vou pegar uma torrada e uma garrafa de água para você.
Vista a camiseta e vá para a cama. Volto em breve.

— Dormirei aqui? — indaguei, envolvendo meus braços em


volta dos meus ombros enquanto calafrios cobriam minha pele.

— Não vou perder você de vista esta noite.

Sorri, porque não pude evitar. Ele saiu pela porta, tirei minhas
botas e, em seguida, deixei cair a saia no chão e desabotoei minha
blusa. Deslizei sua grande camiseta pela cabeça e respirei.
Cheirava a Gray.

Menta e sândalo.

Eu queria pegar minhas roupas do chão, mas estava tudo


girando de novo, então descansei minha cabeça no travesseiro e
fechei os olhos. As coisas podiam não ter ocorrido como eu
esperava esta noite, mas não podia reclamar.

Eu estava exatamente onde queria estar.


Capítulo Quatorze

Gray

Um hálito quente faz cócegas em meu pescoço e eu me mexo.


A sensação do cabelo macio espalhou-se pelos meus dedos como
seda, e meus olhos se abriram lentamente. Gigi estava olhando
para mim. Seu olhar de safira estava cheio de confusão.

— Ei — eu disse, gostando da sensação de suas pernas


quentes emaranhadas nas minhas.

— Oh, meu Deus — ela sussurrou, antes de puxar o edredom


marinho da minha cama sobre o rosto.

Esperei um minuto para ver se ela sairia. Ela não saiu.

— Olá — falei, puxando o cobertor de seu rosto bonito.

— Nós? — Um tom rosa cobriu suas bochechas e tentei


esconder meu sorriso.

— Nós, o quê?

— Você sabe — disse ela, recusando-se a encontrar o meu


olhar.
Levantei seu queixo e a forcei a olhar para mim. — Se eu fiz
de você uma mulher? — Não pude deixar de rir quando as palavras
deixaram minha boca. — Não. E, acredite em mim, quando eu
fizer, você não precisará perguntar. Você saberia se eu tivesse feito.
Você me sentiria muito depois de eu ter partido.

Seu olhar procurou o meu e ela acenou com a cabeça. Algo


cruzou seu rosto e ela empalideceu. — Oh. Meu. Deus. Pedi que
me tornasse mulher, não pedi? É por isso que você disse isso. Isso
não está acontecendo.

Ela tentou puxar o edredom sobre o rosto novamente, e eu o


puxei de volta para baixo. — Pare. Isso foi fofo. E muito tentador.

— Ainda não aconteceu nada?

— Bem, eu não faria nada enquanto você estivesse bêbada.

Ela continuou a me estudar e depois engasgou. — Eu vomitei


em você. E vi sua... masculinidade. Oh, meu Deus, o que está
acontecendo? Nunca mais vou beber.

— Você não estava reclamando de ver minha masculinidade


na noite passada.

Ela abanou o rosto. — Eu fiz algo impróprio?

— Além de um projétil de vômito de ponche em cima de mim?


Não. Você foi uma lady. — Soltei uma risada porque não pude
evitar. Merda, estive bêbado mais vezes do que poderia contar e
tive minha cota de noites embaraçosas. Isso não foi nada.

— Por que estou aqui? — sussurrou. — Por que você não me


mandou para casa com Addy?
— Porque eu queria que você ficasse. Se não estivesse bêbada,
teríamos feito algo que provavelmente nos arrependeríamos hoje.
— Corri a ponta do meu polegar sobre seu lábio inferior e ela
tremeu em meus braços.

— O que teríamos feito? — ela perguntou.

Eu ri. — O que você acha, G?

— Então, você admite que quer que aconteça?

— Nunca neguei que estou atraído por você. — Ela se


aproximou, seu corpo esfregando contra mim e meu pau estava
aproveitando cada minuto.

— Mas você não quer nos dar uma chance por causa de Cade?

— É mais do que isso, mas sim, ele é um grande fator. O cara


é como um irmão. E sua família, eles têm sido muito bons comigo.
Mas, fora isso, não sou bom para você, e nós dois sabemos disso.
Vou estragar tudo e tudo ficará estranho depois disso. E para que?
Para podermos diminuir essa coceira? Você realmente quer brincar
com fogo assim?

Sua cabeça inclinou para o lado e minha respiração ficou


presa na minha garganta. Acordei com meu quinhão de garotas ao
longo dos anos, e nenhuma nunca tinha se parecido com esta
garota pela manhã. Gigi Jacobs estava linda sem maquiagem, de
ressaca depois de vomitar os miolos, olhando-me como se tivesse
toda a fé do mundo em mim.

Seu cabelo estava uma bagunça selvagem espalhado no meu


travesseiro.
— E se eu não for boa o suficiente para você? Já pensou nisso?

Corri meus dedos por seus cabelos porque não pude evitar e
ri. — Não. Porque nós dois sabemos que isso não é verdade. Tudo
sobre você é bom.

— Por que você é tão duro consigo mesmo? — sussurrou, e


seus dedos roçaram meu queixo, fechei os olhos enquanto me
deliciava com seu toque.

— Porque é fácil.

— Acho que isso precisa mudar a partir de agora. — Seu nariz


esfregou contra o meu e levou cada grama de contenção para não
a beijar. — Meu hálito cheira a vômito?

— Você usou minha escova de dentes e enxaguante bucal


ontem à noite, então seu hálito tem cheiro de menta. E como você
sempre consegue cheirar a pêssegos?

Ela sorriu e mordeu o lábio inferior rechonchudo. — É minha


loção. Você percebeu isso, hein?

— Sim. Pêssegos são minhas frutas favoritas. — Puxei-a para


mais perto, envolvendo meus braços em volta dela porque
precisava senti-la, mas estava lutando com o quanto eu a queria.

— Por que minha cabeça parece que vai explodir? — Sua


respiração fez cócegas em meu peito enquanto ela falava.

— Você está com uma ressaca das grandes. — Eu ri e meu


telefone vibrou na minha mesa de cabeceira. Afastei-me,
presumindo que fosse um sinal de Deus para colocar algum espaço
entre nós. — É Wren. Preciso atender isso.
Ela acenou com a cabeça e sentou-se na cama. Minha
camiseta estava enrolada em volta dela, e ela parecia bonita como
o inferno enquanto tentava pentear o cabelo com os dedos.

— E aí, como vai?

— Sinto muito por fazer isso com você Gray, mas seu pai
esteve aqui ontem à noite, e ele fez algumas apostas pesadas em
algumas lutas que eu acho que não pode cobrir. — Wren possuía
um armazém onde ocorriam lutas locais subterrâneas. — Não são
caras com quem ele quer mexer. Ele sumiu e não consigo
encontrá-lo. Mas se eles o encontrarem primeiro, não será nada
bonito.

Santo Deus.

O homem não conseguia se recompor por um minuto? Bastava


ver o programa de reabilitação.

Tome um rumo.

Era exaustivo.

Esfreguei a mão no meu rosto. — Tudo bem. Vou entrar no


carro agora. Sei onde procurar por ele. Você sabe quanto ele deve?

— Não. Mas se você pudesse colocá-lo de volta no programa,


eles não conseguiriam tocá-lo lá, e poderíamos descobrir como
tirá-lo dessa confusão enquanto isso. — Wren tinha sido um bom
amigo do meu pai, e eu estava grato por ele ainda ter alguém
cuidando dele. Ele havia queimado todas as outras pontes em
Willow Springs.

— Estou indo — falei, levantando-me e encerrando a ligação.


— O que aconteceu? — Gigi perguntou, e seu olhar se
concentrou na minha ereção matinal, que estava mais
proeminente do que nunca. Meu pau teria que se acalmar. Eu
tinha que lidar com as merdas do meu pai, como de costume.
Exatamente por que essa garota não deveria se envolver comigo.

— Meu pai está com problemas. Preciso ir para casa à noite.


Porra. Não quero que Simon descubra que ele estragou tudo de
novo. Jesus, este é um pesadelo sem fim. — Sentei-me na cama e
passei as mãos pelos cabelos.

Ela se moveu ao meu lado, envolvendo-me com seus bracinhos


e, de alguma forma, conseguiu oferecer mais conforto do que
qualquer outra pessoa já havia oferecido com apenas um pequeno
gesto. — Vou com você. Você não precisa fazer isso sozinho.

— O inferno que você vai. — Levantei-me. — É por isso que


não podemos brincar com isso, G. Você não precisa ser derrubada
com a minha merda.

Ela ficou de pé e puxou a camiseta pela cabeça, mostrando


seus seios perfeitos e me fazendo gemer. Ela colocou o sutiã e
puxou a blusa azul pela cabeça, antes de vestir a pequena saia
jeans que usava na noite anterior. — Você não é meu chefe, Gray.
E se você não quiser fazer algo sobre isso... — Ela acenou com a
mão entre nós. — Seja o que for. Ainda sou sua amiga e vou com
você.

Ela se sentou, colocou as botinhas no tornozelo e correu para


o banheiro para jogar um pouco de água no rosto. Vesti minha
calça jeans e puxei uma camiseta e um casaco com capuz sobre a
minha cabeça. Eu não tinha tempo para discutir com ela, ou talvez
eu apenas gostasse da ideia de ela vir comigo.
E eu não deveria gostar.

Não era uma boa ideia me envolver com Gigi Jacobs, mas eu
não sabia como impedir.

Era uma força desconhecida que eu nunca havia


experimentado na minha vida e não tinha tempo para dissecá-la.

— Está pronto? — perguntou.

Acariciei o topo de sua cabeça e abri a porta. — Quando você


ficou tão teimosa?

— Apenas sai quando estou lidando com você. — Ela riu ao


me seguir até a cozinha. Francie ainda não estava lá, e o lugar era
um desastre do caralho. Ricky dobrou a esquina segurando uma
vassoura. Droga, o garoto era o mais confiável possível. Peguei
duas bananas e um muffin, embrulhei em uma toalha de papel e
entreguei a Gigi.

— Cara, eu tenho uma situação familiar que preciso lidar.


Você está no comando. Se alguém te der merda, você me liga e eu
falo com eles.

— Está bem. Ei. — Ele sorriu para Gigi e suas bochechas


ficaram vermelhas. Tentei não rir. Eu entendia. Ela era linda pra
caralho. Era uma reação justa.

— Oi — ela disse com um aceno, enquanto eu pegava duas


garrafas de água e colocava minha mão em suas costas para
conduzi-la para fora de casa.
— O cara tem uma grande queda por você — sussurrei em seu
ouvido enquanto abria a porta do passageiro. Ela subiu e estendi
a mão para afivelar seu cinto de segurança.

Ela deu um tapa na minha mão. — Sei como me afivelar, Gray.

Dei de ombros. Eu gostava de fazer coisas por ela. Pulei no


banco do motorista e liguei a caminhonete. — Tem certeza de que
quer ir comigo? Última chance de ser deixada em seu dormitório.

— Boa tentativa. Vou com você. Podemos ficar na minha casa


esta noite. Meus pais estão em Maui. — Ela cruzou os braços sobre
o peito, orgulhosa de estar resolvendo todos os meus problemas
para mim. Não queria ter que ficar na casa da minha mãe e dizer
a Simon porque estava em casa esta noite. Ficar na casa dos
Jacobs era uma boa ideia.

— Você acabou de resolver tudo, não é? — perguntei enquanto


entrava na rodovia.

— A maior parte — Ela encolheu os ombros. — Conte-me sobre


seu pai. Sei que seus pais se separaram quando você era jovem,
mas não sei muito sobre ele.

Soltei um longo suspiro. Talvez fosse bom para ela ouvir sobre
todas as merdas que faziam parte da minha vida. Gostando ou
não, meu pai era uma parte de mim.

— Ele é um cara legal quando não está fodido, o que


infelizmente não acontece com frequência ultimamente. Ele era um
pai tão bom quando eu era jovem. Ele sofreu um acidente e ficou
viciado em analgésicos, e tem sido um ciclo vicioso desde então.
Ela acenou com a cabeça. — Ele ainda está viciado em
comprimidos?

— Bem, agora ele está viciado em tudo. Bebidas.


Comprimidos. Jogatina. Quem sabe o que mais o cara está
envolvido.

— Como isso faz você se sentir? — Sua voz era suave e olhei
para ela. O olhar em seus olhos fez meu peito apertar. Ninguém
nunca perguntou como eu me sentia sobre a merda com meu pai,
ou o divórcio, ou o fato de que meu padrasto era um completo
idiota.

— Tudo bem.

— Você não precisa dizer que está bem para mim. Ele é seu
pai. Não seria normal se isso não te machucasse ou te enchesse
de preocupação.

Soltei um longo suspiro. — É uma merda. Ele é meu pai. Todo


mundo fala merda sobre ele na cidade, incluindo aquele idiota,
Simon. Minha mãe não quer falar sobre isso porque é muito
doloroso, então eu só tenho meus avós e Wren, que ainda têm
esperança de que ele possa sair dessa.

Ela se mudou para o assento central da minha caminhonete e


afivelou-se antes de pegar minha mão no meu colo. Meus ombros
enrijeceram, mas não me afastei.

— O vício é brutal. Ele tem muita sorte de ter você ao seu lado.
Se eu tivesse que ter alguém ao meu lado, gostaria que fosse você
— disse ela.
— É porque você viu minha masculinidade? — provoquei,
ainda achando engraçado que ela não disse pau ou mesmo pênis.

— Quero dizer, não prejudica o argumento. — Suas bochechas


ficaram rosadas e ela riu. — Mas não. É porque você é forte e
resiliente. Eu te conheço minha vida inteira, e você não deixou
essas coisas te impedirem. Você simplesmente seguiu em frente e
continua tentando, e acho que é admirável. A maioria das pessoas
desmoronaria se estivessem lidando com tudo isso.

Apertei a mão dela. — Não me dê muito crédito. Eu realmente


não tenho escolha, certo?

— Você sempre tem uma escolha, Gray. Sua mãe foi embora.
A maioria dos amigos dele foi embora. Você fez a escolha de apoiá-
lo, e ele tem sorte de ter você.

— Quando você ficou tão sábia?

— Eu nasci assim — ela falou, e um largo sorriso se espalhou


por seu rosto.

Passamos o resto da viagem conversando, rindo e


compartilhando coisas que nunca tínhamos compartilhado antes.
Como o fato de que nunca tivemos um relacionamento sério, mas
por razões diferentes. Gigi não tinha encontrado ninguém com
quem ela se importasse assim, palavras dela, não minhas, e eu
nunca conheci ninguém que me fizesse querer parar de trepar com
outras garotas, palavras minhas, não dela.

Ela queria ser uma artista porque gostava de criar coisas, ela
amava suas melhores amigas e tinha sua vida inteira pela frente,
e sua família significava tudo para ela. Ela queria ser mãe um dia,
mas queria ter uma carreira própria porque sua mãe nunca teve,
e não queria se arrepender de não ter atendido a essas
necessidades primeiro. Ela amava Cade, mas não gostava que ele
a tratasse como uma criança porque ela era uma mulher adulta.
Eu ri quando ela disse isso porque estava muito agitada, mas
estava certa. Ela não era mais uma menina, e seu irmão precisava
respeitar isso.

Inferno, eu precisava respeitar isso também.

Embora eu estivesse fantasiando com ela por um tempo agora,


mas isso era diferente.

Parei no apartamento do papai, porque Wren pensou que ele


poderia estar se escondendo lá, mas ele não pegou o telefone nem
atendeu a porta quando tentei falar com ele. Eu tinha uma chave,
então, se ele estivesse lá, eu o levaria de volta para a reabilitação.
Deixei Wren saber que eu estava perto, e ele estaria nos
encontrando aqui.

Novamente.

— Espere no carro — falei quando saí, mas ouvi a porta dela


se fechando atrás de mim. — O que você está fazendo?

— Você pode precisar de reforços. Você não sabe no que está


se metendo.

Revirei os olhos enquanto ela me seguia pelas escadas de


cimento. — Alguém já te disse que você é cansativa?

— Apenas você — respondeu, parando para ficar ao meu lado


na porta.
Papai morava no segundo andar de um duplex questionável.
Eu tinha quase certeza de que as pessoas lá embaixo eram estrelas
pornôs porque sempre ouvi gemidos quando vim aqui, e havia
caras com câmeras entrando e saindo do lugar.

Sombrio pra caralho. Eu odiava que este fosse o lugar onde ele
morava. Ele morou com meus avós por um tempo, mas não
gostava que soubessem quando ele ia e vinha, o que era um código
para sair dos trilhos.

Meu pai teve tudo uma vez. Tínhamos morado em uma casa
linda no lago quando eu era jovem, ele estava praticando direito, e
minha mãe e meu pai sempre pareceram felizes juntos. Pelo menos
essa é a memória que ficou comigo.

Bati na porta e tentei escutar qualquer movimento.

Nada.

Peguei minhas chaves e nós dois pulamos quando a porta de


um carro bateu no estacionamento e eu olhei para ver Wren
subindo as escadas.

— Você bateu? — ele perguntou.

— Sim. Não ouço nada, mas isso não significa que ele não
esteja aqui. — Coloquei a chave na porta e a abri. — Pai — chamei.

Wren me moveu para o lado e entrou primeiro. — Deixe-me


verificar o lugar primeiro.

Eu sabia por que ele me encontrou aqui. Eu não era idiota. Se


meu pai continuasse por este caminho, chegaria o dia em que o
encontraríamos deitado de bruços no chão. Wren não queria que
eu visse isso.

— Você não deveria ter vindo — falei olhando para Gigi. Essa
feiura não fazia parte de seu mundo, nem deveria.

— Pare de ser dramático — disse ela. — Você não vai se livrar


de mim, seu burro teimoso.

Fechei meus olhos e olhei para o teto quando Wren nos


chamou para entrarmos da sala dos fundos. — Ele está bem.

O alívio me envolveu e eu soltei um suspiro que nem tinha


percebido que estava segurando.

— Vamos. — Peguei a mão dela e a levei para o quarto dele.

Cheirava a lixo, bebida rançosa e miséria. Meu pai estava


caído no canto do quarto com o rosto enterrado nas mãos.

— Sinto muito, filho. Estraguei tudo.

Não era a primeira, nem seria a última vez. Mas eu larguei a


mão de Gigi e me movi na frente dele, abaixando-me para
encontrar seu olhar.

Seus olhos estavam dilatados, perdidos e solitários.

Um lembrete de que eu nunca quis estar aqui. Sempre evitei


as drogas a todo custo, e esse seria um motivo para sempre
continuar nesse caminho. E a bebida se tornou uma fuga para
mim, eu precisava me lembrar disso.

Eu nunca quis estar aqui.


— Podemos levá-lo de volta para obter a ajuda de que precisa,
pai? — Eu tinha consultado um terapeuta ao longo dos anos para
lidar com o fato de ser filho de um viciado, bem como participado
de mais reuniões do AA do que eu poderia contar, e sabia que não
devia ficar com raiva dele agora. Meu pai estava se afogando em
um vício. Colocá-lo na defensiva só o faria correr. Estive em
contato com seu conselheiro na instalação e eles estavam
dispostos a aceitá-lo de volta.

— Sim. Sinto muito, Gray. — Ele olhou para cima e se


concentrou em Gigi. — Quem é?

— Essa é minha amiga Gigi — falei e ofereci-lhe a mão, mas


ele não a aceitou.

— Bela menina.

A porta se abriu atrás de nós e todos nos assustamos, com


exceção de meu pai. Dois filhos da puta de aparência sombria
entraram no apartamento e me movi para ficar na frente de Gigi
por instinto. Minha mão encontrou a dela atrás de mim e eu sabia
que ela estava com medo. Eu me amaldiçoei por trazê-la aqui.

— Quem diabos são vocês? — meu pai rosnou, e Wren se


moveu em direção aos dois homens.

— Eu disse que voltaria para vocês quando o encontrasse —


Wren sibilou e olhou para mim, e o olhar que ele me deu fez o
cabelo da minha nuca se arrepiar.

Isso não era bom.


— Bem, parece que você o encontrou — o cara com tatuagens
nos braços disse, olhando para mim e esticando o pescoço para
ver Gigi.

Jesus Cristo. Estraguei tudo ao trazê-la aqui.

— Ele não tem dinheiro. Ele vai conseguir. Deem a ele alguns
dias. — Wren cruzou os braços, ficando de pé e curvando-se
apenas o suficiente para eu notar.

Poderíamos lutar aqui mesmo, e que porra Gigi faria?

— Tempo é dinheiro. Ele vai pagar mais a cada dia que passa
e, se não pagar, encontraremos outras maneiras de fazê-lo pagar
— o outro cara falou. Ele tinha uma barba desalinhada e era uns
três centímetros mais baixo do que eu, seus olhos estavam cheios
de ódio.

— Deem o fora daqui. Vocês receberão seu dinheiro em breve.


— Meu pai estava de pé e balançando uma arma na frente do rosto
e todo o ar deixou meus pulmões.

— Porra, Dylan. Abaixe isso. — Wren mudou-se para o lado do


meu pai.

— Deem o fora daqui ou vou explodir suas cabeças! Vocês


terão seu dinheiro até o final da semana. — Papai tinha perdido
toda a razão e parecia um louco, balançando a pistola e furioso.

Gigi enterrou o rosto nas minhas costas e suas mãos


agarraram meu casaco com capuz. Eu tinha uma mão atrás de
mim, segurando-a lá.
— Tudo bem, cara. Você tem uma semana, com juros. Você
tem nosso número, Wren. — Eles giraram nos calcanhares e
saíram, e eu fiquei lá olhando para meu pai em estado de choque.

— Que porra é essa, pai? Você enlouqueceu? — gritei, puxando


Gigi na minha frente e envolvendo meus braços em torno dela.

Wren pegou a arma do meu pai, então correu para a porta e a


trancou.

— Esses caras não estão brincando, Dylan. E agora eles viram


a porra do seu filho. Isto não é bom. — Wren caminhou na minha
frente e meu estômago embrulhou.

— Vou conseguir o dinheiro. Não se preocupe com isso. Vou


voltar para a reabilitação e limpar minha merda. Sinto muito,
Gray. — Foi o mais coerente que ele esteve desde que eu cheguei
aqui.

Sim, colocar os outros em perigo tinha uma maneira de deixá-


lo sóbrio, aparentemente.

— Ouça-me, Gray. Vou levar ele de volta e colocá-lo na


reabilitação. Você volta para a faculdade e eu vou te manter
informado.

— E quanto ao dinheiro?

Meu pai foi até a cômoda e abriu a gaveta. Ele colocou a mão
dentro e procurou antes de tirar uma caixa. Ele entregou a Wren.
— Isso vai cobrir tudo.

Quando Wren abriu a caixa, o Rolex do meu pai estava dentro.


— Pensei que você havia penhorado isso com todo o resto há
muito tempo? — perguntei, incapaz de conter minha raiva agora.
A bochecha de Gigi descansava no meu peito e eu a mantive perto.
Ela não disse uma palavra, mas eu tinha quase certeza de que
estava em choque ou apavorada demais para falar.

— É a única coisa que guardei porque queria dar para você. A


última merda que tenho no meu nome. — Ele ficou triste. Lágrimas
escorreram por seu rosto e ele caiu no chão, caindo contra a
parede. Não senti nada. Ele queria simpatia por uma porra de uma
joia quando falhou com sua família em todos os sentidos? Não
consegui reunir nenhuma hoje. Não depois do que ele acabou de
fazer.

— Eu não dou a mínima para um relógio. Mas com certeza


seria bom ter um pai. — Eu olhei para Wren e ele acenou com a
cabeça para me deixar saber que lidaria com isso a partir daqui.

Levei Gigi para fora do apartamento e desci para a


caminhonete. Em algum lugar entre procurar meu pai, ser
abordado por dois caras perigosos e papai puxando uma arma, o
tempo havia mudado. Devia saber que a tempestade estava vindo
quando cheguei aqui, literal e figurativamente. Estava chovendo
torrencialmente e corremos para a caminhonete. Ela não me parou
quando eu coloquei o cinto nela, e ela não havia dito uma palavra
ainda.

Por que, o que havia para dizer neste ponto?


Capítulo Quinze

Gigi

Meu coração ainda estava acelerado quando Gray desceu a


estrada de terra no final do lago. A chuva batia no para-brisa,
afastei meu cabelo molhado do rosto. Não tínhamos falado uma
palavra. Sentei-me o mais perto dele que pude, precisando de seu
calor.

A água escorreu do lado do rosto dele quando abriu a porta e


saiu. Ele caminhou na frente da caminhonete, eu pulei e andei até
ele.

— Está uma chuva torrencial — gritei, pegando suas mãos.

— Sinto muito mesmo, G. Nunca deveria ter trazido você aqui.


— Ele me puxou para perto e passou os braços em volta de mim.
A chuva batia na minha nuca, mas não me importava.

— Estou feliz por ter vindo com você. Não gostaria que
estivesse lá sozinho — eu estava gritando sobre a chuva que caía.

— Esse é o único lugar que me acalma. Esse lago. A água. —


Ele me levou até a costa e ficou olhando para fora como se estivesse
lutando contra o desejo de mergulhar. A forma como a chuva caía
contra a água fazia parecer que diamantes dançavam na
superfície.

— Vamos entrar. — Já estávamos encharcados e eu sabia que


ele estava sofrendo. Eu faria qualquer coisa para ajudá-lo agora, e
o ar quente tornava a chuva tolerável.

— Você quer entrar? — ele perguntou, estudando-me como se


eu tivesse todas as respostas da vida. O olhar em seus olhos quase
me deixou de joelhos.

Tristeza.

Mágoa.

Dor.

Desapontamento.

Ele se abaixou, tirou os sapatos e alcançou meu pé. Segurei


sua cabeça e o deixei tirar minhas botas.

— Com roupas ou sem roupas? — ele perguntou quando se


levantou e seu nariz roçou o meu.

— É dia. Alguém pode nos ver. Minhas roupas vão ficar. —


Estremeci com a ideia de estar nua na água com Gray.

Ele agarrou minha mão e corremos para a água. Caí para


frente quando o fundo sumiu de debaixo dos meus pés. Gray me
pegou e me puxou contra seu corpo. Ele se levantou facilmente
quando a água subiu até seu peito, e corri minhas mãos sobre seus
ombros musculosos. Olhei para ele, assim como a chuva parecia
clarear de uma vez, e eu não perdi o calor em seus olhos.
— Meu pai é tão fodido. Não posso acreditar que ele puxou
essa merda.

Estendi a mão e rocei sua mandíbula com a ponta dos dedos.


— Sinto muito. Sei que ele te ama, ele é apenas um viciado. E o
vício sempre vence. Ele não está pensando racionalmente.

Gray acenou com a cabeça e inclinou-a para trás para olhar


para o céu. A chuva parou. O sol apareceu do nada e ele olhou
para mim. — Nunca pulei na água totalmente vestido.

— Às vezes, você tem que fazer o que tem que fazer — falei.

— Você está certa sobre isso, G. — Ele se inclinou e capturou


minha boca. Meus membros ficaram fracos, mas ele passou um
braço em volta da minha cintura, segurando-me firme contra seu
corpo.

Sua língua mergulhou e gemi em sua boca. Minhas mãos


tinham se emaranhado em seu cabelo porque eu precisava dele
mais perto. Ele me levantou e minhas pernas envolveram sua
cintura e me apertei contra ele. Tão perdida no momento.

Perdida neste menino.

Ele assumiu o controle do beijo, inclinando minha cabeça para


trás para obter mais acesso. Sua mão acariciou minha nuca
enquanto eu continuava a esfregar contra toda a sua dureza.

O trovão explodiu atrás de mim e ele se afastou.

— Por favor, não pare — sussurrei quando ele me colocou de


pé. Minhas mãos agarraram sua camisa branca, forçando-o a
olhar para mim. Para ficar no momento.
— Não acho que eu poderia parar se quisesse. E eu não quero.
Não posso mais ficar longe de você. — Ele deu de ombros,
inclinando-se e beijando a ponta do meu nariz. — Você é meu vício,
Gigi Jacobs.

Um largo sorriso se espalhou pelo meu rosto e peguei sua mão.


Ele me tirou da água e nós dois rimos quando nos abaixamos para
pegar nossos sapatos. — Estamos encharcados.

— Minha caminhonete já viu coisas piores. Você acha que não


há problema em ir para sua casa? Realmente não quero lidar com
Simon e todo o seu julgamento agora.

— Claro. Tenho certeza de que você se lembra que meus pais


estão em Maui para o grande aniversário, visto que é tudo o que
eles conversaram nos últimos meses. Enviei uma mensagem de
texto para minha mãe quando estávamos vindo e apenas a deixei
saber que eu voltaria para casa para pegar um vestido para o
próximo baile — falei quando ele me pegou, encharcada, e me
colocou em sua caminhonete como se eu fosse uma delicada peça
de porcelana. Deslizei para o assento central, peguei meu cinto de
segurança e ele sorriu.

O sorriso de Gray fazia coisas comigo que eu nunca tinha


experimentado. Juro que meu coração dobrava de tamanho cada
vez que ele olhava para mim.

Fomos de carro até minha casa e conversamos sobre seu pai.


Ele me pediu para enviar uma mensagem rápida para Wren de seu
telefone para ver o que estava acontecendo.
— Wren disse que eles estão voltando para a reabilitação
agora. Ele está com o relógio e cuidará disso — falei, lendo o texto
quando chegou.

— Eu estaria na merda sem esse homem. Você pode responder


e agradecer a ele por mim?

— Claro — disse ao entrarmos na minha garagem. O sol estava


se pondo atrás do horizonte e pulei para fora da caminhonete. As
folhas mudaram de cor. O outono era minha estação favorita, pois
significava que o Dia de Ação de Graças e o Natal não estavam
muito longe. Ainda estava surpreendentemente quente para esta
época do ano, mas eu não estava reclamando porque, do contrário,
pular no lago com Gray não teria sido tolerável.

Coloquei a chave na porta e subimos as escadas. Acendi


algumas luzes e parei quando cheguei ao meu quarto.

— Eu tenho que tirar essas roupas molhadas — sussurrei.

— Sim. Eu também. Felizmente, tenho algumas coisas aqui.


— Gray encostou-se no batente da porta, observando cada
movimento meu.

— Preciso de um banho quente. Provavelmente estou com


cheiro de vômito. — Meu coração disparou, entrei no banheiro e
peguei uma toalha. Afaguei meu rosto e esfreguei contra meu
cabelo, esperando para ver o que ele faria.

— Você cheira a pêssegos. — Ele sorriu e minhas pernas


ficaram fracas. — É meu perfume favorito agora.

— É mesmo?
— É sim. Você quer tomar banho junto comigo? — Sua voz
estava rouca e cheia de necessidade.

— Eu nunca tomei banho com ninguém antes — admiti. Gray


sabia que eu não tinha experiência, mas não sabia se ele sabia o
quão profundo isso era. Eu não tinha feito muito com ninguém
além de beijar.

— Eu também nunca tomei banho com ninguém. — Ele fechou


a distância entre nós e ficou na minha frente.

— Você não tomou? Isso me surpreende.

— Conexões de uma noite não costumam levar a banhos


juntos. ‘Ponto final, obrigado’, sempre foi mais a minha velocidade.

Revirei os olhos, irritada com suas palavras, mas igualmente


animada com sua proximidade. — Bem, não sou uma conexão de
uma noite.

Sua mão embalou minha bochecha e seu polegar a acariciou.


— Estou muito ciente de quem você é, G. É por isso que tenho
lutado contra isso, porque não quero estragar tudo. E há uma boa
chance de que eu faça. Mas estou disposto a tentar.

Minha mão pousou sobre sua. — Ok.

Ele se inclinou e beijou meu pescoço, minha cabeça caiu para


trás. Suas mãos se estabeleceram na barra da minha blusa e ele
se afastou para olhar para mim. Perguntando-me com seu olhar
esmeralda se estava tudo bem em continuar. Concordei. Ele
levantou o tecido de seda sobre a minha cabeça e eu fiquei lá com
meu sutiã rosa rendado e minha saia jeans. Arrepios cobriram
minha pele enquanto ele tomava seu tempo me examinando.
— Você é linda pra caralho. — Suas palavras estavam cheias
de necessidade e minha respiração prendeu. Peguei os botões de
sua camisa, minhas mãos tremiam enquanto eu desabotoava cada
um. Ele me ajudou a tirá-la de seus ombros largos. Meus dedos
traçaram cada linha e músculo em seu peito, ele respirou fundo e
lentamente. Ele desabotoou minha saia jeans e eu o ajudei a descê-
la pelas minhas coxas e nós dois rimos. O jeans molhado não era
amigo de ninguém.

Ele puxou para baixo suas calças e cuecas sem hesitação e


ficou lá como se fosse perfeitamente normal se despir na minha
frente. Entendi sua confiança porque ele foi esculpido com
perfeição. Braços fortes, peito musculoso e seis cortes bem
distintos no abdômen. Tinha visões dele em pé na minha frente na
noite passada, nu, mas minha memória estava embaçada. Então,
eu iria aproveitar esse momento.

Alcancei atrás de mim e desabotoei meu sutiã, ele caiu de


joelhos e beijou minha barriga enquanto rolava minha calcinha
pelas minhas pernas.

Eu não conseguia respirar com a sensação de sua boca ali.


Seu hálito quente provocando minha pele. Ele olhou para mim e
sorriu, e mordi meu lábio inferior com força.

— Não fique nervosa. Não vamos fazer nada com o que você
não se sinta confortável e não vamos fazer sexo, então não comece
a se estressar com algo que não vai acontecer. — Ele ficou de pé e
abriu a água do meu chuveiro.

Passei meus braços sobre meu peito, abraçando-me enquanto


deixava a picada de suas palavras se estabelecerem. — Por que
não?
Ele se aproximou e riu um pouco enquanto sua testa
descansava contra a minha. — Certamente não é porque eu não
quero. Mas há muitas coisas que podemos fazer sem sexo. E até
descobrirmos o que está acontecendo conosco, vamos nos ater a
essas coisas. Eu prometo fazer você se sentir bem.

— Não tenho dúvidas disso.

Ele pegou minha mão e me levou para o chuveiro. Eu não


sabia como seria tomar banho com alguém, mas isso superou
todas as expectativas. Gray espremeu um pouco de shampoo em
suas mãos e lavou meu cabelo tão suavemente que minhas costas
caíram contra seu peito, aproveitando cada minuto.

— Eu amo seu cabelo. Tudo em você é bonito, sabia? — ele


sussurrou em meu ouvido.

Virei-me em seus braços e peguei o sabonete, demorando


enquanto lavava seu peito duro e minhas mãos desceram mais.
Aproveitando a sensação de seu abdômen sob meus dedos, a forma
como os músculos eram tão definidos. Minhas mãos se moveram
para baixo e agarrei sua ereção, ele assobiou. Lentamente permiti
que meus dedos ensaboados o acariciassem até que ele caiu contra
a parede e cobriu minha mão com a dele.

— Estamos indo devagar, G. Esta noite eu quero lhe dar


prazer. — Ele ergueu minha mão e a beijou.

— Eu também quero te dar prazer.

— Confie em mim. Ver você gozar é todo o prazer que preciso.


— Ele desligou a água e puxou duas toalhas do suporte e me
envolveu em uma. Ele usou a outra para secar meu cabelo
enquanto estava lá completamente nu e ensopado.

— Oh, meu Deus — eu sussurrei.

— Você confia em mim?

— Sim.

— Isso é tudo que preciso saber. — Ele enrolou a toalha na


cintura e eu entrei no quarto e peguei um moletom. Gray entrou
no quarto em que ficava quando estava aqui e saiu vestindo uma
camiseta branca e tênis azul-marinho. Seu cabelo estava molhado
e caía em torno de seu rosto. Sentei-me na minha cama escovando
meu cabelo e ele se encostou no batente da minha porta.

— Com fome?

— Morrendo de fome — disse ao me levantar.

— Pizza parece bom? — Ele olhou para seu telefone.

— Sim. Isso soa bem.

— Está a caminho. — Ele se moveu em minha direção e


sentou-se na cama ao meu lado. — Eu realmente sinto muito por
arrastar você para a minha bagunça.

— Pare de dizer isso. Você me deixaria entrar numa situação


assim sozinha? — perguntei.

— Porra, não. Mas isso é diferente.


— Não é. Apenas estou chateada porque sei que isso te
machuca.

— Porra — disse ele, caindo de costas na cama. — Não quero


estragar tudo, mas não sei como fazer isso.

Eu caí para trás e rolei de lado para encará-lo. — Não pense


demais. Eu gosto de você e você gosta de mim. Não há pressão.
Vamos ver para onde isso vai.

— E quanto a Cade? Ele vai perder a cabeça. Em primeiro


lugar, levo você para ver meu pai, que aponta uma arma para dois
bandidos que o perseguem. E agora estamos falando sobre
namoro. Porra, você é uma virgem, Gigi. Não quero tirar nada de
você que não mereça.

— Em primeiro lugar, podemos parar de falar sobre a minha


virgindade? Sim, por acaso sou uma. Mas, meu Deus, por que isso
é tão importante? Todo mundo é virgem em algum momento de
sua vida. — Revirei meus olhos. — Em segundo lugar, escolhi ir
com você para a casa do seu pai. Estamos todos bem. Ninguém se
machucou. Não torne isso maior do que é. E acho que devemos
manter o que quer que seja isso entre nós por agora. Por que
arriscar todo o drama com Cade se nem sabemos se vai funcionar?

— Você sempre foi mais sábia do que eu. — Ele riu enquanto
tirava o cabelo do meu rosto.

— Você finalmente admite. — Eu sorri e ele me virou de costas,


me fez cócegas e eu explodi em uma gargalhada.

— Então, este é o nosso segredo por enquanto.


— Meus lábios estão selados — falei, ele se inclinou e me
beijou com força.

— Não se eu tiver meu jeito de fazer isso.

A campainha tocou e nós dois estávamos ofegantes quando


nos sentamos.

Descemos as escadas e comemos algumas fatias de pizza no


sofá. De alguma forma, acabei no colo dele e conversamos mais
sobre o que aconteceu hoje.

— Você sabia que seu pai tinha uma arma? — perguntei.

— Não. Ainda estou chateado com isso. O que diabos ele está
pensando? Bêbado, chapado e balançando uma pistola? Juro para
você que o homem é brilhante, mas ele está todo ferrado agora.

Esfreguei seu ombro e o estudei. Ele era tão estoico. Isso devia
estar devorando-o por dentro. Muitas coisas estavam fazendo
sentido para mim agora. Porque ele gostava de ficar em nossa casa
o tempo todo. Ele provavelmente ansiava pela simplicidade e
normalidade de nossa vida familiar. Raramente havia qualquer
drama aqui, além de Cade se meter na minha vida.

— Eu sei que ele é. Ele ainda está lá, Gray. E ele precisa que
você tenha fé nele.

— Sim. Está ficando cada vez mais difícil — disse ele, sua
língua escorregando para molhar os lábios.

— Você acha que aqueles caras irão atrás dele?


— Não se forem pagos. Ligarei para Wren amanhã para ter
certeza de que o relógio cobrirá tudo.

— Você é um filho muito bom — falei quando ele me colocou


de volta no sofá.

— Eu preciso te beijar agora. Fazer você se sentir bem. Pensar


em algo diferente do meu pai fodido. E acontece que você é meu
novo passatempo favorito.

Minha respiração estava forte e rápida, e meu peito subia e


descia rapidamente.

— Eu estou bem com isso.

— Sim? — perguntou, procurando meu olhar.

Eu o puxei para baixo e sua boca veio sobre a minha. Ele se


apoiou em um braço, suportando seu próprio peso enquanto
beijava seu caminho pelo meu pescoço. Suas mãos deslizaram por
baixo da minha camiseta e lentamente subiram pelos meus lados.
Seus polegares roçaram os lados do meu peito. Eu me arqueei para
ele, desesperada para que me tocasse onde ninguém nunca tinha
tocado. Suas mãos se moveram em meus seios e ele acariciou
meus mamilos, gemi contra sua boca. Nunca quis ninguém ou
nada mais.

Ele se afastou e olhou para mim. — Está tudo bem?

Eu não conseguia falar. Minha respiração estava muito rápida


e meu corpo tremia. Eu balancei a cabeça e ele riu. Ele parecia tão
sexy. Seu cabelo uma bagunça desgrenhada e seu olhar encoberto
me absorvendo. Lábios carnudos, inchados de me beijar. Ele
puxou minha camisa sobre a minha cabeça e sua boca desceu
sobre um dos seios. Meus olhos se fecharam e tentei
desesperadamente me controlar. Ele continuou a me adorar,
dando a cada seio igual atenção.

— Quero esculpir esses peitos em argila para que eu possa tê-


los comigo o tempo todo — ele disse contra minha pele e eu
engasguei. — Tão perfeitos, G.

Ele se afastou para me observar enquanto sua mão deslizava


sob o cós da minha legging. Eu acenei.

Não pare.

Ele parou por um momento quando percebeu que eu não


estava usando calcinha. Ele tocou minha área mais sensível e
engasguei com seu toque.

Santa Mãe de todas as coisas...

Mesmo meu subconsciente não estava fazendo nenhum


sentido.

Mordi meu lábio inferior com força para tentar me acalmar.

Mas não estava funcionando.

Essa necessidade em construção assumiu e não importava o


quanto eu tentasse, não conseguia parar.

— Pare de pensar, e apenas deixe-se sentir bem. Você está tão


molhada que está me deixando louco — ele disse enquanto seus
lábios roçavam minha orelha.

Parei de pensar.
Meus quadris se moveram contra ele e puxei sua boca de volta
para a minha. Ele deslizou um dedo para dentro e me perdi no
momento.

Perdida neste menino.

Perdida em todas as coisas de Gray Baldwin.

Meu corpo assumiu. Procurando o que precisava.

Mais.

Gritei minha liberação e ele não diminuiu até que a última


onda de sensação percorreu meu corpo.

Ele se afastou para olhar para mim e um sorriso largo se


espalhou por seu rosto.

— Você é linda pra caralho.

— Você que é — sussurrei. De alguma forma, esse menino


tinha escondido todos esses lados diferentes de mim todos esses
anos, mas agora eu estava vendo tudo.

Tudo dele.

E eu só queria mais.
Capítulo Dezesseis

Gray

Santo Deus. Se alguém tivesse me dito como seria ver Gigi


Jacobs desmoronar em meus braços, eu teria endireitado minha
merda há muito tempo. Ondas loiras caindo ao seu redor. Olhos
de safira azul vidrados e saciados. Lábios inchados onde a beijei.

Foi melhor do que qualquer coisa que eu já testemunhei.

Tirei minha mão de sua legging e coloquei meu dedo em minha


boca. Desesperado para provar. Queria enterrar meu rosto entre
suas pernas. Enterrar-me profundamente dentro dela.

— Oh, meu Deus — sussurrou enquanto me observava puxar


meu dedo da minha boca.

Eu estava usando todo o controle que tinha para me mover


lentamente com ela.

Havia uma chance muito boa de que eu estragasse tudo antes


mesmo das coisas começarem.

Concordei em esconder isso de Cade por enquanto porque ela


estava certa, isso causaria uma tonelada de drama antes mesmo
de sabermos para onde isso iria. A verdade era... eu não queria
compartilhar isso com ele porque ele me diria que eu não era bom
o suficiente para sua irmãzinha, e ele estaria correto. E agora, eu
só queria algo bom na minha vida. Algo que parecia certo.

E tudo sobre essa garota parecia certo.

Mas olhe para o que eu já a havia exposto nas últimas horas.


Eu deveria deixá-la em paz. Ir embora agora antes que nós dois
entrássemos muito fundo.

Mas eu não poderia fazer isso agora.

Eu precisava de Gigi Jacobs como precisava respirar.

— Vamos dormir um pouco. Foi um dia difícil. Você deve estar


exausta.

— Você vai dormir comigo? — perguntou, e algo no meu peito


apertou. A maneira como ela olhou para mim como se tivesse toda
a fé do mundo em mim. Como se eu a mantivesse segura, não
importava o que acontecesse. Isso me fez querer ser aquele cara
para ela.

— Eu estava planejando isso. — Eu a levantei do sofá e a


carreguei para cima, ela riu.

— Você sabe que posso andar, certo?

— Eu só gosto de te manter por perto.

Carreguei-a para o meu quarto e a coloquei na cama.

— Você quer dormir aqui?

— Parece errado dormir no seu quarto de princesa.


Ela balançou a cabeça e sorriu. — Eu não me importo onde
dormimos, Gray. Contanto que estejamos juntos.

Ela subiu na cama e puxou as cobertas, eu apaguei a luz e me


acomodei ao lado dela. Respirei em toda a sua bondade.

— Obrigado por vir aqui comigo — sussurrei.

— Eu iria a qualquer lugar com você. — Sua voz parecia


sonolenta e sua cabeça pousou no meu peito.

O sono nos levou rapidamente.

Foi completamente natural acordar com Gigi em meus braços.


Como se ela sempre tivesse estado aqui. Talvez de uma forma, ela
sempre esteve. Talvez eu sempre a quisesse, mas estava com muito
medo de admitir. Mas, pela primeira vez na minha vida, eu não
estava tentando fugir de uma garota que havia acordado na minha
cama. Inferno, eu queria mantê-la enquanto ficasse.

— Ei — falou quando seus olhos se abriram.

— Como você dormiu? Teve pesadelos com bandidos, armas e


traficantes de drogas? — provoquei, mas havia alguma verdade em
minhas palavras. Eu não tinha ideia de com quem meu pai estava
metido.
— Não. Eu tive os sonhos mais doces que eu acordaria com
você novamente — sussurrou.

Tão doce pra caralho.

Gigi sempre foi assim. Lembro-me de quando éramos jovens,


ela sempre fazia bolos em seu pequeno forno para todos os
vizinhos. Todo mundo estava brincando lá fora, e ela estava
determinada a garantir que todos recebessem alguma coisa. Cade
e eu costumávamos implicar com ela sobre isso, mas a verdade é
que sempre admirei sua bondade.

Ela era instintivamente boa em seu âmago.

— Gosto de acordar com você também. Mas provavelmente


devemos nos levantar e voltar para a faculdade em breve.

Ela se apoiou no cotovelo, uma mão traçando ao longo da


minha clavícula. — Eu estava pensando que talvez pudéssemos
ver suas irmãs e sua mãe enquanto estivermos aqui. Elas ficariam
tão felizes. Não seria divertido surpreendê-las?

Endureci com a menção de ir para casa. Não era que eu não


quisesse ver minha mãe e minhas irmãs, mas isso significava ver
Simon. Se ele soubesse que eu estava aqui para ajudar meu pai,
eu nunca ouviria o fim disso.

Sua cabeça inclinou para o lado, e todo aquele cabelo loiro


caiu sobre um ombro. — Se você está preocupado com elas se
perguntando por que você está comigo, posso ficar aqui. Ou
podemos apenas dizer que peguei uma carona com você porque
precisava de algo de casa. Ninguém precisa saber de nada.
Ela tentou esconder a dor no seu tom, e eu coloquei meu
polegar e o indicador em cada lado de sua mandíbula, forçando-a
a encontrar meu olhar. — Ei, isso não tem nada a ver com você.
Eu não tenho nenhum problema com você ir comigo. Todas te
amam. É com Simon que estou preocupado.

Seus olhos se suavizaram e ela assentiu. — Diga a ele que


implorei por uma carona para pegar esse vestido. Eu realmente
precisava disso, então não é uma mentira completa. E diremos que
meu carro está com problemas e você se ofereceu para me trazer
para casa. Eles não precisam saber que viemos ontem. Diremos
que é uma viagem de um dia e você queria surpreendê-las.

— Você, com certeza, tem a resposta para tudo, não é?

— Apenas mais um dia de trabalho. — Ela riu, e eu a virei de


costas e fiz cócegas nela novamente.

Meu pau estava infeliz. Ele foi insultado e provocado mais do


que estava acostumado. Inferno, eu não tinha nenhum problema
em conseguir garotas, e este era definitivamente o maior tempo
sem sexo desde o colégio.

Eu só precisaria servir a mim mesmo um pouco mais


frequentemente para sobreviver até que descobríssemos essa
merda. Apressar Gigi não era uma opção. Ela fez uma pausa
quando me pressionei contra ela.

— Oh, meu — disse ela, cobrindo a boca com a mão. — Você


tem um problema aí?
— Você acha isso engraçado, não é? — Enterrei meu rosto em
seu pescoço e esfreguei minha barba contra ela enquanto ela
gritava de tanto rir.

— Eu poderia te ajudar com isso — ela disse, seus olhos


procurando os meus quando parou de rir.

— Sim? Você já fez isso antes?

Ela mordeu o lábio inferior e balançou a cabeça. — Não,


porque eu não queria. Mas eu quero agora. Eu quero que você seja
todos os meus primeiros.

Meu Deus, essa garota iria me destruir. Meu peito apertou e


um nó se formou na minha garganta.

— Eu gosto do som disso. — Rolei para fora dela e me deitei


nas minhas costas.

— Eu também — falou, e seu olhar azul safira escureceu


quando deslizou os dedos por baixo da minha cintura e puxou para
baixo meu moletom. Respirei fundo, a antecipação estava me
matando. Certamente não demoraria muito.

Eu ri, sentindo-me como um maldito garoto hormonal de treze


anos. Envolvi minha mão em torno da dela enquanto me agarrava,
guiando-a para cima e para baixo em meu eixo. Fechei meus olhos
e assobiei quando minha mão caiu ao meu lado.

Gigi Jacobs era uma estrela do rock em todas as coisas, e isso


não era exceção.
— Droga, baby. — Eu puxei sua cabeça para baixo e a beijei
enquanto sua mão continuava a se mover. A combinação de sua
mão no meu pau e seus lábios nos meus foi demais.

Gemi em sua boca enquanto chegava na borda.

— Jesus, isso foi incrível pra caralho — eu sibilei enquanto


pegava minha camiseta e limpava a bagunça.

Suas bochechas estavam vermelhas e ela sorriu. Eu me


empurrei e a beijei com força. — Banho?

— Sim, por favor.

Coloquei-a de pé. Minha nova atividade favorita era tudo que


podia fazer com Gigi. Inferno, o banho foi incrível porque eu fiquei
molhado e nu com a minha garota. Uma punheta com Gigi era
melhor do que sexo com qualquer outra pessoa.

E estávamos apenas começando.

— Oooh, eu adoro a floricultura da Violet. Vamos comprar


flores? — Gigi perguntou quando eu vim para o lado dela da
caminhonete e a ajudei a sair.

— Sim. Tento levar uma coisinha para minha mãe e para as


meninas de vez em quando, especialmente porque elas não sabem
que estou aqui. — Eu esfreguei minha nuca porque era domingo,
o que significava que Simon provavelmente estaria em casa.

Eu poderia lidar com as críticas, mas não queria que Gigi


testemunhasse.

O homem pensava que meu pai era um pedaço de merda e


estava convencido de que eu faria o mesmo.

Talvez ela acreditasse se ouvisse as coisas que ele dizia.

— Oh, meu. A que devo a honra? Grey e Gigi, vocês são um


colírio para os olhos — a mulher mais velha disse enquanto se
virava para nos abraçar. Violet era dona da floricultura desde que
eu conseguia me lembrar, e ela era uma presença permanente em
Willow Springs. Todos a conheciam e todos a amavam. — Quando
vocês voltaram da faculdade?

— Acabei de dar uma carona a Gigi para pegar um vestido que


ela precisa para um baile — falei, dando um tapinha no ombro da
frágil mulher.

— Minha doce menina, você e Addy decidiram entrar em uma


irmandade? — ela perguntou, porque nada passava por essa
mulher. Seu olhar se fixou em um pingue-pongue entre nós, como
se ela estivesse tentando resolver um quebra-cabeça.

— Sim. Ambas somos Kappa Gammas.

— Oh, minha irmandade. Isso é algo. E vocês dois estão na


mesma faculdade. Com certeza parecem que estão se dando
melhor do que antes? — Ela levantou uma sobrancelha e sorriu.

Gigi enrijeceu ao meu lado. Violet era a fofoqueira da cidade.


— Confie em mim. Eu ainda a incomodo pra caralho na maior
parte do tempo. Ela só precisava de uma carona.

— Ah, entendo. Então, o que você gostaria hoje, Gray?

— Faça três buquês de azaleias e dois buquês de margaridas,


por favor.

Violet desapareceu atrás do balcão e Gigi se virou para mim.


— Desculpe. Eu sei que estamos mantendo isso entre nós,
provavelmente deveríamos ter pensado nisso — ela sussurrou.

— Costumávamos ir a lugares juntos quando você me


desprezava — falei em seu ouvido para que apenas ela pudesse
ouvir. Seus dedos se enredaram no meu cabelo e ela sorriu para
mim.

— Eu te desprezava, não é? — Ela me puxou para perto e seus


lábios roçaram os meus.

— Você me desprezou quando minha mão escorregou por


baixo da sua calcinha na noite passada? — Eu mordi sua orelha
neste momento.

Ela riu e se afastou quando os passos de Violet voltaram.

Endireitei-me, mas meu pau ainda estava duro. Ele teve uma
prorrogação esta manhã, mas estava cansado de eu brincar com
ele assim.

Eu me ajustei, certificando-me de que Violet não pudesse me


ver do outro lado do balcão, mas Gigi percebeu. Ela levantou uma
sobrancelha e seus olhos se arregalaram antes de se virar para a
doce mulher mais velha segurando cinco buquês.
— Esses estão bons?

— São perfeitos. — Entreguei a ela meu cartão.

— Você compra flores para elas com frequência? — perguntou


Gigi.

— Ele aparece aqui a cada dois meses. — Violet me devolveu


meu cartão e me entregou os buquês. — Ele começou a comprar
flores para suas meninas desde que conseguiu seu primeiro
emprego aos dezesseis anos.

Talvez eu devesse ter Violet falando sobre mim para Simon


também. Essa era uma boa propaganda.

Nós dois nos despedimos dela com um abraço e saímos para a


caminhonete. Entreguei a ela um dos buquês e ela sorriu.

— Gray Baldwin, você é muito mais doce do que parece.

— Apenas com você, G.

Gigi ficou quieta no caminho até minha casa, quando paramos


na garagem, ela se virou para mim.

— Não sei por que sempre pensei que você era apenas um
idiota arrogante.

— Puxa. Diga-me como você realmente se sente — provoquei,


colocando seu cabelo atrás da orelha.

— Você sempre foi um idiota comigo quando éramos mais


jovens.
— Acho que posso ter uma queda enorme por você há muito
tempo, mas não queria admitir isso. Inferno, eu nem mesmo
admitiria para mim mesmo. Mas sempre quis estar perto de você.

— Eu sinto muito por não ter tido tempo para ver o seu outro
lado antes de agora.

— Confie em mim, fui eu, não você. Você é a pessoa mais legal
que conheço. Eu te dei um bom motivo para me desprezar. Eu
mexia com você constantemente. Provavelmente estava mais
bêbado perto de você do que sóbrio nos últimos anos.

— Mas então você faz coisas como comprar flores para sua
mãe e suas irmãs também. — Sua mão encontrou a minha no
assento.

— Confie em mim. Eu sou um idiota na maioria das vezes.


Sim, eu compro flores para minha família porque eu as amo. E
talvez seja porque me sinto muito culpado que nunca quero estar
aqui por causa de Simon. Não me dê muito crédito, G. — Eu pulei
da caminhonete e dei a volta para abrir a porta dela.

— Eu não acho que você se dá qualquer crédito — falou,


colocando seu buquê no banco do passageiro.

— O que? Eu acho que sou incrível. — Eu ri. — Quer dizer,


posso ser péssimo em ser um namorado, mas sei que sou bom.
Não há problemas de autoestima aqui.

Ela riu. — Aí está ele.

Segurei os buquês em minhas mãos e caminhamos até a porta


da frente. Ela não me questionou quando bati, porque sabia que
eu estava surpreendendo-as. Mas mesmo que não as
surpreendesse, estaria batendo na porta. Esse lugar nunca me fez
sentir em casa. Era a casa de Simon. Não minha.

Mariana, nossa governanta, abriu a porta e engasgou. — Meu


doce menino.

Entreguei a ela um buquê de azaleias e ela me abraçou. Ela se


virou para Gigi e a envolveu em um abraço também. Gigi cuidou
de minhas irmãs muitas vezes, então elas se conheciam bem.

— Onde está todo mundo? — perguntei.

— Estão todos na cozinha almoçando. Simon está aqui. —


Suas palavras tinham um aviso. Ela estava mais do que ciente da
relação tumultuada que eu tinha com o homem, mas ele também
assinava seus contracheques, então ela não podia falar muito
sobre isso.

Simon não era um cara mau para ninguém. Ele se ressentia


de mim por motivos que eu não tinha controle, por ter nascido filho
de um homem que ele desprezava. Viver com ele tinha sido um
inferno. Os Jacobs me salvaram abrindo suas portas para mim.

Simon me apoiou financeiramente em todos os sentidos?


Absolutamente. O homem era podre de rico, e adorava exibir seu
dinheiro na cabeça de todo mundo.

Ele era um bom pai para as gêmeas? Sim. Eu odiava admitir


isso, mas ele genuinamente as amava. E ele amava minha mãe.
Então, eu apenas fiquei longe para não balançar o barco.

— Ei — falei, entrando na cozinha com Gigi ao meu lado.


Pen e Bea pularam de seus assentos e gritaram. Ambas me
atacaram e eu as peguei com facilidade.

— Querido, o que você está fazendo aqui? — Minha mãe se


levantou e deu a volta na mesa para me abraçar. Eu coloquei as
meninas no chão e elas se revezaram bajulando Gigi.

— O carro de Gigi não estava funcionando e ela precisava


pegar um vestido para um baile. Eu me ofereci para dar uma
carona. Estamos voltando agora, mas eu queria dizer oi antes de
sair.

Entreguei às meninas suas flores e depois dei o buquê para


minha mãe. Seus olhos estavam molhados de emoção porque ela
sempre chorava quando eu estava em casa.

— É bom ver você, Gray — Simon disse, colocando-se de pé e


me oferecendo sua mão. — Como você está, mocinha?

— Simon, você não precisa ser tão formal. Gigi cuidou das
meninas dezenas de vezes. — Minha mãe se moveu para pegar
alguns vasos, assim que Mariana entrou na cozinha e pegou as
flores dela.

— É ótimo ver você também. — Gigi sorriu e olhou para mim.

Mariana nos serviu um chá doce e mamãe pediu que nos


sentássemos com eles enquanto terminavam o almoço. Eles
ofereceram comida a Gigi e a mim, mas recusamos. Eu estava
ansioso para sair dali.

— Gray, você vai brincar de Barbies com a gente antes de ir?


— Bea perguntou enquanto puxava sua cadeira para mais perto
de mim.
— Hoje não, pequena. Eu preciso voltar para a faculdade.

Ela fez beicinho e eu beijei o topo de sua cabeça.

— Então, você ouviu que seu pai saiu da reabilitação de novo?


— Simon perguntou, empurrando seu prato.

— Sim. Acredito que ele está voltando agora. Como você sabe
disso?

A mão de Gigi encontrou meu joelho embaixo da mesa e


descansou lá.

— Todo mundo sabe como ele é um fracasso. Está por toda a


cidade. Achei que era por isso que você estava aqui? Ser arrastado
para o mundo dele como você sempre faz.

— Simon. — A voz da minha mãe era áspera.

Isso era novo.

Ele assentiu. — Apenas dizendo. Se você quer ir para a


faculdade de direito e fazer algo por si mesmo, não vai conseguir
muito seguindo os passos de seu pai. Você sabe disso, certo?

Meus ombros enrijeceram com suas palavras. — Estou ciente.

— Tal pai, tal filho, mas não o levará muito longe, Gray. — Seu
olhar travou com o meu e eu estava pronto para dar o fora daqui.

— Gray obteve a nota mais alta em sua aula de Direito e Ética


e lhe foi oferecido um estágio de verão no tribunal. — Os lábios de
Gigi estavam franzidos enquanto ela olhava para meu padrasto.
Mariana pôs uns biscoitos na mesa e não perdi o sorriso no
rosto dela. Ninguém jamais veio em minha defesa assim. As
pessoas raramente enfrentavam Simon.

— É isso mesmo? — Simon olhou para mim com surpresa.

— É isso mesmo. Tudo bem, precisamos ir. — Eu me levantei


e Gigi me seguiu até a porta.

Eu abracei minhas irmãs em um adeus e fiz o mesmo com


minha mãe.

— Sinto muito, querido. Ele tem boas intenções — ela


sussurrou em meu ouvido. — Ele simplesmente não quer ver você
seguir o mesmo caminho.

Eu acenei. — Sim. Vejo vocês no Dia de Ação de Graças.

— Você vai se juntar a nós para jantar este ano? — ela


perguntou, e seu olhar estava cheio de esperança. A ideia de
sentar-me durante um longo jantar com Simon não me atraía.

— Os Jacobs me convidaram, mas vou passar por aqui com


certeza.

Quando saímos, Gigi caminhou ao meu lado. — Ele é um


idiota.

— Sim. — Fiz uma pausa quando abri sua porta. — Obrigado


por me apoiar.

— Sempre — ela disse. E uma pequena parte de mim queria


manter isso. Mas eu sabia melhor.
Isso não poderia durar para sempre.

Porque nada de bom durava para sempre.

Eu tinha acabado de puxá-la para a tempestade de merda do


meu pai, eu sabia melhor.

Eu sabia que precisava acabar com isso agora, porque eu já


tinha permitido ir longe demais.
Capítulo Dezessete

Gigi

Eu cheguei em casa na quarta-feira à tarde para o feriado de


Ação de Graças, grata que a viagem para Willow Springs durava
menos de duas horas. Isso tornava o trajeto bastante fácil. Fui até
a casa de Addy depois de almoçar com meus pais e Cade.
Estávamos todas ansiosas para a nossa reunião das Magic Willows
pessoalmente ao invés do Skype. Fiquei com o estômago
embrulhado o dia todo só de pensar em ver Gray, já que fazia quase
duas semanas desde que tínhamos nos falado. E meu coração
ainda estava doendo porque ele literalmente virou o interruptor em
mim.

— Ei — falei, abraçando cada uma das garotas antes de me


sentar no tapete felpudo sob a mesa de centro dos Edington em
seu porão. Todas nós nos sentamos nos mesmos lugares. Maura
ao meu lado, Ivy, Addy e Coco no sofá à nossa frente, assim como
fazíamos desde a quinta série.

Ivy abriu o livro e soltou um longo suspiro enquanto segurava


a caneta sobre a página. — Encontrei o pai de Ty ontem à noite na
cidade. Meus pais e eu fomos jantar no The Rusty Pelican e ele
estava lá com sua amante, quero dizer, nova esposa.
— Estranho — disse Coco, balançando a cabeça. — Você falou
com ele e agradeceu por levar o amor da sua vida para fora da
cidade?

Ivy revirou os olhos. — Eu não. Ty foi apenas meu primeiro


amor. Ele definitivamente não será meu último amor, não depois
da maneira como ele simplesmente desapareceu da minha vida.
Quem faz isso?

— Sinto muito, Ivy. — Inclinei-me para frente e apertei a mão


dela. Eu sabia que ela ainda estava magoada com a maneira como
as coisas terminaram com Ty. — O que o pai dele disse?

— Bem, ele falou sobre Ty se tornar uma grande estrela com a


gravadora que o contratou. Aparentemente, ele vai começar a
turnê e devemos esperar ouvi-lo no rádio em breve. Você pode
acreditar nisso? — ela sibilou, e todas nós rimos porque seu
talento para o drama sempre foi divertido.

— Boa liberação. Você está cada vez maior e melhor. — Coco


inclinou-se para frente e cumprimentou-a.

— Tecnicamente, ele vai ser maior e melhor. Mas meu cartão


de namoro está cheio, então tenho isso. E na segunda à noite, em
nossa reunião na casa da fraternidade, recebi uma série de
presentes de alguns caras da fraternidade. — Ivy forçou um
sorriso.

Todas nós sabíamos que ela estava sofrendo, mas não era de
sua natureza se lamentar. Ela queria se erguer e seguir em frente.

— Ela não está brincando. Nosso quadro branco do lado de


fora de nossa porta nos dormitórios está repleto de anotações de
diferentes caras. A menina está pegando fogo — disse Maura sobre
o riso.

— Por favor. Metade dessas mensagens são para você. Maura


está comigo no jogo do namoro.

Todas nós rimos antes de Coco voltar sua atenção para mim.
— E quanto a você e o sexy Gray? Ele ainda está ignorando-a?

Gray e eu nos divertimos muito depois que vomitei nele na


festa e acordei em sua cama. Fizemos uma viagem para Willow
Springs juntos e tinha sido uma montanha-russa emocional. Nós
passamos duas noites juntos, e ele quase abalou meu mundo. E
então ele me deixou no meu dormitório e silenciou o rádio comigo.
Demos dois passos para frente e quatro para trás. Ele me deu um
beijo de despedida e eu não tinha ouvido falar dele desde então.

— Mandei mensagem duas vezes e ele nunca respondeu. —


Dei de ombros, um caroço se formando na minha garganta. Eu não
tinha ideia do que aconteceu. Ele me cortou completamente.
Mesmo antes de termos algo romântico entre nós, ele sempre me
mandava mensagens de texto diariamente. Agora simplesmente
me excluiu. — Não fui à festa da fraternidade no fim de semana
passado porque não estou perseguindo-o. Ele obviamente não quer
um relacionamento comigo. É o que é.

Limpei a lágrima que caiu pela minha bochecha porque ainda


doía. Nós chegamos tão perto, e ele completamente virou o
interruptor em mim.

— Eu acho que ele está apenas pirando sobre Cade e por ter
trazido você para todo o drama com o pai dele — disse Addy. As
meninas sabiam o que tinha acontecido entre nós, compartilhei a
maior parte do que aconteceu em casa, exceto a parte sobre a
arma. Eu não senti que precisava dizer isso a elas porque sabia
que surtariam.

Assim como Gray fez.

Ele havia desaparecido completamente da minha vida.

— Ele é um covarde. Nós nem mesmo contaríamos ao meu


irmão, a menos que isso se transformasse em algo sério, o que
obviamente Gray não é capaz de fazer — eu sibilei enquanto a raiva
percorria cada centímetro do meu corpo. Passei os primeiros dias
chorando até dormir porque doía muito, mas agora eu estava
simplesmente brava. Estive lá para ele e ele me deu as costas.

— Sim, ele mostrou a você todos os seus movimentos sensuais


e então desistiu? Ridículo — disse Coco, erguendo os dois punhos
e batendo-os um no outro, imitando Ross em seu clássico
movimento de “Friends”. — Você só precisa mostrar a ele o que
está perdendo.

— Ele estará em sua casa amanhã no Dia de Ação de Graças,


certo? — Maura perguntou.

— Acho que ele irá dormir esta noite. — Cruzei os braços sobre
o peito e tentei controlar minha raiva. — Cade estava indo
encontrá-lo no lago quando eu saí, então tenho certeza que eles
vão voltar para nossa casa. Vou simplesmente ignorá-lo do jeito
que ele tem me ignorado. É para melhor. As coisas nunca poderiam
funcionar entre nós. Ele não é do tipo comprometido. Ele
provavelmente está lá fora pegando alguém agora.
— Você deixa claro que não está sentada em casa lamentando
por ele. — Coco me lançou um olhar compreensivo. A garota tem
todos os caras enrolados em seu dedo mindinho.

— Mesmo se eu estiver? — questionei porque era verdade.

— Lembra quando Jett me afastou? Demorou algum tempo


para encontrar o nosso equilíbrio. Eu vejo a maneira como ele olha
para você. Ele é louco por você. Acho que ele está se afastando
porque acha que está fazendo a coisa certa. — Addy sempre foi a
voz da razão. E eu a amava por isso. Ela tinha dormido no
dormitório a semana toda comigo porque sabia que eu estava
deprimida.

— Bem, ele está prestes a ver que ela tem muitas opções.
Fogueira hoje à noite, meninas? Todo mundo está em casa de volta
da faculdade. Vamos nos vestir de maneira fofa e ir ao lago desfilar
nossas coisas. — Coco estava de pé agora e batendo palmas.

— Desfilar nossas coisas? Quem é você? — Maura falou por


cima da risada.

— Isso vai para o livro. Toda a merda de desfilar trará boas


lembranças. Vamos nos encontrar mais tarde esta noite. — Ivy
terminou de escrever e fechou o livro.

Todos nós nos abraçamos e planejamos nos encontrar em


algumas horas. Voltei para casa e ouvi risadas na cozinha. Cade e
Gray estavam sentados no balcão conversando com minha mãe.

— Querida, você está de volta. Como estão as meninas? —


minha mãe perguntou. Olhei para o sofá onde Gray tinha me
beijado e me fez gritar seu nome apenas duas semanas atrás e meu
corpo aqueceu com o pensamento.

— Elas estão ótimas. — Peguei uma garrafa de água da


geladeira e meu irmão me puxou para um abraço.

— Ei, G — Gray disse, e eu me recusei a olhar para ele.

— Oh. Olá — cortei, deixando toda emoção fora do meu tom.

— Pensei que vocês dois tivessem parado de se odiar — Cade


falou quando soltou uma risada.

— Você pensou errado. — Forcei um sorriso e beijei minha


mãe na bochecha.

— Pare com essa bobagem. — Minha mãe balançou a cabeça.


— Você e Gray são uma família.

— Ok. — Dei de ombros porque estava desconfortável com a


conversa e queria sair da cozinha agora. — Vou tirar uma soneca
antes do jantar, e então vamos assar tortas esta noite, certo? —
Era tradição que minha mãe e eu assássemos todas as tortas na
noite anterior ao Dia de Ação de Graças. Era uma das minhas
lembranças favoritas do feriado. Nós assávamos, ouvíamos música
e ríamos. Eu esperava por isso todos os anos. E então, eu iria para
a fogueira.

— Você está bem, querida? — mamãe perguntou, colocando


as costas da mão na minha testa.

— Sim, claro. Apenas cansada. Mas vou me levantar e te


ajudar com o jantar e então vamos assar todas as sobremesas esta
noite. — Eu não tive coragem de dizer a ela que Gray tinha
arrancado meu coração e agora eu tinha que lidar com ele
morando na minha casa.

— Estou ansiosa por isso. Vou correr ao mercado para


comprar algumas coisas de última hora.

Balancei a cabeça antes de sair da cozinha. Subi as escadas e


estiquei-me na cama. Ouvi a porta da garagem abrir e fechar, pois
era embaixo do meu quarto.

— Ei. — A voz de Gray me assustou quando ele parou na


minha porta, e eu fechei os olhos com força para fingir que estava
dormindo. — Cade foi com sua mãe para a loja. Eu sei que você
não está dormindo ainda.

— O que você quer? — Recusei-me a abrir meus olhos e olhar


para ele.

— Você parece irritada.

Pulei para me sentar na cama e olhei para ele enquanto estava


na minha porta. — Eu pareço irritada? Você está falando sério?

Ele esfregou a mão no rosto. — Estou tentando fazer a coisa


certa. Você não tem que tornar isso mais difícil para mim.

— Mais difícil para você? Lamento se não estou facilitando


isso. Você passa o fim de semana comigo, tomamos banho juntos,
achei que nos divertimos muito. E então você me ignora
completamente, e agora você é um elemento permanente em
minha casa. Eu me sinto tão triste que isso deixa você
desconfortável. — Eu estava de pé e em seu rosto.
Ele era tão lindo que tentei não olhar para ele. Sua mandíbula
definida flexionou e ele passou a mão pelos cabelos. Seu cabelo
estava grande e parecia muito sexy. Meus dedos doíam para tocá-
lo e eu os enfiei no bolso do meu casaco com capuz.

— Estou fazendo isso por você, não por mim — ele cortou como
se estivesse irritado comigo.

— Não se atreva a fingir que está fazendo isso por mim. Você
é um covarde, Gray. Você não sabe o que quer e acha que pode me
empurrar toda vez que mudar de ideia. — Virei-me para voltar para
a minha cama porque precisava colocar espaço entre nós.

Ele me perseguiu e agarrou meu braço, virando-me para


encará-lo. Meu peito bateu no dele. O olhar em seus olhos era um
que eu nunca tinha visto antes. Ele estava completamente ferido.

Ele é real?

— Você acha que eu mudei de ideia?

— Eu não sei, porque você não fala comigo. Mas com certeza
você fica quente e frio terrivelmente rápido — sibilei.

— Você não poderia estar mais errada, G.

— Oh, por favor. Tenho certeza de que você tem saltado de


cama em cama nas últimas duas semanas, seu... seu... porco
nojento. — Foi o melhor que pude pensar no momento, com seu
hálito quente fazendo cócegas em minhas bochechas e seu peito
batendo contra o meu.

Sua cabeça caiu para trás em gargalhadas e isso me


enfureceu. — Porco nojento? Uau.
Pisei em seu pé. — Solte-me e deixe-me em paz.

Ele segurou meus braços e calmamente olhou para mim. —


Você foi a última garota na minha cama. E não estive na cama de
mais ninguém.

Uma risada louca e maníaca escapou dos meus lábios, e fiquei


chocada com o quão zangada eu soei. — Bem, coloque-me em um
desfile de comemoração! Eu ganho algum tipo de prêmio por ser a
última na sua cama? Você é um idiota!

Empurrei seu peito, mas ele não se moveu. Seu olhar procurou
o meu. — Então é isso que você pensa de mim, hein?

— Isso é exatamente o que penso de você, Gray. Acho que você


me usou e me jogou de lado porque estava entediado. Pelo menos
não precisamos nos preocupar em contar nada a Cade. Tivemos
uma vida útil mais curta do que um pedaço de peixe cru — eu
vomitei toda a feiura que pude reunir, ele ficou lá me olhando com
surpresa.

Ele largou meus braços e saiu do quarto.

Por mim tudo bem.

Bati a porta do quarto, minhas mãos tremiam e me deitei na


cama. Eu precisava me recompor. Estava com muita raiva e
magoada, e uma vez que abri aquela lata de vermes não havia
como parar. Fechei os olhos com força, rezando para que o sono
me levasse. Tudo doía agora, e eu só queria fugir por algumas
horas.

Saber que o garoto que me machucou estava no final do


corredor não tornava as coisas mais fáceis.
Acordei com a mão de alguém em meu ombro. — Você devia
estar muito cansada. Você dormiu por quase duas horas. Tem
certeza de que está se sentindo bem?

Minha mãe se sentou na beira da cama e eu pisquei algumas


vezes antes de poder distinguir completamente suas feições. —
Sim. Eu só precisava me recuperar um pouco.

— Ok, querida. O jantar está quase pronto.

— Ah, não. Eu queria te ajudar — falei, e minha mãe tirou meu


cabelo do rosto. Ela tinha o dom de me acalmar e eu a amava
muito. Queria dizer a ela que meu coração estava doendo, porque
sempre contava tudo a ela. Mas estar com Gray ou não estar com
Gray, de qualquer forma, tornava as coisas complicadas.

— Não seja boba, querida. Vamos fazer todas as tortas esta


noite. Estou feliz que você tenha descansado muito. Desça quando
estiver pronta. — Ela beijou minha testa antes de se levantar.

Eu concordei. — Desço em cinco minutos.

Estava muito mais escuro no meu quarto do que quando


adormeci. Sentei-me e imediatamente pensei em minha conversa
com Gray, meu peito apertou. Eu sabia que era bobagem me
machucar por algo que nunca foi a lugar nenhum. Gray e eu não
éramos nada. Mas parecia tudo. Talvez porque nunca namorei
ninguém a sério, então não fazia a menor ideia sobre essas coisas.
Mas a maneira como me sentia quando estava com ele era algo que
nunca tinha experimentado na minha vida.

Ele me pegou.

Quando estava com Gray, eu ficava muito feliz.


Ele também me enfurecia por completo, e eu sabia logicamente
que isso não poderia levar a lugar nenhum. Eu precisava superar
isso. Conhecer outra pessoa e deixar isso para trás. Por que a
primeira vez que realmente gostei de alguém teve que ser um cara
completamente inatingível?

Fui até o banheiro, escovei meu cabelo e joguei um pouco de


água fria no rosto. Esta noite, eu sairia e me divertiria. Eu estava
determinada a esquecer meu pouco tempo com Gray.

Eu apenas precisava passar pelo jantar.

Desci as escadas e o riso borbulhava pela casa. Borboletas


encheram minha barriga quando ouvi Gray contar a eles sobre um
pouco do drama que ele lidou na casa da fraternidade.

— Ei — falei, enquanto me sentava ao lado de Gray, porque


me sentar em qualquer outro lugar deixaria claro que algo estava
acontecendo.

— Olá. Como está minha garota? — Papai perguntou e todo o


seu rosto se iluminou quando olhou para mim.

— Bem. Minhas aulas estão indo bem. Mas estou feliz por
estar em casa.

— Mamãe disse que você voltou para casa quando estávamos


no Havaí. Fiquei desapontado por termos perdido sua visita —
disse ele.

Meu corpo inteiro enrijeceu com a menção da minha viagem


para casa duas semanas atrás.
— Você veio? Para que? Você não me contou isso — Cade
perguntou enquanto colocava um pouco de salada em seu prato.

Revirei os olhos para encobrir o fato de que meu coração


estava batendo em dobro. — Vim em casa por um dia para pegar
um vestido para o próximo baile da fraternidade.

— Por que você não pegou neste fim de semana? —


pressionou, e minhas palmas estavam suando sob a mesa.

— Porque é fim de semana que vem e eu teria precisado de um


tempo para pedir um se não coubesse. Mas Addy acha que é
perfeito, então estou preparada.

Por favor, deixe alguém mudar de assunto.

Gray pigarreou ao meu lado. — Com quem você vai ao baile?

Idiota.

— Eu não sei ainda. Nem tenho mais certeza se quero ir. Esse
cara com quem eu estava conversando acabou sendo uma grande
decepção. — Eu internamente me dei um tapinha nas costas por
essa resposta. — Então, eu posso simplesmente pular isso.

— Não perca seu tempo com perdedores. Você é boa demais


para isso — meu irmão cortou.

— Muito verdadeiro. — Entreguei a cesta de pãezinhos para


Gray e não consegui tirar o sorriso do meu rosto.

— Por que você não vai com Gray? Sempre achei mais divertido
ir a essas coisas com um amigo do que um encontro real — disse
minha mãe.
— Essa é uma ótima ideia. A menos que Gray já tenha um
encontro? — papai perguntou.

Os ombros de Gray enrijeceram um pouco. Ninguém mais


notaria, mas eu estudei cada movimento desse garoto por um
tempo e percebi. — Eu não tenho planos de ir, esse não é realmente
o meu lugar. Mas eu poderia te levar se você quiser.

Este menino ia me dar um torcicolo.

— Eu não preciso de um encontro de pena — sibilei.

— Não seja teimosa. Seria uma boa maneira de ir e se divertir


sem ter que se preocupar com algum cara ficando atrevido — Cade
falou, colocando o purê de batata no garfo e levando-o à boca.

— Atrevido? Você sabe que eu posso cuidar de mim mesma,


certo?

— Pare de ser difícil. Vamos apenas nos divertir. — Gray se


virou para mim e deu seu sorriso mais brilhante, e eu queria dar
um soco na garganta dele.

Eu não sabia que tipo de jogo ele estava jogando.

Mas o jogo continua, Gray Baldwin.


Capítulo Dezoito

Gray

O jantar de Ação de Graças na casa dos Jacobs tinha sido


bom, além de Gigi me ignorar completamente. Eu ainda estava me
recuperando de todo o fiasco do baile. Eu estava tentando ficar
longe dela, e lá estava eu a pressionando para ir comigo. Porque
eu não conseguia suportar a ideia de ela sair com outra pessoa.

Eu era um idiota, não havia como discutir isso.

Todos nós tínhamos ido para uma fogueira na noite anterior


no lago. Não perdi a maneira como Gigi ficou olhando para mim
quando Samantha Brown, uma garota que eu tinha saído muitas
vezes no colégio, pairou sobre mim. Não aconteceu nada, mas
gostei de ver Gigi toda agitada.

O resultado final era, eu estava fodido por causa dessa garota.


Ninguém nunca mexeu comigo dessa maneira. Dirigi para ver
Wren. Queria ter certeza de que tudo tinha sido cuidado com os
caras a quem meu pai devia dinheiro. Ele estava de volta à
reabilitação e Wren cuidou de tudo logo depois. Eu ainda estava
processando o fato de que havia colocado Gigi nessa situação.
Estava me afogando em culpa por isso e a ignorei quando voltamos
para faculdade.
Gigi Jacobs era meu ponto fraco.

Meu ponto cego.

Meu coração.

Isso era muito para processar, visto que eu nem sabia que
ainda tinha um coração funcionando.

Estive miserável pra caralho nas últimas duas semanas


tentando ficar longe dela. E ver a dor em seus olhos tornou tudo
pior. Ela pensou que eu tinha mudado de ideia, e isso doeu. Porque
tudo entre nós era real. Eu não poderia explicar agora porque ela
iria se dobrar e ignorar o fato de que eu poderia estar colocando-a
em perigo. Fiquei longe para o seu próprio bem. Eu mantive meus
olhos nela do meu jeito à distância através das redes sociais e
designei Ricky com a tarefa secreta de verificar Gigi
ocasionalmente.

Bati na porta de Wren e ele gritou para eu entrar. — Feliz Dia


de Ação de Graças. Você está vindo da casa da sua mãe?

— Não. Eu estava na casa dos Jacobs. Estou indo ver minha


mãe em seguida. Apenas queria dar uma passada e ter certeza de
que esses caras estão bem cuidados.

Ele agarrou a nuca. — Eu vendi o relógio e paguei. Enquanto


seu pai ficar longe dessa merda, acho que eles vão deixá-lo em paz.
Eu disse a você que sobraram alguns milhares de dólares, o que
tenho em um cofre no banco. Eu não quero dar a ele agora.

— Concordo. Obrigado por cuidar dessa merda para ele. Fica


exaustivo, certo?
— Escute, eu sei que é difícil para você vê-lo seguir por esse
caminho. Mas somos tudo o que ele tem, Gray. Se jogarmos a
toalha, temo que seja o seu fim.

Concordei. Wren era o irmão que meu pai nunca teve. —


Obrigado por sempre ficar ao lado dele.

— Sempre estarei. Ele é meu melhor amigo. Mesmo que seja


um idiota às vezes. Ele tem seus demônios, mas há um bom
homem por trás de tudo isso — disse Wren.

— Você acha que desta vez vai funcionar? Se ele seguir o


programa?

— Eu acho que é a única chance dele. Ele pode escorregar de


novo, mas enquanto continuar lutando, sempre haverá esperança.

Fechei meus olhos e balancei minha cabeça. Nunca foi fácil


com meu pai. Eu me perguntei um milhão de vezes como seria se
ele fosse o pai que deveria ser. Poderia ter sido. Se as pílulas não
tivessem tomado conta de sua vida. Se ele estivesse lá para me
apoiar e não tivesse me deixado para depender de um homem que
me odiava.

— Sim. Eu espero que você esteja certo.

— Então, você ainda está saindo com Gigi Jacobs? Como está
indo isso com o irmão dela? — Ele tinha um sorriso malicioso no
rosto enquanto me estudava.

— Nós somos amigos.


Ele soltou uma risada. — Amigos uma ova. Eu vi o jeito que
ela olha para você. Não fuja de tudo que é bom só porque seu pai
tem alguns problemas. Isso não define você, Gray.

— Alguns problemas? Isso é um eufemismo. Porra. Não posso


acreditar que a coloquei nessa merda. Tenho tentado colocar
alguma distância para o bem dela — falei, balançando minha
cabeça.

— Todo mundo tem sua merda, Gray. Isso não faz de você uma
criança má porque seu pai é viciado. Você deve se sentir honrado
por continuar aparecendo para ele. E Gigi com certeza não parecia
se importar de estar ali. É bom ter pessoas assim ao seu lado.
Embora eu tenha certeza de que você vai lidar com algumas
merdas de Cade se for lá. — Ele riu e cruzou os braços sobre o
peito.

Eu concordei. — Isso é certeza. E eu acho que Simon iria


discutir com você sobre eu pagar pelos pecados do meu pai.

— Simon é um idiota. Sempre foi. Fico feliz que ele seja bom
para sua mãe e suas irmãs, mas ele sempre foi um idiota crítico.

— Eu não posso discutir sobre isso. Tudo bem. Estou indo


para a casa da minha mãe. E você? Já comeu peru? — perguntei,
ficando de pé.

Ele assentiu. — Sim. Mae Stone me convidou para passar o


Dia de Ação de Graças com ela, Jett e sua mãe.

— Que bom que você foi lá e jantou. Jett arrasou nessa


temporada. O cara é um fodão.
— Sim. Ele é um bom garoto. — O peito de Wren inchou e eu
ri. Ele era um homem de poucas palavras, mas pude ver que tinha
um ponto fraco. Apenas não sabia que eram Mae e Jett Stone.

Eu dei um tapinha nas costas dele. — Obrigado por tudo. Feliz


Dia de Ação de Graças.

— Você também, filho. Mantenha-se firme. Não deixe aquele


idiota do Simon te dar merda.

Ele me deu um tapinha no ombro antes de eu descer para a


minha caminhonete.

Quando cheguei à casa da minha mãe, os Sheldons, que


moravam do outro lado da rua, também estavam chegando. Minha
mãe me abraçou com força. — Que bom que você veio. Obrigada.

— Claro. Onde estão os nuggets de frango? — perguntei,


porque eram realmente a única razão de eu ter feito um esforço
para estar aqui.

— Gray — uma vozinha gritou, e as duas correram em minha


direção.

Eu as peguei em meus braços e elas me puxaram para a sala


para cumprimentar a todos.

Louise e Paul Sheldon e suas duas filhas Rosie e Mabel eram


amigos próximos da família e sempre foram legais o suficiente.

As meninas correram para brincar e minha mãe me incentivou


a sentar no sofá e me juntar a elas.
— Aí está ele. Nosso futuro advogado — Simon disse, e suas
bochechas estavam vermelhas, o que significava que ele estava
bebendo.

Porra.

Simon não era um bêbado amigável. Ele escolheria uma briga


comigo, com certeza.

Eu me preparei para o que tinha certeza de que viria.

Ele me entregou um copo de uísque. Sua bebida preferida. Eu


não disse a ele que não bebia há alguns meses. Eu não gostava de
permitir que ele soubesse muito sobre o que estava acontecendo
comigo. Ele usaria contra mim se pudesse. Eu coloquei o copo na
mesa de centro na minha frente.

— Você ainda quer ser advogado? — Louise perguntou, e seus


olhos calorosos deixaram claro que ela estava genuinamente
interessada.

— Sim. Esse é o plano.

— Bem, até que ele não estrague tudo como seu velho. —
Simon sentou-se na cadeira em frente à minha e seu olhar gelado
me deixou saber que ele estava apenas começando.

Por que diabos eu vim aqui mesmo?

Oh, sim. Eu estava tentando ser uma pessoa melhor.

— Simon — minha mãe falou em sua voz mais calma. Por que
ela nunca ficava brava? Por que não brigar com ele por ser um
idiota quando ela sabia que ele era?
— O que? Não estou dizendo nada que ele não saiba. Inferno,
estou financiando este projeto. O Projeto Gray. Dando a ele a
oportunidade de fazer algo de sua vida.

Acenei a ele. — Obrigado por isso.

Ele não perdeu o sarcasmo, mas os Sheldons sim, ou eles


estavam com muitos coquetéis para captar a tensão.

Minhas irmãs gritaram por minha mãe, e ela e Louise saíram


da sala para ir encontrar as crianças. Excelente. Sozinho com
Simon, o idiota, e um Paul bêbado que estava estudando os livros
de Simon que se enfileiravam nas prateleiras desta grande sala e
não prestava atenção em nós.

— O dia em que você parar de acreditar no seu velho é o dia


em que acreditarei que você realmente conseguirá fazer isso. Quero
dizer, quantas vezes ele precisa falhar para você perceber que ele
não vai voltar? — Simon deu um gole em sua bebida e recostou-se
na cadeira de couro.

— Eu avisarei você quando eu chegar lá.

— Você sabe que ele deixou você e sua mãe sem nada quando
descarrilou a vida dele. Você sabia que sua mãe não podia pagar
as contas quando a conheci? Vocês não tinham nem eletricidade.
Esse pedaço de merda abandonou sua esposa e filho. — Ele estava
vomitando feiura como se estivesse segurando isso por tanto
tempo e precisasse deixar sair. Eu tinha ouvido muitas coisas
sobre meu pai de Simon, mas isso era novo.

— Não sei todos os detalhes. Apenas sei que estivemos por


nossa conta por um tempo antes de ela te conhecer. E você salvou
o dia. — Levantei uma sobrancelha. Aí está o seu osso, idiota.
Agora dê o fora.

— Você está certo, eu salvei o dia. Sua mãe encontrou aquele


filho da puta tendo o pau chupado por uma puta. Isso mesmo.
Esse é o homem que você está protegendo.

Inclinei-me para frente e peguei o copo, inclinando minha


cabeça para trás e deixando o líquido frio descer pela minha
garganta. Eu não conseguia ouvir muito mais disso, mas sabia que
ele não iria desistir tão cedo. Eu estive sóbrio por um bom tempo
e estava pronto para voltar ao jogo entorpecente. Inferno, eu estava
cansado de sentir tantas coisas.

— Obrigado pelo cenário. Você adora me dizer que ele é um


fracasso, não é? — assobiei, ficando de pé e servindo uma dose
dupla para mim.

— É isso que você acha? Que eu gosto de machucar você? —


perguntou.

Eu soltei uma risada antes de tomar um longo gole e deixar o


álcool anestesiar todas as arestas que estavam expostas no
momento.

— Sim. Eu acho que você gosta.

Ele acenou com a cabeça e eu enchi meu copo novamente e


voltei para o meu lugar. O álcool já estava tomando conta, pois
meu limite para a bebida definitivamente não era o de antes. Eu
estava aquecido e relaxado quando me acomodei e o encarei. Paul
havia desaparecido da sala. Eu não sabia para onde ele tinha ido
ou quando tinha saído, mas eu sabia que Simon estava apenas
começando.

— Você está errado, Gray. Eu quero o melhor para você. Eu


vejo seu potencial. Mas você continua a adorar aquele filho da puta
doente. Você sabia que ele nunca pagou um centavo de pensão
alimentícia? Ele não queria ter nada a ver com você ou sua mãe
depois que começou a usar drogas. Mesmo assim, você continua
ao lado dele.

— Ele é um viciado. É uma doença.

— Ele é um pedaço de merda egoísta. E você está em uma


bifurcação na estrada. Abandone o traseiro dele e siga o caminho
inteligente. É quando você vai ganhar meu respeito — ele falou, os
lábios franzidos e o rosto duro.

— Não vou prender a respiração. — Eu bebi a dose e fui para


o bar para uma recarga saudável.

Simon estava atrás de mim agora. — Você sabe por que eu


pago pela sua faculdade e lhe entrego um cartão de crédito sem
limite, permitindo que você obtenha o que quiser?

Bebi minha bebida e me virei para encará-lo. — Eu realmente


não sei. Manter minha mãe feliz é meu melhor palpite. Ou para
acenar algum poder de merda sobre minha cabeça.

— Errado. Quando conheci sua mãe, você era apenas uma


criança. E eu vi como você era inteligente. Meu pai era um bêbado,
Gray. E tudo o que tenho é porque saí e ganhei. Não olhei para
trás, nem vivi no passado. Eu quero isso para você. E eu tenho
recursos para ajudá-lo a fazer isso.
— Você tem uma maneira engraçada de mostrar isso — falei,
contornando-o e saindo da sala.

Tropecei para o banheiro e me tranquei lá dentro. Porra. Eu


estava bêbado. Mas suas palavras estavam girando em minha
cabeça. Eu disquei o número de Cade.

— Venha nos encontrar na fogueira — disse ele, e suas


palavras estavam arrastadas.

— Você saiu? Porra. Eu preciso de uma carona. Tenho que sair


daqui e estou bêbado demais, então não posso dirigir.

Ubers não eram frequentes em Willow Springs, e a última coisa


que eu queria era algum intrometido local envolvido na minha vida
de qualquer maneira.

— Estou mandando mensagem para Gigi enquanto


conversamos. Ela está em casa. Tudo bem. Ela está indo até você
— disse ele. — Sinto muito, irmão. Não deixe aquele idiota te
derrubar.

— Tudo bem. Eu te vejo mais tarde — falei, encerrando a


ligação.

Eu fiz meu caminho para fora do banheiro e em direção à porta


da frente.

— Gray. — A voz da minha mãe estava calma, como sempre.

A mulher alguma vez ficava chateada?


— Estou indo embora. Obrigado pela... — fiz uma pausa e
joguei minhas mãos para o ar — conversa esclarecedora sobre
como meu pai é um caloteiro.

Minha mãe correu em minha direção e pegou minhas mãos. —


Sinto muito, filho. Ele não deveria falar sobre seu pai dessa
maneira.

— Por que você nunca me defende? Você é a porra da minha


mãe. Como você permitiu que isso durasse tanto tempo? Papai
pode ser um viciado em pílulas, mas pelo menos ele tem uma
desculpa válida de por que é um pai de merda. Qual a sua
desculpa?

Eu nunca tinha falado com minha mãe assim antes. Eu não


sabia por que estava falando agora. Talvez estar sóbrio nos últimos
meses me fez questionar as coisas pela primeira vez na minha vida.

— E-eu sinto muito. — Suas palavras quebraram em um


soluço e eu saí pela porta, deixando-a ali. Faróis iluminaram a
entrada da garagem.

Gigi.

Abri a porta do passageiro e entrei.

Ela me estudou por um minuto e então se inclinou sobre mim


e puxou o cinto de segurança em meu corpo e prendeu-o ao meu
lado. O carro cheirava a pêssego, fechei os olhos e respirei fundo.

— Você está bem? — ela sussurrou enquanto saía da garagem.

— Estou bem. — Esfreguei a mão no meu rosto antes de me


inclinar para frente e socar seu painel. Pensei nas palavras que
Simon havia dito. As palavras que eu disse para minha mãe. A
maneira como ela olhou para mim quando eu as disse.

Gigi parou o carro no estacionamento de um parque na mesma


rua. Ela tirou o sinto, subiu no assento e se acomodou no meu
colo. Ela passou os braços em volta de mim e me abraçou.

E eu perdi o controle.

Chorei pela primeira vez na vida. Eu não era do tipo que


acreditava em quebrar. Isso era para os fracos. Mas, no momento,
era exatamente como me sentia.

Fraco.

Quebrado.

Soluços deixaram meu corpo e eu a abracei ainda mais forte.

— Porra — falei quando finalmente consegui me recompor. —


Desculpe-me por isso.

Ela colocou a mão na minha bochecha e me estudou. — Você


não tem que se desculpar. O que aconteceu?

— Apenas mais uma lição de vida de Simon sobre o pai de


merda que meu pai era e é. Como ele nunca quis a mim ou minha
mãe, e não valia a pena lutar por nós.

— Isso não é verdade, Gray. Você sabe que isso não é verdade.
Ele é um viciado. Ele não está pensando racionalmente. — O seu
olhar azul safira travou com o meu.

Tão bonita.
Perfeita pra caralho.

Tão boa pra caralho.

— Eu sei. Na verdade, acho que essa é a sua maneira de


mostrar que se importa, mas ele tem um jeito horrível de fazer isso.
Ele está preocupado comigo. De me tornar como meu pai — falei,
prendendo o cabelo dela atrás da orelha. Sua proximidade me
acalmou.

— Você tem todas as boas qualidades de seu pai, mas você não
é seu pai, Gray. Você nunca usou drogas e deixou claro que nunca
as usará. E você não bebeu nos últimos meses, bem, até esta
noite? — Ela sorriu e ergueu uma sobrancelha.

— Eu não aguentava mais ouvi-lo. Estraguei tudo. Eu bebi.


Afastei minha mãe. — Balancei minha cabeça e gemi.

— O que você disse para sua mãe?

— Eu perguntei a ela por que nunca me defendeu. Acho que


disse que ela era uma mãe péssima como meu pai, mas pelo menos
ele tinha uma boa desculpa. — Vacilei porque não conseguia
acreditar que tinha dito essas palavras para minha mãe. Ela estava
fazendo o melhor que podia.

— Eu acho que é bom você ter dito isso. Acho que é uma
pergunta justa. Ela é sua mãe. Deve defender você.

— Por que você está sendo legal comigo? Você me odeia,


lembra? — Não pude evitar que minha mão acariciasse seu rosto.

— Eu não te odeio, Gray. Você acabou me machucando e eu


estava com raiva.
Sua boca estava tão perto da minha e meu pau estava duro
como uma rocha. — Sinto muito por machucar você.

Ela acenou com a cabeça. — Então, por que você fez isso?

Eu estava três doses para a cidade maluca e já tinha dito mais


do que deveria para minha mãe, então que diabos. — Eu surtei
quando chegamos na faculdade. Pensando no fato de que havia
levado você para o meio de dois homens que estão envolvidos em
Deus sabe o que. Meu pai balançou uma arma e você estava lá.
Porra, Gigi. Sua família ficaria muito brava comigo.

Seu olhar se estreitou. — Por que você simplesmente não me


disse isso?

— Porque você é uma idiota teimosa e não teria ouvido.

Ela ergueu uma sobrancelha. — Justo. O que mais? Posso ver


essas rodas girando — disse ela.

Eu balancei minha cabeça. — Estou fodido, G. Tenho uma


família fodida. Quem sabe com quem meu pai está envolvido? E
estou encrencado com você e não sei o que fazer a respeito. Isso
me assusta pra caralho.

— Que tipo de encrenca? — Seus lábios roçaram os meus


enquanto ela falava, e seus dedos estavam emaranhados no meu
cabelo.

Quando isso aconteceu?

— Estou loucamente apaixonado pela irmã mais nova do meu


melhor amigo, e ela é muito boa para mim. — Aí. Falei isso. Era
verdade. Eu estava cansado de manter isso.
— Eu também te amo — ela sussurrou, os olhos cheios de
emoção. Seus lábios estavam nos meus e minhas mãos a
envolveram com mais força, porque eu não conseguia chegar perto
o suficiente.

— Senti tanto sua falta — falei contra sua boca antes que
minha língua mergulhasse para prová-la.

Ela estava se esfregando contra mim e era a primeira vez que


me sentia bem em duas semanas.

Porque Gigi Jacobs tinha um jeito de tornar tudo melhor.


Capítulo Dezenove

Gigi

O fim de semana em casa foi uma montanha-russa emocional.


Gray e eu havíamos encontrado nosso caminho de volta um para
o outro, mas tivemos que manter distância enquanto estávamos
em casa. Mas desde que voltamos para a faculdade, nós nos
tornamos inseparáveis. Addy, Jett e Leo eram as únicas pessoas
na faculdade que sabiam que estávamos juntos e, claro, Coco,
Maura e Ivy também sabiam o que estava acontecendo.

Não estávamos prontos para contar ao meu irmão, porque não


queríamos adicionar essa pressão. Isso era novo. Gray estava
lidando com um monte de coisas com seu pai e ainda lutava contra
a sensação de que não era bom o suficiente para mim. Isso me
matava de um milhão de maneiras, e eu estava determinada a
provar que ele estava errado.

Eu o amava. E isso era realmente tudo o que importava para


mim.

Íamos a esse baile juntos esta noite, por insistência do meu


irmão, o que era cômico, considerando que havia muito mais
coisas acontecendo do que Cade sabia. Meus pais também
aprovaram a ideia, o que tornou tudo muito fácil. Eu estava um
pouco nervosa sobre como Tiffany iria reagir. Ela pensava que Gray
e eu éramos apenas amigos. Evitei responder as suas perguntas
quando ela me questionou em nosso jantar de segunda à noite
dezenas de vezes com quem eu iria esta noite. Gray disse que ela
ligou e pediu que ele fosse com ela, mas respondeu que já tinha
planos para a noite e não contou nada porque não era da conta
dela. Disse que não se importava com o que ela pensava.

Passei todas as noites da última semana na casa da


fraternidade com Gray, já que ele tinha a cama maior e seu próprio
banheiro, mas até agora fomos capazes de manter tudo bastante
discreto. Hoje à noite, sairíamos em público e eu estava ansiosa
com isso. Não gostava de guardar segredos. Mas eu também não
estava pronta para começar um show de merda completo com meu
irmão autoritário.

Não estávamos lá ainda.

Coloquei meu vestido azul marinho que abraçava meu corpo


como uma segunda pele. Eu enrolei meu cabelo e o puxei para trás
em um longo rabo de cavalo. Addy e eu olhamos no espelho de
corpo inteiro ao mesmo tempo e sorrimos.

— Você está linda — disse ela.

— Obrigada! Você também. Jett vai enlouquecer.

Houve uma batida na porta, e eu não perdi a decepção nos


olhos de Addy quando Bailey entrou. Estar na mesma irmandade
significava que ela iria ao baile também, então não havia como
escapar. — Ei, ei. Não vi vocês duas por aí desde o feriado de Ação
de Graças. Apenas me certificando de que irão esta noite. Vai ficar
muito iluminado. Estou pensando em ficar totalmente bêbada.
Ela se virou, balançou a bunda e riu. Ela usava um vestido
vermelho de lantejoulas que mal cobria tudo. Mergulhava baixo na
frente e parava logo atrás. Muito curto. Deixando muito pouco para
a imaginação.

— Sim. Estamos indo. — Addy se sentou na cama.

— Bem, eu sei com quem você está indo, mas quem está
levando você? — Ela estreitou os olhos e olhou para mim.

— Eu vou com Gray.

— Awww... isso é fofo. O melhor amigo do seu irmão está


levando você. Hashtag graças a Deus pelos irmãos mais velhos e
pequenos favores, certo? — Ela sorriu. Eu vi Jett e Gray
aparecerem na porta quando olhei por cima do ombro.

Gray passou direto por ela, aproximou-se, envolveu a mão em


meu pescoço e me beijou com força. Eu estava sem fôlego quando
nos separamos e tenho certeza de que meus olhos dobraram de
tamanho.

— Ei, linda. — Ele olhou para mim, Jett e Addy riram atrás
dele.

— Oh, ooohhh — disse Bailey, e foi muito bom colocá-la em


seu lugar.

— Malditamente correto. Ninguém está agradecendo a Deus


por seu irmão mais velho aqui. Apenas um cara que é louco por
sua garota. Você está bem com isso? — Ele se virou para olhar
Bailey enquanto ela ficava boquiaberta em estado de choque.

— Sim. Claro.
Meus dedos se entrelaçaram com os dele e deixei escapar um
suspiro que nem tinha percebido que estava segurando. — Você
está muito bonita, G — ele sussurrou em meu ouvido.

— Obrigada. Você parece bem. — Inclinei-me para ele porque


podia sentir minhas bochechas esquentarem. Addy e Jett levaram
Bailey para fora do quarto e eu olhei para Gray. — Você deveria ter
feito isso? Ainda não é um segredo?

— Ela estava sendo uma vadia com você. E ela não conhece
Cade. Você se preocupa muito. — Ele beijou minha testa e eu me
derreti.

Embarcamos em um ônibus de festa e a bebida estava fluindo.


Gray não estava bebendo de novo e não bebia desde que voltamos
do Dia de Ação de Graças. Ainda não tínhamos encontrado Tiffany,
mas ela acabara de entrar no ônibus e tomei um gole da minha
bebida porque estava um pouco ansiosa sobre como ela me trataria
assim que visse que ele estava aqui comigo. Ela tinha sido quente
e fria comigo todas as vezes que estávamos na casa. Ela realmente
só me reconhecia se precisasse que eu fizesse algo, caso contrário,
mal me notava. Ele não se incomodava com ela, mas eu,
definitivamente, sim. Ela poderia tornar minha vida muito difícil
na casa.

— Bem, bem, bem, acho que sei com quem você está ocupado
esta noite, não é? — Ela levantou uma sobrancelha para Gray.

— Acho que sim — ele falou com segurança, como se


estivessem discutindo sobre o tempo.

— E daí? Você é o par de simpatia dela? É o seu dever de


melhor amigo levar a irmã mais nova para um baile? Afinal, você
a trouxe para dentro da casa. — Ela sorriu e deu um longo gole em
seu copo. Suas palavras arrastaram um pouco e meu estômago se
revirou porque ela olhou para mim como se estivesse pronta para
arrancar meus olhos.

Gray ergueu minha mão com a sua e mostrou nossos dedos


entrelaçados. — Nenhum encontro de simpatia aqui. G não
precisaria que eu lhe fizesse nenhum favor, então vá em frente e
tente, porque não damos a mínima para o que você pensa. Por que
não se concentra em com quem você veio aqui.

Dois caras da fraternidade de Gray tropeçaram por nós e


cumprimentaram-no com um high-five enquanto se moviam para
a parte de trás do ônibus da festa.

— Mesmo? — ela sibilou antes de estender a mão e arrancar o


copo da minha mão. — Eu não disse que você seria uma irmã
sóbria esta noite? É hora de você começar a pagar suas dívidas por
entrar nesta casa. — Seu sorriso era forçado, e enviou calafrios na
minha espinha.

— Não, você não mencionou isso, mas tudo bem. Não me


importo de não beber. — Eu limpei minha garganta.

Addy se inclinou para frente e entregou seu copo para Tiffany.


— Vou me juntar a ela. Claramente não ganhei minha entrada
também, já que você nos fez um grande favor e tudo.

Jett riu e o rosto de Gray permaneceu duro. — Estamos bem


agora?

— Estamos longe de estar bem, Gray. — Ela cruzou os braços


sobre o peito e o estudou.
— O que é isso? Mal nos falamos em meses. Nós nos
encontramos uma vez durante o verão. Nada aconteceu desde
então. O que está acontecendo aqui? — ele indagou, não
escondendo sua irritação nem um pouco por ela estar fazendo isso.

— Ouça. Não é assim que funciona. Claro, se você é um


jogador, posso embarcar nessa besteira de medo de compromisso.
Mas se acha que vou ficar parada enquanto você fode com
alguma... caloura quando deixei claro que estou interessada, você
está redondamente enganado. Você e eu não terminamos.

— Não há você e eu. — Ele levantou uma sobrancelha em


desafio. — Quem eu namoro não depende de você.

— Acho que veremos sobre isso. — Ela olhou para cada um de


nós antes de partir.

— Jesus — disse Gray, envolvendo um braço em volta de mim.


— Eu acho que ela está apenas bêbada. Isso foi uma loucura de
merda.

— Algumas das garotas da casa nos disseram que ela é


instável — disse Addy, olhando por cima do ombro para se
certificar de que ninguém estava ouvindo. — Aparentemente ela
está intimidando algumas das garotas que moram na casa. Todas
mal podem esperar ela se formar este ano e sair de lá.

— Deixe-me saber se ela dificultar para vocês duas depois


disso. Vou levar para a diretoria. Ela não pode ter uma porra de
um ataque de choro toda vez que não consegue o que quer.

— Sim. Que porra foi essa? — Jett disse, balançando a cabeça.


— Não aceitem merda nenhuma dessa bunda maluca.
Addy e eu rimos, mas um buraco se instalou no meu estômago
porque eu duvidava que isso simplesmente fosse acabar. Alguns
dos irmãos da fraternidade de Gray e dois jogadores do time de
futebol de Jett estavam aqui e vieram sentar-se conosco, e rimos e
conversamos durante todo o caminho até o local do evento.

— Você está bem? — Gray sussurrou em meu ouvido.

— Sim — concordei.

— Eu prometo que vai ficar tudo bem. Não a deixe estragar


sua noite.

— Nós poderíamos simplesmente pegar o Uber para casa


quando chegarmos lá. Eu nem me importo de estar aqui.

— Não. Essas são experiências que você só tem uma vez. Foda-
se Tiffany. Nós vamos ficar. — Ele me puxou para perto e descemos
do ônibus quando chegamos.

A noite acabou sendo muito divertida. Tiffany aparentemente


vomitou no banheiro e teve que ser levada para casa mais cedo, e
eu, definitivamente, relaxei depois que ela se foi. Gray era a vida
da festa dentro e fora da pista de dança. Ele até foi puxado para a
cabine do DJ que era um Sig Alpha Alumni. Ele era hilário com a
maneira como fazia com que todos saíssem e dançassem, e meu
coração derreteu porque Gray anunciou que estava lá com a garota
mais bonita que ele já tinha posto os olhos.

— Uau. Vocês acham que vão contar ao Cade em breve? Gray


parece bem em avisar a todos esta noite — disse Addy enquanto
Jett conversava com alguns amigos.
— Não sei. Estou meio que temendo toda essa conversa. Você
sabe o quão louco Cade fica e ele não vai aceitar isso bem.

— Sim, definitivamente vai ser mais pressão. Mas por quanto


tempo você pode manter isso em segredo? Vocês são tão fofos
juntos. Estou muito feliz por você — disse ela, inclinando-se para
me abraçar.

— Obrigada. Não sei. E estou um pouco assustada com toda a


cena com Tiffany. Ela vai ser uma vadia total para nós quando a
virmos da próxima vez.

— Ela é uma vadia para nós agora. Não me importo.


Estávamos fazendo isso por diversão e, se ela quiser tornar as
coisas horríveis, podemos parar. Não vou deixá-la nos intimidar.
Entendeu?

Eu ri. Eu adorava quando Addy agia como uma durona. Jett


tinha sido tão bom para ela, tanto quanto encontrar sua voz e se
defender. Todos nós percebemos como ela se destacava e o
amávamos ainda mais por isso.

— Coco vai pirar quando contarmos a ela sobre Tiffany.

— Ela vai querer vir aqui e colocá-la em seu lugar com certeza
— disse Addy sobre o riso. — Ela também não acha que você e
Gray deveriam contar a Cade ainda. Ela fez alguns pontos válidos.

— Ela fez. Isso vai adicionar muita pressão. E se ele acabar


querendo sair disso, mas se sentir obrigado porque meu irmão vai
pirar se as coisas não derem certo. Isso seria horrível. Gostaria que
Cade não fosse um fator, porque as coisas estão indo muito bem.
E Gray tem muito drama para lidar com seu pai. Ele não precisa
da pressão adicional da raiva do meu irmão.

— Talvez essa seja a sua resposta. Dar a si mesmos mais


algum tempo. Depois das férias de inverno, você não estará em
casa com o Cade por um tempo. Então saberá das coisas. Mas
estou dizendo, vocês são muito fofos juntos. Acho melhor você se
preparar para dizer a seu irmão em algum momento que está
apaixonada pelo melhor amigo dele.

Concordo. Porque eu estou. Mas contar ao Cade é uma história


diferente. Felizmente ele tem estado tão ocupado com Camilla e
suas aulas que não conversamos muito ultimamente. Ele estava
feliz que Gray estava me levando ao baile, porque ele não tinha
ideia de que estávamos realmente juntos.

— Sim. Seria bom esperar algum tempo antes de envolvê-lo.

— Você dormiu lá todas as noites desde que voltamos. Ainda


está tudo bem? — Ela sorriu e suas bochechas ficaram vermelhas.

— Nada a declarar. Quer dizer, estou começando a me


perguntar por que não estamos fazendo mais nada. Não estou
reclamando, porque... — Mordo meu lábio inferior e balanço a
cabeça. Esse menino me faz sentir que coisas que eu nunca soube
que eram possíveis. A maneira como ele me toca é diferente de tudo
que eu já experimentei. Mas eu não estava prestes a entrar em
detalhes aqui. — Bem, está tudo bem. Mas ele não está tentando
fazer sexo comigo e sempre para as coisas antes que ir longe
demais. Ele fica me dizendo que devemos esperar. Isso é o que me
faz pensar se ele está envolvido comigo. Quero dizer, por que ele
não iria querer fazer... tudo?
— Você perguntou a ele?

— Não. É meio constrangedor. Obviamente, ele esteve com


muitas garotas, então me faz sentir que talvez ele não me queira
assim.

— Eu prometo a você que não é o caso. Acho que você é a


primeira garota com quem ele realmente se preocupa e ama. — Ela
me bate com o ombro, assim que Gray desliza ao meu lado.

— Vocês estão se divertindo? — Ele acaricia meu pescoço e me


inclino para ele.

— Sim. Obrigada por fazer isso. Foi muito mais divertido do


que eu esperava.

— Vocês estão prontas para sair daqui? — Jett pergunta,


pegando a mão de Addy na sua.

— Sim. Vou ligar para um Uber agora. — Gray nos conduz


para fora da porta e nós fomos para o carro.

Deixamos Addy e Jett em seu apartamento e dirigimos até a


casa da fraternidade. Estava quieto, já que todos estavam fora esta
noite. Vesti uma das camisetas de Gray e subi na cama, e ele foi
para a cozinha para nos pegar um pouco de água. Quando ele se
sentou ao meu lado, eu estava com sono, mas tinha muito em que
pensar. Ele tirou o cabelo do meu rosto recém-lavado e suas
pernas se enredaram nas minhas.

— Você se divertiu esta noite?

— Sim. Você? — perguntei.


— Sim. Sempre me divirto com você. Você está bem que as
pessoas saibam sobre nós agora? — ele perguntou enquanto me
puxava para mais perto.

— Sim. Não sinto necessidade de guardar segredo, exceto do


Cade, e isso só porque acho que, quando ele souber, haverá muito
mais pressão, principalmente sobre você. E isso não é justo com
você.

Ele se afastou para olhar para mim. — Eu não dou a mínima


para pressão. Mas eu dou a mínima para perder meu melhor
amigo, e eu não acho que ele vai ficar bem com isso. — Gray se
inclinou para frente para descansar sua testa contra a minha.

— Ele apenas terá que superar isso. — Puxei sua boca para a
minha e ele me beijou com força.

Sua língua deslizou e explorou minha boca, eu me arqueei


para ele. Suas mãos se moveram por baixo da minha camiseta,
subindo pelas minhas costas. Ele a puxou pela minha cabeça
enquanto sua boca se movia pelo meu pescoço e envolvia meu seio.
A sensação foi tão forte que não pude evitar o gemido que escapou
da minha boca. Ele deu igual atenção a cada lado, e sua boca
desceu pelo meu abdômen enquanto seus dedos pousavam na
minha calcinha de renda. Fiz uma pausa e emaranhei minhas
mãos em seu cabelo para detê-lo. Isso havia se tornado nossa
rotina.

Gray me dando prazer, e eu fazendo o mesmo com ele depois.

Mas eu queria mais.

Eu queria tudo.
— Você está bem? — Ele olhou para mim antes de se levantar
e se apoiar em cima de mim. — Você não quer que eu faça isso
esta noite?

Eu ri porque o fato de eu ter acabado de impedi-lo era ridículo,


porque eu sabia o quão bem ele me faria sentir. Mas eu queria
saber por que não estávamos levando as coisas adiante. Eu estava
respirando pesadamente e ele caiu para se deitar ao meu lado e
nós dois rolamos de lado para encarar um ao outro.

— Por que não estamos fazendo mais? — sussurrei.

Seus olhos se arregalaram e ele pareceu muito pego de


surpresa. — O que você quer dizer? Não é tudo novo para você?

— Sim. Mas nós nos amamos, certo?

— Claro que eu te amo. Você me deixou perdido — falou,


colocando meu cabelo atrás da orelha enquanto me estudava.

— Obviamente você já fez sexo antes. Você simplesmente não


quer fazer comigo? — Minha voz vacilou quando as palavras
deixaram minha boca e, por mais mortificada que estivesse por
perguntar, eu sabia que precisávamos ter essa conversa.

— É isso que você acha? Que eu não quero você?

— Isso passou pela minha cabeça. — Uma risada nervosa


escapou e eu soltei um longo suspiro. — Se você não se sente
atraído por mim dessa forma, precisa me avisar.

Sua boca abriu e ele olhou para mim como se não pudesse
acreditar nas palavras que saíram da minha boca. — G, esse não
é o caso. Eu te quero tanto que estou ficando louco.
— Então qual é o problema? Eu te amo. Estou pronta para
isso. Para tudo.

Ele riu e mordeu meu lábio inferior. — Eu nunca quis ninguém


ou nada mais do que eu quero você. Se isso significa ir devagar, é
o que estou disposto a fazer. Tudo isso é novo para você e quero
ter certeza de que está pronta. Quando finalmente falarmos com
Cade sobre isso, não quero que ele pense que eu te pressionei para
alguma coisa.

— Você tem que tirar Cade desta conversa, Gray. Sou uma
mulher adulta. — Tentei manter a calma, mas estava frustrada
porque isso estava se tornando um fator importante.

— Ele é meu melhor amigo. E você é... — Ele fez uma pausa.

— Eu sou o que?

— Escute, Gigi. Não tive muita coisa boa na minha vida. Tenho
um pai viciado em drogas, uma mãe muito submissa para me
defender e um padrasto que me odeia. Sua família esteve lá para
mim quando ninguém mais estava. E você... você é a melhor
pessoa que conheço. Em todos os anos em que te conheço, sempre
fiquei impressionado com o quão bonita você é. Como é inteligente.
Como você é boa. Ainda luto com a ideia de que mereço essa luz.
Mas serei amaldiçoado se a manchar, posso prometer isso a você.
Então, se estou esperando, é porque eu te amo demais, quero fazer
o certo por você.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto com suas palavras. —


Você está fazendo certo por mim. Você também merece ser feliz.
Ele usou os polegares para limpar as lágrimas que escorriam
pelo meu rosto. — Como você sabe que está pronta?

— Porque é tudo que penso. Eu quero você, Gray. Quero que


façamos tudo juntos. Não há mais como nos segurar. Isso não tem
nada a ver com Cade. Não esta parte. Isso é só nosso. Podemos
dizer a ele que nos amamos quando estivermos prontos, mas isso...
isso é algo que quero compartilhar com você. Por favor.

Ele me rolou de costas e se inclinou para frente e me beijou.

Ele me beijou como se nunca fosse parar.

Eu só esperava que ele não parasse.


Capítulo Vinte

Gray

Eu não estava preparado para ela me dizer que estava pronta.


Talvez uma parte de mim estivesse se segurando porque a ideia de
cometer um erro com essa garota seria a pior decisão da minha
vida. Ela merecia o melhor de tudo, e eu estava muito bem
tentando ser essa pessoa. E uma coisa em que eu era o melhor pra
caralho, era em sexo. Obviamente agi com cautela porque era a
primeira vez dela. Eu queria balançar seu mundo e ir devagar, e
eu estava pronto para a tarefa.

Beijei-a até saber que seus lábios estavam doendo porque os


meus estavam. E eu não me importava, porra. Eu poderia beijar
Gigi pelo resto da minha vida e nunca me cansar disso. Ela estava
esfregando seus quadris contra mim, e isso estava me deixando
selvagem. Ela pegou a bainha da minha camisa e puxou pela
minha cabeça, e eu ri contra sua boca. Eu beijei meu caminho
para baixo em seu corpo e a respiração frenética vindo de sua boca
era toda a motivação que eu precisava para continuar. Eu amava
a maneira como seu corpo reagia ao meu toque.

— Gray — ela sussurrou. — Por favor.

Eu me movi de volta para sua boca. — Tem certeza, baby?


— Tenho certeza.

Não havia ninguém que eu queira agradar mais do que essa


garota. Estendi a mão para a minha mesa de cabeceira e tirei um
preservativo da gaveta. Ela se apoiou nos cotovelos e me observou
com olhos safira arregalados. Rasguei o pacote de papel alumínio
com meus dentes e rolei sobre minha ereção. Meu pau estava em
alerta máximo, já que esperava esse momento há muito tempo.

Inclinei, apoiando-me acima dela em um braço. — Nós vamos


devagar, ok? Se doer, diga e podemos parar. Não há pressão.

Ela assentiu com a cabeça, seus olhos estavam encobertos e


ela mordeu o lábio inferior carnudo. Quase me desfiz ali mesmo.
Posicionei-me em sua entrada e a beijei enquanto me movia para
frente tão lentamente que tomei cada grama de restrição que eu
tinha.

— Jesus Cristo, você está tão molhada. Você é incrível.

Ela enredou os dedos no meu cabelo e me beijou. Ela


endureceu com a intrusão e eu parei.

— Não pare.

— Eu estou te machucando? — perguntei enquanto me movia


lentamente.

— Dói e é bom. Isso é normal? — Ela olhou para mim como se


eu tivesse pendurado a porra da lua, e eu jurei naquele momento
que passaria todos os dias tentando.

— Sim. Totalmente normal. Mas se for demais, é só me dizer,


ok?
Eu me movi um pouco mais e esperei ela se ajustar a mim por
um momento.

Se eu morresse aqui, agora, valeria totalmente a pena.

Nada jamais pareceu melhor.

— Você foi feita para mim, Gigi Jacobs — eu gemi em seu


pescoço.

Ela começou a se mover, o que me deixou saber que estava


bem. Encontramos nosso ritmo perfeito e quando digo que era
perfeito, era alucinante pra caralho.

Seu corpo arqueou para fora da cama e cobri seus seios com
a boca, um de cada vez. Meus lábios voltaram para encontrar os
dela enquanto nos movíamos juntos, como se tivéssemos feito isso
um milhão de vezes antes. Ela estava gemendo, então eu sabia que
estava gostando tanto quanto eu. Minha mão se moveu entre nós,
encontrando seu ponto mais sensível, e sua cabeça caiu para trás
ao meu toque.

— Gray — ela gemeu, e eu me movi mais rápido, sabendo


exatamente o que ela precisava. De alguma forma, sempre soube
do que ela precisava. Ela quase perdeu o fôlego e seu corpo tremia
e estremecia sob o meu toque. Foi a coisa mais quente que já vi.
Bombeei mais algumas vezes e fui direto ao limite com ela. Nós
dois estávamos ofegantes e tremendo e eu caí para frente,
certificando-me de manter meu peso longe dela. Cada grama de
prazer atormentou meu corpo antes de cair para o lado e puxá-la
para cima de mim enquanto nós dois lutávamos para recuperar o
fôlego.
— Oh, meu Deus — ela sussurrou antes de se levantar para
olhar para mim.

Eu ri porque não pude evitar. — Isso foi bom, hein?

— Hm, sim. É sempre assim? Pensei que a primeira vez deveria


ser terrível? — ela perguntou, seus dedos roçando na minha
mandíbula.

— Sim. Esta não é a norma para a primeira vez. Ou qualquer


vez. Isso foi inacreditável. Nós claramente fomos feitos um para o
outro, baby.

Ela sorriu. — Fomos sim.

Afastei-me dela e levantei-me para caminhar até o banheiro e


jogar fora a camisinha.

— Como você está se sentindo? — Fiquei na porta do banheiro


olhando sua bagunça de cabelo loiro caindo ao seu redor enquanto
ela estava deitada nua na minha cama. Era uma visão da qual me
lembraria para sempre. Demorei, memorizando cada linha e curva
de seu belo corpo. Seios perfeitos, abdômen plano e pernas
sensuais tonificadas. Seus olhos estavam encapuzados, lábios
carnudos e ela sorria, porra. Duas pequenas covinhas que eu
sempre provoquei decoravam suas bochechas.

— Eu me sinto bem. Talvez um pouco dolorida. — Ela se


sentou e enrolou um lençol nos ombros.

— Deixe-me preparar um banho quente para você. Você pode


mergulhar um pouco.
— Você está me preparando um banho? Você é cheio de
surpresas, não é? — Sua voz estava um pouco rouca e sexy como
o inferno.

Virei para ligar a água e me movi em sua direção. — Só com


você.

Ela pegou minha mão e entramos no banheiro. Entrei na


banheira e me sentei, ela caiu na gargalhada. — Você está
tomando banho comigo?

— Sim. — Balanço minhas sobrancelhas. — Entre aqui.

— Você é um pouco grande para essa banheira. — Ela estava


balançando a cabeça e rindo enquanto subia.

— Sorte minha, você é pequena. Então, funciona.

Ela puxou o cabelo para cima e usou um elástico que estava


em volta do pulso para amarrar sua juba selvagem em um nó
bagunçado.

Ela se acomodou entre minhas pernas e sua cabeça caiu para


trás contra meu peito. Peguei o sabonete e esfreguei entre minhas
mãos e passei por seu peito e estômago.

Seus olhos se fecharam. — Você não tem que me lavar.

— Eu gosto de fazer coisas para você. — Mudei minhas mãos


entre suas pernas, acariciando-a suavemente.

Ela engasgou. Eu movi meus dedos de volta por seu corpo e


passei meus braços em torno dela enquanto nos sentávamos em
silêncio. Nossas respirações eram o único som audível.
— Escute, G. Precisamos contar a ele. Faremos isso nas férias
de Natal. Não posso mais esconder isso. Agora não.

— Por quê? Não é da conta dele. Ele vai pirar. Vai complicar
as coisas. Ele vai dizer a você que não deveríamos ficar juntos.

— Baby, não vou a lugar nenhum. Ele vai ficar puto. Mas vou
mostrar como isso é real para mim. Vou fazê-lo entender.

Ela rolou na banheira e me encarou. Seus olhos estavam


marejados de emoção. — Ok. Prometa-me que não vai deixá-lo ficar
entre nós.

— Prometo.

E eu quis dizer isso.

Porque pela primeira vez em toda a minha vida, eu estava


completamente contente.

Em paz.

E feliz.

Eu estava na minha caminhonete dirigindo por uma hora e


meia para ver Cade porque recebi um telefonema frenético dele
esta manhã, ele disse que precisava de mim. Cade era meu irmão
em todos os sentidos além do sangue. Éramos melhores amigos
desde que podíamos conversar. A faculdade era a primeira vez que
não ficávamos juntos todos os dias, mas ainda conversávamos
quase diariamente, exceto quando tínhamos as provas finais. Ele
tinha estado um pouco distante ultimamente e eu não tinha
insistido porque estava profundamente envolvido com a porra de
sua irmã. Eu temia o dia em que teríamos a conversa porque já
sabia o resultado. Eu o conhecia tão bem quanto a mim mesmo.

Isto.

Não.

Ficaria.

Bem.

Mas eu iria fazê-lo entender. Não havia mais outra opção. Eu


tinha encontrado algo que nunca soube que poderia encontrar, e
queria isso. Eu não estava indo embora, nem mesmo pelo meu
melhor amigo.

Ele tinha sido um irmão protetor desde o primeiro dia. Apenas


como ele era. E eu sempre entendi isso, porque ela era especial e
eu queria protegê-la também. Inferno, ela era a pessoa mais
importante da minha vida.

Deixei Gigi na minha cama e disse a ela que seu irmão


precisava de mim, ela acenou com a cabeça em compreensão. Ela
sabia como éramos próximos. Estaríamos todos voltando para
casa em três dias para o Natal, e conversamos sobre discutir nosso
relacionamento com Cade nas férias. Gigi e eu provavelmente
poderíamos ganhar algum tipo de recorde pela quantidade de sexo
que tivemos nas últimas duas semanas. Eu não conseguia o
suficiente, e nem ela. Nunca fui muito fã de visitas recorrentes,
mas essa garota era diferente em todos os sentidos. E era hora de
contar ao irmão dela, porque essa coisa entre nós era real. Nunca
pensei que diria as palavras, mas aqui estava eu disposto a morrer
na espada por essa garota.

Enviei a ela uma mensagem quando cheguei à casa da


fraternidade dele.

Eu ~ Ei, acabei de chegar. Espero que você tenha voltado a dormir. Vou
te manter informada. Amo você.

Gigi ~ Não consigo dormir. Estou preocupada com ele. Você ligará ou
enviará uma mensagem de texto assim que souber o que está acontecendo?

Eu ~ Sim. Bjs

Corri escada acima e disquei o telefone de Cade. A porta se


abriu enquanto meu telefone ainda estava tocando, e meu melhor
amigo ficou lá parecendo como se não tivesse dormido há dois dias.

— Entre. — Ele me levou escada acima e meu estômago


embrulhou. Ele poderia saber sobre Gigi? Fomos vistos juntos em
Willow Springs quando escapamos para casa para ver meu pai.
Alguém poderia nos ter visto no lago naquele dia?

— Irmão, você está me assustando. O que diabos está


acontecendo? — Eu me sentei no sofá de seu quarto. Sendo um
júnior, ele conseguiu seu próprio quarto, então construiu uma
cama alta acima de uma pequena área de sofá.

Cade caminhou na minha frente. — Camilla está atrasada.

— Atrasada? — Procurei seu rosto, sem saber do que


estávamos falando.

Oh. Atrasada.

— A porra do período dela, cara. Uma única vez. Uma vez,


porra, eu fui um idiota preguiçoso e a convenci de que ficaríamos
bem. — Ele passou a mão pelo cabelo.

Eu me levantei e coloquei minhas mãos em cada um de seus


ombros. — Pare. Você é humano. Cometeu um erro. Você vai lidar
com isso.

— Gray, eu não estou pronto para ser pai. Eu me formo no


próximo ano. Eu ainda estou na faculdade, porra.

Concordei. E entendi seu medo. Mas também conhecia meu


melhor amigo. Ele era um cara confiável. Nunca se afastaria de
sua responsabilidade. E ele respeitaria tudo o que Camilla
quisesse fazer.

— Eu entendo isso, mas você está se precipitando. Ela já fez


um teste?

— Não. Nós brigamos antes de eu ligar para você. Ela estava


muito distante ultimamente e eu não sabia o porquê. Achei que
estivesse terminando comigo. Mas ela finalmente desabou e me
disse que está surtando há dois dias.
— Quanto tempo ela está atrasada?

— Uma semana. — Ele encolheu os ombros. — Que porra eu


vou fazer? Ela vai me culpar pelo resto de nossas vidas.

— Cade, irmão, vocês não são o primeiro casal a passar por


isso. Pare de se culpar.

— Não, Gray, isso é uma merda séria. Eu bateria em qualquer


um que fizesse isso com Gigi. Então eu sou um hipócrita total. É
por isso que Gigi nunca pode estar com um cara como nós. Somos
idiotas egoístas. Camilla tem um irmão. Que porra ele vai pensar
de mim? — Ele se sentou e enterrou o rosto nas mãos.

Eu endureci com a menção de sua irmã. Sempre fomos


cuidadosos. Mas isso não importava. Eu estava fazendo sexo com
sua irmãzinha. Ele perderia a porra da cabeça.

— Vamos dar um passo de cada vez. Ela precisa fazer a porra


de um teste.

— Eu sei. Eu queria ir com ela comprar um na drogaria, mas


ela estava chorando e com raiva e saiu correndo daqui — falou. Eu
ainda podia sentir o cheiro de bebida em seu hálito, então ele
obviamente tinha saído ontem à noite, e a briga provavelmente foi
movida a álcool. Em horas como essas eu ficava feliz por estar
cortando a bebida. Claro, eu tive aquele deslize, e provavelmente
teria mais na minha vida, mas cheguei à conclusão de que nada
de bom saía de bebedeiras. Não me importei em ficar entorpecido
durante a maior parte dos meus anos de colégio e faculdade, mas
estava grato por estar presente recentemente. Consegui entrar no
carro e estar aqui para apoiá-lo. Eu o ajudaria a superar isso, não
importava o resultado.
— Tudo bem, escute-me. Vamos entrar na minha
caminhonete, ir até o apartamento dela. Vou falar com ela e você
fica sentado no carro até ela se acalmar, ok?

Ele ficou de pé. — Ok. Obrigado, irmão. Estou tão feliz por você
estar aqui.

— Sempre. Vamos.

Dirigimos por um quilômetro e meio até onde Camilla morava.


Ela não estava atendendo suas ligações, já que ele obviamente a
irritou. Eu conhecia Cade, e meu palpite era que ele tinha surtado,
o que não ajudou a situação.

— Ela não está respondendo — ele gemeu.

— Qual é o número do apartamento dela?

— Ela está no primeiro andar. Apartamento 102. Está bem ali.


— Ele apontou para a porta externa e esfregou o rosto com a mão.

— Espere aqui. — Corri até a porta e bati três vezes.

A porta se abriu e Camilla parou do outro lado. Seus olhos


estavam inchados. Nariz vermelho. Lábios tremendo. Eu abri meus
braços e ela caminhou para eles. — Vai ficar tudo bem, Camilla.
Eu prometo. Nós vamos descobrir isso.

Ela começou a soluçar e eu fiquei na porta com meus braços


em volta dela.

— E se não ficar, Gray? Meus pais vão me matar. — Ela


balançou e estremeceu, deixou tudo sair.
— Eu prometo a você, vai ficar tudo bem. Mas você precisa
descobrir se está mesmo grávida. Minha mãe teve uma tonelada
de alarmes falsos quando estava tentando engravidar das gêmeas.
O estresse é um grande fator e você está no meio das finais. — Eu
afaguei sua nuca e ela olhou para mim e acenou com a cabeça.

— Você tem razão. Isso é muito possível. — Seu olhar estava


esperançoso pela primeira vez desde que entrei. — Onde ele está?

— Cade está na minha caminhonete. Ele acha que você não


quer vê-lo.

— Apenas estou com medo. — Ela jogou as mãos para o alto.


— E ele enlouquecer não me ajuda.

— Tudo bem. Escute. Você precisa que eu compre um teste?

— Comprei no caminho de casa. Eu só estava tentando


encontrar coragem para fazer — disse ela, com lágrimas
escorrendo pelo rosto.

— Camilla, você precisa fazer o teste antes de enlouquecer.


Vamos primeiro ter certeza de que você está grávida. — Minha voz
estava calma e ela me estudou.

— Ok. Eu vou fazer isso agora.

— Você quer que eu chame Cade enquanto você faz isso? —


perguntei.

— Sim. Obrigada.

Voltei para a minha caminhonete para encontrar meu melhor


amigo com o rosto enterrado entre as mãos.
— Você precisa se recompor antes de entrar. Ela está fazendo
o teste agora. Você precisa ser a rocha, irmão. Apenas mostre que
você está lá para ela. — Eu coloquei a mão em seu ombro enquanto
caminhávamos de volta para o apartamento dela.

Caímos no sofá e ficamos em silêncio.

Camilla saiu do banheiro segurando o bastão branco com


lágrimas escorrendo pelo rosto. — Negativo.

Cade correu para ela e passou os braços ao seu redor


enquanto ambos choravam. Eu me levantei e saí para mandar uma
mensagem para Gigi.

Eu ~ Está tudo bem. Eu te informarei mais tarde. Vou ficar com seu
irmão por algumas horas antes de voltar.

Gigi ~ Tem certeza de que ele está bem?

Eu ~ Tenho certeza. Tudo bem. Amo você.

Gigi ~ Eu te amo mais! Bjs

Excluí a conversa para o caso de Cade olhar para o meu


telefone. Ele e Camilla saíram para me encontrar.

— Bem, isso foi assustador — disse Cade, e todos nós rimos.

— Foi muito legal da sua parte vir aqui. — Camilla entrelaçou


os dedos com meu melhor amigo.
— Claro. Eu não gostaria de estar em nenhum outro lugar
agora.

— Você sempre me ajuda, irmão. Você é a minha pessoa. —


Cade colocou a mão em meu ombro.

— Ei — Camilla disse entre uma risada.

— Você é minha para sempre, baby. Ele é a minha pessoa.

Caminhamos em direção a caminhonete porque,


aparentemente, os sustos da gravidez davam fome e os dois
estavam morrendo de fome. O ar ao nosso redor estava mais leve
agora. Fiquei feliz por ter estado aqui e aliviado por as coisas terem
dado certo.

— Chega de ser estúpido, prometo — Cade disse uma vez que


pegamos nossos assentos na lanchonete na rua. — Sexo seguro de
agora em diante.

— Hum, não tenho certeza se este é o momento apropriado


para esta conversa — Camilla disse, largando o menu ao lado
depois de examiná-lo.

— Ei, ele sabe tudo. Nós dois temos sido idiotas estúpidos a
maior parte de nossas vidas, então eu não escondo nada desse
cara. — Cade jogou seu menu em cima do de sua namorada. Meu
peito apertou com suas palavras. Eu estava escondendo um
segredo dele.

Um grande segredo do caralho.

— Sua pessoa — a culpa me engolfando enquanto eu falava.


Seu telefone vibrou e ele olhou para a tela. — Eu preciso
atender isso. É a Gigi. Você pode me pedir um hambúrguer com
batatas fritas?

— Claro — disse Camilla, enquanto Cade saía do restaurante.

O garçom veio e anotou nossos pedidos, e eu bebi a água que


ele colocou na mesa. Já tinha sido um longo dia e mal era meio-
dia.

— Muito obrigada por estar aqui, Gray. E por trazê-lo para


mim. Eu realmente gostei disso.

— Não é um problema. Que bom que pude ajudar — falei e


bebi minha água.

— Então, como está Gigi? — Ela tinha um grande sorriso bobo


no rosto.

— Ela está bem, pelo que eu sei. — Levantei uma sobrancelha


em desafio.

Ela riu. — Pensei que Cade me disse que você a levou para um
baile recentemente?

— Sim. Ele me pediu para levá-la.

— Tenho certeza de que você não se importou — disse ela,


pegando uma batata frita quando o garçom colocou nossos pratos
na mesa.

— Tem algo em mente, Camilla?


— Eu só quero que saiba que eu gosto muito de você e Gigi. E
eu sei que Cade ama vocês dois, e isso é tudo que importa, certo?

De que diabos estamos falando?

Ela estava sendo enigmática como o inferno. Obviamente


suspeitava de algo.

Balancei a cabeça assim que meu melhor amigo voltou para a


mesa.

— Como está Gigi? — Camilla perguntou, mas seu olhar fixou-


se no meu quando Cade pegou seu prato.

— Ela está bem. Saindo com um cara e parece realmente


interessada nele. Ela parece... feliz. — Ele encolheu os ombros.

— Está? Você já o conheceu, Gray?

— Não. Tenho estado ocupado com as finais. — Eu queria falar


com ele sobre isso, mas não era o momento. Essa merda iria
acabar logo, no entanto. Eu não podia mais fazer isso.

Ela assentiu com a cabeça e seus lábios se curvaram nos


cantos. — Bem, você terá que nos dizer como ele é quando o
conhecer.

— Sim, cara. Precisamos ter certeza de que minha irmã fique


longe de idiotas como nós — Cade soltou, antes de dar uma enorme
mordida em seu hambúrguer e continuar a falar com a boca cheia
de comida. — Essa é a última coisa que ela precisa. Você vai checá-
lo para mim?
— Claro — concordei, olhando para Camilla, que não
conseguia tirar o sorriso do rosto. Porra. Era hora de confessar,
mas não aqui. Agora não.

— Você é o melhor, Gray. Meu irmão para o resto da vida. —


Ele me deu um tapa nas costas.

Uma sensação de mal-estar se instalou em meu estômago.

E tudo que eu queria fazer era voltar para a faculdade.

Voltar para Gigi.

De volta à irmã mais nova do meu melhor amigo.


Capítulo Vinte e Um

Gigi

Eu tinha acabado de terminar minha última prova e iria me


encontrar com Gray na casa da fraternidade. Eu não conseguia
acreditar que estava na metade do meu primeiro ano de faculdade.
O tempo voava e eu estava aproveitando cada minuto. Nosso bate-
papo em grupo com as Magic Willows estava explodindo porque
todas estaríamos em casa nas próximas vinte e quatro horas.
estávamos ansiosas para as duas semanas juntas.

Gray e eu decidimos conversar com Cade sobre nosso


relacionamento nas férias. As coisas estavam indo tão bem, e ele
sentia fortemente que precisávamos esclarecer isso. Esse era o
primeiro relacionamento sério para nós, e trazer meu irmão para
agitar as coisas ou envolver meus pais tão cedo poderia explodir
na nossa cara.

Nós estávamos felizes. Não era isso o que mais importava?

Mas eu respeitava o quanto meu namorado se importava com


meu irmão. E agora que tínhamos levado as coisas para o próximo
nível, ele insistia que era a hora.

Quando cheguei em sua casa, ele estava sentado em uma das


cadeiras Adirondack brancas na varanda da frente.
— Ei, o que você está fazendo aqui? — perguntei enquanto
subia os três pequenos degraus para cumprimentá-lo.

— Esperando por você. — Ele se inclinou para frente,


descansou sua bochecha contra minha barriga e colocou as mãos
em volta da minha cintura, parando para apertar minha bunda, o
que me fez rir.

Ricky abriu a porta da frente. Ele era o calouro favorito de


Gray, e eu podia dizer que ele adorava meu namorado. — Ei,
pessoal. Vejo vocês depois do intervalo. Tenham um bom Natal.

— Você vai sair? — Gray ficou de pé e puxou-o para um


daqueles estranhos abraços de lado de homem onde não se
abraçam totalmente, mas meio que fazem parecer.

— Sim. Vou dirigir para casa agora. Vocês vão sair amanhã?

— Sim — nós dois dissemos ao mesmo tempo.

— Tudo bem, fiquem seguros. — Ele acenou e desceu a


varanda, e Gray pegou minha mão me levando para dentro.

— Obrigado por sua ajuda — Gray gritou, Ricky se virou e lhe


deu um sinal de positivo com o polegar.

— O que você está fazendo? — perguntei quando ele me pegou


e me jogou por cima do ombro como se eu não pesasse nada. Ele
correu em direção ao seu quarto e eu não conseguia parar de rir
enquanto batia em sua bunda.

Ele empurrou a porta do quarto e me colocou de pé.


Engasguei-me com a visão. Suas luzes estavam apagadas e ele
colocou luzes brancas cintilantes em todo o perímetro do quarto.
E uma pequena árvore em sua mesa de cabeceira, também
iluminada. Era um dia sombrio, então havia muito pouca luz do
sol entrando pelas janelas, mas o quarto estava iluminado como
um país das maravilhas do Natal.

— O que é isso? — sussurrei e minhas mãos cobriram minha


boca enquanto continuava a examinar o quarto. Isso não estava
aqui quando eu saí esta manhã. Ele planejou tudo isso hoje.

Ele fechou a porta do quarto e pegou minha mão, levando-me


para a cama. — Eu me sinto mal por não poder dar seus presentes
na manhã de Natal porque você me convenceu a esperar para
contar a Cade até depois do Natal. Então, teremos que agir como
se não estivéssemos juntos até lá. Mas eu queria fazer algo especial
para você.

— Eu sei que você quer contar a ele imediatamente, mas são


apenas dois dias. Não quero estragar o Natal se ele enlouquecer.
— Continuei examinando a sala. — E isso é tão incrível. Eu amei.

— Bem, se eu não tivesse o histórico que tenho, contar a seu


irmão não seria tão importante. Isso é minha culpa.

— Ei, Cade também tem um histórico. Isso não significa que


ele não seja bom o suficiente para Camilla. Todo mundo tem um
passado — falei enquanto ele se levantava e caminhava para o
armário. Eu me irritava que a reação de Cade sobre sermos felizes
podia uma coisa tão negativa. Quem era ele para julgar? Eu amava
meu irmão e ele merecia saber a verdade, mas também precisava
ficar na dele.

Gray me entregou uma pequena caixa. Rasguei o papel e abri


a parte superior para ver o mais lindo colar de ouro rosa com um
pequeno coração pendurado no centro. Meu coração disparou e a
emoção cresceu. — Oh, meu Deus. Isso é impressionante.

Minhas mãos tremiam quando o tirei da caixa e o estudei. Gray


o tirou dos meus dedos e eu levantei meu cabelo para ele prendê-
lo em volta do meu pescoço.

— Você tem meu coração, G. Quero que saiba disso. Será


sempre seu. — Suas palavras quase me colocaram de joelhos.

— Você também tem meu coração. — Uma lágrima escorreu


pela minha bochecha e ele a pegou com o polegar.

— Acho que te amei por tanto tempo, que nem consigo me


lembrar de uma época em que não amei. E eu quero te dar tudo.
Eu sei que vai ser difícil quando falarmos com Cade, mas vamos
superar isso. E espero que seus pais também fiquem bem com isso.
Isso é o que eu quero. Quero que isso seja algo que não tenhamos
que esconder quando voltarmos para casa.

Eu sorri, peguei minha mochila e tirei três presentes. Os meus


não eram tão sofisticados quanto os dele, mas tentei encontrar
coisas que pensei que ele gostaria. Entreguei a ele o primeiro. Ele
rasgou o pacote de presente e estudou o álbum com capa de couro.
Ele o folheou para a primeira página e seus lábios se curvaram nos
cantos. Eu imprimi todas as fotos que tiramos neste semestre e as
coloquei no álbum. Algumas fotos foram tiradas no estúdio de
cerâmica quando ele foi comigo, algumas foram tiradas em Willow
Springs quando escapamos, e a maioria foi tirada em sua casa de
fraternidade. Deitados na cama, aninhados assistindo a um filme
– Gray e eu estávamos sempre juntos. Ele riu quando viu a foto
que tirei dele com uma toalha enrolada na cintura, água
escorrendo por seu corpo enquanto se olhava no espelho.
— Sua pequena tarada. Você estava me observando? — ele
brincou enquanto continuava a folhear cada página.

Inclinei-me e sorri enquanto olhava para a selfie que tiramos.


O rosto de Gray estava enterrado no meu pescoço enquanto ele me
beijava, e minha boca estava aberta de tanto rir. Conforme
continuamos a olhar para cada foto, isso me lembrou o quanto
havíamos ido longe nos últimos meses. Havia um conforto e uma
proximidade que era impossível perder.

— Talvez devêssemos apenas deixar Cade ver este álbum e


deixar as fotos falarem por si mesmas — falei quando ele virou a
última página.

— Eu amo tanto isso, G. E prometo que vou consertar isso com


Cade.

— Não é sua responsabilidade fazer meu irmão entender. Sim,


ele merece a verdade, mas é apenas isso. Ele não consegue decidir
o que é melhor para nós. Isso não depende dele. É ridículo. —
Inclinei-me e beijei-o antes de lhe passar o próximo pacote.

— Não é ridículo. Cade sabe que você é especial, assim como


eu. E eu não ficaria bem com você me namorando se eu não fosse
tão louco de amor por você.

Revirei meus olhos. — Agora você está falando como maluco.


Aqui. Mais um.

Ele olhou dentro da sacola de presentes e tirou um livro


intitulado Guia do idiota para fazer o LSAT.

— Oh, cara, eu precisava disso. — Ele riu quando entreguei


mais um presente e ele balançou a cabeça em desaprovação, como
se eu tivesse dado muito. Gray tinha dificuldade em receber
presentes, eu percebi isso nos últimos meses. Ele gostava de dar e
estar presente para as pessoas que amava, mas esperava muito
pouco em troca, e isso partiu meu coração. Porque ele merecia
tudo. Merecia a aprovação do meu irmão, porque era um grande
amigo de Cade e sempre foi. Desejei que Gray se visse através dos
meus olhos.

Ele abriu o último pacote e ergueu a camiseta enquanto


soltava uma risada. — Minha namorada é mais durona do que a
sua.

— É verdade, amigo. — Eu ri.

— Você é durona. Obrigado. Eu nunca ganhei presentes tão


atenciosos antes. — Ele colocou meu cabelo atrás da orelha.

Meu peito apertou. Gray não tinha sido amado por sua família
da maneira que deveria ter sido, e eu queria dar a ele tudo o que
eu tinha. — Eu amo você. E não fique bravo, mas tenho que sair
por algumas horas. No entanto, voltarei para jantar com você.

— O quê? Aonde você está indo?

— Tiffany está fazendo eu e Addy limparmos a casa antes das


férias. Ela definitivamente não está feliz comigo. — Puxei a ponta
do edredom em sua cama.

— Foda-se isso. Você está falando sério? Desde quando isso é


importante? Um dia antes de irmos para casa para as férias?
Inferno, metade do corpo discente já foi embora. Apenas vocês
duas que têm que estar lá?
— Sim. Ela disse que é uma coisa nova que está
implementando.

Gray pegou seu telefone e digitou uma mensagem. Quando seu


telefone apitou, ele riu da tela. — Tudo bem, vamos lá.

— Aonde estamos indo?

— Acabei de enviar uma mensagem para Jett. Foda-se Tiffany.


Vamos ajudá-las a resolver isso. Ela pode beijar meu traseiro
musculoso e tonificado.

Eu ri. — Vejo que você é o presidente do fã-clube do traseiro


de Gray Baldwin.

Ele beliscou minha orelha e eu gritei. — Malditamente correto,


baby. Vamos.

Tínhamos acabado de terminar o jantar da véspera de Natal e


eu estava realmente feliz por Gray ter me convencido a falar com
meu irmão mais cedo ou mais tarde, porque eu já estava cansada
de fingir. Voltamos para casa ontem e foi incrivelmente
desconfortável fingir que não estávamos juntos. Fiz todo o esforço
para convencer Gray a entrar furtivamente em meu quarto na noite
passada, mas ele se recusou porque não queria arriscar. Rimos da
inversão de papéis, pois era ele quem estava tentando fazer isso da
maneira certa e eu estava disposta a quebrar todas as regras. Eu
não aguentava ficar longe dele.

Gray falaria com Cade depois de amanhã. Ele queria fazer isso
sozinho, então se meu irmão perdesse a cabeça, o que
provavelmente aconteceria, eu não teria que estar por perto para
isso. Ele o levaria para o lago para um homem a homem, ou um
siga a Jesus, ou como quer que quisesse chamar. Meu estômago
embrulhou com o pensamento, mas eu estava igualmente irritada
que tivesse que ser uma grande coisa. Cade era teimoso e
obstinado, e eu não esperava que ele tivesse um acesso de raiva.
Eu conhecia bem meu irmão e ele não gostava de surpresas. Mas
eu esperava que ele superasse isso rapidamente.

Minha mão descansou na mesa ao lado de Gray quando minha


mãe trouxe a sobremesa e a colocou sobre a mesa. Seu dedo roçou
o meu, como se fosse impossível não nos tocar quando estávamos
perto um do outro. Meu pé encontrou o dele embaixo da mesa e
entrelacei minha perna com a dele. Se Gray Baldwin estava por
perto, eu ficava emaranhada com ele.

— Isso parece tão bom — falei, tentando me concentrar em


qualquer coisa que não fosse o garoto ao meu lado.

— Pensei em fazer algumas opções este ano. — Havia uma


bandeja com casca de hortelã, biscoitos de açúcar e um bolo de
gengibre.

Experimentamos um pouco de cada enquanto a música


natalina tocava no som surround, e a casa cheirava a pinho e
hortelã-pimenta. Gray iria para sua casa depois do jantar para
comer outra sobremesa com sua família. Ele queria que eu fosse
com ele, mas sabíamos que isso pareceria suspeito para Cade. Eu
simplesmente não podia esperar para ter isso revelado. Eu sabia
que meus pais ficariam felizes com isso, contanto que ambos
fôssemos felizes.

— Vou até a casa de Addy para fazer a nossa troca de


presentes com todas as meninas. — Eu encontrava com minhas
melhores amigas na véspera de Natal desde que éramos jovens.

— Oh, isso vai ser divertido. Espero que você as traga aqui
enquanto estiverem na cidade. — Minha mãe pegou um biscoito.

— Sim, com certeza vou.

— E você vai para a casa da sua mãe um pouco? — Cade


perguntou a Gray enquanto arrancava a cabeça de um biscoito de
boneco de neve e granulados caíam ao seu redor.

— Sim. Estarei lá por algumas horas.

— Ok, vou descer até o lago e encontrar alguns amigos para


tomar uma cerveja — disse Cade.

— Nunca é um momento de tédio em Willow Springs com


vocês, crianças. — Meu pai colocou uma porção saudável de
chantili em cima do bolo.

— Não beba muito. Estou planejando acordar cedo para os


presentes — falei esfregando minhas mãos e todos riram.

— Não se preocupe. Estou em uma fraternidade, posso lidar


com minha bebida. — Cade ficou de pé.
Nós limpamos a mesa e todos disseram suas despedidas
enquanto seguíamos nossos caminhos separados. Quando cheguei
na casa de Addy, havia uma mensagem de Gray.

Gray ~ Eu não posso esperar para ter isso revelado. Eu odeio mentir
para Cade. Ele merece coisa melhor.

Eu ~ Concordo. Mas também não deveria ser um grande problema


contar a ele. Em parte, é culpa dele termos que manter isso em segredo.

Gray ~ Amo você, G.

Eu ~ Amo você também. xo

As meninas e eu trocamos nossos presentes, fazendo ooh e


aah sobre todos os presentes fofos. Empilhei meus presentes de
maquiagem, meias felpudas e pijamas ao lado da mesa. Cada uma
de nós tinha uma pilha de guloseimas combinando e nos
acomodamos para uma conversa rápida com chocolate quente e
biscoitos.

— Então, como está em casa? Estou morrendo de vontade de


saber como você está sobrevivendo ficando longe daquele seu
garoto sexy — Coco falou com a boca cheia de massa.

— É muito estranho. Nós dois nos sentimos desconfortáveis.


Gray não está por perto tanto quanto de costume e acho que é
porque ele sente toda essa culpa por Cade. Ele foi para a casa de
sua mãe esta noite, mas disse que voltaria mais tarde.
— E vocês vão contar a ele um dia depois do Natal, certo? —
Addy perguntou enquanto pegava um biscoito. — Eu acho ridículo
você ter que pisar em ovos em torno de Cade. Ele deveria estar feliz
por vocês.

— Concordo — disse Ivy. — Cade não é seu pai, e o fato de que


todo mundo precisa se preocupar em como ele vai reagir em vez de
apenas ficar feliz por vocês me incomoda. Eu amo seu irmão, mas
sempre foi o jeito dele ou a estrada.

— Não é? E sem ofensa, G, mas seu irmão também não era


santo no colégio. Antes de conhecer Camilla, ele também era
pegador. Então, ele será um pouco hipócrita se não aceitar bem —
acrescentou Maura.

— Sim. Uma parte de mim gostaria que tivéssemos contado a


ele desde o início. Agora parece uma grande mentira, e ele vai
explodir dizendo que foi deixado no escuro. Mas não sabíamos que
iria se transformar nisso... queríamos dar uma chance de ver para
onde isso iria.

— E, ah, isso foi para algum lugar. Vocês dois poderiam


aquecer um pequeno país com aquelas faíscas que lançam. Eu
meio que quero dar um tapa na cabeça do seu irmão e perguntar
como não percebeu. Qualquer pessoa com um mínimo de
consciência podia ver que havia algo ali. Até a namorada dele
suspeita, e ela mal conhece vocês dois. — Coco recostou-se na
cadeira e balançou a cabeça.

Todas nós rimos e fizemos planos para a véspera de Ano Novo


antes de ir para casa. Mandei uma mensagem para Cade e Gray
para saber onde estavam. Cade ainda estava no lago e disse que
não voltaria por um tempo, e Gray estava a caminho de minha
casa. Eu o encontrei do lado de fora, quando sua caminhonete
parou na garagem assim que eu pulei para fora do meu carro.

— Ei. — Eu caminhei até ele.

Ele olhou ao redor e me puxou para perto antes que sua boca
tocasse a minha. — Eu odeio isso.

— Eu também.

— Nós só precisamos aguentar amanhã.

Eu me empurrei e o beijei, enredando meus dedos em seus


cabelos.

— Que porra é essa? — A voz do meu irmão me assustou atrás


do carro de Gray. Estávamos parados ao lado da calçada perto dos
arbustos. Eu me afastei e me virei para ver Cade avançando em
nossa direção.

— O que você está fazendo aqui? — falei, e minhas palavras


vacilaram quando vi o quão bravo ele estava. A entrada da garagem
estava escura, mas a luz da rua fornecia luz suficiente para
distinguir suas feições.

Eu nunca tinha visto meu irmão parecer tão zangado.

— O que estou fazendo aqui? A última vez que verifiquei, eu


morava aqui. Sim, você pensou que eu estaria no lago, hein? O
engraçado é que alguém mencionou que viu vocês dois em casa
algumas semanas atrás, e vocês pareciam estar muito próximos.
Não do jeito que um cara cuida da irmã mais nova de seu melhor
amigo. Eles pareciam surpresos por eu não saber. — As palavras
de Cade estavam arrastadas e eu sabia que ele estava bêbado, o
que não ajudaria na situação.

— Cara, deixe-me explicar. Íamos conversar com você depois


do Natal. — Gray se moveu para ficar na minha frente e sua mão
veio atrás dele para descansar no meu antebraço.

Sempre o protetor.

— Quanto tempo? — Cade gritou, movendo-se a apenas


alguns centímetros do rosto de Gray.

— É complicado. Vamos dar um passeio e conversar sobre


isso.

— É complicado? O que diabos isso significa? Por que diabos


precisamos dar um passeio? — Cade enfiou o dedo com força no
peito de Gray e eu não ficaria mais quieta.

— Você está sendo ridículo. Por que não se pergunta por que
sentimos a necessidade de esconder isso de você? Sou uma mulher
adulta, Cade. Pare de me tratar como uma criança. E este é seu
melhor amigo. Por que você não pode simplesmente ficar feliz por
nós?

— G, pare — Gray falou, movendo-se para ficar na minha


frente novamente.

— Você não é uma mulher adulta, se é isso que está


escolhendo para namorar. — A voz de Cade estava ficando cada
vez mais alta, e ele estava mais agitado agora que eu havia falado.

— Foda-se você. Como você ousa dizer isso! — gritei com ele.
— Jesus Cristo. Você está transando com ela, não é? Você
fodeu minha irmã, seu filho da puta. — Cade se lançou para frente
e Gray o agarrou pelos ombros.

— Gigi, entre em casa — disse Gray, sua voz permaneceu


calma. — Não fale sobre a porra da sua irmã desse jeito, cara.

— Não fale da porra da minha irmã de forma alguma — Cade


gritou, e suas palavras foram tão altas que eu jurei que
ricochetearam na casa. Ele se virou e socou meu carro, que estava
estacionado na garagem ao lado dele. — Você fodeu minha irmã,
seu pedaço de merda? Diga-me agora mesmo!

— Entra na porra da casa, G. — Gray se virou para olhar para


mim, e Cade mergulhou em cima dele sem nenhum aviso. Eu
tropecei para fora do caminho. Cade o socou quando ele se sentou
em cima dele, e Gray não lutou de volta. Ele apenas ficou lá
pegando. Cade deu pelo menos três socos sem absolutamente
nenhuma resistência de Gray.

— Pare com isso — gritei.

A porta se abriu e meu pai saiu correndo. — O que diabos está


acontecendo? — Ele arrancou meu irmão de Gray e olhou entre
eles.

— Você quer me bater de novo e de novo, vá em frente — Gray


disse, sua voz cortada e fria enquanto se levantava e limpava o
sangue do nariz. Eu me movi para ficar ao lado dele e peguei sua
mão. — Estou apaixonado pela sua irmã, cara. Não é assim que
eu queria te dizer. Mas você com certeza não me fez sentir que
havia um jeito bom.
— Você está morto pra caralho para mim! Acabou nossa
amizade. — A voz de Cade poderia acordar os mortos enquanto
gritava conosco. Minha mãe correu para fora para ver o que estava
acontecendo. — Entre na porra da casa, Gigi.

— Não me diga o que fazer. Você não pode me dar ordens. Eu


o amo, quer você apoie ou não, isso não muda.

Cade se lançou para frente novamente, libertando-se de meu


pai, e deu outro soco em Gray, que tropeçou para trás, e eu caí
bem ao lado dele. Eu bati no pavimento com força e ouvi minha
cabeça estalar contra o cimento.

— Jesus Cristo, Cade. Entre na maldita casa. Você está


bêbado e fora de controle. — Nunca tinha ouvido meu pai soar tão
zangado. Cade invadiu a casa e meus pais estavam ao meu lado,
enquanto Gray me puxava contra seu peito enquanto se sentava
na calçada.

— Você está bem? — ele perguntou, sentindo a parte de trás


da minha cabeça e olhando para baixo para ver sangue em sua
mão. — Porra, G. Você está sangrando.

— Oh, meu Deus — minha mãe gritou. — O que vamos fazer,


Bradley?

— Vá buscar uma toalha e um pouco de gelo. Gray, não sei o


que está acontecendo. Cade está claramente embriagado, mas
acho que você precisa ir para casa. Não consigo me concentrar em
Gigi com vocês dois brigando.
— Não o culpe, pai. — Minhas palavras quebraram em um
soluço e minha cabeça latejava quando Gray me levantou. — Isso
não é culpa dele. Ele não fez nada.

— Eu não me importo de quem é a culpa. Eu preciso ter


certeza de que você está bem. Podemos resolver tudo isso mais
tarde.

— Seu pai está certo. Deixe que ele te leve para dentro e dê
uma olhada. — Gray acariciou meu cabelo enquanto me estudava
antes de se virar para meu pai. — Você vai me ligar e me dizer
como ela está?

— Claro, filho. Sinto muito por isso.

Meu pai me apressou para entrar em casa e Gray desapareceu


na escuridão.

E levou um pedaço do meu coração partido com ele.


Capítulo Vinte e Dois

Gray

Entrei na casa da minha mãe depois de tentar limpar meu


rosto no carro, mas não tive muita sorte. Tentei entrar
sorrateiramente pela cozinha, mas Simon estava lá, e Mariana
estava entregando a ele um coquetel. Minha mãe estava atrás dele
e se engasgou ao me ver.

— Oh, meu Deus, Gray. O que aconteceu? — Mamãe correu


até mim, Mariana saiu correndo da cozinha e imaginei que ela ia
pegar uma toalha.

— Estou bem. Não é grande coisa. — Meu rosto doía, pois Cade
havia acertado vários socos bons. Eu não bati nele de volta. Ele
precisava tirar isso e eu merecia o que ele fez.

A verdade era que nunca seria um bom momento para contar


a Cade sobre Gigi e eu. Se eu tivesse contado a ele no início, antes
mesmo de qualquer coisa acontecer, ele teria reagido da mesma
maneira, porra. Meu melhor amigo era um idiota teimoso e sempre
foi. O resultado final era que Cade não achava que eu era bom o
suficiente para sua irmã. E ele provavelmente estava certo. Mas
isso não me impediria de tentar, mesmo ao custo de perder minha
amizade com ele. Por isso eu finalmente percebi que tinha que
contar a ele, porque independentemente do resultado, eu não me
afastaria de Gigi.

E foi uma merda. Porque ele era uma família, e eu amava o


cara mais do que a própria vida.

Mas eu amava mais sua irmã.

E se ele me obrigasse a escolher, eu a escolheria. Eu esperava


que não chegasse a esse ponto, mas depois da maneira como ele
reagiu esta noite, duvidava que algum dia seríamos capazes de
consertarmos as coisas. Fiquei checando meu telefone para ver se
Gigi ou seu pai haviam me enviado uma mensagem, mas ainda
não tinha recebido nada. Eu não podia acreditar que ela acabou
machucada nessa bagunça. Eu deveria ter lhe forçado a entrar
antes que as coisas piorassem. Eu estava chateado comigo mesmo
por deixar essa merda acontecer na frente dela.

Mariana trouxe uma toalha molhada e colocou uma bolsa de


gelo ao meu lado enquanto começava a limpar meu rosto. — Meu
Deus, você vai ficar dolorido amanhã.

— Simon, você pode pegar um pouco de Tylenol do armário de


remédios? — minha mãe pediu enquanto segurava minha mão.

— Você quer que eu pegue? — Eu podia ouvir o desdém em


seu tom. — Acho que talvez seja melhor que ele sofra um pouco.
Talvez isso lhe ensine uma lição para ficar longe de problemas.

— Simon — minha mãe sibilou. — Não pedi sua opinião. Pedi


para você fazer algo por mim e ainda estou esperando.

— Mãe, deixa pra lá — falei enquanto Mariana enxugava o


corte na minha bochecha e eu estremecia.
Meu padrasto bateu alguma coisa na mesa, e presumi que
fosse a garrafa de Tylenol. O babaca não gostava de receber
tarefas, especialmente para mim.

— Você o mima demais — Simon latiu.

Jesus. Se eu fosse menos mimado, alguém denunciaria minha


mãe ao Departamento de Polícia. Era um fenômeno estranho
crescer com tanto dinheiro, mas sem apoio emocional. E eu sabia
que tinha sorte de pelo menos ter isso. Mas, com toda a
honestidade, trocaria o dinheiro por um pouco de amor todo dia.
Menos merda e mais cuidado teriam percorrido um longo caminho.
E eu não era um chorão, eu poderia lidar com isso, mas eu não
iria ficar sentado e o deixar me chamar de mimado. Eu me ofendi
com isso.

Eu olhei para ele e balancei minha cabeça. — Você não tem a


mínima ideia de quem eu sou.

— Bem, deixe-me adivinhar. Você se embebedou esta noite e


provavelmente brigou com alguém que vai bater na minha porta
amanhã e vai ser uma bagunça para limpar. Vou ter que pagar sua
fiança. Você é igualzinho ao seu pai, Grey — Simon falou, e pela
primeira vez percebi que suas palavras estavam arrastadas.

Idiota julgador.

— Para sua informação, estou completamente sóbrio. Mas


você, por outro lado, pode começar a pegar leve com o molho.
Casas de vidro e toda essa merda, Simon. — Meu telefone vibrou
e eu olhei para a tela.
Bradley ~ Acabamos de chegar ao hospital. Gigi precisa de alguns
pontos na nuca, mas ela deve ficar bem. Ela nos contou a essência do que
aconteceu esta noite, e eu preciso que você saiba que não achamos que
nada disso seja sua culpa. Não estou feliz com meu filho no momento, e
quando ele ficar sóbrio, vou falar com ele. Seu comportamento foi
inaceitável. Feliz Natal, Grey.

Eu me levantei e beijei minha mãe e Mariana na bochecha. —


Obrigado pela ajuda. Eu tenho que ir.

— O que? É véspera de Natal. Aonde você está indo? — minha


mãe perguntou enquanto me estudava.

— Estou cansado de estar em um lugar onde não sou bem-


vindo. — Eu me virei para encarar Simon. — Lamento que você
tenha se casado com uma mulher com um filho. E sinto muito que
você odeie meu pai. Ele cometeu muitos erros, mas só porque
quero que ele melhore não significa que acho que o que ele fez está
certo. Eu sou muitas coisas, Simon. Mas eu não sou meu pai. E
não preciso mais provar isso para você. Enquanto eu souber quem
sou, estarei bem. Então, continue sendo bom para minha mãe, Bea
e Penn, e não teremos problemas.

Meu padrasto olhou para mim, mas não falou, o que foi a
primeira vez. Eu estava cansado de lutar contra o homem.
Cansado de sentir que não pertencia. E agora que tinha estragado
tudo com Cade, eu também não pertencia à casa dos Jacobs.

Mas eu pertencia a Gigi, independentemente de quem


pensasse assim. E sim, isso não seria um bom Natal, mas eu não
me importava. Eu estava feliz por ter sido revelado. Eu estava
cansado de esconder quem eu era. Quem eu queria ser. A única
pessoa com quem mais me importava, Gigi, me conhecia. Isso é
tudo o que importa para mim.

— Você está indo para os Jacobs? — perguntou minha mãe, e


Mariana ficou atrás dela com lágrimas escorrendo pelo rosto.
Muitas vezes ela se mostrou mais mãe do que minha própria mãe.
Mas todos nós fizemos escolhas e todos nós tivemos nossas
próprias lutas, então eu não estava julgando minha mãe. Eu só
sabia que não queria estar aqui.

— Não se preocupe com isso, mãe. Estou bem. Sou muito bom
em sobreviver sozinho. Eu tenho feito isso há muito tempo. —
Beijei o topo de sua cabeça e saí.

Fui direto para o hospital e fiz meu caminho para a sala de


emergência, encontrei Katie Jacobs parada na frente de uma
máquina cheia de lanches. Ela tinha uma pilha na cadeira ao lado
dela e olhou para cima quando eu entrei.

Ela colocou os biscoitos na mão com o resto dos lanches e


correu em minha direção. Ela me abraçou com tanta força que era
difícil respirar. Foi a primeira vez que relaxei em horas.

Ficamos assim por muito mais tempo do que o normal antes


que ela se afastasse e enxugasse as lágrimas escorrendo pelo rosto.
Ela se inclinou e passou os dedos pelo corte na minha bochecha.

— Você está horrível — ela falou com uma risada.

Eu ri. — Obrigado. Como está Gigi?


— Ela vai ficar bem. Ela está lá atrás com Bradley sendo
suturada agora. Acho que o coração dela dói muito mais do que a
cabeça.

Concordei. — Sim. Entendi. Sinto muito por não ter contado a


vocês.

— Não precisa se desculpar, Gray. Eu sei que você ama minha


filha. Acho que sabia antes de qualquer um de vocês dois. — Ela
pegou os lanches e me entregou alguns para carregar enquanto
caminhávamos pela sala de espera.

— Queríamos ter certeza de que seria algo que duraria antes


de contarmos a vocês, bem, especialmente Cade.

Ela se virou para olhar para mim quando empurramos uma


porta para encontrar Gigi. — Eu acho que você e Gigi são apenas
as duas pessoas que ele é mais próximo no mundo, e ele não sabe
como lidar com isso. E acredite em mim, não estou dando
desculpas. Cade agiu como um idiota. Ele vai mudar de ideia. Você
sabe como ele é.

Eu não tinha tanta certeza de que ela estava certa sobre isso,
mas assenti. Era a porra da véspera de Natal e estávamos na porra
da sala de emergência porque Cade e eu tínhamos brigado. Eu não
precisava adicionar mais drama a essa bagunça.

Entramos na sala e encontramos Gigi e Bradley juntando suas


coisas para sair. Ela correu para os meus braços quando me viu.
— Você está aqui.

— Claro que estou aqui. Você está aqui. Onde mais eu estaria?
— Eu ri enquanto passava meus braços em torno dela.
— Obrigado por vir, Gray. — Bradley me deu um tapinha nas
costas. — Vamos dar a vocês dois um minuto.

— Como você está se sentindo? — perguntei, afastando-me


para olhar para ela. Eu a virei e levantei seu cabelo para ver um
pequeno remendo na parte inferior de seu crânio raspado e com
oito ou nove pontos lá. — Jesus. É um grande corte.

— Felizmente eu tenho muito cabelo, então o Dr. Darby disse


que ninguém será capaz de ver.

— Sinto muito que você se machucou. Acho que foi tão ruim
quanto poderia ter sido, hein? — falei enquanto a estudava.

— Cade estava bêbado. Ele vai se arrepender de manhã. Estou


tão chateada com ele que nem consigo ver direito. As coisas que
ele disse a você, oh, meu Deus. Quem ele pensa que é?

— Ouça, G. Seu irmão te ama muito, e eu entendo isso. Não


seja muito dura com ele. Ele nunca machucaria você
intencionalmente, nós dois sabemos disso. Ele vai se espancar
duramente por você ter se machucado. Dê uma folga a ele, ok?

Seu olhar azul safira procurou o meu, e uma pequena linha se


formou entre suas sobrancelhas quando o pânico se instalou. — O
que? Aonde você está indo?

— Vou voltar para a faculdade. Seu irmão precisa de tempo e


eu não posso mais ficar na casa de Simon. Prefiro ficar sozinho do
que naquela casa — falei, descansando minha testa contra a dela.

— Eu vou com você. Podemos sair esta noite.


— Não, G. Faça isso por mim. Fique aqui e conserte as coisas
com Cade. Você vai fazer isso por mim? — perguntei.

Ela se afastou, as lágrimas escorrendo por seu rosto. — Claro.


Eu faria qualquer coisa por você. Mas eu não quero que você fique
sozinho no Natal.

— Nunca me importei muito com os feriados, você sabe disso.


— Eu ri, tentando aliviar a situação e a tristeza que vi em seus
olhos. — Faça isso por mim, por favor. Vejo você em duas semanas,
ok?

As lágrimas continuaram caindo. Suas pequenas mãos


pousaram em minhas bochechas. — Você não está me deixando,
está?

— Nunca, baby. Eu simplesmente não consigo suportar a ideia


de ficar entre você e seu irmão. Vocês precisam deste tempo juntos,
e estarei esperando por você. Prometo.

— Ok — ela resmungou.

— Não há nada para chorar. Finalmente está revelado. O pior


já passou. — Eu queria fazê-la se sentir melhor, mas não tinha
certeza se isso era verdade. Porque se Cade nunca me perdoasse,
seria a pior coisa que me aconteceria. Mas eu ainda faria tudo de
novo por ela.

Peguei a mão dela, entrelaçando nossos dedos e a conduzi


para fora da sala. Katie e Bradley estavam lá comendo M&M e
sorriram quando nos viram. Saímos para o estacionamento, eu me
virei e abracei cada um deles em um adeus.
— Você sabe que pode voltar para casa — disse Katie,
enquanto estendia a mão para tocar minha bochecha.

— Agora não, mas voltarei. Feliz Natal.

— Eu te amo, Gray. Você sabe disso, certo? — perguntou


Katie.

— Eu sei. Também te amo.

Bradley inclinou a cabeça para o lado. — Você está indo para


a casa da sua mãe?

— Nah. Vou voltar para a faculdade mais cedo. Vejo vocês em


breve.

Bradley e Katie trocaram um olhar, mas assentiram e


entraram no carro.

— Eu não quero que você vá. — Gigi investiu contra mim mais
uma vez.

— Você se preocupa muito, baby. Eu te ligo de manhã, ok? —


Eu precisava colocá-la no carro e sair de lá antes que me
convencesse a deixá-la vir comigo.

— Ok. Eu amo você. — Ela entrou no carro e eu fui até minha


caminhonete.

Liguei o motor e peguei a estrada.

Não era assim que planejei passar o Natal.

Mas eu estava completamente em paz com isso.


Cheguei tarde em casa, tendo passado a maior parte da viagem
no telefone com Gigi. Ela não tinha falado com Cade ainda porque
ele desmaiou bêbado enquanto estavam no hospital, e eu sabia
que ele estaria acordando com uma maldita ressaca e muita culpa
por sua irmã ter se machucado. Fiquei feliz por ela estar lá, embora
ela tentasse me convencer de que deveria dirigir até aqui amanhã,
e eu a fiz prometer novamente que ficaria e resolveria as coisas
com seu irmão.

Eu poderia lidar com Cade não me perdoando porque eu


merecia. Mas eu não aguentava ficar entre ele e sua irmã. Eles se
amavam muito e precisavam superar isso.

Tomei um banho rápido e desmaiei. Meus lençóis ainda


cheiravam a Gigi, o que tornava tolerável estar aqui.

Dormi até tarde e acordei com um monte de mensagens da


minha garota. Havia também uma do meu pai, de Mariana, de
Katie Jacobs e de Wren desejando-me um Feliz Natal. Meu telefone
tocou e o nome de Gigi apareceu na tela. Era uma ligação do
FaceTime e esperei que seu rosto entrasse em foco enquanto eu
colocava meus travesseiros na cama para me sentar.

— Ei. Feliz Natal, linda.

— Você finalmente acordou. Está tarde. Feliz Natal. Estou com


saudades — disse ela, franzindo a testa para a tela.

— O que há de errado? Como está a sua cabeça?


— Minha cabeça está bem, Gray. Simplesmente odeio que você
esteja aí e eu esteja aqui.

— Como foi a manhã de Natal? Você já conversou com o seu


irmão? — perguntei.

— Ele tentou. Apenas se desculpou por meu ferimento na


cabeça. Eu meio que ainda o odeio, então não muito mais foi dito.
— Ela brincou com o pingente de coração que estava pendurado
em seu colar e eu sorri. Eu amava que ela nunca o tinha tirado
desde o momento que eu o dei a ela.

— Baby. Fale com ele. Não volte até que vocês dois estejam
bem. Entendeu?

— Por que você está sendo tão legal com ele depois do que fez?
Ele é um idiota.

— Porque eu fui um idiota o suficiente para saber quando


alguém merece um passe. Dê-lhe um passe, G.

Ela revirou os olhos. — Recebemos uma visita esta manhã.

— Oh, sim? Quem?

— Sua mãe. — Ela ergueu as sobrancelhas e inclinou a cabeça


para o lado.

— Minha mãe? Na manhã de Natal? O que ela queria?

— Ela queria ver você.

Eu balancei minha cabeça. — Jesus. Isso é... surpreendente.


Estou chocado que Simon permitiu isso.
— Ela parecia não ter dormido e disse que estava preocupada
com você. Ela perguntou a Cade se ele sabia o que tinha acontecido
com você na noite passada.

— Merda. O que ele disse? — perguntei.

— Lembre-se de que ele está com uma ressaca extrema e


ninguém nesta casa está falando muito com ele. Ele apenas olhou
para ela e balançou a cabeça antes de eu pedir a ele para nos
deixar em paz. Eu disse a ela que você e meu irmão tiveram uma
desavença e que Cade foi um idiota. — Ela finalmente sorriu e
balançou a cabeça. — Ela pensou que você estava aqui. Eu disse
a ela que você voltou para a faculdade.

Eu esfreguei a mão na minha nuca.

— Tudo bem. Vou ligar para ela mais tarde. Vou ligar para
meus avós e dizer a eles que não vou hoje.

— Ok. Você vai me ligar mais tarde? — Ela parecia cansada e


triste.

— Claro. Vá falar com seu irmão.

Ela acenou com a cabeça. — Eu te amo, Gray.

— Amo você mais.

Eu me empurrei para andar até o banheiro para mijar e


escovar os dentes. Eu olhei no espelho para ver um corte feio e um
hematoma embaixo do meu olho esquerdo. Eu já estive em brigas
antes, e isso não era terrível. Os hematomas saram. E com sorte o
tempo curaria as feridas entre mim e meu melhor amigo. Liguei
para meus avós e eles ficaram desapontados por não me verem
hoje, mas prometi voltar para casa e visitá-los em breve. Liguei
para meu pai em seguida, e ele me disse que se mudaria para uma
casa de recuperação amanhã, quando tivesse concluído o
programa. Bem, ele basicamente ficou sem dinheiro. Ele estava
pronto para o mundo real? Provavelmente não. Mas, em algum
momento, ele teria que descobrir se iria afundar ou nadar.

Meus livros preparatórios para o LSAT chegaram pelo correio


e eu os tirei e comecei a trabalhar. Podia também aproveitar o
tempo e o sossego.

Algumas horas depois, percebi que já passava da hora do


almoço e peguei minhas chaves para sair e comprar um pouco de
comida. Eu não sabia se alguma coisa abriria no dia de Natal, mas
eu não poderia ser o único idiota que estava com fome. Abri a porta
e me assustei quando vi minha mãe subindo os degraus da casa
da fraternidade.

— Mamãe?

— Ei. Feliz Natal — ela disse, e ergueu uma sacola. — Eu tenho


churrasco. Está com fome?

— O que? Sim. Entre. O que está fazendo aqui? Onde estão as


meninas?

Minha mãe nunca tinha estado no campus. Simplesmente não


era para ela. Ela estava ocupada com Simon e as meninas, e eu
sempre ia para casa. Isso nunca me incomodou, é o que é. Mas eu
estaria mentindo se dissesse que não estava feliz em vê-la parada
na minha varanda.
Ela entrou e eu a levei para a cozinha. — Eu não ia deixar você
sozinho no Natal. Não importa quantos erros eu cometi no
passado, eu não cometeria outro.

Balancei a cabeça e peguei alguns utensílios e duas garrafas


de água, colocando-os sobre a mesa. Eu não tinha certeza de como
responder. — Você não precisava deixar as meninas.

— Você também é meu filho, Gray. — Ela balançou a cabeça


quando se sentou ao meu lado. — Simon pode lidar bem com elas
sozinho. O que você disse a ele ontem à noite, bem, quero que saiba
que ele ouviu você. Ele tem bebido muito. Tínhamos nos metido
nisso alguns meses atrás, quando ele fez aquele esforço no jantar
com você, mas ele está caindo nos velhos hábitos durante os
feriados e isso não é aceitável. E ele pode ser um idiota crítico.

Soltei uma risada. Minha mãe nunca xingou e nunca disse


nada negativo sobre seu marido.

— Isso é para dizer o mínimo. — Eu ri ao puxar os dois


recipientes para fora da bolsa. O cheiro de molho de churrasco fez
meu estômago roncar. — Mas estou feliz que ele me ouviu. Eu não
posso mais fazer isso, mãe. Não posso estar lá deixando ele
descontar sua raiva de papai em mim. Entendo. Papai estragou
tudo. Mas não preciso que Simon me diga isso toda vez que estou
em casa, porra.

Ela acenou com a cabeça e uma lágrima escorreu pelo seu


rosto. — Concordo, querido, e você está certo. Eu deveria ter falado
há muito tempo, e sinto muito por isso. Mas serei mais vocal com
ele de agora em diante.
— Oh, sim? Você vai começar a colocar Simon em seu lugar?
— provoquei.

— Estou aqui, não estou? — ela perguntou enquanto


enxugava as lágrimas.

— Você está. E eu agradeço.

— Feliz Natal, Gray. Eu amo você.

— Também te amo, mãe — falei, ambos pegando a comida.

— Agora me diga o que está acontecendo com você e Cade.

Passamos as duas horas seguintes conversando. Contei a ela


sobre Gigi e sobre minha briga com Cade. Ela me ouviu e ofereceu
conselhos. Ela disse que sempre pensou que havia algo ali com a
irmã mais nova de Cade, e rimos disso. Conversamos sobre meu
pai e seu caminho para a recuperação. Seus erros do passado e
minhas esperanças para seu futuro. Foi o máximo que falamos em
muito tempo, e foi muito bom.

Porque mesmo depois de todo esse tempo, descobri que ainda


precisava da minha mãe.

E ela finalmente apareceu quando eu mais precisava dela.


Capítulo Vinte e Três

Gigi

— Posso falar com você? — Cade perguntou parando na minha


porta e encostando-se no batente. Passaram-se três dias desde o
Natal e ainda mal tínhamos nos falado.

— Não sei. Você vai ter um acesso de raiva e socar alguém, ou


você pode ter uma conversa de adulto?

— Vamos, Gigi. Ele é meu melhor amigo. Você é minha irmã


mais nova. — Ele se sentou ao meu lado na cama.

— E daí, Cade? Entendo. Devíamos ter contado. Mas você vê


por que não fizemos? Veja como você reagiu. E Gray sabia que você
nunca ficaria bem com isso. Acredite em mim, ele tentou de tudo
para não ceder aos sentimentos que temos um pelo outro, e isso é
por sua causa. Porque ele te ama muito. E você o tratou como um
merda. Você age como se ele fosse indigno.

— Você não sabe com quantas garotas ele esteve — Cade


sibilou, levantando-se e andando de um lado para o outro no meu
quarto.

— Mais uma vez, você está errado. Eu sei quem é Gray. Ele me
contou tudo. Não me importo com seu passado. Eu me importo
com o agora. E você? Você já esteve com muitas garotas, isso
significa que Camilla não deveria lhe dar uma chance? Você é um
hipócrita.

Ele engasgou e se virou para mim. — Ele não deveria ter


escondido isso de mim. Ele deveria ter falado comigo sobre isso.

Eu concordei. — Ok. Então, se ele tivesse ido até você e dito


que queria namorar comigo, o que você teria dito? Seja honesto
consigo mesmo, Cade.

— Porra. Eu teria dito não. Mas não é porque eu não acho que
Gray seja um cara legal. Jesus. Ele é meu melhor amigo do
caralho. Foi o que tentei explicar para Camilla. Eu obviamente
acho que ele é incrível. Ele é como um irmão para mim.

— No entanto, você o atacou antes de deixá-lo se explicar.


Pessoas mudam.

— Ele deveria cuidar de você. Ele é um jogador. Não vai durar.


— Ele passou a mão pelo cabelo.

— Você está errado. Nós nos amamos. Nosso único problema


é que meu irmão está sendo um idiota.

— Se ele te machucar, eu nunca vou perdoá-lo.

— Você está se ouvindo? Você nem mesmo está dando uma


chance a ele. Isso não é novo, Cade. É apenas novo para você. E
você pode aceitar ou perder nós dois. Levantei-me porque estava
encerrando essa conversa.

— Uau. Você está levando isso de forma completa. Você está


falando sério sobre ele?
— Você sabe o que me surpreende? Que você não entende. Ele
é seu melhor amigo, e você não está disposto a dar-lhe nenhum
crédito. Ele sempre esteve lá para você. Quando você pensou que
Camilla estava grávida — sussurrei porque obviamente esse era
um segredo que meus pais não conheciam — ele entrou no carro
e foi para lá imediatamente. Não importava que estivesse no meio
das finais, ou que estivesse lidando com tanta coisa com seu pai.
Ele largou tudo por você. E você nem deu a ele uma chance quando
tentou conversar. Talvez você precise aprender a ser um bom
amigo e parar de julgar todos os outros — soltei, meu olhar
travando no dele antes de sair pela porta.

Você poderia levar um cavalo até a água..., mas talvez fosse


melhor apenas acertá-lo na cabeça com um balde.

Meu irmão precisava do último.

Encontrei as meninas no The Rusty Pelican para almoçar,


onde a mãe de Jett, Mae, trabalhava. Nós a amávamos e comíamos
aqui todas as semanas desde que começamos o ensino médio. Ela
queria ouvir tudo o que estava acontecendo conosco depois do
nosso primeiro semestre na faculdade, e obviamente falava com
Addy o tempo todo porque ela e Jett estavam sempre juntos. Mas
ela tinha um milhão de perguntas para o resto de nós. Nós a
abraçamos dando adeus ao sairmos.
— Quem quer ir comigo ao Lenny's para um chocolate quente?
— Addy perguntou enquanto esfregava as mãos.

Lenny Balsalcki era dono do The Chocolate Fountain na


mesma rua da lanchonete da cidade.

— Eu vou — todas nós dissemos em uníssono e rimos.

— Bem, se não são minhas Willows favoritas — Lenny disse,


surpreendendo a todas nós porque ele raramente estava cheio de
alegria no feriado. Ele era provavelmente a pessoa mais pessimista
que eu já conheci. O copo não estava apenas meio vazio... era mais
seco que sujeira.

— Você está de muito bom humor — disse Addy enquanto


contornava o balcão e o abraçava. Eles sempre tiveram uma
amizade especial.

— Eu estou? Bem, não tem nada a ver com o fato de que o


vizinho rei dos donuts acabou de receber uma denúncia do
departamento de saúde por não ser higiênico. The Chocolate
Fountain sempre recebeu notas exemplares de limpeza. Aquele
traficante de dois bits acha que pode tornar sua loja ‘amigável para
cães’ — ele falou, usando dois dedos em cada mão para nos
mostrar as aspas. — Bem, carma é uma vadia com V maiúsculo.
Não se esqueçam disso, meninas.

Nós rimos. Ele era uma das minhas pessoas favoritas na


cidade. Fizemos nosso pedido e encontramos uma mesa no fundo.

— Então, como vai com o seu irmão? Melhor? — Maura


perguntou. Não tínhamos coberto meu drama ainda, enquanto
estávamos discutindo o fato de que Maura tinha se metido em uma
pequena confusão esta manhã, com ninguém menos que Crew
Carlisle. Os Carlisle eram inimigos dos Bensons, a família de
Maura, e eles tinham uma longa e amarga história familiar que
ninguém realmente entendia. Ela nos disse que ele tinha sido um
idiota completo com ela e recomendou que os policiais a
prendessem. Por causa de uma batida no pára-choque. Felizmente,
o policial Powell era vizinho de Maura, ele achou a coisa toda
hilária e a mandou embora furiosa.

— Está bem. Estamos conversando um pouco mais. Mas ainda


estou brava com ele pela forma como está tratando Gray.

— Seu irmão tem sorte de ser tão gostoso. Quase me faz


esquecer o quanto é crítico. Gray é como um irmão para ele e está
disposto a jogar fora a amizade deles porque vocês dois estão
apaixonados? Ele é ridículo. — Coco revirou os olhos
dramaticamente e bateu palmas quando Lenny trouxe nossos
chocolates quentes antes de voltar para cumprimentar alguns
clientes que entraram.

— Como está Gray com tudo?

— Ele está estudando para a LSAT e insiste que eu fique aqui


e resolva as coisas com meu irmão. Ele me fez prometer. Mas não
sei se algum dia chegarei a Cade. Ele é um boi teimoso. E eu só
quero voltar para a faculdade e ficar com Gray.

— Eu acho que é doce que ele queira ter certeza de que você e
Cade estão bem. Quem poderia imaginar que Gray Baldwin seria
um namorado tão doce — disse Ivy, balançando a cabeça e
sorrindo antes de colocar uma enorme pilha de chantili em sua
colher e devorá-la.
— Eu sei. Ele é tão malditamente fofo com você. Eu adoro isso
— disse Maura.

— Então, conserte as coisas com Cade e você pode voltar para


a faculdade mais cedo e desfrutar do seu namorado gostoso e sexy.
Droga, eu preciso conseguir um desses para mim. — Coco fechou
os olhos e sorriu, e todas nós rimos.

— Seus pais estão totalmente bem com tudo, certo? — Addy


perguntou.

— Sim. Eu mesma gostaria de falar com eles, mas, graças a


Cade, tenho quase certeza de que sabem que estamos dormindo
juntos. Quero dizer, por que mais minha mãe de repente sentiria
a necessidade de me levar ao médico e me dar pílula? — Minha
mãe conversou comigo há alguns dias e insistiu em me levar ao seu
ginecologista. Eu estava bastante certa de que ela ouviu a explosão
de Cade sobre mim e Gray, e assumiu que estávamos dormindo
juntos. Obrigada, irmão. — Mas sim, eles estão realmente felizes
por Gray e eu estarmos juntos. Eles o amam. Não podem acreditar
na maneira como Cade está se comportando.

— Ele vai mudar de ideia — disse Maura. — E eu acho que é


doce sua mãe levar você ao médico. Minha mãe nunca falava
comigo sobre sexo ou namorados. Tudo isso a deixa tão
desconfortável. Ela é tão antiquada.

— Por favor. Você conheceu Cricket? Ela nunca diria tal


absurdo — disse Coco com a sua voz mais altiva e revirou os olhos.
— Ela acha que sexo é sujo. Na verdade, estou chocada que ela
tenha duas filhas. Estou supondo que essas são as únicas duas
vezes que ela fez isso.
Caímos na gargalhada.

— Talvez Cricket seja uma garota sexy no armário — Ivy


sussurrou como se tivesse acabado de dizer a coisa mais sinistra
do mundo.

— Uma garota sexy de armário? Você acabou de chamar


minha mãe de prostituta? — Coco disse enquanto as lágrimas
escorriam pelo seu rosto e continuamos a rir um pouco mais.

O tempo com minhas meninas sempre me fazia sentir melhor.


E elas estavam certas. Eu precisava consertar as coisas com Cade
para que pudesse voltar para Gray. Eu sentia tanto a falta dele e
estava cansada de deixar Cade controlar a situação.

Terminamos nossas bebidas e Lenny se aproximou. — Tudo


feito, senhoras?

— Sim. Gostaríamos que houvesse uma fonte de chocolate na


faculdade. Eu desejo isso quando não estou em casa — Addy disse,
sorrindo para o homem mais velho.

— Tenho certeza. Comida de cafeteria é terrível. Cheio de


produtos químicos. Inferno, é um esquema. Eles cobram das
crianças uma fortuna por comida ruim. O mundo foi para o inferno
em uma cesta de mão, eu juro que sim.

— Ei. O que aconteceu com o alegre Lenny? — Addy provocou.

— O alegre Lenny não existe, minha querida. Sim, estou feliz


que a doninha tenha recebido algumas reclamações, claro. Mas
isso não compensa os Howards vindo aqui esta manhã e não me
deixando gorjeta. Eles disseram que eu deveria tentar ser um
propagador de alegria. Vocês conseguem imaginar isso? — Ele
balançou a cabeça enquanto todas nós nos levantávamos e
tentávamos esconder nossos sorrisos.

— Os propagadores de alegria envelhecem. Gostamos de como


você é, Len. — Coco deu um tapinha nas costas dele.

— Você sabe o que dizem sobre os Howards, não é? — ele se


inclinou sussurrando, um fofoqueiro da cidade até seus pés.

— Diga — Ivy pediu com os olhos arregalados como pires.

— Eles são acumuladores. Você sabe... como aqueles da TV.


Eles têm pilhas de lixo por toda parte. É um vício sério.

Addy não conseguiu conter a risada. — Eu fui babá dos


Howards e garanto que eles não são acumuladores, Lenny. A casa
deles é imaculada.

— Por que você sempre tem que estragar a diversão com todo
esse sol, Addy? — ele latiu e nem mesmo conseguiu esconder o
sorriso.

— Amo você, Len — disse ela, inclinando-se para abraçar o


velho rabugento. Todas nós seguimos o exemplo e o abraçamos em
despedida.

— Fiquem aquecidas, meninas. Há um inseto desagradável


circulando. A filha do meu primo teve que amputar a perna na
semana passada por causa disso. Vocês não gostariam de ficar
mancando com um pé só, não é?

Acenamos um adeus e praticamente caímos porta fora de


tanto rir.
— São as pessoas como Lenny que me fazem sentir falta de
Willow Springs — disse Coco, envolvendo um braço em volta de
mim. — Todas essas fofocas e negatividade me lembram de casa.

— Sim. Eu amo estar em casa com vocês de novo. — Ivy cruzou


o braço com Maura e Addy, e descemos a rua.

Nada poderia superar o tempo com minhas garotas em Willow


Springs.

Além do tempo com meu namorado.

Eu tinha um relacionamento para consertar para que pudesse


voltar para ele.

E isso era exatamente o que planejei fazer. Começando hoje.

Quando cheguei em casa, estava tudo tranquilo. Meu pai


estava no trabalho e minha mãe em uma reunião de arrecadação
de fundos para o almoço anual de Willow Springs. Eu vi o carro de
Cade na garagem e dei uma espiada em seu quarto, mas ele não
estava lá. Quando cheguei ao meu quarto, ele estava sentado na
minha cama olhando para um álbum de fotos nossas de quando
éramos crianças.

— Ei. — Entrei e me sentei ao lado dele.

— Oi. Espero que você não se importe. Encontrei em suas


prateleiras.

— Claro que não. — Eu olhei para baixo e ri da foto onde Cade


e eu tínhamos bolo em nossos rostos depois da minha terceira
festa de aniversário. Na próxima página havia uma minha com
Gray e Cade, todos cobertos de bolo e glacê.
Ele estava lá.

Ele sempre esteve lá.

Cade fechou o álbum e se deitou na cama. Suas pernas


penduradas enquanto seus pés ainda estavam no chão. Ele cobriu
o rosto com as mãos e gemeu. — Eu estraguei tudo, não foi? Por
que sempre reajo exageradamente?

— Porque é quem você é. — Eu levantei uma sobrancelha e


sorri quando ele olhou para mim.

— Vai ser uma merda se não der certo, porque ele é meu
melhor amigo e você é minha irmã. Mas você está certa, G, ele tem
sido um amigo muito bom para mim. Eu apenas sei todas as
merdas idiotas que nós dois fizemos ao longo dos anos.

— Mas eu sei sobre isso também. Gray e eu não temos


segredos. E por que você não pode confiar que posso tomar
decisões por mim mesma?

— Não sei. Camilla diz que estou bravo porque,


aparentemente, sou um maníaco por controle e não esperava que
isso acontecesse — falou, erguendo-se para se sentar.

— Ela é uma mulher sábia.

— Acho que você está certa. Ela viu algo lá com você e Gray
na primeira vez que os conheceu. E mamãe me disse que sempre
viu isso também. Acho que sou o idiota.

— Não, você não é. Eu não vi isso. Eu estava mais irritada com


ele do que não. Mas ele disse que sempre soube. — Eu inclinei
minha cabeça para o lado e sorri.
— Você realmente o ama, não é? — ele perguntou.

— Eu realmente amo.

— E ele não a pressionou em nada? — perguntou, e desviou o


olhar.

Esperei até que ele olhou para cima e meu olhar travou com o
dele. — Nenhuma vez. Ele tentou de tudo para me afastar. Mesmo
depois de estarmos juntos, ele não fazia, hum, coisas... — hesitei
e ele cobriu os ouvidos.

— Gigi. Não preciso dos detalhes.

— Mas você os quer, Cade. Você precisa saber que ele não me
pressionou a fazer nada. Nunca. Ele tem sido tão cuidadoso e
amoroso. Ele é quem estava preocupado com você, muito mais do
que eu.

Ele soltou uma risada. — Oh, sério. E por que isto?

— Porque não é da sua conta. Sim, devíamos ter contado a


você quando começou. Mas, honestamente, nós dois nunca
tivemos um relacionamento sério, então anunciar ao meu irmão
quando nem sabíamos se iria a algum lugar parecia ridículo.
Queríamos dar uma chance antes de adicionarmos essa pressão,
sabe?

— Droga. Entendo. Camilla e eu não contamos a ninguém


quando começamos a namorar. Inferno, eu nem mesmo admitia
para mim mesmo. Nunca pensei que poderia ter um
relacionamento como este.
— E você pode imaginar quando estava descobrindo as coisas
pela primeira vez se tivesse que obter a aprovação de sua irmã ou
de seu melhor amigo? — Revirei meus olhos.

— Mas Gray lutou com isso, não foi? Ele é um filho da puta
leal até a medula. Porra. Eu estraguei tudo. — Ele caiu para trás
novamente e cobriu o rosto.

— Você estragou. E ele precisa de um amigo agora, Cade. Seu


pai voltou e está morando em uma casa de recuperação. Simon foi
um idiota real com ele depois de sua briga, porque presumiu que
Gray estava em apuros. Então ele voltou para a faculdade sozinho.
Na véspera de Natal.

— Jesus Cristo. Eu me odeio pra caralho. Por que você ainda


não voltou para lá?

— Porque ele me fez prometer que consertaria as coisas com


você antes de ir. Ele está muito preocupado em interferir no nosso
relacionamento.

— Eu sou péssimo.

— Você realmente é — concordei, acima da minha risada. — E


ele é o único que não está bravo com você. Ele continua
defendendo você, o que me irrita.

Cade se sentou e ficou de pé. — Tudo bem. Estamos bem?

Isso foi abrupto. — Hum, claro?

— Não é isso que eu quero dizer. Eu sei o que preciso fazer. —


Ele caminhou na frente da minha cama.
— Ok. Bem, acho que fizemos algum progresso. Vou voltar
para a faculdade amanhã.

— Você pode esperar um ou dois dias?

— O quê? Por quê?

— Porque eu vou hoje à noite. Preciso acertar as coisas com


Gray, e será melhor se eu puder me desculpar sem você lá. Preciso
consertar isso. Você pode me deixar fazer isso?

Eu sorri e me lancei contra ele, abraçando-o com força. —


Claro que eu posso. Isso vai significar muito para ele.

— Isso vai significar muito para mim também. — Ele sorriu


antes de caminhar em direção à porta. — E não ligue para ele e
diga que estou indo. Deixe-me fazer do meu jeito.

— Certo. Mas se tocar nele novamente, você estará morto para


mim.

— Ah, é assim, não é? — Ele bateu no batente da minha porta


e levantou uma sobrancelha.

— É totalmente assim.

Porque era assim.

Mas eu estaria mentindo se dissesse que não estava feliz por


meu irmão finalmente estar sendo racional. Eu queria que as
coisas voltassem ao normal para ele e Gray.

E parecia que isso finalmente aconteceria.


Capítulo Vinte e Quatro

Gray

Gigi e Cade haviam consertado as coisas e eu estava aliviado.


Era a primeira vez que falava com ela que não estava com raiva
dele. Eu não sabia se ele e eu chegaríamos lá tão cedo, mas
esperava que sim. Mas, por enquanto, isso era melhor do que a
alternativa. Eu precisava ter certeza de que ela e seu irmão não
estavam brigando por mim. Eu não poderia viver com essa merda.

Enviei outra mensagem para Wren perguntando se tinha visto


meu pai. Wren havia me ligado ontem à noite contando que tinha
saído com Mae Stone, mas recebeu um telefonema sobre meu pai
no clube da luta com aqueles dois caras que foram procurá-lo
antes. Quantas vezes mais poderíamos fazer isso?

Meu telefone tocou e eu atendi quando vi que era Wren


ligando.

— Ei, alguma palavra?

— Isso não é bom, Gray. Houve uma grande virada ontem à


noite no clube da luta. O cara garantido não ganhou, e muitas
pessoas perderam uma tonelada de dinheiro. Seu pai
aparentemente apostou no cara perdedor e está em apuros. Ele
está brincando com as pessoas erradas. Ele está jogando com
dinheiro que não tem, e não sei por quanto tempo posso protegê-
lo dessa merda.

— Jesus. Com o que ele está apostando? Cartões de crédito?


Quer dizer, ele vendeu seu Rolex. Você já deu esse dinheiro a ele?

— Não. Ele tem me evitado desde que se mudou para a casa


de recuperação. Obviamente, ele voltou a fazer apostas com esses
caras e não queria que eu soubesse. Mas Gray, as apostas são
muito maiores desta vez, pelo que estou ouvindo.

— O que isso significa? — perguntei, sentando-me na minha


cama e esfregando a mão no meu rosto.

Aqui vamos nós. Simplesmente parecia piorar a cada vez.

Mais bebida.

Mais drogas.

Mais dinheiro.

— Ele tem 3.500 dólares restantes da venda do relógio. Ele não


tem bens, não tem carro. Ele sugou seus avós até o fim, e eu
também emprestei a ele uma boa quantia em dinheiro. Mas pelo
que estou ouvindo, ele apostou vinte e cinco mil na noite passada
e perdeu. Não sei o que diabos ele está pensando. E esses são caras
maus. Vou fechar a loja por um tempo porque esses caras estão
por aqui o tempo todo e são más notícias.

— Puta merda. Vinte e cinco mil? Que porra é essa? Então eles
estão atrás dele? Onde diabos ele poderia estar? — perguntei,
lutando contra o nó na minha garganta. Eu poderia ir para Simon.
Eu poderia implorar pelo dinheiro. Mas quando isso iria acabar?
— Eu não sei, mas sei que eles não vão parar até que o
encontrem.

— Tudo bem. Voltarei para casa. Vou te ajudar a procurá-lo.

— Segure firme, Gray. Não quero que você se misture com


esses caras. Tenho alguns dos meus funcionários à procura do seu
pai. Posso fazer com que ele se esconda em minha casa até que
descubramos algo. É muito dinheiro. Deixe-me ver o que posso
fazer.

— Ok. Talvez ele pudesse se esconder aqui?

— Eu acho que manter seu pai longe de você pode ser uma
ideia melhor. Não quero que você se envolva com esses caras.

— Porra. Não sei o que fazer, Wren. Obrigado por procurá-lo.


Sinto muito por isso.

— Não se desculpe pelos pecados de seu pai, Gray. Isso não


depende de você. Falo por experiência própria sobre isso. Apenas
mantenha seu telefone perto e lhe darei notícias. — Wren era um
homem sobre o qual muitas pessoas em Willow Springs
cochichavam. Ele tinha as mãos em muitos potes, mas sempre foi
um cara bom para mim e meu pai. Mas o boato estava sempre lá
na cidade, e todos tinham algo a dizer sobre Wren.

— Tudo bem. — Desliguei a chamada e enterrei meu rosto nas


mãos.

Liguei para Gigi e contei tudo a ela. Inferno, eu odiava dizer


como meu pai era fodido, mas eu precisava que ela me dissesse o
que fazer. Eu confiava nela. Ela me disse para ouvir Wren e
aguentar firme. Ela voltaria para a faculdade amanhã ou no dia
seguinte, e eu mal podia esperar para ela estar aqui.

Houve uma batida na porta do meu quarto e Ricky espreitou


a cabeça para dentro. Ele e dois outros caras foram os únicos que
voltaram mais cedo. A maioria das pessoas estava em casa com
suas famílias aproveitando as férias. Não tivemos tanta sorte.
Embora ter minha mãe aparecendo e passando dois dias aqui em
um hotel tivesse sido uma surpresa inesperada. Havíamos
conversado sobre muitas coisas e, embora ainda tivéssemos um
longo caminho para reparar nosso relacionamento, ambos
estávamos dispostos a tentar, e isso era um progresso.

— Desculpe te incomodar, Gray. Tem alguém aqui para te ver.


Ele disse para te dizer que era seu melhor amigo idiota. Palavras
dele, não minhas. — Ricky encolheu os ombros.

— O que? — Eu me levantei e vi Cade parado ao lado dele.

— Posso entrar? — ele perguntou, e eu nunca tinha visto meu


melhor amigo parecer nervoso, mas ele parecia.

— Sim. Claro. — Balancei a cabeça para Ricky para que


soubesse que estava tudo bem, Cade entrou e fechou a porta.

Ele se sentou na cadeira da minha escrivaninha e me encarou.


— Fui um idiota.

Eu ri. — Não, você não foi. Ela é sua irmã. Entendo. Eu deveria
ter te contado.

— Não haveria uma maneira de me dizer, e nós dois sabemos


disso. Como minha irmã disse tão educadamente, eu sou um idiota
arrogante. Estraguei tudo, irmão. E preciso que você saiba que não
foi porque não acho você um cara bom. Inferno, você foi meu
melhor amigo minha vida inteira. Nunca foi sobre isso.

— Cara. Pare. Entendo. Inferno, eu também não acho que sou


bom o suficiente para ela. Mas vou tentar. — Eu me sentei na cama
para encará-lo. Esta visita foi uma surpresa e fiquei feliz. Mas
minha mente estava girando sobre meu pai.

— Gray, não é isso. Nunca foi sobre isso. Apenas não achei
que você gostaria de ter um relacionamento sério e não queria que
você fodesse com minha irmã. É Gigi, sabe? — Ele parecia tão
cheio de culpa, eu não estava acostumado com isso dele. Cade era
muitas coisas, mas apologético e humilde não eram a norma para
ele.

— Irmão, me escute. Entendo. Eu entendo porque você pensou


isso. Eu também estava preocupado com isso no início. Mas...
quanto mais eu estava perto dela, mais eu sabia que não poderia
ficar longe.

— Essa é a coisa. Não era minha função julgar. Merda, eu


também era um jogador. E eu mudei pela Camilla. Eu não deveria
ter dito as coisas que disse a você. Estava errado, Gray. Você é
uma das melhores pessoas que conheço, e eu deveria ter confiado
em você.

Porra, eu não esperava isso.

— Eu agradeço. E entendo. Se soubesse o que sei agora, teria


procurado você desde o início — admiti.

— E o que você sabe agora? — perguntou, arqueando uma


sobrancelha em desafio.
— Eu sei que amo tanto sua irmã que é doloroso. Não há nada
que eu não faria por ela. Gigi é tudo que quero, tudo que vejo. —
Dei de ombros.

— Ok, isso é o suficiente. Acredito em você. Não preciso de


mais detalhes sobre sua obsessão por minha irmã. — Ele riu e
ficou de pé. — Sinto muito, irmão.

Levantei-me e ele me puxou para um abraço, batendo forte nas


minhas costas como o idiota que ele era.

— Estamos bem — falei quando nos separamos. — Pare de se


martirizar.

— Tudo bem. Mas se você a machucar, vou bater na sua


bunda novamente.

Agora nós dois rimos. — Você sabe que eu não revidei. Eu


deixei você dar seus socos porque eu os esperava. Da próxima vez,
você não terá tanta sorte.

— Sim. Ainda vejo os hematomas da minha maldade. Nada


como brigar com seu melhor amigo e depois fazer com que sua
irmãzinha vá ao hospital e leve pontos. Você só pode imaginar
como Katie e Bradley estão se sentindo comigo agora. — Ele
balançou a cabeça e se sentou na cadeira. Os pais dele eram duas
das pessoas mais legais que eu conhecia, então deixá-los
decepcionados com você não era fácil.

— Tão ruim, hein? Gigi disse que vocês se resolveram?

— Sim. Ela me chamou a atenção sobre a minha merda e


finalmente a escutei. Ela estava certa. Ela geralmente está. E
Camilla quer a porra de uma medalha porque percebeu desde a
primeira vez que conheceu vocês. E meus pais acham que eu
deveria cortar um pouco a bebida, o que estou fazendo. Pegando
uma página do livro do filho da puta sacana Gray Baldwin.

Eu soltei uma risada. — Você é um idiota. Venha, vamos


comer. Estou faminto. Vou te contar sobre o show de merda que é
meu pai durante o almoço.

E assim, as coisas estavam melhorando.

Depois de informar Cade sobre meu pai, ele decidiu passar a


noite. Havia toneladas de quartos abertos na casa da fraternidade,
e ele não quis ir quando ainda não tínhamos ouvido nada sobre
meu pai. Fiquei grato. Estava feliz por termos consertado as coisas,
e não havia ninguém que eu quisesse mais ao meu lado do que
Cade. O cara sempre me protegeu e eu contava com isso.

Levantei-me e liguei para Wren. Ele disse que não tiveram


sorte em encontrá-lo e não deixei de notar a preocupação em sua
voz. Cade estava usando meu chuveiro porque disse que o
banheiro comunitário deveria ser fechado por ser anti-higiênico.
Eu ri porque não havia dúvida de que ele estava certo sobre isso.

Conversei com Gigi e ela ficou feliz por Cade e eu estarmos de


volta aos trilhos. Por mais que gostasse de tê-lo aqui, estava pronto
para que ele fosse embora para que minha garota pudesse voltar.
Eu sentia falta dela e ver seu rosto na tela do telefone não era o
suficiente.

— Cara, você vive como um rei com essa porra de chuveiro.


Essa é uma instalação legal. — Cade estava vestido, mas ainda
secava o cabelo molhado com a toalha.

— Eu sou um maldito rei. Acostume-se. — Joguei meu livro


LSAT na cama porque estava tendo dificuldade em me concentrar
com o sumiço do meu pai.

— Nenhuma palavra ainda?

— Não. Onde diabos ele pode estar? Liguei para meus avós e
não queria deixá-los em pânico, mas pensei que talvez ele estivesse
se escondendo lá.

— O que eles disseram? — ele perguntou, sentando-se para


calçar as meias e as botas.

— Eles não o viram. — Meu telefone vibrou e eu o alcancei.

— Se for minha irmã de novo, estou colocando você no Hall da


Fama dos chicoteados por boceta. Cara, vocês dois conversam cem
vezes por dia. É ridículo. — Ele revirou os olhos.

Eu olhei para o meu telefone e meu coração disparou.

Que porra era essa?

Levantei meu telefone enquanto Cade lia a mensagem.


Número desconhecido ~ Temos seu pai. Ele nos deve 25 mil e afirma
que não os tem. Você tem até o fim do dia para juntar esse dinheiro, ou
vamos cortar um dedo de cada vez e mandar para você. Ou podemos
entregá-los pessoalmente para sua linda namoradinha. Não nos
importaríamos com algumas rodadas com ela. Nós sabemos onde você
está, Gray. Entre em sua caminhonete e leve sua bunda para Willow Springs
ou você não verá seu pai tão cedo. Temos certeza de que seu padrasto
poderia te dar o dinheiro. Comece a trabalhar. Enviaremos um local de
encontro quando você se aproximar. Se você for à polícia, não verá seu pai
de novo, isso garantimos. Estamos de olho em você.

— Puta merda — Cade sussurrou.

Liguei para Wren. — Ei. Recebi uma mensagem. Eles o


pegaram. Querem o dinheiro. Eles me disseram para entrar na
caminhonete e dirigir minha bunda aí ou vão começar a cortar
seus dedos. Eles mencionaram Gigi. Que porra é essa, Wren. O
que eu faço?

— Esses filhos da puta. Vou acabar com eles, juro por Deus.
Isso não está bem — ele gritou, e eu ouvi algo se estilhaçar ao
fundo. — Ligue para Gigi. Diga a ela para não sair de casa. Vou
levar alguns caras para a casa dos Jacobs só para ficar de olho
nas coisas. Acho que esses caras estão tentando intimidar você.
Eles não são uma operação importante. São dois caras idiotas que
pensam que são gangsters de merda. Eles obviamente o pegaram
porque vasculhei esta porra de cidade e não consigo encontrá-lo.
Você precisa entrar em sua caminhonete e vir para cá. Faça o que
dizem por enquanto, e vamos descobrir isso. Eu tenho alguns
caras dentro do departamento de polícia. Deixe-me trabalhar nas
coisas do meu lado.
— Disseram que o matariam se eu chamasse a polícia. Eles
me disseram para pegar o dinheiro com Simon. Eles mencionaram
Gigi. Como diabos eles sabem tanto sobre mim? — Eu estava
freneticamente colocando meus sapatos e um boné de beisebol e
procurando minhas chaves enquanto meu melhor amigo estava lá
ouvindo a chamada. Eu tinha Wren no viva-voz.

— Esses são caras maus, mas são só os dois, pelo que eu sei.
Ouvi do meu cara lá dentro que os policiais estão atrás deles, mas
não sei o quanto estão metidos nisso. Basta chegar aqui. Ligue
para Gigi e avise-a, e mandarei alguns caras passarem na casa da
sua mãe também. Basta chegar aqui, Gray.

— Ok. Vejo você em breve.

Cade e eu estávamos fora da porta e na estrada em poucos


minutos. Liguei para Gigi e ela estava morrendo de medo. Eu disse
a ela para não sair de casa e, claro, suas amigas estavam indo
sentar-se com ela porque eram leais como uma merda. Estava feliz
por ela tê-las.

— Eu estou supondo que você provavelmente está


questionando a ideia de eu estar com sua irmã agora? — perguntei
ao meu melhor amigo quando entrei na rodovia.

— Porra, não. Eu sei que você vai proteger Gigi, Gray. Essa
merda com seu pai não é sua culpa.

— Não, mas ainda é minha realidade. E qualquer pessoa na


minha vida tem que lidar com isso.

— Gigi e eu estamos em sua vida, quer vocês dois estejam


namorando ou não. Pare de tentar encontrar motivos pelos quais
não merece coisas boas. Quantos caras fariam isso por seu pai?
Você é um bom homem, Gray. O melhor que eu conheço. Eu não
poderia pedir coisa melhor para minha irmã, para ser honesto.
Mas se você algum dia contar a alguém que eu disse isso, cortarei
suas bolas enquanto dorme.

Se eu tivesse alguma habilidade para encontrar humor em


qualquer situação no momento, eu teria rido. Mas eu não poderia
agora. Minha garota estava morrendo de medo, meu pai estava
sendo mantido como refém por esses lunáticos e eu não sabia
como o tiraríamos dessa vez. Eu não via uma luz no fim do túnel
e isso me assustava pra caralho.

— Não sei por que você não está no carro, voltando para casa.
Você não deveria estar comigo — falei, porque eu ainda estava
chateado por ele ter pulado na caminhonete comigo. A última coisa
que eu queria fazer era envolver mais pessoas na bagunça fodida
do meu pai.

— Cara. Você é a minha primeira pessoa. Estamos nisso


juntos. Você estava lá para mim durante minha merda com
Camilla. Eu estava pirando, você entrou e cuidou de tudo.

— Acho que o susto da gravidez e alguns idiotas traficantes de


drogas segurando meu pai como refém estão em dois campos de
jogo completamente diferentes. — Balancei minha cabeça. — Vou
deixar você na sua casa quando chegarmos à cidade.

— O inferno que você irá. Essa é a pior coisa que poderia fazer.
Então você me terá e minha irmã seguindo sua bunda.

Eu não conseguia pensar direito. Não sabia o que fazer.


Esperava que Wren apresentasse um plano antes de eu chegar a
Willow Springs. Meu telefone vibrou e Cade o agarrou do porta-
copo.

— Meu Deus — ele sussurrou.

— O que é?

— Uma foto do seu pai amarrado em algum lugar sujo. Talvez


um porão?

— Como ele parece?

Cade ficou quieto por um minuto e eu assobiei para ele falar.

— Ele parece bem. Assustado.

— Mas ele não parece ferido? — perguntei enquanto batia meu


punho contra o volante. Como diabos eu iria tirá-lo disso?

— Não. Não há sangue ou sinais de que ele foi ferido.

O telefone vibrou novamente e Cade leu a mensagem de texto.

— Você tem três horas para juntar o dinheiro. Vamos marcar


um ponto de encontro. É melhor você estar lá.

— Como diabos eu vou conseguir vinte e cinco mil dólares em


três horas? — Passei a mão pelo cabelo.

— Poderíamos dar-lhes o título do meu jipe. Deve valer isso?

— Eu não posso te pedir para fazer isso, irmão. Mas agradeço


a oferta.
— Você não me pediu para fazer isso. Eu ofereci. E é uma
opção viável — disse ele.

Dirigimos em silêncio enquanto nós dois tentávamos


processar como diabos isso iria acontecer. Estava escurecendo e
minha mente girava com o que fazer. Eu precisava de um milagre
filho da puta.

Saímos da rodovia e fiquei chocado com a rapidez com que


chegamos aqui. Meu estômago afundou porque eu não tinha
ouvido falar de Wren e estava ficando sem opções.

Meu telefone tocou, Cade colocou no viva-voz e me disse que


era Wren.

— Ei, acabamos de chegar à cidade. Alguma novidade?

— Meu cara na delegacia disse que sabia que seu pai estava
preso.

— O que diabos isso significa? Eles sabem que ele está preso
e não estão fazendo nada para tirá-lo de lá?

— Eu não sei, porra. Mas nós temos o dinheiro para você.


Estou na casa da sua mãe agora — disse ele, em voz baixa.

— Você está na casa da minha mãe? O que diabos está


acontecendo?

— Jett me ligou. Ele e Gigi me disseram para encontrá-los aqui


— disse ele. — Gigi se encontrou com sua mãe e pediu o dinheiro.

Eu parei na beira da estrada e passei a mão pelo rosto. Havia


tantas peças móveis e eu não tinha mais controle sobre nada.
— Eu disse a ela para não sair da porra da casa dela — falei,
pegando o telefone de Cade.

— Sim, eu sei. Mas ela ligou para Jett e pediu que ele a
trouxesse aqui. Ele me ligou imediatamente, então ela nunca
esteve em perigo. E ela tem vontade própria. Não há como
convencê-la de nada, tenho certeza de que você sabe disso.

— Bem-vindo à minha vida — Cade sussurrou porque ele não


estava feliz por ela ter se rebelado também.

— Tudo bem. Simon está aí?

— Sim. Ele está aqui. Ele está realmente sendo útil por
qualquer motivo — ele contou, e eu poderia dizer que estava com
a mão sobre a boca para manter a voz baixa para que ninguém o
ouvisse.

— Estou a caminho.

— Gigi é teimosa pra caralho — Cade disse enquanto socava o


painel. — Ela não deveria ter saído de casa.

Balancei a cabeça, mas o orgulho encheu meu peito. Minha


garota era muito mais parecida comigo do que jamais imaginei. Ela
faria qualquer coisa pelas pessoas que amava. — Ela é inteligente.
Ligou para Jett. Eu confio no cara com minha vida. E ele chamou
Wren, então estavam cobertos. Acredite em mim, Wren tem todo
mundo na cidade nisso.

Cade encolheu os ombros. — Então qual é o plano?

— Não tenho a mínima ideia.


E essa era a verdade. Mas eu sabia que faria tudo o que fosse
necessário para ajudar meu pai.

Porque ele era meu pai.

E não importava o quão fodido estava, eu não iria virar as


costas para ele.

Simplesmente não era uma opção.


Capítulo Vinte e Cinco

Gigi

Subi para ver como estavam as irmãs de Gray, que estavam


ocupadas pintando em seu quarto com Mariana. Meus pais tinham
acabado de chegar depois de explodirem meu telefone, e fui forçada
a informá-los sobre o que estava acontecendo. Eles queriam estar
aqui por Gray. Eles o amavam quase tanto quanto eu.

Ouvi vozes no andar de baixo e corri de volta para ver Gray e


Cade entrando pela porta. Meus pés estavam se movendo antes
que eu pudesse me impedir de me lançar contra Gray. Senti tanto
a falta dele, e eu só precisava saber que ele estava bem.

Seus braços me envolveram e eu sabia que tudo ficaria bem.


Enquanto eu estivesse com Gray, nós resolveríamos.

— Ei — disse ele, puxando para trás e prendendo meu cabelo


atrás da orelha. — Eu não disse para você ficar parada?

Revirei meus olhos. — Sim, isso não funcionou para mim. Eu


queria ajudar.

— Chocante — Cade fervilhou antes de seus lábios se


erguerem nos cantos apenas o suficiente para me mostrar que
estava sendo sarcástico.
— Hey, querido. — A mãe de Gray correu e ele a puxou para
um abraço. — Você não tem que lidar com isso sozinho.

— Aparentemente não — ele falou, seu olhar travou no meu e


ergueu uma sobrancelha. Eu não me importava se ele estava bravo
por eu ter envolvido sua mãe. Gray não poderia fazer isso sozinho,
e ele não deveria ter que fazer. Simon era um homem muito rico e
tinha recursos financeiros para ajudar, e acabei de plantar a
semente com a mãe de Gray.

Eu sabia que ela não estava fazendo isso pelo ex-marido, ela
estava fazendo isso pelo filho. E Gray precisava saber que sua mãe
o apoiaria.

Wren e Gray estavam em uma conversa profunda com o


policial disfarçado que havia chegado alguns minutos antes.
Aparentemente, o cara com quem Wren trabalhava os reuniu, e
pela primeira vez hoje, senti que poderia haver esperança. Não
queria Gray entrando nisso sozinho. Meu estômago estava
embrulhado. Eu sabia que meu namorado não abandonaria seu
pai. Não era uma opção. Mas saber que haveria policiais assistindo
tudo isso desabar me fez sentir muito melhor do que Gray indo
sozinho.

Simon saiu de seu escritório e deixou cair uma mochila aos


pés de Gray. — Aqui tem vinte e cinco mil dólares. São seus.

Gray acenou com a cabeça e o estudou antes de falar. — Eu


agradeço, Simon. — A emoção e a apreciação nos olhos do meu
namorado disseram tudo.

— Eu entendo sua necessidade de ajudar seu pai. Tive certeza


de que a polícia monitorará cada movimento seu. — Não perdi a
maneira como sua voz falhou, nem as rugas de preocupação que
se formaram entre suas sobrancelhas nas últimas duas horas.

— Isso é o que me disseram — Gray falou enquanto seu


telefone zumbia em seu bolso de trás.

Ele leu o texto em voz alta. — Dirija até o estacionamento do


galpão onde acontecem as lutas, uma motocicleta estará
esperando lá. Não saia do carro. Você pode segui-la até o local. É
melhor ter esse dinheiro com você ou não se incomode em vir. Não
há negociação. Você vem sozinho e, se alguém te seguir, seu pai
morre. Saia agora. O tempo está passando.

Respirei fundo enquanto as lágrimas escorriam pelo meu


rosto. Isso estava realmente acontecendo. Sentei-me no último
degrau e cobri meu rosto com as mãos enquanto tentava abafar
meus soluços. E se Gray se machucasse? Eles poderiam matá-lo e
a seu pai. Não sabíamos no que ele estava se metendo.

Oh, meu Deus.

Todo o ar deixou meus pulmões e não conseguia respirar.

Cade veio sentar-se ao meu lado e sussurrou em meu ouvido.


— Não torne isso mais difícil para ele, Gigi.

— Baby, vai ficar tudo bem. Eles querem o dinheiro, não eu.
— Gray me colocou de pé e me abraçou. Agarrei sua camiseta em
minhas mãos, querendo mantê-lo perto.

Não consegui encontrar nenhuma palavra, então assenti.

— Tudo bem. Tem certeza de que quer fazer isso? — Wren


perguntou, e Gray se afastou. — Se você esperar, eles vão presumir
que você está tramando algo. Você quer que eu entre no seu carro
e eles podem simplesmente lidar comigo, gostem ou não?

— Isso pode funcionar — Simon disse, e todos nós nos viramos


com surpresa.

— Não. Eles disseram sem negociação. Viemos até aqui. Temos


o dinheiro. Não vamos dar a eles nenhum motivo para machucá-
lo. Eu cuido disso.

— Eu concordo com Gray, eu tenho meus caras na linha. Eles


já estão de olho no seu pai. Ele está bem. Eles estão sentados em
um carro no parque, que é para onde presumimos que te levarão
— o policial Romero estudou seu telefone enquanto falava.

— Então, por que fazer isso? Pegue aqueles filhos da puta


agora — Simon sibilou e os olhos de Gray saltaram de sua cabeça
enquanto ele estudava seu padrasto.

— Precisamos pegá-los em flagrante. — Ele olhou para Gray e


pigarreou. — Se entrarmos agora, Dylan não é a testemunha mais
confiável. Precisamos de Gray para entregar o dinheiro. Será o
suficiente para prendê-los por muito tempo. Há muito tempo que
acompanhamos esses dois e era exatamente isso que
esperávamos.

— Ele não é seu bode expiatório — Simon gritou, e eu peguei


a mão de Gray e ele entrelaçou nossos dedos.

— Vamos mantê-lo seguro — disse o policial Romero.

— Tudo bem. Vamos fazer isso. — Gray beijou o topo da minha


cabeça e agarrou a bolsa do chão. Ele se virou e olhou para todos
mais uma vez antes de sair pela porta com Wren e o policial
Romero em seus calcanhares. O policial Romero atendeu ao
telefone no momento em que Gray entrou em sua caminhonete.

Soluços torturaram meu corpo. Não sabia se o veria


novamente. Isso não era justo. Gray não deveria ser colocado em
posição de salvar seu pai.

— O que nós vamos fazer agora? — perguntei, e minhas


palavras eram quase irreconhecíveis, pois era difícil falar. O nó na
minha garganta estava sufocando.

— Nós vamos esperar — disse Wren, mas a desolação em seu


tom tinha calafrios cobrindo meu corpo.

— Ele vai ficar bem. É o cara mais forte que conheço. — Meu
irmão caminhou na minha frente e meus pais se moveram para
cada lado meu.

— Esses são caras maus, Cade. Esta não é uma luta de


fraternidade. Esses caras vão matar seu pai, então o que os impede
de matar Gray? — gritei enquanto o medo irradiava de todas as
partes do meu corpo.

— A polícia está seguindo-o, Gigi. Eles não vão deixar nada


acontecer com ele — disse meu pai.

— Concordo. Falei com meu contato também, ele disse que


toda a polícia está nisso. — O olhar de Wren travou com o meu.

— Ele vai superar isso. Estamos falando de Gray. — Jett


esfregou meu ombro e forçou um sorriso.

Eu ouvi Simon gritando no telefone com alguém e só entendi


parte da conversa. Ele estava dizendo a eles para exigirem todos
os favores que tivessem. Simon era um homem poderoso e eu
esperava que ele estivesse fazendo algo para ajudar Gray.

A mãe de Gray estava sentada no sofá da sala de estar,


olhando para o nada. Abracei meus pais antes de me sentar ao
lado dela. Eu queria dizer a ela que ele ficaria bem, mas não sabia
se isso era verdade. E eu não conseguia mascarar o medo absoluto
que atualmente estava me consumindo. Peguei sua mão e ela se
virou para mim. Lágrimas escorreram por seu rosto e seu lábio
inferior estremeceu.

— Você o ama, não é? — ela perguntou.

— Sim. — Não consegui dizer mais nada em meu estado atual.

— Bom. Ele tem algo pelo que lutar. Eu falhei com ele, você
sabe disso, certo? Claro que você sabe.

— Ele te ama — falei enquanto enxugava as lágrimas que


estavam embaçando minha visão.

— Sua família tem sido mais uma família para ele do que nós.
— Suas palavras estavam cheias de culpa e eu queria fazê-la se
sentir melhor, mas não consegui. Porque era verdade. A família de
Gray falhou com ele em mais de uma ocasião, e aqui estava ele se
preparando para salvar seu pai.

Ele merecia coisa melhor.

Ele merecia o tipo de amor que dava.

E isso era a única coisa que eu poderia dar a ele. Porque eu o


amava mais do que jamais amei alguém ou alguma coisa. Mais do
que eu jamais imaginei ser possível.
E precisava que ele ficasse bem.

Porque eu não estaria bem sem ele.

Enterrei meu rosto em minhas mãos e a campainha tocou.

Ouvi suas vozes antes de vê-las.

Addy, Maura, Ivy e Coco correram para mim.

Elas estavam comigo quando liguei para Jett pedindo ajuda.


Insisti que fossem para casa, pois não as queria envolvidas. Mas
aqui estavam.

Addy estava ao meu lado e Coco estava agachada na minha


frente. Ivy e Maura se moveram para trás de mim, envolveram meu
pescoço com os braços e me abraçaram.

— Vai ficar tudo bem — Addy falou, sua voz calma e estoica.

— O que vocês estão fazendo aqui? — resmunguei.

— Jett nos disse que você precisava de nós. Então aqui


estamos. Como você está indo? — perguntou Coco.

— Já estive melhor. Estamos apenas esperando agora.

Ivy e Maura se moveram para se sentar ao lado da mãe de Gray


e fizeram o que puderam para confortá-la. Mariana colocou um
monte de garrafas de água para todos e subiu para ver as meninas.
Não perdi a tristeza em seu olhar quando ela me deu um tapinha
no ombro.
Wren e meu pai andavam pela sala, Simon estava gritando ao
telefone, o policial Romero olhava para sua tela, meu irmão estava
com o rosto enterrado nas mãos, Jett se sentou na cadeira e
minhas garotas me cercaram.

Eu gostaria que Gray pudesse ver o quão amado era.

Mas agora... era um jogo de espera.

E eu estava sem paciência.


Capítulo Vinte e Seis

Gray

Quando cheguei ao estacionamento desolado, havia um


homem lá em uma motocicleta, exatamente como eu esperava. Eu
o segui até o parque Willow Springs e rezei como o inferno para
que meu pai estivesse bem. Eu sabia que havia uma chance de nós
dois morrermos esta noite. Eu tinha feito as pazes com isso,
porque independentemente do resultado, eu faria novamente por
meu pai. Por uma chance de trazê-lo de volta.

Mas foda-se se minha mente não parava de ir para Gigi. A


tristeza em seus olhos quando eu saí. A consciência de que eu
tinha algo incrível para me manter. Pela primeira vez na minha
vida, meu futuro era mais brilhante do que eu jamais imaginei. Eu
estava estudando para o meu LSAT e estava determinado a ir para
a faculdade de direito. Tinha um estágio arrasador marcado para
o verão, mas o mais importante, eu tinha uma garota que eu
amava mais do que tudo. Uma garota que me fez querer ser
melhor. Ela me fez querer lutar por todas as coisas que nunca
pensei que merecesse.

Porque ela acreditava que eu merecia.


Mas aqui estava eu no meio de uma tempestade de merda que
estava tão fora do meu controle que eu não tinha ideia no que
estava entrando.

O cara desceu da moto e eu desci da caminhonete com a


mochila na mão. Ele não falou. Ele acenou para que eu o seguisse
pelo caminho escuro e arborizado. Ele não tirou o capacete, mas
pude ver que era um pouco mais baixo do que eu, mas
provavelmente estava com 20 quilos a mais. Tentei avaliar a
situação um passo de cada vez. Caminhamos em silêncio, e o som
do cascalho se movendo sob meus pés era o único audível. Meu
coração disparou e limpei as palmas das mãos suadas na calça
jeans.

Fique calmo.

Olhei por cima do ombro, mas não vi nenhum oficial à vista.


Esperava como o inferno que eles estivessem em algum lugar
próximo, mas neste ponto eu estava sozinho, pelo que sabia. O
homem na minha frente parou ao lado de uma árvore alta e perene,
e a luz da rua a alguns metros de distância brilhava apenas o
suficiente para me permitir ver um homem usando uma máscara
de esqui. Meu pai estava de joelhos e resmungou quando seu olhar
se fixou no meu.

— Cale a boca, Dylan — disse o homem ao meu pai, em


seguida, virou-se para mim. — Você seguiu bem as instruções,
Gray. Você já é muito mais sábio do que seu pai idiota.

Tentei manter minha compostura. Mostrar medo a esses caras


só lhes daria uma vantagem de que não precisavam. Eles detinham
todo o poder agora. Minha reação era a única coisa que eles não
conseguiriam controlar.
— O que diabos acontece agora? — rosnei.

— Oh, estamos nos sentindo corajosos, não é?

— Não sou eu que estou com o rosto coberto, sou? — De onde


diabos veio isso? Eu com certeza não precisava irritá-los.

— Você não quer tirar minha máscara, Gray. Não quando há


dinheiro envolvido. Isso significaria que eu teria que te matar, e
estou tentando não ir para lá, a menos que você me dê outra razão.

— Fiz tudo o que você pediu. — Deixei cair a sacola de dinheiro


no chão e o cara que usava o capacete de motociclista a pegou.

Ele abriu o zíper da bolsa. Eu nem mesmo verifiquei. Confiei


que Simon colocou todo o dinheiro. Os nervos me engolfavam a
cada minuto que passava, mas me forcei a afastar isso.

Não mostre a porra do medo.

Repeti as palavras uma e outra vez na minha cabeça enquanto


o cara que estava pairando sobre a bolsa se levantava. — Está tudo
aí.

Soltei um suspiro que nem tinha percebido que estava


segurando nos últimos minutos.

Não sabia se esse era o fundo do poço do meu pai, mas sabia
sem sombra de dúvida que era o meu. Se eu conseguisse sair daqui
vivo, não olharia para trás.

Estava cansado de ser seu salvador.

Ele teria que se salvar.


— O que aprendemos aqui, Dylan? — O homem puxou meu
pai de pé.

— Vou cobrir o que devo a você daqui para frente. — As


palavras do meu pai vacilaram, já que ele não tinha mais luta.

Daqui para frente? Esse não era o seu fundo do poço? Quanto
mais baixo poderíamos ir?

— Isso mesmo — disse o homem, empurrando meu pai em


minha direção. — Você está fodendo com o homem errado. Você
me ouve?

Meu pai perseguiu seus demônios até o inferno.

E eu o segui até aqui.

Ouvi uma confusão atrás de mim, e tudo aconteceu em um


borrão. Luzes brilhantes encheram o espaço enquanto duas dúzias
de homens corriam pela área. Alguém me puxou e meus punhos
se ergueram em resposta, antes que eu percebesse que era um
policial. Ele me apressou até a linha das árvores enquanto gritos
ecoavam ao meu redor.

— Largue sua arma — alguém gritou.

O som de três tiros me fez virar e tentei correr em direção ao


meu pai, mas dois homens me seguraram. Fui jogado no chão e
protegido pelos oficiais.

Um helicóptero apareceu no alto e uma luz brilhante iluminou


todos nós. O som da hélice se misturou com vozes abafadas.

— Nós temos os dois. Estamos limpos — outra voz gritou.


Eu me levantei para procurar meu pai e vi alguns policiais no
chão com ele.

O lugar ficou um caos em questão de segundos. Carros de


bombeiros e sirenes da polícia chegaram ao local. Um grupo de
paramédicos estava correndo em direção a meu pai e eu afastei os
policiais e corri em sua direção.

— Pelo amor de Deus, Gray. Vamos controlar isso — um


homem gritou enquanto agarrava meus ombros com força.

— Ele foi baleado? — questionei, agachando-me ao lado do


meu pai.

— Ele está bem. Parece que a bala roçou sua perna. — Três
caras colocaram meu pai em uma maca.

— Pai, você pode me ouvir? — perguntei, e limpei meu rosto


quando percebi que as lágrimas estavam borrando minha visão.

Eu não podia acreditar que estava saindo daqui.

Só esperava que meu pai ficasse bem.

— Eu te escuto. — Suas palavras foram arrastadas.

— A pressão arterial dele está caindo. Precisamos tirá-lo daqui


— disse o paramédico, enquanto colocavam uma máscara sobre
sua boca.

Eu os segui em direção à ambulância e olhei para ver uma


série de policiais com os dois idiotas que mantinham meu pai
cativo. Eles foram algemados e empurrados para dentro de duas
viaturas diferentes. Isso foi surreal. Parecia que estava tendo uma
experiência fora do corpo, mas sabia que estava acontecendo.

— Você quer ir com seu pai? — perguntou um dos oficiais e eu


assenti. — Falaremos com você no hospital.

— Gray — meu pai gritou enquanto o colocavam na


ambulância.

— Estou aqui. — Peguei sua mão e fiquei ao lado dele.

A sirene soou e as luzes fizeram o rosto de meu pai passar de


vermelho para azul enquanto acelerávamos pela estrada em
direção ao hospital. Quando as portas se abriram, três pessoas em
uniforme estavam lá, prontas para pegá-lo. Um se virou para mim
com empatia. — Precisamos levá-lo para dentro. Encontraremos
você quando soubermos mais.

Pulei da ambulância e um borrão na minha periferia me fez


virar para ver o cabelo loiro voando enquanto ela corria em minha
direção. Gigi se lançou em meus braços enquanto os soluços
atormentavam seu corpo.

— Oh, meu Deus, você está bem? — Ela se afastou, passando


as mãos pelos meus braços e peito.

— Estou bem, G. — Eu a envolvi e respirei toda aquela


bondade.

Todas as razões para sair dessa escuridão.

— Eu estava tão preocupada. Ouvimos que tiros foram


disparados. Você não se machucou? — ela perguntou, abraçando-
me com mais força.
— Não. Estou bem. Meu pai levou um tiro na perna. Parece
que apenas roçou nele e não é tão ruim. Os dois caras foram
presos. Como você soube o que aconteceu?

— O policial Romero nos manteve atualizados. Simon e Wren


também tinham pessoas que lhes atualizavam. Eles tinham todo
mundo nisso. Escapei pela porta dos fundos. Coco me trouxe aqui.
— Sua respiração estava difícil e eu me afastei para olhar para ela.

— Tanto para ficar parada, hein? — Eu ri enquanto usava


meus polegares para enxugar as lágrimas de seu rosto.

— Jesus, menina. Você nunca faz o que te mandam? — Cade


veio correndo pela calçada em minha direção. Ele passou os braços
em volta de mim. — Que bom que você está seguro, irmão.

— Eu não ia esperar lá quando poderíamos estar no hospital


— ela cortou, movendo-se para trás para se acomodar contra mim.

— Sabe, vocês dois podem ser perfeitos um para o outro.


Nenhum de vocês nunca escuta ou segue uma maldita regra. —
Cade acenou com a mão sobre a cabeça para que seus pais
soubessem onde estávamos.

— Malditamente certo — falei, puxando minha garota ainda


mais perto.

Wren, minha mãe, os Jacobs, Jett e as melhores amigas de


Gigi estavam todos lá enquanto caminhávamos para o hospital
para esperar para ouvir sobre meu pai. Até Simon entrou e sentou-
se ao lado de minha mãe. Ele olhou para mim e sorriu. Não
conseguia me lembrar da última vez que ele sorriu para mim. Ou
mesmo se já teve alguma vez.
— Que bom que você está bem, Gray. Você nos deu um susto,
mas foi muito corajoso o que fez. Muito corajoso. Filho. — Ele
acenou com a cabeça antes de voltar sua atenção para minha mãe.

Esta noite estava ficando cada vez mais louca.

Três dias depois, fui ao hospital para verificar meu pai. Ele
estava recebendo alta e eu não tinha a porra de uma ideia do que
ele faria. Como teríamos certeza de que isso não aconteceria
novamente? E o quão envolvido eu me permitiria estar, depois de
tudo o que aconteceu?

Sentei-me na cadeira ao lado de sua cama.

— Não sei o que dizer, Gray. Você salvou minha vida.

Concordei. Nós dois poderíamos ter morrido, e essa realidade


não caiu bem para mim. Eu fiquei acordado a noite inteira após
segurar Gigi enquanto ela chorava. Eu fiz a ela uma promessa de
que nunca a faria passar por isso novamente, mas eu sabia o que
isso significava.

Era hora de meu pai afundar ou nadar.

Ele estava sem opções.


— Não posso mais ir com você, pai. — Olhei para cima para
ver as lágrimas escorrendo pelo seu rosto enquanto as palavras
saíam da minha boca. — Tenho muito a perder. Então você terá
que tomar uma decisão sobre sua própria vida. Esses dois idiotas
podem estar na prisão, mas sempre haverá mais. Esta é a sua
segunda chance, é pegar ou largar. Mas se você largar, você ficará
sozinho na escuridão.

— Não tenho muitas opções, filho.

— Estou aqui para lhe dar uma nova — uma voz disse atrás
de mim, e eu me virei para ver Simon entrar no quarto. Ele
estendeu a mão para a outra cadeira e a deslizou ao lado da minha
antes de cair para se sentar.

— O que você está fazendo aqui? — questionei, chocado com


sua presença.

— Estou aqui para oferecer uma saída ao seu pai. — Ele se


virou para meu pai. — Tenho um avião particular fretado para
levá-lo à Flórida para uma clínica de reabilitação por noventa dias.
Financiarei seu programa enquanto você permanecer firme. Se sair
uma vez, essa oferta estará fora da mesa. Se você completar o
programa, seu alojamento e terapia serão cobertos enquanto você
permanecer limpo. Mas não será no estado do Texas ou em
qualquer lugar perto de seu filho.

Enrijeci com suas palavras, mas permiti que assimilassem. Ele


estava fazendo isso por mim, não por meu pai.

Mas por quê?


— Então, eu nunca mais verei meu filho de novo? É isso que
você quer? — papai sibilou enquanto lutava para se sentar.

— Se você permanecer sóbrio e limpo, levarei Gray para vê-lo


sempre que ele quiser. Mas não, você não vai viver aqui com meu
dinheiro. Você quase matou seu filho, Dylan. Não vou permitir que
você o coloque em perigo novamente. Mas porque ele te ama muito,
vou fazer isso. Vou te dar mais uma chance. É a sua escolha. —
Simon bateu as mãos e encolheu os ombros. — É uma boa. Você
seria sábio em aceitar. O avião parte em uma hora.

Porra.

O que estava acontecendo?

Papai olhou para mim e acenou com a cabeça. — Eu vou


aceitar. Obrigado.

Simon se levantou e saiu da sala.

— Eu volto já. — Saí pela porta para encontrá-lo.

— Simon — gritei, e ele se virou e caminhou em minha direção.


— Por que você está fazendo isso?

— Porque você merece. Sabe, Gray, eu percebi algo quando


você entrou nessa situação para salvar seu pai.

— O que?

— Você é muito mais corajoso do que eu. Acho que fiquei


ressentido com você por muito tempo, porque nunca perdeu as
esperanças em seu pai como eu fiz com o meu. Achei que você
estava sendo fraco, mas na realidade estava sendo forte. Você é
um bom garoto. Tenho sido muito duro. E você sabe que raramente
admito quando estou errado. — Ele bateu no ombro antes de se
virar para sair.

Olhei para cima, meio que esperando que porcos estivessem


voando em cima.

— Obrigado — agradeci, e ele ergueu a mão e acenou para mim


enquanto continuava em direção ao elevador.

Voltei para o quarto do hospital e meu pai riu. — Bem, isso foi
inesperado. Acho que o idiota gosta mais de você do que
pensávamos.

Revirei meus olhos. Ele estava falando sério? — Porra, pai. Ele
apenas lhe ofereceu uma saída. Você não entende isso? Ele está
fazendo uma coisa muito boa aqui, o que é mais do que posso dizer
de você. Você quase matou nós dois.

Algo em meu peito apertou porque pela primeira vez desde que
conheci Simon, ele realmente me mostrou um lado diferente de si
mesmo. Um lado humano.

E se eu pudesse perdoar meu pai por seus pecados, por que


não deveria fazer o mesmo por Simon?

— Você está certo, Gray. Sim, sinto muito, mas vou mudar as
coisas.

Questionei a sinceridade do meu pai e não estaria prendendo


a respiração. Perdi a capacidade de ter esperança quando se
tratava de meu pai.

A bola estava em seu campo agora.


Gigi e eu voltamos juntos para a faculdade porque Cade havia
levado o carro dela para que ele pudesse pegar seu jipe e voltar
para sua faculdade. Parecia que muito tempo havia se passado
desde minha briga com Cade, mas, na realidade, haviam se
passado apenas alguns dias.

Mas tudo mudou.

Cade e eu estávamos bem, e ele estava completamente bem


comigo e Gigi juntos. Incrível o que uma experiência traumática
podia fazer para ajudá-lo a ver as coisas com mais clareza.

E eu estava vendo as coisas com mais clareza do que nunca.

Meu pai havia embarcado no avião que Simon fretou para os


dois. Simon voou com meu pai para a Flórida e pessoalmente o
inscreveu em um programa lá. Papai estava tendo uma segunda
chance com o dinheiro do meu padrasto, e a distância me ajudou
a respirar mais facilmente. Eu não precisava mais me preocupar
em receber ligações de Wren sobre meu pai estar em apuros.

Wren e eu tínhamos nos tornado mais próximos do que nunca


e, de certa forma, ele tinha sido mais um pai para mim do que meu
próprio pai ou Simon jamais foram. Mas tudo isso me ensinou que
todo mundo tinha sua própria merda e todo mundo merecia uma
chance de redenção. Inferno, eu estava pensando em segundas
chances ultimamente.
— Você sabe pelo que estou ansiosa?

— O que? — perguntei, meus dedos entrelaçados com os dela


quando entrei na rodovia.

— Namoro ao ar livre. Não se preocupar com Cade, seu pai ou


Tiffany ou qualquer um. Apenas você e eu.

Concordei. — Isso soa fabuloso para mim. Tem certeza de que


não se importa em ficar enrolada na minha bagunça?

Ela riu. — Gray Baldwin, vou me envolver na sua bagunça a


qualquer dia da semana.

— Você é tão extravagante, baby. E eu adoro isso.

Sua cabeça caiu para trás em uma gargalhada, enquanto ela


se aproximava. — Eu amo você.

— Amo você, G. Sempre amei, sempre amarei.

E eu era um homem de palavra.

Essa garota era meu passado.

Meu presente.

E meu futuro.
Capítulo Vinte e Sete

Gigi

DEZOITO MESES DEPOIS

— Gray Dylan Baldwin — o reitor gritou, e Gray fez o seu


caminho através do palco. Ele estava se formando com louvor e já
havia sido aceito na Escola de Direito da Universidade do Texas.
Estávamos ambos emocionados porque eu tinha mais dois anos de
aulas e agora poderíamos ficar na mesma faculdade.

Os últimos dezoito meses foram incríveis, porque não


tínhamos mais segredos e nem nuvens negras pairando sobre nós.
E quando éramos apenas eu e Gray... era mágico.

Eu encontrei o meu para sempre no garoto que desprezei a


maior parte da minha vida. Não me entenda mal, Gray ainda
gostava de me pressionar, era ciumento e mandão, e eu não
mudaria absolutamente nada. Eu amava tudo sobre esse menino.
Cade ainda nos incomodava com qualquer DPA11, porque parecia
que não conseguíamos manter nossas mãos longe um do outro
quando estávamos juntos, e eu não pedia desculpas por isso.

11
Demonstração Pública de Afeto.
Nós aplaudimos e gritamos quando ele cruzou o palco. Meus
pais vieram vê-lo receber o diploma, Cade e Camilla também
estavam aqui, pois os dois se formavam no fim de semana seguinte
e estaríamos lá para o momento especial também. A mãe de Gray
e Simon se sentaram do meu outro lado com Bea e Penn.

Simon deu um passo à frente, o que surpreendeu muito o meu


namorado. Assim que Dylan completou o programa de 90 dias,
Simon encontrou para ele um emprego e um lugar para morar. Ele
levou Gray lá comigo várias vezes, mas Dylan teve uma recaída
dois meses atrás e estava de volta à reabilitação. Simon havia
intensificado mais uma vez e coberto o custo, embora ele tenha
dito que era uma oferta única, e eu sabia que ele tinha feito isso
porque amava Gray. Simon e Gray formaram uma amizade
inesperada. Gray agia como se não fosse grande coisa, mas ele
confessou para mim algumas vezes sobre o quanto isso significava
para ele.

Porque por trás de todo aquele exterior duro estava um


ursinho de pelúcia.

Gray latia e não mordia, a menos que você quisesse.

Eu divagava.

Eu tinha dificuldade em manter minha mente fora da sarjeta


quando se tratava de Gray. Ele era romântico e doce e moveria o
sol e a terra se eu pedisse. Mas se alguém me olhasse errado, ele
era o primeiro a arrancar cabeças.

Meu gentil gigante.


Quando Gray se aproximou, ele passou por todos e me
levantou do chão. — Amo você, G. Não poderia ter feito isso sem
você.

Eu ri. Ele era ridiculamente charmoso. — Você fez tudo isso


sozinho, idiota.

— Bem, eu não gostaria de fazer isso sem você. Isto é melhor?

— Peguem um quarto, pelo amor de Deus. Ninguém precisa


ver vocês dois chorando um pelo outro — Cade sibilou antes de
puxar meu namorado para um abraço. — Estou orgulhoso de você,
irmão.

Gray caminhou através do grupo agradecendo a todos por


terem vindo.

Gray e Simon compartilharam um abraço que durou muito


mais tempo do que o normal. O relacionamento deles mudou desde
a noite em que Gray foi salvar seu pai.

Acontece que às vezes as tragédias uniam as pessoas.

Estava grata por termos conseguido passar e sair do outro lado


mais fortes do que nunca.

Mal podia esperar para ver o que o futuro reservava.

Porque enquanto eu estivesse com Gray, eu seria feliz.

Ele esteve comigo durante toda a minha vida, e eu nem sabia


que o amava naquela época.

Ele tinha sido meu inimigo.


Meu amigo.

Meu amante.

Mas o mais importante, meu feliz para sempre.


Epílogo

Gigi

DEZOITO MESES DEPOIS

Estávamos em casa nas férias de inverno e todas nós


seguíamos para a casa de Addy para uma reunião das Magic
Willows. Eu tinha acabado de deixar Gray na minha casa com
Cade, e ele fez beicinho porque não queria que eu saísse.

Ele sabia que passar um tempo com minhas melhores amigas


era importante para mim, mas isso não o impediu de fazer todos
os esforços para me atrasar.

Ele me agarrou na cama e tentou me fazer ficar. Beijando meu


pescoço e me provocando, sabendo exatamente do que eu gostava.

O que eu precisava.

Mas o tempo de garotas também era importante para mim, e


ele riu quando finalmente me deixou levantar para sair e foi até a
sala de estar para ficar com Cade.

Corri quando vi Coco bem à frente e nós duas nos queixamos


de como estava ridiculamente frio aqui fora. Puxei meu casaco
mais apertado em volta do meu pescoço antes de entrarmos no
porão de Addy juntas. Maura e Ivy já estavam lá. Todas nós caímos
em nossos lugares habituais, como sempre.

Maura e eu estávamos no tapete felpudo em frente a Coco,


Addy e Ivy sentadas no sofá. Addy tinha uma bandeja de biscoitos
de Natal na mesa de centro e chocolate quente para cada uma de
nós.

— Ok, vamos ao que interessa. — Ivy abriu o livro com capa


de couro.

— Bem, eu tenho novidades — disse Maura, dando-nos aquele


ar de que precisávamos nos preparar.

— O quê? Você está finalmente rompendo com aquele


namorado fracote, Will? — Coco falou, juntando as mãos como se
rezasse e fechando os olhos.

Todas nós caímos na gargalhada e depois nos endireitamos


quando percebemos que Maura não estava rindo.

— Pare de odiar Will. Ele é bom — ela bufou.

— As pessoas não escrevem romances sobre coisas boas —


disse Coco com um olhar astuto. — O cara é um chato. Você está
se acomodando. Sou apenas a única que tem bolas para admitir.

— Eu também tenho bolas — disse Ivy com irritação e todas


nós rimos.

— Claro que você tem. Mas podemos, por favor, não falar sobre
suas bolas ou meu namorado chato. — Maura abanou a cabeça.
— Isso não é sobre Will.
— Oh, meu Deus. Você ficou com aquele italiano gostoso e
finalmente fez um bom sexo pela primeira vez na vida. — Coco
bateu palmas antes de se inclinar para estudar Maura como se
esta fosse a notícia mais emocionante do mundo.

— Você está bêbada? O italiano gostoso é meu professor de


trinta anos. Eu não fiquei com ele.

— Você parece um pouco bêbada. — Addy sorriu para Coco e


não fez nenhuma tentativa de esconder a risada. — Você colocou
um pouco de Baileys naquele chocolate?

— Meninas, estou bêbada de vida, como todas deveríamos


estar. Somos gostosas. Estaremos nos formando na faculdade em
seis meses. Já tenho uma oferta de emprego fabulosa em Houston
e nunca vou precisar voltar para esta cidade esquecida por Deus.
Sem ofensa. Eu sei que vocês planejam voltar para casa em algum
momento. Eu venho visitar. — Coco piscou.

— Foco, Co. O que está acontecendo, Maura? — Ivy perguntou,


caneta na mão, pronta para brincar de escriba e escrever o que
quer que fosse dito.

— Lembra que eu contei a vocês que meu orientador disse que


colocariam alguns alunos para determinados estágios neste último
semestre?

— Não seja humilde. Eles estavam colocando um por cento no


topo de sua classe. Você é incrivelmente brilhante e eu sabia que
seria escolhida — falei, sorrindo para ela porque nunca se deu o
devido crédito.
Ela acenou com a mão na frente do rosto. — Bem, parece que
o estágio mais cobiçado do programa é seguir o assistente do
presidente da maior agência de publicidade em Dallas. E eu fui
selecionada. É uma oportunidade incrível e recusá-la seria
totalmente desrespeitoso. Meu conselheiro estava muito animado.
Ele acabou de me ligar para avisar que fui indicada por todos os
meus professores. É a maior honra. — Ela balançou a cabeça em
descrença.

— Então, por que não estamos comemorando com algo nesse


chocolate quente? Risca isso. Pegue a tequila, vamos tomar
algumas doses. — Coco ergueu uma sobrancelha. — Qual é o
problema?

— Meu pai. Ele vai perder a cabeça — explicou Maura.

— Por quê? — Ivy perguntou.

— Eu achei que ele ficaria muito orgulhoso de você ter sido


selecionada. Ele está sempre pressionando você para estudar e se
preparar. Isso é o que ele queria para você. — Addy não escondeu
a confusão em seu olhar.

— O estágio é com a Agência Carlisle Ad. Eu serei a assistente


daquele idiota arrogante, Crew Carlisle. Ele é o presidente da
empresa. Aparentemente, seu avô se aposentou há dois anos, e ele
está comandando o show agora.

— Oh, meu. Estou suando. Esse cara é tão gostoso. Ele tem
aquela coisa arrogante ‘eu sei que minha merda não fede, deixe-me
dar a você todos os orgasmos possíveis’. Oh, o que aquele homem
poderia fazer com aquelas mãos. Eu o vi derrubando uma árvore
de Natal para sua família na semana passada na Evergreen Farms
e não conseguia parar de olhar para suas mãos. São quase tão
grandes quanto seus pés. — Coco piscou antes de cair na
gargalhada. — Vocês sabem o que dizem sobre mãos e pés grandes.
Pode imaginar o que mais aquele homem está escondendo?

— A última coisa que estou fazendo é pensando no que ele está


escondendo. Ele é um idiota. Lembra quando ele chamou a polícia
por causa daquela batida no para-choque? Eu não o suporto. E
meu pai despreza absolutamente os Carlisles. Estou apavorada
que, uma vez que Crew perceba que sou a candidata da faculdade,
ele dirá que não me quer, e então eu não terei nada planejado. Mas
nem consigo imaginar trabalhar para ele. O que vou fazer?

— Não vai fazer nada. Provavelmente você não terá que ver
muito ele. Você estará seguindo seu assistente. Pode ficar
desapercebida — comentei.

— Pode ser. Eu nem sei. Meu pai fica perguntando se eu já


tenho algo planejado. Eu falei a ele que meu conselheiro estava
trabalhando em algo para mim. Mas o que vou dizer?

— Você diz a ele que conseguiu um emprego em uma empresa


de publicidade local. Seu pai não sabe nada sobre esse negócio e
só quer saber se você conseguiu um cargo. Ele não precisa saber
os detalhes. São seis meses. Você voltará para casa após a
formatura e ele não saberá mais. — Addy pegou um biscoito.

— Isso é verdade. E você pode continuar odiando o Crew


quando trabalhar para ele. — Levanto minha caneca. — Acho que
devemos brindar a isso. É incrível que seus professores tenham te
escolhido, mesmo que você odeie o cara para quem vai trabalhar.
— Ou você pode fazer sexo quente e raivoso na mesa do
escritório dele. Vou beber por isso — falou Coco, e todas rimos
mais um pouco.

O que posso dizer, a menina tinha jeito com as palavras.

— Ok, está tudo no livro. Você não conta a seu pai, a menos
que seja absolutamente necessário. Ele não é um grande ouvinte
de qualquer maneira. Ele só quer saber que você tem algo para que
possa se gabar para todos os amigos dele no clube — Ivy falou
enquanto rabiscava no papel branco pautado.

— Obrigada. — Maura riu, embora todas nós soubéssemos


que era verdade. Maura era a caçula de uma família com dois
irmãos mais velhos, e esses dois eram difíceis de competir. Seu pai
era um cara meio intimidador e latia mais do que ouvia.

— Mal posso esperar para ver o que todas faremos após a


formatura — falei. Gray e eu ficaríamos mais um ano em Austin
até que ele se formasse na faculdade de direito. Nós dois queríamos
voltar para Willow Springs, onde eu esperava abrir um estúdio de
arte e Gray queria praticar direito. Já estávamos juntos há três
anos, e isso realmente não importava, contanto que estivéssemos
juntos.

— Eu também. Jett recebeu algumas ofertas em firmas de


contabilidade em Austin, mas sabe que quero voltar e escrever
para o jornal de Willow Springs. Inferno, eles já me ofereceram o
lugar de âncora do noticiário, então ainda estamos conversando
sobre o que queremos fazer.

— Isso porque aquela repórter, Judy Jones, é mais velha do


que a sujeira. Eu estava assistindo ao noticiário ontem à noite e
juro que ela se esqueceu de colocar a dentadura de volta. As
avaliações aumentariam um pouco se colocassem sua
personalidade no ar, e todos sabem disso. — Coco comeu a cabeça
de um biscoito de rena e mastigou dramaticamente.

— Eu concordo. E tenho novidades. — Ivy largou a caneta.

— O que é? — perguntei.

— Loraine Applebee me ligou esta manhã. Ela quer que eu


assuma seu negócio de planejamento de eventos. Meu pai disse
que me daria o dinheiro para comprar. — Ivy deu de ombros como
se esse não fosse seu sonho absoluto de voltar a morar em Willow
Springs depois da formatura e planejar casamentos e festas para
todos na cidade. Ela nasceu para ser uma planejadora de eventos,
e eu estava muito feliz por ela estar correndo atrás dos seus
sonhos.

Todas nós aplaudimos e erguemos nossas canecas mais uma


vez.

— Parece que todas temos um plano. Saúde para nós — disse


Addy.

— Magic Willows para a vida. — Maura ergueu o copo bem alto


e nós brindamos.

— Magic Willows para a vida.

Fim...

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