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EPCAR

2024

AULA 04
Desenvolvimento II

Prof.ª Celina Gil


Prof.ª Celina Gil

Sumário
Apresentação 4

1 - Repertório de redação 5

Adolescência e juventude 5

Trabalho e suas novas configurações 6

Saúde Mental 7

2 - Desenvolvimento - Tipos de Argumentação 10


2.1 – Tipos de argumentos I. 11
2.2 – Análise de redação 14
2.3 – Tipos de argumentos II. 15
2.4 – Análise de redação 18
2.5 – Exercícios de argumentação 20

3- Prática de redação 32

Considerações Finais 43

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Apresentação
Olá!

Continuaremos aqui nosso estudo sobre o desenvolvimento. Essa é a parte à qual você deve se dedicar
com maior profundidade na sua redação. O importante é investir ema uma argumentação aprofundada!

Na aula de hoje, veremos então:

- Prática e estudo de desenvolvimento dos argumentos a partir de diferentes comprovações;

- Exercícios de identificação de temática; desenvolvimento de argumentos e planejamento de redação; e

- Prática de redação

Nossas aulas de redação serão sempre compostas de 3 partes:

1 - Análise social
Apontamentos acerca de assuntos ligados ao contemporâneo.
Esses apontamentos têm o objetivo de fortalecer seu repertório e auxiliar na elaboração de
argumentos.

2 - Estudo de uma parte da dissertação

Estudo aprofundado de uma das partes que compõe o texto dissertativo.


Vamos passar por introdução, desenvolvimento, conclusão e coesão/coerência.

3- Produção textual

Análise de redações/trechos de redações e/ou exemplo de produção textual.


Propostas de redação inéditas para serem executadas pelo aluno.

Vamos lá?

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1 - Repertório de redação
Nosso repertório de redação de hoje fala sobre questões contemporâneas que frequentemente
podem ser tema de provas.

Tópicos da aula
Adolescência e Trabalho e novas
Saúde Mental
juventude configurações

Adolescência e juventude
Trabalho e estudo
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revelou que 23% dos jovens
brasileiros não trabalham e nem estudam (os chamados jovens nem-nem). A maioria é de mulheres de
baixa renda, um dos maiores porcentuais de jovens nessa situação entre nove países da América Latina e
Caribe. Ainda segundo a pesquisa, 49% se dedicam exclusivamente ao estudo ou capacitação, 13% só
trabalham e 15% trabalham e estudam ao mesmo tempo. As razões para esse cenário são problemas com
habilidades cognitivas e socioemocionais, falta de políticas públicas, obrigações familiares com parentes e
filhos, entre outros. Embora o termo nem-nem possa induzir à ideia de que os jovens são ociosos e
improdutivos, 31% deles estão procurando trabalho, principalmente os homens, e mais da metade – cerca
de 64% – dedica-se a trabalhos de cuidado doméstico e familiar, principalmente as mulheres. Para falar
sobre o assunto, o Jornal da USP no Ar conversou com o professor Ruy Braga, do Departamento de
Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, especialista em Sociologia do
Trabalho.
Para Braga, essa geração nem-nem é um fenômeno que já ocorre há algum tempo no mercado de
trabalho brasileiro e não apresenta aspectos positivos para o País. O problema é que esse número vem
aumentando exponencialmente nos últimos anos. Tal aumento se deu, segundo o professor, pela recente
crise econômica e política, “que acaba se transformando em uma espécie de crise social generalizada”,
atingindo principalmente a juventude, camada mais suscetível ao desemprego. Um dos motivos para esse
fenômeno é a baixa qualificação dos jovens, que acabaram de entrar no mercado de trabalho e, portanto,
são menos experientes. Outro motivo seria o colapso do sistema educacional, que não é capaz de atrair o
jovem para os estudos.
(Jornal da USP, Número de jovens que nem estudam nem trabalham cresceu com a crise, 18/12/2018. Disponível em:
<https://jornal.usp.br/atualidades/numero-de-jovens-que-nem-estudam-nem-trabalham-cresceu-com-a-crise/> Acesso em
13/11/2020)

Novos modos de vida


"Freegans" vivem de lixo para reverter desperdício

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Movimento que prega existência frugal e combate consumo ganha força nos EUA
Sob filosofia da reciclagem e reaproveitamento, adeptos evitam compras e coletam alimentos jogados fora
por mercados e restaurantes
Denyse Godoy, de Nova York

Eles podem representar os primórdios ou o futuro da humanidade. Os freegans -"free" (livre ou


grátis) + "vegan" (vegetariano)- valorizam o senso de comunidade e obtêm os meios para sua subsistência
principalmente da coleta. Em um momento de grande preocupação com a ameaça aos habitantes do
planeta que a mudança climática apresenta, e sendo o estilo de vida dos homens apontado como o grande
responsável, a filosofia freegan, que nasceu nos EUA em meados da década de 1990, tem ganhado mais
força e adeptos.
"Eu estava com mais ou menos 17 anos quando decidi me recusar a participar desse sistema de
grandes corporações que exploram o trabalho alheio, do hábito de consumir por consumir, da extrema
competição entre as pessoas. Resolvi não compactuar com o capitalismo", explica Adam Weissman, 29, um
dos líderes dos freegans em Nova York. Ao menos uma vez por semana eles se encontram nas ruas da rica
Manhattan para conseguir alimentos. E, já que a palavra comprar não faz parte do seu vocabulário, a tática
que lhes resta é o chamado "dumpster diving" -um mergulho exploratório no lixo.
(Folha de São Paulo, domingo, 04 de novembro de 2007 )

Maioridade penal
A maioridade penal a partir dos 18 anos está estabelecida na Constituição de 1988, no artigo 228, que
afirma que os menores de idade são inimputáveis e estão sujeitos a norma especial. Mas por que 18 anos,
e não qualquer outra idade? Isso tem a ver com a chamada doutrina da proteção integral, uma diretriz
internacional criada a partir da Convenção Internacional dos Direitos da Criança, adotada pela Organização
das Nações Unidas em 1989.
Apesar de que a convenção não determina qual idade deve ser escolhida para a maioridade penal, ela
define como criança todo ser humano com menos de 18 anos de idade. O Brasil e quase todos os países
do mundo são signatários desse tratado e grande parte deles baseia seu sistema penal para jovens a partir
dessa convenção.
A doutrina da proteção integral aparece mais claramente no artigo 227 da Constituição, que fala sobre a
obrigação da família, da sociedade e do Estado de assegurar, com prioridade absoluta, os direitos
fundamentais da criança, do adolescente e do jovem. Por tudo isso, antes de completar 18 anos de idade,
uma pessoa não pode ser responsabilizada como um adulto no Brasil.
Disponível em <https://www.politize.com.br/maioridade-penal/> Acesso em 26 mar. 2021

Trabalho e suas novas configurações

O profissional do século XXI


10 de dezembro de 2007
E como dever ser o profissional do século XXI? Bem, ele deve possuir muitas características, entre
elas, empreendedorismo, resiliência, proatividade, liderança energizadora, percepção, comunicação,
persuasão, assertividade, criatividade, cultura, humanismo. Todas elas têm sido muito requisitadas pelas
empresas, mas devemos lembrar que não se trata de buscar profissionais supra-humanos, visto que isso é

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impossível e têm levado muitos a um nível elevado de estresse. Trata-se, apenas, de reconhecer seus
potenciais e limitações, e a partir daí, de forma equilibrada e estruturada, buscar o autodesenvolvimento.
Também não podemos esquecer da relevância da tecnologia na vida de um profissional globalizado.
Independentemente da área do conhecimento, ela fornece a base conceitual necessária a uma evolução
do pensamento e da análise. Ainda, a utilização de ferramentas tecnológicas é um fator de diferenciação
no mercado de trabalho. Compreender claramente o ambiente altamente tecnológico em que vivemos e
suas correlações é fundamental para qualquer profissional, mas nada exacerbado que nos torne
consumidores compulsivos dessas tecnologias. Por outro lado, os profissionais não podem ficar
desatualizados com tal evolução e devem saber usá-la a seu favor para gerar resultados efetivos.
(Acessado em https://administradores.com.br/noticias/o-profissional-do-seculo-xxi, disponível em 28.05.2019)

Trabalho ininterrupto
Embora exista a ideia corrente de que é extremamente importante estarmos sempre fazendo alguma coisa,
produzindo, inventando, inovando, investindo em nosso tempo e em nossa imagem, "fazendo a diferença",
como dizem alguns especialistas, é importante perceber que os grandes momentos de criação estão
intimamente ligados aos períodos em que supostamente alguém não estava fazendo nada de especial.
(...)
Segundo alguns relatos, o excepcional Einstein, por exemplo, passava horas olhando trens se deslocando
sobre os trilhos de uma estação ferroviária. A partir dessas suas ociosas observações nasceram novos e
revolucionários conceitos e teorias sobre o tempo, o espaço e a matéria que mudaram totalmente os
rumos da ciência. Mas com certeza não foram poucos os que o achavam um homem esquisito e sem nada
de mais interessante e útil para fazer.
(disponível em http://www.plurall.com/forum/cultura-trance/textos-poesias/27120-importancia-nao-fazer-nada/, site
consultado em 04.07.2011)

Saúde Mental

O termo “saúde mental” tem entrado no nosso vocabulário e se tornou popular entre as pessoas
mais jovens devido a uma série de acontecimentos.

Segundo definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um estado de bem-
estar no qual o indivíduo é capaz de usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser
produtivo e contribuir com a sua comunidade1.

Para a ONU, a saúde mental é mais do que a ausência de transtornos mentais, como ansiedade
(também chamado de transtorno de ansiedade generalizado), depressão, transtorno bipolar etc. É o bem-
estar físico, mental e social. Não é apenas uma questão clínica: fatores socioeconômicos podem influenciar
numa perda da saúde mental.

Questões recentes sobre o assunto:

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Tiroteio na escola em Relação com as drogas:


Abuso de medicação
Suzano: debate sobre a a discussão da
como ansiolíticos e
saúde mental entre os internação compulsória
antidepressivos
jovens. a dependentes químicos

Saúde mental na
Busca pelos padrões de O preconceito contra
pandemia e em tempos
beleza e sociais pessoas neuroatípicas
de isolamento social

Sociedade do cansaço
Um termo que tem aparecido frequentemente em discussões acerca do contemporâneo é
Sociedade do cansaço. Vamos investigar um pouco esse termo para que você possa ser capaz de utilizar
essas ideias em sua redação.
Byung-Chul Han (1959 - ), professor e filósofo sul-coreano, abre seu livro homônimo com a frase
“Cada época possuiu suas enfermidades fundamentais”. É a partir dessa ideia de que ele desenvolve o
conceito. Vivemos em uma sociedade que enfrenta um aumento considerável de doenças como depressão
e transtornos de personalidade, além de síndromes como hiperatividade e Burnout – distúrbio psíquico
que advém de um grande esgotamento físico e mental. Para ele, vivemos num momento de violência
neuronal.
Um elemento identificado pelo filósofo como possível causa para isso está em nossa cobrança
constante por sucesso. Nossa sociedade é focada no desempenho: nos cobramos cada vez mais para
apresentar resultados. Isso se torna agravado por uma ideologia da positividade: sentimos que devemos
ser felizes, positivos, animados e bem-sucedidos o tempo todo. Basta ver como o mercado de discursos
motivacionais cresce sem parar desde o início do século XXI. O problema é que esse reforço motivacional
constante já mostra seus efeitos colaterais.

SOCIEDADE DO DESEMPENHO

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Outro termo utilizado pelo filósofo no livro “A sociedade do cansaço” é sociedade do desempenho.
Para ele, a necessidade de obter sempre excelência em tudo o que fazemos é um modo de manter
os sujeitos controlados e disciplinados.
Dito de outra forma, não buscamos mudar as estruturas – mesmo aquelas que são prejudiciais a
nós mesmos – porque sentimos forte necessidade de sempre obtermos o máximo de desempenho
em tudo o que fazemos.
Numa sociedade guiada pelo desempenho, é preciso ter sempre novos projetos, alta
produtividade, iniciativas e metas a serem batidas. Por vezes essas imposições vêm de figuras
hierarquicamente acima de nós – chefes, por exemplo – por outras, são impostas por nós mesmos.

É possível pensar em diversos temas a partir dessas ideias:


- A saúde mental no contemporâneo.
- O reforço às ideias de empreendedorismo, ou seja, a valorização da iniciativa pessoal no mercado
de trabalho.
- A necessidade de se encaixar nos padrões da sociedade – de comportamento e pensamento.
- O crescimento da indústria da motivação e dos produtos motivacionais no contemporâneo.

A sociedade do cansaço é um repertório que pode ser utilizado em diferentes assuntos, por
exemplo:

Necessidade de se
Empreendedorismo e
Saúde mental no encaixar em padrões
iniciativa pessoal no
contemporâneo de comportamento e
mercado de trabalho
pensamento

Indústria da
motivação e
produtos
motivacionais

ZONA DE SPOILER!!
Bicho de sete cabeças (2000) Dir.: Um dia de fúria (1993) Dir.: Joel Foi apenas um sonho (2008) Dir.:
Laís Bodanzky Schumacher Sam Mendes

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Neto é um jovem de classe média Bill Foster é um homem ordinário de Em 1955, o casal Frank e April está
que vive uma vida comum. Um dia, vida comum. Um dia, tentando vivendo uma crise no seu casamento.
seu pai descobre drogas em seu chegar em casa para o aniversário da Ele trabalha 10 horas por dia e ela
bolso e decide mandá-lo para uma filha, ele perde a paciência, tem um cuida da casa em um convencional
instituição psiquiátrica. Lá, ele surto de raiva e começa a resolver subúrbio. Eles começam a planejar
descobre uma realidade absurda e seus problemas – mesmo os modos de se rebelar contra o tédio de
desumana. insignificantes – com violência. suas vidas.

Relatos Selvagens (2014) Dir.: As vantagens de ser invisível (2012) Cisne Negro (2010) Dir.: Darren
Damián Szifron Dir.: Stephen Chbosky Aronofsky

O filme se divide em seis episódios. Charlie é um adolescente de 15 anos Nina é uma bailarina cuja vida é
Em cada uma das pequenas lidando com muitas questões: seu completamente consumida pela
histórias, explora-se o modo como melhor amigo se suicidou, seu dança. Haverá uma nova montagem
reagimos a situações extremas e primeiro amor, suas tentativas de se do Lago dos Cisnes na companhia e
como lidamos com stress. Atente- encaixar na sociedade e encontrar Nina é a primeira escolha para o papel
se principalmente aos episódios pessoas com as quais se identifique principal do espetáculo. Ela enfrenta,
Bombita e Hasta que la muerte nos e sua própria saúde mental. Ele está porém, a competição com outra
separe. buscando seu lugar no mundo. bailarina, Lily, para o papel.

2 - Desenvolvimento - Tipos de Argumentação


Há alguns modos de construir sua argumentação que podem deixar seu texto completo. É sempre
importante relembrar, também, que o seu repertório não é o seu argumento. Ainda que possa se confundir
em determinado ponto, o seu argumento é uma coisa e o seu repertório é outra coisa.

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Analogia (ou comparação)

•Partindo do princípio que se deve tratar os iguais como iguais, a comprovação por analogia faz uso de exemplos de
casos semelhantes para comprovar uma ideia.

Autoridade (ou por citação)

•A comprovação por autoridade faz uso das falas ou preceitos de um especialista no assunto, reconhecido
publicamente ou presente nos textos de apoio, para corroborar as suas ideias.

Causa e consequência

•Para comprovar a ideia, buscam-se relações de causa e consequência, ou seja, de motivos e efeitos resultantes.

Dados

•Aqui, a ideia é sustentada a partir dos dados concretos apresentados (como estatísticas e porcentagens).

Exemplificação

•Aqui, o autor baseia a defesa de seu argumento em exemplos representativos.

Literatura e demais produtos culturais

•Aqui utilizamos obras cânone, ou seja, aquelas considradas clássicas.

Vamos passar por alguns dos modos de argumentar para que você possa praticar um pouco a feitura
de cada um deles.

2.1 – Tipos de argumentos I.


Vamos partir de dois pequenos textos de apoio para compreender que argumentos poderiam ser
desenvolvidos. Já partiremos de um tema, recorte temático e tese desenvolvidos.

Texto 1.

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Vivemos a era da informática, das informações livres e da acessibilidade fácil e rápida a elas. As
tecnologias se renovam, incessantemente, favorecendo e permitindo o contato das pessoas a todos os
assuntos, a todos os lugares e a hora que quiserem. Esta é a internet, o mundo de possibilidades que se
veio de fato para ficar e hoje o mundo não existiria sem ela. A internet é o sol no centro deste sistema
globalizado que aquece a tudo e todos. Mas acontece que, como tudo nesta vida, a lei criacionista de “causa
e efeito” sintetiza uma máxima: tudo que é demais enjoa. Enjoa, mas também adoece. Muitos problemas
e dificuldades despontaram por conta do surgimento da internet. Problemas que nem ousarei enumerar,
mas quando refletimos quais seriam eles, rapidamente identificamos. Admito que muitos já existiam e que
a internet só acentuou sua gravidade. Me limitarei a um agravante que recebe pompas de transtorno,
reconhecido pela Associação Americana de Psicólogos como uma dependência tão crônica quanto à de
substâncias como álcool e cocaína, a Internet Addiction Disorder (Transtorno do Vício de Internet).

Disponível em: <https://canaltech.com.br/comportamento/O-Transtorno-do-Vicio-em-Internet/> Acesso em:


ago.2019.

Texto 2.

Jovens da geração da internet constantemente interagem remotamente com pessoas de todo lugar,
literalmente, de tal modo que, mesmo quando estão interagindo com uma pessoa que conhecem, essa
pessoa está atrás de uma tela. Sob condições ancestrais, nossos antepassados só se comunicavam cara a
cara, em contextos em que não havia desindividualização. Em suma, hoje é muito mais fácil os jovens serem
mesquinhos e cruéis uns com os outros do que foi em qualquer momento passado da história humana,
graças à internet. E resultados sociais que geram sofrimento podem, sem dúvida alguma, exercer
consequências graves sobre a saúde mental.

Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/08/1907983-com-internet-cada-vez-mais-jovens-


sofrem-de-depressao-e-ansiedade.shtml> Acesso em ago. 2019.

A partir desses textos de apoio, pode-se depreender que um possível tema, recorte temático e a
tese a ser desenvolvida na redação são, respectivamente:

TEMA: Relação do homem com a tecnologia.

RECORTE TEMÁTICO: O vício em internet.

TESE: A internet deve ser utilizada com responsabilidade, pois o vício nessa tecnologia pode trazer
problemas à saúde mental e, por consequência, prejudicar outras áreas da vida não necessariamente
ligadas ao mundo virtual.

Comprovação por analogia


Um analogia é uma relação de semelhança entre coisas ou fatos distintos. Normalmente ele segue
uma relação lógica entre os termos a partir de suas semelhanças.

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Ex.: Esse doente apresenta manchas avermelhadas pelo corpo, febre e mal estar intenso.

Manchas avermelhadas pelo corpo, febre e mal estar intenso são sintomas do sarampo.

Logo, esse doente tem sarampo.

Nas orações, é a recorrência de elementos idênticos que permite a analogia: se o doente possui
características que o sarampo causa, então o doente tem sarampo.

Também pode aparecer como uma associação entre pares não semelhantes. Na matemática essa
estrutura é bastante comum: A está para B, assim como C está para D.

Ex.: Amor está para ódio, assim como alegria está para tristeza.

Nas duas orações temos uma associação entre opostos: amor é oposto a ódio e alegria é oposta a
tristeza. Assim, a relação entre amor e ódio é a mesma que a relação entre alegria e tristeza: de oposição.

Mas como isso pode ser acessado na hora de escrever uma argumentação?

Partindo da estrutura que propusemos e dos textos de apoio apresentados, veja um exemplo de
argumentação por analogia:

Ex.:

O uso excessivo da internet já se configura um vício, podendo ser considerado mesmo uma doença. Isso se
comprova a partir do comportamento que algumas pessoas assumem quando afastadas, por exemplo, do
celular. Assim como dependentes químicos que, quando em abstinência de álcool ou drogas, chegam a
sofrer fisicamente pela falta do vício, também os viciados em celular podem apresentar sintomas na
ausência do aparelho. Também em função disso, a Associação Americana de Psicólogos já reconhece o
Transtorno do Vício de Internet.

Comprovação por autoridade


Na comprovação por autoridade, utiliza-se a opinião de outras pessoas como base para a
argumentação. Claro que numa redação dissertativa o corretor quer ver sua opinião sobre os assuntos e
valoriza sua capacidade argumentativa. Porém, apoiar sua informação em especialistas é um modo de
demonstrar à banca que você possui embasamento, ou seja, que aquilo não é pura e simplesmente sua
opinião pessoal.

Diversos elementos podem servir como base para um argumento por autoridade:

• Estudiosos e pesquisadores

• Instituições respeitadas, como associações e centros de pesquisa

• Filósofos, sociólogos e demais cientistas, estejam eles citados nos textos de apoio ou não.

ATENÇÃO!

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Muitas vezes, os alunos acham que devem decorar citações de filósofos ou pensadores importantes para
a redação. Não se preocupe com isso.
As teorias filosóficas são complexas e dificilmente podem ser resumidas em uma frase.
Se você não conhece o autor e sua teoria, apenas citar uma frase pode produzir o efeito contrário e fazer
com que você perca pontos!
Descontextualizar uma frase pode esvaziar seu significado, ou seja, pode ser que o estudioso quisesse dizer
algo diferente do que você entendeu lendo apenas uma frase.
Se quiser citar algum pensador, tenha certeza que você é capaz de explicar seu pensamento. Não é preciso
citar palavra por palavra o que ele disse. É mais seguro, para não incorrer em erros, falar sobre o autor e
suas teorias, mas sem usar citações.

Partindo da estrutura que propusemos e dos textos de apoio apresentados, veja um exemplo de
construção de desenvolvimento por autoridade:

Ex.:

A internet vem sido utilizada de maneira tão exacerbada que a Associação Americana de Psicólogos já
considera o vício em internet uma dependência crônica. Esse transtorno vem sendo chamado de
Transtorno do Vício de Internet. Essa definição parte principalmente da percepção de que quando nos
encontramos distantes da tecnologia ou do acesso à internet, podemos reagir do mesmo modo que
dependentes químicos. Isso demonstra que o uso da internet se tornou tão fora de controle que chega a
nos afetar fisicamente.

Comprovação por causa e consequência


Na comprovação por causa e consequência, buscam-se relações causa e feito para comprovar a
tese. Assim, a argumentação se baseia em motivos para o problema e seus efeitos resultantes.

Ex.:

O uso desmedido da internet tem causado problemas à saúde mental, principalmente entre os jovens. Essa
camada da população tem um contato muito maior com a internet, principalmente através do uso das
redes sociais. Como as redes sociais promovem interação de maneira remota, há maior facilidade em agir
de maneira agressiva ou cruel. Consequentemente, os usuários ficam mais expostos a situações de conflito,
podendo chegar mesmo a desenvolver uma série de quadros clínicos por conta desse tipo de interação.

2.2 – Análise de redação


Veja um exemplo de redação que constrói sua argumentação a partir de vozes autorizadas
(argumento de autoridade). O tema da redação era “O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm
lugar no mundo contemporâneo?”, e apareceu na prova da FUVEST (2011).

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Introdução
Desenvolvimento
Conclusão

2.3 – Tipos de argumentos II.


Texto 1.

De acordo com a Lei 8.213, de 1991, empresas com cem ou mais colaboradores são obrigadas a
preencher de 2% a 5% de seus cargos com pessoas com deficiência (PCDs) ou beneficiários reabilitados. A

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Lei, que completou 25 anos em 2016, trouxe grandes conquistas para essa parcela da população: de acordo
com o Ministério do Trabalho, nos últimos cinco anos, houve um aumento de 20% na participação desses
profissionais no mercado. Segundo censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2010,
há cerca de 45 milhões de brasileiros com algum tipo de deficiência – quase 24% da população. Entretanto,
na última Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), realizada em 2014 pelo Ministério do Trabalho,
apenas 381 mil vínculos empregatícios são declarados como PCDs – o que representa 0,77% do total de
empregos formais no Brasil.

(...)

Diversas organizações já oferecem serviços de adequação do ambiente de trabalho às PCDs. Essa


atitude, inclusive, deve ser tratada como um investimento, uma vez que a produtividade do funcionário só
poderá ser garantida se ele tiver as condições necessárias para desenvolver as suas funções com
autonomia. Alberto Pereira, assessor de inclusão da Laramara, Associação Brasileira de Assistência ao
Deficiente Visual, diz que uma das maiores dificuldades dos empregadores hoje ainda é reconhecer a
capacidade e o potencial das PCDs. “Têm muitas pessoas com ótima formação acadêmica, potencial de
desenvolvimento e lideranças. No entanto, elas ainda são contratadas pelas cotas e em cargos aquém da
sua capacidade”, ressalta.

Disponível em: <https://economia.estadao.com.br/blogs/ecoando/cotas-ajudam-mas-falta-inclusao-o-que-pessoas-


com-deficiencia-enfrentam-no-mercado-de-trabalho/> Acesso em: set.2019.

Texto 2.

A frase mais repetida por todos os que trabalham com a inclusão de pessoas com deficiência é: a
inclusão é um processo. É o que falamos para nós mesmos e para nossos companheiros de estrada; em
momentos de comemoração e também para nos animar frente a um aparente retrocesso. Essa sentença
tem complementos, dos quais o mais frequente é o que compara nosso árduo trabalho ao das
“formiguinhas”. Nesse caso, lembro sempre de uma observação de Rosangela Berman Bieler, jornalista e
ativista do movimento das pessoas com deficiência no Brasil: “Torço para que, um dia, esse formigueiro
tão grande, que construímos com tanto afinco, mas sem que a sociedade o visse, exploda como um vulcão,
se espalhe por uma área enorme e seja visto por todos!”.

Falar que a inclusão é um processo significa dizer que ela muda à medida que avança, encontra
dificuldades e pode dar passos para trás até descobrir outros caminhos – a partir da interação com as
pessoas, com os fatos e com as circunstâncias de cada tempo e momento. Significa também dizer que ela
nasce dentro de cada um de nós, mesmo naqueles que já se consideram “inclusivos”. Sempre temos algo
a aprender. Há sempre mais uma fronteira para transpor. Se a inclusão da pessoa com deficiência é
dinâmica, como ela está em 2017? Ainda é a mesma de quando surgiu, mais ou menos em meados da
década de 1990?

Disponível em: <https://diversa.org.br/artigos/desafios-na-formacao-docente-para-a-educacao-inclusiva/> Acesso


em set. 2019.

A partir desses textos de apoio, pode-se depreender que um possível tema, recorte temático e a
tese a ser desenvolvida na redação são, respectivamente:

TEMA: Inclusão social.

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RECORTE TEMÁTICO: A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho

TESE: Ainda que tenha havido uma maior inclusão das pessoas com deficiência no ambiente escolar,
proporcionando uma formação de qualidade para essas pessoas, ainda há obstáculos no mercado de
trabalho, causadas principalmente pela ideia de que deve-se contratar alguém apenas para cumprir uma
cota, sem atentar-se para a formação acadêmica e profissional desse indivíduo.

Comprovação por dados


Uma comprovação por dados é aquele que utiliza dados concretos, ou seja, busca no texto
elementos quantificáveis, como estatísticas, pesquisas e porcentagens, que possam embasar a
argumentação.

Partindo da estrutura que propusemos e dos textos de apoio apresentados, veja um exemplo de
argumentação por comprovação:

Ex.:

Ainda que tenha havido uma melhora no número de pessoas com deficiência contratadas – um aumento
de 20% de participação nos últimos cinco anos – muito motivada pela Lei 8.213, que determina cotas para
PCDs, ainda há uma resistência das empresas em contratar pessoas com alguma deficiência. Ao se
preocupar apenas em preencher um número exigido por lei, os empregadores estão correndo o risco de
obterem prejuízo financeiro, pois um trabalhador obrigado a exercer uma função aquém de sua
capacidade, fica desestimulado e se torna menos produtivo.

Comprovação por exemplificação


Na comprovação por exemplificação, utiliza-se a experiência empírica de outras pessoas como base
para a argumentação. Além disso, pode-se utilizar eventos do dia a dia ou notícias como exemplo de um
argumento que se pretenda comprovar. Apoiar sua informação em exemplos a partir do próprio texto é
um modo de demonstrar à banca que você é capaz de compreender as informações disponibilizadas e
conjugá-las de maneira coerente.

Diversos elementos extratextuais podem servir como base para um argumento por exemplificação:

• Passagens históricas

• Notícias e eventos que ficaram populares e amplamente conhecidos

• Experiências pessoais ou de pessoas a seu redor, desde que reconhecíveis por todos e citadas de
maneira impessoal.

ATENÇÃO!

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Muitas vezes, os alunos acham que o corretor é obrigado a conhecer todas as referências ou
acontecimentos da atualidade. Você NÃO DEVE cair nesse erro!
Ainda que alguns eventos pareçam conhecidos por todos, não presuma que o corretor vai completar
informações.
Mesmo que você utilize exemplos conhecidos, não deixe de explicá-los minimamente para garantir que
você não perca pontos.

Partindo da estrutura que propusemos e dos textos de apoio apresentados, veja um exemplo de
argumentação por exemplificação:

Ex.:

A preocupação em preencher a cota para trabalhadores PCDs nem sempre está alinhada com uma
responsabilidade pelo bem-estar do contratado. Há casos, por exemplo, em que ocorre a contratação de
uma pessoa com deficiência, porém não para uma área em que ela possua experiência ou habilidade. Isso
acaba desmotivando o empregado e, consequentemente, gerando prejuízos à empresa.

Comprovação por literatura


A comprovação por literatura são baseados em obras literárias do cânone, ou seja, aquelas obras
consideradas clássicas (aquelas que estudamos na escola). Há necessidade de prestarmos muita atenção
com relação àquilo que entendemos da obra, dado que seu corretor tem conhecimento pleno desse
repertório (inclusive, por isso é tão recomendado)..

Ex.:

2.4 – Análise de redação


Veja um exemplo de redação que constrói sua argumentação a partir de exemplos que não estejam
necessariamente no texto (argumento por exemplificação). O tema da redação era “O altruísmo e o
pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo?”, e apareceu na prova da FUVEST

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 18
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(2011). Aqui, o aluno utiliza, no terceiro parágrafo, o exemplo do paisagista Roberto Burle Marx. Perceba
que ele explica quem é a pessoa citada sem presumir que o corretor sabe quem é – mesmo que Burle Marx
seja uma personalidade bastante conhecida.
Introdução
Desenvolvimento
Conclusão

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 19
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2.5 – Exercícios de argumentação


Vamos fazer alguns exercícios para treinar a argumentação. Em todos eles, há espaço para a
redação de um argumento principal e um secundário. Como escrevê-los (por comprovação, exemplificação
ou princípio) fica a seu critério. Pratique e compreenda qual você tem mais facilidade.

Vamos lá?

I.

Texto 1.

A primeira ideia que a maioria dos brasileiros tem sobre os índios é a de que eles constituem um
bloco único, com a mesma cultura, compartilhando as mesmas crenças, a mesma língua. Ora, essa é uma
ideia equivocada, que reduz culturas tão diferenciadas a uma entidade supra étnica. O Tukano, o Desana,
o Munduruku, o Waimiri-Atroari deixa de ser Tukano, Desana, Munduruku e Waimiri-Atroari para se
transformar no “índio”, isto é, no “índio genérico”. Alguém aí pode objetar: - Ah, mas existe também
“europeu” como uma denominação genérica que engloba vários povos de línguas e culturas diversas e
ninguém questiona isso. É verdade. No entanto, quando um português ou um francês dizem que são
europeus, essa denominação genérica não apaga a particular. Eles continuam sendo, cada um, português
ou francês. No entanto, no caso do “índio”, o equívoco está em que o genérico apaga as diferenças. O
“índio” deixa de ser Tukano, Desana, etc. para se transformar simplesmente no “índio”.

FREIRE, José Ribamar Bessa Freire. Cinco ideias equivocadas sobre os índios. Disponível em:
<http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/pdf/cinco_ideias_equivocadas_jose_ribamar.pdf>
Acesso em set. 2019.

Texto 2.

A terra indígena não é apenas o espaço ocupado pelos índios, mas todo o espaço necessário para
a sobrevivência de sua cultura.

O estudo para sua demarcação, portanto, leva em conta todo o território utilizado pelo índio para
sobreviver e para manter suas crenças, em respeito à Constituição Federal. São 115 terras em estudo
para demarcação no país.

(...)

O procedimento de demarcação de terras é composto pelas seguintes fases: fase de identificação


e delimitação, fase de demarcação física, fase da homologação e fase do registro das terras indígenas. A
terra indígena está livre para utilização a partir do momento em que é homologada. São, portanto, 440
áreas homologadas e regularizadas no país, do total de 672 contabilizadas pela Funai. Segundo a Funai,
no entanto, essas terras não estão livres de conflitos.

Adaptado de Ministério Público do Paraná. Disponível em:


<http://www.direito.mppr.mp.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=255> Acesso em set.2019

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 20
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TEMA: A questão indígena no século XXI

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Argumentação:

Argumento 1:

Argumento 2:

Antes de ler o comentário, lembre-se:

Não há uma resposta completamente certa quando o assunto é o texto dissertativo.

Defender um ponto de vista tem mais a ver com a capacidade de conseguir embasar sua opinião
com argumentos consistentes do que com estar “certo”.

Aqui, apontamos caminhos possíveis.

Nos dedicamos sempre a um tema específico nos comentários, o que não significa que seja o único
tema possível.

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 21
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Comentário:

Uma opção de tema acerca desses textos de apoio é “a questão indígena no Brasil”. O texto 1 fala
sobre os estereótipos que criamos em torno dos grupos étnicos indígenas. O texto afirma que há um
reforço constante na ideia de que o “índio” é “uma cousa só”, ou seja, que não há particularidades ou
especificidades entre os diversos povos indígenas brasileiros. O texto ainda aponta para uma diferença de
tratamento entre as nacionalidades europeias e as indígenas brasileiras, em que a primeira goza de maior
reconhecimento. Já o texto 2 aponta para o modo como é determinada a demarcação de terras indígenas
no Brasil. O texto relata as determinações que guiam o processo e qual a função e importância de demarcar
esses territórios.

A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:

• Por que motivo temos uma visão estereotipada ou deturpada dos povos indígenas?

• Como a visão que temos dos indígenas pode influenciar nos processos práticos, com ao demarcação
de terras?

• Qual a importância – ou não – da demarcação das terras indígenas hoje?

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:

• Apesar de brasileiros, temos pouco conhecimento de passagens da nossa história. Essas escolhas
do que deve ou não ser ensinado nunca são gratuitas. Elas são parte de um projeto de ensino e
construção de pensamento na sociedade, que se beneficia dessas escolhas.

• Por entendermos os grupos étnicos indígenas como parte de um todo sem particularidades não
entendemos que eles podem possuir necessidades específicas. Assim, temos dificuldade em
compreender por que motivo seria necessário preservar essas culturas e identidades.

• Se as terras indígenas demarcadas têm outras funções que não apenas a preservação da cultura
daqueles povos – como preservação ambiental, por exemplo – então a importância em preservar
essas terras é de interesse de todos, não apenas de um grupo.

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 22
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II.

Texto 1.

Disponível em: < https://www.marcoeusebio.com.br/coluna/teoria-da-evolucao-na-charge-do-


amarildo/32472?a=coluna&b=teoria-da-evolucao-na-charge-do-amarildo&c=32472> Acesso em set.2019.

Texto 2.

No documentário Zumbi Somos Nós, que estreou ontem à noite na TV Cultura, existe uma crítica
à maneira como a mídia trabalhou, em 2005, no episódio em que o zagueiro argentino Desábato xingou
o atacante brasileiro Grafite e saiu do estádio do Morumbi para uma delegacia policial. Quem explica
essa visão é o DJ Eugênio Lima, um dos integrantes da Frente 3 de Fevereiro, que criou o documentário.

Eugênio Lima:

– Ela avalizava o senso comum. Não tinha nenhuma posição crítica. Na verdade, ela confirmava
algo que depois fomos comprovar a partir de pesquisas. Perguntado para as pessoas se eram racistas,
90% das pessoas disseram que não. Perguntadas sobre se existe racismo no Brasil, 95% dessas mesmas
pessoas disseram que sim. Racista é sempre o outro, mas cada um não é racista. Mas existe o racista.
Aquele caso é exemplar. Porque era um caso de racismo que só nos competia delatar. O outro era
argentino. Nem brasileiro era. A mídia reforçou uma ideia do senso comum que é: o brasileiro é uma
espécie de ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados. Ela, que deveria ter um
papel crítico diante da situação, não tem nenhum papel crítico. Ela só reforça os estereótipos e a ideia
do senso comum.

Por Mauro Malin em 28/05/2007, Observatório da Imprensa. Trecho disponível em:


<http://observatoriodaimprensa.com.br/radio/gtreacao-venezuelanaracistas-sao-os-outros/> Acesso em
set.2019.

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TEMA: A persistência do racismo no Brasil

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Argumentação:

Argumento 1:

Argumento 2:

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Comentário:

Uma opção de tema acerca desses textos de apoio é “racismo” e “preconceito contra negros”. O
texto 1 apresenta um chimpanzé mostrando que sente vergonha de ser associado aos seres humanos de
algum modo. O texto joga com a prática racista de ofender pessoas negras com o xingamento de “macaco”,
pois aqui, a verdadeira ofensa para o chimpanzé é ser ligado aos homens. A ideia de que o homem descenda
do macaco, ainda que muito popular no senso comum, não é verdadeira. Tanto o chimpanzé quando o
homem descendem de um ancestral comum, ou seja, cada um descende de uma linhagem que divergiu de
um mesmo ancestral. O texto 2 parte de um documentário sobre racismo para apresentar uma conta que
não fecha: apesar de 90% das pessoas afirmarem que não são racistas, 95% das pessoas acreditam que o
racismo exista. Será possível que os 10% restantes da população poderiam ser responsáveis por todo o
racismo do mundo? O que o texto deixa implícito que é possível que sejamos racistas mesmo sem perceber.

A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:

• A persistência do racismo, mesmo diante da ideia de que haveria uma suposta harmonia racial no
Brasil.

• O papel da mídia e das comunicações na perpetuação do racismo.

• A dificuldade em reconhecer-se preconceituoso e as razões para isso.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:

• Há uma aparente estabilidade nas relações e nas tensões raciais. Porém, diante de qualquer
instabilidade nessas relações, o racismo emerge. Alguém pode agir de maneira que não
concordamos ou podemos nos incomodar com alguém a todo momento. Como reagimos a essas
situações? Somos capazes de responder de maneira preconceituosa?

• Quais são as imagens da mídia de pessoas negras? Que personagens ou conflitos estamos
habituados a ver pessoas negras nas produções artísticas, principalmente no audiovisual e na
publicidade? De que maneira nos habituamos a pensar pessoas negras sempre do mesmo modo ou
no mesmo lugar?

• A ideia de que se possa ser preconceituoso é difícil para a maioria das pessoas. Costumamos querer
nos enxergar como pessoas que não têm preconceito ou que tratam a todos da mesma maneira.
Não parece possível, porém, que tantos casos de racismo sejam sempre cometidos pelas mesmas
pessoas.

• Criados numa sociedade racista por tanto tempo, somos ensinados ideias e práticas racistas ainda
que não as percebamos como tal.

III.

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Texto 1.

Impera, hoje, o apelo emblemático ao prazer. Um prazer que não se resume apenas à ausência
de sofrimento, mas que há de ser intenso, imediato, não-negociável. O imperativo é: “quero agora, quero
muito, quero tudo, e sempre”. O discurso social idolatra a posição de plenitude alcançada sem muito
esforço. É a tentativa de abolição da falta, do vazio e de qualquer insatisfação. Já não se valoriza a
satisfação “pequena”, “ordinária”, “comum”; o máximo de prazer - e que seja imediato - é o que se quer.

Estar sempre bem, de bom humor são os “estados de espírito” que o discurso atual valoriza. O
desejo visa, sempre, à imediata satisfação, já que seu adiamento apresenta-se intolerável. Não há
abertura para escolhas, e a negociação entre perdas e ganhos inexiste: “quer-se tudo, e agora!” (...)

Penetra-se, então, no universo das drogas: das drogas ilícitas ou dos medicamentos prescritos
pela Psiquiatria; participantes, tanto uma quanto o outro, do mesmo universo, na medida em que visam
a tornar o Eu apto ao exercício da cidadania do espetáculo. Enquanto as chamadas drogas pesadas têm
por fim a exaltação nirvânica do Eu, inebriando a individualidade para o desempenho na cultura da
imagem, as drogas ditas medicinais pretendem, ao conter angústias e sentimento, capacitar o indivíduo
para as mazelas do narcisismo.

PELEGRINI, Marta Regueira Fonseca Pelegrini. O abuso de medicamentos psicotrópicos na contemporaneidade.


Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98932003000100006> Acesso
em 29 ago. 2019.

Texto 2.

A maior parte das pessoas, quando ouvem falar em “Saúde Mental” pensam em “Doença
Mental”. Mas, a saúde mental implica muito mais que a ausência de doenças mentais.

Pessoas mentalmente saudáveis compreendem que ninguém é perfeito, que todos possuem
limites e que não se pode ser tudo para todos. Elas vivenciam diariamente uma série de emoções como
alegria, amor, satisfação, tristeza, raiva e frustração. São capazes de enfrentar os desafios e as mudanças
da vida cotidiana com equilíbrio e sabem procurar ajuda quando têm dificuldade em lidar com conflitos,
perturbações, traumas ou transições importantes nos diferentes ciclos da vida.

A Saúde Mental de uma pessoa está relacionada à forma como ela reage às exigências da vida e
ao modo como harmoniza seus desejos, capacidades, ambições, ideias e emoções.

Disponível em: <http://www.saude.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=2862> Acesso em: 29


ago.2019.

TEMA: Saúde mental na atualidade

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Argumentação:

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Argumento 1:

Argumento 2:

Comentário:

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Tema 3.
O termo “saúde mental” tem entrado no nosso vocabulário e se tornou popular entre as
pessoas mais jovens devido a uma série de acontecimentos. Segundo definição da Organização
Mundial da Saúde (OMS), saúde mental é um estado de bem-estar no qual o indivíduo é capaz de
usar suas próprias habilidades, recuperar-se do estresse rotineiro, ser produtivo e contribuir com
a sua comunidade.
Para a ONU, a saúde mental é mais do que a ausência de transtornos mentais, como
ansiedade (também chamado de transtorno de ansiedade generalizado), depressão, transtorno
bipolar etc. É o bem-estar físico, mental e social. Não é apenas uma questão clínica: fatores
socioeconômicos podem influenciar numa perda da saúde mental.
A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:
➢ O abuso de medicamentos psicotrópicos no contemporâneo.
➢ A saúde mental no contemporâneo: razões para o abalo e possíveis estratégias para
melhorá-la.
➢ A pressões da sociedade e sua responsabilidade nos abalos psíquicos.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:
➢ Quais métodos a sociedade vem buscando para coibir o aumento do uso de medicamentos
e o aumento das doenças mentais? Há algo de fato sendo feito ou a sociedade em geral
prefere medicar do que atacar a raiz do problema?
➢ Como está a saúde mental em cada idade? O que influi na vida das crianças, jovens, adultos
e idosos para que haja abalos em sua saúde mental?
➢ Qual a imagem das pessoas que sofrem com algum distúrbio ou fazem uso de algum
medicamento na sociedade? Há uma visão pejorativa dessas pessoas? Há ainda uma
romantização em torno da ideia da loucura?

IV. Tema 4.

Texto 1.

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Preconceito linguístico

O que seria o tal preconceito linguístico? Ele existe? Se sim, qual a sua natureza? Se deve ser
combatido, como todos os preconceitos, quais deveriam ser as armas de combate?

Talvez seja bom começar por uma definição de preconceito. A do Dicionário Houaiss é bastante
esclarecedora. Segundo essa fonte, preconceito é “qualquer opinião ou sentimento, quer favorável quer
desfavorável, concebido sem exame crítico”, o que em seguida é mais bem especificado: “ideia, opinião
ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento, ponderação ou razão”.

Na segunda acepção, o preconceito é definido como “atitude, sentimento ou parecer insensato,


especialmente de natureza hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma
experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância”. Os preconceitos que se tornaram mais
conhecidos e cujo combate é mais aceito são o racial e o de gênero.

A expressão “preconceito linguístico” é mais ou menos corrente entre leitores de sociolinguística,


disciplina que estuda o fenômeno da variação linguística, os fatores que a condicionam e as atitudes da
sociedade em relação às variedades.

Por Sírio Possenti em 27/12/2011 na edição 674. Trecho disponível em: <
http://observatoriodaimprensa.com.br/imprensa-em-questao/ed674-preconceito-linguistico/> Acesso em set.
2019.

Texto 2.

O que o seu sotaque diz sobre você?

Em 14 de novembro de 1922, a BBC colocou no ar sua primeira reportagem de rádio no Reino


Unido. Não podemos ouvi-la porque não foi gravada, mas sabemos do que se trata: a matéria foi lida em
uma pronúncia impecável chamada de RP, a pronúncia padrão da língua inglesa utilizada no Reino Unido,
conhecida popularmente como "o inglês da rainha". É considerada a linguagem das elites, do poder e da
realeza.

Por muitos anos, a BBC só podia permitir sotaques "RP" em suas estações de rádio. Esse sotaque
virou o sinônimo da voz de uma nação e isso tinha conotações muito claras. O RP era confiável, autoritário
e sincero. Felizmente, a BBC agora permite toda a variedade de sotaques regionais em suas redes -
inclusive encoraja isso com o objetivo de representar a audiência diversa que a BBC tem e também para
atrair mais pessoas.

Por mais que a BBC não use mais apenas o RP, parece que a predisposição que havia em relação
a ele continua predominante na sociedade ainda hoje. Nossos sotaques podem ser uma janela para
nossas origens sociais - e nossos preconceitos. Nossas parcialidades podem ser tão fortes que chegam a
afetar nossa percepção de quem é ou não confiável.

Os humanos podem julgar muito rapidamente alguém com base em sotaques e muitas vezes nem
o percebem.

Melissa Hogenboom, da BBC Future, 16 abril 2018. Trecho disponível em:


<https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-43599351> Acesso em: set.2019.

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 29
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TEMA: Como enfrentar o preconceito linguístico?

RECORTE TEMÁTICO:

TESE:

Argumentação:

Argumento 1:

Argumento 2:

Comentário:

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 30
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Uma opção de tema que contemplaria uma boa variedade de assuntos é “o preconceito linguístico”,
já presente e definido no texto 1. O caso dos sotaques no jornalismo no texto 2 parece ser, aqui, um
exemplo dentre outros possíveis de estranhamento e preconceito contra as diferentes variantes
linguísticas. Esse texto também indica que não é um problema exclusivo do Brasil, já que a reportagem
apresenta uma situação ocorrida no Reino Unido.

A partir desse tema, a argumentação pode se desenvolver em diversas direções:

• Os efeitos do preconceito linguístico na sociedade

• Preconceitos que não percebemos no dia a dia.

• Modos de combater o preconceito linguístico na sociedade.

Alguns pontos a levar em consideração e que podem ser argumentos a se desenvolver são:

• A ideia de que a norma culta do português deve ser soberana não é nova. Há um hábito frequente
de corrigir pessoas que não falem do modo que acreditamos ser “correto”.

• Há uma noção de que a fala deveria ser próxima da escrita para que fosse “certa”, porém nem
sempre o modo como escrevemos pode ser reproduzido.

• A oralidade conta com diversos elementos, como gírias, sotaques, abreviações etc. que não podem
ser reproduzidas na escrita.

• O que é mais importante na fala? Entende-se que o principal do processo comunicacional é “passar
a mensagem”, ou seja, ser compreendido pelo interlocutor. Assim, será realmente necessário que
se fale da maneira mais alinhada com a norma culta?

• Associamos o falar “errado” às classes mais pobres. O preconceito linguístico pode, portanto,
esconder na verdade um preconceito de classe.

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 31
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3- Prática de redação
(EPCAR – 2017)
TEXTO I

Em 1855, o cacique Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de Washington, enviou esta carta ao
presidente dos Estados Unidos (Francis Pierce), depois de o Governo haver dado a entender que pretendia
comprar o território ocupado por aqueles índios. Faz mais de um século e meio. Mas o desabafo do cacique
tem uma incrível atualidade.

“(...) De uma coisa sabemos, que o homem branco talvez venha a um dia descobrir: o nosso Deus
é o mesmo Deus. Julga, talvez, que pode ser dono Dele da mesma maneira como deseja possuir a nossa
terra. Mas não pode. Ele é Deus de todos. E quer bem da mesma maneira ao homem vermelho como ao
branco. A terra é amada por Ele. Causar dano à terra é demonstrar desprezo pelo Criador. O homem branco
também vai desaparecer, talvez mais depressa do que as outras raças. Continua sujando a sua própria cama
e há de morrer, uma noite, sufocado nos seus próprios dejetos. Depois de abatido o último bisão e domados
todos os cavalos selvagens, quando as matas misteriosas federem à gente, quando as colinas escarpadas
se encherem de fios que falam, onde ficarão então os sertões? Terão acabado. E as águias? Terão ido
embora. Restará dar adeus à andorinha da torre e à caça; o fim da vida e o começo da luta pela
sobrevivência. (...)

Talvez compreendêssemos com que sonha o homem branco se soubéssemos quais as esperanças
transmite a seus filhos nas longas noites de inverno, quais visões do futuro oferecem para que possam ser
formados os desejos do dia de amanhã. Mas nós somos selvagens. Os sonhos do homem branco são ocultos
para nós. E por serem ocultos temos que escolher o nosso próprio caminho. Se consentirmos na venda é
para garantir as reservas que nos prometeste. Lá talvez possamos viver os nossos últimos dias como
desejamos. Depois que o último homem vermelho tiver partido e a sua lembrança não passar da sombra
de uma nuvem a pairar acima das pradarias, a alma do meu povo continuará a viver nestas florestas e
praias, porque nós as amamos como um recém-nascido ama o bater do coração de sua mãe. Se te
vendermos a nossa terra, ama-a como nós a amávamos. Protege-a como nós a protegíamos. Nunca
esqueça como era a terra quando dela tomou posse. E com toda a sua força, o seu poder, e todo o seu
coração, conserva-a para os seus filhos, e ama-a como Deus nos ama a todos. Uma coisa sabemos: o nosso
Deus é o mesmo Deus. Esta terra é querida por Ele. Nem mesmo o homem branco pode evitar o nosso
destino comum."

(www.culturabrasil.pro.br/seattle1.htm. Acesso em 16/04/2016)

TEXTO II

Carta da Terra (excerto)

A Carta da Terra é um documento produzido no final da década de 1990 com a participação de 46


países.

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“Ela representa um grito de urgência face às ameaças que pesam sobre a biosfera e o projeto
planetário humano. Significa também um libelo em favor da esperança de um futuro comum da Terra e
Humanidade.” (Leonardo Boff)

PRINCÍPIOS

I. RESPEITAR E CUIDAR DA COMUNIDADE DA VIDA

(...)

4. Garantir as dádivas e a beleza da Terra para as atuais e as futuras gerações.

a. Reconhecer que a liberdade de ação de cada geração é condicionada pelas necessidades das gerações
futuras.

b. Transmitir às futuras gerações valores, tradições e instituições que apoiem, em longo prazo, a
prosperidade das comunidades humanas e ecológicas da Terra.

II. INTEGRIDADE ECOLÓGICA

5. Proteger e restaurar a integridade dos sistemas ecológicos da Terra, com especial preocupação pela
diversidade biológica e pelos processos naturais que sustentam a vida.

(...)

c. Promover a recuperação de espécies e ecossistemas ameaçadas.

d. Controlar e erradicar organismos não-nativos ou modificados geneticamente que causem dano às


espécies nativas, ao meio ambiente, e prevenir a introdução desses organismos daninhos.

e. Manejar o uso de recursos renováveis como água, solo, produtos florestais e vida marinha de forma que
não excedam as taxas de regeneração e que protejam a sanidade dos ecossistemas.

6. Prevenir o dano ao ambiente como o melhor método de proteção ambiental e, quando o conhecimento
for limitado, assumir uma postura de precaução.

a. Orientar ações para evitar a possibilidade de sérios ou irreversíveis danos ambientais mesmo quando a
informação científica for incompleta ou não conclusiva.

(...)

d. Impedir a poluição de qualquer parte do meio ambiente e não permitir o aumento de substâncias
radioativas, tóxicas ou outras substâncias perigosas.

(...)

(Ministério do Meio Ambiente. www.mma.gov.br/estruturas/agenda21/_arquivos/carta-terra.pdf. Acesso em 20/05/2016)

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TEXTO III

O Sal da Terra Terra!


Beto Guedes És o mais bonito dos planetas
Anda! Tão te maltratando por dinheiro
Quero te dizer nenhum segredo Tu que és a nave nossa irmã
Falo desse chão, da nossa casa
Vem que tá na hora de arrumar Canta!
Leva tua vida em harmonia
Tempo! E nos alimenta com seus frutos
Quero viver mais duzentos anos Tu que és do homem, a maçã
Quero não ferir meu semelhante
Nem por isso quero me ferir Vamos precisar de todo mundo
Um mais um é sempre mais que dois
Vamos precisar de todo mundo Pra melhor juntar as nossas forças
Pra banir do mundo a opressão É só repartir melhor o pão
Para construir a vida nova Recriar o paraíso agora
Vamos precisar de muito amor Para merecer quem vem depois
A felicidade mora ao lado
E quem não é tolo pode ver Deixa nascer, o amor
Deixa fluir, o amor
A paz na Terra, amor Deixa crescer, o amor
O pé na terra Deixa viver, o amor
A paz na Terra, amor O sal da terra
O sal da
(www.mundojovem.com.br/musicas/o-sal-da-
terra-beto-guedestransito. Acesso em
18/04/2016.)

Com base nos textos desta prova, na charge abaixo e no seu conhecimento de mundo, escreva um
texto dissertativo-argumentativo, em prosa, utilizando como tema: A poluição, o homem e a Terra.

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 34
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(AFA – 2017)
Com o crescimento da expectativa de vida no Brasil, a população de idosos tende a aumentar
gradativamente. Considerando essa realidade, escreva um texto dissertativo-argumentativo, em
prosa, sobre o tema: VIVER MUITO COM QUALIDADE DE VIDA. Apresente em seu texto propostas
concretas que viabilizem o envelhecer com qualidade.

TEXTO I TEXTO II
RETRATO ENVELHECER
Eu não tinha este rosto de hoje, Arnaldo Antunes/ Ortinho/ Marcelo Jeneci
Assim calmo, assim triste, assim A coisa mais moderna que existe nessa vida é
magro, [envelhecer
Nem estes olhos tão vazios, A barba vai descendo e os cabelos vão caindo pra
Nem o lábio amargo [cabeça aparecer
Eu não tinha estas mãos sem força, Os filhos vão crescendo e o tempo vai dizendo que
Tão paradas e frias e mortas; [agora é pra valer
Eu não tinha este coração Os outros vão morrendo e a gente aprendendo a
Que nem se mostra. [esquecer
Eu não dei por esta mudança, Não quero morrer pois quero ver como será que deve
Tão simples, tão certa, tão fácil: [ser envelhecer
– em que espelho ficou perdida Eu quero é viver para ver qual é e dizer venha pra o
a minha face? [que vai acontecer
(MEIRELES, Cecília. Obra Poética de Cecília (...)
Meireles. Rio de Janeiro: José Aguilar, Pois ser eternamente adolescente nada é mais
1958.) [démodé* com os ralos fios de cabelo sobre a
[testa que não para de crescer
Não sei por que essa gente vira a cara pro presente e
[esquece de aprender
Que felizmente ou infelizmente sempre o tempo vai
[correr.
(...)
(www.arnaldoantunes.com.br/new/sec_discografia_sel.php?id=679)

TEXTO III

ESTATUTO DO IDOSO (fragmentos)

Art. 2 – O idoso goza de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da
proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhe, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, para preservação de sua saúde física e mental e seu aperfeiçoamento moral,
intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade.

Art. 4 – Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou
opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou por omissão, será punido na forma da lei.

(www.planalto.gov.br/ccvil_03/leis/2003/L10.741.htm)

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 35
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TEXTO IV

PARA SEMPRE JOVEM

Recentemente, vi na televisão a propaganda de um jipe que saltava obstáculos como se fosse um


cavalo de corrida. Já tinha visto esse comercial, mas comecei a prestar atenção na letra da música, soando
forte e repetindo a estrofe de uma canção muito conhecida, “forever Young...I wanna live forever and
Young...(para sempre jovem...quero viver para sempre e jovem). Será que, realmente, queremos viver
muito e, de preferência, para sempre jovens? (...)

O crescimento da população idosa nos países desenvolvidos é uma bomba-relógio que já começa a
implodir os sistemas previdenciários, despreparados para amparar populações com uma média de vida em
torno de 140 anos. A velhice se tornou uma epidemia incontrolável nos países desenvolvidos. Sustentar a
população idosa sobrecarrega os jovens, cada vez em menor número, pois, nesses países, há também um
declínio da natalidade. Será isso socialmente justo?

Uma pessoa muito longeva consome uma quantidade total de alimentos muito maior do que as
outras, o que contribui para esgotar mais rapidamente os recursos finitos do planeta e agravar ainda mais
os desequilíbrios sociais. Para que uns poucos possam viver muito, outros terão de passar fome. Será que,
em um futuro breve, teremos uma guerra de extermínio aos idosos, como na ficção do escritor argentino
Bioy Casares, O diário da guerra do porco? Seria uma guerra justa? /.../

(TEIXEIRA, João. Para sempre jovens. In: Revista Filosofia: ciência & vida. Ano VII, n. 92, março-2014, p. 54.)

TEXTO V

PROMESSA CONTRA SINAIS DA IDADE

O tempo passa, e com ele os sinais da idade vão se espalhando pelo nosso organismo. Entre eles,
os mais evidentes ficam estampados em nossa pele, e rostos, na forma de rugas, flacidez e perda de
elasticidade. Um estudo publicado ontem no periódico científico “Journal of Investigative Dermatology”,
no entanto, identificou um mecanismo molecular em células da pele que pode estar por trás deste
processo, abrindo caminho para o desenvolvimento de novos tratamentos para, se não impedir, pelo
menos retardar o envelhecimento delas e, talvez, as de outros tecidos e órgãos do corpo.

Na pesquisa, cientistas da Universidade de Newcastle, no Reino Unido, analisaram amostras de


células da pele de vinte e sete doadores com entre seis e 72 anos, tiradas de locais protegidos do Sol, para
determinar se havia alguma diferença no seu comportamento com a idade. Eles verificaram que, quanto
mais velha a pessoa, menor era a atividade de suas mitocôndrias, as “usinas de energia” de nossas células.
Essa queda, porém, era esperada, já que há décadas a redução na capacidade de geração de energia por
essas organelas celulares e na sua eficiência neste trabalho com o tempo é uma das principais vertentes
nas teorias sobre envelhecimento.

/.../

(BAIMA, César. O Globo,27 de fev.2016, p.24.)

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 36
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TEXTO VI

LEITE DERRAMADO

“Um homem muito velho está num leito de hospital. E desafia a quem quiser ouvir suas
memórias. Uma saga familiar caracterizada pela decadência social e econômica, tendo
como pano de fundo a história do Brasil dos últimos dois séculos.”

Não sei por que você não me alivia a dor. Todo dia a senhora levanta a persiana com bruteza e joga
sol no meu rosto. Não sei que graça pode achar dos meus esgares, é uma pontada cada vez que respiro. Às
vezes aspiro fundo e encho os pulmões de um ar insuportável, para ter alguns segundos de conforto,
expelindo a dor. Mas bem antes da doença e da velhice, talvez minha vida já fosse um pouco assim, uma
dorzinha chata a me espetar o tempo todo, e de repente uma lambada atroz. Quando perdi minha mulher,
foi atroz. E qualquer coisa que eu recorde agora, vai doer, a memória é uma vasta ferida. Mas nem assim
você me dá os remédios, você é meio desumana. Acho que nem é da enfermagem, nunca vi essa cara sua
por aqui. Claro, você é a minha filha que estava na contraluz, me dê um beijo. Eu ia mesmo lhe telefonar
para me fazer companhia, me ler jornais, romances russos. Fica essa televisão ligada o dia inteiro, as
pessoas aqui não são sociáveis. Não estou me queixando de nada, seria uma ingratidão com você e com o
seu filho. Mas se o garotão está tão rico, não sei por que diabos não me interna em uma casa de saúde
tradicional, de religiosas. Eu próprio poderia arcar com viagem e tratamento no estrangeiro, se o seu
marido não me tivesse arruinado.

(BUARQUE, Chico. Leite derramado. São Paulo: Companhia das Letras, 2009, p. 10 – 11.)

(Estratégia Militares - 2020)


TEXTO 1

Transumanismo e o uso da tecnologia para aprimorar a condição humana

Por Douglas Ciriaco | 16 de Setembro de 2015

A vida humana é repleta de dúvidas, incertezas e indagações. De frases célebres que se tornaram
clichês, como o clássico “de onde viemos e para onde vamos?”, até a incessante busca pela vida eterna e
pela imunidade aos efeitos do tempo, nós, humanos, lutamos para permanecer enquanto espécie.

Encaixando essa perspectiva dentro do panorama atual da vida na Terra, com avanços tecnológicos
convivendo com crises ambientais, sociais e econômicas, é quase impossível não pensar em um futuro no
qual a tecnologia esteja cada vez mais presente, mais do que apenas em nossas casas: também em nossos
corpos.

Uma corrente filosófica emergente chamada transumanismo, representada pelo símbolo H+,
defende a aplicação da tecnologia avançada na superação dos limites impostos pela condição humana.
Limitações intelectuais, físicas e psicológicas podem e devem, de acordo com os transumanistas, ser
ultrapassadas com o apoio de biotecnologia, nanotecnologia e neurotecnologia.

Já pensou em implantes oculares capazes de incrementar a sua visão? Ou então microchips que,
adicionados ao seu cérebro, permitem ampliar sua capacidade de memória? Ou, indo muito mais além, um

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 37
Prof.ª Celina Gil

conjunto de hardware mecânico que transforme você em ciborgue imortal? Os transumanistas respondem
afirmativamente para todas estas questões.

O termo transumanismo foi criado pelo biólogo britânico Julian Huxley, irmão do escritor Aldous
Huxley, em 1957. Huxley definia este conceito como “homem continuando homem, mas transcendendo,
ao perceber novas possibilidades de e para sua natureza humana".

Os ideais transumanistas se fundamentam, basicamente, em dois pilares, de acordo com filósofo


brasileiro Gledinélio Silva Santos. O primeiro deles seria o combate ao envelhecimento e, em consequência
disso, a morte; o segundo, é o que trata a simbiose entre orgânico e cibernético como o próximo passo da
evolução humana.

(Disponível em: <https://canaltech.com.br/ciencia/transumanismo-e-o-uso-da-tecnologia-para-aprimorar-a-


condicao-humana-49223/> Acessp em 26 mai. 2020)

TEXTO 2

O que explica nosso fascínio com Frankenstein, 200 anos após sua criação?

Lucy Todd, BBC / 3 janeiro 2018

Os filmes de terror estabeleceram a ideia de Frankenstein como a história de um monstro assassino


e irracional criado pelo homem. Mas a criação de Shelley era bem diferente.

“Shelley lida com os mesmos temas tratados pelos gregos”, diz Patricia MacCormack, professora de
Filosofia da Universidade Anglia Ruskin, no Reino Unido, e autora de estudos sobre obras de terror.

“As boas versões cinematográficas trazem a mesma visão crítica sobre a vida, a nossa busca por
propósito e os papéis que desempenhamos. O monstro não escolheu existir e questiona sua própria
existência: ‘Como me torno uma boa pessoa?’”

Na obra original, o cientista Victor Frankenstein dá vida a uma criatura com nuances, sensível e
curiosa. MacCormack diz que o monstro lida com as mais fundamentais questões humanas: “É a ideia de
perguntar ao seu criador qual é seu propósito. Por que estamos aqui? O que podemos fazer?”.

(...)

O romance de Shelley contém elementos fantásticos e de horror, e é a combinação deles que


tornam a história um sucesso.

“Ele nos fascina porque fala da relação entre vida e morte”, diz Sorcha Ni Fhlainn, palestrante de
Estudos de Cinema da Universidade Metropolitana de Manchester, no Reino Unido, e integrante do Centro
de Estudos Góticos de Manchester.

“A morte é absoluta. Então, a ideia de que você pode reanimar a carne é ao mesmo tempo chocante
e arrebatadora.”

(Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/geral-42537245> Acesso em 26 mai. 2020)

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 38
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TEXTO 3

Haroldo era um robô doméstico


Cozinheiro de forno e fogão
Quebrava o galho na limpeza
Assumindo sua profissão
E de nada reclamava ...
Do trabalho até gostava

De repente ele mudou


Havia alguma coisa errada
Chorava lágrimas de óleo
E já não fazia nada
Sem ter nunca revelado
Ele estava apaixonado

Então começou a desordem na casa


Haroldo irritado brigou com o patrão
Na briga caiu um abridor de latas
Que fez um estrago no seu coração
Cheio de aditivos e sujo de graxa
Morreu sem dizer sua grande paixão ...
(Haroldo, O robô doméstico – Erasmo Carlos)

Com base nos textos da prova de Língua Portuguesa, bem como no seu conhecimento de mundo,
escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre o seguinte tema:

Ética e responsabilidade social no conhecimento científico

(Estratégia Militares - 2021)


Texto I

Prestes a voar com humanos, a SpaceX enfrenta o maior desafio de sua história

Ninguém esperava que desse certo. Até mesmo seu fundador apontava para uma probabilidade na
qual poucos apostadores colocariam dinheiro: 1 para 10. Mas, mesmo assim, Elon Musk decidiu apostar
suas fichas e investiu cerca de US$ 100 milhões de seu próprio patrimônio em sua ideia. Ele contrariou
alertas de amigos e familiares e a lógica básica que dizia que não era boa ideia um empreendedor sem
experiência em voos espaciais ter uma empresa de foguetes. Mas o resultado – a Space Exploration
Technologies, ou ainda SpaceX – virou um dos casos mais improváveis da história do empreendedorismo
americano.

Foi uma combinação de disrupção, fracasso e triunfo, que transformou a ousada startup num
gigante industrial com cerca de 7 mil funcionários. Agora, a SpaceX, como é mais conhecida, enfrenta o

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 39
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teste mais significativo desde que foi fundada, em 2002. Em 27 de maio, a empresa sediada na Califórnia
deve lançar dois astronautas veteranos da NASA, Bob Behnken e Doug Hurley, para a Estação Espacial
Internacional. O voo é simbólico: sairá da mesma plataforma de lançamento do Centro Espacial Kennedy
que içou a tripulação da Apollo 11 à Lua.

Se tudo correr conforme o planejado, a missão anunciará uma era monumental na exploração
espacial: o primeiro lançamento à órbita de uma empresa privada. Os dois astronautas serão levados para
a estação espacial por um propulsor e uma espaçonave que são de propriedade da SpaceX e serão operados
pela empresa, marcando o fim da era em que apenas as espaçonaves governamentais chegavam a tais
alturas.

Será mais um passo rumo à privatização do espaço. A missão também pode significar uma vitória
da SpaceX sobre a rival Boeing, a outra empresa que tenta levar astronautas da NASA para a estação
espacial – e que vem tropeçando bastante ao longo do caminho.Mas, se a missão da SpaceX falhar, será
um revés trágico. Uma falha pode inviabilizar o plano da NASA de retomar o voo espacial humano a partir
do solo americano e alimentar as críticas que diziam que a agência espacial jamais deveria ter terceirizado
ao setor privado uma missão tão sagrada.

O voo – o primeiro com astronautas da NASA nos Estados Unidos desde que o ônibus espacial foi
aposentado, há quase uma década – é o ápice de anos de trabalho da SpaceX e da Nasa para acabar com
a dependência americana em relação à Rússia. Sem uma maneira de colocar os astronautas em órbita, a
Nasa teve de depender dos russos para chegar ao espaço nos últimos anos. Essa dependência, que causou
constrangimento à agência, pode se encerrar em breve, caso a SpaceX tenha sucesso.

(Disponível em: <https://link.estadao.com.br/noticias/empresas,prestes-a-voar-com-humanos-a-spacex-enfrenta-o-


maior-desafio-de-sua-historia,70003313064> Acesso em 27 mar. 2021)

Texto II

Seriam ETs os nossos líderes?

O ano de 2020 foi, sem sombra de dúvida, o mais surreal dos últimos séculos.

Somos uma geração que definitivamente entrou para a história.

Daqui cem, duzentos anos, este período será conhecido como A Grande Pandemia de 2020 e nós,
que conseguimos sobreviver ao coronavírus, ao desemprego, à ansiedade, ao medo, à insegurança, às filas
do auxílio emergencial, às declarações do Bolsonaro, à ineficiência de sua equipe, às bobagens de Trump,
seremos vistos como os heróis que, apesar de perder muita gente querida, demos continuidade a
humanidade.

Cumprimos o dever que a Natureza nos impôs.

Descobrimos em tempo recorde um punhado de vacinas e vamos começar 2021 com a esperança
renovada.

O ano mais terrível de nossas vidas acabou e sobrevivemos.

Numa escala Universal, somos uma geração de vencedores.

Não permitimos o colapso de nosso Planeta Azul, como aconteceu em Krypton, por exemplo.

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 40
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Por falar em Planeta, entre todas as surpresas que nos foram impostas, uma delas passou
praticamente despercebida e tem a ver exatamente com o Universo que nos cerca.

No meio de tantas notícias inacreditáveis, talvez a mais importante delas escapou de nossa atenção:
a de que o governo americano admitiu, em setembro, que suas Forças Armadas capturaram, em vídeo,
uma nave alienígena.

Claro que não anunciaram com todas as letras, afinal não queriam criar o caos.

Mas só o fato de revelarem se tratar de um OVNI, já é um fato histórico.

O ano mais terrível de nossas vidas acabou, sobrevivemos e vencemos. Não permitimos o colapso
de nosso Planeta Azul, como aconteceu em Krypton

Está lá no YouTube para quem quiser ver.

Um pontinho escuro numa tela de radar, voando sobre o oceano numa velocidade inimaginável.

Ao fundo, os soldados que capturaram a cena, vibram com a conquista, pois sabem se tratar de um
fato inexplicável.

Mas ninguém ligou.

Fosse outro ano e estaríamos assistindo especiais no Fantástico com homenzinhos verdes até hoje.

Mas em 2020 virou notícia velha em poucos dias.

Com a tragédia da Covid-19 ocorrendo em tempo real, a notícia mal chegou às manchetes.

Afinal, quem se importa com extraterrestres quando alguns terrestres são mais esquisitos que
qualquer alienígena?

(Disponível em <https://istoe.com.br/seriam-ets-os-nossos-lideres/> Acesso em 27 mar. 2021)

Texto III

(Disponível em <https://cantinholiterariososriosdobrasil.wordpress.com/2011/09/13/homem-linha-%E2%80%93-
lixo-espacial-%E2%80%93-tirinha-de-fabiano-dos-santos/> Acesso em 27 mar. 2021)

AULA 04 – DESENVOLVIMENTO II 41
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Texto IV

O único mistério do Universo é o mais e não o menos.

Percebemos demais as coisas — eis o erro e a dúvida.

O que existe transcende para baixo o que julgamos que existe.

A Realidade é apenas real e não pensada.

O Universo não é uma ideia minha.

A minha ideia do Universo é que é uma ideia minha.

A noite não anoitece pelos meus olhos.

A minha ideia da noite é que anoitece por meus olhos.

Fora de eu pensar e de haver quaisquer pensamentos

A noite anoitece concretamente

E o fulgor das estrelas existe como se tivesse peso.

(Trecho de A Verdade, Fernando Pessoa. Disponível em: <http://multipessoa.net/labirinto/alberto-caeiro/29>


Acesso em 27 mar. 2021)

Com base nos textos da prova de Língua Portuguesa, bem como no seu conhecimento de mundo,
escreva um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, sobre o seguinte tema:

Quem é o dono do Universo? – Por que ainda somos fascinados pelo Espaço Sideral.

Orientações

• Considere os textos da prova de Língua Portuguesa como motivadores e fonte de dados. Não os copie,
sob pena de ter a redação zerada.

• A redação deverá conter no mínimo 100 (cem) palavras, considerando-se palavras todas aquelas
pertencentes às classes gramaticais da Língua Portuguesa.

• Recomenda-se que a redação seja escrita em letra cursiva legível. Caso seja utilizada letra de forma (caixa
alta), as letras maiúsculas deverão receber o devido realce.

• Utilize caneta de tinta preta ou azul.

• Dê um título a sua redação.

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Considerações Finais
Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você não
acumule redações para a última hora, pois não teremos tempo para corrigir.

Na próxima aula, vamos nos aprofundar ainda mais no estudo do desenvolvimento, pensando
principalmente nos tipos de repertório possíveis para sua argumentação.
Qualquer dúvida estamos à disposição no fórum ou nas redes sociais.

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