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Sinopse

Crew Carlisle é o meu inimigo número um.

Ele também é o meu novo chefe.

Preciso deste estágio tanto quanto Crew precisa de uma


lobotomia no ego.

Ele é arrogante, convencido e irritantemente atraente.

Nossas famílias desprezam uma à outra desde muito


antes de eu nascer.

O homem me odeia e não faz nenhum esforço para


esconder isso.

Mas tudo o que eu pensava saber não é o que parece, e


Crew não é quem eu pensava que era.

Jamais entreguei o meu coração e este é o último homem


para quem deveria entregá-lo.

Mas me afastar não é tão fácil quanto eu esperava.

Crew Carlisle é a minha kryptonita.

E me apaixonar pelo meu nêmesis não é uma opção.


Capítulo Um

Maura

Eu não podia acreditar que as férias de inverno tinham


acabado e só restava um semestre da faculdade. Não vou estar na
escola nos próximos meses, já que vou estagiar na Carlisle Ad
Agency, então só assistirei às minhas duas últimas aulas à noite.
Eu estava esperando ansiosamente por notícias sobre Crew
Carlisle ter percebido que eu seria sua estagiária, chutando-me
para o meio-fio, mas não tinha acontecido ainda. Meu pior medo
era ele pensar em fazer isso ao me ver e me humilhar
publicamente. Nossas famílias eram rivais absolutas. Eu não
colocaria nada além do homem.

Meu telefone tocou quando entrei na rodovia e o meu


Bluetooth me avisou que era uma chamada da minha mãe.

— Oi, mamãe.

— Grande dia hoje, menina. Como você está se sentindo?

— Um pouco nervosa, mas animada.

— Vai ser ótimo. Você está usando o terno novo? — ela


perguntou. Ela estava bufando um pouco, então eu sabia que ela
estava se movendo pela casa. A mulher nunca se sentava. Juro
que ser casada com meu pai era um trabalho de tempo integral.
— Com certeza. Vou mandar uma foto para você mais tarde,
Ivy tirou algumas dúzias como se fosse o meu primeiro dia no
jardim de infância. — Eu ri e a minha mãe também.

— Aquela garota nunca perde o ritmo. Papai disse para


desejar-lhe boa sorte ao entrar no escritório esta manhã.

Eu me encolhi um pouco porque meu pai não sabia onde eu


estaria estagiando.

— Isso é fofo. Ele me enviou uma mensagem esta manhã.

— Tudo bem, desejamos a você muita sorte, querida. Eu te


amo.

— Amo você, mamãe.

Encerrei a ligação e saí da rodovia. As borboletas invadiam


minha barriga quanto mais perto eu chegava. Sabia que ficaria
nervosa, então planejei chegar cedo e ter uma conversa
estimulante, antes de começar, com as minhas melhores amigas,
também conhecidas como as Magic Willows1. Enviei uma
mensagem de texto no grupo avisando que estava sentada no carro
esperando que elas estivessem prontas. Nós sempre fomos
próximas, desde que eu conseguia me lembrar. A primeira letra de
cada um de nossos nomes forma a palavra Magic: Maura, Addy,
Gigi, Ivy e Coco... e assim nasceram as Magic Willows. Essas
meninas eram mais como irmãs para mim e estivemos juntas em
todos os altos e baixos de nossas vidas até agora.

Ivy é a minha colega de quarto. Moramos em um lindo


apartamento que os meus pais possuem na cidade, o meu pai
comprou um novo, maior, em um prédio na mesma rua, então
deixaram Ivy e eu ficarmos no antigo. Meu pai é um conhecido

1
Expressão que significa Willows Mágicas.
magnata do petróleo no Texas e ele ia e vinha de nossa casa na
pequena cidade de Willow Springs para Dallas desde que eu
conseguia me lembrar. Willow Springs era mais conhecida como
‘O coração do Texas’, e a minha mãe preferia ficar em nossa casa,
e agora que os meus irmãos trabalhavam para meu pai, ele não
precisava viajar com tanta frequência como fazia quando éramos
pequenos.

Meu telefone tocou e eu o segurei enquanto Coco entrava em


foco. Ela morava em Houston e frequentava a faculdade lá. Ivy foi
a próxima a aparecer, tomando um gole de café enquanto se
sentava na nossa bancada de café da manhã. Gigi e Addy estavam
sorrindo e acenando ao aparecerem na minha tela. Elas dividiam
um apartamento em Austin, pois ambas estudavam na Texas
University. Todas nós estávamos nos formando em alguns meses
e eu ainda não conseguia acreditar na rapidez com que os últimos
quatro anos haviam passado. Eu era a única das minhas amigas
que faria um estágio neste último semestre, já que tinha terminado
a maior parte do meu curso mais cedo, então poderia ter essa
experiência nos últimos meses antes de me formar.

— Vocês vão adorar a roupa dela. Ela está usando a saia e o


blazer fofos num tom rosa claro que sua mãe a fez comprar, e
deixe-me dizer a vocês, meninas, a Maura profissional é QUENTE!
— Ivy franziu as sobrancelhas. — Mandei uma mensagem de texto
para todas vocês agora há pouco. Eu me senti como uma mãe
orgulhosa tirando fotos da nossa filha em seu primeiro dia de
trabalho.

— Obrigada, mãe — falei com uma risada, porque ela tinha


sido ridícula esta manhã sobre essa sessão de fotos.

— É para o livro — disse ela, e todas concordaram.


Nós anotávamos nossas memórias desde os dez anos de idade.
Ivy era a secretária das Magic Willows e dizer que ela levava seu
trabalho a sério era um eufemismo. Ela documentava todas as
nossas memórias, coletava fotos e lembranças e as anexava a todos
esses diários encadernados em couro que colecionávamos há anos.
Um dia, quando fôssemos velhas e grisalhas, seríamos capazes de
nos sentar ao redor de uma fogueira juntas e relembrar todos os
bons momentos que tivemos enquanto crescíamos.

— Anime-se, docinho. Você está quente pra caralho. Aquele


homem mal-humorado e sexy vai virar massa em suas mãos.

Revirei os olhos. Crew Carlisle cresceu em Willow Springs com


todas nós, mas era cinco anos mais velho. Nossas famílias sempre
se mantiveram afastadas uma da outra, pois havia uma longa
história de antipatia uma pela outra. Os Carlisles eram, para todos
os efeitos, o inimigo número um na casa dos Benson. Meu pai
desprezava os Carlisles. Sempre desprezou, eu nem sabia qual era
o motivo, além do fato de que meu avô e o avô de Crew haviam sido
sócios em uma empresa de petróleo há muito tempo e tiveram
algum tipo de desentendimento. Cada um deles abriu a sua
própria empresa. O avô de Crew acabou permitindo que seus
irmãos dirigissem a empresa de petróleo e ele fundou a Carlisle Ad
Agency, que havia se tornado a maior empresa de publicidade do
Estado do Texas, mas por alguma razão o meu pai os odiava com
paixão e não escondia seus sentimentos quando nos
encontrávamos.

Felizmente, consegui esconder esse estágio do meu pai, pois o


meu conselheiro me colocou aqui, e trabalhar como assistente de
Crew Carlisle, o presidente da Carlisle Ad Agency, era considerada
uma honra. Eu discuti isso com os meus irmãos e a minha mãe, e
todos nós decidimos que era melhor não contar a papai onde eu
trabalharia por enquanto. Eu não estava sendo paga, então não
havia nenhuma prova em papel. Meu pai não tinha interesse em
publicidade, por isso o que ele não sabia não o machucaria. Então,
eu disse a ele que estava estagiando em uma empresa diferente e
ele não questionou. Meu pai era o homem mais competitivo que eu
já conheci. Ele gostou que eu tivesse sido selecionada pelos meus
professores para o lugar mais cobiçado em meu programa, e ele
não questionou onde era. Dei a ele o nome da segunda maior
empresa na área, e ele estava bem com isso.

Era quase verdade.

Além da parte que eu estava trabalhando para seu inimigo.

— E se Crew me dispensar quando perceber quem sou eu?

— Ele pareceria extremamente pouco profissional se fizesse


isso. Afinal, ele é um empresário e talvez ele não te odeie tanto
quanto você pensa que ele odeia — Addy falou antes de dar uma
mordida na sua torrada.

Revirei os olhos. Crew me odiava tanto quanto eu o odiava.


Tinha sido herdado de nossos pais. Tínhamos uma diferença de
idade grande o suficiente, então nunca frequentamos a escola
juntos, mas nas poucas vezes que o encontrei na cidade, ele
sempre se comportou como um idiota. Ele chamou a polícia
quando acidentalmente encostei nele uma vez, foi mais como se
mal tivesse batido no seu para-choque. Felizmente, o policial
Powell era meu vizinho e achou a coisa toda hilária.

Ele tinha três irmãos, dois em idades mais próximas aos meus
irmãos e um mais novo do que eu, e embora eles não fossem rudes
como Crew, certamente ficamos longe um do outro.

Os Carlisles e os Bensons eram óleo e água.

Eles não se misturavam.


Nunca o fizeram.

Nunca fariam.

E agora Crew seria meu chefe pelos próximos meses.

— Gray me disse que conheceu Crew na escola e ele é


realmente um cara legal. Todas essas coisas de família não vão
surgir no escritório. Você está em Dallas, longe de seu pai e, para
que conste, você está incrivelmente linda. Você tem isso. Este
estágio ficará muito bom em seu currículo. Você vai trabalhar para
o assistente dele e provavelmente nem terá que vê-lo muito — disse
Gigi enquanto tomava um gole de café.

— Exatamente. Respirações profundas. Acabei de imprimir


sua foto na minha impressora fotográfica elegante. — Ivy ergueu
as mãos no ar e agitou os dedos. — Obrigada, mãe. Melhor presente
de Natal de todos os tempos. De qualquer jeito, você tem isso. Este
é o início de uma nova aventura.

— E você se livrou daquele peso morto — disse Coco,


sacudindo as mãos e revirando os olhos ao mesmo tempo. A garota
tinha um dom para o teatro.

— Não fale sobre Will dessa forma. Ele é um cara legal, mas
estamos definitivamente melhor como amigos. — Terminei as
coisas com meu namorado de alguns meses quando voltei das
férias de inverno e percebi que não tinha pensado nele nenhuma
vez enquanto estávamos separados. O rompimento foi tão
emocionante quanto nosso relacionamento havia sido.

Baunilha.

Baunilha sem açúcar e sem leite.


Simplesmente não havia nada lá.

— Maura, por favor. Você já teve três namorados na vida, e


todos eles foram chatos como tudo. Você estará trabalhando para
um homem que é quente como o inferno. Você está solteira agora,
não descarte completamente o sexo quente e espontâneo no
escritório com o seu novo chefe sexy. — Coco levou seu telefone
para o banheiro e fez uma pausa para aplicar seu batom vermelho
característico.

— Vamos apenas tentar sobreviver ao primeiro dia sem que ele


me chame no escritório quando perceber que sou sua estagiária.
— Olho no espelho retrovisor mais uma vez para verificar minha
maquiagem. — Ok. Eu tenho que entrar.

— Aproveite o dia — gritou Addy, levantando o punho em


direção ao teto.

— Quero um passo a passo de tudo que o homem sexy disser


para você. — Coco franziu os lábios para a câmera.

— Não leve nenhuma merda. Você é a maldita Maura Benson


— Gigi gritou, e todas nós caímos na gargalhada enquanto saía do
carro.

— Lembre-se de me enviar uma mensagem com os destaques


do seu dia para que eu possa adicioná-los ao livro — disse Ivy.

Por que era com isso que eu estava preocupada? Garantir que
minha humilhação com Crew Carlisle fosse incluída no livro?

— Entendi. Amo vocês, pessoal.

Todas elas ecoaram o mesmo sentimento quando terminei a


chamada e caminhei para fora da garagem.
A Carlisle Ad Agency ficava no coração do centro de Dallas, e
dizer que o prédio era grande seria um eufemismo massivo. Dizem
que tudo é maior no Texas e eles com certeza não estão brincando
quando se trata do Edifício Carlisle. Eu protegi os meus olhos do
sol que estava brilhando mesmo com o frio do ar de janeiro
enquanto olhava para o arranha-céu. O vento soprou ao meu redor
e eu ajeitei o meu cabelo no lugar.

— Primeiro dia? — uma voz gritou ao lado do edifício. Um


homem estava sentado contra a parede com um carrinho de
compras cheio de latas ao lado. Ele tinha uma velha lata de café à
sua frente com uma placa que dizia: Preciso de Ajuda.

— Sim. Estarei estagiando aqui nesse semestre antes de me


formar.

Ele sorriu e atingiu os seus olhos azuis. Ele parecia estar em


seus sessenta e poucos anos, mas podia estar interpretando mal
porque tinha certeza de que viver ao ar livre acelerava o processo
de envelhecimento.

— Deixe-me lhe contar um pequeno truque. Faça três


respirações longas e lentas e segure-as por tanto tempo quanto
puder antes de entrar no escritório.

— Essa é uma ótima ideia. Obrigada. — Peguei minha bolsa,


tirei alguns dólares e coloquei na lata. — Eu sou Maura, a
propósito.

— Prazer em conhecê-la, mocinha. Sou Beevis. Agora você vai


chutar alguns traseiros, amanhã me conte como foi.

Eu sorri. — Prazer em conhecê-lo, Beevis. Como toma o seu


café?
Seu olhar perplexo encontrou o meu, mas ele me respondeu
de qualquer maneira: — Preto com creme e açúcar.

— Excelente. Vou trazer um café para você amanhã e te


informar.

Ele piscou para mim e eu acenei um adeus antes de voltar


para o prédio. Era difícil acreditar que estaria trabalhando aqui.
Meu estômago vibrou com o nervosismo enquanto eu puxava a
porta pesada para abri-la. Todos pareciam pertencer a este lugar
com seus ternos de alta qualidade e bolsas de grife. Três grandes
lustres de cristal estavam pendurados no teto do grande saguão, e
parei para observar tudo antes de entrar na fila de um grupo de
pessoas que se movia na mesma direção. Parei para olhar no
espelho perto dos elevadores antes de entrar. Minha mãe insistiu
em me levar para fazer compras quando eu estava em casa nas
férias de inverno, e eu agora estava grata por deixá-la me
convencer a comprar alguns ternos, alguns vestidos e dois blazers.
Eu não achava que eu precisaria ser tão formal, mas pelo jeito todo
mundo estava vestido com esmero.

A Carlisle Ad Agency era uma empresa enorme e, claro, o


escritório de Crew Carlisle ficava no último andar. Isso não me
surpreendeu. O homem tinha um ego do tamanho deste prédio,
então é claro que ele estaria no último andar.

Desliguei o meu telefone e o enfiei na bolsa antes de sair do


elevador. Meu estômago estava se revirando e eu respirei fundo
antes de caminhar até a recepção.

— Posso ajudar? — a mulher atrás da elegante mesa branca


perguntou. Ela provavelmente tinha quase trinta anos e era muito
atraente, com seus longos cabelos loiros e olhos azuis brilhantes.
— Sim. Sou Maura Benson. Estou aqui para me encontrar com
Layla McCormick — falei, ajeitando o cabelo que eu deixei de fora
do meu coque para emoldurar meu rosto.

Meu coração disparou e as minhas mãos ficaram suadas. Por


que eu estava tão nervosa?

Ai, sim. Meu nêmesis poderia potencialmente me humilhar e


fazer com que eu perdesse este estágio. Talvez ele não me visse,
talvez sua assistente fosse a única a lidar comigo.

Podia-se sonhar.

— Sim. Bem-vinda. Sou Gwen e dirijo o escritório da frente.


Layla está animada para conhecê-la. Deixe-me dizer a ela que você
está aqui.

Olhei ao redor do saguão. As pessoas estavam chegando para


trabalhar e algumas já estavam sentadas em suas mesas.

Ela pegou o telefone e falou com Layla antes de me avisar que


ela já sairia.

— Quem temos aqui? — uma voz disse atrás de mim, e eu me


virei.

— Olá, sou Maura. — Eu encolhi os ombros sem jeito. — A


estagiária.

— Prazer em conhecê-la, Maura. Eu sou Sam. Acho que você


poderia me chamar de prefeito da Carlisle Ad Agency, então vou
apresentá-la a todos no seu primeiro dia. — Ele era muito bonito
e parecia ter mais ou menos a minha idade, ou talvez alguns anos
mais velho.
Gwen deu uma risadinha e jogou o cabelo por cima do ombro.
Suas bochechas ficaram rosadas apenas o suficiente para me
deixar saber que ela gostava dele. Eu sorri quando seu olhar
travou com o meu e ela corou ainda mais. Eu sentia falta desse
sentimento. Fazia muito tempo que eu não ficava animada com um
cara.

— Prazer em conhecê-lo, Sam. Agradeço a ajuda. Acho que


começo oficialmente amanhã e estou treinando hoje.

— Maura, bem-vinda. — Uma mulher de cabelos escuros


apareceu no corredor com a mão estendida. — Eu sou Layla. Vejo
que você conheceu Gwen e o nosso prefeito residente, Sam.

Layla era linda, provavelmente em seus quarenta e poucos


anos. Ela usava um terninho marinho e seu cabelo estava puxado
para trás em um coque clássico. Ela exalava confiança enquanto o
seu sorriso alcançava seus olhos.

— O que posso dizer? Eu sou um propagador de alegria — Sam


disse, e a cabeça de Gwen tombou para trás em uma risada. Layla
sorriu enquanto a observava e piscou para mim.

— Sim, você é, mas você sabe que o Sr. Carlisle não gostaria
que você estivesse aqui visitando durante o horário de trabalho. —
O tom de Layla era todo provocador, mas não perdi o olhar que ela
deu a Sam. Ela não estava brincando.

— Boa sorte em sua reunião — disse Sam, revirando os olhos


e acenando para mim antes de ir embora.

Layla riu e me levou pelo corredor e parou do lado de fora de


uma porta fechada. — Você está pronta para conhecer o Sr.
Carlisle?
Lá estava.

Fazer isso.

— Claro. — Era uma mentira necessária.

E meu estômago embrulhou quando ela abriu a porta.


Capítulo Dois

Crew

Dizer que estava chateado com esta reunião seria pouco.


Maura Benson. A garota tinha o sangue de Satanás correndo em
suas veias. Eu tinha acabado de perceber que ela era a candidata
que a Universidade do Texas havia enviado. Todos os anos,
recebíamos o melhor aluno por meio de nosso programa de estágio
para jovens que se preparavam para entrar no mercado de
trabalho. Tornou-se tradição que eles nos mandassem seu aluno
estrela, e nós dávamos a ele um lugar na primeira fila no negócio
de publicidade. Acompanhando minha assistente, Layla, que por
acaso era a estrela do rock dos assistentes pessoais. A mulher
comandava a minha vida. Marcava minhas reuniões e me levava
lá na hora certa. Ela administrava a minha agenda lotada e nunca
perdia o ritmo. Eu estaria perdido sem ela. Então, qualquer um
teria sorte de estar amarrado a Layla, e era uma ótima maneira de
colocar o pé na porta.

Mas, visto que se tratava de Maura Benson, preferiria bater


com o pé na porta e mandá-la embora, mas eu não era um idiota
completo. Obviamente, a garota havia impressionado seu
departamento ao obter a melhor recomendação em sua turma de
graduação. Eu não poderia evitá-la, mas com certeza não precisava
gostar dela. Não tinha percebido que a cria de Satanás era a
verdadeira candidata até que abri o arquivo esta manhã. Eu não
podia fazer nada sobre isso agora. Nada que fosse justo, e por mais
que odiasse os Bensons, nunca me rebaixaria ao nível deles.
A batida na porta me fez sentar um pouco mais ereto.

Hora do jogo.

— Está aberta.

Layla entrou e usou sua mão para guiar Maura até as cadeiras
em minha mesa. — Sr. Carlisle, esta é Maura Benson.

Dei a volta na minha mesa e estendi meu braço antes de fazer


um gesto para que ela se sentasse à minha frente. Quando sua
pequena mão travou com a minha, houve um tipo de reação.
Provavelmente foi como o diabo tocando água benta, mas meu
corpo respondeu e estava em alerta máximo. — Senhorita Benson.

Layla sentou-se na outra cadeira e abriu o seu arquivo


enquanto eu caminhava de volta ao redor da minha mesa. —
Acabei de perceber que vocês dois são de Willow Springs. Vocês já
se conheciam antes? Eu sei que é uma cidade bastante pequena.

Ela olhou para cima entre nós assim que eu disse não e a
inimiga número um respondeu que sim. Bom saber. Ela era
honesta. Ela já estava muito à frente de seu pai com aquela
resposta simples.

Suas bochechas ficaram vermelhas e ela olhou para mim. —


Oh. Hum. Talvez não. Posso estar confusa.

Tive vontade de rir. Não me importava em vê-la se contorcer.


Desejei que fosse o pai dela sentado na cadeira em frente a mim,
mas sempre que eu deixava um Benson desconfortável, era uma
vitória.

Estudei as suas feições enquanto ela olhava para mim, sem


saber se me lembrava dela. A garota era um nocaute, sem dúvida.
Cabelo comprido escuro puxado em algum tipo de torção na nuca,
um pescoço esguio e seus olhos eram castanhos mel. Eu os notei
nas poucas vezes que nos encontramos porque eles eram
impressionantes. Claro, eu conhecia a porra da Maura Benson.
Nossa cidade era do tamanho de um selo postal, e nós dois
havíamos crescido lá durante toda a nossa vida. Embora nossas
famílias tenham dado aos Hatfields e McCoys uma corrida pelo
dinheiro, ainda nos cruzávamos ocasionalmente, mas eu não ia
ceder e não planejava lidar muito com Maura depois de hoje.

— É possível que você saiba quem eu sou, já que você é mais


jovem do que eu, mas não me lembro de ter conhecido você. —
Recostei-me na cadeira e cruzei as mãos sobre a mesa.

Layla levantou uma sobrancelha para mim antes de estreitar


o olhar, tentando me entender. A mulher me conhecia bem. Sim,
eu podia ser um idiota no escritório. Tente adquirir uma empresa
de um bilhão de dólares aos 25 anos e ganhar o respeito dos
funcionários que trabalhavam lá desde que você ainda cagava nas
fraldas e aprendia a andar. Não foi fácil. Meu avô me preparou e
eu segui suas instruções até o limite. Inferno, uma criança poderia
seguir essas três regras simples.

Não aceite merda nenhuma.

Finja até você conseguir.

Não tenha sexo no trabalho.

Ok, então talvez o homem falasse em expressões idiomáticas e


chamasse isso de filosofia de negócios, mas eu escutei. Ele era
brilhante e construiu esta empresa do zero quando deixou os seus
irmãos dirigindo a empresa de petróleo da família. Eu não era
normalmente tão frio. Definitivamente recusei minha temperatura
interior para o meu encontro com Maura Benson, e não tinha
intenção de descongelar tão cedo.

Maura acenou com a cabeça, mas seu olhar fixou-se no meu


e se olhar pudesse matar... acredito que seria um homem morto.
Adivinhe, Srta. Benson, a aparência não pode matar e eu tenho
todas as cartas agora.

Foi difícil esconder o meu sorriso.

Eu ia fazer de Maura Benson minha cadela e aproveitar cada


minuto disso.

Sim. Este pesadelo tinha um lado bom. As coisas estavam


melhorando.

— Deve ser isso — ela falou, e vi o fogo atrás de seu olhar.


Fogos amarelos e laranjas dançaram em seus olhos enquanto ela
olhava para mim.

Abri meu arquivo e bati a minha caneta na mesa. — Então,


Srta. Benson, parabéns por conseguir este estágio. Tem certeza de
que está pronta para a tarefa? Precisamos de muitas horas e as
coisas acontecem rápido por aqui. Não há muita flexibilidade,
então se isso não for para você, agora é a hora de falar.

— Nós trabalhamos de acordo com o seu horário de aula —


Layla acrescentou e me deu um olhar de que porra é essa.

Ela não tinha ideia do que eu estava fazendo.

Aperte o cinto, Layla. As coisas estão prestes a ficar muito


desconfortáveis.
— Na verdade, só faltam mais dois cursos para me formar, e
os dois ofereciam aulas noturnas remotas como opção. Meu
conselheiro achou que me tornar disponível para vocês em tempo
integral era importante.

— Uau. Isso é incrível. Nossos estagiários ao longo dos anos


nunca trabalharam em tempo integral. — O sorriso de Layla se
espalhou claramente por seu rosto, e ela se virou para mim com
uma sobrancelha levantada como se eu tivesse acabado de ser
colocado no banco pela Maura porra Benson.

Hoje não, cria de Satanás.

— Bem, isso é muito bom para você. Quanto mais tempo você
passar com Layla, mais se beneficiará com a experiência, mas eu
tenho algumas perguntas antes de oficializarmos.

Ela se mexeu na cadeira e endireitou os ombros. Preparando-


se para a batalha.

Isso mesmo, querida. Estou apenas começando.

— Claro. Pergunte à vontade.

— Você é um livro aberto, hein? — pressionei e Layla me


lançou um olhar interrogativo. Nada sobre esta entrevista era
normal e ela sabia disso. Ela se levantou, foi até o bar e serviu três
copos d'água. Ela os deixou para cada um de nós e me lançou um
olhar de aborrecimento, e eu sabia exatamente o que ela estava
pensando.

Maura era estagiária.

Grelhá-la era completamente desnecessário.


Não estávamos nem pagando a ela, pelo amor de Deus.

Adivinha? Eu não dava a mínima.

Ela era uma Benson.

Preciso dizer mais?

— Absolutamente. — Ela pegou sua água e sorriu para Layla


antes de tomar um gole.

— Excelente. Então, diga-me, sua família trabalha com


publicidade? — perguntei.

Eu já sabia a resposta. Ela sabia que eu sabia a resposta. Eu


só ia tornar isso doloroso para vê-la se contorcer.

Ela pousou o copo de água. — Minha família trabalha com


petróleo. Presumi que você soubesse, considerando que sua
família está no mesmo negócio.

— Isso mesmo. Devo ter esquecido. Então, Srta. Benson, por


que não entrar no negócio do petróleo? Por que publicidade?

— Não tenho interesse em petróleo. Meus irmãos trabalham


para o meu pai, mas estou determinada a seguir meu próprio
caminho — ela disse, seu olhar preso ao meu. Havia uma
intensidade ali que me instigou a desafiá-la.

O olhar de Layla saltou entre Maura e eu, e ela continuou a


parecer completamente perplexa com as minhas perguntas.

— Eu vejo.

— Espere. A sua família é proprietária da Benson Oil? — Layla


se engasgou.
Sim, eles eram uma das duas maiores empresas de petróleo,
não apenas no Estado do Texas, mas também nos Estados Unidos.
A segunda sendo a Carlisle Oil Company. Os dois maiores
jogadores da indústria do petróleo eram de Willow Springs.

Eles não chamam isso de coração do Texas por nada.

Mas como o rei do dinheiro do Estado.

Nossas famílias possuíam partes da cidade inteira, mas


enquanto meu pai usava sua riqueza para o bem, o pai de Maura
usava a sua para seu próprio ganho pessoal. O homem era tudo
que eu desprezava. Um narcisista ganancioso, egoísta. Ele
acreditava em esmagar os outros para se manter no topo. Não era
assim que minha família funcionava, nem era algo que eu pudesse
respeitar.

— Sim — Maura pigarreou, claramente incomodada. Isso não


era algo que precisava sair em uma entrevista para um estágio em
uma área completamente diferente, mas não pude resistir.

— Uau. Não fazia ideia de que as duas maiores empresas


petrolíferas pertenciam a famílias da mesma cidade. Isso é uma
novidade. — Layla se recostou na cadeira e tive a sensação de que
ela estava somando dois mais dois.

Ambas as famílias eram muito conhecidas no interior do


Estado, no meio empresarial, principalmente em nossa pequena
cidade.

— Aprendendo algo novo todos os dias — falei, entrelaçando


meus dedos para fazer uma tenda. — Mas acredito que a Carlisle
Oil superou a Benson Oil este ano no mercado.
— Eu não saberia. Como disse, não sigo o negócio do petróleo,
por isso estou aqui. Pretendo seguir carreira em marketing e
publicidade.

Layla sorriu e ergueu uma sobrancelha para mim como se


estivesse gostando disso. Como se essa garota estivesse se
segurando contra mim.

Ela não estava.

Claro, ela manteve seu temperamento sob controle quando


mencionei como a Carlisle Oil era o número um no mercado, e eu
sabia que isso deixava seu pai louco. A garota foi criada por um
tubarão. Não esperaria nada menos, mas agora eu ia me divertir
um pouco.

— Claro. Então, a única coisa que resta a perguntar é a sua


ficha criminal.

Layla tossiu sobre o gole de água que acabara de tomar e


Maura se mexeu na cadeira, inclinando-se para encontrar meu
olhar de frente.

— Minha ficha criminal? — ela perguntou, não mostrando


absolutamente nenhuma emoção em seu tom, o que me irritou. Eu
queria abalar a garota, mas até agora ela se segurou.

— Sim. Você tem uma?

— Não. — Eu podia vê-la lutando fisicamente contra o desejo


de revirar os olhos, mas ela permaneceu neutra. Seu olhar travou
com o meu, mas eu não perdi a maneira como seu peito subia e
descia muito mais rápido do que momentos antes. Eu acertei um
nervo.
Já era hora.

— Nunca teve uma multa de trânsito? Um acidente de carro?

Layla gemeu, então cobriu a boca e tentou fingir que era uma
tosse. Ela jogou o arquivo na mesa como se a entrevista não
estivesse mais acontecendo e cruzou os braços sobre o peito. Isto
era pessoal. Eu deixei isso claro e estava bem com isso. Você sabe
o que dizem... se você não aguenta o calor, dê o fora da cozinha.
Eu tinha acabado de aumentar o aquecimento. Vamos ver o que a
princesinha faz a respeito.

— Eu tive apenas um pequeno acidente na minha vida. — Sua


língua deslizou para umedecer seu lábio inferior, e eu não pude
deixar de olhar seus lábios carnudos, carnudos e rosados. Meu
pau saltou por atenção e eu silenciosamente o amaldiçoei por
reagir ao inimigo número um.

Eu e o meu pau não tínhamos interesse em Maura Benson.

Além de torturá-la um pouco nesta entrevista. Eu planejava


me certificar de que ela se mantivesse bastante ocupada aqui e
ficasse fora do meu alcance.

— Ohhh. Pequenos acidentes podem dizer muito sobre uma


pessoa.

— Eu concordo — disse Maura, e Layla balançou a cabeça


para mim como se estivesse muito descontente com a forma que
eu estava conduzindo isso.

Muito ruim pra caralho.

Se essa garota queria trabalhar aqui, eu iria perguntar a ela o


que diabos eu queria perguntar.
— Concorda?

— Absolutamente. Você nunca sabe com que tipo de loucura


estará lidando quando sai do carro. Quer dizer, o cara na minha
frente pisou fundo no freio porque ficava me olhando pelo espelho
retrovisor, e eu sei que a pessoa atrás é sempre culpada, mesmo
que o sujeito bizarro estivesse observando e pisasse no freio sem
nenhum aviso. — Ela fez uma pausa para tomar um gole de água
e minhas mãos formaram punhos na minha mesa, então eu as
movi para o meu colo. — E então o lunático saiu do carro e insistiu
em chamar a polícia. Nenhum dos carros tinha sequer um risco.
Foi absolutamente ridículo.

Layla estava rindo agora. — Quem fez isso? Que idiota.

— Totalmente — disse Maura, e seus olhos dançaram com


malícia. — Você sabe o que dizem sobre os homens que precisam
mostrar poder sobre uma mulher de qualquer maneira?

— O que? — Layla perguntou, e ela estava realmente


encantada com a nossa nova estagiária.

Maura levantou o polegar e o indicador, mostrando o sinal


universal de uma polegada, ou um filho da puta de um pênis
pequeno. Ela me insultou sem realmente o fazer diretamente. —
Eu não consigo lembrar o nome? Complexo de homem pequeno?

A cabeça de Layla caiu para trás de tanto rir. — Eu nem acho


que preciso de um nome. Todos nós sabemos do que ele estava
sofrendo.

Eu queria gritar dos telhados porque acontece que eu tenho


um pacote incrível. Um verdadeiro pau premiado. Um pênis
ganhador de medalhas de ouro, se é que posso dizer.
Confie em mim quando eu digo. Johnny Copagna mediu todos
os nossos paus no ensino fundamental em educação física, e eu
não ganhei o apelido de King Kong sem motivo.

— Parece que você deveria estar observando a estrada e não


se preocupando sobre como, ah, grande ele era. — Limpei a
garganta e coloquei as minhas mãos enormes sobre a mesa,
certificando-me que ela as visse, e antes que eu pudesse me
impedir, chutei minhas pernas e coloquei meus pés na mesa.

Sim, verifique isso, cria de Satanás. Estes aqui são mãos e pés
grandes. Faça as contas, gênio.

Os olhos de Layla saltaram das órbitas como se eu tivesse


enlouquecido, Maura Benson apenas se recostou na cadeira e
sorriu.

Como se ela tivesse ganhado esta.

Mas ela não poderia estar mais errada.

— Espere. Então o que aconteceu? A polícia apareceu?

— Sim. — Maura deu uma risadinha e suas bochechas ficaram


rosadas. — Mas, para minha sorte, o policial era meu vizinho e
achou a coisa toda ridícula. Então, para responder à sua pergunta,
eu nem fui multada. Nós lidamos com isso sem que ninguém
cumprisse pena.

Martin Powell era um dos meus melhores amigos em casa.


Liguei para ele lá apenas para foder com ela, mas o idiota ficou
com os olhos arregalados sobre ela e fodeu tudo.

— Obrigada, Senhor. — Layla encolheu os ombros para mim.


— Parece que ela não é uma criminosa, chefe. Você tem mais
perguntas sobre os antecedentes criminais dela ou posso levá-la
para um passeio pelo prédio e repassar as suas funções?

— Acho que cobrimos o suficiente. Eu ainda terei que verificar


os antecedentes — falei, colocando-me de pé. Eu não estaria
fazendo uma verificação de antecedentes sobre ela, mas queria
foder com ela um pouco mais.

Apertei sua mão, e ela olhou apenas o suficiente para eu notar


enquanto me agradecia com sua voz doce e açucarada.

Ela pensou que tinha sobrevivido a este pequeno confronto.


Inferno, ela provavelmente pensou que tinha ganhado.

— Prazer em conhecê-lo, Sr. Carlisle.

— Tenho certeza que sim. — Puxei minha mão e caminhei até


a porta.

Ela saiu para o corredor e Layla se virou, certa de que Maura


não podia vê-la, e articulou dramaticamente as palavras: Que
porra foi essa?

Revirei os olhos.

Não estava dignificando aquela pergunta maluca com uma


resposta.

Principalmente porque não tinha uma, mas sabia de uma


coisa com certeza.

Eu e meu pau gigante e premiado estávamos apenas


começando.
Capítulo Três

Maura

Ivy e eu nos sentamos à mesa da sala de jantar enquanto


esperávamos as meninas entrarem em foco na tela do computador.
Elas queriam uma atualização da primeira semana em meu novo
emprego.

— Ei, ei — disse Coco, prendendo os longos cabelos loiros


atrás das orelhas. — Como foi a primeira semana?

Já tinha informado as meninas sobre a minha entrevista


insana no primeiro dia com meu novo chefe idiota e egoísta. Ele
agiu como um lunático, e eu sabia que Layla pensava assim
também, embora ela não tivesse dito uma palavra sobre isso para
mim desde então, mas a maneira como ela respondeu durante a
reunião me deixou saber que seu comportamento estava fora do
personagem.

Crew Carlisle era um idiota completo, mas a boa notícia é que


eu não lidaria muito com ele. Eu mal o tinha visto esta semana, e
tinha feito muitas horas. Estava exausta.

Gigi e Addy apareceram, acenando e sorrindo para a câmera.


— O que perdemos?

As duas riram enquanto falavam ao mesmo tempo.


Estávamos todas conectadas de uma maneira que a maioria
das pessoas não conseguia entender.

Minhas meninas pareciam mais família do que amigas.

— Maura vai nos contar sobre sua semana. Entre o trabalho e


a aula, eu mal a vi e moramos juntas — disse Ivy, girando a caneta
nas mãos.

— Foi ótima. Eu mal vi aquele idiota arrogante, então eu diria


que foi uma boa semana. Layla é incrível. Estou tão feliz por poder
trabalhar com ela. Ela disse que sou a melhor aluna que ela já teve
— falei sem esconder o meu enorme sorriso — E eu amo todos que
trabalham lá. Acho que vai ser uma ótima experiência.

— Estou tão orgulhosa de você — disse Gigi.

Ivy se sentou ao meu lado escrevendo freneticamente em seu


caderno. — Mal posso esperar para ver o que Crew dirá quando
souber como você está indo.

— Mal posso esperar para saber como ele é se você o vir nu —


Coco falou, franzindo as sobrancelhas.

— Garota, você tem uma mente focada. — Ivy balançou a


cabeça para Coco e todas demos risadas.

— Vamos. Você não está um pouco curiosa, Maura? —


perguntou Coco.

— Eu não sou cega. Obviamente, ele é lindo, mas eu não o


suporto e cada palavra que sai de sua boca é vil. Então, não. Não
desejo ver o homem nu. A menos que eu o encontrasse no banheiro
e descobrisse que ele realmente tem um pênis pequeno, aí eu
adoraria poder dizer a você que estava errada.
— Acredite em mim quando eu te digo... Crew Carlisle está
pendurado como um cavalo de corrida.

— Coco, não estou colocando isso no livro — disse Ivy sobre o


riso.

— E por que não?

— Porque você sabe como me sinto sobre seguir as regras. E


sem provas... não vai no livro.

— Você e suas malditas regras. Então, algo estranho


aconteceu ontem — Coco falou, e o seu olhar se suavizou, o que
me disse que era sério.

— O que foi?

— Hum... eu ouvi Ty no rádio. A música dele está


aparentemente atingindo o topo das paradas em todos os lugares
— disse ela, e seus olhos estavam cheios de empatia. — Mas a boa
notícia é que tenho quase certeza de que essa música foi escrita
para você, Ivy.

— Oh, por favor. Amaldiçoo o chão em que ele anda. E o que


te faz pensar que foi escrita para mim? — Ivy agia como se a
menção de Ty não doesse, mas todas nós sabíamos melhor. Ele
tinha sido seu namorado no ensino médio por anos, e ele se mudou
quando o casamento de seus pais desmoronou. Ele quebrou o
coração de Ivy e nunca olhou para trás. Mesmo que já tivessem se
passado anos, ninguém queria que seu ex fosse embora e se
tornasse um músico famoso, o que Ty fizera, mas Ivy levou tudo
na esportiva. Sua dor no coração se transformou em raiva, e ela se
convenceu de que todos os seus sentimentos eram de ódio.
— Eu ouvi a música também — disse Gigi. — É definitivamente
sobre você. Você já a ouviu?

— Não, e me recuso a fazê-lo. Coloquei Ty Greene no retrovisor


e ouvir aquela voz dele não me fará bem. Por que você acha que é
sobre mim? Ele disse que gostou de pisar no coração de sua ex-
namorada e deixá-la na merda? — ela assobiou.

— Chama-se “Deixei o Meu Coração em Casa” — disse Coco,


erguendo uma sobrancelha. — A letra é super triste, Ivy. É sobre
sentir vergonha de onde ele veio e deixar para trás o único amor
que ele realmente conheceu.

— Chorei como um bebê quando a ouvi — disse Gigi e Addy


concordou.

— Bem, adivinhe? Chorei como um bebê há quatro anos,


quando aquele idiota saiu da minha vida. Minhas lágrimas por Ty
Greene secaram. Nunca recebi nem mesmo um pedido de
desculpas. Então, boo hoo para a estrela country. Ele está
lucrando com a minha dor de cabeça. Eu deveria processá-lo e
receber metade dos lucros. Ou pelo que sabemos, Ty teve muitos
amores desde mim e todas essas músicas são para elas. Eu sou a
única que continua namorando fracassados.

— Bem, pelo jeito que você está sendo convidada para sair,
você certamente encontrará alguém que valha a pena namorar —
falei, e todos nós caímos na gargalhada.

Era verdade. Ivy havia dominado todos os aplicativos de


namoro. A garota tinha caras na fila. Ela ia a concertos, jantares,
encontros de golfe e piqueniques. Ela tinha feito ioga, aulas de
culinária e salas de fuga. Ela ainda não tinha saído com uma única
pessoa mais de uma vez. Acho que Ty a deixou ferida e, embora
ela tenha feito uma cara corajosa, ela não encontrou um amor
como ela compartilhou com ele, e isso partia o meu coração, por
ela.

Tive um namorado no colégio e um cara breve com quem


namorei no meu segundo ano de faculdade, tudo levando ao auge
do romance com Will, mas eu ainda não tinha encontrado meu
grande amor e imaginei que, se tivesse, perdê-lo seria devastador.

— Bem, eu também tenho algumas notícias terríveis.


Preparem-se — disse Coco.

— O que é? — perguntei.

— Whitney vai se casar no próximo outono — disse ela com os


olhos fechados e uma mão sobre a testa.

Whitney Ratcliffe era basicamente a realeza de Willow Springs.


Ela era a irmã mais velha de Coco, e o orgulho e a alegria de sua
família.

— Ela vai se casar com Joey Gitney?

— Sim. E para qualquer outra pessoa, Whitney Gitney seria


negativo, mas ela age como se isso significasse que eles deveriam
ficar juntos. Ela me disse que eles vão dar o nome de Britney à
primeira filha. — Coco caiu dramaticamente na cama.

— Britney Gitney? — Addy disse sobre sua risada.

— Ela acha que eles são como Kim e Kanye, e eles têm nomes
especiais agora. Só minha irmã pode transformar aquele nome
maluco em sua própria vitória pessoal. ECA. E minha mãe já
começou, e eles só ficaram noivos ontem. Não passaram nem vinte
e quatro horas. Este casamento vai assumir o controle da minha
vida. Estou tão feliz por você não ter que planejar isso, Ivy. Se isso
tivesse acontecido daqui a seis meses, você teria que lidar com a
maior noivazilla do planeta.

Ivy estava assumindo a única empresa de planejamento de


eventos em Willow Springs após a formatura. Seu pai estava
procurando dinheiro para comprá-la. Nossa menina nasceu para
planejar eventos para todos.

— Isso vai ser o assunto da cidade — disse Gigi.

— E adivinhe qual é a pior notícia? — Coco passou a mão pelos


cabelos e fez uma careta.

— Qual? — Addy perguntou.

— Eu recebi os meus resultados de DNA. Eu sou


definitivamente uma Radcliffe maldita. Isso não faz sentido. Não
tenho nada em comum com essas pessoas. Eu esperava que todos
nós recebêssemos nossos resultados e descobríssemos que
estávamos secretamente relacionados. Deus sabe o que se passa
nesta cidade ridiculamente pequena. Mas apenas a futura Sra.
Whitney Gitney surgiu como minha irmã.

Mal podíamos conter nossas risadas. Coco comprou todos os


testes DNA para nós no Natal, na esperança de que todas
estivéssemos de alguma forma relacionadas.

— Eu não olhei para o meu ainda. — Eu ri. Eu sabia quem


eram meus pais e meus dois irmãos, então não tinha muita
expectativa para fazer o teste ridículo.

— Eu verifiquei também. Não somos irmãs. Pelo menos não


por sangue. Mas somos irmãs em espírito — disse Ivy.
— Bem, irmãs espirituais são muito melhores do que irmãs de
sangue de qualquer maneira — Coco gemeu.

Todas nós caímos na gargalhada com o quão decepcionada ela


estava.

Essas eram minhas garotas, apesar do bom e do mau.

As Magic Willows eram para toda a vida.

Já estou na agência de publicidade Carlisle há quase duas


semanas, e além de alguns pequenos desentendimentos esta
semana com Crew, tem sido delicioso. Layla me permitiu
acompanhar todas as reuniões e assistir a todas as ligações. Ela
começou a me incumbir de gerenciar o calendário de Crew e
supervisionar algumas das campanhas atuais antes de apresentá-
las a ele.

— Você tem um olho muito bom para isso, Maura. Estou


impressionada.

— Obrigada. Isso significa muito vindo de você. — E eu quis


dizer isso. A mulher era talentosa e definitivamente era a mão
direita de Crew Carlisle. O homem confiava nela para tudo. Ele
dirigia um navio apertado e gerenciava muitas pessoas, e Layla
fazia tudo parecer fácil.

— Você está se saindo bem com suas duas aulas noturnas?


Você sabe que não precisa trabalhar em tempo integral se for
demais. O que quer que tenha acontecido entre você e Crew
quando ele te entrevistou, ele ladra muito, mas não morde.
Portanto, não o deixe chegar até você. Ele é realmente um cara
muito bom. Simplesmente sofre muita pressão por assumir o
controle de uma empresa desse tamanho na sua idade e toda a
responsabilidade que vem com isso.

Concordei. — Bem, ele definitivamente não é meu fã.

— Ele admitiu que vocês se conheciam depois que eu o


interroguei naquele dia — disse ela com uma risada. — Ele pode
ser um idiota teimoso, mas há um homem muito bom por trás de
tudo. O que é? Suas famílias são rivais? Então, vocês dois só
precisam se odiar por causa de seus sobrenomes?

— Eu acho que sim. Não o odeio por causa da história de nossa


família. Ele nunca foi muito legal comigo, mas trabalhar aqui é um
sonho, então se isso significa beijar a bunda dele, eu aguento. —
Dei de ombros.

— Você tem que me dizer algo. — Ela mordeu o lábio inferior


e seus olhos dançaram com malícia.

— O que?

— Você o acertou na traseira, não foi? Foi ele quem chamou a


polícia e você alegou que ele tinha um pênis minúsculo. — Layla
estava caindo para trás na cadeira da escrivaninha em um ataque
de riso, e eu não pude evitar fazer o mesmo.

— Eu nunca disse que o pênis dele era pequeno.

Ela bateu palmas. — Mas ele com certeza pensou que sim, e
você pode ser minha nova pessoa favorita.
— Por quê? — perguntei sobre a minha risada. Eu sabia que
minhas bochechas estavam rosadas por estar discutindo isso com
a minha supervisora, mas Layla e eu nos tornamos amigas
rapidamente. Ela era casada com o seu namorado do ensino
médio, e tinha dois filhos agora no ensino médio que eram seu
orgulho e alegria. Ela fazia com que o trabalho e a casa parecessem
fáceis, e a mulher exalava felicidade. Eu admirava tudo nela.

— Porque você é a primeira pessoa que eu já vi crescer sobre


Crew Carlisle. Sem trocadilhos. — Ela cobriu a boca e soltei uma
risada.

— O que é tão engraçado, senhoras? — Crew apareceu do


nada. Tive muito pouca interação com ele, e ele nunca veio para
nossa área de trabalho, que tecnicamente ficava fora de seu
escritório. Ele geralmente estava correndo para uma reunião ou
tentando apertar um botão para dominar o mundo.

— Oh, ohhhhh — disse Layla, tentando se recompor enquanto


as lágrimas escorriam por seu rosto de tanto rir. — Sinto muito.
Foi só uma piadinha de mãe. Uma das crianças vomitou em mim
e eu estava apenas compartilhando os detalhes tórridos.

Ele estreitou o olhar. — Você esfrega sua orelha quando está


mentindo, Layla. Faça melhor da próxima vez que tentar mentir
para mim.

Ela revirou os olhos. — Eu não faço isso. — Mas ela entrelaçou


os dedos, o que imaginei ser uma tentativa de manter as mãos no
colo.

— Preciso que você digite um e-mail para a concessionária de


automóveis que lançaremos na próxima semana. Encontre-me no
meu escritório — ele falou, seu tom repentinamente sério.
— Por que é que você simplesmente não me ligou como
costuma fazer?

— Porque você estava rindo muito alto, eu queria ter certeza


de que você não estava relaxando no trabalho. — Ele cruzou os
braços sobre o peito e levantou uma sobrancelha. Havia uma
facilidade sobre eles, mas ele fez todos os esforços para agir como
se fosse um negócio.

Ele voltou para seu escritório, e Layla se virou para mim


enquanto olhava para seu telefone. — Vá ser a escriba para este.
Preciso retornar uma ligação. Recebi duas chamadas perdidas da
minha mãe nos últimos dez minutos. Isso não é típico dela.

— Oh, garota. Ele não vai gostar disso. — Levantei-me e peguei


um caderno e uma caneta.

— Diga a ele que eu mencionei ser uma coisa de família e que


ele precisa colocar sua calça de menino grande. É um e-mail. Não
a NASA. — Ela ficou de pé e sorriu, mas havia algo por trás de seu
olhar agora. Preocupação? Medo?

— Eu cuido disso. Você liga para a sua mãe.

Bati na porta de Crew e ele gritou para eu entrar. Fui até a


cadeira em frente a sua mesa.

— O que é isto? Onde está Layla?

— Ela tinha uma coisa de família que precisava cuidar. Sou


mais do que capaz de tomar notas sobre o que escrever em um e-
mail.

— É? — Ele sorriu.
Bastardo arrogante.

— Bem, vamos ver. Estou prestes a me formar na faculdade,


então sim... acredito que estou preparada para tomar notas se você
falar muito devagar e pronunciar as palavras claramente para
mim. — Revirei meus olhos. Sua atitude às vezes era demais. Sim,
eu queria trabalhar aqui, mas eu não precisava que ele me tratasse
como se eu fosse estúpida.

Todos nós tínhamos nossos limites.

Ele assentiu. — Certo. Você está pronta?

— Eu nasci pronta — provoquei, e vi os cantos de seus lábios


se erguerem um pouco antes de ele se endireitar.

— Sr. Weiner2 — ele ditou, eu não olhei para cima e tentei


disfarçar minha risada. — Isso é engraçado, Srta. Benson?

— Não. Já sei, Sr. Weiner. Está tudo bem. Prossiga.

Juro que o ouvi rir, mas quando olhei para cima, sua boca
estava em uma linha reta não mostrando nenhum humor. Fiz uma
pausa por apenas um minuto para vê-lo. Coco estava certa. Ele era
realmente bonito em todos os sentidos. Até ele abrir a boca, claro.
Seus olhos eram de um verde esmeralda perfurante. Seu rosto era
moldado com uma mandíbula afiada, lábios cheios e maçãs do
rosto salientes. O nariz era esculpido à perfeição, e seu cabelo
escuro estava cortado rente à cabeça.

— Temos várias campanhas para realizar para você e estou


ansioso para nosso encontro na próxima semana. Crew Carlisle.

2
Weiner, a palavra significa salsicha, por isso o motivo do riso.
Olhei para ele. Ele estava falando sério? Este era o grande
negócio? Eu poderia escrever esse e-mail enquanto dormia.

— Uau. Obrigada por confiar em mim com isso. — Não


consegui esconder o sarcasmo do meu tom enquanto me colocava
de pé.

— Eu acho que Layla está passando isso para você — ele


sibilou. — Uma espertinha no escritório é o suficiente.

— Devidamente anotado. — Fiz uma reverência por motivos


que nem sei, mas por mais que ele fingisse que isso o incomodava,
vi o mais leve sorriso mais uma vez.

Eu nem sabia por que é que esse homem me odiava do jeito


que ele odiava, mas pelo menos ele estava sendo um pouco mais
civilizado agora.

— Peça a Layla para verificar isso antes de enviá-lo.

Internamente mostrei o dedo do meio para ele. Ele agia como


se eu não fosse capaz de escrever uma frase. Estava decidida a
mostrar a Crew Carlisle o quão boa eu era no meu trabalho. Eu
não dormia muito porque passava todo o meu tempo livre
estudando para os dois últimos cursos antes de me formar e
conseguir um emprego de tempo integral.

E eu estava mais do que pronta para a tarefa.


Capítulo Quatro

Crew

Peguei o helicóptero para a casa em Willow Springs para jantar


com minha família. Esta foi sempre uma época difícil do ano para
meus pais e meus irmãos, então eu voltava sempre que podia.
Tínhamos uma grande casa de fazenda e eu cresci lá. Minha mãe
adorava animais e, de certa forma, eles fizeram parte de seu
processo de cura. Uma fuga do passado. Tínhamos vários cavalos,
e cavalgar também se tornou uma fuga para mim com o passar
dos anos.

Não que minha vida em casa não fosse boa, porque era.
Éramos uma família unida e nós sempre tínhamos as costas um
do outro. Blade era dois anos mais novo que eu, e Dax dois anos
mais novo que ele. Ambos trabalhavam com meu pai na empresa
petrolífera. Blade tratava de todos os grandes contratos e tinha sua
própria casa aqui em Willow Springs. Ele viajava muitas vezes,
mas gostava de ficar perto de casa. Dax dirigia o escritório Austin,
que tinha se expandido ao longo do último ano, mas ele voltava
para casa muitas vezes também. Knox tinha vinte e um anos de
idade, e frequentava a Universidade do Texas em Austin, e
planejava vir trabalhar para a agência de publicidade comigo
depois que se graduasse. Eu sempre soube que este era o caminho
que eu tomaria. Eu ia para o trabalho com o meu avô quando era
jovem, e o homem me fez passar os meus verões com ele ao longo
dos meus anos de faculdade. Ele estava me preparando para
assumir, e a transição tinha sido bastante suave. Houve alguns
solavancos na estrada. Tomar as rédeas e ter funcionários com o
dobro da minha idade trabalhando para mim, não foi fácil para
algumas pessoas. Então, mantive a minha cabeça erguida e não
aceitei nenhuma merda. Aqueles que não estavam a bordo
poderiam sair. Apenas dois tinham saído, e se estou sendo
honesto, estava grato por isso. Eles não eram jogadores da equipe
e eles não tinham tratado nenhuma das contratações mais
recentes. A Carlisle não era sobre isso. Nós trabalhamos duro, mas
comemoramos as conquistas de todos. Mesmo Sam, que se achava
o prefeito do escritório. O cara dava-me nos nervos, mas ele era
muito bom no seu trabalho e eu não era orgulhoso demais para
admitir isso. Ele só precisava melhorar a sua ética de trabalho,
porque ele era um preguiçoso por natureza.

O helicóptero pousou a um quilômetro da casa. Tínhamos


espaço para ter uma pista de pouso em nossas terras, mas meu
pai se recusou a colocá-la, alegando que era um sacrilégio usar a
terra para facilitar nossas vidas. Ele não se importava em alugar
um espaço onde outros pequenos aviões e helicópteros
estacionavam seu transporte. O homem era tão antiquado quanto
você podia imaginar.

Sempre mantivemos dois jipes estacionados ali para ir e voltar


de casa. Dax e Knox chegaram em casa esta manhã porque eles
tinham um pouco mais de flexibilidade com seus horários do que
eu. Dax poderia trabalhar em casa, e Knox planejava suas visitas
a Willow Springs de acordo com o calendário social da faculdade.
O garoto não tinha um osso sério no corpo. Eu tentava voltar para
casa um fim de semana uma vez por mês, mas às vezes eu
simplesmente aparecia para um jantar rápido. Administrar uma
agência de publicidade era um trabalho de 24 horas por dia, sete
dias por semana. Obrigava-me a sair na maior parte do tempo,
porque meu trabalho nunca terminava, e entre meu pai e meu avô,
todos nós tínhamos uma forte ética de trabalho, menos meu irmão
mais novo, Knox, mas ele concordava. Ele se preocupava apenas
com ele, e não com tempo e relaxamento, o que nenhum de nós
tínhamos por ter crescido em um rancho.

Mas ele passou por muita coisa quando criança, e todos nós
lhe demos uma folga. Ele era o mais alegre de todos nós, além da
minha mãe, e era difícil dar muita merda a ele. Ele era bom, nunca
pareceu um estranho, e ele era um filhinho da mamãe por
completo.

Dirigi a curta distância até em casa e abaixei a janela, embora


fosse janeiro e estivesse mais frio do que tudo... cheirava a casa.
Como madeira defumada e pinho. Houve dias em que esta casa,
este lugar...ela guardava muitas memórias para mim. Eu queria
sair muito antes de me formar no ensino médio. Inferno, talvez seja
por isso que nunca pensei em entrar no negócio do petróleo.
Carlisle Ad Agency permitiu-me uma vida plena longe daqui e por
mais que eu amasse estar com minha família, também gostava de
ter minha própria vida em outra cidade. Longe do passado.

Passei pelo rancho Benson e fechei a janela. Juro que o fedor


de Benson vazava para fora da sua propriedade. Talvez fosse por
isso que ficava longe. Eu não conseguia suportar a ideia daquele
homem. Arthur Benson era tudo o que eu odiava nesta cidade e
agora sua filha estava trabalhando para mim. Layla insistiu que
Maura era a melhor estagiária que ela já teve, o que ela sabia que
me irritava, visto que eu trabalhei para Layla em um verão. Ela riu
quando disse isso.

Falando no diabo. Meu telefone vibrou com uma chamada de


Layla. Tínhamos facilidade em trabalhar juntos e ela sempre
brincava que trabalhar para meu avô não tinha sido tão fácil. O
velho era meio tirano.
Falei no meu Bluetooth enquanto seguia por nossa longa
entrada de automóveis. Nossa casa ocupava mais hectares do que
se podia contar. Eu estacionei o carro enquanto respondia.

— E aí?

Um soluço escapou antes que ela falasse, e eu mal consegui


entender suas palavras. — Oi, Crew.

Meu peito se apertou. Esta mulher tinha-se tornado familiar.


Ela sempre me protegeu e sim, ela gostava de me dar merda, mas
é porque se sentia mais como família. Metade das pessoas no
escritório andava em ovos em torno de mim e a outra metade falava
merda sobre como eu tinha sido presenteado com um império por
causa da primogenitura. Eu não poderia culpá-los. Era
parcialmente verdade, mas eu também trabalhei pra caramba para
provar que era digno.

— O que aconteceu?

— É meu pai. Ele teve um derrame e foi bastante grave. Preciso


voar para Chicago e ajudar minha mãe. Eu só... — ela engasgou e
eu fechei os olhos. Eu era um idiota egoísta e a ideia de ela partir
não me agradava. Layla era a minha mão direita, mas era o seu
pai. Eu precisava me lembrar disso. — Eu não queria te dizer
enquanto você estava em casa. Eu sei que não é um momento fácil
do ano para você.

Soltei um longo suspiro. — Não pense nisso. Leve o tempo que


precisar. Você tem o número de Jerome. Vou mandar uma
mensagem para ele agora dizendo que você vai pegar um voo. Pelo
menos deixe-me levá-la até lá sem o incômodo de ir para o
aeroporto.

— Crew, eu não posso pedir que você faça isso por mim.
— Você não pediu. Estou fazendo isso e você não tem escolha.
— Balancei minha cabeça porque queria implorar para ela não ir.
Não quando tínhamos um dos meses mais ocupados que já
tivemos. — Devemos chamar um temporário?

O pensamento me deixou doente. Eu não gostava de


mudanças. Nunca fui fã. Eu prosperava na rotina. Treinar alguém
novo não era algo para o que eu tinha tempo.

— Antes de dizer não, apenas me escute.

— Não — eu disse, o que a fez rir. Ela era um público fácil.

— Pare. Ouça-me, Crew. Maura é mais do que capaz.

— A estagiária? Claro que não — assobiei. Ela estava


trabalhando lá há apenas duas semanas.

E ela era uma maldita Benson.

— Escute-me. A agência de empregos temporários vai enviar


alguém que não consegue lidar com esse tipo de carga de trabalho.
Maura pode lidar com isso. Posso trabalhar remotamente e
acompanhá-la em tudo diariamente. Ela é a nossa melhor chance
de superar isso. E, honestamente, no momento, não consigo lidar
com chamadas suas intermináveis reclamando do temporário.

Revirei os meus olhos. Então, talvez eu fosse um


perfeccionista. Eu estava mais do que ciente de que eu não era a
pessoa mais fácil, especialmente no local de trabalho. Aprendi com
meu avô e ele não estava lá para fazer amigos. Ele estava lá para
ganhar dinheiro e ajudar seus funcionários a fazerem o mesmo.
Eu não tinha paciência com pessoas que não concordavam com
isso, e treinar um assistente definitivamente não era algo que eu
tivesse tempo de fazer, e eu não poderia pedir a Layla para fazer
isso. Ela precisava estar com seu pai agora, e eu precisava
respeitar isso.

— Você realmente acha que ela pode lidar com isso? Ela é uma
criança.

Ela riu, mas eu ouvi a tristeza por trás disso. Eu sabia que
estava sendo um idiota, mas não conseguia me conter quando se
tratava de Maura. — Ela é alguns anos mais nova que você, velho
sábio. Você começou a trabalhar lá quando tinha a idade dela e
tinha muito mais responsabilidades do que ela como sua
assistente pessoal. Ela é a melhor estudante de administração de
uma das universidades mais difíceis do país. Eu prometo a você,
ela pode lidar com isso.

— E você vai falar com ela todos os dias? — perguntei, abrindo


a porta do meu carro.

— Vou. Estou enviando-lhe seu número agora. Você vai


precisar ter contato com ela. Ela é a sua ‘faz tudo’ para as próximas
semanas. Voltarei assim que puder.

— Certo. Você pode dizer a ela para mandar um belo arranjo


para a casa dos seus pais e mandar aqueles cupcakes de chocolate
para você também? Isso deve ajudá-la a superar isso.

— Você realmente acabou de me incumbir de me presentear?

Eu ri enquanto empurrava a porta da frente. — Eu não estou


pronto para lidar com ela ainda. Apenas passe a mensagem para
ela. Jerome está esperando sua ligação e estará pronto para levá-
la na primeira hora da manhã — falei enquanto digitava um
agradecimento ao nosso piloto. — Clay e as crianças vão com você?
Layla era toda sobre sua família. Eu sabia que deixar o marido
e os meninos não seria fácil para ela.

— Inferno, não. Você conhece os gêmeos? Esses meninos têm


um calendário mais preenchido do que você. Eles vão ficar em casa
com Clay. Eles vão voar para lá se o meu pai não aguentar — ela
disse, e suas palavras quebraram em um soluço mais uma vez.

— Caramba. Desculpe-me por perguntar. Você apenas vai


fazer o que precisa fazer. Inferno, você nem precisa ligar para
Maura sobre as flores e os cupcakes. Vou gostar de mandar nela
pela manhã. Apenas tome cuidado e me mantenha informado, ok?

— Obrigada, Crew. Agradeço. Vou telefonar para Maura e


repassar tudo com ela esta noite e prometo manter contato com
ela todos os dias.

— Obrigado. Diga a ela que gosto do meu café puro, como o


meu coração cansado.

— Você nunca me fez levar café. Não se aproveite dela, está me


ouvindo?

Sorrio. Isso poderia ser divertido. — Tudo bem. Falo com você
em breve.

Encerrei a ligação e entrei em casa. Cheirava a abóbora e


canela. Minha mãe era uma ótima cozinheira.

— Ei, olha quem está aqui. — Blade colocou um biscoito na


boca e se aproximou para me cumprimentar antes de me dar um
abraço.

— Acabei de chegar.
— Bom. Mamãe cozinhou o suficiente para um exército. — Ele
voltou para a bancada da cozinha e Knox entrou na cozinha.

— Ei, C-dawg. — Ele me deu um tapa nas costas. Ele cheirava


a qualquer que fosse a colônia do inferno que ele usava, porque ele
sempre colocava muito. Comecei a tossir porque era muito forte.
Eu mencionei que Knox chamava a todos por um apelido? Ele
tinha um para praticamente todos na cidade. Eu gostaria de dizer
que nunca envelhecia, mas envelhecia. E ele sabia que isso me
deixava louco.

— Você vai parar com essas coisas ridículas, por favor? Onde
está o Dax? Ele voou com você esta manhã, certo?

— D-wheezy? Está no celeiro.

Não pude deixar de rir. D-wheezy era de longe o pior nome que
ele tinha dado a alguém, e ele sabia que Dax o odiava. Nosso irmão
tinha asma e esteve congestionado mais vezes porque era
altamente alérgico a cavalos, mas se recusava a ficar fora do
celeiro.

Blade caiu na gargalhada antes de Knox se virar para ele. —


Blady Days, do que você está rindo?

— Deixe-me lhe contar o problema com todos esses nomes


idiotas que você gosta de nos chamar. A- um apelido é uma versão
abreviada do nome de alguém. B- Blady Days não é abreviação
para a porra de Blade, então Knox é o inferno — Blade sibilou antes
de inclinar a cabeça para trás para tomar um gole de sua cerveja.

Todos nós rimos agora. Knox nos deu esses apelidos ridículos
há mais de uma década e eles não iriam embora. Então, tiramos
todas as fotos que podíamos para zombar de seu nome. Ele apenas
riu ainda mais. O garoto não levava a vida muito a sério. Talvez
porque ele soubesse o quão importante era viver cada dia ao
máximo. Esta vida é curta e você nunca sabia o que iria acontecer.
Nosso irmãozinho vivia cada dia como se fosse o último. Ele sempre
assumiu riscos ridículos ao crescer. Tentando voar com asas
robóticas que ele construiu com seu melhor amigo e pulando do
celeiro. Isso terminou com uma perna e dois pulsos quebrados. Ele
saltou de paraquedas e asa delta, e escalou alguns dos maiores
picos dos Estados Unidos.

Ei, todos nós lidamos com a dor de forma diferente. Eu não


estava julgando.

Perder nossa irmãzinha quinze anos atrás foi algo com que
todos lidamos de forma diferente ao longo dos anos.

— Querido, estou tão feliz em ver esse rosto bonito. — Minha


mãe veio da cozinha, diretamente para mim. Ela passou os braços
em minha volta e eu a abracei com força. Delilah Carlisle era o
mais próximo de um anjo que qualquer pessoa que vivesse e
respirasse poderia estar.

— Rosto bonito? Tem certeza de que não está olhando por cima
do ombro para a versão mais jovem? — Knox perguntou, e minha
mãe riu antes de dar um tapa no ombro dele.

Revirei os olhos quando ela se afastou e olhou meu irmão, por


cima do ombro. — Onde está o papai?

— Ele está no celeiro com Dax, alimentando os cavalos. Você


vai passar a noite para poder cavalgar amanhã de manhã?

— Eu tenho trabalho amanhã, mas vou levar Harley para uma


volta hoje à noite antes de voltar para casa.
— Você está em casa — disse minha mãe, dando um tapinha
em minha bochecha antes de ir até a pia.

Harley foi meu presente de aniversário de dezesseis anos. Eu


pedi uma motocicleta e ganhei um belo exemplar de puro sangue
chamada Harley como um compromisso. Meu pai sabia melhor do
que ninguém como manter a paz em nossa casa, e uma motocicleta
teria colocado minha mãe no limite. Harley acabou sendo o melhor
presente que eu já recebi. Ela era mais do que um cavalo. Por
muitos anos, ela foi meu meio de transporte favorito e de alguma
forma se tornou uma confidente. Não havia risco em compartilhar
suas lutas internas com alguém que nunca trairia você nem
repetiria o que você compartilhou.

Mamãe pegou o celular e mandou uma mensagem, que tenho


certeza era para meu pai, para dizer a ele que o jantar estava
pronto e que eu estava em casa. Quando éramos jovens, ela
costumava apenas tocar o sino de vaca gigante na varanda da
frente, mas seus galos odiavam o som agora, e ela nunca faria nada
para perturbar os animais.

Bull estava deitado na porta dos fundos, e fui até lá para coçar
sua cabeça. Tínhamos o mastim gigante desde que eu estava no
ensino médio, e ele estava ficando velho. A chihuahua mais
irritante do mundo, Prancer, latia aos meus pés e me abaixei para
acariciar sua cabecinha. Ela estava sempre deitada ao lado de Bull
e a diferença de tamanho fazia todos rirem.

— Onde está o Duke? — Duke era um border collie que minha


mãe resgatou alguns anos atrás e adorava andar com os cavalos.

— Ele saiu com papai e Dax. Eles vão vir.

Dax entrou na frente de meu pai, e Duke estava caminhando


bem ao lado dele.
— D-wheezy e Days-are-long-Davis estão na casa — Knox
cantou e meu pai soltou uma gargalhada.

— Ei, filho. Que bom que você está em casa. Sua mãe estava
com saudade de você. — Essa era a maneira de papai dizer que
sentia minha falta também.

— Estive aqui dois fins de semana atrás. — Revirei os olhos


mais uma vez enquanto caminhávamos para a mesa.

— Então, como vai o trabalho? — papai perguntou enquanto


me passava a salada. Minha mãe tinha feito uma refeição grande,
frango grelhado, purê de batata, feijão verde e pãezinhos, e estava
tudo espalhado sobre a mesa.

— Corrido e acabei de receber uma ligação de Layla. O pai dela


não está bem. Liguei para Jerome para levá-la de volta para casa
amanhã, mas serão algumas semanas difíceis.

— Joaninha é tão quente. Você sabe, para uma mulher idosa


— disse Knox. Layla ria e corava cada vez que meu irmão mais
novo ia visitá-la e a chamava pelo apelido ridículo.

— Ela tem quarenta anos, seu filho de homem crescido —


Blade disse sobre sua risada enquanto deixava cair dois pãezinhos
em seu prato.

Éramos todos altos e magros, e tínhamos o apetite de um time


da NFL. Mamãe estava acostumada com isso.

— Oh, não. O pai dela está bem? Você pode conseguir um


funcionário temporário para o lugar?

Eu esfreguei a mão na minha nuca. — Não é um momento


conveniente para ela ir embora, mas o que posso fazer? Eu
definitivamente não quero um temporário. Não tenho paciência
para treinar pessoas.

— Você não tem? — Dax interveio, exalando sarcasmo. —


Lembro-me brevemente de você me fazer chorar na primeira vez
que me levou para jogar golfe quando criança, você jogou meu taco
porque eu perdi a bola.

— Você perdeu a bola setenta e cinco vezes. Eu sou só


humano.

Mais risadas.

É assim que sempre foi aqui. Bem, além da escuridão que


ainda vivia sob este teto. Mesmo depois de todos esses anos. A
tristeza que sempre ameaçou mostrar sua cara feia. Eu sentia isso,
mas tentava desesperadamente afastar. Uma perda que impactou
todas as nossas vidas. Não houve um dia em que não pensássemos
em Belle.

— Eu espero que você tenha dito a ela para levar todo o tempo
que ela precisasse. A família sempre vem em primeiro lugar. —
Meu pai cortou o frango e colocou um pedaço na boca enquanto
me observava. Papai era provavelmente o homem mais legal para
quem você poderia trabalhar. Ele ajudou os funcionários a
comprarem suas primeiras casas e emprestou dinheiro a muitos
de seus ex-funcionários. Ele tinha um coração enorme e não fazia
nenhuma tentativa de escondê-lo.

— Claro, eu disse. Ela acha que a estagiária está pronta para


a tarefa.

— Oh, isso mesmo. Você sempre consegue um estagiário no


segundo semestre do ano. Eu confio em Layla se ela pensa que ela
ou ele está preparado para isso. Você não acha que ele está? —
minha mãe perguntou.

Esfreguei minhas têmporas, sentindo uma dor de cabeça


repentina. — Sim. Ela está. É Maura Benson. Ela foi enviada pela
universidade.

Os olhos de Blade dobraram de tamanho e Dax inclinou a


cabeça para o lado e me estudou. Knox não perdeu a oportunidade
de amenizar a situação. Afinal, era Knox.

— C-dawg acabou de lançar uma bomba Benson filha da puta


— ele cantou como o idiota que era.

— Knox Daniel, não fale assim na mesa de jantar — disse


minha mãe antes de limpar a boca com o guardanapo. — Maura
Benson é uma garota adorável.

— Por favor. Ela é uma Benson. Estou chocado por ela ter
conseguido passar pelo processo de entrevista. — Blade pegou com
o garfo a salada e continuou comendo.

Meus irmãos não tinham tanto ódio pelos Bensons quanto eu,
mas era sabido que não havia amor ali. Eles não compartilhavam
as mesmas memórias que eu, pois eu era o mais velho. Eu sabia
que Arthur Benson era o mais baixo entre os mais baixos. Inferno,
ele se aproveitava das pessoas nesta cidade.

— E nós somos Carlisles. Não odiamos as pessoas por causa


do sobrenome. Maura Benson nunca fez nada para merecer nossa
raiva e se a universidade a mandou, ela deve ser uma ótima aluna.
Não julgue, filho. Não somos assim.

Revirei meus olhos. Meu pai odiava Arthur por uma série de
razões, mas ele sempre foi o pacificador. Sempre disposto a
perdoar os outros, não importava o que eles fizessem. Tudo era um
momento de aprendizado e ele nunca passaria seu ódio aos filhos,
embora meu avô tivesse tentado fazer isso com ele. Meu avô e o
avô de Maura foram sócios de negócios na véspera de se tornarem
rivais. Dissolveram sua empresa e começaram suas próprias
empresas concorrentes. Meu avô passou a odiar o negócio do
petróleo devido a toda a tensão entre ele e seu ex-melhor amigo,
então ele deixou seus irmãos tomarem as rédeas e ele começou a
agência de publicidade, mas a rivalidade nunca diminuiu.
Aparentemente, toda a rixa começou sobre a oferta de seguro
saúde para os funcionários da época. Meu avô achava que era
importante cuidar das pessoas que trabalhavam para ele, mas o
avô de Maura não. Foi um ponto de ruptura para eles e o resto é
história.

Como eu disse, não havia amor entre os Carlisles e os


Bensons.

— Eu concordo com papai. Lembro-me de ver Maura na casa


ao lado com sua barraca de limonada quando era uma garotinha.
E deixe-me dizer a você, aquela garota se tornou uma mulher
linda, ou você não percebeu? — perguntou a minha mãe.

Knox caiu na gargalhada. — Ela é gostosa, mãe. Isso é o que


você quer dizer. Ela e suas amigas são muito gostosas. Cada uma
delas.

— Maura é a mais bonita. Coco é a mais gostosa. Gigi é sexy


pra caralho. Addy é deslumbrante. E Ivy uma brasa — Dax
assobiou.

Mamãe bateu palmas. — Oh, isso é como um episódio de “The


Bachelor”.

Atire em mim.
Maura é gostosa, não estou discutindo isso, mas ela é filha do
diabo, então definitivamente não estou olhando e sim, suas amigas
também são agradáveis aos olhos, mas, novamente, elas são
amigas de uma Benson. Não tenho nenhum interesse em me
misturar com qualquer uma delas. Nunca foi um problema, já que
elas são vários anos mais novas do que eu, então não interagíamos
muito.

Até agora.

— O vovô não tem uma regra sobre mergulhar sua caneta na


tinta da empresa? — Blade sorriu, e a mesa explodiu em
gargalhadas. Eu revirei meus olhos.

— Posso assegurar-lhe que não há nada com que se


preocupar. Eu mal lido com ela.

— Por que você ainda usa canetas que precisam ser


mergulhadas em tinta? Seu avô precisa entrar no século XXI e usar
canetas normais — disse minha mãe, balançando a cabeça.

Mais risadas.

Knox uiva. — Você é tão pura quanto o sol, mamãe.

Balancei minha cabeça e comi o resto do meu jantar em


silêncio. Porque lidar com Maura Benson nas semanas seguintes
não era algo que eu esperava.
Capítulo Cinco

Maura

Eu tinha acabado de contar ao meu novo melhor amigo Beevis,


ou Beeves como o chamava, sobre minha nova posição. Eu estava
pensando nisso como uma promoção. Depois de entregar a ele seu
café e ele me dar uma pequena conversa estimulante, caminhei
para dentro. Meu telefone tocou assim que entrei no elevador e
olhei para baixo para ver a foto de Coco aparecer na minha tela.

— Você consegue. Eu quero que você grite a plenos pulmões


que o Crew Carlisle será sua vadia — ela gritou no fone de ouvido
do meu celular, e eu me encolhi. Eu estava grata por ter chegado
cedo o suficiente para que ninguém estivesse no elevador comigo.

— Eu não direi isso — eu sussurrei-gritei. — Ok, estou aqui.

— Maura. Não o deixe intimidar você, e se a oportunidade


surgir, ou, aham, se Crew Carlisle surgir... — Ela explodiu em uma
gargalhada. — Estou apenas dizendo. Não descarte sexo quente no
escritório.

Gemi. — Vou desligar. Eu amo você. Falarei com você hoje à


noite junto com as meninas.

— Eu te amo mais. Você tem isso. Você é a porra da Maura


Benson — gritou ela, e encerrei a ligação.
Coco era para quem você ligava quando precisava se animar.
Eu sabia que estava entrando em uma tourada com uma bandana
vermelha amarrada no pescoço, porque Layla havia deixado claro
que Crew Carlisle não estava entusiasmado com este arranjo. Ela
me disse para manter a minha cabeça erguida e provar que estava
mais do que pronta para a tarefa. Ela disse que ele provavelmente
tentaria me intimidar e que eu precisaria recuar. Ela também
compartilhou que demorou um pouco antes que ele se
entusiasmasse com ela, mas por baixo do idiota taciturno, minhas
palavras, não dela, era um ursinho de pelúcia, por assim dizer.
Duvidava muito que isso fosse verdade, mas não me curvaria para
Crew. Eu era mais do que capaz de lidar com esse trabalho, ele só
não sabia ainda. Então, ele poderia me dar toda a ousadia que
quisesse, e eu não desistiria.

Cresci em uma casa com Arthur Benson minha vida inteira.


Eu tinha pele grossa. Fui criada por um homem que não me
tratava como tratava meus irmãos. Claro, ele queria que eu fosse
bem na escola para que pudesse se gabar para seus amigos. Ele
gostava que eu frequentasse uma das universidades mais
prestigiadas do país, mas seus objetivos para mim nunca
ultrapassaram mais do que me casar e ter muitos filhos para ele
estragar um dia. Meu pai não era um homem progressista, atrevia-
me a dizer que ele era mesquinho em muitos aspectos. Ele gostava
de me exibir no clube como uma espécie de espetáculo, gabando-
se para seus amigos sobre o quão bonita ou o quão inteligente eu
era. Quanta sorte algum homem teria de se casar comigo algum
dia. Meus irmãos trabalhavam para ele, e sempre tentavam me
convencer a trabalhar na petroleira com eles. Era quando meu pai
costumava fazer uma piada sobre as mulheres não pertencerem a
cargos gerenciais em grandes corporações porque deveriam estar
criando filhos. Ele era antiquado e de mente fechada, mas eu o
amava porque ele era meu pai, e ele me amava da única maneira
que sabia. Minha mãe insistia que era assim que os homens eram,
mas meus irmãos não eram como meu pai. Eles estavam
entusiasmados com o meu futuro e ouviam sobre meus sonhos.

Então não. Eu não aceitaria nenhuma merda de Crew Carlisle.


Eu não estava em sua folha de pagamento. Estava trabalhando em
tempo integral pela experiência, não pelo dinheiro, e eu
conseguiria, gostasse ele ou não. Então, nas palavras da
destemida secretária das Magic Willows, Ivy Baron... ele poderia
chupar uma bosta se tivesse um problema com isso.

Larguei as minhas coisas sobre a mesa, pois queria chegar


cedo, por sugestão de Layla. Ela disse que ele sempre chegava
antes de todo mundo e que seria melhor chegar na mesma hora.
Isso não daria a ele nenhum motivo para ligar e incomodar Layla.

— Layla? Você voltou? — Eu o ouvi chamar de seu escritório e


revirei os olhos. Larguei o meu casaco nas costas da cadeira e
caminhei até ao seu escritório carregando um café da Starbucks
para ele. Estava muito mais feliz levando um café para Beeves, mas
se eu precisava beijar uma bunda, não estava acima disso. Layla
disse que não era necessário, mas eu disse que pararia lá de
qualquer maneira, e ela achou que isso poderia me render alguns
pontos. Se eu pudesse tornar a minha vida mais fácil nas próximas
semanas, não seria contra. Além disso, tive um pouco de prazer no
fato de que meu pai estava pagando por um café de Carlisle. O
homem cuspiria pregos se soubesse que eu comprei um café para
Crew.

— Layla está em Chicago. — Coloquei o café em sua mesa e


cruzei os braços sobre o peito enquanto ele me olhava com
descrença.

— Como você sabe como tomo meu café? — Ele ergueu uma
sobrancelha. Ele realmente era um homem bonito, se apenas
mantivesse a boca fechada. Era alto e magro, seu cabelo escuro
era grosso e cortado rente à cabeça, e aqueles olhos verdes seriam
hipnotizantes em qualquer outra pessoa.

— Eu presumi que você gostava dele preto. — Para combinar


com seu coração frio e cansado.

Seus lábios se contraíram como se ele pudesse ler minha


mente. — Eu gosto. O café não faz parte das suas
responsabilidades. Estava brincando quando disse a Layla para
mandar você me trazer um café. Minha mãe me daria um tapa na
cabeça se pensasse que você compraria meu café pela manhã.

— Sempre gostei da sua mãe — falei, e seus ombros


enrijeceram. Sim, as nossas famílias se odiavam, mas a mãe de
Crew sempre foi gentil comigo. Ela sempre parava para comprar
limonada quando eu montava uma mesa na frente de nossa casa.
Ela acenava para mim quando eu a encontrava na cidade. Acho
que ela achava que o rancor era estúpido. Gostaria de poder dizer
o mesmo sobre meus pais. O ódio de meu pai pela família de Crew
era tão profundo quanto as raízes dos velhos carvalhos na frente
da nossa casa, e se papai odiava os Carlisles, então mamãe
também odiava. Ela era leal demais.

— O que há para não gostar? — Ele sorriu. — Tudo bem.


Temos um dia agitado. Preciso do envio de vários e-mails e minhas
reuniões serão consecutivas, então preciso que você fique de olho
no relógio. Layla garante que as reuniões terminem no horário e
não deixemos os clientes esperando. Ela repassou isso com você?
Você pode lidar com isso?

Eu me forcei a não reagir. Para ser profissional. Falei com


Layla sobre cada detalhe. Eu estava prestes a me formar na
Universidade de Dallas, com louvores. Poderia lidar com o
malabarismo em algumas reuniões.
— Estou trabalhando nisso.

— Você precisa estar. Esta é uma base experimental. Não sou


contra trazer um temporário. Layla trabalha muitas horas e eu sei
que você tem aula à noite. Se você não consegue aguentar, você
precisa me avisar agora. Não posso ter o meu escritório
desmoronando porque você tem um jantar da fraternidade para
comparecer — ele sibilou.

O homem ia me dar uma chicotada. Ele estava realmente


sendo humano por um breve momento antes de voltar a ser o idiota
taciturno que era.

Respirei três vezes antes de deixar escapar um longo suspiro.


Obrigada, Beeves. Sabia que Crew estava procurando por qualquer
razão para me deixar ir e eu não daria isso a ele.

— Garanto que estou cem por cento a bordo. Vou trabalhar no


mesmo horário que você, se necessário. Minhas palestras são
remotas. Meu conselheiro está ciente da responsabilidade que
estou assumindo no momento e está disposto a trabalhar comigo.
Então, pode vir, Sr. Carlisle.

Ele zombou. Zombou. Que homem da idade dele fazia isso?

— Quando se trata de minha empresa, não tenho paciência


para nada menos do que a perfeição. Então, conte com isso, Srta.
Benson.

Forcei um sorriso falso e balancei a cabeça antes de me virar


e caminhar em direção à porta. — Deixe-me pegar o meu caderno
e uma caneta.

Ele não tirou os olhos da papelada enquanto ditava os e-mails


que queria que eu enviasse.
— Você sabe como fazer uma cópia oculta quando faz um e-
mail em grupo, correto? Precisamos manter as informações de
nossos clientes em sigilo.

— Sim. — Porque não nasci debaixo de uma árvore, seu asno


pomposo.

Depois que escrevi algumas frases, ele olhou para mim. —


Você vai almoçar comigo hoje. Estamos levando nosso cliente mais
importante para a casa de Jazelle e vou precisar que você banque
a escriba. Layla sempre faz isso.

Bem, isso é mais parecido com trabalho. Algumas reuniões


reais. Não consegui esconder meu sorriso. — Conte comigo.

— Você realmente não tem escolha — falou, e eu me levantei.


Não perdi a maneira como seus olhos examinaram meu corpo,
provavelmente certificando-se de que eu estava vestida
apropriadamente para ser vista com o próprio Sr. Arrogante.
Estava grata por estar usando meu melhor terno preto hoje, mas
quando ele se concentrou no meu peito, olhei para baixo para ver
meus mamilos cutucando minha blusa creme.

Oh, meu Deus. Isso nunca tinha acontecido comigo antes.


Talvez meus mamilos reagissem quando estava nervosa? Ou
quando estava sendo examinada? Não tinha nada a ver com o
homem bonito e mal-humorado me olhando no momento. Limpei
a garganta e segurei o caderno sobre o peito. — Isso é tudo?

— Você sabe onde fica o banheiro, se precisar de um momento


para... — Ele fez uma pausa e sorriu. — Preparar-se.

Olhei para ele antes de caminhar até a porta. — Está um


pouco frio aqui.
O que mais eu poderia dizer? Eu sabia que ele havia notado.
Eu percebi. Talvez ele não estivesse falando sobre meus mamilos
exagerados, que acabaram de descobrir seu talento para ligar os
faróis nos momentos mais inoportunos.

— Não acho que esteja frio. — Sua boca formou uma linha reta
e lutei contra a vontade de mergulhar em sua mesa e dar um soco
na garganta do bastardo arrogante. Eu tinha dois irmãos. Poderia
aguentar com esse menino bonito se precisasse.

Mas em vez disso, limpei a minha garganta e balancei a cabeça


antes de sair de seu escritório e, em seguida, corri para chegar ao
banheiro. Eu me olhei no espelho e fiquei horrorizada ao vê-los.

Isso não está acontecendo.

Encontrei um pedaço de papel na minha bolsa e fui para a


cabine. Tirei minha jaqueta e afastei a minha blusa do meu corpo
para me abanar. Isso não pareceu adiantar muito, então decidi
apenas abotoar meu blazer e voltar ao trabalho. O diretor esperava
que esses e-mails fossem enviados imediatamente, e eu não queria
dar a ele nenhuma oportunidade de dizer que não estava pronta
para a tarefa quando se tratava de substituir Layla.

A manhã foi extremamente ocupada e percebi que este era


definitivamente um trabalho para dois homens, e imaginei que
Layla gostaria de ter um estagiário para dividir a carga de trabalho.
Crew Carlisle era um idiota exigente e nunca parava de me dar
tarefas. Era quase como se ele quisesse que eu perdesse a calma,
mas eu assentia cada vez que ele me chamava em seu escritório
para mais uma coisa que ele precisava que eu fizesse.

Sam parou na minha mesa pela terceira vez. Perguntei-me se


ele percebeu que ninguém estava se socializando esta manhã
porque todos nós estávamos sobrecarregados. Eu não tinha
certeza de qual era sua posição real, mas fiquei tentada a
perguntar se ele poderia correr até a copiadora para pegar alguns
documentos para me poupar algum tempo, mas eu era uma
estagiária e ele era um funcionário de verdade, então presumi que
isso seria desaprovado. Tentei ser educada, mas era difícil me
concentrar e ele não parava de conversar.

Ele me disse que ele e Gwen da recepção estavam flertando


um com o outro e me perguntou se ela havia mencionado isso para
mim. Eu disse a ele que ela não tinha, mas ainda não tínhamos
tido muito tempo para conversar desde que eu comecei. Ele me
contou tudo sobre a festa que ele e seus colegas de quarto estavam
dando neste fim de semana. Ele me convidou e disse que eu
poderia levar Ivy. Eu disse que tentaria passar lá, mas com toda a
franqueza, minhas horas estavam loucas ultimamente e eu estava
ansiosa para uma maratona de Netflix e dormir por um dia. Ivy
provavelmente gostaria que eu fosse, porque a menina era uma
borboleta social e sofria de FOMO3 grave, também conhecido como
medo de perder.

— Então, você acha que poderia sondar Gwen por mim? — ele
perguntou.

— Claro. Tenho certeza de que ela gosta de você. Não perdi a


química no primeiro dia em que conheci todos vocês. — Eu ri,
porque me lembrei de como ela agia perto dele no dia em que entrei
para a minha entrevista. Rolei meu monitor para baixo e verifiquei
a programação de Crew para a tarde.

— Você não está no horário de trabalho? — uma voz profunda


sibilou e congelei. Eu sabia quem era sem tirar meu olhar do meu
computador.

3
FOMO, sigla para fear of missing out, traduzindo, medo de perder.
— Bem, tecnicamente não estou recebendo um salário, então
eu não marco o ponto. — Sam riu e eu me encolhi porque aquele
era seu chefe, e ele definitivamente não estava fazendo o que
deveria estar fazendo, nem estava mostrando a Crew o respeito que
merecia.

— Tecnicamente, isso significa que valorizamos você o


suficiente para levar seu trabalho a sério. Dê uma olhada no
escritório. Não é uma festa na piscina, é um local de trabalho.
Maura está tentando ocupar um lugar bem grande agora, e eu
agradeceria se você permitisse a ela fazer seu trabalho — Crew
falou, seu tom era calmo, mas ele não escondeu sua irritação.

Sam o saudou e piscou para mim, e rapidamente desviei o


olhar. Isso era estranho e eu não queria ser vinculada ao
preguiçoso do escritório. A culpa por associação era uma coisa
real.

Crew olhou quando Sam se afastou e voltou seu olhar para


mim. Ele definitivamente não estava satisfeito, mas limpou a
garganta e suavizou o tom. — Você está pronta para ir almoçar? O
carro estará na frente em cinco minutos.

Apertei para enviar em um e-mail e me levantei. Rabisquei


uma nota para acompanhar um pedido de impressão que fiz esta
manhã quando voltarmos. Layla me avisou que eles precisavam
ser micro gerenciados na gráfica ou nunca chegariam a tempo.
Minha mente zumbia, mas eu sabia neste momento que precisava
me concentrar no homem que atualmente estava carrancudo.
Peguei meu caderno e uma caneta, coloquei-os na minha pasta e
encontrei seu olhar.

— Sim. Estou pronta.


Segui-o até o elevador e, assim que entramos, houve um
silêncio constrangedor enquanto nos movíamos lentamente em
direção ao andar térreo.

— Ele estava incomodando você? — ele perguntou, e olhei para


cima para ver seus olhos verdes perfurando-me.

— Sam?

Ele revirou os olhos e passou a mão pelo rosto. Coco estava


certa. Esse homem tinha mãos impressionantes. Eu não conseguia
desviar o olhar. — Quem mais? O cara estava na sua mesa há
trinta minutos.

— Ele é inofensivo. Só conversando um pouco.

— Bem, mantenha sua vida pessoal fora do escritório. Ele com


certeza não fica por lá quando Layla está no escritório — ele rosnou
quando as portas se abriram e eu o seguia confusa.

Ele estava com raiva de mim? O que eu fiz? Estava apenas


sendo amigável. Eu era uma estagiária, pelo amor de Deus. Última
pessoa da escala. Estava tentando me encaixar, não fazer inimigos.

Olhei para ver Beeves fora do prédio e dei a ele um aceno


discreto quando Crew me surpreendeu e jogou uma nota de cinco
dólares na lata. Eu não pude deixar de sorrir. Provavelmente foi
como Cindy-Lou Who se sentiu quando soube que o Grinch
realmente tinha um coração.

— Melhor café de todos esta manhã, Maura. Obrigado —


Beeves falou, exibindo seu sorriso adorável. Mesmo com os dentes
manchados de amarelo, o homem tinha um sorriso que iluminava
um ambiente.
— Obrigada, Beeves — eu disse.

— Obrigado, Maura? Obrigada, Beeves? Tenho jogado dinheiro


na sua lata todos os dias há meses e você nunca me disse uma
maldita palavra.

Beeves ergueu ambas as sobrancelhas com surpresa. — Você


nunca sorri para mim. Maura sorri. E ela é bonita, e fala. Você joga
o dinheiro na lata como se eu estivesse apontando uma arma para
sua cabeça. Talvez você possa tentar sorrir um pouco.

Crew mostrou os dentes com o sorriso mais forçado que eu já


vi. Como se alguém estivesse apenas erguendo os lábios para olhar
seus dentes e levou tudo em mim para não rir.

— Melhor? — resmungou.

— É um começo — disse Beeves, antes de voltar a se sentar.


Acenei novamente e caminhamos para o SUV que esperava. Ele
abriu a porta e eu entrei. Crew me encarou por um minuto e limpei
meu nariz me perguntando se algo estava lá. Ele levantou uma
sobrancelha antes de puxar meu cinto de segurança como se fosse
prendê-lo para mim. Arranquei-o de sua mão e o prendi na minha
cintura.

— Posso fazer isso. — Balancei minha cabeça em descrença.

— Demorou bastante. Você estava esperando por um convite?


— Ele sorriu antes de fechar a porta, enquanto entrava pelo outro
lado. — Que tipo de nome é Beeves, afinal?

— O nome dele é Beevis. Eu o chamo de Beeves porque


descobri que ele e eu somos fãs do Biebs. — Eu ri. Ele não fez isso.

— Biebs? Você está bêbada?


— O que? Não. Você não conhece Justin Bieber?

Ele fechou os olhos e recostou-se no assento. — Claro que


conheço. Eu simplesmente não vejo a conexão.

Ficamos sentados em silêncio por alguns minutos enquanto


seguíamos para o restaurante. Você podia cortar a tensão com
uma faca.

— Ouça. Sou nova no escritório. Só estou tentando me


encaixar. Não quero ser rude — falei, perguntando-me por que
estava tão nervosa. Não gostei da maneira como ele insinuou que
eu não estava sendo profissional e que precisava manter minha
vida pessoal fora do escritório. Mal conhecia Sam. Era estranho
porque ele não tinha ido muito até minha mesa antes de eu
assumir, então talvez Layla o intimidasse.

Ele acenou com a cabeça, mas não olhou para mim. — Sam é
preguiçoso por natureza. Escolha seus amigos com sabedoria.

Revirei os olhos com tanta força que tinha certeza de que eles
ficariam presos na minha cabeça. — Então por que ele está
trabalhando para você?

— O que falamos em nossas reuniões é confidencial. Você


entende isso? Layla sabe muitas coisas sobre o escritório que não
são de registro público, e ela parece achar que você é confiável.
Você está substituindo-a, então sua discrição é esperada. Estamos
entendidos?

— A menos que você esteja prestes a me dizer que trabalha


para a máfia e vai atacar Sam, ou tem um cadáver no porta-malas,
estamos perfeitamente claros.
Ele riu e meu estômago embrulhou. Crew Carlisle tinha uma
bela risada. Quase musical. Mesmo um pouco hipnotizante, como
se você testemunhasse algo que ele não compartilhava com
frequência. Seu sorriso alcançou seus olhos e meu coração bateu
tão forte no meu peito que me preocupei que ele pudesse ouvir.

— Sem conexões com a máfia. Sam trabalha para nós porque


seu avô é o melhor amigo do meu avô. Ele é decente em seu
trabalho, o que é outro motivo pelo qual o mantenho por perto,
embora passe muito tempo visitando todos. Isso me irrita, mas não
posso demitir o cara, então tenho que tentar contornar isso. — Ele
encolheu os ombros.

Foi surpreendentemente honesto, o que me pegou


completamente desprevenida.

— Então, você não controla todo o universo? — Não pude


evitar. — Estou brincando. Não acho que ele seja um cara mau.
Vou desencorajá-lo de me visitar quando estiver trabalhando.

— Não posso controlar com quem você se associa fora do local


de trabalho, mas gostaria que você reduzisse ao mínimo as visitas
dele quando estivermos no trabalho.

O que? De onde veio isso? Ele estava ouvindo nossa conversa?


Por que ele se importava com quem eu saía do trabalho? Fiquei
tentada a dizer a ele que Sam e Gwen eram uma espécie de coisa,
mas eu meio que gostei de vê-lo incomodado por Sam falando
comigo.

— Bom saber. — Revirei os olhos quando paramos do lado de


fora do restaurante.

Ele abriu minha porta e me ajudou a sair do carro. Para um


idiota mal-humorado, ele definitivamente tinha os modos sulistas.
Sua mãe o ensinou bem, sem dúvida. Ele disse ao motorista que
ligaria quando terminássemos, e sua mão roçou minhas costas.
Calafrios me percorreram e minha respiração ficou presa na
garganta. Eu odiava que meu corpo reagisse a este homem.
Esperava que ele não percebesse, e olhei para baixo para me
certificar de que meu casaco estava abotoado, porque tinha certeza
de que estava reagindo em todos os lugares novamente. Ele limpou
a garganta e abriu a porta, permitindo-me entrar primeiro.

A anfitriã examinou Crew da cabeça aos pés. Lembrava-me de


vê-lo em casa e ele sempre se vestia como um fazendeiro. Jeans,
botas de cowboy e uma flanela, mas ele parecia completamente
diferente no modo de trabalho. Não que para mim não fosse apenas
um conhecido antes de trabalhar na Carlisle Ad Agency, e mesmo
agora nem poderia dizer que o conhecia bem..., mas havia uma
diferença física. Ele usava um terno azul-marinho ajustado, o que
acentuava suas longas pernas. Meu olhar continuava voltando
para suas mãos.

Mãos grandes. Pés grandes. Você sabe o que isso significa.

Ouvia as palavras de Coco em minha cabeça, repetidas vezes,


e cobri a minha boca com a mão enquanto me sentava e lutava
contra a vontade de rir. Crew tinha apenas um pouco de barba
cobrindo sua mandíbula, e seus olhos verdes eram fáceis de se
perder. A luz que entrava pela janela mostrava estalos de ouro e
cobre misturados com seu olhar esmeralda. Seus lábios eram
carnudos, mandíbula afiada, e eu observei enquanto ele ficava de
pé. Os músculos de seus braços pressionando contra sua jaqueta
feita sob medida.

— Hora do jogo — ele se inclinou e sussurrou. Sua respiração


fez cócegas em minha orelha, e apertei minhas coxas porque,
aparentemente, o hálito quente do Crew Carlisle também fez meu
corpo reagir de todas as formas malucas. — Só tome notas se ele
começar a falar números.

Minha boca ficou seca, meu coração estava prestes a pular do


meu peito e minhas palmas estavam suadas. Fiquei de pé e limpei
as mãos na saia, esperando que ele não percebesse. Por que a
proximidade desse homem me fazia sentir todas as coisas?

Dois homens se aproximaram da mesa e apertaram sua mão,


e ele me apresentou como sua assistente. Eles assentiram e todos
nós nos sentamos.

Um dos homens, Ben, parecia ter quarenta e poucos anos, e


não deixei de notar a maneira como ele me observou durante o
almoço, sentado à minha frente. Ele me puxou para a conversa
com muito mais frequência do que seu chefe, Carl Weiner, que era
muito mais velho e completamente focado em Crew. Eu tinha
certeza de que minhas bochechas ficaram vermelhas de
desconforto mais de uma vez quando olhei para cima para
encontrar Ben olhando para mim. Era impossível não perceber e
realmente me assustou. Crew continuou a conversar com os dois,
mas não perdi a maneira como seu olhar dançou de Ben para mim
várias vezes, e a conversa fluiu. Fiz anotações porque Carl falou de
números durante o almoço. Um pé esfregou contra minha
panturrilha fazendo seu caminho até minha coxa por baixo da
mesa, e quase pulei da cadeira. Afastei-me um pouco e limpei
minha garganta fazendo tudo que podia para evitar o olhar intenso
de Ben. Crew olhou para mim, e então ele olhou através da mesa
e as veias em seu pescoço pulsaram. Ele viu o que aconteceu? Ele
estava sentado ao meu lado, então talvez possa ter me sentido
pular. Carl não perdeu o ritmo, ele continuou jogando números
fora, e eu estava grata por ter um motivo para olhar para o meu
caderno.
— Conte-nos sobre você, Maura — Ben perguntou,
atrapalhando completamente a conversa. Olhei para cima para vê-
lo me encarando mais uma vez. Meu olhar pousou em sua mão
esquerda, onde uma aliança de ouro descansava em seu dedo
anelar. O saco sujo não estava apenas sendo totalmente
antiprofissional, mas também era casado e não fez nenhuma
tentativa de esconder seu interesse por mim. Pensei que estava
sendo paranoica no início, mas não agora.

Olhei para Crew, sem saber se deveria responder. — Sou


estagiária na agência. Apenas substituindo Layla.

Não queria compartilhar muito porque esta era uma reunião


de negócios, não um primeiro encontro. O fato de que ele apenas
interveio enquanto Crew e Carl estavam em uma discussão
profunda sobre uma campanha futura deixou todos um pouco
estupefatos.

Ben sorriu e acenou com a cabeça. — Sempre podemos usar


um pouco de ajuda na concessionária se você quiser obter alguma
experiência em um setor diferente neste verão. Vou pegar seu
número antes de sairmos e avisarei se tivermos um lugar para
você.

A mesa ficou completamente quieta, pois fomos todos


claramente pegos de surpresa pelo que ele acabara de dizer. Eu
tinha pedido um estágio de verão? De onde isso estava vindo? O
telefone de Ben tocou e ele se levantou e pediu licença. Carl deu
um pulo e disse que precisava usar o banheiro, então Crew se virou
para mim. — O que ele fez quando você saltou?

— Não foi nada. Ele apenas bateu em mim com o pé.

— O inferno que ele bateu em você. A mesa inteira tremeu. Ele


está deixando você nua durante todo o almoço. O que diabos há
de errado com ele? Ele acabou de pedir seu maldito número. O
homem é casado e você tem metade da idade dele. Este é um
almoço de negócios. Quem diabos é esse cara?

— Vamos esquecer isso. A reunião está indo bem com Carl,


certo?

— Não vamos nos esquecer disso, Maura. Não é assim que


funciona.

Sua voz permaneceu completamente calma e ele ergueu a mão


para o garçom para a conta. Eu fiz uma oração silenciosa para que
pudéssemos simplesmente sair sem tornar isso mais estranho.

Mas algo sobre a maneira como Crew endireitou os ombros me


disse que isso não iria acontecer.
Capítulo Seis

Crew

Meu sangue estava fervendo. Maura podia ser uma Benson,


mas eu estaria ferrado se a levasse para um almoço de trabalho e
permitisse que esse pedaço de merda a desrespeitasse tão
descaradamente. Até Carl, que tinha a personalidade de uma
saboneteira, parecia desconfortável. O cara a estava observando,
tentando chamar sua atenção e agindo de forma totalmente
antiprofissional.

— Estou bem. Não faça disso uma coisa.

— Não fui eu que fiz disso uma coisa, mas é definitivamente


uma agora. — Entreguei meu cartão ao garçom quando ele se
aproximou da mesa.

Idiota número um, Ben, voltou em nossa direção, e meu olhar


pousou em sua mão enquanto observava o idiota tirar sua aliança
de casamento e colocá-la no bolso.

Esse cara era um idiota completo.

Esta era a primeira vez que ele vinha com Carl, e


definitivamente seria a última. Esse não era um cara em quem eu
confiasse, então negociar um acordo com ele estava fora de
questão.
— Desculpe por isso. Isso vem com o território quando você é
o cachorro grande na empresa. — Ben ergueu uma sobrancelha
para Maura e minhas mãos se fecharam na mesa.

— Acho que cachorro grande seria um exagero. Nunca o


conheci antes e trabalho com Carl há dois anos. Então, que tal
você parar de salivar pela senhora e mostrar algumas malditas
maneiras.

Seus olhos dobraram de tamanho assim que Carl se juntou a


nós na mesa e se sentou. — O que eu perdi?

— Você perdeu as nossas desculpas. Seu lacaio não é alguém


com quem estou disposto a fazer negócio — falei enquanto o
garçom se aproximava, assinei a conta rapidamente e coloquei o
cartão de volta no bolso.

— O que? Nós estamos apenas nos divertindo. Ela não pareceu


se importar. Vocês dois são uma coisa? Estou mijando na sua
grama? — Ele sorriu.

— Você acabou de mijar em todo o seu trabalho, seu idiota


pretensioso. — Levantei-me e puxei a cadeira de Maura. Ela se
levantou rapidamente e enfiou o bloco de notas na pasta. Eu podia
sentir a tensão irradiando de seu corpo e, por algum motivo, sentia
a necessidade de protegê-la.

Ela podia ser a inimiga por direito de nascença, mas ela era
uma mulher. Uma que eu realmente aprendi a respeitar e ela
merecia muito mais do que ser tratada como um pedaço de carne
por esse idiota.

— Sinto muito, Crew. Que tal reprogramarmos? Vou lidar com


isso e voltar para você — disse Carl.
— O que? Ele não decide nada. Ele está tentando fazer um
negócio. Nós somos o cliente — Ben gritou, e as pessoas se viraram
e olharam em nossa direção.

Inclinei-me sobre a mesa, mantendo meu tom sob controle


quando tudo dentro de mim estava furioso. — Você me escute com
muito cuidado. Somos a agência mais procurada do Estado do
Texas. Seu chefe aqui sabe disso. Quando você quiser levar sua
empresa para o próximo nível, ligue para nós. O problema é que
não faço negócios com idiotas e você mostrou suas cartas, então,
enquanto você trabalhar para Carl, este acordo está fora da mesa.
Agora tire os olhos da bunda dela e não vou arrancar seus dentes.
Estamos entendidos?

Eu sabia que poderia quebrar sua bunda esquelética como um


graveto. Fui criado em um rancho. Tinha três irmãos e crescemos
lutando. Esse cara não sobreviveria uma rodada comigo. Podia
vestir um terno chique, mas ele não tinha ideia de com quem
estava lidando por baixo.

Ele olhou para Carl, esperando que ele ficasse com raiva de
mim, mas em vez disso Carl balançou a cabeça. — Senhorita
Benson, sinto muito por isto. Pedi licença para ligar para o
escritório para avisar que o que aconteceu hoje foi extremamente
antiprofissional. Ben se encontrará com o RH quando voltarmos.

Carl podia não ter uma personalidade forte, mas eu sabia que
ele era um homem decente e qualquer pessoa que se sentasse
durante este almoço teria notado o que aconteceu. Maura acenou
com a cabeça, suas bochechas estavam rosadas e eu poderia dizer
que ela estava desconfortável com toda a situação. A
vulnerabilidade em seus olhos castanhos amarelados quando eles
encontraram os meus quase me fez cair de joelhos, mas então me
lembrei de que ela era uma Benson. Eu poderia defender uma
mulher sem precisar confortá-la. Fiz o que precisava ser feito.
Apertei a mão de Carl e levei Maura para fora do restaurante.
As pessoas estavam olhando enquanto fazíamos uma pequena
cena, mas ninguém sabia realmente o que tinha acontecido. O
carro estava esperando no meio-fio e eu a ajudei a entrar antes de
me sentar ao lado dela.

— Sinto muito. Prometo a você que isso nunca aconteceu


antes. Não sei se ele interpretou mal os sinais ou se fiz algo para
enganá-lo. Prometo a você que sou muito profissional.

Virei-me para encará-la. — Pare.

Ela parou de falar e seus olhos lacrimejaram. Ela pensou que


estava com problemas e isso me irritou.

— Jesus. Não foi sua culpa. O cara é um idiota real. Por que
você está se culpando?

Ela soltou um longo suspiro. — Estou tentando me provar, e


esse foi o pior resultado que poderíamos ter tido.

— Já vi coisas piores. — Eu ri.

— O que poderia ser pior? — ela perguntou, balançando a


cabeça em descrença. Olhei para baixo para ver suas mãos
tremendo em seu colo, e meu peito apertou apenas o suficiente
para eu notar. Maura Benson não era seu pai. Ela já havia provado
que tinha uma ética de trabalho impressionante. Ela não era a
princesa mimada que eu esperava que fosse. Seu pai tinha mais
dinheiro do que Deus, e ela não precisava estar aqui gastando
essas horas, mas aqui estava ela.

— Eu não chamei a polícia dessa vez, chamei?


— Isso mesmo. É verdade — falou, e um sorriso se espalhou
por seu lindo rosto.

Eu ri. — Só quando sinto a necessidade de trazer as


autoridades.

— Foi um pequeno acidente. — Ela revirou os olhos enquanto


parávamos no meio-fio em frente ao Edifício Carlisle.

— Minha vida estava acidentada — eu disse, pulei do carro e


dei a volta para o outro lado para abrir a porta dela.

— Você sabe que o policial Powell é meu vizinho, certo?

— É por isso que você não acabou na prisão — falei enquanto


caminhávamos para dentro, e eu a vi olhar em volta para procurar
Beevis ou Beeves, ou o que diabos ela o chamou. Ele geralmente
ia embora no meio do dia. Eu só sabia disso porque costumava
almoçar em reuniões. Ele estava sempre parado em frente ao
prédio pela manhã e à noite quando eu saía. Caminhamos para
dentro e nos movemos em direção ao elevador, e Cam, um guarda
de segurança, acenou para mim e segurou a porta aberta para nós.
— Martin também é um dos meus melhores amigos. Eu pedi um
favor.

— Martin Powell é um de seus melhores amigos? Seu otário.


Eu estava tão nervosa. — Ela pisou no elevador na minha frente.

— Bem-feito para você.

— E serve-me bem por quê? Batendo acidentalmente em seu


para-choque quando você pisou no freio — ela sibilou, cruzando
os braços sobre o peito e olhando para mim. Notei que sua jaqueta
permaneceu abotoada desde esta manhã. Fiquei grato por isso
porque achei difícil desviar o olhar de seus seios perfeitos. Jesus.
Eu era tão ruim quanto aquele idiota, Ben.

Não. Havia uma diferença entre admirar e bater


descaradamente em alguém. Ben era um homem casado, mais de
duas décadas mais velho que ela, e se comportou de maneira
totalmente inadequada.

Acabei de notar como a saia de Maura acentuava suas curvas.


A maneira como seus olhos castanhos amarelados mostravam
tudo o que ela estava sentindo. Vergonha. Nervoso. Confiança.
Humor. Raiva. Inferno, eu já tinha visto tudo.

— Você é uma Benson. Eu não pude evitar. — Levantei uma


sobrancelha e ela me estudou.

— Então, você julga um livro pela capa, hein? Não parece um


plano muito sólido para um homem que dirige uma das maiores
agências de publicidade do país.

Segurei a porta aberta para ela quando paramos. — Nunca


julgo um livro pela capa, mas eu definitivamente julgo um Benson.

Havia uma provocação em meu tom, mas ela olhou para cima
e quando seu olhar se fixou no meu, acho que ambos percebemos
que não havia nada de engraçado no que eu havia dito.
Independentemente disso, se Maura era uma funcionária decente
ou mesmo um ser humano decente, não importava. Ela era
culpada por associação.

— Bom saber.

Balancei a cabeça e parei no meu escritório. — Comece a


trabalhar nesses arquivos para a apresentação de amanhã. Estarei
em reuniões o resto do dia. Ligue-me se precisar de alguma coisa,
caso contrário, não me perturbe.

— Entendi, chefe. — Ela foi até sua mesa e eu olhei para ela.

Aquele idiota do Sam apareceu no minuto em que percebeu


que ela estava de volta e eu o chamei. — O que foi, Carlisle?

Eu odiava que ele agisse como se fôssemos amigos. Não


éramos. — Helen precisa de ajuda para imprimir brochuras. Sei
como você é um jogador de equipe, então vá para a impressão e
ajude-a a se recompor. Vou deixar Dave saber que você vai ficar
amarrado o resto da tarde. — Dave era o supervisor de Sam e ele
já tinha vindo até mim várias vezes reclamando sobre o quanto
Sam estava socializando durante o horário de trabalho.

Sam gemeu. — Helen não é realmente o meu tipo. Ela me


odeia.

Helen trabalhava para a empresa por mais tempo do que eu.


Vovô sempre brincava que ela tinha vindo com o prédio. Ela estava
na casa dos sessenta e não se importava. Ela era um burro de
carga e supervisionava todos os trabalhos de impressão da
empresa. Eu já havia mandado pessoas para ela antes, e
geralmente um dia na sala de impressão com Helen resolvia.

— Bom. Este é o seu local de trabalho, não uma boate — sibilei


enquanto olhava por cima do ombro dele e via Maura digitando em
seu computador.

Não precisava que Sam a distraísse. Ela estava tentando fazer


seu trabalho. Ela já havia sido assediada por um idiota hoje, isso
era o mínimo que eu podia fazer.

Faria isso por qualquer um.


Isso não significava que Maura Benson fosse alguém especial.

Meu telefone vibrou na minha mesa e olhei para baixo para


ver que era Juliette. Ela era uma mulher com quem eu ficava
ocasionalmente. Ela entendia como eu me sentia sobre os
relacionamentos, eles não eram para mim. Não agora. Não éramos
monogâmicos, então não havia amarras. Estava focado na minha
carreira e não procurava nada sério. Havia duas mulheres com as
quais eu tinha um acordo semelhante, e ambas estavam na mesma
página que eu.

Não havia áreas cinzentas em nosso acordo.

Eu não tinha áreas cinzentas.

Nós jantávamos ocasionalmente, íamos a um evento juntos,


mas principalmente fodíamos, por assim dizer. Esse era o nosso
propósito.

Sem anexos.

Sem complicações.

Eu não gostava de complicações e, por experiência própria, os


relacionamentos eram complicados. Eu tive uma namorada séria
na faculdade, e ela queria um anel no dedo e a cerca branca
quando nos formamos alguns anos atrás. Simplesmente nunca
pareceu certo e eu terminei as coisas. Aprendi a confiar no meu
instinto, e agora isso funcionava para mim.

Juliette ~ Você quer um encontro esta noite?


Eu não estava particularmente no clima, e percebi que ela
estava me mandando mensagens com mais frequência do que o
normal. Brynn, a outra mulher que via ocasionalmente não era tão
carente, mas eu entendia. Juliette gostava de sexo, e eu não
poderia culpá-la por isso. Eu mesmo me divertia, mas com Layla
fora e o estresse extra no escritório, eu precisaria trabalhar até
tarde.

Eu ~ Não posso esta noite. Vamos marcar para a próxima semana.

Juliette ~ Eu vou cobrar isso de você. <emoji de mãos orando>

Tenho certeza de que ela ficou surpresa por eu estar


basicamente recusando a sua oferta de sexo, mas o alarme
disparou com relação a ela, e eu não estava sentindo isso hoje.
Voltei ao trabalho e me preparei para minha próxima reunião.

Os dias estavam se confundindo, pois estávamos


absolutamente ocupados no escritório. Duas semanas se
passaram desde que Layla tinha nos deixado para cuidar de seu
pai. Não havia nenhum sinal de seu retorno, pois sua saúde tinha
tomado um rumo para o pior, e o curso o havia deixado com o
aumento da lesão neurológica. Layla estava lidando com um
monte, mas Maura estava segurando as pontas sem erro até agora.
E acredite em mim, eu estava procurando um motivo para
despedi-la.

Ela vivia de acordo com tudo que Layla disse sobre ela, e se
ela não fosse uma Benson, eu teria dito a ela agora. Não tinha
certeza de como ela estava administrando suas aulas noturnas, já
que ela estava mantendo o mesmo horário que eu no escritório.
Mesmo Layla nunca tinha feito isso. Inferno, ninguém jamais
cumpriu minhas horas. Maura chegava ao escritório na mesma
hora que eu todas as manhãs e ela ficava até eu sair todas as
noites, o que era muito depois de o escritório esvaziar no final do
dia.

Impressionante.

Tínhamos tido mais dois almoços em que ela foi


completamente profissional, e sem mais problemas com idiotas
dando em cima dela. Carl ligou e se desculpou profundamente pelo
comportamento de Ben naquele dia, e a empresa o dispensou, já
que, aparentemente, ele havia se comportado de forma não
profissional muitas vezes antes. Concordei em seguir em frente.
Tinha deixado claro quando cheguei ao escritório naquele dia e ele
estendeu a mão, que a oferta de trabalhar juntos estava fora de
questão enquanto Ben fosse empregado da empresa.

Eu não estava de acordo com a maneira como ele havia tratado


Maura. Nem eu teria, fosse com qualquer mulher.

O escritório estava tranquilo, todos tinham saído cerca de uma


hora atrás. Houve uma batida na minha porta e Maura espreitou.
— Sua mãe está na linha. Você quer que eu faça um pedido de
jantar para você?

Tinha comido na minha mesa nas últimas noites e nunca a


convidei para se juntar a mim, mas sempre disse a ela para pedir
algo para si. Ela comia em sua mesa e eu na minha. Eu já vinha
lutando com seu cheiro de lavanda invadindo meu espaço. Não
precisava passar mais tempo com ela do que já era forçado. A
forma como as longas pernas provocavam-me cada vez que ela
entrava no meu escritório. Quem precisava disso? E nem me fale
sobre suas ondas douradas que caíam pelas suas costas como a
maldita seda. Fiquei hipnotizado pelas duas pequenas covinhas
em suas bochechas que apareciam de vez em quando que ela
realmente sorria para mim.

Ela me desprezava e eu a desprezava.

Tínhamos sido forçados a trabalhar juntos no momento. Não


sabia por que estava comendo no escritório agora, porque minha
governanta Jaya era uma cozinheira fabulosa. Ela fazia as
compras de supermercado para mim e preparava refeições para a
semana, que deixava etiquetadas na geladeira, quase todas as
noites, mas, por algum motivo, não estava com pressa de chegar
em casa recentemente.

— Como soa italiano esta noite? — perguntei, limpando minha


garganta enquanto esperava por sua resposta. Já havíamos
discutido sobre ela não esperar que eu pagasse por sua refeição, e
eu a informei que faria isso para qualquer pessoa que colocasse
um tempo extra para me ajudar no escritório, e ela concordou.

Eu sabia que italiano era o seu favorito porque ela adorou a


comida na semana passada.

— Isso parece incrível.

— Vou atender esta chamada, você pede a comida e come aqui


esta noite. — Olhei para cima para encontrar seu olhar marrom
mel que alargou com as minhas palavras. Eu tinha mantido uma
parede muito clara entre nós ao longo das últimas duas semanas,
depois de um tanto demasiado amigáveis no dia em que idiota
tinha a maltratou. Era cauteloso, especialmente quando se tratava
de Maura. — Quero passar por cima de algumas notas para a
reunião de amanhã.

Ela acenou com a cabeça. — Você manda. Você quer o frango


com parmesão de novo?

A garota era muito afiada. Não perdia nada. Percebi isso


porque eu era um cara que prestava atenção aos detalhes. Ela
tomava notas, ouvia e absorvia tudo. Até os menores detalhes.

— Sim — concordei.

Ela era tão reservada comigo quanto eu com ela, mas tive a
sensação de que ela não sabia a profundidade do meu desprezo
por seu pai. Muitas pessoas na cidade pensavam que nossas
famílias não gostavam umas das outras por causa de uma
rivalidade de longa data entre nossos avós e, claro, provavelmente
foi aí que tudo começou, mas com certeza não foi onde terminou.

Ela fechou a porta e eu peguei o telefone.

— Ei, mãe.

— Oi. Não ouvi muito de você nos últimos dias. Sei que esta é
uma época do ano em que você tende a se fechar um pouco, e eu
queria ver como você está.

Esfreguei a mão na nuca. Ela estava certa. Todos nós


lutávamos nesta época do ano. Era como se revivêssemos todas as
memórias. Os pensamentos sobre a minha irmãzinha ainda eram
tão crus como se estivessem acontecendo em tempo real. E minha
família gostava de falar até a morte, e não era assim que eu lidava
com as coisas. Eu lidava com isso sozinho. Eu não tinha colapsos
ou explosões emocionais.

— Estou bem. Só estive ocupado com o trabalho. Não tenho


conseguido sair daqui em uma hora decente ultimamente.

Recostei-me na cadeira e coloquei minha caneta sobre a mesa.

— Acho que isso acontece todos os anos nessa época — disse


ela.

— Como assim?

— Você se certificando de que está ainda mais ocupado do que


o normal. Acho que é a sua maneira de lidar com isso. Mas está
tudo bem sentir isso, Crew.

Balancei minha cabeça, embora ela não pudesse me ver. —


Confie em mim, mãe. Eu sempre sinto isso. Especialmente nesta
época do ano.

O luto era uma fera filha da puta. Não discriminava. Eu era


um homem forte. Talvez um pouco cauteloso, mas com certeza
sentia a perda da minha irmã em todos os ossos do meu corpo.
Sabia como a vida era preciosa. Sabia o quão importante era a
família e, o mais importante, sabia que você só tinha uma chance
nesta vida. Você não conseguia escolher o seu tempo, então era
melhor apreciar o tempo que tinha.

É por isso que eu estava construindo algo que meu avô havia
começado e tentando levá-lo para o próximo nível. Queria deixar
minha própria marca. Fazer o meu tempo contar.

Minha irmã não teve esse luxo.


Eu não o desperdiçaria.

— Sei que você faz. E não há problema em falar sobre isso.


Pode dizer a mim ou ao papai ou aos seus irmãos que você está
sofrendo.

— Por que eu faria isso? Você sofre mais do que ninguém —


falei, deixando escapar um longo suspiro, desesperado para
acabar com esta chamada. Não gostava de falar sobre isso. Não
mudaria nada. Não iria trazê-la de volta. Não ajudaria minha mãe,
meu pai e meus irmãos a curar. Seria sal na ferida e essa merda
não era para mim. Minha família tinha sofrido o suficiente,
especialmente a minha mãe. Mais do que qualquer mãe deveria, e
eu estaria represado se eu tivesse que sobrecarregá-la com a
minha merda. Eu poderia lidar com isso.

Minha família tinha curado junto. Estávamos perto e


estávamos sempre lá um para o outro, mas enquanto eles
conversavam sobre Belle o tempo todo, eu não o fazia. Não era a
maneira que eu lidava com as coisas, mas a semana que antecedia
o dia de seu último suspiro era sempre um soco no intestino.

No entanto, sempre sobrevivi.

Não era tudo que você poderia pedir?

— Porque podemos ajudar uns aos outros. Parece que você


sente cada vez mais quanto mais você envelhece. Você não
namorou ninguém a sério desde Micha. Só acho que é hora de você
conhecer alguém e se acalmar.

Jesus. De onde isso estava vindo? Acabamos de pular do luto


para o namoro?
— Mãe. Vejo muitas mulheres, se é isso que te preocupa. —
Ri, tentando amenizar a situação.

— Eu não quis dizer isso, filho. Acredite em mim, sei mais do


que quero sobre você e seus irmãos, e suas ideias sobre o que é
um relacionamento nos dias de hoje. Eu quis dizer que gostaria
que você deixasse alguém entrar. Alguém especial.

Gemi. Eu odiava quando ela ia lá. Minha mãe queria que todos
nós tivéssemos um relacionamento como o que ela compartilhava
com meu pai, mas, sinceramente, nunca me senti assim por
ninguém. Não do jeito que meus pais eram um com o outro. Eu
namorei Micha por dois anos, e na maior parte do tempo eu estava
apenas seguindo as regras. Não era todo sobre amor, estar
completamente apaixonado, eu tinha decidido em algum lugar ao
longo do caminho que nem todo mundo precisava disso. Micha
tinha me informado que eu estava emocionalmente falido, e não
consegui nem discutir com ela. Eu era assim, mas em minha
defesa, os tempos mudavam. As pessoas focavam em suas
carreiras quando jovens hoje em dia. Eu não estava com pressa.
Tinha uma família incrível. Grandes amigos. Carlisle Ad Agency e
muito sexo bom. Tinha um apartamento incrível no arranha-céu
mais famoso do centro. O que mais eu poderia pedir?

— Eu prometo, estou feliz. A vida é boa. Mas preciso voltar ao


trabalho. Estarei em casa na próxima semana para o jantar de
aniversário, ok?

— Ok. Mas me ligue mais, ou eu pulo no helicóptero para que


possamos conversar pessoalmente até que você descubra como
usar o telefone com mais frequência — ela brincou.

Ela realmente queria dizer isso. Minha mãe era a pessoa mais
forte que conhecia e ela protegia seus filhos ferozmente. Sempre
fez, sempre faria.
— Prometo que vou. Eu te ligo amanhã. Eu te amo.

— Eu te amo mais, Crew.

Encerrei a ligação assim que ouvi uma batida na minha porta.

Maura Benson entrou pela porta segurando uma sacola de


comida.

E a conversa com minha mãe foi um grande lembrete de


porque eu odiava Arthur Benson.

Isso nunca iria mudar.


Capítulo Sete

Maura

Coloquei a sacola em sua mesa e retirei a comida. Cheirava a


céu. Não conseguia me lembrar de uma época em que fiquei tão
exausta, mas estava fazendo funcionar de alguma forma. Eu
geralmente ia para casa e me dedicava por mais uma ou duas
horas todas as noites enquanto tentava manter minhas aulas
também.

Mas gostei de ser empurrada

Crew Carlisle estava me desafiando todos os dias.

Nem o odiava mais. Ele ainda mantinha distância, mas eu


tinha visto um lado mais humano dele desde que substituí Layla.
Eu tinha muito respeito por ele depois de ver tudo o que fazia todos
os dias. Ele trabalhava mais do que ninguém que eu conhecia e
era admirável. Ele estava construindo sobre o que seu avô havia
começado, e fechou algumas das maiores contas comerciais da
cidade. Todos queriam ser representados por Carlisle, e era porque
a ética de trabalho começava no topo.

Ele ainda era um idiota pomposo na maior parte do tempo,


mas me defendeu algumas semanas atrás, quando aquele
rastejador agiu como um porco completo, e eu não esperava que
Crew me protegesse. Por alguma razão, ele ainda tinha
animosidade por mim. A coisa toda era idiota, para ser honesta.
Guardávamos rancor um do outro por algo que aconteceu muito
antes de nascermos.

Layla tinha me dado um lembrete que esta sempre era uma


semana difícil para Crew, uma vez que foi quando sua irmãzinha
faleceu quinze anos atrás. Willow Springs lamentou a perda de
Belle Carlisle pelo que eu me lembrava, mas isso nunca foi
discutido em minha casa. Eu era muito jovem quando aconteceu,
e não me lembrava de muito, mas ouvi que Crew tinha uma irmã
mais nova que estava doente e faleceu. Nunca soube de nada mais
do que isso.

Eu seria um pouco mais gentil com o homem. Não conseguia


imaginar a vida sem meus irmãos. Mesmo quando me irritavam, o
que acontecia com frequência, eu os amava mais do que a própria
vida. Layla não entrou em detalhes porque disse que não era sua
história para contar, mas ela presumiu que eu sabia sobre seu
falecimento porque era da mesma cidade pequena. Ela disse que
só queria que eu soubesse que caso eu tivesse minha cabeça
arrancada esta semana, e fosse um pouco mais paciente a
respeito.

— Você está com fome? — perguntei, entregando-lhe o


recipiente de isopor junto com seus utensílios. Seus dedos
roçaram os meus e um choque elétrico percorreu meu corpo,
assustando-me.

Mesmo que ele fosse quase insuportável, eu não podia negar o


quão fácil era olhar para ele. Estudar sua mandíbula cinzelada.
Seus lábios carnudos. A maneira como sua camisa branca estava
pressionando contra seus bíceps quando ele dobrou o braço para
colocar o recipiente na mesa à sua frente.

— Morrendo de fome. E você? — Seu olhar verde esmeralda


travou com o meu e meu estômago afundou.
Querido Deus.

Eu não era uma garota que se apaixonava por homens


inatingíveis. Inferno, não conseguia me lembrar da última vez que
me apaixonei por alguém, mas este era o último homem no planeta
a quem eu deveria reagir. No entanto, eu me pegava pensando nele
durante as horas em que não estava aqui. Não me importava de
trabalhar tanto quanto estava trabalhando, na verdade estava
ansiosa para quando todos os outros deixassem do escritório.
Mesmo que ele mal falasse comigo.

— Sim, eu poderia comer. Você ainda quer que eu coma aqui


para falar sobre a reunião ou prefere comer sozinho? — Odiei o
quão ferida minha voz soou. Ele tinha pedido o jantar várias vezes,
mas sempre me pedia para fechar a porta depois de entregar o dele
em seu escritório. Ele me mandava mensagens de texto e e-mail o
dia todo, mas parecia evitar ficar sozinho em uma sala comigo.

Como se eu tivesse um fedor que ele não conseguia tolerar.

Ele inclinou o queixo. — Sente-se. Revisaremos a reunião em


breve. Situe-se primeiro. Coma um pouco.

Percebi que ele estava esperando que eu desse uma mordida


antes de fazer o mesmo. Como eu disse, o homem era um perfeito
cavalheiro sulista quando não estava me insultando.

Levantei a tampa da minha penne alla vodka e comi. Ele sorriu


ao me observar comer e, em seguida, deu uma enorme mordida em
seu frango com parmesão. O homem até fazia comer parecer sexy.
Ele fazia tudo de uma forma dominante.

Droga. Acabou de ficar quente aqui?


Comemos em silêncio e meu celular vibrou na mesa. Olhei
para a tela, tinha recebido outra mensagem no meu Messenger.
Era a mesma garota que tinha me enviado mensagem ontem. Ela
disse que realmente precisava falar comigo pessoalmente, que
tínhamos um amigo em comum e era importante me entregar uma
mensagem. Não reconheci o nome dela. Eu tinha chamado minhas
melhores amigas na minha pausa durante o almoço e todas
ofereceram respostas diferentes. Coco pensava que eu deveria
encontrá-la, porque não tinha nada perder, e a mensagem poderia
ser uma mudança de vida, um bom caminho. Gigi e Addy
pensavam que eu deveria investigar primeiro, e elas tinham
enviado uma solicitação de amizade, mas não obtiveram resposta.
Ivy havia dito para eu bloqueá-la, porque ela provavelmente estava
tentando conseguir dinheiro. Desta vez, a mensagem era mais
suave, e algo sobre suas palavras puxou de meu coração.

Piper Rose ~ Oi, Maura. Só queria ver se você recebeu minha


mensagem. Ouça, tenho certeza de que parecia super assustadora. Eu
prometo a você que sou apenas uma universitária comum que precisa
discutir algo importante. É uma longa história e adoraria contar-lhe. Enviei-
lhe um pedido de amizade e adoraria conhecê-la. Eu moro em Dallas e estou
disposta a dirigir para onde quer que você esteja para tomar um café. Trinta
minutos é tudo que preciso para lhe contar minha história. Não vou
incomodá-la de novo se você não quiser.

Olhei para cima para ver Crew me encarando enquanto


mastigava sua comida e pegava seu guardanapo.

— Tudo certo? — ele perguntou. Seu tom era frio, não


demonstrando emoção, mas havia algo em seus olhos que parecia
mais suave.
— Sim. Apenas mensagens estranhas no Facebook de alguém
que disse que temos um amigo em comum e que ela precisa falar
comigo e isso é importante. — Dei de ombros.

Ele tomou um gole de sua garrafa de água e eu zoneei em suas


mãos mais uma vez. Eu podia sentir minhas bochechas
esquentarem quando achei impossível desviar meu olhar. Eram
mãos, pelo amor de Deus.

— Garoto ou garota?

— O que?

— A pessoa é homem ou mulher? — falou as palavras


lentamente, como se eu o estivesse irritando por não entender da
primeira vez.

— Eu sei o que você indagou, só não sei por que essa parte
importa.

— Porque um cara pode estar tentando ter você. Eu odiaria


que você o conhecesse em um beco escuro e passasse o resto de
seus dias acorrentada em um esgoto sob uma estação de trem ou
algo assim. — Ele riu e revirei os olhos.

— Ela é uma mulher.

— E ela quer conhecê-la?

— Sim. Ela mora em Dallas. — Eu abri o perfil dela agora que


ela tinha me tornado amiga, e segurei sua foto para Crew ver. Ela
era realmente super fofa.

— Ela parece jovem. A menos que seja uma fachada para um


cara velho assustador se passando por uma jovem garota. Diga a
ela que você a encontrará aqui durante sua pausa para o almoço.
Faça isso em um local público. Você sabe, apenas para estar
segura.

— Essa é uma boa ideia. Eu quero pesquisá-la um pouco. Vou


ver se ela pode passar na semana que vem. Obrigada.

Ele encolheu os ombros. — Acho que você está um pouco


curiosa.

— Estou, mas tenho certeza de que não é nada.

— Talvez ela seja uma Benson perdida há muito tempo. Se for


esse o caso, avise-me e eu a adicionarei à lista de pessoas a serem
evitadas — falou e riu, mas suas palavras doeram. Nunca fiz
comentários sobre sua família, mas ele aproveitava para falar
sobre a minha sempre que podia.

— Por que nos odeiam tanto? — perguntei, pegando mais


alguma massa e comendo. Os sabores ricos me fizeram fechar os
olhos e gemer. Esta era a melhor massa que já tinha comido. Nós
raramente comíamos este tipo de comida em casa. Minha mãe
pensava que carboidratos eram um pecado e meu pai pensava que
massas eram muito baratas, ele alegava que trabalhou muito duro
para ganhar o seu dinheiro para comer qualquer coisa que não
fosse de alto nível. O que quer que isso significasse. Eu pedia
massas sempre que comíamos fora porque era uma das minhas
comidas favoritas.

Ele me estudou por um longo momento enquanto eu


mastigava lentamente e levantei uma sobrancelha em desafio.

— É uma longa história para outro dia. É uma lista


interminável que nenhum de nós quer pensar esta noite.
Precisamos nos preparar para nossa reunião de amanhã, Benson.
— Ele vinha me chamando assim ultimamente, e por alguma razão
eu tinha a sensação de que era mais um lembrete para ele não
esquecer que me odiava.

Revirei os olhos e peguei meu caderno. — Ok, chefe. Vamos ao


que interessa.

Passamos a meia hora seguinte conversando sobre quais


arquivos eu precisaria obter na manhã anterior à reunião.
Embrulhei o resto da minha comida e coloquei na sala de descanso
para o almoço de amanhã. Pelo menos isso era uma coisa a menos
que eu precisava fazer esta noite. Peguei meu telefone e digitei uma
mensagem para minha nova amiga do Facebook, ou quem quer
que fosse.

Maura Benson ~ Oi, Piper. Eu posso encontrá-la ao meio-dia na sexta-


feira da próxima semana durante a minha pausa para o almoço, se isso
funciona para você. Eu trabalho no Edifício Carlisle na Main Street. Posso te
encontrar no lobby e podemos tomar um café.

Mastiguei minha bochecha depois de clicar em enviar. Eu não


dei a ela escolhas ou opções porque, sinceramente, duvidava que
isso fosse alguma coisa e estava atolada no trabalho. Eu estaria
em um lugar público, então se ela fosse uma assassina em série,
ela teria poucas chances de me atacar.

Ela respondeu imediatamente.

Piper Rose ~ Incrível. Estarei lá. Obrigada, Maura.


— Você está pronta para sair? Vou acompanhá-la até o seu
carro. — A voz Crew me assustou e eu pulei na minha cadeira.

— Jesus. Um pequeno aviso da próxima vez, por favor.

Ele riu enquanto apagava as luzes e caminhamos pelo longo


corredor em silêncio.

Assim que pisamos no elevador, ele cruzou os braços sobre o


peito. Estávamos fazendo isso todas as noites por duas semanas,
e sempre íamos para a garagem em silêncio. Hoje à noite, ele falou.

— Você tem aula hoje à noite?

— É tudo remoto, então tento fazer uma ou duas horas todas


as noites depois do trabalho, mas também posso recuperar o
atraso no fim de semana.

Ele acenou com a cabeça, mas algo passou pelo seu olhar.

Surpresa?

Admiração?

Respeito?

— Impressionante. Tudo bem, dirija com cuidado. Vejo você


amanhã — falou quando saímos do elevador, e paramos no meu
carro. Isso me fazia rir, ele me acompanhava silenciosamente até
o meu carro todas as noites, quando seu motorista esperava no
meio-fio. Ele passava por seu próprio carro e me escoltava até o
meu antes de voltar para o dele.
— Você sabe que não precisa me acompanhar até meu carro.
Sou uma garota crescida.

Ele sorriu e meu estômago deu aquelas pequenas reviravoltas.


Eu me amaldiçoei internamente.

— O que posso dizer? Sou um cara encantadoramente


educado. Ou você não percebeu?

Oh, eu percebi.

— Sim. Estou totalmente encantada. — Minha voz exalava


sarcasmo.

— Bem, minha mãe me mataria se eu deixasse você caminhar


sozinha para o seu carro. Então, desista agora. Isso não
acontecerá.

Tão mandão.

— Sua mãe não te envergonharia por levar uma Benson até o


carro? — falei com um sorriso forçado.

Ele inclinou a cabeça para o lado e seus olhos ficaram frios


como pedra. — Não. Ela é uma pessoa muito melhor do que eu.

Ele fez sinal para que eu entrasse e manteve seu rosto


completamente livre de emoções. Essa era uma habilidade que eu
queria aprender. Adoraria reagir assim ao meu pai quando ele se
comportasse como um bárbaro. Entrei no carro e o observei se
afastar pelo espelho retrovisor.

Saí da garagem e pedi a Siri que ligasse para minha melhor


amiga e colega de quarto, Ivy.
— Outra noitada para você? — Ivy perguntou com um bocejo.

— Sim. Estou indo para casa. Tenho alguns trabalhos


escolares para fazer e então vou dormir. Queria saber como foi o
seu encontro?

Ivy estava determinada a encontrar um namorado e tinha


marcado um encontro com um oftalmologista esta noite.

— Não foi.

— Você não foi? — perguntei.

— Não. Eu fui, mas nós como um casal... não vai acontecer.


Absolutamente não.

Não pude deixar de rir. Nos últimos quatro anos, eu tinha


ouvido Ivy encontrar algo errado em todos com quem ela tinha
saído. Eu realmente não acreditava que ela tinha superado Ty, e
achava que ela estava compensando porque ainda estava com o
coração partido por causa da coisa toda, mesmo que não
admitisse.

— Bem, para começar, ele é de Escorpião.

— O que? — Eu ri.

Sempre havia algo. Havia o cara que era intolerante à lactose


e ela gostava demais de sorvete para acomodar isso. Então havia o
cara que só comia cereal no jantar, o que não iria acontecer com
ela. O cara com os piercings, o cara que cheirava a carne e queijo,
o cara que era trigêmeo... aparentemente múltiplos ao nascer era
um gatilho para ela agora.
— Seu signo astrológico. Somos completamente incompatíveis
de acordo com as estrelas. Por que perder tempo?

— Hum... porque todos nós poderemos fazer exames de visão


gratuitos para o resto de nossas vidas se ele se tornar o Sr. Ivy
Baron — brinquei e ela caiu na gargalhada.

— Desculpa. Levo minha astrologia muito a sério.

Nunca tinha ouvido Ivy discutir astrologia e a conhecia desde


sempre.

— Então, quem é a próxima vítima? — falei acima da minha


risada.

— Dante. Ele é dono de um bar no centro, aparentemente. Não


é meu tipo usual, mas estou misturando-o. Quer? Isso é uma
pequena brincadeira de coquetel para você.

Se houvesse uma medalha de ouro para os primeiros


encontros, Ivy a receberia. Ela raramente gostava de alguém o
suficiente para ir para um segundo encontro. A maioria das
pessoas temia a estranheza dos primeiros encontros, mas Ivy
gostava da ideia de que este poderia ser o único. Embora ela
literalmente não desse uma chance a ninguém.

Eu era o oposto. Meu último primeiro encontro foi há mais de


seis meses com Will, e eu namorei com ele por alguns meses
porque não queria ter outro primeiro encontro.

Então aqui estava eu. Sem encontros e trabalhando horas


loucas para um homem gostoso que me desprezava. Eu não tinha
perspectivas porque me recusava a entrar em sites de namoro.
Mas talvez a minha nova amiga no Facebook tivesse um
vizinho sexy.

Podia-se ter esperança.

Os dias seguintes foram estranhamente agradáveis. Crew


estava me convidando para jantar em seu escritório todas as
noites. Raramente falávamos sobre trabalho. Houve olhares
roubados, e até mesmo uma pequena brincadeira de flerte, a
menos que eu estivesse imaginando. Ele até se abriu um pouco e
falou sobre sua família. Eu diria que Crew e eu estávamos
realmente nos tornando amigos, mesmo que ele nunca admitisse.
Ele brincou comigo sobre a minha amiga misteriosa durante toda
a semana, inventando teorias de conspiração ridículas.

Ela era uma fachada para um cartel de drogas e eles iam me


abordar sobre ser sua mula.

Ela estava interessada em mim sexualmente e usando a amiga


de uma amiga como fachada.

Ela precisava de um rim.

Ela estava procurando um parceiro para roubar um banco.

Ela estava abrindo um bordel e procurando uma senhora.

Ela queria ter um bebê e precisava de uma substituta quente


para carregá-lo.
Sim, Crew Carlisle inadvertidamente me chamou de gostosa.
Não me importei nem um pouco.

O homem me mandava mensagens de texto quando eu não


estava no escritório com perguntas ridículas. Ficava assustada
com o quanto gostava, com o quanto esperava vê-lo todos os dias,
e receber as suas mensagens de texto. Tentei me concentrar no
trabalho o resto da manhã.

As Magic Willows estavam explodindo meu telefone na última


hora porque elas estavam muito curiosas sobre eu conhecer Piper.
Gigi e Addy tinham feito tudo o que podiam, mas ela realmente
parecia ser uma universitária normal vivendo sua melhor vida. Ela
era dois anos mais nova que eu, frequentava a escola de arte na
cidade e tinha um namorado hipster. Realmente não havia
nenhuma bandeira vermelha. Tinha certeza de que tudo era uma
confusão, mas eu também estava um pouco ansiosa para
descobrir por que ela queria tanto me encontrar.

Terminei de enviar alguns e-mails e olhei para o meu telefone


para ver uma mensagem de Piper dizendo que ela havia chegado
mais cedo. Enviei um e-mail para Crew informando-o que eu me
encontraria com Piper para tomar um café e estaria de volta em
trinta minutos. Não esperei por uma resposta porque não
precisava de distração agora.

Meu estômago embrulhou quando entrei no elevador, não


sabia por que estava nervosa. Todas as meninas estavam
morrendo de vontade de saber do que se tratava, e eu estava no
ponto em que estava curiosa também. Não mencionei isso aos
meus pais porque sabia que eles não iriam querer que eu a
conhecesse. Minha mãe pensaria que alguém poderia me
sequestrar e eu não queria preocupá-la quando a coisa toda
provavelmente era algo bobo. Papai presumiria que era alguém
tentando tirar dinheiro de mim. O dinheiro sempre esteve na
vanguarda de cada pensamento com o meu pai, então não fazia
sentido mencionar para ele. Se Piper estivesse aqui para chorar e
pedir dinheiro, eu encerraria a reunião imediatamente. Eu não era
idiota, mas estava curiosa.

Saí dos elevadores e a vi parada a alguns metros de distância,


eu a reconheci de sua foto de perfil. Ela era bonita. Vestida com
jeans e um suéter, e quando ela olhou para cima, acenou para
mim.

Nada sobre ela parecia questionável. Seu sorriso era genuíno,


os seus olhos eram de cor semelhante aos meus, e suas bochechas
ficaram rosadas quando me aproximei.

— Piper? — perguntei.

— Sim. Maura, muito obrigada por me encontrar. Você é ainda


mais bonita pessoalmente. — Sua voz vacilou um pouco, deixando-
me saber que ela estava nervosa. — Tenho certeza de que isso
parece muito estranho, mas eu realmente queria conhecê-la.

— Bem, você definitivamente me deixou curiosa. Vamos tomar


um café. — Eu a levei em direção a Cup of Joe, a cafeteria bonita
no andar principal do saguão. Percebi dois seguranças me
observando enquanto eu passava, e limpei minha bochecha para
ter certeza de que não havia nada em meu rosto.

— Esses caras estão nos observando? — Piper sussurrou


enquanto se inclinava para mim e eu abria a porta.

— Não sei. Quer dizer, eu os vejo todos os dias, mas eles nunca
me olharam desse jeito. Meu chefe é um pouco quebrador de bolas.
Ele provavelmente os treinou para avisá-lo quando alguém sai do
escritório para um intervalo durante o dia de trabalho. — Eu ri,
tentando relaxá-la. Nós duas fizemos nossos pedidos e
encontramos uma mesa no canto dos fundos.

Conversamos um pouco enquanto esperávamos alguém trazer


nossas bebidas para a mesa. Ela me disse que tinha crescido em
Dallas e tinha dois irmãos mais novos. Nada sobre Piper era
alarmante. Na verdade, esperava que tivéssemos um amigo em
comum, porque gostei dela imediatamente.

— Então, me diga o que está acontecendo. — Apenas decidi


fazer a bola rolar. Eu só tinha vinte minutos restantes neste
momento antes de precisar estar de volta à minha mesa. Crew não
definiu um horário para nossos intervalos para o almoço, mas eu
ainda estava tentando impressioná-lo e estava determinada a
provar que poderia lidar com o trabalho de Layla. Nunca pensei
em trabalhar aqui depois da formatura porque bem, os Carlisle
eram o inimigo, mas eu não me sentia mais assim e realmente
gostava do meu trabalho. Eu queria manter todas as minhas
opções em aberto. Não que eu achasse que ele me ofereceria um
cargo após a formatura. Duvidava muito que isso acontecesse, mas
também nunca teria pensado que ele me permitiria estagiar aqui.
No mínimo, obter uma boa referência da Carlisle Ad Agency seria
muito útil.

— Isto é muito estranho. — Ela juntou as mãos nervosamente


e se mexeu na cadeira. — Isto começou como um projeto que fiz
para a minha aula de história. Estávamos pesquisando nossas
árvores genealógicas e comprei um teste de DNA para cavar um
pouco mais fundo.

— Acabei de fazer um desses recentemente também. —


Balancei a cabeça e ri. — Mas o que isso tem a ver com ter um
amigo em comum?
— Sinto muito, Maura. Tive medo de que, se lhe contasse o
verdadeiro motivo pelo qual queria te encontrar, você não viria. A
verdade é... você apareceu nos resultados do meu teste.

— Apareci em seus resultados de teste? De que maneira? —


Minhas costas ficaram retas.

— Você e eu compartilhamos muito DNA e, de acordo com


meus resultados, somos na verdade meias-irmãs. — Ela se
recostou na cadeira e me deu tempo para processar o que ela disse.

— Meias-irmãs? Isso é impossível. Tenho certeza de que erros


acontecem nesses testes o tempo todo. — Inclinei-me para a frente
e limpei a garganta. Minhas mãos estavam suando agora, então as
coloquei no meu colo.

— É ciência. Eles usam o mesmo tipo de DNA para resolver


casos de assassinato. Não é um erro, Maura. Somos parentes. —
Ela soltou um longo suspiro e me estudou.

Balancei minha cabeça. — Tem que ser um engano. Meus pais


são casados e felizes. Acho que saberia se minha mãe tivesse outro
filho ou se meu pai tivesse outro filho.

Lutei para processar o que ela estava dizendo para mim. Isso
não poderia estar certo. Isso tinha que ser um engano.

— Confrontei minha mãe. Não é um erro — ela sussurrou.

— O que ela disse? — Minha voz falhou e eu me encolhi com


o quão nervosa soei.

— Ela começou a chorar. Disse-me que há anos queriam me


contar. Aparentemente, meu pai, bem, o homem que pensei ser
meu pai, me adotou quando eu tinha apenas um ano de idade.
Eles pretendiam me dizer a verdade..., mas nunca pensaram que
era a hora certa. — Ela limpou as bochechas enquanto duas
lágrimas correram por seu lindo rosto. Meu peito apertou. Fosse
isso um erro ou não, ela acreditava e estava sofrendo e senti isso
profundamente.

Recostei-me na cadeira, completamente sem palavras.

— Quem é o seu pai? — Forcei meu cérebro e afastei meus


pensamentos irritantes. Houve rumores sobre meu pai na cidade
ao longo dos anos, mas ele sempre os encerrou com firmeza. Ele
não era aquele homem. Pensamentos sobre meu tio Carl
inundaram meu cérebro. Talvez Piper fosse uma prima e
simplesmente compartilhamos muito DNA. Isso poderia acontecer,
certo? Meus pensamentos dispararam. Tia Justine perderia a
cabeça se tio Carl fosse pai de um filho, e eu simplesmente não
conseguia imaginá-lo se perdendo.

— Meu pai é Arthur Benson — ela sussurrou, e o sangue subiu


à minha cabeça. Ela continuou a falar, mas eu não conseguia mais
ouvi-la.

Meu pai não poderia ser o pai dela.

Isso não era possível.

Um caroço se formou no fundo da minha garganta e não


consegui pronunciar as palavras. Eu coloquei minha mão no meu
peito e me forcei a falar. — Pode haver dois Arthur Benson?

— Minha mãe confessou tudo para mim, Maura. Ela me disse


que meu pai biológico é um magnata do petróleo de Willow Springs.
Eles tiveram uma aventura por um curto período de tempo. Ele
disse à minha mãe que ia deixar a esposa e, como não o fez, ela
acabou com tudo. Ela disse a ele que estava grávida alguns meses
depois e ele... — Ela fez uma pausa e desviou o olhar. Olhando
pela janela como se o sol entrando pudesse fornecer o calor que
ela precisava para dizer suas próximas palavras. — Ele insistiu
que ela interrompesse a gravidez. Ela nunca mais falou com ele.
Ela me teve por conta própria.

— O que você quer? Por que você está tentando machucar


minha família? — Minha voz tremeu e minhas mãos agarraram a
mesa. Ela parecia ferida.

— Eu não quero nada. Não se trata de vingança ou dinheiro.


Meus pais são ricos por seus próprios méritos. Eu só queria... —
Ela fez uma pausa, e uma lágrima correu por sua bochecha.

— O que? O que você quer? — perguntei e olhei para cima para


ver um dos seguranças agora dentro da cafeteria nos observando.
O que diabos estava acontecendo? Voltei minha atenção para
Piper.

— Eu só queria te conhecer. Você é minha irmã. — Sua voz


falhou e ela cobriu o rosto. — Isto foi um erro.

Eu não conseguia falar. Ela ficou de pé e saiu correndo da


cafeteria, e não a impedi. Não conseguia pensar no momento.
Estava lutando contra as lágrimas que ameaçavam se soltar e o nó
na minha garganta estava dificultando a respiração. Eu me
levantei e corri para o saguão, e segui em direção ao elevador
quando vi as portas abertas. Tentei acalmar minha respiração
enquanto puxava meu telefone da bolsa e procurava meus e-mails
em busca dos resultados do DNA.
Capítulo Oito

Crew

Este dia sempre me deixava arrasado. Fiquei em meu


escritório durante toda a manhã, porque estava de mau humor.
Era o aniversário da minha irmãzinha, outro aniversário que ela
perderia. Eu sabia que ela estava celebrando no céu porque nunca
conheci uma alma mais doce do que Belle Cecilia Carlisle.
Lembrei-me do dia em que meus pais a levaram e Knox para casa.
Ele tinha sido uma pílula por completo. Ele chorava sem parar e
estava com cólica como o inferno, mas Belle apenas absorveu tudo
enquanto estava deitada em sua cadeirinha de carro usando um
gorro e um casaco rosa. A menina tinha sido envolvida no rosa a
partir do dia em que chegou em casa. Quando você tinha quatro
meninos e uma menina, era inevitável. Mamãe e papai estavam
ocupados tentando acalmar Knox e cuidar de seus dois filhos
indisciplinados, Blade e Dax, e eu fui encarregado de cuidar da
bebê Belle. Mamãe me pedia apenas para me sentar com ela. O
que se tornou a nossa coisa. Quando eu chegava em casa da
escola, eu me deitava sobre o cobertor e a observava enquanto
todos os outros se preocupavam com o seu irmão gêmeo de alta
manutenção. Enquanto ela crescia, eu a levava para o celeiro, para
ver os cavalos, empurrava-a em seu balanço ajustado e deixava-a
mandar em mim. Eu a adorei todos os dias de sua vida. Sacudi a
sensação e me concentrei no trabalho. Mergulhei em reuniões esta
manhã e estaria em casa esta noite com minha família para
comemorar o aniversário de Belle e Knox. Sentia pelo meu
irmãozinho. Seu aniversário seria para sempre compartilhado com
a garota cuja vida foi tirada cedo demais. Ele nunca reclamou
disso, inferno, acho que o fazia se sentir mais perto dela, saber que
eles compartilhariam isso para sempre.

Terminei minha reunião final quando vi uma mensagem de


Cam, um dos seguranças lá de baixo. Pedi a ele para ficar de olho
em Maura. Não sabia no que ela estava se metendo hoje, e queria
ter certeza de que ela estava bem. Quer dizer, ela trabalhava para
mim afinal. Eu faria isso por qualquer um.

Cam ~ Srta. Benson apenas correu para o elevador e a garota com


quem ela se encontrou saiu correndo do prédio. Não parece que correu
bem.

Eu ~ Obrigado. Eu cuido disso.

Fui até a mesa de Maura para esperá-la. Depois que dez


minutos se passaram e ela não voltou para sua mesa, fui até a
frente para ver se Gwen a tinha visto. Claro, aquele idiota irritante
do Sam estava lá agindo como um idiota cantando uma música de
rap que parecia terrível. Olhei para ele e ele me deu um tapinha no
ombro como se fôssemos velhos amigos.

Não somos.

— Sr. Carlisle, o que o traz a estas bandas? — Sua cabeça caiu


para trás de tanto rir e, para minha surpresa, Gwen fez a mesma
coisa. Que porra era essa? Isso nem foi engraçado. Estas bandas?
Era a porra da recepção da minha empresa.
— Você viu Maura Benson? — perguntei, empurrando a mão
de Sam do meu ombro. — Volte ao trabalho.

Ele piscou para Gwen e foi embora. Ela rapidamente se


levantou.

— Hum, sim. Ela saiu do elevador alguns minutos atrás e


correu em direção ao banheiro. Perguntei se ela estava bem, mas
não respondeu. Estava indo agora ver como ela estava.

Mesmo? Quando faria isso? Ela parecia estar em uma


conversa profunda com Sam, o maldito paquerador. Eu teria que
me lembrar de perguntar a Maura sobre isso. A garota tinha o
pulso em todo o escritório. Ela me contou sobre pequenas brigas
que estavam acontecendo no escritório e imaginei que ela saberia
se as pessoas estivessem namorando também.

Eu a segui até o banheiro. — Vá ver se ela está aí e pergunte


se ela está bem.

— Ok. — Ela empurrou a porta e voltou logo depois. — Ela


está em uma baia. Ela disse que está bem, mas parece que está
chorando.

— Tem mais alguém aí?

— Não. Apenas Maura. Sinto-me mal. Devo voltar lá e tentar


falar com ela? — perguntou.

— Não. Eu cuido a partir daqui. Volte para sua mesa, cancele


a minha ligação de uma hora e diga a Roger que preciso reagendar.
Está no calendário de Maura, quero dizer, no calendário de Layla.

— Você quem manda. — Ela parecia quase tonta por eu ter


dado a ela mais responsabilidade do que o normal. Empurrei a
porta e tranquei-a atrás de mim. Não precisava que ninguém
entrasse e me encontrasse aqui.

— Benson — chamei, parando do lado de fora da cabine.

— Oh, meu Deus, você está seriamente no banheiro feminino


agora? — questionou, e suas palavras se quebraram em um
soluço.

Meu peito apertou. Por que diabos meu peito estava fazendo
alguma coisa? Não me importava se Maura Benson estava
chateada. Por que diabo mesmo eu estava aqui?

— Saia da cabine. — Mantive minha voz calma, mas me


certifiquei de que minhas palavras fossem diretas.

— Não. Estou bem. Estarei de volta à minha mesa em dez


minutos e ficarei até tarde esta noite. Só preciso de um minuto. —
Suas palavras eram quase inaudíveis em meio aos soluços.

Antes que pudesse me conter, sentei-me no chão do banheiro


e me inclinei para trás para poder deslizar por baixo da porta. —
Com certeza espero que você esteja decente.

— Oh, meu Deus. O que você está fazendo aqui? — Ela riu,
mas era uma mistura de tristeza e humor, e levantei-me. Ela
estava parada no canto encostada na parede. Seus olhos estavam
inchados e suas bochechas manchadas de lágrimas estavam
rosadas.

— O que aconteceu? —perguntei, puxando-a contra meu peito


e envolvendo meus braços em torno dela, não pude evitar. Seu
cheiro de lavanda era algo que eu sempre havia notado antes, mas
agora era tudo que me envolvia, e não me importei nem um pouco.
— Piper não é uma pessoa má. Ela não está mentindo.

Estava preocupado que isso fosse algo real. Arthur Benson


tinha uma reputação, e nada me surpreenderia com aquele pedaço
de merda. O pensamento passou pela minha cabeça que isso
poderia ter algo a ver com ele. Talvez uma amante que estava
estendendo a mão para sua filha? Esperava que isso fosse uma
piada ou apenas alguém em uma perseguição, mas no fundo da
minha mente, eu me perguntei se seria algo real. Algo que a
devastaria. Razão pela qual eu tinha Cam e Patrick cuidando dela.

— Quem é ela? — perguntei enquanto ela respirava longa e


lentamente para tentar se acalmar. Ela não tentou se afastar de
mim e eu me inclinei contra a parede da cabine e a segurei perto.

Inspirando toda essa bondade.

Porque Maura Benson não se parecia em nada com o pai. Ela


era honesta, calorosa e boa.

— Ela diz que é minha meia-irmã. Ela fez um teste genético, e


eu também fiz um tempo atrás, e ele nos mostrou uma
combinação. Nunca tinha entrado para verificar meus resultados
até agora. — Ela me entregou seu telefone. Com certeza, Piper Rose
compartilhava 48,9% do DNA com Maura Benson, tornando
provável que fossem meias-irmãs.

— Pode ser um erro? — Eu queria fazê-la se sentir melhor.


Sabia no meu íntimo que tudo isso era muito provável, mas por
algum motivo, eu queria confortar essa garota.

Ela se afastou e olhou para mim, e a dor em seus olhos era tão
crua que quase me fez cair de joelhos. — Ela não está mentindo,
Crew. Eu posso dizer. Ela não quer nada de mim, a não ser me
conhecer. Para conhecer sua outra família.
Sua voz tremeu e afastei o cabelo de seu rosto. Ela tinha um
rosto tão bonito. Maura Benson era possivelmente a mulher mais
bonita que já vi. Mesmo com seus olhos inchados e lábios trêmulos
ela me tirava o fôlego, e de alguma forma, nas últimas semanas,
nós nos tornamos amigos. Eu me importava com ela, eu me
preocupava com ela, pensava nela o tempo todo, porra.

— Então você acredita nela? — perguntei.

— Eu sei que ela não está mentindo. Ela não tem nada a
ganhar. Ela me mostrou seus resultados e eu tenho os mesmos
resultados. E meu pai... — Ela se virou como se precisasse de um
minuto para organizar os seus pensamentos.

— Ela me contou todos os detalhes sangrentos. O caso. O fato


de que ele prometeu deixar sua esposa, e a pior parte, que ele
insistiu que a gravidez fosse interrompida.

Soltei um longo suspiro e a puxei contra mim novamente.


Maura ficou perturbada com a notícia. Gostaria de poder dizer que
estava surpreso, mas não estava. Correram rumores de que ele
teve vários casos ao longo dos anos e eu o tinha visto no clube
flertando com garotas com metade de sua idade, sem se importar
com sua esposa. Ele era realmente um homem terrível em mais
aspectos do que eu poderia começar a contar.

— Como você aceitou a notícia dela?

— Mal — resmungou e agarrou minha camisa em seus dedos.


— Perguntei por que é que ela estava tentando arruinar minha
família. Não sei por que é que disse isso. Eu não conseguia
processar o que ela estava me dizendo. Ela saiu correndo da
cafeteria. Magoei seus sentimentos e ela é muito legal, ela é minha
irmã perdida. Uma irmã que eu nem sabia que tinha.
— Bem, visto que seu pai é um pedaço de merda coxo, talvez
seja bom descobrir que você tem outros membros na família —
falei, e ri um pouco para tentar iluminar o momento.

Ela se afastou, os cantos dos lábios se ergueram um pouco e


ela enxugou as lágrimas escorrendo pelo rosto. — Preciso me
desculpar com ela.

Concordei. — Não há pressa. É muito para processar. Você vai


falar com os seus pais?

— Minha mãe vai ficar arrasada. Como posso dizer isso a ela?
Ela está realmente fora da cidade com minha tia neste fim de
semana. Eu deveria ir para casa e falar com meu pai sozinha. É
sexta-feira, talvez eu dirija para Willow Springs esta noite depois
do trabalho. Assim meu pai terá que me olhar nos olhos. Ele não
será capaz de mentir, e então vou acertar as coisas com minha
mãe e com Piper.

— Vou de helicóptero para casa esta noite. Por que você não
pega uma carona comigo? — Por que diabos estava oferecendo-me
para ajudá-la? E hoje de todos os dias.

— Com você? — resmungou novamente e balançou a cabeça.


— Eu não posso te pedir para fazer isso.

— Você não está pedindo. Eu ofereci. Eu vou para lá mesmo.

— Hoje é o aniversário da sua irmã? — ela perguntou,


enquanto inclinava a cabeça para o lado. Eu não via mais a desova
de Satanás quando olhava para ela. Eu via empatia. Tristeza.
Compaixão genuína.

Concordei. — É. Belle faria vinte anos hoje. O mesmo que


Knox.
Nunca conversei sobre minha irmã com ninguém. Inferno,
quase não falei com minha família sobre ela, mas Maura tinha
acabado de compartilhar algo muito devastador comigo e ela
perguntou, então não mentiria.

— Eu não conhecia sua irmã, mas gostaria de ter conhecido.


— Sorriu.

— Por quê? — Uma leve risada escapou. Afinal, éramos


inimigos por direito de nascença.

— Porque teríamos quase a mesma idade, e tenho certeza de


que ela era boa como sua mãe. Na verdade, todos na sua família
sempre foram legais comigo, exceto você. — Ela encolheu os
ombros.

— É um dom.

— O que? — Ela mordeu o lábio inferior, e eu lutei contra o


desejo de me inclinar para frente e provar sua boca doce.

Que porra era essa?

— Ser o idiota da família. Todo mundo precisa de um.

— Bem, acontece que você não é tão ruim e aposto que teria
sido amiga de sua irmã.

— Um Carlisle e um Benson? Duvidoso.

— Olhe para nós. Somos meio que amigos agora. — Suas


bochechas ficaram rosadas e ela ergueu uma sobrancelha para
mim, desafiando-me a discordar dela.
— Certo. Você também não é tão ruim. Venha comigo. Isso vai
me ajudar a não pensar nesta data. Podemos sair em uma hora.
Vamos encurtar o dia.

— Metade do dia? Isso é tão diferente de você — ela falou com


um sorriso e eu sabia que ela estava mudando.

— Você está tentando me convencer a trabalhar o dia inteiro?


É pegar ou largar.

— Você apresentou uma barganha difícil, Crew Carlisle. Posso


dirigir uma hora e meia para casa depois de um dia inteiro de
trabalho ou trabalhar metade do dia e voar em um helicóptero
sofisticado? Você ganhou.

Empurrei meu peito como se tivesse acabado de ganhar uma


batalha que eu não achava que podia ganhar, ou talvez fosse
porque Maura Benson e eu estávamos viajando para casa hoje, ou
talvez fosse porque esse geralmente era um dos piores dias do ano
para mim, mas mesmo com toda a tristeza, eu me sentia... bem.
Talvez até muito bem. Algo sobre essa garota me acalmava. Eu não
sabia o que era, mas era definitivamente inesperado.

Comemos espaguete com almôndegas, o que sempre


comíamos nos aniversários de Knox e Belle. Era o prato favorito
deles. Nós nos sentamos ao redor da mesa contando histórias
sobre ela e compartilhando algumas de nossas memórias favoritas.
A menina era a princesa com quatro irmãos mais velhos que
pairavam ao seu redor o tempo todo. Eu raramente falava sobre
Belle quando estávamos todos juntos, mas por algum motivo esta
noite, eu estava bem com isso.

— Acho que minha memória favorita foi quando a levei para


passear um dia, cerca de um mês antes dela falecer. Mamãe não
achava que ela estava disposta para isso, mas Belle tinha me
implorado, então eu a agasalhei e a tirei de casa — falei, enquanto
enxugava minha boca com o guardanapo.

— Você nunca me disse isso — disse minha mãe, surpresa.

— Isso é porque ele raramente fala sobre Belle. Ele segura tudo
— Blade disse e eu revirei os olhos.

Idiota de merda.

— Nem todos compartilhamos demais. — Eu ri.

— Você parece terrivelmente animado hoje. Está acontecendo


alguma coisa, irmão? — Dax perguntou, olhando-me do jeito que
sempre fazia quando sabia de alguma coisa. — Quando eu pousei
no hangar esta noite, Marie me disse que você voou uma hora
antes de mim.

Marie trabalhava na recepção do hangar onde guardávamos


nossos carros e estacionávamos os helicópteros. Ela também era a
fofoqueira da cidade e eu não tinha pensado nisso quando convidei
Maura para voar para casa comigo. Eu sabia que ele estava
morrendo de vontade de compartilhar seu segredinho.

Como eu disse. Todos eles compartilhavam demais.

— Nada a dizer.
— Oh, eu discordo. Nossa jovem Marie disse que você voou
com uma pequena senhora ao seu lado — ele gorjeou, e eu revirei
os olhos.

— Marie tem oitenta e dois anos. Nada de jovem nela, além do


fato de que ela fofoca como uma adolescente.

— Você está desviando. Quem é a sortuda? — Blade


questionou com a boca cheia de comida.

— Boas maneiras, por favor. — Minha mãe ergueu a


sobrancelha para meu irmão e ele riu. Ela vinha tentando nos fazer
comer com a boca fechada durante toda a nossa vida. — Talvez
Crew não esteja pronto para nos dizer. Não se intrometa, ele dirá
quando estiver pronto.

Soltei uma risada. — Não há segredo aqui. Dei uma carona


para Maura Benson para casa. Ela teve uma emergência familiar
e eu voltaria para casa de qualquer maneira. Não mencionei
porque não há nada para contar. — Senti todos os olhares em mim,
peguei um garfo no macarrão e dei uma boa mordida.

— Muito interessante, C-dawg. Primeiro, você contrata o


inimigo. Então você viaja com o inimigo. Qual é o próximo?
Dormindo com o inimigo? Estou totalmente aqui para isso, a
propósito. Maura Benson é muito quente. Talvez você possa pedir
a ela para eu me encontrar com Coco Radcliff — disse Knox.

— Knox Daniel. Não fale sobre uma mulher assim. — Minha


mãe deu um tapa na cabeça dele com uma risada, porque toda vez
que ela tentava ser severa conosco, ela ria, o que nos fazia fazer o
mesmo. — E ela não é a inimiga. O pai dela é minha pessoa
favorita? Não. Mas Maura não tem nada a ver com isso.
— O que? Chamá-la de gostosa não é ofensivo, mãe. E todos
nós sabemos o quanto C-dawg odeia os Bensons. — Ele sorriu.

— Eu odeio o pai dela. Mas ela não é a inimiga e não há


absolutamente nada acontecendo entre nós. Ela é apenas uma
estagiária que por acaso precisava de uma carona para Willow
Springs. Ela não é nada para mim. — Mesmo quando as palavras
saíram da minha boca, eu sabia que eram besteiras. Não sabia o
que ela era, mas nada ela não era, com certeza.

Nada não aparecia em seus sonhos todas as noites.

Nada não consumia seus pensamentos o dia todo.

— Quem você está tentando convencer, filho? — meu pai


brincou e revirei os meus olhos. Todos eles perderam a cabeça.

— Pensei que seus olhos sempre foram verdes, como os de


mamãe — falou Dax com um sorriso malicioso.

— Eles são — sibilei antes de me inclinar para trás em meu


assento. Esperava por isso. Esses idiotas adoravam me irritar.

— Acho que você está tão cheio de merda que eles parecem
marrons esta noite. — Ele soltou uma risada e Blade o
cumprimentou.

— Muito original, e sabe o que dizem sobre as pessoas que


riem das próprias piadas?

— O que? — Ele deu uma mordida enorme no pão de alho.

— Que eles não são muito engraçados, é por isso que eles são
os únicos rindo — falei secamente, e a mesa explodiu em
gargalhadas novamente.
Era bom rir. Este dia sempre foi pesado. Mesmo quinze anos
depois, isso me pesava todos os anos. Falávamos apenas do
aniversário de Belle e não da piada cruel que o universo nos pregou
ao levá-la embora no mesmo dia em que ela entrou no mundo. O
aniversário de Knox era no mesmo dia em que Belle deixou este
mundo.

Lembrava-me como se fosse ontem. Para sempre seria o pior


dia da minha vida. Ouvindo os gritos da minha mãe. Sabendo que
meu pai não conseguiu dizer adeus à sua filhinha. Ele confiou que
eu estivesse lá. Para cuidar da mamãe.

E, mais uma vez, meu ódio por Arthur Benson era mais forte
do que nunca.
Capítulo Nove

Maura

Meu pai teve um evento ontem à noite, então quando eu


mandei uma mensagem para ele dizendo que voltaria para casa e
precisava falar com ele, perguntou se poderíamos esperar até de
manhã e nos encontrarmos no café da manhã. Revirei a noite toda
e o ouvi chegar pouco depois da meia-noite, mas fingi estar
dormindo. Foi um dia emocionante. Sabia que ele teria bebido em
seu evento e precisava que ele estivesse preparado para essa
conversa. Oh, meu Deus. Minha pobre mãe. Como ela lidaria com
isso? Eles se divorciariam? Ela o perdoaria?

Sentei-me à mesa da cozinha, ansiosa para encerrar essa


conversa. Mandei uma mensagem para Piper e desculpei-me pela
maneira como terminei nossa conversa. Disse a ela que estava em
casa e que entraria em contato em breve. Ela merecia muito mais
do que recebera de meu pai, e eu não tinha exatamente lidado bem
com as coisas.

— Hey, querida. — Alice deu a volta na mesa e me abraçou,


dando um beijo no topo da minha cabeça. Ela trabalhava para
nossa família desde que eu estava no jardim de infância. Ela fazia
tudo por aqui. Ela cozinhava, limpava, administrava o calendário
social dos meus pais. A mulher era uma santa. — Eu não sabia
que você estava em casa. Não vi seu carro lá fora.
— Oi. — Levantei-me para dar um abraço nela. Precisava de
um abraço de Alice agora. Essa mulher fazia parte da família desde
que eu conseguia me lembrar. Ela compareceu a todos os meus
recitais de dança, shows de cavalos e eventos escolares. — Eu
consegui uma carona. Só voltei para casa por um dia. Espero que
papai se levante logo.

Ela beijou minha testa e sentei-me novamente. — Está com


fome? Posso pegar um pouco de chá e torradas para você?

— Isso parece ótimo. Obrigada.

— Claro. Sinto saudade de você. Estou ficando animada para


a formatura. Como está indo o estágio? — perguntou enquanto
colocava a chaleira no fogo. Eu confiei em Alice com todos os meus
segredos e ela sabia sobre onde eu estava estagiando também. O
único que não conhecia o verdadeiro lugar era meu pai. Ele
acreditou em mim quando lhe disse que era uma empresa
diferente, porque não tinha motivo para não acreditar. Nunca
menti para ele antes, e já que ele tinha tantos segredos próprios,
eu não me sentia mais tão culpada por isso, mas eu não estava
pronta para compartilhar este com ela. Eu precisava falar com
minha mãe primeiro.

— É bom. Posso te perguntar uma coisa? — sussurrei quando


ela veio colocar a torrada e o chá na minha frente e se deixou cair
na cadeira ao meu lado.

— Claro. O que está acontecendo?

— Bem, você viveu aqui toda a sua vida. Você sabe o que
aconteceu com Belle Carlisle? — perguntei.

Seus olhos lacrimejaram e eu vi a empatia. Alice era uma alma


tão boa. — Ela era uma criança tão bonita. Tão terrível vê-la sofrer
do jeito que ela sofreu. Do jeito que todos eles sofreram. — Ela
colocou a mão no peito e fechou os olhos. — Eles são uma família
incrível. Realmente se apoiaram uns nos outros durante isso.

— O que aconteceu?

— Ela tinha leucemia. Ela lutou por dois anos e seu corpinho
ficou muito fraco. Lembro-me de ouvir sobre seu irmão mais velho,
para quem eu acho que você trabalha, Crew. — Sua voz estava um
pouco acima de um sussurro. — Foi muito polêmico na época, mas
acredito que ele era compatível e doou sua medula óssea para ela.
Acho que todos esperavam que funcionasse. — Ela balançou a
cabeça e estendeu o polegar para limpar a lágrima que escorria
pela minha bochecha.

— Isso é tão doloroso.

— Provavelmente é a pior coisa que já aconteceu nesta cidade.


Todos lamentaram por eles. Por uma vida perdida tão jovem.

Tentei pensar no passado. — Não me lembro de meus pais


falando sobre isso. Todo mundo foi ao funeral?

Ela ficou de pé, claramente desconfortável. — Todo mundo na


cidade estava lá, incluindo sua mãe, mas não, seu pai não
compareceu. Você sabe que eles têm essa briga de longa data.

Suspirei. Os Carlisle perderam uma filha. Meu pai nem sabia


por que não gostava deles, e como ele podia continuar a ser cruel
depois do que eles passaram? Fiquei em estado de choque quando
a realidade de tudo se estabeleceu.

— Não me lembro de ter ouvido falar disso depois.


— Você era jovem. Ninguém levou seus filhos para o culto além
dos Carlisle, pois eles eram seus irmãos. Lembro-me de ver aqueles
quatro meninos sentados no banco da frente tentando conter toda
aquela emoção, mas acho que uma morte na infância é
aterrorizante para todos. Então, você foi protegida disso, assim
como a maioria das crianças da cidade, mas essa família é toda
força e calor. Eles não se desfizeram. Todos os meninos voltaram
para a escola e seguiram em frente. Estávamos todos preocupados
com aqueles meninos. Foi uma perda terrível. Eles com certeza
adoravam aquela garotinha.

Limpei outra lágrima escorrendo pela minha bochecha e


peguei meu chá. A voz de meu pai soou descendo as escadas e
entrando na cozinha.

— Onde você está, querida? — ele cantou. Ele estava com um


humor animado. Houve momentos em que meu pai era tão gentil
e atencioso, e outras vezes ele podia ser mesquinho e frio. Eu me
acostumei a ler seu humor, estava grata por ele estar sendo
agradável agora. Embora eu duvidasse que duraria muito.

— Posso pegar um café da manhã para você? — Alice


perguntou quando ele entrou.

— Não, estou bem. Vou tomar um café e depois conversar com


minha linda filha. Não é uma maneira ruim de começar a manhã.

Alice largou o café e pediu licença para que pudéssemos


conversar.
— Então, o que foi, Sunshine4? Sua mãe vai ficar chateada por
ter perdido sua visita.

— Preciso falar com você, pai. E não será uma conversa


agradável.

Ele estreitou o olhar e sorriu. — Você estourou o cartão de


crédito? Fazendo uma pequena terapia de compras? Entendo.
Você está trabalhando muito. Você sabe que estou bem com você
gastando o que precisa e deseja. Confio em você, querida.

Como eu disse, o homem podia ser extremamente generoso.

Com seu dinheiro.

Se eu contasse a ele onde estava trabalhando atualmente e


quem tinha me trazido para casa em seu helicóptero, estaria
falando com um homem diferente. Todo o inferno explodiria. Meu
pai poderia ganhar uma moeda de dez centavos e, quando o fazia,
ele poderia ser uma das pessoas mais intimidadoras que eu já
conheci.

— Não se trata de terapia de compras. Tenho estado tão


ocupada no trabalho que não faço compras há meses. — Tomei um
gole de chá, criando coragem.

— Você sabe que não precisa trabalhar, querida. Imagino que


nos próximos dois anos você se casará com um homem e o
trabalho será coisa do passado. E até então, fico feliz em mimar
minha garota. — Ele riu e foi um som alto e ruidoso vindo de sua
barriga.

4
Sunshine significa raio de sol.
Eu não ri.

— Tenho vinte e dois anos. Não estou procurando marido.


Estou animada para começar minha carreira, mas há algo
importante que preciso discutir com você.

— Ahhh... isso é sobre a sua educação, não é? A pós-


graduação não seria tão ruim. John Roscoe me disse que sua filha
acabou de entrar em Harvard para obter o doutorado. Eu não me
importaria de dizer a ele que minha garota entrou na pós-
graduação. Sim. Pode fazer isso — papai disse enquanto batia com
a mão na mesa duas vezes. Eu o estudei. Ele sempre foi tão
desconectado? Eu apenas me recusei a ver isso? — Deixe-me
adivinhar. Você quer que eu lute com sua mãe por você. Ela
gostaria que você terminasse a faculdade e voltasse para casa, mas
vou lutar por você. Inferno, você me deu mais direitos de se gabar
quando se trata de suas notas do que seus irmãos jamais deram.

— Não se trata de uma pós-graduação. — Soltei um longo


suspiro e olhei para cima para encontrar seu olhar avelã. — Isso é
sobre uma garota que eu conheci. O nome dela é Piper e ela mora
em Dallas.

Eu encarei meu pai, esperando para ver se ele sabia sobre ela.
Mesmo que eles nunca tivessem se falado, isso não significava que
papai não tivesse voltado para verificar se a mãe de Piper havia
continuado com a gravidez. Meu pai era um empresário astuto. Ele
não a teria seguido para ver o que ela faria? Esperei para ver
qualquer sinal de remorso ou culpa, mas isso nunca aconteceu.
Ele tomou um gole de café e encolheu os ombros. — Quem é Piper
de Dallas?

Soube naquele momento que ele não tinha ideia de que ela
existia. Meu pai tinha uma cara de pôquer incrível, mas depois de
anos lendo-o, eu estava familiarizada com todas as suas histórias.
A maneira como sua mandíbula cerrava quando ele ficava nervoso
ou a maneira como evitava o contato visual, e agora ele não estava
mostrando um único sinal de preocupação.

— Pai. Ela mora em Dallas e frequenta a escola de arte. Ela é


dois anos mais nova que eu. Eu acredito que você conhece a mãe
dela, Sarah Streusel. — Piper tinha me dito o nome de solteira de
sua mãe e agora estava permanentemente gravado em meu cérebro
para sempre.

A mãe da minha irmã.

Todo o sangue deixou seu rosto. Ele ficou completamente


branco como um lençol. Seu sorriso se desvaneceu. Seus olhos
escureceram. Seus ombros se endireitaram.

Eu soube naquele momento que tudo era verdade.

Sem ele nem mesmo dizer uma palavra.

— Sarah tem uma filha dois anos mais nova que você? — Ele
ficou de pé e caminhou pela cozinha.

— Sim.

Ele voltou ao seu lugar e me encarou. — Você contou a sua


mãe sobre essa garota?

Que inferno maldito? Ele tinha uma filha que nunca conheceu.
Sua primeira preocupação não deveria ser perguntar se ela estava
bem? Querer saber sobre seu bem-estar?

— Não. Eu não acho que isso deveria cair sobre mim.


— A garota quer dinheiro? — ele perguntou, estudando-me
como se eu tivesse todas as respostas para seu segredo mais
profundo e sombrio. Claro que ele pensaria que ela queria
dinheiro.

— O nome dela é Piper, pai. Ela não quer nada de você. Ela fez
um teste DNA e descobriu que tinha uma irmã, o que por sua vez
a fez questionar sua mãe sobre isso.

— Que diabos é um teste DNA?

— É aquele teste genético que Coco nos deu no Natal, lembra?


Bem, Piper e eu éramos iguais.

— Eu disse a você que aquela garota era um problema. Sempre


mexendo a panela.

— Coco? Do que você está falando? Você tem uma filha que é
um resultado direto de um caso que você teve. Não tente culpar
Coco por me comprar um teste. É DNA. É ciência. Não que isso
importe, sua mãe finalmente disse a ela a verdade.

— Bem, ela com certeza não me mostrou o mesmo respeito. —


Seu punho colidiu com a mesa e eu pulei na minha cadeira.

— Respeito? Você teve um caso com ela e então lhe disse para
abortar o bebê. Eu não acho que ela se sentia como se devesse algo
a você — gritei e me levantei agora, porque ele não estava reagindo
da maneira que eu queria. Ele não ficou arrasado por ter perdido
vinte anos da vida de sua filha. Ele queria culpar outra pessoa,
como sempre fazia.

— Não se atreva a usar esse tom comigo. Adivinhe? A vida nem


sempre é perfeita, Maura. Você cresceu com uma colher de prata
na boca e nunca quis nada. E você tem que agradecer por isso.
Então você me deve. Essa conversa fica entre nós. Você não vai
compartilhar isso com sua mãe. E você definitivamente não verá
essa garota novamente. — Ele estava de pé agora, lotando meu
espaço. Pairando sobre mim. Fazendo todas as tentativas de me
intimidar.

E estava funcionando.

Minhas pernas tremiam.

Minhas mãos tremiam.

Meu lábio inferior estremeceu.

— Pai, você tem uma filha. — Lágrimas escorriam pelo meu


rosto. — Acho que devo me considerar sortuda por você concordar
em ficar comigo.

Eu estava gritando agora, o que não era aceitável em nossa


casa, mas não me importei. O que parecia ser uma casa perfeita
por fora estava cheia de segredos e mentiras.

— Escute-me. Às vezes a vida é complicada, querida. Faz parte


do crescimento. Este é um negócio de família e precisa ficar entre
nós. Vou mandar um investigador fazer algumas averiguações
sobre essa garota e se certificar de que não seja tudo uma farsa
para tirar dinheiro de mim.

Eu balancei minha cabeça. — Nem sempre se trata de


dinheiro, pai.

Corri em direção à porta da frente antes que ele pudesse


responder. Precisava pensar. Queria sair daqui. Longe dele.
A frieza de meu pai me devastou. Havia algo faltando ali.
Empatia? Compaixão genuína? Eu já tinha visto isso antes muitas
vezes ao longo dos anos, mas nunca nessa magnitude.

— Você está bem? — Alice sussurrou enquanto agarrava meus


dois braços no foyer. — Querida, o que aconteceu?

— Ele é horrível. Preciso sair daqui.

Ela não discordou. Passou os braços em volta de mim e me


abraçou com força. Corri para fora da porta e direto para o celeiro.
Tivemos vários cavalos, e os passeios tinham sido sempre a minha
fuga. O momento que eu limpava minha cabeça. Eu queria ligar
para Wes e Lyle, mas eu não estava pronta para falar com meus
irmãos sobre o assunto. Queria chamar as meninas, mas não
podia. Não podia admitir para ninguém que o meu pai não se
importava que ele tinha uma filha. Ele não mostrou qualquer culpa
sobre ter um caso todos aqueles anos atrás. Provavelmente porque
não era o seu primeiro nem o último.

Talvez ele tivesse vários filhos que eu não conhecia.

Abri o celeiro e Jasmine saiu imediatamente. Eu a cavalgava


desde que era uma garotinha. Pulei e saí correndo do celeiro, vi
meu pai parado ali quando passei por ele. Ele não falou ou tentou
me impedir. Ele me seguiu, provavelmente esperando me
convencer a ficar em silêncio. Deixar que ele guardasse esse
segredo de minha mãe. Para virar as minhas costas para Piper. A
bile subiu na minha garganta enquanto Jasmine se movia mais
rápido. Inclinei-me para frente, lutando para ver através do meu
olhar lacrimejante.

E continuei cavalgando.

Queria nunca voltar.


Capítulo Dez

Crew

Eu estive cavalgando com Harley por algumas horas e a levei


direto para o limite da propriedade. Havia uma placa na cerca de
madeira informando aos invasores que seriam presos.

Idiota.

Tínhamos uma tonelada de terra, assim como os Bensons.


Nossos lotes estavam voltados um para o outro, mas não tínhamos
placas em nossa propriedade. Às vezes, encontrávamos
caminhantes ou pessoas a cavalo que tinham se desviado da trilha.
Quando você tem mais terras do que Deus, não precisa ser
ganancioso. Meu pai nunca acreditou em ameaçar os outros.
Nossas terras frequentemente forneciam um atalho para a cidade,
e não havia mal nenhum em permitir que as pessoas tomassem o
caminho mais rápido.

O som de soluços me fez virar a cabeça e pular de Harley.


Fungos e suspiros foram um pouco abafados pelo vento, então eu
fiquei em cima da cerca e usei minha mão para proteger o sol dos
meus olhos. A cerca de quinze metros de distância, vi um lindo
cavalo árabe marrom parado ao lado do velho carvalho.

— Benson? — gritei quando vi uma garota afundada contra a


árvore. Sua cabeça disparou e ela limpou as bochechas.

— Ei.
— Ei? O que diabos você está fazendo aqui? — perguntei, e o
olhar em seu rosto fez meu peito apertar. Era pior do que quando
a encontrei no banheiro ontem. A conversa, obviamente, não tinha
ido bem.

— Eu só precisava fugir. — Ela ficou de pé e começou a andar


em minha direção, segurando as rédeas de seu cavalo enquanto o
guiava para segui-la.

— Sim? Quer falar sobre isso?

— Não há muito a dizer — ela resmungou. — Meu pai é


exatamente quem você pensava que ele era. Acho que você pode
estar certo sobre os Bensons.

Abri o portão e ela passou. Certamente eu não estava pisando


no lado errado, já que Arthur Benson não teria problemas em
atirar em mim a sangue frio. Ela precisava vir por aqui. Antes que
pudesse me conter, puxei-a em meus braços e a segurei contra
meu peito e ela chorou. Não perdi a devastação quando seu corpo
estremeceu contra o meu. Nunca me deixei desmoronar, mas senti
a dor. Reconhecia a dor. E eu queria tirar isso dela.

— O que aconteceu? — Seu perfume de lavanda me cercou, e


não percebi o quanto senti falta dele. Eu a tinha visto ontem, mas
tinha sentido sua falta esta manhã. Campainhas de alarme
estavam tocando e não me importava. Eu não dava a mínima. Só
queria fazê-la se sentir melhor. Confortá-la.

— Ele é tudo que você pensou que ele era. Sou apenas a última
a saber. — Suas palavras eram quase inaudíveis em meio aos
soluços.

Eu odiava Arthur Benson por tanto tempo quanto podia


lembrar, mas agora desejava não o fazer. Gostaria de poder dizer-
lhe que seu pai não era um homem mau. Gostaria de poder corrigir
as coisas para ela, e isso me assustou pra caralho. Porque Maura
Benson não era alguém que eu deveria estar consolando. Ela não
era alguém que eu deveria estar fantasiando a cada dia maldito no
chuveiro. Eu não tinha remarcado com Juliette, embora ela
continuasse a enviar mensagens de texto. O que me fez continuar
a dar desculpas do porquê eu não podia vê-la. Brynn tinha tentado
muito e eu virei um fantasma para ela. Porque eu não conseguia
ver direito quando estava em torno de Maura. Ela era tudo em que
eu pensava.

— Tenho certeza de que ele tem algumas qualidades


redentoras. Quer dizer, ele tem você — falei, tentando pensar em
qualquer coisa que pudesse fazê-la se sentir melhor.

O maldito Arthur Benson tinha uma qualidade redentora pelo


que podia ver. Ele tinha uma filha incrível. Seus filhos eram bons,
bem, mas nós sempre evitamos uns aos outros. Estou certo de que
ele tinha que ameaçá-los para se certificar que ficassem longe. O
homem era tóxico.

— Por que você está sendo tão legal comigo? Você me odeia,
lembra? — ela disse, afastando-se para olhar para mim.

— Não te odeio, mas com certeza tentei. — Eu ri e um pequeno


sorriso se espalhou por seu lindo rosto. — Deus, você é tão bonita.

Ela riu agora. Uma risada encorpada e vibrante. Sua cabeça


caiu para trás, e mesmo com todas aquelas lágrimas escorrendo
pelo rosto, ela conseguiu abraçar o momento.

— Crew Carlisle, você acabou de me dar um elogio? O que está


acontecendo aqui?
— Posso ter dado sim. Quero dizer, você ainda é uma Benson,
mas isso não significa que eu não a acho linda. — Eu sorri e seu
rosto caiu.

— Eu sou uma Benson.

— Porque você está chateada, vou lhe contar um segredinho.


Acho que vai te animar.

— Mal posso esperar para ouvir — falou e usou a manga para


limpar a umidade restante sob os olhos.

— Naquele dia em que você bateu na traseira do meu carro. —


Limpei minha garganta. — Estava olhando para você no meu
espelho retrovisor. Não a via há muito tempo e apenas a sua visão,
deixou-me sem fôlego.

Seu olhar estudou o meu antes de um largo sorriso se espalhar


em seu rosto. — Eu sabia disso porque também estava olhando
para você.

— É mesmo? — falei, colocando seu cabelo atrás da orelha.

— É. Mas então eu saí do carro e você foi um idiota comigo.

— Isso é porque eu estava chateado por ter causado um


acidente porque não conseguia desviar o olhar de você, e então
você saiu do carro e estava pedindo desculpas, tão legal e bonita,
e eu estava completamente...

— Completamente, o quê?

— Encantado. — Corri meu polegar em sua bochecha.


— Você ainda está encantado? — ela perguntou um pouco
acima de um sussurro.

— Estou. Muito mesmo.

— Afinal, o que isso quer dizer? Porque agora eu entendo por


que você odeia minha família e eu sou uma parte disso. Eu sou
uma parte de meu pai. Assim, não faz sentido deixar nada
acontecer aqui. Não poderíamos ir a qualquer lugar. — Ela deu um
passo para trás, mas me mudei para o seu espaço e coloquei uma
mão em sua bochecha.

— Não dou a mínima para o seu sobrenome. Sei quem você é.

— E quem sou eu? Inferno, nem sei quem eu sou. Só acabei


de descobrir que meu pai é um monstro. Eu estive cega sobre com
o que ele se preocupa. Tenho uma mãe de quem estou mantendo
um segredo terrível e eu tenho uma irmã com quem não estou
autorizada a falar. Não gostaria de chegar a algum lugar perto de
mim se eu fosse você — ela disse, sua voz estava tensa como seu
olhar fixo no meu.

— Bem, é uma coisa boa você não ser eu.

— Por quê? — ela sussurrou.

— Porque você é tudo em que penso. — Meus dedos se


moveram em seu cabelo grosso e sedoso, assim como eles estavam
ansiosos para fazer desde o primeiro dia em que ela entrou no meu
escritório.

— Sim? O que você pensa sobre mim? — Ela se aproximou,


pressionando seu peito contra o meu, e seu hálito quente fez
cócegas na minha boca. Seus lábios estavam tão próximos que se
eu me inclinasse um pouco mais, poderia sentir o gosto, e eu a
queria. Mais do que jamais quis alguém. Não conseguia pensar
com clareza quando Maura estava por perto.

Ela trabalhava para mim.

Seu pai era o homem que eu mais desprezava nesta terra.

Isto nunca poderia funcionar.

Ela estava certa, não poderíamos ir a lugar nenhum.

Mas agora eu não me importava.

— Eu penso em provar essa sua boca doce. Eu penso em


passar um tempo com você fora do trabalho. Sobre sua risada e
seu sorriso. Sobre como suas bochechas ficam vermelhas toda vez
que você me pega olhando para você.

— Eu penso sobre essas coisas também, mas isso não significa


que devemos agir sobre isso. Apenas tornaria tudo mais
bagunçado do que já é — falou, e então cobriu o rosto. — Quero
dizer, sobre a parte de beijar você.

Inclinei-me mais perto, puxando suas mãos longe de seu rosto.


Meus lábios roçaram os dela. — Só porque não deveríamos, não
significa que eu não queira. Além disso, não me importo com
bagunça no momento. Escolheria você bagunçada em qualquer
dia.

Ela roçou seus lábios contra os meus. Meu pau estava furioso
atrás do meu zíper. Passei um braço em torno de suas costas e até
sua bunda perfeitamente redonda. Levantei-a do chão com uma
mão, no momento em que nossas bocas colidiram.
Beijei muitas mulheres ao longo dos anos, mas nunca um
beijo foi algo perto desse. Suas mãos estavam em meu cabelo, e
inclinei seu rosto apenas o suficiente para que pudesse levar o
beijo mais profundo. Minha língua mergulhou, provando e
explorando enquanto a sua língua fazia uma dança selvagem com
a minha.

Perfeição explosiva era a única maneira que eu poderia


descrever.

A maneira como ela incendiou meu corpo. Querendo e


precisando de uma forma que eu nem sabia que existia.

Ela gemeu em minha boca e balançou seus quadris contra os


meus, e quase gozei aqui mesmo. Eu me sentia como um
adolescente fazendo sexo pela primeira vez. Era uma luxúria
irracional. Uma necessidade inexplicável.

Um desejo tão forte que eu não poderia parar, mesmo que


quisesse.

E eu não queria.

Nós lidaríamos com as consequências mais tarde, porque


agora, era aqui que nós dois queríamos estar.

Precisava ser.

Caí de joelhos, deitando-a suavemente no chão do campo em


que estávamos. Nossas bocas nunca se separaram. Queimamos
juntos como se este fosse o nosso lugar. Eu me apoiei em cima dela
e continuei beijando-a, enquanto meus quadris rolavam
lentamente onde eu sabia que ela mais precisava de mim. Nossas
roupas estavam criando atrito, e ela empurrou seus quadris mais
rápido enquanto eu a beijava mais profundamente.
— Por favor, não pare. Quero você — sussurrou.

Mordi seu lábio inferior e minha mão desceu entre nós. Eu me


afastei para ver se estava tudo bem e ela acenou com a cabeça.
Lentamente desabotoei sua calça jeans e deslizei minha mão para
dentro. A sensação de sua calcinha de renda cobriu as costas da
minha mão quando deslizei por baixo e encontrei seu ponto mais
sensível.

— Jesus. Você está tão molhada — eu disse, olhando para ela.


— Deixe-me fazer você se sentir bem.

— Só hoje. Amanhã voltaremos ao normal.

Suas palavras doeram, mas eu sabia que estava certa. Havia


um milhão de razões pelas quais isso nunca funcionaria. Mas
apenas uma coisa importava agora.

Eu queria Maura Benson.

Inimigos que se danassem.

Não me importava com o pai dela. Sobre o fato de que ela


trabalhava para mim. Só me importava com a bela mulher
esparramada no campo abaixo de mim.

Ela era tudo o que importava.

Minha boca cobriu a dela e ela moveu seus quadris contra


minha mão. Enfiei um dedo e ela se engasgou contra minha boca.
Minha ereção estava ameaçando estourar através do jeans, mas
não me importava. Tudo o que me importava era agradar essa
garota, e isso era o que faria.
— Crew — ela gritou meu nome, e soou como um sussurro
enquanto o vento assobiava ao nosso redor. Ela cavalgou até a
última onda de prazer.

Afastei-me para olhar para ela. Seus lábios estavam carnudos


e vermelhos de me beijar. Seus olhos estavam fechados e seu lindo
rosto estava saciado e contente. Nunca tinha visto uma mulher
mais bonita em minha vida. Eu queria memorizar cada centímetro
de seu rosto lindo, do seu corpo perfeito. A maneira como seu
cabelo estava espalhado ao redor dela. Com a grama alta em torno
dela como uma espécie de halo, ela era uma visão.

— Você está bem? — sussurrei enquanto ela estava deitada


com os olhos fechados.

— Oh, isto está realmente acontecendo? Perguntei-me se era


apenas mais um sonho. Tenho tido alguns ultimamente. — Seus
lindos olhos castanhos mel se abriram e o sol se pondo destacou
salpicos de âmbar e ouro.

— Você acabou de admitir que tem sonhado comigo? — Eu


sorri.

— Bem, eu não acho que sou a única. Quero dizer, isso é uma
banana em suas calças ou você está apenas feliz em me ver? —
Nós dois soltamos uma risada. Essa era a coisa com essa garota.
Havia uma leveza inexplicável com ela. Mesmo com nossa história
e todos os motivos pelos quais devíamos ficar longe um do outro,
nós simplesmente nos encaixamos. Eu nunca ri com uma mulher
do jeito que ri com ela.

— Definitivamente não é uma banana. Diria mais como uma


berinjela gigante, para ser honesto.
Ela ergueu a mão e passou os dedos pela minha bochecha. —
Você é um homem lindo, Crew Carlisle.

Inclinei-me e beijei-a mais uma vez, antes de empurrar para


trás em meus joelhos. Ajustei seu suéter e abotoei sua calça jeans
antes de me mover para me sentar.

Ela se levantou para se sentar ao meu lado.

— Então, isso foi interessante.

— Muito — falei.

— Obrigada por me distrair do meu problema. Eu só planejava


vir aqui e me esconder por algumas horas até descobrir o que fazer.

— Você vai voltar para casa? — perguntei. Eu queria mantê-la


aqui enquanto pudesse. Porque depois de deixarmos este campo,
nós dois sabíamos que as coisas teriam que voltar ao normal.

— Não quero, mas não dirigi exatamente até aqui, então não
posso realmente entrar no meu carro e fazer uma saída dramática
— disse ela, batendo o ombro em mim. — Minha mãe está fora da
cidade e meu pai está sempre no clube nas noites de sábado.

Passei um braço em volta dela e a puxei para mais perto. —


Jante com minha família e então voltaremos para Dallas ainda esta
noite.

Ela se virou para mim. — Sua família me odeia.

— Não. Nenhum deles te odeia. Era só eu. Nenhum deles se


importa com seu pai, eles não têm nada contra você ou seus
irmãos ou sua mãe, por falar nisso.
Seus olhos se encheram de emoção novamente. — Minha mãe.
Ele insistiu que eu não contasse a ela. Como faço para esconder
algo tão grande dela? Ele também me disse que não devo falar com
Piper nunca mais.

Tirei o cabelo do rosto dela e coloquei atrás da orelha. — Ele é


um idiota. Ele nem mesmo quer conhecer Piper?

— Ele não quer e ele não quer que minha mãe descubra. Oh,
meu Deus, você não vai contar para sua família sobre isso, vai?
Ouça, Crew, eu sei que você odeia meu pai, mas por favor,
mantenha isso entre nós. Pelo menos por enquanto. Não quero que
minha mãe saiba disso por meio das fofocas da cidade.

— Não vou contar a ninguém. Ninguém em minha família


precisa de mais motivos para não gostar de seu pai. Seu segredo
está seguro comigo. — Eu beijei o topo de sua cabeça.

— Diga-me o que ele fez e irei jantar na sua casa — disse ela,
olhando para mim. Seus olhos procuraram os meus.

— Escute, Benson, ele é seu pai. Não é minha função contar-


lhe coisas horríveis sobre ele. Acho que ele já lhe deu muitos
motivos para questionar sua bússola moral — respondi, esperando
que isso a acalmasse. Eu não queria desenterrar isso. Eu não
estava no melhor lugar no momento, falando sobre Belle tanto
quanto na noite passada.

Maura se afastou de mim e se levantou. — Tudo bem então.


Acho que tenho que voltar e jantar com meu pai no clube e fingir
que não o odeio agora. Você está me condenando a uma noite de
miséria porque você é um idiota teimoso. — Ela correu em direção
a seu cavalo.
Eu me levantei agora. — Eu sou um burro teimoso? Você está
se recusando a vir a minha casa e jantar a menos que eu lhe diga
as coisas mais horríveis sobre o seu pai, quando você já está aqui
fora chorando sobre o idiota? Estou tentando poupar seus
sentimentos.

Ela se virou, seu peito batendo no meu. — Eu não quero ser


poupada. Sou uma mulher adulta. Diga-me o que ele fez. O que
poderia ser ruim o suficiente para você ter tanto ódio da minha
família inteira por todos esses anos? Quero dizer, isso não pode
ser sobre o negócio de petróleo de nossos avós, certo?

Esfreguei a mão no meu rosto. — Não é.

— Estou tão cansada de ficar no escuro. Confie em mim o


suficiente para me dizer. Eu te contei meu segredo mais profundo.
Inferno, só você e as minhas melhores amigas sabem sobre Piper.
Eu nem falei com meus irmãos ainda. Obviamente, confio em você
o suficiente para lhe dizer. Por que você não pode fazer o mesmo
comigo?

Estudei-a por um longo momento. As coisas ficaram pesadas


e o que eu estava prestes a dizer a ela doeria, mas a intensidade
em seu olhar deixou claro que ela não estava se mexendo. Eu a
peguei, levantando-a acima da minha cabeça enquanto ela caia na
gargalhada. — Diga as palavras, Maura Benson. Se eu te contar
sobre seu pai, você virá jantar comigo.

Sua cabeça tombou para trás em um ataque de risos antes de


olhar para mim. — Vou jantar com você depois que você me contar
este grande segredo.

— Certo. Venha sentar-se. — Coloquei-a de pé antes de me


sentar.
Ela sorriu e correu para se sentar ao meu lado. — Sinto-me
honrada. Sei que você não gosta de compartilhar. Derrame.

— Você sabe que a minha irmã estava doente, certo?

— Sim. Quer dizer, não sei muito sobre ela, mas sei que ela
faleceu de câncer quando era jovem. Eu era muito pequena na
época, então não me lembro muito.

— Ela tinha leucemia. Leucemia linfocítica aguda para ser


exato. — Ela pegou minha mão e a apertou.

— Sinto muito, Crew.

— Sim. É uma doença brutal, e ela simplesmente não


conseguia ter uma pausa. Toda vez que ela dava dois passos para
a frente, ela era obrigada a dar três passos para trás. Seu corpo
estava fraco, e apenas tentamos de tudo. Nada deu certo. — Peguei
um pouco da grama com a mão livre. Eu odiava falar sobre isso.
Revivendo isso. Pensando sobre a forma como os meus pais
sofreram. A maneira Belle tanto lutou e perdeu sua batalha em
uma idade tão jovem.

Maura ficou de joelhos para me encarar. Ela colocou as mãos


em cada lado do meu rosto. — Eu não posso imaginar o quão difícil
que estava sendo para todos vocês.

Concordei. — O final foi brutal. Meus irmãos eram muito


jovens, eles ficaram aqui com meus avós, mas Belle sempre me
queria com ela no hospital. Knox era o seu irmão gêmeo e eles eram
próximos, mas ela dependia de mim, sabe?

— Bem, eu acho que você nasceu confiável, Crew Carlisle. —


Ela sorriu, e parte dessa tristeza se dissipou. Algo em Maura
Benson me fazia sentir bem. — Belle obviamente reconheceu isso
em uma idade jovem.

— Ela era claramente uma garota inteligente — eu disse,


tentando desesperadamente tornar a conversa leve. Falar sobre
Belle, falar sobre Arthur Benson, trazia à tona memórias que eu
não queria revisitar.

— Diga-me o que aconteceu.

Soltei um suspiro. — Meus irmãos estavam com meus avós, e


meus pais e eu estávamos no hospital em Dallas. Belle tinha
piorado, mas isso já acontecera muitas vezes antes, então nos
preparamos para outra rodada de tratamento. Essa é a coisa sobre
o câncer. Você está sempre no modo de luta. Pelo menos
estávamos.

— Ela era tão jovem para ter que passar por tudo isso.

— Sim. A vida nem sempre é justa. — Fiz uma pausa e a


estudei. Olhando para esses olhos castanhos mel que estavam
cheios de confiança. Confiança para um cara que nem sempre foi
legal com ela. Um cara que odiava abertamente seu pai. Um cara
que a contratou em sua empresa e, em seguida, beijou-a sem
sentido vinte minutos atrás.

Eu tinha perdido a porra da minha mente.

Ela merecia a verdade.

— Não é. Então, onde meu pai entra? — perguntou, e ela não


escondeu o medo de sua voz.

— Seu pai estava sempre tentando arranjar uma briga com o


meu. Desde que me lembro. Processos judiciais falsos, reuniões na
prefeitura onde ele distorcia a verdade, ele odiava meu pai por
namorar minha mãe. Você sabia que seu pai e minha mãe foram
namorados no ensino médio?

— O que? Eu não sabia disso. — Ela encolheu os ombros como


se fosse uma coisa boba pela qual lutar. Ela não sabia da metade.

— Sim. Nossos avós lutaram por dinheiro e por quererem


crescer como empresa, então o ódio era profundo antes de você ou
eu entrarmos no mundo, mas o meu pai sair com a ex-namorada
de seu pai deixou-o louco. Seu pai era mais velho que minha mãe
e, aparentemente, eles tiveram um rompimento muito ruim. De
acordo com minha mãe, seu pai a traiu. Minha mãe foi para a
faculdade e começou a namorar meu pai, e seu pai odiava meu pai
por isso.

— Parece correto. — Ela encolheu os ombros e revirou os


olhos. — Meu pai claramente tem um histórico de ser desonesto.

— Sim. Então, ele estava sempre tentando encontrar algo para


discutir com meu pai. Ele iniciou este processo sobre um pedaço
de terreno. Bem aqui, na verdade. — Apontei para a linha da cerca.
— Ambas as famílias têm mais terras do que sabemos o que fazer,
e seu pai começou a brigar por causa de um metro quadrado de
terra.

— Isso soa como ele. Acho que ele gosta de lutar na maior
parte do tempo. Ele prospera com isso.

— Bem, ele arrastou meu pai ao tribunal várias vezes, mas a


última vez foi naquela noite em que Belle não estava bem. Meu pai
tentou remarcar a data do tribunal e o advogado de seu pai não
aceitou. Meu pai ligou avisando que sua família poderia ficar com
o terreno, ele não se importava, mas seu pai se recusou a acreditar
na palavra dele. Então meu pai pegou o helicóptero para casa,
tarde naquela noite para estar no tribunal logo de manhã. Ele me
disse para ficar com mamãe e Belle. Para não sair do lado delas e
eu não saí. — Minha voz falhou no final, e eu odiei o quão fraco
soei. Todos esses anos depois e eu ainda podia ver Belle deitada
sem vida naquela cama de hospital.

As lágrimas escorriam pelo rosto de Maura. — Ela faleceu


enquanto ele estava fora?

— Sim. Ela piorou naquela noite. Mamãe pensou que isso iria
passar, porque não era nosso primeiro rodeio com Belle sendo
colocada no inferno. Tudo aconteceu tão rápido. Ela teve febre e
não respondeu. Ela faleceu naquela manhã enquanto meu pai
estava sentado em um tribunal, implorando que permitissem que
ele voltasse para Dallas. Ele assinou esta porra de pedaço de
sujeira estúpido e correu de volta para Dallas, mas era tarde
demais. Ela tinha partido.

Maura cobriu o rosto. — Oh, meu Deus.

Eu me levantei. Precisando de espaço, precisando de ar.


Mesmo estando rodeado por ambos, não conseguia respirar.
Chutei a sujeira entre nossa cerca. Esse pedaço de merda egoísta
roubou do meu pai seus últimos momentos com sua filha, e minha
mãe não teve o marido ao lado dela no momento mais sombrio de
sua vida. Ela estava com um filho de 12 anos que fez o possível
para mantê-la sob controle e não desmoronar.

Assistir alguém escapar bem diante de seus olhos... bem, é


inexplicável. É algo que nunca poderei apagar da minha mente. É
um presente e uma maldição. Eu estava lá até que Belle deu seu
último suspiro. Segurei a sua mão e disse o quanto a amávamos,
mas eu a observei deixar este planeta e não era assim que eu
queria me lembrar dela.
Maura veio por trás de mim e passou os braços em volta da
minha cintura, apoiando o rosto nas minhas costas. — Sinto
muito. Você foi tão corajoso por estar lá com sua mãe. Eu faria
qualquer coisa para recuperar esse tempo para o seu pai. Não há
desculpa para o comportamento de meu pai. Ele realmente é um
monstro.

Concordei.

Isso não era novidade para mim.

Eu sabia disso o tempo todo.


Capítulo Onze

Maura

Crew me puxou para que meu rosto descansasse contra seu


peito e ficamos ali abraçados por mais tempo. Nunca na minha
vida eu teria imaginado que Crew Carlisle seria alguém com quem
eu pudesse me abrir e que ele poderia fazer o mesmo comigo, mas
aqui estávamos nós, agarrados um ao outro como se nossas vidas
dependessem disso. Eu ainda estava tentando processar tudo.

Ele estava lá quando sua irmã faleceu. Ele amparou sua mãe,
substituiu seu pai. Ele nem mesmo era um adolescente na época
e ele carregou tudo isso em seus ombros. Tudo isso porque meu
pai era um idiota egoísta. Um homem que não tinha um osso
empático em seu corpo, e ainda assim, meu pai tinha sido cruel
com os Carlisle todos esses anos depois.

Minha cabeça estava girando quando ele se afastou. — Vamos.


Vamos cavalgar um pouco antes de irmos para casa comer.

Ele me ajudou a montar o meu cavalo e montou no seu.


Decolamos pelos campos de sua propriedade e eu o segui quando
ambos começamos a cavalgar a toda velocidade. O vento passava
assobiando por mim, mas não sentia frio. Estava entorpecida com
tudo que soube hoje e o frio no ar não me incomodava. Meu cabelo
chicoteou ao redor e eu apenas fiquei bem atrás de Crew. Ele parou
na beira do lago e me movi ao seu lado enquanto me sentava em
cima de Jasmine.
— Este é o meu lugar favorito para vir e pensar. Recuperar o
fôlego. — Ele se aproximou e pegou a minha mão. — Sinto muito
pelo seu pai, por beijar você, por ser um idiota quando você foi
trabalhar na agência.

Eu ri. — Não sinto muito por nada disso.

— Por quê? — perguntou. Seus olhos verdes escureceram


quando o último raio de sol iluminou pouco antes de se esconder
atrás do horizonte. Tons de laranja e amarelo estavam logo acima
da água, parecendo mais uma pintura do que um pôr do sol.

— Porque me trouxe aqui. Com você.

— Você sabe que o que aconteceu nunca pode acontecer de


novo, certo?

— Porque eu sou uma Benson e você é um Carlisle? —


perguntei, e odiei o jeito que minha voz soou como a de um pássaro
ferido, que era exatamente como me sentia. Porque a verdade era
que eu estava morrendo de vontade de beijar Crew por semanas,
foi o melhor beijo da minha vida, eu queria que acontecesse
novamente.

— Porque as nossas famílias nunca serão amigas. Porque você


trabalha para mim e essa é a regra número um do meu avô. Ele
confiou em mim com a sua empresa, mas o mais importante,
porque não sou bom o suficiente para você, Maura. Essa é a
verdade real. Um pedaço de mim quebrou naquele dia em que
perdemos Belle. Não sei se sou capaz de cuidar de alguém do jeito
que você merece ser cuidada. Então, acho que é melhor pararmos
antes de nos deixarmos levar.

Acenei com a cabeça, mas um nó se formou na minha


garganta. Terminei relacionamentos com meu namorado do colégio
e meus namorados da faculdade que doeram menos do que isso.
Por que isto doía tanto? Não éramos nada. Nós nos beijamos uma
vez. No entanto, parecia tudo. Como tudo o que estava faltando na
minha vida por tanto tempo.

— Você ainda vai me levar para jantar com sua família ou vai
me mandar fazer as malas agora? — Não queria que ele soubesse
que estava desapontada. A última coisa de que precisava era pena.

— Sim. Somos amigos, certo?

— Suponho que sim, mas não acho que você irá jantar em
minha casa tão cedo.

Ele soltou minha mão. — Está ficando escuro. Vamos voltar.

Eu o segui pelos belos campos que cercavam a casa da fazenda


Carlisle. Eu nunca estive dentro de sua grande casa, mas tinha
visto o suficiente do lado de fora para me perguntar como seria por
dentro, como eles eram.

Ele parou do lado de fora do celeiro e saltou, movendo-se para


me ajudar a ficar de pé. — Suas mãos estão congelando. Este
casaco não é quente o suficiente.

— Estou bem. — Ele esfregou as mãos sobre as minhas,


nossos olhares travando mais uma vez.

— Você está mais do que bem, Maura Benson. Vamos. Minha


família vai ter um dia cheio com isso.

— Eles vão ser maus comigo? — sussurrei enquanto ele


mantinha minha mão na sua e me puxava junto.
— Não. Eu sou o malvado do grupo. — Ele riu, olhou por cima
do ombro e piscou. Meu estômago deu todos os tipos de pequenas
reviravoltas. Nada fazia sentido, meu mundo estava
desmoronando, mas eu estava me comportando como uma colegial
apaixonada.

— Você está segurando minha mão, Carlisle. Como isto vai


parecer?

— Eu não dou a mínima. Os amigos podem dar as mãos. —


Ele continuou andando em um ritmo rápido e eu estava
praticamente correndo para acompanhá-lo.

— Crew? É você? — uma voz de mulher gritou.

— Sim — ele disse e puxei minha mão. Ele olhou por cima do
ombro e revirou os olhos. — Você está pronta para o show de
merda?

— Nasci pronta — sussurrei.

Ele riu e o seu irmão mais novo, Knox, parou quando dobrou
o corredor e nos viu parados ali. Ele era um ano mais novo do que
eu na escola e nunca fomos muito amigáveis, mas sempre fomos
educados.

— Mad Dog Benson. Isto é interessante. — Ele cruzou os


braços sobre o peito e franziu as sobrancelhas, o que me fez rir.

— Ei. É bom te ver. — Mordi o meu lábio inferior porque os


nervos estavam à flor da pele.

— Maura vai jantar conosco. Pare de olhar para ela assim e


pare de chamá-la desse nome ridículo. Você está deixando-a
desconfortável.
— Estou deixando você desconfortável, Mad Dog? — Ele olhou
para mim e sorriu tão largamente que me fez rir. — Esse é o seu
novo apelido por aqui.

— Eu gosto disso e não, você não está me deixando


desconfortável.

— Você ouviu isso, C-dawg?

— Ouvi, mas você está me deixando desconfortável, então pare


com isso agora. — Crew colocou a mão nas minhas costas e me
levou para a cozinha onde seus pais, seus outros dois irmãos, que
conheci algumas vezes, e duas garotas que pareciam familiares
estavam todos bebendo vinho e conversando. Havia três cachorros
na cozinha. Um pequeno, um médio e um grande. Eles estavam
deitados juntos na porta dos fundos. A cozinha ficou
completamente silenciosa quando entramos.

— Maura. Olá. É tão bom ver você, querida. Você vai se juntar
a nós para o jantar? — Delilah Carlisle sempre foi gentil e ela
estava se mantendo fiel a isso agora.

— Oh, obrigada, sim, está tudo bem?

— Por favor. A mulher cozinha para um pequeno exército. Ela


está sempre esperando que as pessoas passem por aqui — disse
Blade. — Como você está, Maura? Esta é Jenna, vocês
provavelmente se conhecem do colégio.

— Oi. Sim. É bom te ver. — Elas estavam alguns graus à


minha frente, mas eu as reconheci.

Dax acenou para mim e a garota ao lado dele sorriu. — Ei, eu


não vejo você há muito tempo.
— Oi. É Blaire, certo? — Lembrei-me dela porque era amiga da
irmã mais velha de Coco, Whitney. Willow Springs era pequena,
mas crianças do ensino médio costumavam sair com aqueles de
sua idade, e a divisão entre minha família e os Carlisle era
amplamente conhecida desde que eu conseguia me lembrar, mas
ninguém estava me tratando como se eu não devesse estar aqui.
Seria uma história muito diferente se Crew entrasse em minha
casa.

— Sim. Você é amiga da irmã mais nova de Whit, certo?

— Sim, Coco é uma das minhas melhores amigas — falei sem


jeito enquanto meu olhar se fixava no pai de Crew. Ele tinha os
mesmos olhos verdes de seu filho e seus lábios se curvaram nos
cantos, deixando-me saber que ele estava bem comigo por estar
aqui.

— É bom ver você, mocinha. Vamos para a mesa. Estou


morrendo de fome — Davis Carlisle disse enquanto caminhava em
direção à sala de jantar.

Alguns deles pegaram travessas e Crew olhou para mim e


sussurrou: — Você está indo bem. Relaxe. Eles são todos
inofensivos.

Ele me guiou até a mesa enorme de fazenda e puxou uma


cadeira para eu me sentar ao lado dele. Era uma sensação tão
diferente da hora das refeições na minha casa, Alice fazia toda a
comida, e ela tinha uma assistente, Danielle, que a ajudava a servir
e também nas tarefas da casa. Música clássica sempre tocava ao
fundo e nossas refeições eram muito formais. Havia pouca
conversa e certamente não estávamos passando travessas de
frango, batata, salada e pãezinhos. O cheiro era delicioso e meu
estômago roncou. Percebi que não comi nada desde uma torrada
esta manhã, e parecia que semanas haviam se passado desde que
voltei para casa.

Todos falavam ao mesmo tempo, risos e conversas enchiam o


espaço ao nosso redor. A mão de Crew encontrou a minha embaixo
da mesa e ele a apertou suavemente antes de devolvê-la ao seu
colo. Eu não sabia por que ele estava sendo tão legal comigo. Este
dia inteiro foi um borrão, nós compartilhamos muito, nos
beijamos, ele me tocou.

Eu podia sentir as minhas bochechas esquentando quando me


lembrei de como ele me fez sentir. Nenhum menino jamais me fez
sentir assim antes, mas ele deixou claro que isso nunca poderia
acontecer novamente.

— Então, não vamos falar sobre o elefante na sala? — Knox


perguntou com a boca cheia de purê de batata. — Há uma Benson
na mesa.

Ele caiu para trás na gargalhada e sua mãe balançou a cabeça,


seu pai e irmãos riram e Crew revirou os olhos. Blaire e Jenna me
deram um sorriso de desculpas, como se não soubessem o que
dizer.

— Não seja um idiota — Crew sibilou.

— Ei, eu não tenho problemas com Maura. Eu só sei o que


você sente sobre o pai dela — Knox disse enquanto estudava seu
irmão mais velho.

Uau. Eles não mediam palavras, minha família não falava


assim. Inferno, eu tive que agendar uma reunião para discutir o
fato de que meu pai tinha uma filha fora do casamento que ele não
tinha me falado. Claramente, nossa dinâmica familiar era muito
diferente da dos Carlisle.
— Sinto muito pelo que meu pai fez. — Olhei entre os pais de
Crew. Eu realmente não queria discutir isso na frente de uma mesa
cheia de pessoas, mas aqui estávamos. Não pude deixar de dizer
depois de saber o que aconteceu. — Acabei de descobrir sobre o
que ele fez para sua família ou eu teria falado com vocês antes.
Não há palavras, jamais serão suficientes para expressar o quanto
me sinto mal. Eu realmente sinto muito.

A mãe de Crew estava de pé, movendo-se em minha direção e


meu estômago afundou. Ela se abaixou ao meu lado e eu me virei
na cadeira para encará-la. Ela pegou minha mão e seus olhos
estavam úmidos de emoção. — Você não tem nada pelo que se
desculpar, querida. O que aconteceu não tem nada a ver com você,
você é sempre bem-vinda em nossa mesa e em nossa casa.

— Aí está. Mad Dog Benson, você pode ter acabado de terminar


com a desavença entre nossas famílias. Droga, garota. Você pode
me conectar com Coco, por acaso? — Knox perguntou e a sala
explodiu em gargalhadas. Ele com certeza tinha jeito com as
palavras.

— Ela não é seu aplicativo de namoro pessoal, idiota. Obtenha


seus próprios encontros — Crew gritou para seu irmão. —
Podemos voltar a comer? Precisamos voltar para a cidade esta
noite.

— Então, o que é isso? Uma coisa de trabalho? — Blade


perguntou, acenando com a mão entre mim e seu irmão.

Uau. Eles apenas diziam o que quer que estivesse em suas


mentes.

— Claro, é uma coisa de trabalho. O que mais poderia ser? —


Crew perguntou e suas palavras doeram. Ele interagia com todos
os seus funcionários? Eu sabia que não, porque era apenas
amigável com as meninas do escritório. Todos ficaram
boquiabertos com ele e reclamaram de sua regra de não namorar
as pessoas que trabalhavam para ele. Eu não era tecnicamente
uma funcionária, certo? Ele não me pagava. Eu era basicamente
uma voluntária e eu gostaria de ser voluntária para muito mais
sessões de amassos com o chefe, se isso estiver na mesa.

— Eu não sei. Vocês dois estão provocando sérios problemas


— Dax disse sobre a risada e a mãe deles lhe lançou o que eu só
pude imaginar ser um olhar de advertência. Crew enrijeceu ao meu
lado e eu entendi. Provavelmente seria horrível se estivéssemos
realmente juntos. Sua família estava sendo gentil, mas isso não
significava que eles me queriam por perto. Eles estavam tolerando
minha presença, e não podia culpá-los depois do que meu pai
tinha feito com eles e os anos de tormento. Ele sempre falava deles
negativamente para os outros e rosnava para eles quando os via
em público. Percebi naquele momento que eles nunca se
comportaram dessa maneira em relação a ele ou a nossa família.
Eles simplesmente o ignoravam quando os víamos em público e
depois do que ele fez, isso teve que exigir muito controle para não
o repreender ou para eliminar fisicamente a sua frustração.

— Crew está apenas me ajudando. Eu precisava de uma


carona para casa e ele foi bom o suficiente para me oferecer uma.
Acredite em mim quando digo a você, ele não está gostando nada
disso, ele mal consegue ficar na minha presença — falei, tentando
tornar a situação melhor para ele. A mesa explodiu em
gargalhadas mais uma vez. Até mesmo Crew riu ao meu lado
quando ele se virou para me estudar com uma sobrancelha
levantada.

Meu estômago embrulhou e vibrou, e me lembrei de manter


esses sentimentos sob controle. Foi um lapso de julgamento. Ele
deixou claro que não poderia acontecer novamente.
— Acredite em mim quando digo que se eu não aguentasse
estar em sua presença, você não estaria aqui agora — ele
sussurrou perto de mim, e seus lábios roçaram minha orelha,
causando arrepios nas minhas costas. Respirei longa e
lentamente. Sua proximidade fazia todo tipo de coisas malucas
comigo.

O que isso significava?

Este homem ia me dar um infarte.

— Então, qual é a história aqui? — Crew perguntou,


apontando para Blaire e Jenna e mudando completamente de
assunto.

— Eu ia perguntar a mesma coisa. Estou um pouco magoado,


Jenna. Eu pensei que nós tivéssemos tido um momento no verão
passado no pub — Knox disse com um sorriso malicioso. Eu estava
começando a aprender que eles nunca eram sérios. Eles estavam
sempre brincando, sempre rindo, e por mais que Crew tentasse
fingir que a família resmungava, ele era todo calor e gentileza por
trás de tudo. Por baixo de toda a dor e mágoa. Ele não tinha ficado
em casa como seus irmãos fizeram quando Belle estava no
hospital. Ele enfrentou a tempestade e isso me fez admirá-lo ainda
mais. Uma força feroz que vivia dentro dele. Uma força que eu
queria encontrar em mim mesma. Eu estava correndo de volta
para Dallas porque não sabia como lidar com o que havia
descoberto sobre o meu pai.

Crew Carlisle nunca fugia. Ele não era esse cara.

Talvez fosse hora de eu fazer o mesmo.

— Você é louco, Knox. Você estava dando em cima da minha


irmãzinha, seu tolo — Jenna falou, e não pude deixar de rir junto
com todos eles. Era bom. Minha casa não estava cheia de risos,
mas sempre pensei que estava cheia de amor. Meus irmãos e eu
riamos a portas fechadas, e eu ria mais com as minhas melhores
amigas. Meu telefone tinha explodido o dia todo na minha bolsa, e
tinha certeza de que elas estavam morrendo de vontade de saber o
que estava acontecendo.

— To-mate-to, to-ma-to5. Você sabe que sou o irmão mais


bonito. — Knox deu de ombros e colocou meio pãozinho na boca.

— Você precisa voltar para a faculdade, irmão. Você tem muito


tempo em suas mãos — Blade disse.

— Vou voltar para uma festa da fraternidade amanhã. Não


estrague sua calcinha porque você sabe que as mulheres são mais
atraídas por mim — disse Knox, piscando para a mãe.

Todos riram e todos os três irmãos reviraram os olhos


dramaticamente, eu cobri minha boca com a mão para não rir.

— Então, Maura. Conte-nos um pouco sobre você — Davis


Carlisle pediu. — Você não quer entrar na indústria do petróleo
depois de se formar?

— Oh, não. Eu me apaixonei pela minha aula de marketing e


publicidade no primeiro ano e soube que era isso que queria fazer.
Gosto do lado criativo da indústria de publicidade.

— Eu não sabia disso — Crew disse e ele não escondeu a


surpresa de sua voz.

5
Expressão utilizada quando alguém se refere à uma diferença tão pequena que realmente não é
relevante. Na expressão, as palavras em inglês têm pronúncias quase iguais e se confundem.
— Você simplesmente presumiu que eu queria ser assistente
pessoal do Sr. Todo Poderoso? — perguntei, e a mesa caiu na
gargalhada mais uma vez.

— Você sabe o que acontece quando você presume, C-dawg —


falou Knox sobre o riso.

— Você sabe o que acontece se você me chamar por esse nome


ridículo, certo?

— Suponho que você pense que pode me levar em uma luta,


mas nós dois sabemos que tenho a beleza e os músculos. — Knox
gargalhou.

— A última vez que você desafiou Crew, acredito que ele te


prendeu em menos de um minuto, seu boca grande. — Dax piscou
para mim.

Gostei da brincadeira e eles me fizeram um monte de


perguntas que eu felizmente respondi e, antes que percebesse,
estava ajudando Delilah a limpar os pratos de sobremesa. Knox,
Dax, Blade, Jenna e Blaire tinham saído para ir a um bar na rua.
Todos nós nos abraçamos e eles me trataram como se eu
pertencesse a este lugar.

Mas eu sabia que não.

— Tudo bem, precisamos sair. Acabei de falar com John e ele


pode nos levar de volta agora se formos para o hangar. Obrigado
pelo jantar, mamãe. — Crew passou os braços em volta de sua mãe
e a ternura quase me tirou o fôlego.

Havia uma proximidade na casa dos Carlisles que eu invejava.


Caramba, provavelmente era por isso que minhas melhores amigas
pareciam mais como irmãs do que como amigas. Elas me
forneciam o calor que eu sempre desejei. Minha mãe tentou. Ela
estava ocupada correndo em seus círculos sociais extravagantes e
seguindo meu pai para atender a todos os seus pedidos e
chamadas.

— Obrigada por vir esta noite, Maura. Foi muito bom


finalmente conhecê-la um pouco melhor — disse Delilah, antes de
me puxar para um abraço. Derreti em seus braços. Havia uma
autenticidade que me atraía tanto nesta família.

— Claro. Obrigada por me receber.

— Você é bem-vinda aqui a qualquer hora, querida.

Paramos e nos despedimos do pai de Crew, que também me


abraçou, o que me pegou de surpresa. Eu não esperava a gentileza
que todos me mostraram.

Verifiquei meu telefone enquanto Crew e eu levávamos


Jasmine de volta para minha casa para colocá-la no celeiro. A luz
da tela possibilitou a leitura das palavras com o céu escuro que
nos rodeava. Crew segurava uma lanterna e nos conduzia pelo
campo de trás, onde nos encontramos no início do dia.

— Seu pai ligou? — ele perguntou.

— Sim. — Eu senti algo ao ver todas as ligações perdidas dele.


Não importava o que ele tinha feito, eu amava meu pai, mas estava
com tanta raiva dele no momento que não tinha vontade de falar
com ele. — Ele não deixou mensagem, mas mandou um texto.

— Ele se desculpou?

Eu li para ele o que dizia. Não sabia por que estava


compartilhando tanto com este homem, mas por alguma razão,
confiava nele. — Eu sinto muito sobre nossa discussão. Eu te amo,
querida. Eu aprecio sua discrição. Isso mataria sua mãe, e nenhum
de nós quer que isso aconteça. Vou sair tarde esta noite. Reserve
um tempo e conversaremos em breve. Ansioso pela formatura.
Termine forte e me deixe orgulhoso.

Termine forte e me deixe orgulhoso? O que? Ele estava


ignorando completamente o fato de que eu disse a ele que ele tinha
uma filha.

Crew riu. — Bem, essa é uma abordagem. Parece correto.

Instalamos Jasmine no celeiro da minha casa e corri escada


acima para pegar algumas coisas enquanto Crew esperava do lado
de fora. Estava escuro e silencioso lá dentro e corri de volta para
baixo, para fora da porta. Isso me atingiu naquele momento. Crew
odiava tanto meu pai que ele nem pisava em nossa casa quando
meu pai não estava lá. Isso literalmente não poderia ir a lugar
nenhum e eu sabia disso, mas não suprimia essa necessidade
desesperada de beijá-lo novamente.

Ficamos quietos no trajeto de helicóptero para casa, e mandei


uma mensagem para as meninas dizendo que ligaria em uma hora.
Entramos no carro que nos esperava assim que pousamos. O
homem definitivamente viajava com estilo.

— Dê a Brad seu endereço. Nem sei onde você mora — ele disse
e eu podia ouvir o desconforto em sua voz. Havíamos cruzado
tantas linhas nas últimas vinte e quatro horas, mas estávamos no
mesmo lugar. Ele era meu chefe. Meu pai era o homem que ele
mais desprezava no mundo. Eu teria amanhã para me recompor,
então iria trabalhar na segunda-feira e agiria como se nada disso
tivesse acontecido.
Dei o meu endereço ao motorista dele e agradeci por me levar
para casa. Sentamo-nos em silêncio mais uma vez e quando o
carro parou no meio-fio, Crew saiu do carro. Peguei minha bolsa e
ele me seguiu até a porta da frente do prédio.

Crew agarrou minha mão. — Venha para casa comigo.

Meu coração disparou com antecipação. — O que? Pensei que


você disse que isso nunca poderia acontecer novamente?

Ele passou a mão pela nuca. — Não pode. A partir de segunda-


feira, mas é sábado.

Decepção me encheu. — Por mais tentador que seja... acredito


que preciso encerrar a noite. Obrigada por tudo.

— De nada, Benson. — Sua voz era toda provocadora, mas vi


o desejo ali.

Eu o beijei na bochecha e abri a porta antes de fazer algo que


ambos lamentaríamos. Eu sabia que este homem poderia me
destruir e precisava cortar e correr antes de entrar mais fundo.
Não olhei para trás, mas ouvi a porta se fechar atrás de mim e
caminhei até o elevador. Quando coloquei a chave na porta do meu
apartamento, Ivy ficou do outro lado com os braços abertos.

— Venha aqui — disse ela, e deixei cair minha bolsa no chão


e caí em seus braços.

— Prometi às meninas que ligaríamos assim que eu chegasse


em casa — falei enquanto as lágrimas começavam a cair.

— Elas estão esperando no meu laptop no sofá. Vamos.


Sentei-me ao lado de Ivy e ela ajustou o laptop para que
pudéssemos ver Addy, Gigi e Coco.

— Conte-nos tudo — disse Coco, e Addy e Gigi se aproximaram


da tela.

Eu lhes contei sobre meu pai. Sobre sua reação fria ao saber
que tinha uma filha. A falta de remorso ou empatia que ele
demonstrou, como ele nunca contestou nada, deixando claro que
a história de Piper era verdadeira. Ele apenas presumiu que sua
mãe havia interrompido a gravidez. Eu disse a elas como eu tinha
deixado a casa e topado com Crew perto da borda de nossa
propriedade, disse-lhes que conversamos, sem lhes falar sobre os
detalhes do falecimento de Belle, pois não era minha história para
contar, mas eu disse a elas como meu pai tratou mal a família dele,
e então eu disse que tínhamos nos agarrado como adolescentes no
campo atrás de nossas casas. Não dei todos os detalhes, pois era
um pouco constrangedor ele ter me feito gritar seu nome apenas
por me tocar.

Estava mortificada.

— Odeio dizer que te avisei, mas... — Coco falou batendo


palmas. — Meu Deus. Este é um grande upgrade para você depois
daquele fracasso, Will. Crew Carlisle é o melhor dos melhores!

— Bem, ele disse que isso nunca pode acontecer novamente.


Então, não deveríamos nem mesmo ter cruzado essa linha. Agora
não consigo parar de pensar nisso. Sobre ele. Como ele era doce.

— Duvido muito que ele não esteja pensando a mesma coisa


que você. Não acho que seja o fim de tudo — disse Gigi.
— Nem eu. Ele pode lutar contra isso, mas eu não acho que
vai funcionar. Você é irresistível, Maura Benson — Ivy disse,
enquanto colocava o braço em volta do meu ombro.

— Bem, eu tenho coisas maiores com que me preocupar do


que minha vida amorosa, ou a falta dela de qualquer maneira. O
que eu faço com o meu pai? Sobre Piper?

— Sem ofensa, mas seu pai é um idiota. Todo mundo sabe


disso, mas todos beijam sua bunda porque ele tem mais dinheiro
do que Deus. Posso dizer isso a você porque todas nós sabemos
que meus pais também são idiotas. — Coco colocou o cabelo atrás
das orelhas. — Você não deve nada a ele agora. Ele mentiu, traiu
e está pedindo que você mantenha o segredo dele longe de sua
mãe, e você faz o que achar melhor com Piper. Se você quiser
conhecê-la, você tem todo o direito.

— Concordo — disse Addy. — E quanto aos seus irmãos? Você


já conversou com eles?

— Não. Eles são minha próxima chamada. Eu apenas oro a


Deus para que saibam o que fazer. Eu me sinto mal por discutir
isso com todas vocês e com eles, quando minha pobre mamãe não
sabe sobre isso.

— A mulher é sempre a última a saber — disse Coco,


abanando a cabeça.

Passamos a próxima hora conversando sobre todas as


diferentes maneiras com as quais eu poderia abordar Piper. O que
deveria dizer aos meus irmãos, mas continuamos voltando para
Crew Carlisle.

O homem havia desbravado seu caminho e agora eu não


conseguia tirá-lo da minha cabeça, mas precisava me concentrar.
Enviei uma mensagem para Wes e Lyle perguntando se
poderíamos falar todos os três pelo FaceTime. Eu precisava olhar
nos olhos deles quando compartilhasse essa notícia.

Ambos responderam que podiam conversar agora. Nós sempre


estivemos lá uns para os outros.

E uma terceira mensagem apareceu.

Crew ~ Tem certeza de que não quer vir? Uma noite. Eu poderia ir te
pegar.

Soltei um longo suspiro. Eu queria ir, mas minha vida já


estava uma bagunça. Eu não precisava de mais complicações.
Crew Carlisle era uma complicação enorme.

Eu ~ Vejo você na segunda-feira, chefe.


Capítulo Doze

Crew

Recebi um telefonema de Layla ontem de manhã, informando


que seu pai estava se recuperando e que ela voltaria para casa. Ela
estaria no escritório na primeira hora esta manhã. Eu a encorajei
a tirar uma folga agora que ela estava em casa, mas ela insistiu
em voltar ao trabalho.

Provavelmente era melhor. Eu estava em um mau humor


perpétuo desde que deixei Maura em sua casa, tive um caso
terrível de bolas azuis e recusei mais uma ligação de Juliette,
basicamente se oferecendo em uma bandeja.

Eu não poderia ter Maura Benson, mas não queria mais


ninguém. Eu ainda podia sentir o gosto de sua boca doce, o cheiro
dela, seu perfume de lavanda estava permanentemente me
cercando. Não conseguia tirar essa garota da minha cabeça. Meu
telefone tocou assim que entrei no carro e disse olá para Brad. Ter
um motorista tornava a vida muito mais conveniente, nunca
precisei me preocupar com estacionamento e ele poderia me levar
para as reuniões e voltar rapidamente.

— Ei, mãe.

— Eu tentei falar com você ontem e não atendeu — ela disse,


e eu podia ouvi-la batendo na cozinha.

— Desculpe por isso. Tive que trabalhar.


— No domingo? Crew, até o seu avô tirava folga aos domingos.

— Eu sei. Estou apenas atualizando algumas coisas. E aí? —


perguntei, querendo levar a conversa adiante porque assim que
chegasse ao escritório eu seria enterrado.

— Então, foi bom ver Maura. — Lá estava. Ela estava se


esforçando para perguntar sobre ela. Minha mãe sempre teve um
sexto sentido sobre as coisas, ela sabia quando estávamos
mentindo, quando não estávamos fazendo nada de bom, quando
estávamos apaixonados por uma garota. Eu parecia um pouco
velho para isso, mas definitivamente tinha uma queda por Maura
Benson.

— Sim. Eu a deixei em sua casa e não a vi desde então. Se é


isso que você está se perguntando.

— Não estava pensando em nada. Embora vocês dois pareçam


ser um pouco mais do que amigos de trabalho — ela disse, como
se tivesse acabado de inventar, mas eu sabia que ela estava
pensando nisso desde que saímos de lá.

— Ela trabalha para mim, mãe. Qual é a regra número um do


vovô?

— Não usar o cartão de crédito da empresa para almoços


pessoais?

Eu ri. — Não. Não mergulhe sua caneta na tinta da empresa,


lembra? Você sempre pensa que é uma referência de caneta. É
uma referência idiota.

Ela se engasgou, o que me fez rir ainda mais. A mulher criou


quatro meninos e tinha um marido. Ela estava familiarizada com
o termo.
— Ele quer dizer que você não deve dormir com seus
funcionários. Se você realmente gosta dela, tenho certeza de que o
bom e antigo namoro não está fora de questão.

— Ela é estagiária. E uma Benson. Há um milhão de razões


pelas quais isso não funcionaria. Cheguei, mãe. Preciso ir.

— Crew — falou, enquanto eu acenava para Brad e pulava do


carro. A calçada ainda não estava movimentada porque tinha
chegado cedo.

— Sim — respondi, balançando a cabeça enquanto passava


pelos seguranças da manhã.

— Não deixe que a dor o impeça de ser feliz.

— O que? Você está muito errada aqui. Não há nada entre mim
e Maura, e isso não tem nada a ver com luto. — Revirei os olhos
porque este dia estava começando uma merda.

— Você já pensou em voltar para a terapia?

Ela estava brincando comigo?

— Vou a cada dois meses e não preciso de mais terapia do que


isso — sibilei.

— Diz toda pessoa que realmente precisa de terapia. Ouça,


Crew, você lidou com coisas que a maioria das pessoas nunca fará
na vida. Você foi doador de medula óssea, sentou-se ao lado de sua
irmã até ela dar o último suspiro e foi minha rocha. Essas são
coisas que nenhum menino deveria passar ou experimentar e sinto
muito por não poder tirar isso de você, mas eu vejo você se
segurando na vida, e acredito que seja medo.
Apertei o botão do elevador mais vezes do que o necessário
porque precisava levar minha frustração para algum lugar.

— Medo de que?

— Aproximar-se demais das pessoas, de amar alguém. Que


você pode perdê-los. É uma preocupação justa depois de tudo que
você passou.

— Você está falando com o seu terapeuta agora? — perguntei


e esfreguei a mão na minha nuca.

— Claro. Falamos sobre essas coisas, mas sou eu falando com


meu filho.

— Se eu disser que vou voltar para a terapia, você vai parar de


me chatear? — Saí do elevador.

— Posso concordar com esses termos, sim.

— Certo. Vou pedir a Layla para me informar da programação.


Feliz?

— Layla está de volta? — perguntou, e não escondeu a


decepção em sua voz.

— Ela está. Seu pai está melhor. Ela volta hoje.

— Certo. Então, onde isso deixa Maura?

Fechei meus olhos enquanto caia na cadeira da minha mesa.


Fui o primeiro a chegar e não havia sinal de Maura. Layla devia ter
ligado para ela dizendo que não precisava chegar cedo agora que
ela estava de volta.
— Isso a deixa exatamente onde ela estava. Tenho que ir. Eu
amo você.

— Eu te amo. Avise-me quando marcar essa consulta — disse


ela, e eu sabia que ela não desistiria até que eu o fizesse. Meus
pais tinham uma tonelada de culpa desnecessária sobre o que
aconteceu e o que eu vi. Eles não precisavam, tive uma infância
maravilhosa, os meus pais foram os melhores que podiam ser.
Mesmo com toda a perda e toda a dor no coração, eles sempre
apareceram para nós, os quatro meninos. Eles superaram, não
tinham nada pelo que se sentir mal.

— Você entendeu.

Finalmente encerramos a ligação e alguém bateu na minha


porta. — Você está com saudade de mim?

Eu ri. Layla estava de volta. Eu poderia colocar algum espaço


entre mim e Maura. Ela provavelmente me odiava depois do que
tinha acontecido e da maneira como me comportei. Eu era a porra
do chefe dela. Ela era minha estagiária. Que tipo de idiota fazia
isso?

— Claro. As crianças estavam tão animadas com sua volta


para casa?

— Claro que sim. Eles queriam suas refeições favoritas


preparadas e perguntaram quais presentes eu lhes havia trazido.
Típico. — Ela balançou a cabeça e riu.

— Feliz por ter você de volta.

— Maura fez um bom trabalho, hein? Eu estava com medo de


que ela me colocasse fora do trabalho.
— Ela se saiu bem. Eu não sabia que ela estava realmente
interessada no lado criativo das coisas. Talvez você devesse colocá-
la para trabalhar um pouco com gráficos e design nas próximas
semanas. Deixe que ela ganhe alguma experiência, se é isso que
ela quer fazer.

— Olhe para você. Eu saio por algumas semanas, e você ganha


um coração? Como você ousa, Crew Carlisle? Alguém se
esfregando em você? — ela perguntou.

Pensamentos de como eu me esfregava esta manhã no


chuveiro me inundaram.

Jesus.

Controle-se, cara.

— Não. Acabei de ouvi-la mencionar isso — esclareci. — Ela


geralmente está aqui a esta hora. Você a informou que estaria de
volta?

— Sim. Liguei para ela ontem à noite. Acho que ela estava em
um encontro. Ela estava sussurrando ao telefone e disse que era
difícil ouvir. Eu disse a ela que poderia voltar à velha rotina agora.
Vou verificar com Jen no design e ver se ela tem algum projeto que
Maura possa fazer.

Um encontro? Que porra? Isso foi rápido. Não que tenhamos


feito algo que justificasse que ela não participar de um, mas eu
não conseguia tirar ela da minha mente. Recusei várias chamadas
de encontros porque ela estava atormentando meus pensamentos,
e ela estava pintando a cidade de vermelho com algum idiota?

— Soa bem. — Forcei minha voz a permanecer calma. Eu não


tinha o direito de ficar chateado. Insisti que não poderíamos ir a
lugar nenhum, só não tinha percebido que não queria que ela
ficasse com mais ninguém. Esta era uma situação em que nunca
me encontrei antes.

Por que diabos eu me importava?

— Tudo bem. Vou conferir alguns e-mails. Você tem duas


reuniões esta manhã. Eu avisarei quando eles chegarem.

— Obrigado. Bem-vinda de volta — falei, tentando me livrar do


meu mau humor.

Comecei a trabalhar e meu primeiro compromisso chegou


antes de eu terminar minha xícara de café. Quando desci para a
sala de conferências, não vi Maura na mesa de Layla. Quão tarde
ela entraria agora? Talvez ela tivesse dormido tarde na noite
passada? Ela passou a noite com algum cara? Minha mente girava
para todos os lados e consumia tudo.

Ela parecia tão magoada quando eu disse a ela que o que


aconteceu entre nós não poderia acontecer novamente. Ela estava
brincando comigo?

Concentrei-me na minha primeira reunião e terminamos sem


tempo entre elas. Layla acompanhou a empresa de brinquedos
para fora e a empresa de biscoitos para dentro. Eu tinha duas
equipes diferentes lançando cada empresa, mas fizemos a
transição sem problemas. Coloquei minha cabeça para fora e vi
Maura rindo em sua mesa com Sam.

Porra do Sam.

Claro, ele estava pairando sobre ela.


Precisaria mandá-lo de volta para a sala de impressão com
Helen assim que terminasse. O cara estava nos meus últimos
nervos. Maura me disse que ele gostava de Gwen, então por que
diabos ele estava metido no negócio dela? Maura jogou o cabelo
por cima do ombro, e juro que a alfazema inundou meus sentidos
e ela nem estava perto de mim.

Layla se aproximou e segurei a porta aberta para ela. A equipe


de campo entrou atrás dela e voltei minha atenção para onde ela
precisava estar.

Hora do jogo.

O dia passou voando, eu ainda não tinha almoçado e eram


quase três horas. Pedi a Layla que comprasse um sanduíche e
voltei para o meu escritório. Eu ia mandar um e-mail para Helen
imediatamente e enterrar Sam em horas de trabalho de impressão.
Isso me faria sentir melhor.

Bateram na minha porta e gritei que estava aberta. Não


poderia ficar um minuto sozinho hoje?

— Ei — disse Maura, parada ali segurando uma sacola de


comida. Ela usava um vestido rosa justo que abraçava suas curvas
em todos os lugares certos e perdi o fôlego ao vê-la. — Layla teve
que atender uma ligação. Ela me pediu para trazer isso para você.

Sua postura estava rígida e ela não encontrou o meu olhar.


Ela me culpava pelo que aconteceu no campo? Ela estava
chateada?

Porra.
Eu estava chateado. Ela provavelmente estava transando com
algum cara enquanto eu dava um tapa nas minhas joias da coroa
no chuveiro sozinho.

Isso era culpa dela.

— Feche a porta.

Seus olhos dobraram de tamanho com as minhas palavras e


ela fechou a porta antes de vir para a minha mesa. Sem
absolutamente nenhum aviso, ela jogou a sacola em mim com uma
força surpreendente.

Não estou brincando. Ela jogou meu maldito sanduíche na


minha mesa.

Que tipo de assistente fazia isso?

Provavelmente alguém que foi fodida recentemente e se sentia


como se fosse tudo isso.

— Qual é o seu problema? — perguntei, pegando a sacola. —


Isso provavelmente está completamente arruinado agora.

— Acho que você vai viver. — Ela correu em direção à porta.

Que porra era essa?

— Não terminamos.

— Oh. Estamos muito acabados — ela sibilou, voltando em


direção à minha mesa.

O que? Eu não estava dando ordens aqui?


— Sente-se. A que é que se refere exatamente? Eu quis dizer
que não terminamos com a conversa. — Levantei uma sobrancelha
e a estudei. Seus seios perfeitos estavam pressionados contra o
seu vestido e eu ansiava por tocá-la.

Ela revirou os olhos. Claramente, isso era insubordinação no


seu melhor.

— Você quis dizer que tínhamos acabado com tudo. Você


deixou isso perfeitamente claro, mudando-me para um
departamento diferente, porque agora que você me beijou, você
quer se livrar de mim. Você está certo sobre meu pai, Carlisle. Ele
é um idiota, e é preciso um para reconhecer outro. — Ela ficou de
pé e caminhou em direção à porta.

Novamente.

Mas fui mais rápido. Alcancei-a antes que ela pudesse


encostar na maçaneta e pressionei meu peito em suas costas. — É
isso que você acha? Que eu mudei você para não ter que te ver?

Ela se virou para me encarar. Seus seios empinados estavam


pressionados contra meu peito agora e meu pau estava duro como
uma rocha.

— É bastante óbvio. Vim trabalhar hoje e descobri que tenho


um cargo diferente. O momento é estranho. Você não pode nem
olhar para mim agora. — Suas bochechas estavam rosadas e seu
peito subia e descia de raiva e eu nunca quis beijar alguém mais
do que neste momento.

— Eu não mudei você para um novo departamento. Eu disse


a Layla para perguntar se você poderia participar de alguns
projetos de design. Você mencionou que estava interessada nesse
lado do negócio. Eu estava tentando ser legal. — Minha boca
estava tão perto da dela e eu mergulhei minha língua para fora e
limpei seu lábio inferior. Precisando dela de uma forma que não
fazia sentido.

— Oh.

— Sim. Oh. Mas por que você se importa? Você transou com
algum cara ontem à noite no seu encontro? — Lamentei as
palavras no minuto em que saíram da minha boca. Eu era um
idiota ciumento e sabia disso. Ela merecia mais respeito do que
isso, mas não conseguia suportar a ideia dela com outra pessoa.

Ela empurrou meu peito. — Você é um idiota. Não. Eu não


tenho o hábito de ficar com um idiota apenas para passar para o
próximo tão rapidamente.

Voltei para o espaço dela. — Layla disse que você teve um


encontro. Eu não deveria ter dito isso. Eu só...

— Você só o que? Você não me quer, mas não quer que mais
ninguém me tenha? É isso? — Suas palavras eram raivosas, mas
suas mãos se enredaram no meu cabelo, puxando-me para mais
perto.

— Você saiu com outra pessoa? — sussurrei antes de


descansar minha testa contra a dela.

— Outra pessoa significaria que você e eu já estivemos em um


encontro antes. Você nunca me levou a um encontro.

Envolvi meu braço em volta de suas costas e puxei-a para mais


perto para que ela pudesse sentir o quanto eu a queria. — Se você
quer que eu te leve para sair, responda a maldita pergunta.

— Eu me encontrei com Piper na noite passada. Nós jantamos.


Obrigado, Cristo. Soltei um longo suspiro que eu nem tinha
percebido que estava segurando. — Como foi?

— Bom.

— Você quer me contar o que aconteceu durante um jantar?


— perguntei enquanto mordia seu lábio inferior.

— Pensei que isso não poderia acontecer de novo? — ela disse


e sua língua mergulhou para molhar seu lábio inferior e eu gemi.

— Eu também.

— Então, o que mudou?

— Senti a sua falta.

— Também senti sua falta — sussurrou.

— Escute, Maura. Você é uma estagiária. Isso não parece bom.


Precisamos manter isso entre nós, pelo menos até sabermos o que
é.

Ela acenou com a cabeça. — Isso significa que posso te beijar


quando a porta estiver fechada?

Minha boca bateu na dela. Eu a beijei como se minha vida


dependesse disso, beijei-a como se fosse morrer se não o fizesse.
Porque no momento, eu morreria.

E agora que provei Maura Benson... eu só queria mais.


Capítulo Treze

Maura

Meu coração disparou. Sabia que estava brincando com fogo,


mas pela primeira vez na vida, não me importava. Não poderia me
conter nem se quisesse e não o fiz. Ele inclinou a minha cabeça
para trás, sua mão descansando na minha nuca para que ele
pudesse levar o beijo mais profundo. Uma batida na porta me fez
cair contra ela e Crew rapidamente me ajudou a me estabilizar. Ele
ajustou meu vestido porque, aparentemente, eu estava uma
bagunça quente. Ele sorriu e voltou para trás de sua mesa, usando
o dedo para me chamar e me afastar da porta.

— Está aberta — ele disse, sua voz completamente calma e


fria. Não senti nada, mas endireitei meus ombros.

— Ei, apenas me certificando de que você tem o seu almoço —


disse Layla, seu olhar saltando entre mim e Crew. — Está tudo
bem aqui?

— Tudo está bem. Por que é que não deveria estar? Claro que
está tudo bem. Acabei de deixar o sanduíche do Sr. Carlisle porque
você me disse para trazê-lo aqui e ele queria repassar algumas
coisas. Nada realmente. Nada importante. Porque está tudo bem.
Sim, tudo bem. — Fiquei surpresa por ter me tornado uma idiota
trapalhona. O que estava acontecendo comigo?

Layla riu e cobriu a boca com a mão, Crew levantou uma


sobrancelha para mim e a sua boca perfeita se ergueu nos cantos.
— Obrigado por essa resposta clara, Srta. Benson. É claro que
está tudo bem. Eu tenho meu almoço, então estamos todos bem,
senhoras.

— Claramente. — Layla sorriu e foi para a porta.

Andei atrás dela e me virei para fazer uma careta para ele que
basicamente deixou claro que eu tinha enlouquecido. Ele piscou.

Meu coração disparou.

Meu estômago embrulhou.

Talvez eu realmente estivesse perdendo a cabeça.

Corri para fora e parei na mesa de Layla e ela sorriu. — Como


foi com a equipe de design hoje?

Ela não me perguntou por que agi como um idiota no escritório


de Crew. Ela provavelmente não queria me envergonhar.

— Correu muito bem. Na verdade, eles estão me deixando


enviar algumas ideias de campanha no final da semana para a
conta da ração de cachorro, o que é empolgante.

— Isso é incrível. Então, talvez pudéssemos dividir o seu tempo


entre mim e o criativo. Tenho certeza de que é muito mais
emocionante lá, mas eu meio que gosto de ter você aqui comigo e
eu acho que Crew prefere você aqui também. — Ela piscou e pude
sentir minhas bochechas rosadas.

— Sim. Claro. Irei aonde você quiser.

— Excelente. Vamos começar a trabalhar no envio destes


pedidos de suprimentos — disse ela, sentando-se em sua cadeira.
— Soa perfeito. — Eu gostava de Layla e estava feliz por dividir
o meu tempo. Agora que eu sabia que Crew não estava apenas
tentando se livrar de mim, mas na verdade querendo me dar a
experiência no campo em que eu estava mais interessada, eu
estava entusiasmada com isso.

Passamos as duas horas seguintes trabalhando e pedi licença


para usar o banheiro. Eu não tinha ouvido uma palavra de meu
pai e estava com um mau pressentimento. Sobre o fato de que as
coisas nunca mais seriam as mesmas entre nós. Meu telefone
vibrou e eu olhei para baixo assim que entrei no banheiro.

Crew ~ Jantar em minha casa. Vou pedir ao Brad para buscá-la às 19h.
Vá com fome.

Eu ~ Tão mandão.

Crew ~ Eu sou seu chefe.

Eu ~ Apenas no escritório.

Crew ~ Tire essas ideias da sua mente suja, Benson. Você acabou de
levar esta conversa para a sujo? Onde mais você estava pensando que eu
iria dominá-la?

Eu ri e me encostei na parede.

Eu ~ Não foi isso que eu quis dizer, seu pervertido.

Crew ~ Você acha que é sábio xingar o seu chefe?


Eu ~ Estou bem com isso.

Crew ~ Volte ao trabalho. Você está em horário de trabalho.

Eu ~ Você não me paga. Não estou no horário de trabalho.

Crew ~ Ah... vou ter que pagar hoje à noite.

Eu ~ Agora quem é o pervertido? Nada vai acontecer. É só um jantar.

Crew ~ Mais uma vez, você que levou para lá. Eu quis dizer que te
pagaria em comida. Você claramente tem uma mente limitada quando se
trata do seu chefe.

Eu ~ Eu te vejo às 19h. Apenas para a comida.

Crew ~ Prepare-se para ficar deslumbrada, Benson.

Usei o banheiro rapidamente e mandei logo uma mensagem


para as meninas sobre ter uma grande notícia, e poderíamos
conversar no Zoom enquanto eu me arrumava esta noite. Claro,
cada uma delas respondeu com entusiasmo. A resposta de Coco
foi completamente inadequada, com intermináveis piadas de mãos
e pés grandes. Minhas garotas sabiam que eu gostava dele. Não
conseguia me lembrar da última vez em que realmente gostei de
alguém, isto se alguma vez gostei. Ninguém nunca tinha feito o
meu estômago revirar ou meu coração disparar antes, e isso me
apavorava. Por que, na realidade, para onde isso poderia ir?

Ele era um Carlisle.

Eu era uma Benson.

Ele era meu chefe.


E também deixou claro que não tinha relacionamentos.

Mas por alguma razão, mesmo com todos os sinos de alerta


tocando, não me importava, nunca tinha sido imprudente antes,
mas estava pronta para jogar a cautela ao vento. Todas as meninas
pensavam que eu deveria apenas ver para onde isto ia e aproveitar
o momento, e eu não poderia argumentar contra isso.

Ivy mostrou algumas opções de roupas para Coco, Addy e Gigi,


que estavam atualmente dando feedback através do meu laptop.

— Gosto do vestido curto florido com jaqueta jeans e botinhas


— disse Addy.

— Eu concordo — Gigi entrou na conversa. — É sexy, mas não


parece que você está se esforçando demais.

— De jeito nenhum. Isso grita menina universitária — Coco


sibilou.

— Ela é uma estudante universitária — Gigi argumentou sobre


o riso.

— Crew Carlisle não é. Ele é todo homem e ela está prestes a


se formar. Desde quando é ruim tentar parecer sexy? Estou
optando totalmente pelo body rendado e a saia de couro —
ronronou Coco.

— O que? — Eu me virei, já que nem tinha um body rendado.


— Eu o coloquei. — Ivy riu. As luzes da cidade brilhavam
através das janelas do chão até ao teto do meu quarto. Ivy e eu
ficamos emocionadas que meu pai nos deixou mudar para este
lugar há dois anos. O pensamento de meu pai fez meu peito doer,
mesmo que eu estivesse completamente chocada com o que ele
tinha feito, eu ainda amava o homem. Ele ainda era meu pai.
Afastei o pensamento. Eu não tinha ouvido falar dele desde que
voltei para Dallas, e minha mãe obviamente não sabia de nada
porque ela ligou esta manhã e me contou tudo sobre sua viagem
com minha tia.

— Não usarei isso. — Coloquei o modelador de cabelo para


baixo e saí do banheiro.

— Ok, que tal isso. O body preto rendado, jeans escuro e


aquele blazer preto fofo que você tem. Use saltos altos e vai parecer
que vai jantar com um homem sexy, não vai a um carnaval com
um garoto da Willow Springs High School. — Coco riu de suas
palavras.

— Coco Radcliff, não odeie o carnaval. Você sabe que é o meu


lugar feliz — Ivy sibilou. Mas então ela se virou para olhar para
mim. — Essa roupa parece super fofa para o jantar.

— Totalmente apropriado — disse Addy.

— Experimente e deixe-nos ver. — Gigi riu quando Gray veio


por trás dela e beijou seu pescoço.

Desmaio.

— Vamos ver a roupa, Maura. Estou morrendo de fome e sei


que não vamos embora até que elas vejam você toda arrumada. —
Ele se deixou cair na cadeira ao lado dela no apartamento dela e
de Addy.
Ele e Jett sempre terminavam juntos. Os dois se tornaram
melhores amigos e participavam de nossas ligações por Zoom o
tempo todo.

— Ok. Volto já. — Corri para o banheiro para me trocar depois


de pegar tudo que precisava. Olhei no espelho de corpo inteiro
atrás da porta e fiquei surpresa com o quanto gostei da roupa. Era
sexy e chique. Claro, Coco acertou em cheio como sempre. A garota
se formou em moda e design e tinha olho para essas coisas.

Coloquei algumas pulseiras e saí do banheiro. Ivy virou o


laptop para me encarar e todos assobiaram em aprovação.

— Garota. Aí está. Prepare-se para ter o homem comendo em


suas mãos. Embora você deva considerar comer com suas mãos
grandes e viris — Coco suspirou.

— Por que você sempre fala disso? — Ivy riu.

— Está tudo bem, Maura — disse Jett, que se juntava agora


ao grupo com Addy sentada em seu colo. — Mas, honestamente,
caras não se importam muito com o que você veste. Vocês pensam
demais nessas coisas.

— Você está ótima — disse Gray. — E agora que você não odeia
mais Crew, posso dizer que gosto do cara. Ele é um cara legal.

— Quão bem você o conhece? — Gigi perguntou ao cair sobre


ele.

— Ele é de Willow Springs, G. Eu conheço todos os Carlisles.


Joguei bola com seus irmãos e fiquei na casa deles algumas vezes,
mas todas vocês sempre falaram sobre eles serem o inimigo
número um, então eu não dizia nada. — Gray riu e passou os
braços ao redor de Gigi.
— Bem, esperançosamente nossa pequena Maura estará
dormindo com o inimigo em algum momento. — Coco riu e meu
estômago vibrou com as suas palavras.

Meu telefone tocou e era Crew dizendo que Brad estava no


carro em frente ao meu prédio. — Ok, o motorista dele está aqui.
Preciso ir e ninguém está dormindo com o inimigo ou com o não
inimigo. Seja o que for, isso não está acontecendo. É o nosso
primeiro encontro e ele já deixou claro que não podemos ir a lugar
nenhum.

— Parece familiar — disse Gigi, ela olhou por cima do ombro


para Gray e todos rimos um pouco mais.

— Eu sempre soube, baby, e ele não estaria convidando você


para jantar se não estivesse interessado — Gray disse enquanto
eu ficava de pé.

— Concordo — acrescentou Jett. — Caras não fazem jantares


para meninas que não gostam.

— Deixe-o querendo mais. Não desista muito rápido — disse


Ivy, e revirei os olhos.

— Pare. Isso não será um problema. Estou indo embora. Amo


vocês, pessoal.

Ivy me abraçou e todos gritaram suas despedidas. Meu


estômago embrulhou quando peguei o elevador até o saguão. O
arranha-céu em que morávamos era muito chique e o porteiro
estendeu a mão para a porta da frente enorme quando caminhei
em sua direção.

— Boa noite, Srta. Benson.


— Oi, Joe. Tenha uma boa noite.

— Você também, mocinha — disse o homem mais velho. Ele


estava na casa dos sessenta e era o cara mais doce.

Sorri quando Brad saiu do carro e abriu a porta.

— Uau. Este é um momento “Uma Linda Mulher”, certo? —


perguntei, referindo-me a um filme que as meninas e eu assistimos
dezenas de vezes juntas. Estava sentindo todas as vibrações de
Julia Roberts, menos a parte da prostituição no filme, ri de mim
mesma.

— Não sei o que isso significa. — Ele deu uma risadinha.

Balancei a cabeça, entrei no carro e engasguei quando vi Crew


sentado lá esperando por mim. — O que você está fazendo aqui?
Achei que ia encontrar você na sua casa.

— Sei que não devemos ser vistos juntos, mas eu não queria
ser um idiota completo e não buscar você. Só não tinha certeza se
deveria ir até sua porta?

— Isto é bom. — Sentei-me ao lado dele. Ele estava vestindo


jeans escuros e um suéter preto. Seu cabelo escuro estava um
pouco mais comprido do que quando comecei a trabalhar para ele
e parecia sexy como o inferno.

— Você está muito bem. — Sua voz estava rouca.

— Obrigada — agradeci e ele pegou minha mão. Eu estava


completamente confusa sobre o que tudo isso significava, mas não
queria questionar.
A viagem de carro até sua casa foi rápida, pois ele morava a
apenas dois quarteirões de mim e eu poderia facilmente ter
caminhado. Entramos em sua garagem e ele saiu do carro primeiro
e pegou minha mão antes de me guiar até o elevador. Crew morava
no último andar, o que não me surpreendeu. Ele gostava de coisas
boas, isso era óbvio, e trabalhou duro por tudo o que tinha, mas o
que eu mais gostei é que ele ainda era aquele cara de cidade
pequena que gostava de andar a cavalo e estar com sua família.
Sua ambição não mudou quem ele era ou de onde veio. Era apenas
uma peça do quebra-cabeça de Crew Carlisle.

As portas do elevador se abriram para sua cobertura e


engasguei quando saí. As janelas do chão ao teto proporcionavam
uma vista espetacular da cidade. O lugar estava imaculadamente
decorado, mas ao mesmo tempo parecia muito caseiro. Paramos
na cozinha contemporânea com linhas simples e lindas bancadas
de mármore branco, eletrodomésticos de última geração e toques
modernos.

— Vinho? — perguntou.

— Sim. Adoraria um copo.

Ele serviu um copo de Cabernet para cada um de nós e me


entregou um deles, os seus dedos roçaram os meus, fazendo meu
corpo ganhar vida. Não sei o que era, mas cada vez que Crew me
tocava, a reação era tão forte e avassaladora, que quase parecia
esmagadora às vezes. Ele abriu o forno e tirou uma caixa de pizza
que me fez rir.

— O que? Você não gosta de pizza? — perguntou, e seu olhar


se estreitou enquanto ele me observava.

— Claro, gosto de pizza. Simplesmente não parece combinar


com esta cozinha chique.
— Acredite em mim, esta cozinha viu mais pizza do que
gostaria de admitir. Você quer sentar-se no terraço? Sei que está
frio, mas tenho aquecedores lá fora e a vista é boa.

— Sim. Adoraria. — Ele me entregou os pratos de papel, os


guardanapos e abriu o caminho para uma porta nos fundos que,
com alguns passos, nos levou para o exterior.

O terraço parecia saído de uma revista. Havia árvores com


pequenas luzes brancas cintilantes e dois sofás grandes com uma
mesa de centro entre eles. Crew colocou a comida e sua taça de
vinho para baixo e agarrou um cobertor que estava estendido ao
lado do sofá.

— Isso vai mantê-la aquecida se estiver muito frio.

Não estava, na verdade, eu me sentia quente. Talvez fossem os


aquecedores, ou talvez fosse apenas estar na presença dele. —
Estou bem por enquanto. Obrigada. Suponho que você tenha
cortejado muitas mulheres aqui. Este é definitivamente um ímã
feminino. — Minha cabeça caiu para trás de tanto rir e me sentei
ao lado dele.

— Eu não trago mulheres para o meu apartamento. Você é


realmente a primeira. — Ele abriu a caixa e colocou uma fatia no
meu prato e outra no dele antes de se sentar ao meu lado.

Meu queixo caiu. — Você não traz mulheres aqui? Por quê? É
super-romântico — falei, absorvendo toda a cena.

— Sim, minha mãe decorou o lugar para mim. Eu tinha que


ficar lembrando a ela que menos é mais, mas ela tem uma queda
por design de interiores e um bom olho, então não posso reclamar.

— Então, por que é que você não traz mulheres aqui?


— Porque quando convido alguém para sair, gosto de ir a um
restaurante. Isto é mais... íntimo. Não tenho relacionamentos, pelo
menos não desde a faculdade. Acho que trazer alguém aqui pode
enviar a mensagem errada — disse ele, dando uma mordida
enorme na pizza enquanto esperava pela minha resposta.

Que mensagem ele estava me enviando?

— Por que é que estou aqui?

— Essa é uma ótima pergunta — disse ele, enquanto a sua


língua deslizava para umedecer seu lábio inferior e minha
respiração ficou presa na garganta. Eu nunca senti essa atração
física por um homem antes de Crew. A atração era tão forte que eu
não conseguia pensar direito na maior parte do tempo.

— Bem, acho que, para começar, não podemos realmente ser


vistos em público porque você pensa que é meu chefe.

Ele soltou uma risada agora. — Eu não acho que sou seu
chefe. Você definitivamente trabalha para mim.

— Você não me paga. Você é mais parecido com o meu...


professor. Estou recebendo uma educação de você.

— Jesus, isso é pior.

— Por favor. Você é cinco anos mais velho que eu. Isso
dificilmente é um grande negócio.

— Tudo bem, mas essa não é a única razão pela qual isso é
um segredo. O que você acha que seu pai diria sobre toda essa
situação? O que ele pensa sobre você trabalhar para nós?
Estremeci. — Ele não sabe. Eu disse a ele que trabalhava em
outro lugar. Ele nunca viria ao meu local de trabalho, então por
que começar a brigar se não precisamos?

— Aí está. Portanto, temos uma infinidade de razões pelas


quais isto seria desafiador. Meu avô ficaria chateado, para
começar. Você é estagiária em uma empresa que dirijo. Nossas
famílias têm um longo ódio uma pela outra. Não suporto ver seu
pai, então há outro problema, mas eu simplesmente não dou a
mínima, para ser honesto.

— Por quê? — sussurrei enquanto me aproximava dele.

— Porque desde que eu te beijei, você é tudo o que penso.

— Você sabe que não vou dormir com você, certo? Quer dizer,
isso pode ser algo que você faz casualmente, mas eu não faço. É
algo que levo muito a sério e até que saibamos o que é isso, não
vai acontecer.

Ele assentiu. — Bem, beijar você provou ser melhor do que


sexo com qualquer outra pessoa, então estou bem com este plano.
Por enquanto.

— Por enquanto? Parece que o baralho está contra nós. Isso


pode acabar tão rápido quanto começou — falei.

— Pode ser. Vamos viver um dia de cada vez. Se passarmos


algum tempo juntos fora do escritório, não há motivo para não
sermos profissionais no trabalho. Isso não deve ser tão
complicado.

— Certo. Feito, chefe — eu disse, batendo meu copo no dele e


tentando esconder meu sorriso. — Quero dizer, professor.
Ele revirou os olhos. — Não me chame disso. Então, diga-me
como foi com Piper.

— Ela é muito doce. Ela não disse à sua mãe que me procurou.
Não contei a ela que falei com meu pai porque é muito doloroso e
não quero lhe causar mais dor do que aquela que ele já causou.
Gosto dela. Ela é uma artista muito talentosa, e me mostrou
alguns de seus desenhos.

— Acho ótimo você se encontrar com ela. Você conversou com


seus irmãos sobre isso?

— Sim. Ambos ficaram chateados, mas não totalmente


chocados. Meus irmãos trabalham com meu pai e eles ouviram os
boatos. Disseram que suspeitavam que ele estava tendo um caso
com uma senhora no escritório no ano passado, mas eles não
queriam contar para minha mãe ou para mim — eu disse, fazendo
uma pausa para tomar um gole de vinho. — Acho que chamaram
sua atenção e tudo o que estava acontecendo entre papai e essa
mulher parou abruptamente.

— Que classe — ele exalou sarcasmo, pegou outro pedaço de


pizza e deslizou outra fatia no meu prato. — Sinto muito por você
e sua mãe.

— Ele ama minha mãe, então eu não entendo. Eles estão


juntos há muito tempo. Não sei o porquê de ele fazer isso com ela.

Ele pousou a taça de vinho. — Ele é um homem egoísta e


controlador.

E estava certo. Meu pai era um homem egoísta. Havia um bom


homem por trás de tudo isso, mas agora eu estava tendo
dificuldade em me lembrar disso.
— Ele é e Piper é realmente ótima. Vamos almoçar na próxima
semana, e Wes e Lyle disseram que gostariam de conhecê-la em
algum momento. Nós todos nos sentimos muito mal fazendo isso
quando minha mãe não sabe o que está acontecendo.

— Siga seu instinto, Benson. Se você acha que deve contar a


ela, então confie nisso — disse ele ao colocarmos nossas taças de
vinho na mesa e ele me puxar contra seu peito. As estrelas
dançavam contra o céu negro e uma leve brisa se movia ao nosso
redor. Eu amava esta época do ano, quando o inverno estava
chegando ao fim e a primavera estava se aproximando. Descansei
minha cabeça contra seu peito e seus braços me envolveram.

— Quem poderia imaginar que você seria a pessoa em quem


me apoiaria durante uma crise?

— Bem, seu para-choque encostou no meu para-choque anos


atrás, então talvez isso tenha sido um sinal.

Eu ri e inclinei minha cabeça para trás para olhar para ele.

Foi definitivamente um sinal.


Capítulo Quatorze

Crew

Maura e eu nos sentamos do lado de fora comendo, bebendo


vinho, rindo e nos beijando como adolescentes sob as estrelas por
horas. Nunca estive com uma mulher de quem gostasse tanto.

A conversa.

A brincadeira espirituosa.

A risada.

Essa garota era o pacote completo. Um pacote que eu não


tinha percebido que estava procurando, mas agora que estava
perto dela, eu só queria mais. Eu estava em uma situação difícil.
Minha esperança era que quanto mais tempo passássemos juntos,
nós dois perceberíamos que não tínhamos nada em comum além
de crescer na mesma cidade pequena, mas não era esse o caso.

Ela deixou claro que não dormiria comigo, o que eu sabia que
era uma boa ideia, pois não via um jeito de isso ir a longo prazo.
Minha mãe sempre me disse para tentar viver o momento. Desde
que perdemos Belle, eu me descobri precisando colocar um prazo
nas coisas para não ter expectativas que não fossem cumpridas,
mas, pela primeira vez na vida, eu queria estar no momento.

Com essa garota.


Já passava da meia-noite e a temperatura estava caindo. Eu a
embrulhei em um cobertor e ela estava enrolada no meu colo.

— Conte-me sobre Belle. — Ela se levantou e se virou para


mim. As luzes cintilantes no terraço forneciam luz apenas o
suficiente para eu ver suas belas feições. — Quer dizer, eu sei como
ela faleceu e sei sobre a doença dela, mas me diga como ela era.

Peguei a garrafa de vinho e coloquei um pouco mais em cada


uma de nossas taças. Belle não era um assunto sobre o qual
falasse com ninguém fora da minha família e, mesmo com eles,
lutava contra isso. Meus amigos sabiam que o assunto era proibido
e eles respeitavam isso.

— Eu normalmente não falo sobre ela. — Estreitei meu olhar


e a estudei.

— Por quê? Você não se lembra das coisas boas?

Pensei sobre isso e a puxei para perto de mim novamente,


envolvendo meus braços em volta dela, respirando em toda a sua
bondade. — Belle foi hilária. Um foguete total e uma lutadora. Não
apenas contra o câncer, mas ela desafiou a todos nós. Ela era
inteligente, atrevida e doce, tudo embrulhado nesse pequeno
pacote perfeito.

Ela ficou perfeitamente imóvel em meus braços. — Aposto que


você era um irmão mais velho muito protetor.

— Bem, você sabe. Ela era pequena, e o fato de ter ficado


doente por alguns anos me fez sentir ainda mais protetor com ela,
mas minha coisa favorita era a risada dela. A garota tinha uma
risada contagiante e ela ria das coisas mais inadequadas.
— Como o quê? — ela perguntou, virando-se para me encarar
novamente.

— Bem, eu me lembro dela rindo quando meu pai estava


pintando o quarto dela e colocou o galão de tinta no topo da
escada. A coisa toda desabou sobre sua cabeça e por todo o chão.
Minha mãe engasgou, meus irmãos e eu corremos para pegar
toalhas e Belle riu até que as lágrimas rolassem pelo seu rosto.
Eventualmente, todos nós rimos.

Maura sorriu. — Ela parecia um pequeno foguete.

— Ela realmente era, e forte pra caralho. Seu corpinho passou


pelo espremedor e ela nunca reclamou. Ela gostava que eu fosse
às consultas dela sempre que podia. Eu li para ela. Ela adorava
quando eu lia um livro de piadas ridículo que não era nem
engraçado, mas a fazia rir, então eu o lia.

— Eu amo o quão próxima sua família é. É muito especial,


sabe? E mesmo que seu tempo aqui tenha sido muito curto, foi
especial. Todos vocês a amavam muito e isso não é algo que todo
mundo tem.

Meu peito ficou pesado com as suas palavras. Eu morreria por


qualquer pessoa da minha família, sem pensar duas vezes, e Belle
deixou esta terra sabendo o quão amada ela era. Nunca houve um
dia em minha vida em que eu pudesse me lembrar em que meus
pais não tivessem nos deixado saber o quanto eles nos amavam.

— Sua família é próxima? Quer dizer, fora do seu pai? Imagino


que não seja fácil estar perto dele.

Ela estendeu a mão e passou os dedos pelo meu cabelo, fechei


os olhos com seu toque. Ela tinha um jeito de acalmar e curar
todas as minhas angústias. Eu não sabia como ela estava fazendo
isso, mas no pouco tempo em que a conhecia, podia sentir uma
mudança. Era assustador como o inferno dar a alguém esse tipo
de poder sobre você.

— Ele não é totalmente mau, Crew. Sim, sua bússola moral é


claramente falha, mas ele nos ama. Ele é um provedor. Ele quer o
melhor para seus filhos e ama sua esposa. É por isso que é tão
difícil de entender.

— Tenho certeza de que ele tem algumas qualidades


redentoras. — Eu duvidava, mas ele era o pai dela. Eu não era um
idiota total. — Como é a sua mãe?

— Minha mãe é a melhor quando você realmente consegue


fazê-la sentar-se quieta e conversar. — Ela riu, e tudo sobre ela
era mais leve quando ela falava sobre sua mãe. — Ser esposa e
mãe é a coisa mais importante do mundo para ela. É por isso que
isso é tão difícil. Isso vai devastá-la.

— E seus irmãos?

— Ambos são ótimos. Nós três somos muito próximos. E,


honestamente, as Magic Willows também são minha família.
Tenho quatro irmãs integradas.

— Magic o que?

— Nós nos chamamos de Magic Willows — disse ela sobre o


riso. — Maura, Addy, Gigi, Ivy e Coco. Pegue a primeira letra de
cada nome... e você tem a palavra Magic, e como somos de Willow
Springs... você tem Willows.

Eu soltei uma risada e a abracei novamente. — Você é


adorável, Maura Benson.
— Você também não é tão ruim, Carlisle.

Inclinei sua cabeça para trás e a beijei. Ela manobrou uma


perna por cima de mim, então ela estava me montando. Emaranhei
meus dedos em seus cabelos e minha boca cobriu a dela
novamente. Eu não conseguia o suficiente. Ela balançou os
quadris contra os meus e os pensamentos de Maura gritando meu
nome alguns dias antes me fizeram levantar, com ela ainda em
meus braços. Meu pau estava duro como uma rocha em
necessidade desesperada de alívio e isso não aconteceria tão cedo.
Suas pernas envolveram minha cintura instintivamente e eu a
carreguei para dentro. Movi-me em direção ao meu quarto e ela
endureceu antes de se afastar.

— Não vou dormir com você agora. Nós nem sabemos o que é
isso. — Seu olhar procurou o meu e eu vi o medo. Ela estava
nervosa. Inferno, eu entendia isso. Sexo não era algo que ela
considerava levianamente e eu gostaria de poder dizer o mesmo de
mim. Sempre foi apenas sexo para mim e eu era muito bom nisso.
Na faculdade, sexo casual era a norma e, com minha falta de
interesse em ter um relacionamento sério, continuava assim para
mim. Muitas mulheres sentiam o mesmo a respeito disso. Era um
ato de prazer. Pelo menos para mim foi.

Mas eu ficaria sem isso por enquanto, porque passar um


tempo com Maura, com ou sem sexo, é o que importava. Eu só
queria estar com ela.

— Obviamente não estamos fazendo sexo, mas já é tarde.


Achei que você poderia passar a noite aqui.

— Passar a noite? Aqui? Não posso fazer isso.

— Por quê?
— Porque eu tenho que trabalhar amanhã. Eu não tenho
nenhuma roupa. — Ela disse, olhando para qualquer lugar menos
para mim.

Esperei que o seu olhar encontrasse o meu. — Brad pode pegar


uma bolsa para você, se quiser ligar para Ivy e pedir a ela que lhe
arrume algumas coisas. Ou ele pode te levar para casa no início
da manhã.

Ela sorriu e inclinou a cabeça para o lado, e meu maldito peito


apertou. O coração que eu estava convencido de que estava
permanentemente quebrado estava definitivamente batendo
agora.

Controle-se, cara.

— Por que você quer que eu durma aqui se nada vai acontecer?
— ela perguntou enquanto corria os dedos pelo meu cabelo.

— Porque eu não quero que esta noite acabe. — Era a verdade,


e eu tinha um palpite de que Maura gostaria de uma resposta
honesta em vez de uma resposta idiota.

Ela se soltou para ficar de pé. Talvez fosse uma maneira de se


controlar. Mantendo sua posição.

— Escute, Crew. Eu não durmo apenas em casas de caras


aleatórios. Não sou eu e isso é complicado. — Ela torceu as mãos
e me estudou.

Concordei. Ela estava certa, mas eu não dava a mínima.


Sempre confiei no meu instinto e meu instinto me disse que era
aqui que eu queria estar. Precisava estar.
Eu me movi para o seu espaço. — Temos muitas coisas contra
nós, não há dúvida, mas eu gosto de você, Maura Benson. Talvez
até demais.

— Eu também gosto de você e isso me assusta.

Coloquei seu cabelo atrás das orelhas. — Quero dar a você o


que você precisa, mas namorar abertamente não vai funcionar
para nenhum de nós agora. Meu avô perderia a cabeça, porque eu
sou o presidente da empresa e você é a estagiária. Se alguém
descobrisse, seria uma péssima impressão para a empresa. Temos
concorrentes apenas procurando algo para nos derrubar e seu pai
provavelmente iria renegá-la se descobrisse. Inferno, você nem
pode dizer a ele que trabalha para mim.

— Eu não preciso de uma grande exibição pública ou me


importar com o que os outros pensam. Não é sobre isso.
Obviamente, isto é novo, então não faz sentido causar uma grande
batalha quando estamos apenas começando a nos conhecer,
certo?

— Diga-me o que você precisa.

Ela mudou de pé, parecendo estar perdida em pensamentos.


— Eu estou bem em manter isso em segredo. Visto que meu pai é
capaz de renegar os filhos e, por mais perturbada que eu esteja
com o que ele fez, não estou pronta para começar uma guerra em
minha família. Quer dizer, isso pode ser apenas uma amizade.
Podemos apenas desfrutar da companhia um do outro.

Eu ri, embora nós dois soubéssemos que era muito mais do


que isso, ou nem mesmo iríamos lá. — Concordo.

— Mas também gostamos de nos beijar e agora você quer que


eu passe a noite aqui.
— Eu quero.

— E eu quero fazer isso também. — Ela sorriu tanto que minha


respiração ficou presa na garganta. Inclinei-me para frente e
descansei minha testa contra a dela.

— O que você precisa? — perguntei. Eu era um homem


honesto. Provavelmente daria a essa garota meu testículo
esquerdo agora, apenas para fazê-la passar a noite na minha
cama. Com zero expectativas. Ela me fez sentir coisas que eu não
sabia que era capaz e eu queria ver para onde isso me levaria.

— Contanto que nós, você sabe, vejamos onde isso vai dar, eu
gostaria de saber que você não está com mais ninguém. Eu
simplesmente não sou muito boa em compartilhar quando se trata
de relacionamentos, ou er, não relacionamentos. Já é estranho
porque temos que manter isso em segredo. Então, eu preciso ter a
certeza de que estamos vendo para onde isso vai, mas nenhuma
outra complicação. — Ela encolheu os ombros.

Eu ri porque ela era tão fofa. — Posso fazer isso.

— Você pode?

— Sim. Sem dúvida.

— E quando você não puder, apenas me diga, mas eu preciso


ter alguma normalidade. Quer dizer, vou passar a noite com o
inimigo do meu pai e o meu chefe.

— Sem sexo. Sem trapaça e é um segredo. Definitivamente,


essa também não é a norma para mim, mas estou no jogo e você
me diz se não estiver funcionando para você também. Combinado?
— Combinado. Somos amigos, sem os benefícios, que beijam
e dormem na mesma cama — disse ela em meio ao riso. — E vou
pedir emprestada uma camiseta para dormir e pedir a Brad que
me leve para casa de manhã cedo.

Esta foi de longe a coisa mais louca com a qual concordei, e


estava completamente bem com isso. A ideia de dormir ao lado dela
me deu sentimentos confusos. Estava duro como uma rocha e
precisava cuidar disso no chuveiro amanhã de manhã, antes do
trabalho, então estava com todo tipo de desconforto. Mesmo assim,
eu me sentia como uma criança na manhã de Natal. Como se eu
estivesse prestes a abrir o presente que desejei o ano todo. O que
era uma loucura, considerando que ela deixou claro que não
faríamos sexo.

— Incrível pra caralho, Benson. — Estendi minha mão para


apertar a dela e quando ela alcançou a minha, passei meu braço
em volta de sua cintura e a peguei. O riso encheu o espaço ao meu
redor e caminhei para o meu quarto, onde a coloquei na cama. —
A maioria das mulheres não ri histericamente quando as coloco na
cama.

Ela sorriu enquanto olhava para mim. — Eu não sou a maioria


das garotas, Carlisle.

Não, e é essa a porra da verdade.

— Estou bem ciente.

Ela ficou de pé e observou o espaço. — Meu Deus. Você vive à


grandeza.

— Diz a menina que cresceu num casarão. — Cruzei meus


braços sobre meu peito.
— Meu pai é um pouco exagerado, obviamente, mas você mora
sozinho. Você não se sente solitário estando aqui sozinho?

Balancei minha cabeça. — Não. Gosto do meu espaço. Eu vou


bastante para casa, trabalho muito, passo um tempo com amigos
e, er, sim. Amigos — eu disse, tentando mudar de assunto.

— Mulheres. Eu não sou idiota. Você é sexy como o pecado.


Um pouco taciturno, o que as garotas adoram. Particularmente não
eu. — Sua cabeça caiu para trás de tanto rir. — Você é
definitivamente o cara mais rabugento com quem nunca
namoraria, mas com quem passei um tempo.

— Oh, sim. Que tipo de cara você namorou? — Meu tom era
sério. Pensar em Maura com qualquer outra pessoa me deixou
desconfortável. Desequilibrado.

Que porra era essa?

— Eu só tive três relacionamentos. Um no colégio. E dois na


faculdade. Eles não eram muito emocionantes. Baixo drama.
Definitivamente não era nada complicado. Todos os três caras
foram muito legais. Nós nunca brigamos. — Ela encolheu os
ombros.

— Então, eles eram chatos? Estou supondo que o sexo foi uma
decepção com toda a falta de química acontecendo. — Levantei
uma sobrancelha porque queria saber. Inferno, eu queria saber
tudo sobre essa garota.

— O sexo era... baunilha. No melhor. Só sei disso porque as


minhas amigas me contaram como poderia ser, e não foi assim
comigo. Meu namorado do colégio e eu só fizemos isso duas vezes.
— Ela balançou a cabeça e encolheu os ombros. — E, claramente,
não sabíamos o que estávamos fazendo e eu não estava com pressa
de fazer de novo e os próximos dois foram...

— Fodidos? — falei enquanto fervia com o pensamento deles a


tocando. Ela nem era minha e o pensamento de outro cara
tocando-a fazia meu sangue ferver.

— Chato é uma palavra melhor. Você sabe o dia em que


estivemos no campo... — Ela fez uma pausa e me estudou.

— Sim. Foi há dois dias. Está gravado em meu cérebro para


sempre.

Suas bochechas ficaram ainda mais rosadas do que o normal.


— Bem, isso nunca tinha acontecido comigo.

— O que? Dar uns amassos no campo?

— Não. O que você fez para mim. A maneira como você me fez
sentir.

Jesus Cristo. Quão inocente ela era? Ela não conseguia nem
dizer isso. — O orgasmo que eu dei a você?

Ela balançou a cabeça e desviou o olhar. — Isso nunca


aconteceu com um cara.

Eu me aproximei. — Bem, fico feliz que eu pude ser o primeiro


a lhe dar um verdadeiro prazer. Você estava namorando idiotas
egoístas, Maura Benson. Agora você pode ter todos os orgasmos
que quiser.

— Contanto que eu não conte a ninguém quem está dando


para mim, certo? — Ela riu, mas eu vi a hesitação por trás de seu
lindo olhar castanho-mel.
— Ei. Se decidirmos que isso está indo para algum lugar,
lidaremos com isso nesse momento. Você não será uma estagiária
na minha empresa para sempre.

— Mas você e meu pai sempre serão inimigos — disse ela.

— Bom ponto. Vamos. Vamos descansar um pouco. — Mudei-


me para a minha cômoda e peguei uma camiseta da gaveta para
ela.

Ela a segurou perto do nariz. — Tem cheiro de Crew.

Eu ri. — Oh, sim. Qual é o meu cheiro?

— Como hortelã, pinheiro e homem sexy. — Ela entrou no


banheiro e fechou a porta. Puxei meu suéter pela cabeça e deixei
cair minha calça jeans no chão. Definitivamente, essa não era a
norma para mim. A mulher que passaria a noite comigo estava
vestindo minha camiseta atrás de uma porta fechada. Inferno, ela
provavelmente a trancou.

Ela abriu a porta. Seu cabelo estava amarrado com um nó no


topo da cabeça. Seu rosto estava brilhante e sem maquiagem, e ela
parecia um sonho molhado filho da puta na minha camiseta. Como
diabos uma camiseta enorme de Harvard parecia sexy nessa
garota? Ela me encarou por um longo momento. Seu olhar
descendo para a protuberância enorme em minha cueca boxer
justa. Eu certamente poderia me abster de tocá-la se ela quisesse,
mas não conseguia controlar como o grandalhão respondia a ela,
especialmente depois de ouvir que sou o único cara que já a levou
ao limite e ouvi gritar meu nome. Seus olhos se arregalaram e ela
lambeu os lábios antes de se virar.
Ela correu para a minha cama e pulou debaixo das cobertas
antes de pegar o telefone. — Preciso avisar Ivy que não vou voltar
para casa.

— E você confia que suas amigas não vão contar a ninguém


sobre nós?

— Cem por cento.

Apaguei as luzes e subi na cama ao lado dela enquanto ela


enviava uma mensagem de texto à amiga. Nossas pernas se
entrelaçaram e eu a inspirei. Seu coração estava disparado contra
o meu peito, passei um braço em volta dela e a puxei para mais
perto.

— Por que seu pai não trabalha para a agência de publicidade?


— ela perguntou.

Corri meus dedos por seu cabelo sedoso, sua cabeça


descansando logo abaixo do meu queixo. — Depois que nossos
avôs sofreram a ruptura, meu avô abandonou completamente o
negócio. Ele abriu a agência de publicidade e pediu aos seus dois
irmãos que dirigissem o negócio do petróleo. Meu tio Pete adoeceu
quando eu era jovem e meu pai foi ajudar. Nossa família sempre
foi unida e nós apoiamos sempre que preciso, mas acho que ele
gostou, tio Pete morreu alguns anos depois e papai simplesmente
ficou lá. Eu sabia que queria fazer algo diferente e costumava ir
trabalhar com o vovô durante o verão, quando era criança. Ele
dirigiu a Carlisle Ad Agency por cinquenta anos antes de me
entregar as rédeas. Ele começou do nada e costumávamos falar
sobre o dia em que eu assumiria, com meus irmãos trabalhando
para a companhia de petróleo, isso funcionou. Knox virá trabalhar
comigo depois que se formar. Ele está no lado criativo das coisas,
ambas as nossas empresas são familiares, então nos preocupamos
muito com o resultado, sabe? Queremos que cresçam. Queremos
deixar um legado.

— Eu amo isso. — Sua voz parecia sonolenta.

— Por que você não trabalha para o seu pai? — perguntei.

— Bem, para começar, ele é um tirano. Meus irmãos mal


podem esperar pelo dia em que assumirão. Eles têm todas essas
ideias, mas ele não escuta e nem quer que eu trabalhe. Meu pai é
antiquado. Ele quer que eu me case, tenha filhos e seja mimada.
Então, eu sabia que precisava encontrar algo meu para perseguir,
e encontrei. Seu pai é dono de um monte de negócios na cidade,
certo?

Seu pai também possuía vários negócios em Willow Springs.


Ele alugava suas propriedades por um aluguel ridiculamente alto,
o que significava que a maioria dos seus inquilinos acabavam
fechando porque não podiam manter os pagamentos para se
manter à tona. Meu pai investia nas pessoas. Ele os ajudava a
iniciar seus próprios negócios.

— Ele é um investidor silencioso. Ele acredita que somos muito


abençoados por ter o que temos e que devemos fazer o que estiver
ao nosso alcance para retribuir. Você sabe... toda aquela teoria de
que há o suficiente para todos. — Eu ri, mas meus olhos estavam
pesados. Era uma paz ter Maura Benson em meus braços e na
minha cama.

— Meu pai acredita que ele é o rei de seu castelo. De Willow


Springs. — O seu tom atado com tristeza. — Ultimamente, sinto
que nem o conheço.
Ela não o conhecia. Foi aí que estraguei tudo. Eu coloquei
todos os Bensons em uma categoria, mas rapidamente aprendi que
Maura não era nada parecida com o pai.

E eu gostava dela.

Eu gostava muito dela.

— Então, diga-me, Maura Benson. Como foi nosso primeiro


encontro? Você está encantada?

— Completamente encantada e isso me apavora — ela disse


um pouco acima de um sussurro.

Ela se aninhou mais perto do meu pescoço e eu beijei o topo


de sua cabeça, nós dois caímos no sono.
Capítulo Quinze

Maura

Ivy e eu estávamos jantando, tínhamos acabado de sair de


uma ligação no Zoom com as Magic Willows. Eu as havia
informado sobre as últimas duas semanas. Nem sabia mais como
era a minha vida, mas nunca estive mais feliz. Estava trabalhando
para o inimigo de meu pai, prestes a me formar na faculdade, tinha
tido mais duas reuniões secretas com minha irmã Piper,
estávamos nos tornando amigas, e eu passava minhas noites na
cama do meu chefe. Nós namorávamos todas as noites até que
meus lábios estivessem inchados e doloridos, mas eu ainda queria
mais. Eu sabia que precisava ser cuidadosa até sabermos para
onde estávamos indo. Crew Carlisle poderia me destruir. Nunca
estive em um relacionamento em que temia o quanto doeria se
acabasse e agora eu estava em... no que eu estava? Uma amizade
com um homem com quem eu nunca poderia namorar
abertamente. Um homem por quem estava tão atraída que pensava
nele a cada segundo em que não estávamos juntos. O que não era
tão frequente. Tínhamos sido muito cuidadosos no escritório até
agora, mas hoje quase fomos pegos quando ele veio por trás de
mim na sala de descanso e beijou meu pescoço, pensando que não
havia ninguém lá. Felizmente, eu pulei para longe dele antes de
Sam sair do banheiro. Crew finalmente deixou de lado seu ciúme
ridículo por Sam, que gostava de falar comigo sobre seu
relacionamento com Gwen. Eu o encorajei a parar de mandar o
pobre coitado para a sala de impressão e realmente permitir que
ele trabalhasse com design, que é onde ele prosperava.
Esta noite era a primeira noite que eu jantava em casa com Ivy
porque eu tinha ido do trabalho para a casa de Crew todos os dias
desde que concordamos com esse arranjo maluco. Foi bom colocar
algum espaço. Ele jantaria com seu avô esta noite, e eu planejei
jantar com Ivy.

— Então, conte-me sobre o seu encontro na noite passada? —


falei quando coloquei o macarrão na mesa entre nós.

— Seis vírgula cinco de dez. Ele foi educado. Boa aparência,


mas ele falou sobre si mesmo o tempo todo. Ele foi campeão
estadual de wrestler no ensino médio. Ele foi um dos melhores
alunos do ensino médio. Ele foi eleito com maior probabilidade de
sucesso... — Ela estendeu a mão para que eu me juntasse a ela.

— No ensino médio — dissemos ao mesmo tempo e caímos na


gargalhada.

— Aparentemente, atingiu o pico no ensino médio. Ele me


contou uma história de uma hora sobre sua namorada do colégio
e como ela partiu o seu coração. No final, eu o ajudei a redigir um
texto para reconquistá-la. Foi um tiro no escuro. Ele me escreveu
hoje dizendo que ainda não tinha ouvido falar dela. Você pode levar
um cavalo até a água, mas com certeza não pode fazê-lo beber —
disse ela, girando o garfo em um pedaço enorme de massa e
inalando-a.

Minha cabeça caiu para trás de tanto rir. — Como é que ele
conseguiu uma nota seis vírgula cinco?

— Garota — ela disse, erguendo a mão para me avisar que ela


tinha que terminar de mastigar. — Ele escolheu o restaurante
francês mais fofo e o garçom perguntou meu número quando Tony
foi ao banheiro. Hashtag quando a vida lhe der limões, faça uma
limonada.
Ivy dominava a cena do namoro. Ela teve mais primeiros
encontros do que qualquer pessoa que eu conhecia e raramente
entrava em um segundo. Talvez três vezes nos últimos quatro
anos, e eles nunca foram além do encontro número dois. De acordo
com Ivy, quando você sabe, sabe.

— Então, de volta para você. Você passa a noite na cama desse


homem lindo todas as noites. Ele alimenta você, ouve você, você
não faz sexo com ele, mas ele continua voltando? Qual é o truque?

— Honestamente não sei. Não sei o que estamos fazendo. Meu


pai vai perder a cabeça quando descobrir que estou trabalhando
lá, mas se namorar Crew, acho que ele me renegará.

— Maura, o homem descobre que tem outra filha e não tenta


conhecê-la, nenhuma tentativa de se desculpar. Ele não tem
coração. Não avalie a sua felicidade por Arthur Benson. — Ela
ergueu a mão para me impedir de interromper. — Escute, ele
detém dinheiro sobre a sua cabeça, sobre todas as suas cabeças.
Eu sei que ele te ama, provavelmente mais do que ninguém, mas
o homem está emocionalmente falido como ser humano. Ele não
vai cortar você porque ficaria mal para ele. Um dos mais ricos
magnatas do petróleo no estado do Texas, renegando a filha por
namorar um cara de quem ele não gosta? Absurdo.

Penso sobre suas palavras enquanto mastigo minha comida.


Havia alguma verdade nisso.

— Não é o dinheiro que me preocupa. Quer dizer, claro, ele me


apoia. Ele é meu pai. A ideia dele me renegar é assustadora, mas
minha mãe nunca permitiria e estou prestes a me formar e entrar
no mercado de trabalho. Então, planejo me sustentar muito em
breve. Está tudo uma bagunça, Ive. Estou saindo com minha irmã
pelas costas da minha mãe. Meus irmãos não acham que devemos
contar a ela. Eles acham que eu deveria encorajar papai a contar
a ela, mas a culpa está me comendo viva. Wes e Lyle não suportam
ficar em casa porque se sentem muito mal em estar perto da
mamãe quando estão escondendo algo tão grande. Este é um
segredo do passado, parece que é um segredo do papai para
contar, mas é errado que saibamos e ela não. Meu pai não falou
comigo desde que o confrontei e ele não sabe que Lyle e Wes
sabem, e depois você joga Crew na mistura. Ele pode ter muitos
problemas por namorar uma estagiária. Ele é o presidente da
maior agência de publicidade do estado do Texas.

— Eu acho que seu pai deveria contar à sua mãe também. Ele
a colocou em uma posição terrível, mas no que diz respeito a Crew
e você, vocês têm cinco anos de diferença. Vocês cresceram na
mesma cidade. Este não é um momento #METOO6. É uma relação
consensual. É por isso que você não vai dormir com ele? Quer
dizer, eu nunca vi você gostar de alguém tanto quanto gosta dele.
Por que é que você está se segurando?

— Estou com medo de que, quando tudo isso explodir, ele vá


embora. Ele odeia meu pai. Meu pai fez coisas terríveis para a
família dele. Eu entendo, mas ainda sou filha dele e se eu fosse
deixar tudo acontecer, provavelmente estaria morta aos olhos do
meu pai. Ele é irracional quando se trata dos Carlisle.

— Deus, seu pai é um idiota. Quer dizer, adoro que possamos


morar neste apartamento chique na cidade, mas você sabe que se
tivéssemos que nos mudar e morar em um estúdio juntas, eu
estaria bem ao seu lado — disse ela, segurando sua taça e fazendo
um brinde comigo.

6
O movimento Me Too, com uma grande variedade de nomes alternativos locais e internacionais, é um
movimento contra o assédio sexual e a agressão sexual.
Eu ri. — Eu sei que você estaria. Ele não vai nos expulsar, nós
nos formamos em dois meses. Estamos bem, eu prometo.

— Então, por quanto tempo você consegue manter esse


arranjo? Crew deve estar morrendo, dormindo com você todas as
noites com a regra de não fazer sexo. — Ela caiu para trás na
gargalhada. — O homem está acostumado a conseguir o que quer.

— Ele não é o único a sofrer. Você sabe que nunca fui de me


importar com sexo. Talvez eu simplesmente não tenha feito o
suficiente para encontrar prazer nisso, ou talvez meus parceiros
não fossem muito bons nisso — eu disse enquanto ambos ríamos.
— Mas, Ivy, penso nisso o tempo todo com o Crew. Quando ele me
beija, não consigo ver direito, nunca quis ninguém do jeito que o
quero.

Cobri meu rosto, mortificada por ter admitido isso, mas essa
era Ivy. Eu podia contar qualquer coisa para as minhas melhores
amigas. Nunca nos julgávamos. Nós escutávamos, mas admitir
isso para mim mesma também era novo.

— Oh, uau! Meu medidor sexy está disparando. Você está


pegando fogo, Maura Benson — ela gritou e soltou uma risada. —
Coco previu isso e ela estava certa. Isto vai acontecer.

Mordi meu lábio inferior para não sorrir.

— Só porque você quer que algo aconteça, não significa que


deveria. Estamos em segredo, sem relacionamento, com poucos
benefícios, mas é o melhor relacionamento que já tive. Como isso
é possível?

— Porque você esteve namorando fracassados há anos. Todos


nós vimos isso. Provavelmente algum tipo de problema de pai
profundamente enraizado. Seu pai está emocionalmente vazio.
Você acabou de perceber que não quer isso no quadro geral, então,
você encontrou um chefe sexy e quente. Eu amo tudo sobre isso.
Ele é todo profissional durante o dia, mas ele é um cowboy de
cidade pequena que adora cavalos nos fins de semana. — Ivy
estava de pé agora andando pela sala. — Estamos prestes a nos
formar. Você não está cansada de jogar pelo seguro? Essa é nossa
vez. Estamos no nosso auge. Vá atrás do que você quer. Carpe
diem e todo esse lema.

Revirei meus olhos. — E quanto a todas as razões pelas quais


não podemos ficar juntos de verdade? Dormir com ele seria uma
ideia muito ruim, porque sou muito apegada emocionalmente.

— Pare de ser tão lógica, garota. Uma má ideia era namorar


aqueles fracassados. Não tenha medo de estar com um cara de
quem você realmente gosta. É bom ver você assim, todas as
meninas notaram. Estamos felizes por você.

— Assim como? — Balancei minha cabeça, limpei nossos


pratos e os coloquei na pia.

— Feliz. Inspirada. Animada. Fica bem em você.

— Não é nada sério. Não vai a lugar nenhum. — Nem eu


acreditava nas palavras que saíram da minha boca, porque Ivy
estava certa. Crew Carlisle era o primeiro homem por quem eu já
estive de ponta-cabeça. Claro, estive bastante envolvida antes, em
meus pequenos relacionamentos seguros, sem paixão e sem
entusiasmo, mas isto consumia tudo. Nunca tinha experimentado
nada parecido.

Houve uma chamada no interfone. Ivy atendeu. — Oh, sério?


Sim, mande-o subir. — Ela se virou para mim, e seu sorriso se
espalhou claramente em seu rosto. — Há um senhor Crew Carlisle
aqui para vê-la. Aparentemente, o chefe não pode ficar longe.
— O quê? — Crew nunca tinha vindo à minha casa. Ele
morava sozinho e, embora soubesse que Ivy estava ciente de nossa
situação, este apartamento era de propriedade do meu pai. Mais
uma vez, outra complicação. Eu disse a ele que meu pai nunca
tinha me visitado desde que nos mudamos, mas Crew achou que
era mais seguro passar o tempo em sua casa. Ele sempre vinha
com Brad me buscar, mas ele permanecia no carro. Ele era
ocasionalmente fotografado quando estava fora de casa na cidade,
já que sua empresa era grande no mundo dos negócios de Dallas,
por isso ele não queria arriscar. Eles tinham alguns clientes
sofisticados e Crew também fazia parte de uma família filantrópica
bem conhecida aqui em Dallas. Aparentemente, o seu avô até
considerou concorrer a prefeito naquela época.

Então, jogávamos pelo seguro.

Isso era definitivamente inesperado.

Era a primeira noite que planejávamos passar separados em


duas semanas.

Abri a porta quando ele bateu, ele cheirava a uísque, o que era
raro. Crew nunca bebia mais do que uma ou duas taças de vinho.

— Ei, espero que esteja tudo bem vir aqui, tentei te ligar. Eu
realmente preciso falar com você. — Suas palavras foram um
pouco arrastadas, mas nada muito ruim.

— Claro. Entre. Você se lembra de Ivy.

— Sim. Uma das garotas das Magic Willows — disse ele com
orgulho. — É bom te ver. Desculpe interromper a noite das garotas.

— Oh, o prazer é todo meu. — Ela sorriu e tentei não rir.


— Vamos para o meu quarto conversar. — Peguei na sua mão
e o conduzi pelo corredor. Olhei por cima do ombro para ver Ivy
franzindo as sobrancelhas para mim e tentei não rir.

Assim que entramos no meu quarto e fechei a porta, ele quase


se lançou contra mim. Ele passou os braços à minha volta e me
puxou para um abraço.

— Maura, eu estraguei tudo.

Afastei-me. — O que você quer dizer? O que aconteceu?

Ele pegou minha mão e me levou para a minha cama e nós


dois nos sentamos.

— Eu jantei com meu avô. Ele me contou sobre alguns amigos


dele. Ele disse que eles nunca poderiam ter passado as rédeas de
suas empresas para seus netos que têm a minha idade, porque
eles foderiam tudo. Ele estava tão orgulhoso que nunca teria que
se preocupar que eu cometesse um erro, e com todas essas
empresas limpando a casa de seus CEOs dormindo com suas
secretárias, como ficaria eu me esgueirando com a minha
estagiária?

Meus olhos procuraram os dele. — Isto não é assim. Em


primeiro lugar, não estou dormindo com você e se eu estivesse...
— limpei minha garganta. — Não seria porque estava tentando
subir na escada corporativa, você nem está me pagando. Isso é tão
diferente. — Acariciei seu rosto, porque eu podia ver o tormento.

— Jesus. Isto é uma bagunça do caralho.

— Não é. — Podia sentir o pânico se instalando. Meu peito


apertou, meus ombros estavam rígidos e o meu coração disparou.
Ele estava indo embora, acabando comigo. Eu não valia o estresse
que isso estava causando. — Você está tornando isso maior do que
é.

— Estou?

— Sim. Com certeza.

Ele se levantou e desabotoou alguns botões da camisa. — Acho


que não.

— E daí? Acabou? Você quer acabar? — perguntei, mantendo


minha voz calma e controlada enquanto meu coração parecia que
estava prestes a se quebrar em um milhão de pequenos pedaços.

Como eu cheguei aqui?

Como eu caí tão rápido?

— É isso que você acha? Que me afastar de você seria tão fácil?
Isso é mesmo uma escolha do caralho neste momento?

Eu cruzei meus braços sobre meu peito. — Sim. É isso que eu


penso.

Ele passou a mão pelo cabelo. — Não é isso que está


acontecendo.

— Então, o que é isso? Você veio aqui para fazer o que?

— Eu vim aqui porque não sei o que fazer sobre o fato de que
eu te amo, porra.

Meu queixo caiu no chão e um grito alto veio do outro lado da


porta, nós dois nos viramos para olhar.
— Pare de escutar, Willows — Crew disse através da porta ao
soltar uma risada.

— Vá para a cama, Ivy. — Voltei a minha atenção para o


homem parado na minha frente que tinha acabado de me
surpreender com suas palavras. — Você me ama?

— Sim. Eu amo você. Acredite em mim, ninguém está mais


surpreso do que eu.

Lágrimas turvaram minha visão. — Eu também te amo. Não


sei como ou quando aconteceu, mas nunca me senti assim.

Ele me puxou contra seu peito e passou os braços em volta de


mim. — Bem, isso não era para acontecer, mas aqui estamos.

— Eu posso sair do estágio — falei, inclinando minha cabeça


para trás para olhar para ele.

— De jeito nenhum. Você não conseguirá outro estágio e se


formará em menos de dois meses. Isso não está acontecendo,
continuaremos fazendo o que estamos fazendo. Mantendo-o
profissional no escritório e sendo discretos fora do trabalho.

— Acho que desistir do estágio é menos assustador do que a


conversa que vai acontecer com meu pai — falei, deixando escapar
um longo suspiro.

Eu estava apaixonada por Crew Carlisle.

Eu havia dito as palavras antes, mas nunca as havia sentido.

Nunca havia sentido nada assim.

Era aterrorizante e emocionante.


De todos os caras por quem poderia me apaixonar, este era o
mais complicado.

Mas não me importava.

Crew caminhou para trás, mantendo-me enfiada em seu peito


até que ele se sentou na cama, descansando sua bochecha contra
meu estômago. — Sinto muito por ter arrastado você para essa
bagunça.

Eu acariciei seu cabelo e esperei que ele olhasse para mim,


seus olhos verde-esmeralda travando com os meus. — Você não
me arrastou para nada. Nós nos odiávamos, não poderíamos ter
previsto isso. Trabalhamos juntos e você não pode escolher quem
você ama. Eu não estou arrependida.

— Seu pai é o maldito Arthur Benson. Ele não gosta de mim


mais do que eu dele.

— Bem, para sua sorte, ele não está falando comigo no


momento. Vamos apenas esperar até o estágio terminar e então
poderemos descobrir tudo.

— Esse não é realmente o meu estilo, mas não acho que


tenhamos muitas opções neste momento. Você é definitivamente
meu ponto cego, Maura Benson.

— Não acho que seja tão ruim termos que manter isso para
nós mesmos agora. — Esfreguei meu nariz contra o dele e suas
mãos se enredaram no meu cabelo.

— Contanto que você seja minha, eu não dou a mínima para


quem sabe disso. — Ele me puxou para baixo e eu caí de costas
na cama. Crew pairou sobre mim.
— Eu sou sua, Crew Carlisle.

Sua boca veio sobre a minha.

Sua mão deslizou por baixo da minha camiseta e eu arqueei


com seu toque. Ele se afastou para olhar para mim. — Minha.

Concordei.

Eu era dele. Não importavam as consequências. Não havia


como voltar atrás.

Sentei-me e ele puxou minha camiseta pela cabeça. Alcancei


minhas costas para soltar meu sutiã, mas ele me parou. Sua mão
envolveu suavemente meu pulso. — Eu quero fazer isso, quero
adorar cada centímetro deste belo corpo, Maura.

Minha respiração ficou presa na minha garganta enquanto ele


beijava seu caminho pelo meu ombro. Tão macio, tão sensual. Meu
corpo inteiro começou a tremer. Seus dedos desceram pelas
minhas costas, desabotoando meu sutiã sem esforço, ele me
ajudou a cair para trás contra o colchão e se apoiou em cima de
mim, me levando para dentro.

— Jesus, você é tão bonita. Você sabe há quanto tempo estou


procurando por você?

— Quanto tempo? — Eu sorri para ele, passando meus dedos


por seu cabelo.

— Minha vida inteira, porra.

Uma lágrima escorreu pela minha bochecha porque entendia.


Crew Carlisle me fazia sentir como se eu pertencesse a este lugar.
Sempre senti isso com meus amigos, nunca senti isso com um
homem. Apenas presumi que não era algo que todos sentiriam,
mas quando estava com ele, sentia todas as coisas.

Desejo.

Amor.

Esperança.

— Eu também. — Balancei a cabeça, e ele usou o polegar para


limpar a umidade em minhas bochechas.

Sua boca cobriu a minha novamente. Ele beijou meu pescoço,


seus lábios iluminando meu corpo em chamas. Ele cobriu um seio
com a boca e eu engasguei. Ele se revezou na adoração de cada
um. Resisti contra ele, meu corpo reagindo por vontade própria.

Desesperado por mais.

Desesperado por tudo com este homem.

— Por favor, Crew.

— Vou com calma, Maura. Você confia em mim?

Eu balancei a cabeça, porque eu não conseguia mais falar. Não


com a maneira como seu olhar aquecido estava olhando para mim,
seus lábios carnudos e inchados de tanto me beijar.

Ele continuou a lenta tortura viajando pelo meu corpo, ficou


de joelhos para puxar para baixo minha calça de moletom e eu orei
a Deus para que eu estivesse usando uma calcinha sexy. Não
esperava vê-lo esta noite, então certamente não estava vestida para
isso.
— Relaxe. Eu vou fazer você se sentir bem, baby. — Meu
estômago afundou com suas palavras. Sua voz estava rouca e ele
jogou minha calça no chão olhando para mim. Apoiei-me nos
cotovelos.

Obrigada, meu Deus.

Minha calcinha de renda rosa era minha favorita.

— Tão bonita. Estou indo rápido demais? — perguntou, e eu


balancei minha cabeça com uma ferocidade que nunca senti antes.

Por favor, não pare.

Ele riu e sua boca desceu no meu ponto mais sensível. Sobre
a renda. Sua respiração provocando e provocando. Eu arqueei
minhas costas e engasguei com o contato.

— Eu nunca fiz isso — sussurrei.

Porque eu não tinha. Sexo sempre foi muito... bam, bam,


obrigado, senhorita. Não havia muitas preliminares. Nenhuma,
para ser honesta. Então, essa tortura lenta era algo que eu nunca
tinha experimentado.

Ele se afastou para olhar para mim. — Bem, então eu nunca


vou deixar de te beijar aqui, para compensar os idiotas egoístas
que você namorou antes de mim.

Antes de mim.

Suas palavras soaram tão certas. Como se nunca mais


houvesse ninguém depois dele e eu queria que isso fosse verdade.
Seus dedos se moveram por baixo da renda e ele a deslizou
pelas minhas pernas lentamente. Seu olhar nunca deixando o
meu. Ele enterrou a cabeça entre minhas pernas, sua boca, seus
lábios, o seu hálito quente, a sensação mais incrível percorreu meu
corpo.

Era demais.

E muito pouco.

Resisti contra sua boca e apertei os meus olhos, enquanto as


estrelas mais brilhantes iluminavam a escuridão e gritei o seu
nome. Eu estava ofegante e com falta de ar e ele ficou lá até que
aproveitei até a última onda de prazer.

Ele se moveu e beijou minha boca, enquanto o meu gosto


ainda estava nos seus lábios. Foi a coisa mais erótica que já fiz.

E não estava reclamando.

Inscreva-me para mais, por favor.

Ele se ajoelhou e desabotoou a camisa, deixando-a cair ao lado


da cama. Meus dedos traçaram ao longo de cada corte e aba
cinzelada. O homem era deslumbrante com roupas, mas eu nunca
poderia ter me preparado para um Crew nu. Eu tinha visto seu
peito nu antes, mas nunca de perto e pessoalmente. Ele ficou de
pé, empurrando a calça até os tornozelos antes de eu me sentar e
pegar sua cueca boxer.

— Deixe-me — eu disse, e nem reconheci a minha própria voz.


Estava saciada, áspera e desesperada.
Ele acenou com a cabeça enquanto eu deslizava para baixo
sua cueca e engasguei. Tudo sobre este homem era grande, duro
e forte.

Ele deu uma risadinha. — Você gosta do que vê?

Concordei. — G-gosto. Você tem camisinha?

Ele se abaixou para pegar a carteira dentro da calça e rasgou


o pacote de papel alumínio com os dentes. — Você tem certeza
disso?

— Nunca tive tanta certeza sobre nada na minha vida. —


Observei enquanto ele cobria sua ereção longa e espessa, estava
animada e nervosa com a ideia do que estávamos prestes a fazer.
— Você acha que vai caber?

Sua cabeça caiu para trás de tanto rir, ele mordeu o lábio
inferior e me estudou. — Vamos devagar. Se doer, vamos parar.

Crew me ajudou a deitar e se acomodou entre minhas pernas,


provocando minha entrada. Ele se moveu lentamente enquanto eu
me ajustava à intrusão. Pouco a pouco. Polegada por polegada. Eu
ofeguei algumas vezes e ele parou a cada vez para verificar se eu
estava bem.

Não pare.

As palavras um apelo silencioso.

— Tem certeza de que está bem? — ele perguntou, movendo-


se um pouco mais e eu gemi.

A mistura de prazer e dor era tão erótica e incrível que eu sabia


que nunca sobreviveria se Crew se afastasse de mim.
Concordei. — Isso é bom.

Emaranhei meus dedos em seu cabelo, enquanto ele


empurrava todo o caminho e fazia uma pausa para me dar um
momento para me ajustar. Meus quadris começaram a se mover
contra os dele, e ele me seguiu. Permitindo-me definir o ritmo.

Nós nos movíamos em um ritmo perfeito.

Como se fôssemos feitos um para o outro.

Cada vez mais rápido.

Sua mão desceu entre nós, tocando-me exatamente onde eu


precisava ser tocada.

Nossas respirações ficando cada vez mais fortes.

Agarrei seus ombros enquanto gritava seu nome, e ele me


seguiu até a borda.

E nunca senti nada melhor.

Este homem acendeu um fogo em mim, e eu nunca queria


apagá-lo.

Nós dois caímos de costas no colchão, e ele se afastou


suavemente, indo ao banheiro para se desfazer do preservativo. Ele
deslizou de volta ao meu lado e me virou para que ficássemos de
frente um para o outro.

— Como você está se sentindo? — perguntou, passando os


dedos pelo meu cabelo.

— Encantada — falei, minha voz toda provocadora.


— Eu também, baby.

Crew me puxou para me deitar em seu peito e desejei poder


ficar aqui com ele para sempre.
Capítulo Dezesseis

Crew

— Então, você falou com seus pais sobre ela? — Judy


perguntou. Ela era minha terapeuta há anos, desde que meus pais
me encorajaram a falar sobre o trauma de perder Belle em uma
idade jovem. Eu vinha esporadicamente ao longo dos anos, mas
algo estava mudando e eu sabia que precisava discutir isso com
alguém.

— Sim. Eles sabem que tenho sentimentos por Maura — limpei


minha garganta e me sentei no sofá. Maura me encorajou a
começar a ver Judy novamente, já que me abri para ela sobre ter
pesadelos ocasionais sobre a noite em que Belle faleceu. Inferno,
eu tive que dizer a ela. Eu tinha uma regra de não passar a noite
até agora, mas estaria ferrado se Maura Benson não acordasse na
minha cama todas as manhãs. Então, estava me forçando a lidar
com isso.

— Mas você não falou com seu avô sobre isso?

— Não. Confie em mim quando te digo. Ele vai ficar puto. Meus
pais concordam, o estágio de Maura termina em algumas
semanas, então falarei com ele sobre isso depois que ela terminar
na empresa.

— E você realmente acha que ninguém no trabalho sabe sobre


vocês dois? É difícil esconder sentimentos tão intensos quanto os
que vocês dois sentem um pelo outro.
— Estamos administrando. Acho que Layla, minha assistente,
sabe que algo está acontecendo.

— E o pai de Maura? — ela perguntou.

Soltei um longo suspiro. — Posso odiar o homem e amar sua


filha, não posso?

— Isso não é realista, Crew. Se você realmente a ama do jeito


que diz que ama, saberá que não é justo com ela. Você vai forçá-la
a escolher.

— É uma escolha fácil. O pai dela é um idiota. — Agora eu


parecia um idiota, mas ela não conhecia Arthur Benson como eu.

— Ele ainda é o pai dela. Sim, ela está vendo um lado dele que
nunca conheceu ao saber que ele tem outra filha fora do
casamento, mas isso não apaga os sentimentos que ela tem por
ele. Amar você não fará com que ela o ame menos, e forçá-la a
escolher não é justo com ela. Amar alguém significa compromisso.
Arthur Benson estará na vida de Maura, quer você goste ou não.
Então, você está disposto a traçar uma linha na areia?

Levantei-me e caminhei pela sala. Como diabos eu cheguei


aqui? Eu estava tão profundamente apaixonado por essa garota, e
havia uma tempestade de merda se formando ao nosso redor.
Quando éramos apenas eu e Maura, era a perfeição. Nunca senti
esse tipo de contentamento. Inferno, até mesmo sexo com ela era
como nada que eu já experimentei. Sempre pensei que era um
amante arrasador, mas faria qualquer coisa para dar prazer a
Maura, e o sexo com alguém que você amava se mostrava mais
intenso. A conexão era poderosa, mas estávamos em uma situação
complicada. Porque todos esses fatores externos voltariam para
nos morder na bunda. Claro, seu estágio terminaria, e se
pudéssemos manter isso em segredo até que isso acontecesse,
seria um obstáculo a menos.

Mas seu pai.

Ele era uma nuvem escura que pairava sobre nossas cabeças.

— Ele vai traçar o limite na areia, acredite em mim.

— E eles ainda não estão falando muito?

— Ele mandou uma mensagem para ela sobre dar a uma


grande festa de formatura, porque é assim que o homem age. Ele
se recusa a mencionar o fato de que tem outra filha que foi trazida
ao mundo de um caso quando traiu a mãe dela, e ele colocou
Maura em uma situação terrível ao insistir que ela mantivesse esse
segredo de sua mãe. Quão baixo pode um homem chegar?

— Certo. Concordo, mas Maura sabe de tudo isso e não está


preparada para cortar laços com o pai, correto?

Desviei o olhar. Maura era toda bondade. A garota era


perdoadora de falhas. Ela tomou sua irmã recém-encontrada sob
sua proteção e ela praticamente adotou Beeves, levando café e
comida para o homem todos os dias.

— Correto. Ela tem um bom coração. Ela o ama apesar de


tudo. — Abaixei-me para me sentar.

— Bem, o amor é engraçado assim. O perdão faz parte da vida


Crew e você não odeia o pai dela por ter um filho de um amor
secreto ou por pedir a Maura que esconda isso da mãe. Você o
odiava muito antes disso, não? Na verdade, você pensou que
odiava Maura apenas por ser filha dele. Esses são sentimentos
profundamente enraizados.
Soltei um suspiro longo e tenso. — Estava errado sobre Maura,
mas não estou errado sobre o pai dela.

— Como você sabe? Por causa do que aconteceu quando Belle


morreu? — perguntou. Ela já conhecia a história. Por que diabos
tínhamos que reviver isso?

— Obviamente. Ele roubou meu pai de seus últimos momentos


com sua filha.

— Se seu pai estivesse lá, o resultado teria sido diferente? Belle


estaria aqui hoje?

Esfreguei a mão no meu rosto. Ela sabia que eu não gostava


de falar sobre aquele dia. Eu me abri sobre o que aconteceu anos
atrás, mas com certeza eu não queria falar sobre isso agora.

— Claro que não. Mas meu pai poderia ter dito adeus a ela.

— Você conseguiu dizer adeus? Belle não estava sofrendo de


febre alta e ficou incoerente no final?

Eu fiquei de pé novamente, andando pela sala. — Sim. Ela não


respondia a nós.

— Então, seu pai não poderia ter se despedido dela de verdade,


certo? E ele dizia a ela todos os dias o quanto a amava antes
daquele dia, então o que haveria a dizer?

— Eu não sei, porra. Eu era uma criança maldita. Minha irmã


morreu na frente dos meus olhos. Minha mãe estava uma bagunça
e eu era o único ali para segurá-la até papai chegar horas depois.
— gritei. Não sabia por que estava gritando. Nunca perdi o controle
assim. Eu me orgulhava de manter a compostura. Eu não poderia
manter a posição que ocupava na Carlisle Ad Agency se eu fosse
um cabeça quente. Isso não era ser um grande líder, mas eu estava
em uma espiral, podia sentir isso.

— Entendi. É um peso muito grande para uma criança. Na


verdade, é um peso muito grande para um adulto, mas o que estou
ouvindo é que você odeia Arthur Benson por colocá-lo nessa
posição. Não por roubar de seu pai os últimos momentos com a
filha. Porque, honestamente, ela já tinha ido, Crew. Horas antes
de dar seu último suspiro. Ela sabia que seu pai a amava, ele disse
para ela muitas vezes antes daquele momento, porque houve
tantos sustos com Belle ao longo dos anos. Na verdade, pedi
permissão a seu pai para compartilhar isso com você, ele não se
ressente de Arthur por tirar seus últimos momentos com Belle. Ele
se ressente de Arthur por chamá-lo e deixá-lo testemunhar o que
você testemunhou.

Judy atendia todos os membros da minha família e era nossa


terapeuta familiar desde que Belle faleceu. Meus pais tentaram
encontrar alguém em Willow Springs, mas todos nós nos
conectamos com Judy, então eles conversavam com ela pelo
FaceTime ou vinham a Dallas para fazer sessões pessoais
ocasionalmente.

— Que diferença faz? De qualquer forma, ele é um idiota.

— O ódio é uma emoção forte. Você acha que Arthur sabia que
Belle iria falecer enquanto seu pai estava no tribunal?

Pensei sobre isso. Isso importava? — Provavelmente não, mas


eu não acho que ele se importou. Acho que ele continuou a nos
odiar, mesmo depois do que fez.

Ela acenou com a cabeça. — Você acha que parte da raiva que
você está dando a Arthur Benson pode ser raiva pelo fato de sua
irmãzinha ter morrido? A vida não ser justa? Que você teve que
testemunhar tudo isso? Que você tem sofrido por anos com a
perda?

— Eu não quero fazer isso. — Peguei minha jaqueta e caminhei


em direção à porta.

— Crew. Tudo isso está vindo à tona porque você finalmente


está se permitindo amar novamente. Você está se segurando desde
o dia em que Belle deixou esta terra, e amar Maura está trazendo
muitas coisas para você. Usar seu ódio contra o pai dela e a regra
de seu avô de que você não pode namorar um funcionário, não são
apenas redes de segurança para você? Algo está impedindo você
de se atirar de cabeça?

— Eu amei as pessoas desde que perdemos Belle. Inferno, eu


amo minha família mais do que a própria vida — gritei novamente.
Meus ouvidos zumbiam e meu peito latejava rapidamente.

— Essas são todas as pessoas que você já amou. Quem você


adicionou a essa lista desde o dia em que ela morreu? Seja honesto
com você mesmo.

Tentei pensar em um nome. — Eu tive uma namorada na


faculdade. Você sabe disso.

— Mas você não estava tão interessado nisso, se a memória


não me falha. Na verdade, você me disse que gostava dela, mas
não era capaz de amar ninguém naquela época. Você teve os
mesmos amigos durante toda a sua vida. Assim, tudo esteve na
superfície, na minha opinião.

Isso era verdade?


— Bem, estou totalmente comprometido com Maura Benson.
Eu a amo. Nenhuma dúvida sobre isso. Mais do que jamais pensei
que poderia.

— Então, você levou Maura para perto de seus amigos? Voltou


para casa para ver sua família agora que vocês estão oficialmente
juntos? Você saiu com os amigos dela como casais normais fazem?

— Eu sou a porra do chefe dela.

— Ela é uma estagiária não remunerada que você conheceu


durante a maior parte de sua vida. Não há vergonha em se
apaixonar por ela, mas há vergonha em esconder isso do mundo.

— Ela está fazendo a mesma coisa. Seu pai perderia a cabeça


se soubesse.

— Se ela está se calando por causa de seu pai, porque ela foi
em frente e viu Piper várias vezes, correndo o risco de perdê-lo?
Ela não parece muito preocupada com o que ele pensa. Você acha
que ela está se calando porque quer proteger o seu trabalho? Seus
sentimentos? Você já perguntou a ela?

Minhas mãos se fecharam em punhos ao meu lado. — Vamos


discutir isso quando o estágio dela terminar.

— Eu não acho que você vai. Acho que você usará o pai dela
como bode expiatório quando o estágio terminar. Porque mesmo
que você a ame, você a mantém à distância, quer você queira
admitir ou não.

— Isso é besteira. Por que diabos eu faria isso?

— Porque você amou alguém e a perdeu. Porque é assustador


amar profundamente quando não há garantia de que eles estarão
por perto para sempre e isso te apavora, Crew. Você não acha que
Belle gostaria que você fosse feliz e encontrasse o amor? Você tem
que ficar em paz com o fato de que não tem controle sobre tudo,
incluindo seu coração. Você o deu para uma garota que você
pensou que odiava.

— Terminei. — Abri a porta, bati e saí.

Para o inferno com isso. Ela estava errada. Eu estava


protegendo Maura, não a mim mesmo.

Passei a tarde na sala de conferências com meu avô e Diane


Batone, a mulher que escrevia o artigo para o Dallas Life. Era um
artigo sobre o dia na vida do CEO mais jovem do Estado do Texas.
Meu avô cantou meus louvores e uma pontada de culpa se instalou
em meu peito. Eu respondi a todas as perguntas honestamente até
a última.

— Então, Crew Carlisle. As mulheres de Dallas querem saber.


Você é o solteiro mais cobiçado da cidade ou está comprometido?
Você conseguiu manter sua vida privada muito privada. — Ela
mastigou as costas da caneta e franziu as sobrancelhas.

Jesus. Eu não esperava que isso se tornasse pessoal.

— Ele não está em um relacionamento porque dirigir uma


empresa desse porte, especialmente na sua idade, é desgastante,
mas acho que ele se dá bem com as mulheres. — Meu avô
recostou-se na cadeira e respondeu com confiança.
Resposta da velha escola, vovô.

E completamente falsa.

Mas eu mantive minha boca fechada.

— Bem, haverá muitas mulheres esperando capturar seu


coração, Sr. Carlisle. — Ela piscou antes de se levantar e me
deslizar seu cartão. — Liga para mim.

Santo Deus. Eu esperava que este artigo não levasse as


mulheres a pensar que eu estava procurando minha próxima
conexão.

Obrigado, vovô.

Olhei para cima através das paredes de vidro para ver Maura
no final do corredor me encarando. Meu olhar travou com o dela.

Ela parecia um pouco magoada, mas ela não sabia o que tinha
acontecido. Eu acompanhei Diane com vovô na minha cola. Assim
que Diane estava no elevador, vovô me encarou. — Alguma coisa
acontecendo com você e a garota Benson?

— O que?

— Vejo como vocês dois ficam se olhando. Posso ter nascido


no século passado, mas sei quando um homem e uma mulher
estão roubando olhares.

Dei de ombros. Eu não teria essa conversa aqui. — Eu cuido


disso.
— Certifique-se de fazer. É por isso que respondi na última
pergunta. Você parecia um cervo nos faróis. Mantenha-o fora do
escritório e da imprensa. Entendeu?

Abracei-o em despedida e ele entrou no elevador. Isso foi


melhor do que o esperado, embora eu não tivesse contado a ele a
extensão das coisas, mas eu faria isso em breve.

Voltei para o meu escritório e Layla olhou para mim. Maura


continuou digitando em seu computador ao lado de Layla, que
parecia que ia cair na gargalhada.

O que eu estava perdendo?

— Você tem uma visita, Crew — minha assistente disse.

— Quem? — sibilei, porque não estava com humor, e queria


saber por que Maura estava me ignorando.

Maura girou em sua cadeira, o rosto vermelho brilhante e os


olhos cheios de fogo. — É Juliette Parker. Sua namorada.

Layla usou a mão para cobrir a boca e me perguntei se ela


havia descoberto o que estava acontecendo entre nós. Ela era a
única pessoa no escritório em quem eu realmente confiava, ela
sempre protegeu minhas costas e eu sempre protegeria as dela.

— Eu não tenho namorada — falei, tentando esclarecer a


Maura que Juliette não era nada para mim, mas em vez disso seu
rosto caiu com as minhas palavras.

— Bom saber. — Ela se levantou, com as bochechas coradas


e se recusou a encontrar meu olhar. — Estou indo para a área de
criação para lançar minha ideia. Eu voltarei mais tarde.
Observei-a sair e não havia nada que eu pudesse fazer sobre
isso. Não aqui, pelo menos.

— Você pode querer cuidar dessa pequena situação em seu


escritório, e então se explicar para a sua verdadeira não-namorada
— Layla se inclinou e sussurrou, antes de se afastar e piscar para
mim.

Esse dia podia ficar pior?

Empurrei a porta do meu escritório. — Juliette. Isto é


inesperado.

— Bem, você não atende minhas ligações, não responde mais


minhas mensagens de texto. Eu fiz alguma coisa?

— Você não fez nada. Eu deveria ter ligado para você e


explicado. Sinto muito — falei, deixando-me cair na cadeira atrás
da minha mesa.

— Explicar o que?

— Estou saindo com alguém.

Seu rosto caiu. — Oh. Achei que você não tinha


relacionamentos.

— Eu também achava, mas eu a conheci e as coisas mudaram


— admiti. Não queria machucar Juliette, mas minha mente estava
em Maura, que no momento não estava falando comigo.

— Garota de sorte.

— Desculpe se te magoei, deveria ter ligado. Eu meio que


pensei que seria evidente.
— Entendo. Acho que os meus sentimentos ficaram mais
profundos do que eu esperava, mas você sempre foi direto comigo,
então não posso ficar chateada — ela disse, e eu me levantei.

Ela se virou para me abraçar e eu passei meus braços em volta


dela, aliviado por isso ser tão indolor quanto antes. — Obrigado
pela compreensão.

— Claro, mas estou desapontada. Se alguma coisa mudar,


ligue-me — falou quando eu me afastei.

— Não vai mudar. Ela é o verdadeiro negócio.

Ela acenou. — Estou realmente feliz por você, Crew. Cuide-se.

A porta se abriu e uma Maura com o rosto vermelho entrou.


— Oh, desculpe-me. Estou interrompendo? Eu só esqueci de dar a
você esses contratos que chegaram enquanto você estava em sua
reunião.

Tentei não rir. Não havia contratos. Ela estava nervosa e com
ciúme, era tão fofo. Juliette acenou antes de sair do meu escritório
e fui até a minha porta e alcancei a maçaneta. Layla estava me
encarando de sua mesa com um sorriso malicioso, revirei os meus
olhos e fechei a porta.

— Deixe-me dar uma olhada nisso — falei, tirando-os da mão


dela. Sua outra mão estava cerrada e parecia que ia explodir.

Explodir seu top.

Não olhe.

Porque eu tive um palpite de que não estaria acontecendo hoje.


Olhei para baixo para ver um artigo sobre moda primavera e
caí na gargalhada.

— Isso é engraçado para você? — ela sibilou e virou-se,


dirigindo-se furiosamente para a porta.

Segui-a, como sempre fazia. Inferno, eu perseguiria essa


garota em qualquer lugar. Passei meus braços em volta de sua
cintura e a segurei contra meu peito. — É hilário pra caralho, baby.
Nada está acontecendo, mas você fica fofa quando está com ciúme.

Ela saiu dos meus braços e se virou para me encarar. — Não


sou ciumenta. Nem um pouco. Só estou brava porque eu disse
desde o início que, se você não estava totalmente envolvido, você
só precisava me avisar. Mereço um pouco mais de respeito do que
ter sua pequena amiga aparecendo aqui. Então, o que foi isso?
Você acabou de dar uma rapidinha no escritório? Você é um porco
— sussurrou ela, porque nosso romance no escritório ainda era
uma porra de segredo e eu estava ficando enjoado disso.

— Se não estou tendo uma rapidinha no escritório com você,


certamente não o farei com mais ninguém. — Coloquei a mão em
cada uma de suas bochechas. — Eu amo você. Juliette faz parte
do meu passado. Ela apareceu aqui porque há meses eu não
atendia suas ligações, e eu acabei de lhe falar que estava em um
relacionamento sério. Eu deveria ter ligado para dizer a ela, mas
eu simplesmente assumi que ela descobriria. Isso é minha culpa,
você é a única para mim, Maura Benson. Eu amo você.

— Como vou saber que você está me dizendo a verdade? — ela


perguntou, cruzando os braços sobre o peito.

— Bem, para começar, você entrou direto. Se eu fosse ter uma


rapidinha no escritório, presumo que pelo menos trancaria a porta.
Em segundo lugar, não tenho motivo para mentir. Se eu não
quisesse isso — acenei minha mão entre nós — não estaria nisso,
e estou profundamente envolvido, baby. Você é tudo que quero. E
acho que meu avô sabe sobre nós. Ele não disse diretamente, mas
ele sabe. E tenho certeza de que Layla sabe. Não estou totalmente
surpreso, os dois me conhecem bem.

— O que isso significa? — Ela procurou meu olhar.

— Isso significa que estamos sendo desleixados. Ainda


precisamos ter cuidado por mais três semanas. Não podemos
arriscar que mais alguém descubra. — Eu queria que isso fosse
verdade, mas minha conversa com Judy ainda estava me
incomodando.

Ela colocou os braços em volta da minha cintura e me abraçou


com força. — Desculpe. Eu estava com ciúme.

— Eu não disse? — provoquei. — Ei, deixe-me perguntar uma


coisa.

— O que? — Ela inclinou a cabeça para trás e olhou para mim.

— O que acontece em três semanas? Quando o estágio


terminar. Qual é o seu plano com o seu pai?

Ela encolheu os ombros. — Meu problema com meu pai é


sobre o fato de que estou escondendo um grande segredo da minha
mãe. Quando você me der luz verde, estou preparada para contar
a meu pai sobre nós. Ele terá que lidar com isso.

Judy estava certa. Ela estava me protegendo, não a si mesma.

Eu devia a ela a mesma coisa.


Mas Arthur Benson ainda era meu inimigo, não importava
como você olhasse para isso.
Capítulo Dezessete

Maura

— Ei, mamãe. Vou voltar para casa amanhã e passar o dia


com você — eu disse, mastigando minha unha do polegar. Crew e
eu já estávamos em Willow Springs, dirigindo para sua casa para
jantar. Ele queria que eu passasse um tempo com sua família, mas
a culpa que eu estava sentindo por estar ao lado dele era muita.

— Você está dirigindo para casa com Gigi? — ela perguntou.


— Mal posso esperar. Vamos ter um dia de meninas. Seu pai ficará
desapontado. Ele está em uma viagem de golfe com o tio Hank e
alguns amigos.

Graças a Deus. Eu não estava pronta para fazer um show com


meu pai lá. Meus irmãos achavam que eu deveria esperar e forçar
meu pai a contar a verdade, mas como não estávamos nos falando
de verdade, isso não aconteceu. Mas meu relacionamento com
Piper estava ficando mais profundo. Eu tinha levado Crew e Ivy
para conhecê-la ontem à noite durante um jantar. Foi a mais
estranha mistura de emoções. Eu sentia uma conexão com ela.
Como se nos conhecêssemos por toda a vida, mesmo assim, sentia
uma enorme culpa cada vez que estava com ela, como se estivesse
traindo minha mãe. Piper entendia, porque ela sentia o mesmo por
sua mãe. Wes e Lyle estavam ansiosos para conhecê-la, mas todos
nós sentimos que seria melhor esperar até que minha mãe
descobrisse. Eu havia sido colocada naquela situação sem avisos,
mas meus irmãos acharam que seria desrespeitoso com nossa mãe
se não esperassem. Eles também sabiam o que estava acontecendo
com Crew e levariam o segredo para seus túmulos, mas Crew
estava nervoso sobre eles saberem e talvez contando a meu pai. Eu
sabia que eles não fariam isso comigo, mas odiava não poder
compartilhar isso com minha mãe. Nunca estive mais feliz na
minha vida, e isso era um grande segredo. A formatura não poderia
vir logo.

— Isso parece ótimo, mãe. Almoço no Rusty Pelican?

— Sim. E algumas compras na cidade. Podemos passar no


Lenny's e comprar um chocolate quente — ela disse, e eu sabia
que ela estava sorrindo mesmo sem vê-la.

Olhei para Crew, que estava me observando do banco do


motorista enquanto dirigíamos para a casa de seus pais.

— Ok. Vejo você amanhã, querida.

Encerrei a ligação e olhei pela janela.

— Você está bem? — Crew perguntou, pegando minha mão.

— Sim. Eu só sinto que as mentiras estão se acumulando,


sabe? Eu tenho uma irmã secreta, tenho um namorado secreto.
Estou jantando ao lado da casa da minha família e ela nem sabe
que estou na cidade. Como isso vai se desenrolar? Não posso fazer
isso por muito mais tempo. — Limpei a lágrima escorrendo pela
minha bochecha.

— Desculpe-me, querida. Duas semanas até o seu estágio


terminar e então vamos descobrir isso.

— O que isso significa? O que vai acontecer?


Seus ombros enrijeceram. — Bem, nós vamos bolar um plano
para contar a seu pai sobre nós, não teremos mais que esconder
isso, poderemos sair para jantar como um casal normal.

Concordei. Eu queria todas essas coisas, mas não via como


chegaríamos lá. Eu passaria um tempo com a família de Crew e
não queria ficar pensando sobre tudo isso. Esta era minha
primeira vez em sua casa desde que estávamos oficialmente
namorando. Bem, oficialmente namorando secretamente.

— Você tem razão. Tudo vai dar certo. Estou animada para
passar um tempo com sua família. São apenas seus pais neste fim
de semana?

— Sim. Knox está se preparando para as finais. Blade foi a


Austin neste fim de semana para visitar Dax. Então, achei que
seria bom passar uma noite com meus pais. Eu quero que eles te
conheçam e minha mãe está me importunando há semanas para
te trazer para casa. — Ele deu uma risadinha. — Amanhã você tem
que passar a noite em casa, certo?

Crew e eu não passamos uma noite separados desde o dia em


que dissemos eu te amo.

Eu o amava mais do que tudo. Mais do que jamais soube que


era capaz, mas isso não significava que eu não queria consertar o
que estava acontecendo com minha própria família. Isso não
significava que um dia eu não desejaria levar Crew para casa para
jantar com minha família, que eu não esperaria que as coisas
pudessem ser consertadas entre meu pai e minha mãe. Entre meu
pai e Piper. Entre meu pai e Crew.

— Sim. Coco está em casa neste fim de semana. Ela virá me


pegar de manhã na sua casa, se estiver tudo bem. Vou apenas
dizer a minha mãe que Gigi e eu a encontramos no café da manhã
e ela me deu uma carona. E então Coco vai me trazer de volta para
sua casa no domingo, antes de voltarmos para Dallas.

Ele acenou com a cabeça, e eu não perdi a guerra acontecendo


em suas feições. A forma como sua mandíbula apertou e seus
olhos endureceram. Estávamos em uma situação difícil, e nenhum
de nós sabia como sair dela. As mentiras estavam se acumulando
com minha família e eu queria desesperadamente deixar tudo
aberto.

— Eu não quero ficar sem você por uma noite. — Sua voz era
tão vulnerável, meu coração quase explodiu.

— Eu também não quero ficar sem você, mas tenho que ficar
um tempo em casa.

— Eu sei. Quero que você passe um tempo com sua mãe.

Lá estava. Ele não conseguia nem falar do meu pai sem


vomitar veneno, e acredite em mim, eu entendia, mas não sabia
como consertar. Piper havia escrito uma carta para meu pai e me
pediu para entregá-la a ele. Eu não tinha lido porque ela não me
pediu, mas eu ia enfiar na gaveta da sua mesa em seu escritório
para ele. Mandaria uma mensagem para ele depois de sair para
dizer que havia algo lá. Piper queria dizer algumas coisas a ele, e
eu entendia.

Entramos na garagem de Crew e ele deu a volta e abriu minha


porta, passando os braços à minha volta. Ele sempre soube do que
eu precisava. — Relaxe querida. Tudo vai ficar bem. Eu prometo.

Eu balancei a cabeça e olhei para ele. — Eu sei que vai.

Os pais de Crew foram calorosos e acolhedores, assim como


eu esperava. Eles eram gentis comigo, apesar de tudo o que meu
pai tinha feito com eles. Conversamos um pouco e nos sentamos à
mesa para jantar. A casa deles era tão confortável. A grande mesa
de fazenda tinha um grande lustre de madeira e cristal pendurado
acima dela. Crew e eu nos sentamos de um lado da mesa,
enquanto seus pais se sentaram do outro.

— Então, você está se preparando para se formar. Você vai dar


uma festa? — Delilah perguntou.

— Sim. Meus pais querem uma grande festa. — Pausei. Eu


queria convidá-los, mas eu sabia que isso nunca poderia acontecer
e foi então que me dei conta. Meu namorado nem poderia ir à
minha festa. Ele ao menos iria para a minha formatura? Eu já teria
terminado o meu estágio nessa altura, uma vez que terminava
poucos dias antes da formatura, mas meu pai perderia a cabeça
se visse Crew lá.

Decidi naquele momento que queria meu namorado lá. Então


isso significaria contar ao meu pai antes de me formar. Eu teria
alguns dias entre o término do estágio e a formatura, e eu faria
questão de voltar para casa em Willow Springs e conversar com
meu pai sobre isso.

— Isso vai ser tão bom, querida. E você vai ficar em Dallas
depois de terminar a escola ou voltará para casa? — sua mãe
perguntou antes de dar uma mordida em seu bife.

A percepção de que Crew e eu não tínhamos conversado sobre


nada disso estava me atingindo. Eu sempre planejei voltar para
casa, mas tudo mudou. Meu relacionamento com meu pai
provavelmente nunca voltaria a ser o que era, mas meu
relacionamento com Crew era o mais importante para mim. Eu
queria que ele fosse meu futuro. Estávamos tão presos em nossos
segredos que deixamos de discutir o que aconteceria quando isso
fosse revelado.
— Eu realmente não sei. Tinha planejado voltar para Willow
Springs, mas estou inclinada a ficar em Dallas — eu disse, e a mão
de Crew encontrou minha perna debaixo da mesa.

Era como se ele estivesse me agradecendo, mas ele nunca


tinha falado comigo sobre nada após a formatura.

— Você acha que vai continuar na Carlisle? — Davis


perguntou, e seu sorriso alcançou seus olhos.

— Ok, pessoal. Chega de questionamentos intensos. Não


conversamos sobre nada disso ainda, então vamos nos concentrar
no dia de hoje. Um dia de cada vez, certo?

Sua mãe inclinou a cabeça para o lado, os olhos de seu pai se


arregalaram e eu puxei minha mão debaixo da mesa. Suas
palavras doeram.

Segurei meu queixo bem alto e afastei as lágrimas que


ameaçavam cair. — Na verdade, tenho algumas entrevistas
marcadas com algumas empresas menores em Dallas, e também
tenho uma entrevista com a agência de publicidade de Al Johnson
aqui na cidade.

Crew soltou uma risada. — Você não vai trabalhar naquela


empresa piegas. Você não quer voltar para Willow Springs.

Ele estava certo. Não queria, mas ele também não me pediu
para ficar.

— Ei, nós amamos Willow Springs. E Al é um cara legal —


disse Davis, e piscou para mim.

— Ela é boa demais para esse lugar.


— Onde você acha que eu deveria trabalhar? — perguntei,
voltando toda a minha atenção para Crew. Queria uma resposta.
Precisava de uma resposta.

— Falaremos sobre isso após a formatura.

— Com licença? — Virei-me para encará-lo. — Não estou


esperando para planejar minha vida até depois da formatura, e
deixe-me adivinhar, assim que chegar a formatura, você me dirá
que conversaremos sobre isso depois do verão. Você pode
continuar adiando tudo porque tem medo de falar sobre o futuro,
mas vou planejá-lo por conta própria se for o caso.

A mesa ficou completamente silenciosa, e eu peguei uma


colherada do purê de batata. Delilah piscou para mim e Davis
cobriu a boca com a mão, então eu acho que eles acharam a minha
pequena explosão engraçada. Amava o filho deles, não tinha como
negar, estava aqui, na casa de uma família que meu pai
desprezava. Era vizinha da casa da minha própria família e não os
veria até amanhã, mas estaria condenada se colocasse minha vida
em espera porque Crew estava com medo de discutir o futuro.

— Acredito que isso é mais do que justo — disse Delilah. —


Você pretende assistir à formatura dela?

A mãe de Crew estava definitivamente do meu lado nessa


discussão, e eu não poderia dizer que não me importava. Não tinha
percebido o quanto ele estava adiando as coisas até agora. Achei
que fosse tudo sobre o estágio, mas talvez houvesse mais. Talvez
Crew não estivesse tão comprometido como eu? Mas se fosse esse
o caso, por que eu estava aqui? Por que estávamos juntos todos os
dias? De que adiantava se ele não conseguia ver um futuro?
— Eu gostaria — disse ele, olhando para mim e sorrindo. Meu
peito apertou. Sabia que ele estava tentando. Nossa situação era
complicada por mais de um motivo.

— Vou dar um pequeno conselho a vocês dois — disse Davis


antes de limpar a garganta.

Crew ficou tenso ao meu lado.

— A vida não é perfeita. Nenhum relacionamento é isento de


obstáculos, mas se você ama alguém, se realmente ama alguém,
você descobrirá. Mas você tem que estar disposto a lutar por isso.

— Jesus. Achei que íamos jantar. Não sabia que era uma
sessão de terapia. Eu sinto que estou com Judy — Crew sibilou.
Por que ele estava tão na defensiva? Do que ele estava com tanto
medo?

— Acho que é um conselho adorável. Obrigada. — Eu sorri.

— Então, Maura, fale-me sobre seus irmãos. Como eles estão?


— Delilah perguntou.

— Eles estão ótimos. Wes ainda está namorando sua


namorada do colégio, Mare Holland, e Lyle namora Sarah Stone há
dois anos. Eles trabalham para meu pai e eventualmente
assumirão a empresa. — Eu sabia que seus pais sabiam quem
eram as duas meninas e eles não vacilaram com a menção do meu
pai. Não do jeito que meu namorado sempre fazia.

— Se ele permitir. Ele provavelmente está balançando aquela


cenoura com bastante força. É meio que o estilo dele. — O tom de
Crew era sarcástico. Ele estendeu a mão, pegou sua taça de vinho
e bebeu tudo em um longo gole. — Quer dizer, o homem é um
mentiroso profissional. É por isso que você não está falando com
ele, certo?

Meu corpo inteiro enrijeceu. Ele me prometeu que nunca


contaria a ninguém sobre o segredo do meu pai. Ele tinha contado
à sua família? Ele faria isso comigo? Não me incomodei em
perguntar a ele, porque tinha quase certeza de que ele me diria que
não poderia discutir o assunto até depois da formatura.

— Sr. e Sra. Carlisle, muito obrigada por sua hospitalidade.


Espero que me deem licença. — Fiquei de pé, peguei meu prato e
o coloquei na cozinha porque, embora meu sangue estivesse
fervendo, eu ainda tinha boas maneiras. Ainda queria
impressionar os pais do meu namorado, mesmo sem saber ainda
se teríamos um futuro.

— Claro, querida — disse Delilah enquanto eu pegava minha


bolsa e empurrava a porta dos fundos.

Tive o suficiente. Minha bolsa ainda estava lá em cima, mas


eu realmente não me importava, tinha roupas em casa. Poderia
inventar algo. Inferno, havia tantas mentiras por aí agora, o que
era mais uma?

O campo estava escuro, apenas iluminado pelas estrelas no


céu. Limpei as lágrimas caindo e continuei meu ritmo acelerado
em direção a minha casa.

— Maura. Baby. Por favor, pare — Crew gritou atrás de mim,


mas continuei andando.

Uma mão envolveu meu pulso e eu parei. — Você


simplesmente vai fugir toda vez que as coisas ficarem difíceis?
Virei-me para encará-lo. — Você gostaria disso, não é? Uma
razão perfeita para dizer que não funcionaria, mas você esperaria
até depois da formatura, certo? Por que você simplesmente não
admite? Você não tem um plano maldito para nós. Você não vê um
futuro comigo porque sou filha de Arthur Benson. — Minhas
palavras quebraram em um soluço. — E você prometeu que não
contaria a ninguém sobre Piper. Eu confiei em você.

Havia apenas luz suficiente para distinguir suas feições e ele


parecia atormentado.

Dolorido.

Triste.

Quebrado.

— Eu não disse nada a eles. Eu não deveria ter feito aquele


comentário sarcástico, e vejo um futuro para nós, Maura. Claro
que eu vejo. Eu te amo pra caralho. Eu só... — Ele passou a mão
pelo cabelo.

— Você só o quê? Você não me ama o suficiente para deixar


de lado o fato de que odeia meu pai. — Lágrimas escorriam pelo
meu rosto. Tínhamos adiado essa conversa por muito tempo. —
Você o odeia mais do que me ama, é isso?

Ele colocou as duas mãos em volta dos meus pulsos para me


segurar e encostou a testa na minha. — Não é isso. Não sou fã do
seu pai, isso não é segredo, mas eu poderia superar isso, juro que
sim.

— Então, o que é?
— Isso me assusta pra caralho, que eu te amo tanto. Eu não
quero perder você.

Coloquei minhas mãos em cada uma de suas bochechas. —


Não estou indo a lugar nenhum, mas Crew, você tem que saber
que, embora eu esteja furiosa com meu pai e não goste muito dele
no momento, ele ainda é meu pai. Eu o amo e você não pode me
punir por isso.

Ele me pegou e minhas pernas envolveram sua cintura. —


Desculpe-me, querida. Não sei mais o que diabos estou fazendo.
Não tenho controle de nada. Eu te amo tanto que me afastaria da
minha empresa por você, eu te amo tanto que vou aceitar o fato de
que seu pai é a minha pessoa menos favorita no planeta. Prometo
a você que estou nisso.

Ele caiu de joelhos e me colocou no chão, minhas costas


amortecidas pela grama alta. Crew se apoiou em cima de mim e eu
olhei para aqueles olhos verde-esmeralda. — Eu também te amo.
Não estou pedindo que você faça nada disso por mim, mas não
posso adiar o futuro porque você tem medo de se comprometer
com ele.

Ele acariciou meu rosto. — Não tenho medo de me


comprometer com isto. Só não sei como tudo vai acabar, e se seu
pai te obrigar a escolher?

Meus olhos procuraram os dele e vi um medo genuíno. — Ele


não vai.

— E se ele o fizer, Maura? Você não acha que esse pensamento


passou pela minha cabeça? Eu não desconsideraria isso com
relação a ele. E então?
— Eu escolheria você — falei, e o nó na minha garganta tornou
difícil falar. — Mas preciso saber se você me escolheria também.

— Sempre. — Sua boca cobriu a minha e nós nos beijamos


como se nossas vidas dependessem disso. Porque eu precisava de
Crew Carlisle como eu precisava respirar.

E o medo de perdê-lo era forte.

— Eu preciso encontrar para mim um homem quente como


Crew. Eu amo que ele a perseguiu no campo e fizeram sexo quente
na grama — Coco disse depois que eu lhe contei sobre nossa noite.

— Ei. Você prometeu que não tocaria nisso. — Eu ri. Mas


tínhamos feito amor no campo antes de voltar para sua casa e fazer
marshmallows com seus pais, que agiram como se nada tivesse
acontecido no jantar. Amava sua família por isso. Eles eram
genuinamente solidários e abertos, e eles me fizeram sentir parte
da família.

— É difícil não fazer. Sem trocadilhos.

Cobri meu rosto com as mãos. — Por que eu te conto tudo?

— Porque você me ama e sabe que estou feliz por você. Você
merece isso, Maura. Então, qual é o plano com sua mãe?

— Eu honestamente não sei. Este segredo está me


consumindo. Quero contar a ela sobre Piper, mas não quero
arruinar o casamento deles. Gostaria que meu pai simplesmente
confessasse, para que eu não tivesse que carregar esse segredo, e
eu quero contar a ela sobre Crew, mas e se ela contar ao meu pai?
Ele definitivamente causaria problemas para Crew se descobrisse.
Tenho que esperar até terminar o estágio lá.

— Ok. Então está tudo em espera. Vá almoçar com ela,


converse sobre a festa de formatura. Concentre-se nisso por hoje
e cuidaremos do resto quando chegar a hora.

Concordei. — Obrigada por me pegar. Você sabe que Knox


acha você muito gostosa. Ele continua me pedindo para arranjar
você com ele.

— Ele é um menino. — Ela revirou os olhos.

— Ele é só um ano mais novo. — Eu ri.

— Você sabe que relacionamentos não são para mim, na


verdade. Embora com todas vocês, garotas, fazendo-me pensar,
posso querer encontrar alguém de quem gosto o suficiente para
ficar por perto. Mas, por agora, preciso garantir um encontro
quente para o casamento de Whitney. Isso é o mais longe no futuro
que eu vou. Tenho alguns caras que vejo na cidade, mas nenhum
é o certo para um encontro de casamento. Eu preciso de um cara
com alguma vantagem, sabe? Que realmente irrite Cricket. —
Cricket era a mãe de Coco, que favorecia descaradamente sua irmã
mais velha, Whitney. E o plano do casamento estava em pleno
vigor.

— Teremos que encontrar um par certo para o casamento.


Talvez algumas tatuagens? — falei acima da minha risada.

— Aí sim. Isso atingiria ela e Whitney. Estarei à procura do


rebelde perfeito.
Inclinei-me e a abracei em despedida. — Amo você, Co. Vejo
você pela manhã. Obrigada por ser meu disfarce neste fim de
semana.

— Eu sou a Thelma para sua Louise. Sempre cuidarei de você,


garota. Eu te amo.

Pulei para fora do carro e caminhei até a casa. Minha mãe


estava esperando na cozinha, correu em minha direção e colocou
os braços em volta de mim.

Queria deixar tudo sair.

Abracei-a com mais força do que o normal. — Estou tão feliz


em ver você. Senti a sua falta.

— Eu também senti sua falta, querida.

Coloquei toda a culpa de lado e me afastei para olhar para ela.


— Você está pronta para o almoço?

— Sim. Falei com seu pai esta manhã. Ele quer que não
poupemos despesas com sua festa de formatura, para que
possamos discutir todos os detalhes. Já reservei uma sala de
banquete em Dallas, liguei para a mãe de Ivy e faremos uma festa
em conjunto. Também quero ouvir tudo sobre esse estágio. A
propósito, como está indo? Felizmente, papai nunca descobriu.
Este é um daqueles momentos em que manter um segredo de seu
pai foi definitivamente a escolha certa. Vamos levar este para o
túmulo, Sunshine. — Ela deu uma risadinha.

Minha mãe não acreditava em segredos normalmente, e ela


não tinha ideia de quão grande aquele que estava sendo escondido
dela era. Meu pai era um mestre da manipulação. Ele evitou contar
a ela sobre Piper e decidiu apenas dar uma grande festa em vez
disso.

— Está indo bem, mamãe. Deixe-me refrescar bem rápido e


então estarei pronta. — Peguei minha bolsa com a carta de Piper e
corri para o escritório de meu pai. Havia fotos de nós cinco
penduradas nas paredes. Férias em família na praia e viagens de
esqui. Coloquei a carta na gaveta de cima da mesa e corri pela
escada para jogar um pouco de água no rosto.

Eu poderia fazer isso.

Ignorar o elefante na sala. Ou os dois elefantes na sala.

O amor da minha vida e a filha do caso do meu pai.

Por que, que escolha eu tinha?


Capítulo Dezoito

Crew

Eu adorava acordar com essa mulher na minha cama todos os


dias. Nunca pensei que me sentiria assim, mas aqui estávamos.
Costumávamos saltar obstáculos pela manhã para manter nosso
relacionamento em segredo. Eu mandava Brad deixá-la na esquina
e ela andava cinquenta metros para não arriscar que ninguém nos
visse sair do carro juntos, mas rapidamente percebemos que
éramos os primeiros a chegar ao escritório, Layla geralmente
aparecia logo depois de nós, e ela nunca questionava nada. Minha
assistente estava definitivamente ciente de que algo estava
acontecendo entre mim e Maura, mas eu sabia que ela iria levar
isso para o túmulo.

— Ava se saiu bem em seu teste de matemática? — Maura


perguntou ao meu motorista. Ele nunca conversou comigo sobre
sua filha, mas Maura tinha um jeito de fazer as pessoas se
abrirem. Eu acho que ela trabalhou sua magia vodu em mim
também, de certa forma. Eu estava falando com ela sobre Belle o
tempo todo agora e ela não precisava arrancar isso de mim.

— Ela conseguiu noventa e cinco por cento. A garota é um ás.

— Eu sabia que ela iria arrasar — disse Maura quando


paramos no meio-fio.

— Obrigado por esses sites com os jogos de matemática. Eles


realmente a ajudaram. — Ele olhou por cima do ombro e piscou.
— Claro. Vejo você mais tarde — disse ela, eu abri a porta e
peguei meu café e o café extra que ela insistia que levássemos para
Beevis todas as manhãs. Ela segurou seu copo em uma mão e sua
bolsa na outra.

— Você sabe que ele nunca vai se recompor se você continuar


trazendo comida e bebidas para ele. Inferno, eu adoraria apenas
relaxar aqui o dia todo e ter uma garota gostosa trazendo minhas
refeições.

Sua cabeça caiu para trás e ela riu. — Você realmente acabou
de dizer relaxar? Você roubou isso de Coco, não é? —
Definitivamente. Agora eu estava recebendo ligações semanais de
FaceTime com as Magic Willows ou o que diabos elas se
chamavam. Elas conversavam e Maura me chamava para
participar.

— Do que você está falando? Sou um cara moderno — falei.

Ela sorriu tanto que meu peito apertou. — Quem é você e o


que fez com meu namorado taciturno?

Normalmente, o termo namorado faria com que eu me


fechasse.

Convulsionasse.

Recuasse.

Corresse para a porra das colinas.

Mas não com Maura. Era música para os meus ouvidos de


merda.

— Eu normalmente não sou alegre?


— Você é perfeito — disse ela, e bateu com o ombro no meu
quando nos aproximamos do homem que de alguma forma se
tornou mais um membro da família do que um cara para quem eu
jogava dinheiro na lata.

Eu sempre ficava na frente dele e forçava um sorriso,


agraciando-o com meus brancos perolados. Ele ainda favorecia
Maura e eu não poderia culpá-lo. Eu também a favoreceria.

— Bom dia, Beevis — falei, entregando-lhe a bebida enquanto


Maura entregava-lhe o muffin embrulhado em papel pardo.

— Por que você não pode me chamar de Beeves como Maura


faz?

— Eu não chamo Justin Bieber de Biebs, então tenho certeza


de que não vou chamá-lo de Beeves. Eu traço minha linha na
entrega diária de café e muffin.

— Não se preocupe com isso, Beeves. Estou com você — disse


Maura, revirando os olhos para mim.

O que? Nós realmente servíamos a esse cara. Na verdade, eu


estava ansioso por suas provocações sarcásticas para mim neste
momento, mas eu não estava dando a ele um apelido. O que havia
com todo mundo e esses apelidos malditos? Você recebeu um
nome ao nascer. Use-o. De que adiantava passar por todo o
processo de escolha de um nome se todos iam chamá-lo de algo
diferente?

— Maura me disse que seu irmão te chama de C-dawg. Tudo


bem se eu fizer disso o seu nome? — ele perguntou, e eu me virei
para minha namorada e levantei uma sobrancelha.

Pequena traidora.
— Definitivamente não — resmunguei.

Beevis e Maura explodiram em gargalhadas e revirei os olhos.

— Vejo você mais tarde, Beeves — ela gritou enquanto


caminhávamos para dentro do edifício.

Quando entramos no elevador, ela ainda estava rindo. —


Então, eu queria falar com você sobre Beeves.

— E agora? Quer comprar um carro para ele?

— Não. Talvez um dia ele possa comprar seu próprio carro, se


o ajudarmos a se levantar. O que você acha de um emprego na
Carlisle Ad Agency?

— O que? Você quer que eu o contrate agora?

— Escute, eu sei que você tem um grande coração, mesmo que


você tente fingir que não tem. Seu pai acredita em retribuir. Beeves
é um bom homem que passou por tempos difíceis. Por que não dar
a ele algo em que trabalhar? Um pouco de esperança é tudo que
ele precisa. Alguém para acreditar nele.

— Eu vou pensar sobre isso, porra, mas só porque é


importante para você, sua pequena tentadora de coração mole. —
Balancei minha cabeça e me perguntei como diabos eu cheguei
aqui. Estava mais preocupado em encontrar um emprego para
Maura do que para Beevis, e já havia colocado esse plano em ação.

Ela se inclinou e apertou o botão de parar no elevador. — Eu


te amo, Crew Carlisle. Tenha um bom dia.

Ela ficou na ponta dos pés e me beijou, antes de se afastar e


liberar o elevador. As portas se abriram e eu ri.
— Encantado, baby — sussurrei enquanto saíamos do
elevador. Isso se tornou uma espécie de palavra-código para nós
quando estávamos no escritório. Uma maneira de dizer a ela que a
amava sem dizer as palavras.

— Encantada — disse ela quando parou em sua mesa e eu fui


para o meu escritório.

O dia começou com força e bateram na minha porta assim que


terminei minha teleconferência matinal com a montadora. — Está
aberta.

Jen espreitou a cabeça. — Você tem um minuto?

— Claro.

Ela dirigia nosso departamento de criação e sempre a chamei


de nossa arma secreta. Eu a contratei no ano passado. Ela era
graduada em Stanford e absolutamente brilhante. A garota tinha
olho para campanhas publicitárias premiadas.

— Então, eu quero falar com você sobre aquela campanha de


comida para cachorro. — Era uma campanha de alto valor que
ganhamos com uma das maiores empresas de ração para cães do
país.

— Diga.

— Bem, eu passei por todos os colaboradores do nosso time.


Sam teve algumas ótimas ideias, mas a que literalmente me
surpreendeu foi a de Maura. Eu sei que ela é apenas uma
estagiária, mas Crew, acredite em mim quando eu digo a você, a
garota é talentosa. Eu estava apenas deixando-a lançar para
ganhar experiência, mas a dela se destacou sem dúvidas. É a
vencedora. Achei que talvez ela pudesse apresentar isso a você
hoje. Não contei a ela ainda, porque queria ver se ficaria tudo bem.
Eu sei que ela não é uma funcionária oficial, mas você seria um
tolo se não tentasse prendê-la.

Gostaria de prendê-la por muito mais do que um trabalho e


estava orgulhoso como o inferno por ela ter arrasado. Eu sabia que
ela era talentosa, mas obter o selo de aprovação de Jen era uma
prova de como Maura era boa.

— Tudo bem. Meu avô está vindo hoje para ouvir a


apresentação. Vamos dar uma chance a ela.

— Incrível. Falarei com ela. Vejo você esta tarde. Sala de


conferências às duas?

— Vejo você lá.

Nem cinco minutos depois, minha porta se abriu e Maura


correu para dentro, fechando a porta atrás de si.

— Tranque-a — eu disse quando olhei para cima para


encontrar seu olhar.

Seus olhos se arregalaram, mas ela fez o que pedi. Eu dei um


tapinha no meu colo para que ela se sentasse. Ela caiu no meu
colo e toda a tensão das reuniões do dia se dissipou. Lavanda e
bondade encheram meus sentidos, e eu a inspirei.

— Ei, baby — sussurrei, meus lábios roçando sua orelha.

— Crew. Foco. Jen acabou de me dizer que vou apresentar


minha ideia para você e seu avô hoje. Isso é pra valer?
Beijei seu pescoço e minha mão deslizou por baixo de sua saia,
encontrando sua calcinha de renda. — É real, então traga o seu
melhor jogo.

Ela puxou minha cabeça para encontrar meu olhar, sua


respiração difícil e rápida. — Não posso apresentar para o seu avô,
e se eu congelar? E se eu não souber o que estou fazendo?

Empurrei-a e a coloquei na minha mesa enquanto ficava de pé


sobre ela. Eu estive fantasiando sobre ter Maura no meu escritório
por semanas, minha mão escorregou por baixo de sua calcinha.

Tão molhada.

Ela estava sempre pronta para mim, assim como eu sempre


estava pronto para ela.

— Você não vai congelar. Jen disse que sua apresentação


arrasou. Faça a mesma coisa esta tarde. Deixe-me ajudá-la a
relaxar.

— Não podemos fazer isso aqui — ela sussurrou, mas sua


cabeça caiu para trás e ela gemeu quando meu dedo deslizou para
dentro.

— Podemos fazer isso onde quisermos. — Minha boca foi para


a dela enquanto seus quadris se moviam contra a minha mão. Eu
amava agradar essa garota. Adorava vê-la desfeita.

Ela gemeu em minha boca enquanto me beijava com força.


Desesperada e necessitada. Ela gritou sua liberação contra minha
boca e eu fiz o que pude para abafar sua voz.

— Bem, isso foi interessante — disse ela, olhando para mim


toda nebulosa e saciada.
Perfeito demais, porra.

— Agora relaxe e vá arrasar. Eu amo você. — Mantive minha


voz baixa e coloquei meu dedo na boca. Porque quando se tratava
de Maura Benson, eu não conseguia o suficiente. Seus olhos se
arregalaram e ela pulou da minha mesa.

— Também te amo. Não me dê aqueles olhos de sexo quando


eu estiver apresentando, por favor. — Seus lábios roçaram minha
orelha e meu pau estava tendo um acesso de raiva.

— O que são olhos de sexo? — perguntei, puxando-a contra o


meu corpo para que ela pudesse sentir o quanto eu a queria.

— Talvez apenas não olhe para mim durante a apresentação.


— Ela riu e sua mão desceu entre nós para segurar minha ereção.
— Oh. Devemos cuidar disso?

O telefone da minha mesa tocou, assustando a nós dois.


Estendi a mão e apertei o botão do viva-voz. — Crew, seu avô está
aqui mais cedo. Ele quer se encontrar com você antes da
apresentação.

E assim, meu pau ficou sóbrio e Maura passou a mão pela


blusa e saia. — Oh, meu Deus. E se ele souber o que estamos
fazendo?

— Isso o tornaria um velho sujo. — Eu sorri e a acompanhei


até a porta.

Destranquei a porta, grato por não fazer barulho quando o fiz,


e a abri. — Nós nos vemos às duas, Maura.

Eu estava de volta ao modo profissional.


— Estou ansiosa por isso. Olá, Sr. Carlisle — ela disse ao meu
avô antes de seguir pelo corredor.

— Olá, Maura — disse ele, entrando em meu escritório. Layla


me deu um sorriso malicioso que dizia que ela sabia que algo havia
acabado de acontecer, revirei meus olhos e fechei a porta.

Sentei-me atrás da minha mesa e enfrentei meu avô enquanto


ele se inclinava para dizer algo. — Apenas algumas coisas para
revisar antes da reunião.

— Tudo bem — eu disse.

— Falei com o seu pai e ele me disse que você realmente gosta
dessa garota. Quero que saiba que entendo que não se trata de um
caso de escritório e agradeço a sua descrição até que o estágio dela
termine.

Uau. Eu não esperava sua aprovação.

— Eu gosto. Obrigado pela compreensão. Queria falar com


você sobre a oferta de um cargo a ela depois que ela terminar o
estágio. Ela é muito boa em seu trabalho, vovô. Ela tem várias
entrevistas agendadas e seria uma tolice deixá-la ir para outro
lugar e trabalhar para a concorrência. Jen escolheu a sua
apresentação em vez de todas para a campanha de comida para
cachorro e você sabe que Jen é dura.

Ele acenou com a cabeça e pensou por um momento. — Vamos


ver o que ela faz esta tarde com a apresentação.

— É justo.

— E teria que ser aberto sobre vocês estarem juntos se nós a


contratarmos. Ela trabalharia diretamente sob Jen. Você precisa
ter certeza de que está falando sério sobre ela, porque se você
acabar com isso e ela estiver trabalhando aqui, as coisas podem
ficar muito feias. Romances de escritório não são fáceis e é por isso
que tenho essa regra rígida.

Eu ri. — Não mergulhe sua caneta na tinta da empresa?


Garanto que é mais do que isso.

— Eu posso ver. Essa é a única razão pela qual não estou


batendo na sua bunda, mas ela é uma estagiária e uma Benson,
então você tem alguns obstáculos para superar. Você nunca pega
o caminho fácil, não é?

— Nunca me importei muito com isso, não.

Ele soltou uma risada e ficou de pé. — Estou feliz por você,
Crew. Mas mantenha a privacidade até o fim do estágio.

— É justo.

— Agora vamos ver se ela é tão boa quanto você e Jen dizem
que ela é.

Descemos para a sala de conferências e Jen estava encolhida


no canto conversando com Maura. Provavelmente dando a ela uma
conversa estimulante e treinando-a. Apresentar-se para o meu avô
intimidaria qualquer pessoa, mas eu tinha toda a fé nela.

Pegamos nossos lugares e Jen apresentou Maura antes de se


sentar ao meu lado. — Ok, vamos começar.

Maura começou a puxar para cima um PowerPoint com


gráficos que ela havia projetado e fiquei imediatamente
impressionado. Ela apresentou a campanha com total confiança e
foi chocante pensar no fato de que ela era estagiária. Ela não tinha
experiência na área ainda, mas você nunca saberia. Sentei-me,
meu peito inchando de orgulho enquanto a observava apresentar
uma das melhores campanhas publicitárias que eu já tinha visto.
Se ela estava nervosa, não demonstrou, e soube naquele momento
que meu avô não iria deixar a competição roubá-la.

Quando ela terminou, parou na nossa frente. — Obrigada pelo


seu tempo e consideração.

Meu avô bateu palmas, o que quase me fez cair da cadeira. O


homem não dava esse tipo de elogio facilmente, então ela
claramente o surpreendeu.

— Estou impressionado, Srta. Benson. Acho que temos uma


vencedora. — Meu avô ficou de pé e apertou a mão dela. — Jen,
você pode nos dar um momento?

— Claro. Vou fazer avançar as coisas. — Ela assentiu e saiu


da sala de conferências.

Vovô estendeu a mão para Maura se sentar à nossa frente.

— Estou impressionado e sei que Jen e Crew também.


Gostaríamos de oferecer a você uma posição aqui na Carlisle Ad
Agency após a formatura. Vamos formalizar uma oferta se for algo
no qual está interessada. Ela não será anunciada até que o estágio
termine.

Isso foi uma surpresa. Ele geralmente levava seu tempo para
refletir sobre coisas como essa. Mas eu sabia por que ele decidiu
fazer a oferta. Ele queria me proteger se isso alguma vez voltasse
para me morder na bunda, sobre estar namorando-a esse tempo
todo. Ele queria poder dizer que tinha feito a oferta de contratá-la
por seu mérito e não porque ela estava namorando o chefe. Eu
apreciei isso.
— Oh. Uau. Isso é incrível. Posso ter algum tempo para
pensar? — ela perguntou, e eu vacilei.

O que diabos havia para pensar?

— Claro. Eu sei que você tem algumas entrevistas agendadas,


mas certamente esperamos que você nos considere sua primeira
escolha. Teremos uma carta de oferta para você no início da
semana que vem — ele disse antes de se levantar e apertar a mão
dela. — Agora, se me dão licença, vou almoçar com a equipe de
impressão hoje.

— Eu te ligo mais tarde. — Balancei a cabeça e voltei minha


atenção para Maura. — Eu preciso de uma palavra rápida com
você.

Meu avô saiu da sala de conferências e voltamos a sentar.


Levei tudo o que eu tinha para não a puxar para o meu colo, mas
a sala de conferências era de vidro do chão ao teto e todos podiam
nos ver. Eu cruzei minhas mãos sobre a mesa. — Você fez bem.

Suas bochechas ficaram rosadas e ela soltou um longo


suspiro. — Eu me sinto bem e não posso acreditar que ele está me
oferecendo uma posição aqui. Você sabia que isso iria acontecer?

— Eu discuti isso com ele. Eu não sabia que ele iria oferecer a
você hoje e não sabia que você precisaria de tempo para pensar
nisso.

Seu olhar de mel quente travou com o meu. — Ouça, adoro


trabalhar aqui. Eu gosto.

— Mas?
— Mas também estou apaixonada pelo patrão. Não quero
causar-lhe nenhum drama desnecessário ou prejudicar sua
reputação. Você tem um monte de gente contando com você aqui
e eu nunca vou interferir nisso.

Tão doce pra caralho.

— Gostaria de informar a todos que estamos juntos quando


você entrar oficialmente. Você responderá a Jen, não a mim, a
menos que estejamos no quarto. — Pisquei, ela balançou a cabeça
e riu.

— Encantada.

— Aposto que você está. Então, qual é o problema? —


perguntei, porque eu precisava saber contra o que eu estava
lutando.

— Ainda temos o pequeno problema de você e meu pai. Como


você acha que ele se sentirá se eu vier trabalhar aqui? — falou,
torcendo as mãos.

— Eu não dou a mínima para o que ele sente sobre isso. O


homem tem problemas maiores do que você trabalhando para
minha família.

— Vou falar com ele quando for para casa no próximo fim de
semana, Crew. Vou terminar o estágio e poderei me concentrar em
descobrir isso. Vou contar a ele sobre nós e vou dar a ele um
ultimato, ou ele contará à minha mãe ou eu contarei a ela. Preciso
consertar minha família e estou cansada de manter o que temos
em segredo.

Por que ela tinha que ser tão boa pra caralho? Por que ela não
podia ser egoísta de vez em quando?
— Você quer trabalhar aqui?

— Claro que quero, mas é complicado, e independentemente


do que eu faça sobre o trabalho, isso não afeta nosso
relacionamento. Eu só preciso que você me dê um pouco de tempo.

Levantei-me. — Paciência não é meu forte, mas vou tentar.

Ela olhou para o escritório para ver se alguém estava olhando


antes de sussurrar: — Eu te amo.

— Também te amo, Srta. Benson. — Eu sorri antes de segurar


a porta aberta para ela e ir para o meu escritório.

Sentei-me atrás da minha mesa e liguei para a sala de


correspondência.

— Carl — respondeu o cara que supervisionava todas as


correspondências e pacotes do prédio. Ele já era bem velho e
trabalhava lá desde antes de eu nascer.

— Crew. Você tem espaço para outro empregado?

— Claro. Estamos sempre nos afogando aqui e eu não ando


mais tão bem como antes. — O homem já não estava bem nos vinte
e cinco anos que eu o conhecia.

— Tudo bem. Tem um cara acampado do lado de fora. Eu


quero dar uma chance a ele.

— É o amigo de Maura, Beeves? Ótimo cara.

Eu ri. — Como diabos você sabe sobre Beeves?


— Maura leva o almoço para ele todos os dias quando estou
no meu intervalo para fumar. Você vai contratar aquela garota?
Ela é realmente incrível.

Você está pregando para o coro, amigo.

— Trabalhando nisso.
Capítulo Dezenove

Maura

— Obrigada por fazer isso — disse a Layla enquanto jogávamos


o último prato de papel no lixo. Ela organizou uma festa de
despedida incrível para mim na sala de descanso no meu último
dia no escritório. Crew apareceu e me surpreendeu com Beeves, e
levei tudo o que eu tinha para não o beijar sem sentido. Na
verdade, ele contratou Beeves para a sala de correspondência e
seu primeiro dia foi no meu último dia. Crew saiu para levar Beeves
lá para baixo. Tínhamos mantido distância um do outro na festa e
estávamos cansados de fingir que não estávamos juntos no
escritório. Por mais que estivesse triste com o fim do meu estágio,
fiquei feliz por não ter mais que manter isso em segredo. Falaria
com meu pai quando voltasse para casa neste fim de semana.

Eu tinha feito minhas duas últimas provas finais esta semana,


e estava oficialmente concluída a faculdade também. Eu estava
pronta para começar o próximo capítulo da minha vida, ir para
casa e enfrentar meu pai seria uma grande parte disso. Ele tinha
parado completamente de me enviar mensagens e não nos
falávamos há algumas semanas. Presumi que ele estava com raiva
de mim por deixar a carta de Piper na gaveta da sua escrivaninha.
Ele me enviou uma mensagem sarcástica que dizia que recebeu o
bilhete que deixei para ele e não gostou. Nunca me senti tão
distante dele antes. Minha mãe e eu conversamos quase
diariamente, e ela claramente não sabia de nada porque estava
ansiosa pela minha formatura. Ela e meu pai alugaram um grande
salão de banquetes em Dallas para uma festa para mim e Ivy. Coco,
Addy e Gigi estavam se formando no mesmo dia, então
perderíamos o grande momento umas das outras, mas estaríamos
juntas em espírito. Mas quem eu mais queria lá era Crew. Uma
parte de mim esperava que meu pai fosse aceitar sobre o
relacionamento, visto que ele tinha alguns esqueletos muito
escuros em seu próprio armário, e ele nem conhecia Crew bem o
suficiente para odiá-lo. Queria que Crew estivesse na minha
cerimônia e na minha festa. Então, falaria com meu pai. Iria
lembrá-lo de que eu ainda estava aqui tentando consertar nosso
relacionamento, mesmo depois de tudo o que descobri. Diria a ele
que Piper e eu tínhamos um relacionamento e que pensava que ele
deveria entrar em contato com ela. Mais importante ainda, ele teria
que dizer a verdade a minha mãe ou eu não teria escolha a não ser
fazer isso por ele.

— Isto não foi tudo eu — disse Layla, olhando para cima para
se certificar de que a sala de descanso estava vazia ao lado de nós.
— Crew queria que isso fosse especial para você.

Eu podia sentir minhas bochechas esquentando. — Isso foi


legal da parte dele.

— Ouça, eu sei que você não pode dizer nada, mas quero que
saiba que você é realmente boa para ele, Maura. Ele tinha esse
escudo ao seu redor há tanto tempo, e desde que você entrou na
vida dele, ele o deixou. Fica bem nele.

— O que? — perguntei, olhando por cima do ombro para ter


certeza de que ninguém estava ouvindo.

— Felicidade. — Ela apertou meu ombro e sorriu. — Estar


apaixonado. Fica bem em vocês dois.
Não neguei. Não conseguia mais mentir para ela. — Obrigada,
Layla.

— Espero que você aceite o trabalho aqui. Todos nós amamos


ter você no escritório.

Concordei. Eu tinha ido a duas outras entrevistas com


agências de publicidade em Dallas nos últimos dias, para grande
desgosto do meu namorado. Eu queria trabalhar aqui, mas
também queria consertar o estrago com minha família. Amava
Crew, não importava onde trabalhasse. Sabia que meu pai traria
sua ira se eu não consertasse isso primeiro.

— Eu realmente quero. Estou trabalhando nisso.

Layla me deu um abraço de despedida e parei no setor criativo


e disse a todos que esperava vê-los em breve. Abracei Sam e Gwen
em meu adeus no meu caminho pelo corredor. Eles começaram
oficialmente a namorar e eram adoráveis juntos. Crew estava
realmente feliz com isso, porque Sam estava levando seu trabalho
mais a sério agora que ele realmente queria mantê-lo, visto que
sua namorada trabalhava aqui também.

— Ei — eu disse, encostando na porta. — Obrigada por hoje.


A festa. Beeves.

Ele olhou para cima e seu olhar verde esmeralda travou no


meu. — Claro. Entre e tranque a porta.

Eu ri ao fechar a porta, e caminhei até ele. Parei na frente dele,


ele me levantou para me sentar em sua mesa e olhou para mim.
— Tem certeza de que não quer que eu te leve para casa hoje?

Nós já tínhamos discutido isso várias vezes, e eu disse a Crew


que estava voltando para casa com Ivy. Eu precisava enfrentar
meu pai sozinha, sem me distrair porque meu namorado estava na
porta ao lado.

— Cuidarei disso. Prometo.

— Então, eu sei que não posso ir à sua festa de formatura,


mas estarei na sua cerimônia. Vou ficar fora da vista de seu pai.

Balancei minha cabeça. — Piper quer ir também. Fico triste


que todos tenham que se esconder por causa do meu pai. Eu
deveria ter as pessoas que eu quero lá. — Piper e eu conversamos
muitas vezes. Agora nos encontrávamos para um café uma vez por
semana e mandávamos mensagens de texto diariamente. Era algo
que eu esperava ansiosamente. Piper se tornou uma parte
importante da minha vida. Meu pai não a procurou depois de ler
sua carta. Ele queria fingir que ela não existia. Não estava certo.
Lyle e Wes tinham planos de ir a Dallas e encontrá-la na semana
após a formatura. Talvez meu pai a encontrasse em algum
momento também.

— Ouça. Farei o que for mais fácil para você. Quando você vai
tomar sua decisão sobre o trabalho?

— Em breve. Prometo. Tenho um plano.

— Ok. Vou sentir saudades suas. Duas noites sem você na


minha cama. Deveria haver uma lei contra isso — disse ele,
mostrando-me seu lindo sorriso.

— Ei, eu não acho que temos que nos preocupar em sermos


pegos neste momento. Você quer me dar um adeus apropriado? —
Inclinei-me e provoquei seus lábios com os meus.

— O que você tem em mente, Srta. Benson? — Ele ficou de pé


e eu alcancei seu cinto.
— Você sempre quis fazer sexo quente no escritório. É o
mínimo que posso fazer no meu último dia aqui. — Minha voz
estava toda provocadora.

— Considere isso um presente de despedida pelos serviços


prestados. — Ele alcançou a barra do meu vestido e o levantou até
minha cintura, afastei minhas mãos para facilitar. Sua boca estava
na minha. Querendo, precisando e reclamando. Eu puxei a cintura
de sua calça, e ele enfiou a mão na carteira para pegar um
preservativo.

Eu o tirei de suas mãos. — Quero fazer isso.

Quando conheci Crew, sentia-me desconfortável em minha


própria pele quando se tratava de sexo, mas este homem me abriu
de muitas maneiras. Eu amava o quão confortável estava com ele,
amava como meu corpo respondia a ele e adorava que ele soubesse
como me agradar.

Em. Cada. Segundo.

— Você pode fazer o que quiser, baby.

Rolei a borracha sobre a sua ereção e meu olhar nunca deixou


o dele.

Havia tanto amor olhando para mim que minha respiração


ficou presa na garganta e uma lágrima correu pelo meu rosto.

— Ei, o que está acontecendo aqui? — perguntou, levantando


meu queixo para olhar para ele.

— Nada. Estou muito feliz.


— Isso é uma coisa boa — falou, provocando meus lábios com
os dele novamente antes de sua boca colidir com a minha.

— Eu te amo — sussurrei enquanto ele se movia para frente,


lento e tortuoso. Eu o sentia em cada osso do meu corpo. Apoiei-
me nos cotovelos e nos movemos juntos lentamente. Com
propósito. Ele sabia do que eu precisava e eu sabia do que ele
precisava. Nossos olhares ainda estavam presos um no outro.

E eu nunca queria que acabasse.

— Você teve uma resposta da sua mãe? — Ivy perguntou


quando entramos na garagem de minha casa.

— Sim. Ela está no clube para uma degustação de vinhos com


algumas amigas. Ela disse que meu pai está trabalhando em casa.
— Meu estômago se revirou porque eu sabia que essa conversa não
seria fácil.

— Você quer que eu entre com você? — ela perguntou, e não


escondeu sua preocupação. Meu pai poderia ser um buldogue, isso
não era segredo, mas nunca tive medo dele. Eu queria consertar
as coisas, não as tornar piores.

— Não. Eu cuido disso.

— Você sabe que Crew está pirando. Ele até me mandou uma
mensagem e me pediu para avisá-lo se houvesse um problema —
ela falou.
Eu ri. Fiquei feliz por ele ter se aproximado das minhas
garotas, mesmo que os outros só tivessem estado com ele no
FaceTime e Zoom. Todos gostavam muito dele. Eu mal podia
esperar para namorar abertamente e fazer coisas normais que os
casais faziam, como ir jantar com amigos. — Ele se preocupa
muito. Divirta-se com seus pais. Eu te ligo mais tarde. Eu te amo.

— Amo você — gritou quando saí do carro.

Meu telefone vibrou e olhei para baixo para ver uma


mensagem de Piper. Ela sabia que seria um fim de semana difícil
em casa e seu apoio significava muito para mim. Ela tinha todo o
direito de estar amarga e zangada, mas não estava.

Piper ~ Boa sorte neste fim de semana. Enviando grandes abraços.

Eu ~ Obrigada! Faça uma oração por mim. Acho que vou precisar.

Piper ~ Você consegue. E se não parecer certo, apenas confie no seu


instinto. <emoji de mãos orando> <emoji de polegar para cima>

O carro do meu pai estava na garagem e o carro da minha mãe


tinha sumido como eu esperava. Fui até a porta da frente e digitei
o código. Quando empurrei a porta, ouvi a TV ligada na sala de
estar.

— Olá — gritei.

Caminhei pelo corredor e vi meu pai sentado no sofá com um


copo de coquetel na mão, meu coração afundou. Ele parecia
zangado. Seus olhos estavam um pouco injetados, o que me deixou
saber que ele estava bebendo.

— Tenho um assunto para falar com você. — Suas palavras


ficaram um pouco arrastadas, deixei minha bolsa cair e a coloquei
no balcão. Mudei-me para o sofá e sentei-me ao lado dele.

— Excelente. Eu tenho um para falar com você também.

— Ninguém gosta de um disco quebrado, Maura. Recebi a


carta que você deixou na gaveta da minha mesa. Então, você foi
pelas minhas costas e viu essa garota de novo?

— Essa garota? Você quer dizer minha irmã?

Ele ficou de pé e jogou o copo de coquetel contra a parede, o


qual se quebrou em um milhão de pequenos pedaços e eu me
engasguei. Nunca tinha visto meu pai se desfazer assim antes.

— Ela não é sua irmã maldita. Pare com a teatralidade. O que


você está tentando fazer, Maura? Você quer acabar com meu
casamento, é isso? Não lhe damos atenção suficiente?

— O que? Não se trata de atenção, pai. Eu quero consertar


coisas. Vim aqui para falar com você. Quero consertar as coisas
entre nós, mas você precisa contar a verdade para a mamãe. Não
posso esconder esse segredo dela. Está errado — falei, as lágrimas
estavam caindo pelo meu rosto.

— Está errado? É errado mentir para seu pai sobre onde você
está trabalhando? Pedi ao meu investigador que investigasse você
também. Vendo que você está investigando minha vida privada,
pensei em fazer o mesmo com você. E eu descobri que você está
trabalhando para Crew Carlisle e está passando a noite na casa
dele. Prostituindo-se com um maldito Carlisle — ele gritou tão alto
que eu juro que as paredes tremeram.

Levantei-me, encarando-o. As veias de seu pescoço


ameaçavam explodir. Elas estavam inchadas e seu rosto estava
vermelho brilhante. Ele parecia tão ferido. Tão traído. Suas
palavras me cortaram profundamente.

— Não é desse jeito. — Minhas palavras quebraram em um


soluço. — Eu o amo, pai. Estou feliz. Não é isso que você quer para
mim?

— É isso que eu quero para você? Convivendo com o inimigo?


Você está brincando comigo agora? Você foi longe demais, Maura.
Isso é imperdoável. — Ele socou a parede ao lado dele e eu me
assustei novamente.

Isso ia de mal a pior. Meus soluços tornavam difícil falar.

— Imperdoável? Seriamente? Você teve um caso. Você tem


outra filha que se recusa a reconhecer. Você tem mentido para
minha mãe e para toda a sua família. E você está apontando o dedo
para mim?

— Aquela garota não é minha filha. Eu era um doador de


esperma para uma mulher desesperada para me pegar. Se ela
escolheu ficar com aquela criança, é culpa dela. Não vou contar
para sua mãe, nem você, ou eu prometo que vou fazer da sua vida
e da vida do seu namorado um inferno.

Eu mal conseguia vê-lo com meus olhos marejados. Nunca


chorei tanto na minha vida, mas toda a ansiedade reprimida veio
à tona. O nó na garganta era tão profundo que era difícil respirar.
— Você é um monstro absoluto.
— Sim. Bem, ainda nem comecei com o que farei com você se
ousar falar sobre isso com sua mãe ou seus irmãos. Você está me
ouvindo? — Ele se mudou para o meu espaço, apoiando-me na
parede ao lado do sofá. Eu não conseguia respirar. Seus olhos
cheios de fogo e sua postura ameaçadora fizeram com que todo o
ar deixasse meus pulmões. Ele deixou claro que faria o que fosse
necessário para me calar.

Ele estava claramente embriagado, tinha visto meu pai bêbado


muitas vezes na minha vida, mas nunca assim. Ele nunca me
atacou antes e senti algo feroz, percebi pela primeira vez na vida
que tinha medo dele.

— Afaste-se dela agora. — Minha mãe apareceu atrás do meu


pai, seus olhos estavam selvagens e com raiva.

— Não é o que você pensa. — Meu pai não se afastou de mim


e tentei recuperar o fôlego.

— É exatamente o que eu penso. Decidi que não queria sair


com as amigas com Maura aqui em casa. Então mudei meus
planos e é isto que encontro? Você não mudou nada, Arthur. Eu
ouvi toda a conversa. Acho que um tigre nunca muda de verdade
suas listras, certo? Você está bêbado e ameaçando nossa filha por
tentar fazer a coisa certa. Agora dê um passo para longe dela.

Minha mãe veio em nossa direção e meu pai olhou entre nós.
— A coisa certa? Ela te disse que está transando com Carlisle? Ela
está morta para mim.

Um suspiro saiu da minha boca e empurrei contra ele para


fugir. Não conseguia mais ouvir isso. — Eu te odeio — gritei.

Ele se virou antes que eu pudesse me mover, e sua mão veio


para mim tão rápido que eu nem percebi antes de tocar minha
bochecha. Ele me deu um tapa com tanta força que perdi o
equilíbrio e meu rosto bateu na lareira de pedra. Segurei minha
bochecha e vi o sangue ali.

Minha mãe gritou e correu em minha direção. — Saia desta


casa, Arthur.

— Esta é a minha casa. Não estou indo a lugar nenhum.

Minha mãe avaliou meu rosto e me fez levantar. — Você pode


andar?

Concordei. Ela passou por meu pai, que estava lá nos


observando.

— Vá até a porta e espere por mim — ela disse, e sua voz


tremeu um pouco.

Minha bochecha estava sangrando e eu estava completamente


atordoada com o que tinha acontecido. Movi-me com cuidado para
a porta, com medo de que meu pai viesse atrás de mim novamente.

— Aonde você está indo? — Ouvi meu pai dizer para minha
mãe quando eu estava na porta.

— Para longe de você. — Antes que eu pudesse processar o


que estava acontecendo, minha mãe estava com a minha mala nas
mãos e o que parecia ser um pano de prato e um saco de gelo,
levando-me porta afora. Ela me ajudou a entrar no carro e se
inclinou para colocar o cinto de segurança. Lágrimas escorriam
pelo seu rosto.

Ela me estudou. — Sinto muito, Maura.


Balancei a cabeça, mas não consegui falar por causa do caroço
alojado na minha garganta.

Minha mãe usou o pano de prato para limpar minha bochecha


e me entregou um saco de gelo. — Segure isso em sua bochecha.

Não sentia nada. Meu corpo estava completamente


entorpecido, nunca em um milhão de anos eu vi essa conversa se
desenrolar dessa maneira. As lágrimas continuavam a cair, o sal
queimando meu corte imitando a dor em meu coração, encarei o
para-brisa enquanto ela saía da garagem.

— Vamos fazer uma parada, ok? — ela disse enquanto entrava


na garagem dos Wilsons a algumas portas de nossa casa. Ele era
nosso médico de família desde que eu conseguia me lembrar.

Quando ela estacionou o carro, ela correu para a porta e a Sra.


Wilson pareceu surpresa por nos ver tão tarde, mas ela veio em
direção ao carro com minha mãe e elas me ajudaram a entrar.

— Entre, querida. Deixe-me ir buscar o Burt.

Minha mãe caiu de joelhos e começou a soluçar. — Sinto


muito.

— Não é sua culpa, mamãe.

— Nunca pensei que ele colocaria as mãos em você.

O Dr. Wilson apareceu com uma maleta médica e tirou minha


mãe do caminho antes de se abaixar para olhar meu rosto. —
Como você está, querida?

O homem era tudo o que você poderia imaginar de um médico


de cidade pequena. Todos em Willow Springs o amavam.
— Já estive melhor — resmunguei. Ele puxou uma espécie de
lenço umedecido e limpou minha bochecha, olhando de um lado
para o outro.

— Você tem um corte feio deste lado, mas acho que podemos
usar um pouco de cola cirúrgica e consertar você. O outro lado vai
ter uma contusão feia. Você pode me dizer quem te machucou,
Maura?

Balancei minha cabeça. A vergonha e o constrangimento eram


avassaladores. Meu pai me bateu. Eu o provoquei ao ponto da
loucura, arruinei minha família.

— O pai dela — minha mãe disse, sua voz fria como pedra.

— Tudo bem. Bem, você pode querer registrar um boletim de


ocorrência. Pelo menos esse é o meu conselho — disse ele, usando
algum tipo de ferramenta para aplicar algo macio sobre o corte.

— Não. Não estamos processando-o. Ele é meu pai. Ele estava


bêbado e com raiva. Foi um acidente.

— Bater em uma mulher nunca é um acidente, Maura — disse


Wilson em tom severo.

Minha mãe ligou para o meu irmão Lyle e contou-lhe o que


aconteceu.

O que eu fiz?

Isso não deveria acontecer.

— Muito obrigada por cuidar dela. Estamos indo para a casa


de Lyle. Wes nos encontrará lá também — disse minha mãe.
— Tudo bem. Você sabe que todos são bem-vindos para ficar
aqui conosco — disse a Sra. Wilson.

— Nós já perturbamos vocês o suficiente. Muito obrigada por


cuidar da minha menina.

Minha mãe me acompanhou até o carro e eu coloquei o cinto


de segurança. Puxei o pequeno espelho acima do meu assento e
estudei meu rosto. Parecia que eu tinha lutado e isso não foi a meu
favor.

Virei-me para encará-la. — Desculpe-me por não ter contado


a você sobre Piper. Isso tem me consumido, eu queria que papai te
contasse. Lamento que isso tenha acontecido, mamãe. Sinto
muito.

— Pare de se desculpar. Seu pai está fora de controle há um


tempo. Ele tem um problema com a bebida e claramente luta para
permanecer fiel. Há anos que ouço rumores, mas sempre os
escovei para debaixo do tapete, mas o que testemunhei esta noite
não foi sua culpa, querida. Esta noite era sobre um homem sendo
pego e tendo um acesso de raiva. Nunca vou perdoá-lo por bater
em você.

— Eu quero que vocês fiquem bem.

— Garotinha, não estamos bem há muito tempo. Não é sua


culpa, está me ouvindo? Você apenas me ajudou a ver as coisas
com mais clareza. Todos nós vamos ficar bem.

Concordei.

Mas eu sabia que nada mais seria o mesmo.


Capítulo Vinte

Crew

Maura não dava notícias e eu estava ficando louco. Liguei para


Ivy, que estava igualmente preocupada. Todas as meninas estavam
tentando alcançá-la sem sucesso. Fui para o hangar e levei o
helicóptero para casa. Meu instinto me dizia que algo não estava
certo.

Sabia que não poderia ir à casa dela, então continuei ligando


para ela.

Finalmente ela atendeu. — Ei — falou, e parecia um pássaro


ferido.

— Ei? Estou ligando para você há horas. As meninas também


estão muito preocupadas. Você está bem? — Dirigi em direção a
minha casa.

— Não quero falar sobre isso agora. As coisas não estão bem.
— Suas palavras quebraram em um soluço e meu peito apertou.

— O que diabos aconteceu, baby?

Ela continuou ofegante e tentando recuperar o fôlego e eu


queria ir até ela. — Meu pai ficou muito bravo, estava bêbado. Ele
descobriu que eu estava trabalhando para você e namorando você.

Parei na beira da estrada. — O que ele fez?


— Ele me chamou de prostituta — ela soluçou. — Ficou muito
bravo. Minha mãe entrou e ouviu a conversa, então ela sabe sobre
Piper. Acho que isso o colocou no limite.

Minha mão desceu com força no volante. — Onde você está?

— Estamos na casa de Lyle. Wes também está aqui. Meu pai


não quis deixar a casa. Ficarei aqui alguns dias, Crew. Preciso
estar com minha mãe. Eu te amo, ok?

Por que parecia um adeus?

— Também te amo. Você vai me ligar de manhã?

— Vou.

A raiva tomou conta de mim. Este pedaço de merda a tinha


desrespeitado. Encerrei a ligação e meu telefone tocou em alguns
segundos. Eu vi o nome de Martin Powell aparecer na tela.

— E aí — falei, tentando me acalmar.

— Ei. Estou com seus irmãos no bar e recebi um telefonema


do Dr. Wilson. Era sobre Maura Benson. Blade acabou de me dizer
que você e Maura são uma coisa, então achei que você gostaria de
saber o que está acontecendo.

— Acabei de falar com ela. Por que o Dr. Wilson ligou para
você? — Martin era um policial muito querido em Willow Springs
e um de meus amigos mais antigos.

— Acho que Arthur deu um tapa nela e ela caiu e bateu com
força a lateral do rosto na lareira de pedra. Ela tinha um corte feio
e ele usou um pouco de cola para fechá-lo. Ele disse que Maura
não quis prestar queixa, mas queria que eu ficasse atento e
passasse pela casa deles para me certificar de que estavam bem.

Eu vi vermelho.

— Aquele filho da puta colocou as mãos sobre ela. — Larguei


o telefone, pus o pé no acelerador e dirigi o mais rápido que pude
para a casa dos Bensons. Joguei o carro lá e o deixei ligado antes
de correr até os degraus na frente da casa. Nunca pensei que
estaria batendo nesta porta, mas a ideia de dar uma surra no idiota
era muito forte.

A porta se abriu e um atordoado Arthur Benson apareceu do


outro lado. Ele parecia confuso, os olhos injetados de sangue e o
cabelo uma bagunça desgrenhada. Eu nunca o tinha visto em tal
estado. O homem claramente tinha perdido a cabeça.

— Se você colocar a porra das mãos sobre ela de novo, juro


por Deus que você vai se arrepender.

— Você acha que pode foder minha filha e vir me ameaçar? —


sua bunda bêbada gritou, e eu me virei para ver um carro
descendo a garagem com os faróis acesos. Não me importava com
quem via. Eu dei um soco no rosto dele e pulei em cima dele.

Gritos vieram de trás de mim e meus irmãos me puxaram para


longe dele.

— Quem diabos você pensa que é? Você não pode entrar em


propriedade privada e me atacar — Arthur gritou. — Estou
chamando a polícia.

— Já estou aqui — disse Martin, e me virei para vê-lo parado


ao lado de meus irmãos. — E eu teria muito cuidado ao fazer essa
ligação. Só estava passando porque fui informado de que sua filha
precisou de cuidados médicos depois que você a agrediu esta noite.

— Minha filha não vai apresentar queixa.

— Seu pedaço de merda. Que tipo de homem põe as mãos na


própria filha? — Eu me lancei contra ele novamente, e Blade e Dax
me puxaram de volta.

— Controle-se, irmão. Esse cara vai encontrar uma maneira


de foder com você — Blade sibilou.

— Dê o fora da minha propriedade agora. — Ele ficou de pé, e


Martin se moveu em seu espaço e o avisou para voltar para dentro
antes que ele puxasse sua bunda para a delegacia. Arthur
tropeçou para trás e bateu a porta.

Meus irmãos me seguiram para casa e tentei ligar para Maura


novamente, mas ela não atendeu. Ela estava em uma tempestade
de merda, e provavelmente só tornei as coisas piores para ela.
Inferno, só o fato de estarmos juntos fez com que seu pai perdesse
o controle.

Quando cheguei em casa, meus pais e meus irmãos se uniram


em torno de mim, como sempre fizeram. Todos eles me disseram
para dar um tempo a ela. Ela estava lidando com muita coisa, e
precisava confiar que ela voltaria.

E eu sabia no meu íntimo que ela iria.


Meu pai me acordou na manhã seguinte ao amanhecer. Eu me
levantei. — Aconteceu alguma coisa?

— Você precisa voltar para Dallas imediatamente. Arthur


Benson foi à imprensa e informou que você estava dormindo com
a filha dele enquanto ela era sua estagiária. Ele disse que você o
atacou ontem à noite porque ele ameaçou expô-la. Seu avô tem
uma equipe jurídica nisso, mas você precisa voltar para lá, filho.

— Jesus Cristo. Esse cara é inacreditável. Ele vazou uma


história sobre sua própria filha?

— Acho que ele faria qualquer coisa para nos destruir. — Meu
pai caminhou pelo quarto.

— Sinto muito, pai. Acho que estraguei tudo. — Passei a mão


pelo rosto.

— Você não fez nada de errado, Crew. Eu teria reagido da


mesma forma depois do que ele fez com Maura. Nós vamos
descobrir uma solução. Blade e Dax estão vindo. Eles irão com
você de volta para Dallas. Knox ainda está fazendo as provas finais,
então estamos deixando-o de fora, porque você sabe que ele vai
largar tudo se ouvir sobre isso agora.

Eu me levantei e caminhei pelo quarto. — Ok. Vou vestir


algumas roupas e estar pronto em cinco minutos.

Ele me deu um tapinha nas costas antes de sair do meu


quarto. Peguei meu telefone e li a mensagem de Maura que devia
ter chegado durante a noite.
Maura ~ Tudo está uma bagunça. Minha família está literalmente
desmoronando. Acabei de ouvir que meu pai foi à imprensa sobre nós.
Crew, eu sinto muito. Por favor, diga à sua família e ao seu avô que falarei
e contarei a verdade. Baguncei tudo. Sua equipe jurídica já entrou em
contato e recomendou que passássemos algum tempo separados e
cortássemos o contato. Não vou à minha formatura porque tenho certeza
de que você já ouviu falar que meu rosto está horrível. Só vou ficar em
Willow Springs e ajudar minha mãe nisso. Farei tudo o que você precisar
para garantir que isso não cause problemas a você ou à empresa. Lembre-
se de que eu te amo, não importa o que aconteça.

Porra. Os golpes continuavam vindo.

Eu consertaria isso.

Peguei o telefone e liguei para Diane Batone do Dallas Life.


Minha história sairia esta semana, e eu ia muito bem contar o meu
lado dela. Era a única chance que tinha de consertar isso.

Os últimos três dias foram um inferno. Arthur Benson causou


uma tempestade de merda na imprensa, pintando a imagem de um
homem no poder atacando uma jovem estudante. Meu avô
divulgou um comunicado de que nenhuma irregularidade
aconteceu. Ele sabia que eu tinha falado com Diane Batone e
compartilhado meu lado da história, e ele me apoiou
completamente na minha decisão de fazê-lo. Liguei para a
universidade e falei com o reitor da escola de negócios para me
certificar de que não houvesse ramificações para Maura, visto que
éramos o atual sabor do mês nas notícias de Dallas. Ele me
informou que eles não prestavam muita atenção à vida pessoal de
seus alunos.

A fofoca em torno do escritório era galopante, mas Layla fez o


possível para acabar com ela. Todos que trabalhavam na Carlisle
Ad Agency pareciam amar Maura, então a preocupação era mais
que ela não trabalhasse para nós com toda a atenção em nosso
relacionamento. Ninguém parecia se importar com os detalhes,
mas eu os queria esclarecidos, estava cansado de me esconder.

Houve uma batida na minha porta. — Está aberta.

— Ei, você aí — disse Layla. A mulher estava me tratando com


luvas de pelica, pois sabia que eu estava lutando com tudo o que
estava acontecendo. — O irmão de Maura, Wes, está aqui para ver
você.

— Wes Benson?

— Sim. Ele se desculpou por não ter marcado, mas disse que
era importante.

Tinha certeza de que a família de Maura não gostou de toda a


atenção que essa história recebeu. Tudo causado pelo próprio pai.

— Claro. Mande-o entrar. — Fiquei de pé enquanto Wes


entrava pela porta. Eu não tinha certeza se ele estava aqui para
me dar um soco na cara por estar com sua irmã, embora Maura
tivesse me dito que seus irmãos sabiam o que estava acontecendo
entre nós o tempo todo. Minha esperança era que ele tivesse uma
conversa civilizada.
— Crew, obrigado por me ver. Pensei em ligar, mas acho que
essa conversa seria melhor cara a cara.

Eu estendi minha mão para ele se sentar em uma das cadeiras


em frente à minha mesa. — Você não precisa ligar. Você é bem-
vindo a qualquer hora.

Eu me sentei na cadeira e ele acenou com a cabeça. — Tudo


bem. Então, meu irmão Lyle, minha mãe e eu estamos todos
realmente preocupados com Maura. Ela parece muito abalada com
tudo o que aconteceu e não estou apenas falando sobre as
besteiras com meu pai. Ela está muito chateada com o que
aconteceu com você. A imprensa e esta história correndo
desenfreada. Espero que isso signifique que você sente o mesmo
por ela, porque nunca a vi assim.

Soltei um longo suspiro. — Eu amo Maura, se é isso que você


está perguntando.

Ele acenou com a cabeça e eu não perdi a sugestão de um


sorriso. — Fico feliz em ouvir isso. Ela está passando por um
inferno agora. Muita coisa aconteceu nos últimos dias. Minha mãe
deu um ultimato a meu pai e ele se internou em um programa de
reabilitação para alcoolismo e colapso mental. Ele não se lembra
de ter dado um tapa em Maura e de ligar para a imprensa, ou pelo
menos essa é a história dele até agora. Não acho que o fato de ele
estar altamente embriagado ajudou a situação, embora não seja
uma desculpa. O homem está em uma espiral desde que soube
que tinha outra filha. Ele tem bebido mais do que nunca e seu
temperamento está claramente fora de controle. Claro que estamos
tentando manter nosso drama familiar fora da imprensa, mas não
vou culpá-lo se você decidir compartilhar esta informação. Estou
vindo até você porque minha irmã está uma bagunça. Ela está se
culpando por nosso pai falar com a imprensa sobre vocês dois e
sente que sua família provavelmente a odeia pelos problemas que
ele causou. Ela está preocupada com o casamento dos meus pais
e seu relacionamento com nosso pai é difícil, para dizer o mínimo.
E eu sei que sua equipe jurídica pediu a vocês dois para ficarem
longe um do outro por enquanto, e ela está tentando respeitar isso,
mas...

— Ela está se afogando. Eu entendo, porque também estou. —


Eu estava de pé e andando pela sala. — Cansei de toda essa merda.
Estou cansado dessa fenda, cansado de ficar com raiva e estou
cansado de me esconder. Eu lhe dou minha palavra, se alguém
descobrir que seu pai está em tratamento, não será porque ouviu
de mim.

Ele fechou os olhos e praguejou. — Meu pai é tão confuso.


Sinto muito pelos problemas que ele lhe causou agora e pelo que
fez no dia em que Belle faleceu. Maura nos informou, e minha mãe
também está muito chateada. Ela sabia que eles tinham um caso
no tribunal, mas não percebeu que seu pai havia tentado adiar e
que era por causa de algo tão ridículo. Não há palavras suficientes
para dizer o quanto lamentamos, mas estou aqui porque preciso
fazer o possível para reunir minha família e, agora, minha irmã
mais nova está sofrendo mais do que qualquer pessoa.

— Ela realmente não vai para a formatura amanhã? Ela


trabalhou duro. Ela é a melhor aluna se formando em seu
departamento, ela precisa ser elogiada por isso.

— Seu rosto está muito machucado e ela simplesmente não


está em um lugar onde sinta vontade de comemorar, mas eu queria
que você soubesse que o único motivo pelo qual ela está se
afastando é porque acha que é o melhor para você. Sua equipe
jurídica pediu que ela ficasse longe e ela presume que você também
deseja que ela o faça, pois eles trabalham para você. Entendo por
que isso é necessário, mas não queria que você desistisse dela.
Quando tudo isso passar, espero que vocês dois possam deixar
tudo para trás e seguir em frente.

Passei a mão pelo rosto. — Porra. Não sei o que fazer. Quero
consertar isso para ela.

— Eu posso ver isso. Eu precisava vir aqui e me certificar de


que esses sentimentos não eram unilaterais, mas você parece pior
do que ela e não precisou colar o rosto novamente. — Ele soltou
uma risada. — Acho que apenas saber que você está esperando
por ela é o suficiente.

Eu definitivamente estava esperando por ela.

Mas não era o suficiente.

Estava cansado de esperar.

Ele ficou de pé e fiz o mesmo. Ele estendeu a mão antes de se


inclinar e me puxar para um abraço. Dei um tapinha nas costas
dele. — Obrigado por cuidar dela.

— Sempre.

— Obrigado por ter vindo me ver. Significa muito. Acho que é


hora de Carlisles e Bensons enterrarem esse ódio fodido.

— Eu não poderia concordar mais, e acho que devemos


agradecer a você e a Maura por isso. — Ele foi até a porta. —
Obrigado, Crew. Lyle e eu viremos para a cidade em duas semanas
para conhecer Piper. Talvez nós três possamos tomar uma cerveja?

— Gostaria muito disso. E Piper é uma comédia. Você vai amá-


la.
— Isso é o que eu ouvi. Ansioso por um novo começo — ele
disse antes de puxar a porta aberta.

Saí atrás dele e acenei em adeus.

— Layla. Ligue para Judy e diga que preciso me encontrar com


ela o mais rápido possível. Agora, se ela puder.

— Ok. Vou ligar para ela agora.

Cinco minutos depois, Layla espreitou a cabeça pela porta. —


Judy pode encontrá-lo agora, mas você tem mais duas reuniões
esta tarde. O que você quer que eu faça?

— Cancele tudo pelos próximos dois dias. Limpe minha


agenda. — Eu estava caminhando para a porta enquanto falava, e
ela recuou.

Ela me estudou e sorriu. — Você entendeu. Orgulhosa de você.

— Por quê? — questionei enquanto discava para meu avô no


meu celular.

— Por finalmente perceber que há coisas mais importantes no


mundo do que trabalho.

Eu ri. — Não fique animada. São dois dias apenas.

Corri para o elevador e liguei para meu avô. — Vovô, eu preciso


falar com você. Mudança de planos.
— Então, o que você realmente tem a perder? A história vai
explodir. Não é o fim do mundo você se apaixonar por sua
estagiária. Esta foi uma relação consensual — disse Judy.

— Sim, mas a empresa não precisa de uma mídia negativa, e


isso foi definitivamente um hematoma para nossa reputação. O
jurídico quer que eu fique longe dela por algumas semanas. Pelo
menos até que passe.

— Bem, você contou o seu lado da história para o Dallas Life,


certo?

— Eu fiz. Mas isso só sai daqui a duas semanas. E não quero


esperar tanto. Cara, estive esperando minha vida toda para sentir
as coisas de novo, e agora não posso? Não parece certo, Maura
está sofrendo e estou aqui quando ela mais precisa de mim.

Ela acenou com a cabeça. — O que seu avô disse?

— Ele disse para seguir meu coração, o que é chocante, já que


ele sempre me disse para confiar no meu instinto. Acho que a vovó
deve ter conseguido falar com ele. — Eu ri porque ouvir essas
palavras saindo da boca do meu avô me surpreendeu.

— Ou talvez ele saiba o quanto você chorou depois de tudo que


você passou. Talvez ele esteja feliz que você finalmente encontrou
o que todos estão procurando — ela disse, rabiscando algo em seu
caderno.

— O que seria isso?

— O tipo de amor que todos desejam. Do tipo pelo qual você


está disposto a arriscar tudo. Quer dizer, você está sentado aqui
em um dia de trabalho falando sobre arriscar tudo pela garota que
você ama. Alguns meses atrás, não consegui fazer você se abrir
para a ideia de deixar alguém entrar. Acredito que você me disse
que relacionamentos são uma merda. Eu diria que Maura Benson
mostrou a você uma nova perspectiva. Gosto desse lado seu e acho
que seu avô também. — Ela levantou uma sobrancelha em desafio.

— Não seja arrogante. Não combina com você. — Sorri. Sabia


que ela estava certa e a deixaria se gabar um pouco. Ela me tirou
de muitos momentos sombrios nos últimos quinze anos e eu seria
eternamente grato.

Ela riu. — Eu voto por seguir seu coração também. Agora que
você o encontrou novamente, acho que você deve confiar nele.

Concordei. — Obrigado. Por tudo. Quero dizer. Você me


ajudou mais do que imagina.

— Crew Carlisle, você acabou de me dar um elogio? O homem


que odeia terapia? Foi como arrancar os dentes fazer você
aparecer, e aqui está você me agradecendo? — Seu sorriso se
espalhou claramente em seu rosto.

— Não se empolgue. — Levantei-me. — Preciso ir.

— O que você vai fazer?

— Não descobri ainda, mas eu vou. — Acenei para ela antes


de sair correndo porta afora.

Liguei para Kevin, ele era o chefe da nossa equipe jurídica.

— Ei, Crew. E aí? — ele falou.

— Estou indo para o seu escritório. Nós precisamos conversar.


Capítulo Vinte e Um

Maura

Ivy, Coco, Addy e Gigi tinham entrado em seus carros ontem e


dirigido para ficar comigo. Mesmo que elas estivessem se formando
amanhã, elas retornariam para suas casas à noite. Todas elas
partiriam em algumas horas, mas aqui estavam, esparramadas na
minha cama com uma caixa de nossos biscoitos favoritos da
padaria da cidade.

Meu pai tinha entrado na reabilitação, pois seu hábito de


beber aparentemente foi a causa de sua ruína. Ele sofreu um
colapso mental e finalmente admitiu que tinha um problema.
Talvez ele tivesse feito isso porque mamãe forçou a sua mão, mas
de qualquer forma, ele precisava de ajuda. Aparentemente, papai
começou a abusar do álcool há alguns meses. Eu não tinha
percebido porque estava na faculdade e ele estava me ignorando.
Mamãe e eu descobrimos a linha do tempo, e a revelação de que
ele tinha outra filha provavelmente foi a razão pela qual ele decidiu
se entorpecer mais do que o normal.

Não era uma desculpa, mas era sua realidade. Ele e eu ainda
não tínhamos conversado. Mamãe foi até nossa casa e
basicamente disse que ele perderia a família se não procurasse
ajuda. Ele surpreendeu a todos ao concordar. Meus irmãos
achavam que ele nunca admitiria que precisava de ajuda, então
talvez este fosse o primeiro passo. Minha mãe ainda estava
processando o fato de que meu pai tinha outra filha. Falei com ela
sobre Piper, pois ela queria saber mais sobre sua família, e nós
duas choramos por horas. Os segredos e as mentiras doíam
terrivelmente, mas ela certamente não culpava Piper pelas ações
do meu pai.

A devastação por ele ter me batido ainda era dolorosa para


processar em minha cabeça. Meu pai nunca colocou a mão em
mim. Mamãe queria que eu falasse com alguém sobre isso, uma
espécie de terapeuta, mas eu não estava pronta. Tudo doía.
Fisicamente e emocionalmente. Meu rosto ainda latejava mesmo
dias após a noite do inferno.

Acima de tudo, meu coração não estava bem. Nunca sofri


assim antes. Meu pai quebrou um pedaço dele, mas eu sofria por
Crew. Tudo ficava melhor quando eu estava com ele e agora eu
precisava ficar longe. Seus advogados basicamente me disseram
que eu afundaria a empresa se aparecesse. Eles pediram que nós
dois parássemos de ligar, conversar ou nos ver agora. Ficar em
Willow Springs e manter distância foi o melhor que pude fazer por
Crew no momento, mas doeu como o inferno. Eu precisava dele
mais do que jamais precisei de ninguém.

— Se eu comer mais um biscoito, não caberei no meu vestido


de formatura — disse Addy enquanto colocava mais um mini
biscoito de chocolate na boca.

— Oh, Deus. Sabemos como sua mãe lida bem com as


flutuações de peso. — Coco soltou uma gargalhada.

Gigi deu uma risadinha. — Nós temos as becas que podemos


usar sobre nossos vestidos. Eu voto por comer mais biscoitos.

— Tem certeza de que não quer voltar comigo? Podemos


caminhar juntas amanhã? Posso cobrir os hematomas com
maquiagem — disse Ivy.
Amanhã seria minha formatura da faculdade. Era para ser
uma grande festa, mas eu nem estaria presente agora. Os
hematomas em meu rosto eram um lembrete de que tudo em
minha vida estava igualmente esfarrapado e machucado. Eu não
sabia o que o futuro reservava neste momento. Nunca me senti
mais perdida, mais sozinha, mesmo com as minhas melhores
amigas aqui, os meus irmãos e minha mãe, eu estava quebrada.

— Eu não posso ir. Meu pai está em tratamento. Minha mãe


não sabe o que vai acontecer com o casamento deles. Ela diz que
poderia ter perdoado tudo, até que ele me deu um tapa, mas ela
não sabe como deixar de ver toda aquela cena. Talvez o tempo cure.
Certamente espero que sim. Não quero ser responsável por separar
minha família. — Limpei as lágrimas escorrendo pela minha
bochecha. Eu não podia imaginar que houvesse mais lágrimas
para cair. Chorei sem parar nos últimos dias.

— Você não separou sua família, Maura. Seu pai fez isso
sozinho. É realmente irônico... sua mãe está disposta a perdoar a
sua filha fora do casamento, mas ele não confiou nela o suficiente
para lhe dizer e destruiu seu casamento de qualquer maneira. —
Coco colocou um biscoito na boca e caiu de costas na cama.

— Acho que ela descobriu sobre o caso naquela época. Eu


tinha apenas dois anos, então não me lembro de nada. Wes e Lyle
se lembraram de papai se mudando por um tempo. Mamãe lhe deu
um ultimato e ele a escolheu. Ele nos escolheu. Obviamente, ela
não sabia que Sarah tinha engravidado. Eles fizeram terapia e
encontraram o caminho de volta um para o outro. Ela disse que se
ele simplesmente viesse até ela e dissesse que não sabia sobre
Piper, eles poderiam ter trabalhado nisso, mas me forçando a
manter o segredo, ignorando sua outra filha, e obviamente a cereja
do bolo foi o tapa.
— Ele é um filho da puta. Nunca gostei do seu pai. — Coco
recostou-se e abanou a cabeça.

— Ele não está morto, sua tola, está em tratamento e tenho


quase certeza de que o Sr. Benson não é um grande fã seu — falou
Ivy, e até eu não pude deixar de rir, porque era verdade.

— Isso mesmo. Tudo porque ajudei Maura a pular pela janela


e mergulhar nua no penúltimo ano. O homem age como se
estivéssemos fazendo truques. — Coco revirou os olhos e todas
caímos na risada.

Eu precisava das minhas meninas, mas precisava mais de


Crew.

— O que você vai fazer sobre Crew? — perguntou Gigi.

— Não sei. Sinto muita falta dele. A imprensa pintou um


quadro tão tórrido graças ao meu pai. Talvez Crew descubra que
simplesmente não valho a pena por todo esse drama. Eu não sei.
Cortamos toda a comunicação nos últimos dois dias. — Dei de
ombros.

— Acredite em mim quando digo que você vale tudo, Maura


Benson. Você é boa até o âmago e ele te ama. — Addy passou os
braços em volta de mim e me puxou para perto.

— Tenho certeza de que a família dele me odeia. Veja todos os


problemas que meu pai causou. Ainda não consigo acreditar como
ele foi rancoroso. — Peguei um lenço de papel e enxuguei meu
rosto novamente.

— Isso não tem nada a ver com você. Isso é tudo culpa do seu
pai. Acho que ele entrou em pânico por ter sido pego. Claramente
se entorpecendo. Eu sei muito sobre isso pelas lutas do pai de Gray
— disse Gigi.

Concordei. Não havia nenhuma dúvida sobre isso. Meu pai


nunca foi o homem mais sensível, mas nunca tive medo dele, e eu
fiquei com medo dele naquela noite. Ele estava irreconhecível.

Um monstro.

E para fazer aquela ligação para a imprensa apenas para


machucar Crew. Ele não poderia ter me machucado mais, o tapa,
a queda, o rosto machucado. Nada doeu tanto quanto o que ele fez
com Crew.

Talvez essa fosse minha punição por dizer-lhe sobre Piper.

Agora estávamos sozinhos e infelizes.

Piper estava me checando diariamente e se sentia horrível pela


maneira como tudo explodiu na minha cara. Literal e
figurativamente.

— Concordo, e seus pais não eram perfeitos antes disso. Há


muito tempo que havia rumores sobre seu pai, tenho certeza de
que sua mãe os ouvia. Então, nada disso é sua culpa — disse Ivy.

Eu concordei. — Eu me pergunto o que teria acontecido se eu


não concordasse em me encontrar com Piper alguns meses atrás,
e então me sinto culpada por pensar nisso porque me aproximei
muito dela. Mas às vezes me pergunto, se eu simplesmente tivesse
ignorado a mensagem, minha família estaria bem hoje?

Mais lágrimas.
— Oh, por favor. O homem tem uma filha. Ele teve casos, teve
um colapso mental por causa disso. Isso não estava indo embora.
Tudo isso iria acontecer, quer você se encontrasse com Piper ou
não. Seu pai tem esqueletos demais para varrer para baixo do
tapete. Ele é um idiota pretensioso — Coco bufou.

— Podemos parar com os nomes? Ela já está chateada. — Ivy


riu e todas fizemos o possível para não rir. Coco estava certa. Meu
pai era um idiota pretensioso.

Mas ele ainda era meu pai.

— E quanto a Crew? Você contou tudo para sua mãe, certo?


Deve ser bom poder dizer a ela que você está apaixonada. Eu sei
que tem sido difícil manter isso em segredo — perguntou Gigi.

— Ela e eu ficamos acordadas a noite toda quando tudo


aconteceu. Contei tudo a ela. Ela chorou por eu ter precisado
manter tudo em segredo, ficou desapontada por eu não ter vindo
até ela, não ter confiado nela o suficiente. Ela disse que a vida tem
um jeito de dar certo e que está realmente feliz por mim.

— Oh. Sortuda. Como é isso? Minha mãe ainda faz pequenas


escavações em Jett. — Addy balançou a cabeça. — E ele leva tudo
na esportiva.

Eles eram um casal incrível. Fiquei feliz por Addy e Gigi.


Ambas encontraram suas almas gêmeas, e eu sempre invejei isso.
Até encontrar a minha. E o universo estava pregando uma piada
cruel comigo, dando-nos muitos obstáculos para pular só para
ficarmos juntos.

Em algum momento, Crew podia se cansar de pular.

Eu nunca faria isso.


Ele era tudo para mim e eu sabia disso. Razão pela qual tudo
doía tanto agora. Porque eu não sabia o que aconteceria.

— Diga a ele para não levar para o lado pessoal. Sua mãe
também me critica. Se ela fizer mais um comentário sobre minhas
botas de combate, posso chutá-la onde o sol não brilha. Levar uma
chuteira de combate na bunda pode ser exatamente o que
Savannah Edington precisa. — Coco franziu as sobrancelhas.

Agora foi a minha vez de cair na gargalhada com as meninas.

Isso era exatamente o que eu precisava.

— Eu amo muito vocês — falei.

— Vai dar tudo certo, Maura. Eu prometo. O que a equipe


jurídica de Crew disse? Quanto tempo você precisa para manter
distância? — perguntou Gigi.

— Algumas semanas, e Crew deu essa entrevista ao Dallas


Life. Ele teve que fingir que não estávamos juntos no momento da
entrevista porque eu ainda estava estagiando na empresa. Ele me
disse como se sentiu mal por dizer que estava solteiro quando não
estava. Então, suponho que quando isso for divulgado, tudo
parecerá que meu pai estava apenas espalhando um boato. O que
realmente me incomoda é que Crew podia estar jogando meu pai
sob o ônibus na imprensa. Ele poderia ir a público sobre Piper,
sobre meu pai me batendo, mas ele não retaliou de forma alguma.

— Porque ele te ama muito — disse Ivy, apertando minha mão.

Esperava que ela estivesse certa.


— Ok. Vocês precisam pegar a estrada. A formatura é amanhã.
Levem suas bundas de volta para a faculdade. Chamem pelo
FaceTime se vocês puderem. Eu amo vocês. — Eu me levantei.

Era hora de elas voltarem. Havia borlas para virar e chapéus


para jogar no ar.

— Eu não posso acreditar que tenho que fazer a festa sozinha


— Ivy gemeu. — Seu pai fez isso tão exagerado e agora você nem
vai estar lá.

— Ei. Você não pode reclamar, Ive. Tenho que comemorar com
Cricket Radcliff. Ela me comprou um vestido que se parece com o
mesmo vestido que Mary usava na canção de ninar! — Coco
caminhou pelo quarto.

— Mary? — Addy perguntou.

— Ummm... Mary tinha um cordeirinho esquisito. Você se


lembra das mangas daquela coisa? Eu disse a ela que comprei o
meu próprio vestido. É um vestido branco deslizante. Pode ser
confundido com uma camisola sexy, então tenho certeza de que o
deixarei de lado.

— E você vai usar as botas? — perguntei, levantando-me para


que pudesse abraçá-las.

— Mas é claro. Botas de combate são minha armadura, e com


a futura Whitney Gitney estando lá em seus Manolos de salto
vermelho, eu preciso manter o equilíbrio na força, certo?

Todas nós caímos na gargalhada quando nos despedimos. —


Eu amo muito vocês. Obrigado por estarem aqui.
Uma por uma, elas me abraçaram com força mais uma vez
antes de saírem.

Sentei-me na cama e a exaustão assumiu o controle. Adormeci


pensando nos olhos verde-esmeralda que sempre me faziam sentir
que tudo ficaria bem.

E eu esperava que ficasse.

— Hey, querida. Você dormiu por horas. Tem alguém aqui para
ver você — minha mãe disse, afastando o cabelo do meu rosto.

— Que horas são? — perguntei. Não que isso importasse, não


tinha onde estar, nenhum plano para nada além de hoje. As
empresas nas quais fiz entrevistas haviam me dado duas semanas
para tomar uma decisão, tinha muito o que pensar. Eu duvidava
que a oferta para trabalhar na Carlisle ainda estivesse em cima da
mesa depois de toda essa bagunça, mas agora eu tinha que decidir
se ficaria em Willow Springs ou voltaria para Dallas, e tudo isso
dependia de onde eu estivesse com Crew.

— São quase nove horas. Você dormiu durante o jantar. Você


está pronta para receber um visitante? — ela perguntou. O quarto
estava escuro, exceto pela luz da lua que entrava pela janela.

— Depende de quem é. — Empurrei para me sentar, ainda me


sentindo desorientada.

— Eu acho que você vai ficar feliz. — Ela ficou de pé e acendeu


a luz do banheiro para iluminar um pouco o quarto. Meus olhos
demoraram um minuto para se ajustar quando ela saiu.

— Ei — Crew disse quando ele entrou pela porta.


Eu estava de pé e me lançando sobre ele antes que qualquer
palavra saísse da minha boca. Ele passou os braços em volta de
mim e eu desabei. Solucei, chorei e nenhuma palavra foi dita nos
primeiros minutos. Ele apenas me segurou como sempre fazia.

— Tudo vai ficar bem — ele sussurrou.

Quando eu finalmente me recompus, eu o levei até a cama


para se sentar e ele me puxou para seu colo.

— Como você está aqui? Isso é inteligente? Não devemos


manter distância? — Limpei minhas bochechas.

— Eu simplesmente não dou a mínima. — Ele riu enquanto


seus dedos acariciavam meu cabelo. — Eu abandonaria tudo isso
por você. Portanto, se alguém tiver problemas com o fato de
estarmos juntos, eles podem dar o seu melhor.

— Não acredito que você veio à minha casa. Nunca pensei que
veria esse dia. — Dei de ombros.

— Wes foi me ver. Não temos problemas. Amarei a sua família


porque você os ama. Seu pai, por outro lado... teremos algum
trabalho. Não por causa do passado, estou pronto para enterrar
toda essa merda, Maura, mas eu juro por Deus, se ele colocar a
mão em você de novo, será a última vez. — Ele colocou os dedos
sob meu queixo e virou meu rosto para que pudesse avaliar os dois
hematomas. Ele praguejou baixinho e me puxou de volta contra
seu peito.

— O que sua família tem a dizer sobre tudo isso? Tenho certeza
de que seu avô não está feliz comigo.

— Baby, ninguém te culpa por isso. Seu pai claramente tem


alguns problemas, mas minha preocupação é você. Esta deveria
ser a época mais feliz da sua vida. Não quero que você deixe
ninguém tirar isso de você. Principalmente o drama da imprensa.
Você trabalhou duro para chegar aqui, não perca isso de vista.

— Eu não posso ir para a formatura. Meu pai não está aqui.


Tudo está uma bagunça e olhe para mim — falei, usando minhas
mãos para chamar a atenção para a descoloração.

— Por favor. Você é a porra da Maura Benson. Isso não é nada


e eu tenho uma solução para isso. — Ele me colocou na cama e
ficou de pé, puxando algo do bolso de trás. Ele acendeu a luz do
quarto e ergueu a camiseta nas mãos com palavras escritas na
frente dela.

Você deveria ver o outro cara!

— Você não me deu essa camisa. — Comecei a rir, balançando


a cabeça em descrença.

Ele se moveu para se sentar ao meu lado. — Baby, a vida vai


te derrubar às vezes, mas você só precisa continuar subindo. Eu
sempre estarei aqui para te levantar e serei amaldiçoado se você
perder sua formatura da faculdade por causa de alguma dessas
merdas.

Peguei a camiseta. — O outro cara parece bem.

— O outro cara está em uma instalação porque não consegue


se controlar. Ele também tem o dobro do seu tamanho. Você é a
guerreira aqui. Estarei lá com você.

— E se você for visto comigo? Você realmente vai atiçar o fogo?

— A- Não use palavras como atiçar quando não está na minha


cama há vários dias. Rima com trepar. — Ele levantou uma
sobrancelha e a minha cabeça caiu para trás de tanto rir. — B-
Como eu disse, não dou a mínima. Minha família, meu avô,
inferno, até mesmo o nosso chefe do jurídico está a bordo. Em vez
de nos escondermos, podemos mostrar a todos como estamos
apaixonados e se alguém tiver um problema com isso, eles podem
se foder.

— Encantada, Crew Carlisle.

— Ei, o que posso dizer? A única pessoa que quero encantar é


você.

Eu me ajoelhei e passei meus braços em volta dele. — Senti


tanto a sua falta.

— Também senti a sua falta. Você é tudo para mim, Maura


Benson. Eu amo você.

— Eu também te amo — disse sobre meus soluços, quando ele


me puxou de volta para seu colo e passou os braços em volta de
mim.

— Então, de agora em diante, somos você e eu — sussurrou


em meu ouvido.

— Você e eu.

Sempre.
Capítulo Vinte e Dois

Crew

Maura e eu retornamos a Dallas ontem à noite depois que eu


a convenci a voltar para casa comigo. Ela ainda estava hesitante
em participar de sua cerimônia de formatura hoje, e ela não sabia
tudo o que eu havia planejado para ela ainda. Sua mãe e eu
tínhamos resolvido todos os detalhes, e eu estava trocando
mensagens de texto com Wes, Lyle e Ivy sobre a festa.

Estávamos avançando conforme planejado.

Seu pai havia tirado o suficiente dela. Ele não estava


estragando isso também.

Nós pegamos o helicóptero de volta na noite passada, e ela


adormeceu no carro no caminho de volta para casa. Eu a carreguei
e coloquei na cama. Diane Batone ligou para me informar que eles
achavam melhor se o artigo fosse divulgado agora, considerando a
tempestade de fogo que tinha acontecido nos últimos dias. Eles
mudaram as coisas e o artigo iria para a impressão na segunda-
feira. Eu estava bem com isso. Quanto antes, melhor para mim.
Definitivamente, isso acabaria com todas as fofocas e boatos, e se
as pessoas não gostassem e prejudicasse a empresa, que assim
fosse. Eu trabalharia pra caramba para reconstruir e superar isso,
mas eu não estava perdendo Maura. Levei tempo para perceber
que já fazia isso havia muito tempo. A morte de Belle me afetou de
maneiras que eu não tinha entendido antes, e agora eu tinha
encontrado o que estava faltando na minha vida e não estava
desistindo por nada.

Nem por uma empresa que eu amava.

Porque eu amava mais a Maura.

Sentei-me na beira da cama, não querendo acordá-la, mas se


ela quisesse chegar a tempo, ela precisava levantar e se mexer.

Sua cabeça estava deitada no travesseiro de cetim preto, o


cabelo castanho espalhado por toda parte. Afastei o cabelo de seu
rosto, acariciando suavemente o hematoma que ainda coloria sua
bochecha. Eu tinha que afastar a raiva toda vez que pensava no
que aconteceu, mas eu havia perdido muitos anos ficando com
raiva. Eu queria me concentrar na minha garota hoje.

Ela começou a se mexer e seus olhos se abriram. Ela piscou


algumas vezes e os esfregou. — Ei. Que horas são? Eu nem me
lembro de ter adormecido ontem à noite.

— Você precisava dormir. São nove horas da manhã.


Precisamos ir se quisermos chegar à cerimônia.

Ela cobriu o rosto com as mãos. — Você ainda está nisso?


Achei que poderíamos simplesmente esquecer. Eu não tenho um
vestido aqui. Meus pais não estão aqui.

— Sua mãe e seus irmãos estão vindo agora. Enviei o


helicóptero para eles, e Brad foi buscar Ivy e já estão voltando. Ela
vai trazer o seu vestido e te ajudar com a maquiagem. Ela disse
que Coco tem algumas dicas mágicas para cobrir manchas que
funcionam em hematomas. — Eu ri.

— Não acredito que você fez tudo isso por mim.


— Claro que fiz. Eu faria qualquer coisa por você.

Ela se sentou e então ficou de pé quando o porteiro ligou para


avisar que Ivy havia chegado. Beijei o topo de sua cabeça e
caminhei até a porta.

— É a formatura, menina. — Ivy segurava uma garrafa de


champanhe em uma das mãos e um vestido na outra. Ela tinha
uma mochila pendurada no ombro, que presumi estar cheia de
suprimentos.

— Ei, obrigada por fazer isto — disse Maura, abraçando-a com


força.

— Foi tudo Crew, mas estou tão feliz que vamos caminhar
juntas. Vamos lá. Não temos muito tempo chefe, sirva um copo
para cada uma e leve para o banheiro.

Uma Willow tão mandona.

— É isso aí, sargento — falei. A garota estava sempre


planejando e dizendo a todos o que fazer. O nome parecia muito
adequado.

Elas desapareceram no corredor. Servi as taças de champanhe


e li uma mensagem de meu irmão, informando que todos tinham
acabado de chegar a Dallas e nos encontraríamos na cerimônia.
Eu queria que todos ali celebrassem Maura.

Fiquei na porta e observei Ivy fazer a maquiagem de sua


melhor amiga e enrolar seu cabelo. A amizade que as cinco
compartilhavam era algo raro. Elas sempre se reuniam e sempre
apareciam umas para as outras. Fiquei feliz por Maura ter isso.
Bebemos nosso champanhe e pude ver o ânimo da minha
garota melhorando. Brad ligou para dizer que estava lá embaixo, e
eu as apressei para sair.

Quando chegamos ao campus, Ivy falou que precisava se


encontrar com sua família e pediu a Maura para encontrá-la na
fila para que pudessem caminhar juntas.

— Tem certeza de que não consegue ver os hematomas? —


Maura me perguntou mais uma vez antes de irmos encontrar a
sua família.

— Você é a garota mais bonita do mundo. Isso é o que eu vejo.


— Apertei a mão dela e caminhamos em direção ao canto leste do
campus.

Lá estava o grupo mais inesperado de pessoas segurando


flores, balões e faixas. A mãe de Maura, Wes e Lyle estavam
parados na frente. Eles correram em sua direção e a abraçaram. O
queixo de Maura estava no chão enquanto ela abraçava meus pais
e meus irmãos.

— Eu não posso acreditar que todos vocês vieram aqui para


isso! — ela falou, e suas bochechas ficaram vermelhas.

Atrás deles estavam Layla, Sam, Gwen, Jen e, por último, mas
não menos importante... Beevis. Porque eu sabia que minha garota
iria querer que ele estivesse aqui. Eu falei com Piper, ela não queria
perder o dia de Maura em sua formatura, mas não era o lugar para
ela conhecer Wes e Lyle, e nem queria deixar a mãe de Maura
desconfortável. Hoje era sobre Maura e eu concordei em enviar
muitas fotos para ela.

— O que no mundo? Eu não posso acreditar que vocês estão


todos aqui. — Ela balançou a cabeça em descrença.
Seus olhos estavam lacrimejantes e eu sabia que isso ajudaria.
Claro que doía que seu pai não estivesse aqui, mas era importante
que Maura soubesse quantas pessoas ela tinha em sua vida que
estariam perto para celebrá-la.

— Vocês vão tomar seus lugares. Segurem as flores e balões


até depois. Vou acompanhá-la e encontrarei vocês lá em breve —
falei.

— Chute alguns traseiros, Mad Dog! — Knox gritou e Maura


caiu contra mim, rindo.

— Eu não posso acreditar que você fez isso, e a sua mãe e


minha mãe estão conversando. Nunca pensei que veria esse dia —
ela disse, sorrindo para mim.

— É tudo por sua causa. Todo mundo que conhece você a ama,
Benson. — Parei onde todos os alunos estavam reunidos e olhei
para ela.

— Encantador como o inferno, Carlisle.

— Eu tento.

— Você teve sucesso.

— Vá encontrar Ivy e consiga aquele diploma. — Ela ficou na


ponta dos pés e me beijou antes de sair correndo.

Encontrei nosso grupo, e a mãe de Maura conseguiu se sentar


ao lado da grande família de Ivy. A energia estava alta com os dois
grupos, todos estavam se dando bem. Eu não sabia como
havíamos chegado aqui, mas estava grato por isso.
Quando Ivy e Maura cruzaram o palco, nosso grupo
enlouqueceu. Meus irmãos estavam conversando com Wes e Lyle,
e minha mãe e Amélia Benson estavam se tornando amigas
rapidamente. Seguimos para a festa depois, e a celebração
continuou. Sentei-me a uma mesa com Blade, Dax, Knox, Lyle e
Wes, e rimos pra caramba da tia de Ivy, que ficava arrastando Knox
para a pista de dança.

— Olhe aqui. Temos os Carlisles e os Bensons sentados em


uma mesa — Maura disse enquanto se sentava no meu colo. Ela
havia tomado algumas taças de champanhe e feito a sua ronda
para falar com todos.

Seu pai havia alugado um salão de banquetes que parecia


mais um local de casamento do que uma festa de formatura, mas
eu não o culparia por querer celebrar a sua filha. Ela merecia todos
os sinos e assobios, e eu passaria o resto da minha vida mostrando
isso a ela.

— Quero dizer, se não houvesse nenhum Carlisle aqui, acho


que eu ou Wes estaríamos presos dançando sujo com a tia idosa
de Ivy agora. Então estou bem com isso — Lyle falou, e a mesa
explodiu em gargalhadas.

Eu olhei para cima para ver Knox levando um tapa na bunda,


e ele murmurando as palavras ajude-me, e mal pudemos nos
conter.

— Feliz por podermos ajudar — Blade disse com um sorriso


malicioso.

— Bem, não é assim que eu vi a minha formatura — Maura


falou ao se inclinar para sussurrar em meu ouvido para que
apenas eu pudesse ouvir.
Passei os meus dedos ao longo de sua mandíbula. — Está tudo
bem?

— Melhor do que bem.

— Feliz formatura, baby.

Ela me beijou com força até que os seus irmãos e os meus


gritaram para nós conseguirmos um quarto. A cabeça de Maura
caiu para trás de tanto rir e, embora os hematomas ainda
prevalecessem em seu rosto, percebi que a cura havia começado.

Quando chegamos em casa naquela noite, nós dois caímos


exaustos no sofá. Meu telefone apitou com uma mensagem e puxei
Maura no meu colo enquanto lia a mensagem.

— Ei, aquele artigo no Dallas Life vai sair na segunda-feira.


Eles editaram. Fiz algumas alterações e Diane me enviou a nova
versão. Você quer ler o final revisado?

Ela se ajeitou para frente. — Claro que quero.

Entreguei a ela meu telefone. Ela já tinha lido a versão original.


Rolei para baixo até onde o artigo foi alterado. Ela leu em silêncio.

Conheça o CEO mais jovem de Dallas, Crew Carlisle.

Esta parte do artigo foi revisada desde meu encontro inicial com
Crew Carlisle, pois ele queria limpar o ar e esclarecer as coisas
desde o frenesi da mídia em torno de seu relacionamento com sua
estagiária, Maura Benson.
DB ~ Então, Sr. Carlisle, mentes questionadoras querem
saber... você é solteiro ou casado?

CC ~ Estou muito comprometido.

DB ~ Descobriu-se que você está namorando secretamente sua


estagiária, Maura Benson.

CC ~ Sim. Estamos juntos há vários meses. Estamos muito


apaixonados e felizes.

BD ~ Então por que manter isso em segredo?

CC ~ Porque há pessoas que vão tentar transformar isso em


algo negativo. Que é exatamente como se tornou, quando vazou para
a imprensa. A família de Maura e a minha família têm divergências
há muitos anos. Por motivos que ninguém mais sabe. Então, nós
enfrentamos alguns obstáculos aí, e você pode acrescentar o fato de
que ela trabalha na empresa que estou administrando, e você tem
um pesadelo de RP. Decidimos manter a privacidade até o término
do estágio.

BD ~ Portanto, esta é uma relação consensual. Não é um


trampolim para a sua carreira.

CC ~ É difícil eu ouvir essa pergunta sem ficar com raiva. Não


estou afirmando que relacionamentos inadequados não acontecem
no local de trabalho, tenho certeza que sim, mas esta não é nossa
situação. Maura e eu crescemos na mesma cidade e, embora não
fôssemos amigos devido à lealdade familiar, já nos conhecíamos.
Ela está estagiando na empresa porque a faculdade a escolheu para
o estágio devido ao fato de ela ter as notas mais altas da sua turma
de graduação. Ela é uma estagiária não remunerada. Ela recebeu
uma oferta de emprego na empresa após a formatura, não porque
ela está namorando comigo, mas porque ela é incrivelmente
talentosa. Inferno, seria mais fácil se ela trabalhasse para os
concorrentes para que pudéssemos namorar abertamente sem
julgamento, mas a verdade é que a Carlisle Ad Agency não a quer
com nossos concorrentes. Ela é tão talentosa. Portanto, é ofensivo
que alguém pense que ela recebeu a oferta do cargo por algo menos
do que sua capacidade de fazer bem o seu trabalho.

DB ~ Então, como o relacionamento começou?

CC ~ Passamos muito tempo juntos no escritório e, pela primeira


vez, parei de julgá-la pelo sobrenome. Não fiquei feliz quando
percebi que ela era a aluna selecionada para o estágio. Isso era
apenas eu sendo ignorante, mas eu me apaixonei por ela muito
antes de admitir para ela.

DB ~ Você estava se segurando porque ela estava trabalhando


para você?

CC ~ Sim, e o fato de que nossas famílias não se dão bem, mas


vale a pena lutar por algumas coisas.

DB ~ Eu concordo, e quando você sabe, você sabe. O quão duro


você está disposto a lutar?

CC ~ Tanto quanto preciso for. Minha garota vale a pena lutar.


Se isso significar renunciar ao meu cargo, eu o farei. Espero não
precisar, porque trabalhei muito para estar aqui, mas me afastaria
de tudo por ela.

DB ~ Acho que todas as mulheres da cidade vão desmaiar.

CC ~ Há apenas uma que eu preciso que desmaie.

DB ~ Última pergunta. Eu sei que todo mundo vai querer saber


esta.
CC ~ Diga.

DB ~ O que você ama nela? Qual é o ingrediente secreto, por


assim dizer...

CC ~ Seu coração. Ela é boa até o âmago. Ela é espirituosa e


espertinha também. Ela me desafia, ela me faz querer ser um
homem melhor e obviamente ela é a mulher mais linda que já vi. Eu
amo tudo sobre ela.

DB ~ Grande desmaio, senhoras. Mas Crew Carlisle está


oficialmente fora do mercado. E ele não deveria ser feliz também?
Cada caso não deveria ser tratado individualmente? Esse homem
claramente ama essa mulher e em vez de julgá-los sobre como isso
aconteceu, talvez todos devêssemos esperar por um amor pelo qual
valha a pena arriscar tudo, certo?

Ela olhou para mim com seu grande e confiante olhar


castanho-mel. Estava molhado de emoção.

— O que você acha? — perguntei.

Ela sorriu. — Encantador.

Enterrei meu rosto em seu pescoço e ela deixou cair o telefone


no sofá.

— Eu te amo, baby.

— Eu te amo mais.
Capítulo Vinte e Três

Maura

Soltei um longo suspiro antes de entrar no café onde meu pai


tinha me pedido para encontrá-lo. Fazia um mês desde a última
vez que o vi. Foi a pior noite da minha vida até o momento e,
esperançosamente, eu nunca experimentaria nada parecido de
novo.

Nós conversamos ao telefone algumas vezes, e ele expressou


seu remorso. Eu senti isso em cada osso do meu corpo, mas vê-lo
cara a cara me diria muito. Minha mãe se ofereceu para mediar,
mas eu recusei. Crew tinha vindo comigo no carro com Brad, e ele
provavelmente estava conduzindo suas reuniões no banco de trás
nas proximidades. Esse era o meu namorado.

O homem era protetor, apoiador e feroz quando se tratava de


mim.

E eu amava tudo sobre ele, mas ele também entendeu que eu


precisava fazer isso sozinha.

Meu pai aparentemente estendeu a mão para Crew também.


Ele ligou para ele no escritório e perguntou se eles poderiam se
encontrar para um café. Para minha surpresa, Crew concordou, e
eles se encontrariam na próxima semana. Ele estava vendo Judy
regularmente e havia percorrido um longo caminho. Ele sabia que
Belle não iria querer que ele se apegasse a raivas do passado. Crew
acreditava que a única maneira de curar e seguir em frente era
trabalhando nisso, e ele sabia que consertar meu relacionamento
com meu pai era importante para mim, então ele faria um esforço.

Eu olhei para cima para ver meu pai sentado em uma mesa
nos fundos, ele acenou. Ele parecia mais leve, menos intenso. Um
olhar de loucura em seus olhos na última vez que o vi passou pela
minha mente. Fui em direção à mesa e ele se levantou.

— Ei, pai — falei, parada ali sem jeito, sem saber o que fazer.

— Ei, querida. Obrigado por me encontrar aqui. — Ele se


inclinou e me abraçou. Não foi desconfortável. Eu afundei nele,
desapontada comigo mesma por quanto eu queria que as coisas
voltassem ao normal. O que isso significava? Precisávamos
encontrar nosso novo normal. O que incluía a memória dele me
batendo. A consciência de que ele tinha uma filha que ele ainda
não tinha visto, tanto quanto eu sabia.

Lágrimas escorreram pelo meu rosto e eu passei meus braços


em volta do seu pescoço. Ficamos parados no meio do café nos
abraçando e ele não se afastou. Eu finalmente me afastei para
olhar para ele e fiquei chocada ao ver a emoção por trás de seus
olhos castanhos.

Ele estendeu a mão para que eu me sentasse. — Eu pedi seu


chá doce favorito.

— Obrigada — disse enquanto me sentava na cadeira, e ele fez


o mesmo.

Ele olhou para mim por um momento antes de falar. — Eu


estraguei tudo.

Meu pai nunca gostou muito de desculpas ou de admitir que


estava errado. Na verdade, nós o provocávamos sobre isso ao longo
dos anos, porque mesmo as pequenas coisas eram difíceis para ele
admitir. Se ele deixasse suas meias sujas na cozinha, ele
simplesmente culparia Alice por não as pegar. Se ele se atrasasse
para pegar minha mãe para jantar, ele culparia alguém do
trabalho.

O homem nunca estava errado.

Por mais fácil que essas três palavrinhas fossem para a


maioria das pessoas, foi um grande passo para meu pai. Minha
mão se moveu para minha bochecha com suas palavras, e embora
os hematomas externos tivessem desaparecido, havia um monte
de hematomas enterrados embaixo.

Ele me deu um tapa.

Chamou-me de prostituta.

Deu as costas para Piper depois que eu o informei sobre ela.

Traiu e mentiu para minha mãe.

Tratou a família Carlisle horrivelmente.

Vazou uma história para destruir o homem que eu mais amava


no mundo.

— O que isso significa? — perguntei. Eu não iria deixá-lo


escapar facilmente desta vez. Tínhamos muito trabalho a fazer e
eu estava disposta a tentar se ele estivesse disposto a me encontrar
no meio do caminho.

— Significa que cometi muitos erros. Em primeiro lugar, quero


me desculpar por ter dado um tapa em você. Não me lembro da
explosão e isso não é desculpa. É a verdade honesta de Deus. Eu
estava claramente fora de mim. Sua mãe me contou o que
aconteceu e quero que saiba que não bebo um gole de álcool há 29
dias, nem pretendo voltar ao meu estilo de vida destrutivo.

Eu concordei. Minha mãe e meu pai viviam separados e


consultavam um terapeuta três vezes por semana. Eu não sabia
se eles voltariam a ficar juntos, mas eles estavam tentando seguir
em frente o melhor que podiam. Eu me culpei por tudo o que
aconteceu nas primeiras semanas, mas descobri que seus
problemas eram muito mais profundos do que o que aconteceu
entre mim e meu pai. Addy tinha sido a minha caixa de
ressonância, pois ela havia passado por muitas dores com sua
mãe. Ela me lembrou mais vezes do que eu poderia contar que
todos tinham suas lutas, mas se você se importasse o suficiente
para continuar tentando, as coisas sempre poderiam melhorar.

— Bem, estou feliz que você esteja tomando medidas para ser
mais saudável. — Tomei um gole do meu chá e paramos quando o
garçom veio e anotou nosso pedido antes de se afastar.

— Eu realmente baguncei as coisas, querida. Falei com a mãe


de Piper e perguntei se não haveria problema em me encontrar com
ela. Quero ter sua permissão antes de falar com Piper. Tenho
vergonha da maneira como lidei com as coisas. A partir do
momento em que você me disse que eu tinha uma filha que eu não
conhecia, eu me afundei. Tive medo de que a sua mãe me deixasse,
não tenho sido um marido perfeito — ele admitiu, e eu me
engasguei com a água e tentei disfarçar com uma tosse.

Hum. Isso é um eufemismo massivo.

Ele encolheu os ombros. — Tenho sido um marido péssimo,


mas sempre amei minha esposa. Eu não a apreciava do jeito que
deveria, e essas últimas semanas separados foram terríveis para
mim. Não sei se ela vai me perdoar, mas vou fazer o que puder
para consertar as coisas.

— Você poderia ter falado comigo sobre o fato de que você


estava surpreso e com medo, mas em vez disso, você agiu frio e
não demonstrou remorso por perder vinte anos da vida dela, e você
me pediu para guardar esse segredo para você. Você sabe o que
isso fez comigo?

— Comecei a beber muito depois que você me contou. Eu não


estava pensando com clareza. Chame de medo ou de covardia. —
Ele pegou seu copo d'água.

— Eu chamaria de ambos — admiti.

— É justo. Comecei a misturar bebida com remédios


controlados apenas para afastar a bagunça. Nunca tinha feito isso
antes, e claramente só piorou as coisas. Perder sua mãe, não
responder à carta de Piper, isso é horrível em por si só, mas o fato
de eu te machucar fisicamente e te xingar é indesculpável.

Eu balancei a cabeça, empurrando o enorme nó na minha


garganta o melhor que pude. Uma lágrima se soltou novamente e
eu a enxuguei com as costas da minha mão.

— Todo homem tem um fundo do poço, Maura, e eu bati no


meu. Vou fazer o que for preciso para merecer o seu perdão. Eu
quero estar em sua vida em qualquer posição que você quiser. —
Ele olhou para cima quando o garçom colocou nossos pratos na
nossa frente.

Eu queria acreditar nele. Foi definitivamente a primeira vez


que vi meu pai humilhado. Talvez perder todos ao seu redor fosse
o alerta de que ele precisava. Ele tirou uma licença da empresa e
permitiu que meus irmãos a dirigissem por enquanto. Todos esses
movimentos foram sem precedentes, e minha mãe, Wes, Lyle e eu
ficamos todos surpresos com isso.

— Isso é verdade e estou feliz por você estar entrando em


contato com Sarah. Piper é incrível. Eu sei que ela gostaria de
conhecê-lo. Ela tem um pai, ela não está procurando apoio
emocional ou financeiro. Ela só quer conhecer seu pai biológico.

Ele acenou com a cabeça e mastigou a comida. O restaurante


estava movimentado, mas eu me desliguei de todos desde o
momento em que entrei.

— Eu sei que Lyle e Wes a conheceram. Eles me encorajaram


a dar o próximo passo com ela.

— Você não sabia que ela existia. Ela não te odeia por isso,
mas o fato de você ter virado as costas para ela depois de ser
informado sobre ela, acho que definitivamente doeu.

— Tenho certeza que sim. Eu gostaria de poder voltar nas


últimas semanas e começar de novo. Eu faria as coisas de forma
muito diferente — disse ele.

— Bem, você pode simplesmente fazer as coisas de maneira


diferente daqui em diante. — Dei de ombros. Eu queria consertar
minha família. Minha mãe ficou muito triste com a situação de seu
casamento. Meus irmãos ficaram zangados com meu pai por todas
as coisas que aconteceram, e eu gostaria que pudéssemos
encontrar um novo normal onde pudéssemos ser uma família feliz
novamente.

— Eu planejo isso. Ouvi dizer que você conseguiu um emprego


na Carlisle Ad Agency — ele disse, e eu não detectei nenhuma raiva
em seu tom.
— Consegui. Na verdade, tive dificuldade para decidir o que
fazer por causa da atenção da mídia que você causou na época,
mas no final, eu queria trabalhar lá. Eles me treinaram bem
durante meu estágio, eu amo todos que trabalham lá e eles são a
melhor agência de publicidade em Dallas.

— Desculpe-me por isso. Fazendo aquela ligação ridícula.


Toda essa raiva contra uma família que não merece o ódio que
mostrei a eles. Tenho feito terapia intensiva há semanas e estou
aprendendo muito sobre mim mesmo. Muitas coisas das quais não
me orgulho, mas quero que saiba que não sabia que Belle estava
no hospital quando apresentei o processo. Nunca soube que ele
não se despediu dela até que sua mãe me contou. Só soubemos
alguns dias depois que Belle havia morrido. Meu advogado nunca
compartilhou comigo nenhuma informação de que os Carlisles
haviam tentado adiar as coisas. Estava sendo mesquinho na
época, mas nunca desejaria que ninguém perdesse seus últimos
momentos com seu filho. Nem mesmo meus inimigos. Pretendo
entrar em contato com Davis e me desculpar. Também vou me
encontrar com Crew para tomar um café.

Abaixei meu garfo. — Ele me disse que vocês se encontrariam.


Você vai ser agradável?

— Vou fazer o que for preciso para ganhar o perdão dele.

— Por que a mudança repentina de coração? — Levantei uma


sobrancelha, estudando-o para ver se ele estava sendo genuíno.

— Porque você o ama e eu amo você.

Era justo. Pelo menos ele tinha um plano.

— Espero que você esteja falando sério. O que você acha que
vai acontecer com você e mamãe? — perguntei.
— Eu não sei. Vou fazer o que puder para reconquistar a
confiança dela, mas, em última análise, depende dela.

Eu balancei a cabeça e dei outra mordida na minha salada. O


nó na garganta dificultou a deglutição.

— Lamento ter perdido sua formatura. Estou muito orgulhoso


de você, Maura. — Seus olhos castanhos estavam molhados de
emoção. Eu podia sentir sua tristeza.

— Obrigada, pai.

— Claro, querida.

O resto do almoço foi repleto de conversa fiada. Ele me contou


sobre a casa que comprou temporariamente em Willow Springs e
como esperava alugá-la mais tarde, se mamãe o deixasse voltar
para a casa de nossa família. Meu peito apertou por ele, mas então
me lembrei que ele precisava fazer o trabalho se quisesse consertar
as coisas com sua família.

Sentei-me na ponta da mesa de Crew depois que todos


deixaram o escritório. Ele avançou em sua cadeira de rodinhas e
parou quando se posicionou entre minhas pernas. Fiquei quieta
depois que ele me pegou no almoço, voltei para o escritório e me
enterrei no trabalho. Crew sempre me dava o tempo que eu
precisava.

— Você está pronta para falar sobre isso?


— Sim. Ele está mais humilde do que nunca. Ele se desculpou.
Quer reconquistar a confiança de todos. Ele vai falar com seu pai
sobre o que aconteceu quando Belle faleceu. Ele disse que não
sabia que ela estava tão doente na época. — Estremeci, esperando
que ele ficasse com raiva. Eu duvidava que ele acreditasse em
qualquer coisa que meu pai dissesse neste momento.

Ele acenou com a cabeça, o que me surpreendeu. — Talvez ele


esteja dizendo a verdade. É possível e eu acho que ter nossos pais
falando não é uma ideia tão ruim.

Inclinei minha cabeça para o lado. — Mesmo? Por quê?

— Porque você ama o homem e se eu tiver a oportunidade de


colocar um anel aqui, sei que vou precisar de sua bênção.

Minha cabeça caiu para trás de tanto rir. — Você não disse
apenas colocar um anel aqui. Você roubou isso de Ivy. — Esse era
um dos nomes que Ivy estava usando para nomear a nova empresa
de planejamento de eventos que ela estava começando.

— Ei. Sou mais moderno do que você pensa, Benson.

— Então, você realmente acha que algum dia vai colocar um


anel, hein?

— Sem dúvida, baby. — Ele passou os braços em volta da


minha cintura e enterrou o rosto no meu pescoço. — Só esperando
o sinal de positivo da minha garota.

— E você realmente vai se encontrar com ele na próxima


semana?

— Vou. Você fez isso, então eu também posso fazer. — Ele


estendeu a mão e traçou minha bochecha com o polegar.
— Nunca pensei que veria esse dia. — Minha voz estava toda
provocadora, mas eu realmente estava surpresa por estarmos
aqui. Nunca pensei que meu pai e Crew estariam dispostos a ficar
juntos. A vida estava cheia de surpresas.

— Estou aprendendo.

— O que é isso que você está aprendendo? — Inclinei-me para


frente e rocei meus lábios contra os dele.

— Estou aprendendo que a dor e a raiva são bestas cruéis.


Você pode ficar lá e se afogar ou pode sair lutando. O perdão nem
sempre é fácil, ou todos o fariam. — Ele deu uma risadinha. — Mas
você me faz querer ser um homem melhor, Maura Benson. Então,
se eu tiver que tomar um café com seu pai, que seja.

— Você já é o melhor homem que eu conheço.

— Encantado, baby — disse ele, puxando-me para baixo em


seu colo.

Nenhuma dúvida sobre isso.

Eu realmente estava.
Epílogo

Maura

Três meses depois

Fui a primeira a chegar a The Chocolate Fountain em Willow


Springs. Era o ponto de encontro favorito das Magic Willows
quando estávamos todas de volta em casa, desde que éramos
jovens. Ivy faria um intervalo para o almoço, uma vez que tinha
aberto as portas de seu negócio de planejamento de eventos, The
Wedding Bells, três semanas atrás. Ela estava ajudando Loraine
Applebee com os detalhes para a irmã de Coco, o casamento de
Whitney Radcliff como sua última tarefa antes que a mulher mais
velha fosse oficialmente aposentada. Addy e Jett voltaram para
casa após a formatura. Ela foi contratada pela estação de notícias
local como repórter principal, e ele recebeu uma oferta de parceria
na firma de contabilidade da cidade. Aparentemente, Wren Straub,
que estava namorando a mãe de Jett, tinha um tio que também
estava pronto para se aposentar. Então, os dois estavam se
acomodando em suas novas vidas.

— Ei — disse Gigi enquanto me abraçava antes de se sentar


ao meu lado.

— Oi. Gray incomodou você por vir? — perguntei. Gray e Gigi


ainda estavam em Austin enquanto ele estava terminando seu
último ano da faculdade de direito. Gigi foi contratada em uma
galeria de arte local como associada, e ela própria começou a se
dedicar a pinturas de retratos.

— Oh, meu Deus. Esse menino é louco. Ele veio para casa
comigo. Ele está com Cade agora. — Ela riu. Seu irmão e Gray
eram amigos desde sempre.

Minha cabeça caiu para trás de tanto rir. Eles sempre


estiveram juntos, desde que cederam aos seus sentimentos um
pelo outro. Todos nós brincamos com eles sobre seu interminável
PDA7 e eu estava tão feliz que a minha amiga encontrou o seu
felizes para sempre.

— Ele não aguenta ficar longe de você, não é? — perguntei.

— Diz a garota cujo namorado a trouxe para casa em seu


helicóptero, e atualmente está almoçando no Rusty Pelican ao lado
enquanto espera por ela.

— Touché.

Crew e eu passamos muito tempo juntos, trabalhamos juntos,


passamos todas as noites juntos, e se um de nós precisasse voltar
para casa, nós dois vínhamos. E eu não poderia estar mais feliz
com isso.

— Ele e seu pai ainda estão sendo civilizados, certo?

Não consegui esconder o sorriso no meu rosto. — Eles estão.


Não diria que são melhores amigos, mas não são mais inimigos.
Acho que Crew realmente espera seus encontros mensais.

7
PDA, significa demonstração pública de afeto.
Parte do plano de meu pai para mudar sua vida incluía
conquistar meu namorado. Ele e Crew tomavam café uma vez por
mês e estavam fazendo progressos.

— E como está sua mãe?

— Bem. Ela realmente parece muito feliz. Não sei o que está
acontecendo com ela e papai, mas isso é entre eles. Eu apoio tudo
o que ela quiser fazer.

Meus pais ainda moravam separados, mas eles participavam


da terapia de casal juntos e jantavam juntos uma vez por semana.
Minha mãe estava dando as cartas e o meu pai rastejando, então
o tempo diria.

— Estou tão feliz. O seu pai e Piper finalmente se conheceram.


Você está aliviada com isso?

— Estou. Significou muito para ela, e eu nunca vi meu pai


chorar, mas o homem realmente desabou. Acho que a realidade de
tudo isso finalmente se estabeleceu.

Ela acenou com a cabeça. — Estou tão feliz.

— Eu também. Quer dizer, eles têm um longo caminho a


percorrer. Não acho que os pais de Piper serão os melhores amigos
de meu pai, mas estou feliz que ele e Piper estejam fazendo
progressos. Um passo de cada vez — falei enquanto Coco e Addy
passavam pela porta.

Lenny correu ao redor do balcão e abraçou Addy. Ele era dono


da The Chocolate Fountain e nós crescemos vindo aqui. Ele e Addy
sempre tiveram uma amizade especial.
— Não se preocupe comigo, Len. Estou totalmente bem sendo
ignorada — disse Coco, enquanto cruzava os braços sobre o peito
e revirava os olhos para o homem mais velho.

— Bem, com você vestida assim, eu temia que você me


chutasse com essas botas militares e tudo mais — Lenny disse
enquanto a puxava para um abraço.

— Ninguém nesta cidade entende de moda? — Coco encolheu


os ombros. Ela usava shorts jeans cortados, um top branco, um
cinto Gucci preto e dourado e suas botas de combate pretas
características. Ela chamava seu estilo de urbano chique.

— Acho que você não ouviu a história no noticiário sobre a


mulher que teve que cortar as pernas porque teve câncer de pele
por causa dos seus shorts promíscuos — disse Lenny, e todos nós
demos risadas.

— Você inventou isso, Lenny. — Addy balançou a cabeça. —


Eu não ouvi tal coisa.

— Você realmente acabou de me chamar de promíscua? Estes


são do comprimento da ponta dos dedos. Afinal, tenho que
enfrentar Cricket Radcliff. Você deveria ver o que eu vi nos clubes
de Houston.

Coco foi contratada por uma popular revista de moda feminina


como estilista. Era o emprego dos seus sonhos e ela nasceu para
isso.

— Você não é uma promíscua, mas jeans rasgado e cortado é


um pouco promíscuo de onde eu venho — Lenny disse, erguendo
as sobrancelhas para ela.
— Lenny, você veio de Willow Springs assim como o resto de
nós, e o jeans cortado é tão popular aqui quanto frango frito e chá
doce. Morda a sua língua agora. — Coco sorriu e piscou para o
homem.

— Certo. Onde está a outra Willows encrenqueira? Vocês


querem 5 cacaus, granulado extra?

— Sim, por favor — dissemos todas ao mesmo tempo. O


outono estava no ar, e não havia nada que eu desejasse mais nesta
época do ano do que o chocolate quente de Lenny.

A porta se abriu e Ivy entrou apressada. — Coco Radcliff. Sua


irmã é a noiva do inferno.

— Bem-vinda ao meu mundo. É bom ter você aqui.

— Ela é tão mandona. E o fato de ela falar na terceira pessoa,


Whitney Gitney não aprovará esses guardanapos de algodão. Ela
prefere seda — Ivy imitou Whitney em seu sotaque sulista mais
detestável. — E o meu favorito de hoje seria quando ela disse,
mamãe, Whitney Gitney precisa de um penteado. Eu não estou
brincando... e sua mãe andou em volta dela e literalmente afofou
seu cabelo de todas as maneiras. Ridículo, eu te digo.

Todos nós caímos na gargalhada, exceto Coco. — Este é o


epítome da minha ideia de inferno. Whitney Gitney precisa de um
chute rápido na bunda com estas botas de combate mágicas.

Mais risadas, como sempre.

— Então, quando é a sua prova para o vestido da dama de


honra? — Addy perguntou.
— Whitney Gitney agendou isso para mais tarde hoje, depois
que ela tirar uma soneca, você sabe, o descanso da beleza é crucial
— Ivy zombou, e todas nós caímos para trás em um ataque de riso.

— Ela é o diabo. Ela planejou um casamento no outono apenas


para que ela pudesse me torturar e me fazer usar este vestido cor
de abóbora feio. Meu pai está gastando dinheiro suficiente para
rivalizar com um casamento Kardashian e a garota escolhe os
vestidos de damas de honra mais feios do mundo. Você sabe que
ela fez isso para me irritar. — Coco odeia a cor laranja, desde que
éramos crianças. Ela não se importava com abóboras ou pores do
sol, mas acreditava que não devia fazer parte de nenhum guarda-
roupa.

— Você vai arrasar com esse vestido — falei. — Mal posso


esperar pelo grande dia. Você já arranjou um acompanhante?

Estaríamos todos voltando para casa para o casamento de


Whitney.

— Eu não encontrei o cara certo para trazer para este evento


mágico — disse Coco, sua voz transbordando sarcasmo. Ela
namorava com frequência, mas não tinha tido um relacionamento
sério, bem, nunca. Ela não estava pronta para se estabelecer, mas
ela estava determinada a trazer um encontro que faria sua mãe e
sua irmã virarem as cabeças. — Ele precisa ter uma vantagem.
Algumas tatuagens visíveis e inteligência suficiente para enfrentá-
los quando o interrogarem. Ah, e ele precisa fingir que estamos
loucamente apaixonados. Venho construindo esse relacionamento
com minha família há semanas.

Ivy balançou a cabeça em desaprovação. — Você sabe que sou


contra essa farsa, e agora você lhes falou desse nome ridículo, e
ele nem existe ainda.
— Nome ridículo, minha bunda. Eu disse a eles que o chamo
de Big Sexy. Isso por si só fez os olhos de Cricket e Whitney se
cruzarem. Hashtag, vencendo. Eu estou saindo com um cara agora
que realmente quer vir ao casamento. Eu só temo que ele esteja
ficando um pouco pegajoso e ainda faltam semanas para o
casamento do inferno.

Mais risadas. Minhas meninas e eu nunca parávamos quando


juntas.

— Isso é porque Jack realmente gosta de você — disse Addy.


— E você e eu vamos nos encontrar e trabalhar em seu discurso
em breve, certo?

— Sim. Por mais que Whit me deixe louca, quero dar um bom
discurso a ela. É o meu dever, certo? — Coco perguntou. Ela
gostava de parecer irritada, mas não havia nada que ela não fizesse
por sua irmã e sua família. — E Gigi, você vai trabalhar naquele
retrato para os Gitneys, certo?

— Sim, senhora. Já estou trabalhando nisso.

— E Maura, você vai cuidar da montagem do vídeo da rainha


para o jantar de ensaio?

— Sim. Sua mãe me enviou setecentas e quarenta e duas fotos


ontem. Foi divertido fazer o download — falei enquanto tentava não
rir.

— Claro que ela fez. Estou muito feliz por ter as minhas amigas
para me ajudar a ser a melhor dama de honra para a própria noiva.

— Você nos pegou — disse Ivy. — Mas ela com certeza é um


punhado e encontrar o cara certo para você é fundamental. O
tempo está passando, garota. Parece que Jack está de saída.
— Você me conhece. Estou bem sob pressão e definitivamente
é hora do jogo. Eu preciso encontrar meu próprio Big Sexy para
trazer para este casamento.

— Vivas por encontrar Big Sexy — eu disse, e todos nós caímos


na gargalhada.

— Talvez você devesse publicar um anúncio no jornal? — Ivy


provocou.

— Não se preocupe. Eu sou uma garota em uma missão.


Mesmo que eu esteja com o vestido de abóbora do inferno, terei
um homem sexy no meu braço, nem que seja a última coisa que
eu faça.

Lenny se aproximou e colocou nossas bebidas na mesa. Nós


erguemos nossos copos.

— Magic Willows para a vida toda — eu disse.

— Magic Willows para a vida.

Fim...

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