Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Aula de Interpretação Textual - Prof Fabíola Soares - NOTAS
Aula de Interpretação Textual - Prof Fabíola Soares - NOTAS
Português
❏ Compreensão x Interpretação
❏ Apresentação de gêneros textuais específicos
❏ Interpretação de textos não-verbais
❏ Interpretação de textos literários
❏ Tipos de intertextualidade
É muito comum, entre os candidatos, a preocupação com a interpretação de textos. Isso acontece porque
lhes faltam informações específicas a respeito desta tarefa constante em provas relacionadas a concursos
militares.
Por isso, vão aqui alguns detalhes que poderão ajudar no momento de responder às questões
relacionadas a textos.
TEXTO – é um conjunto de ideias organizadas e relacionadas entre si, formando um todo significativo capaz de
produzir INTERAÇÃO COMUNICATIVA (capacidade de CODIFICAR E DECODIFICAR).
CONTEXTO – um texto é constituído por diversas frases. Em cada uma delas, há uma certa informação que a faz
ligar-se com a anterior e/ou com a posterior, criando condições para a estruturação do conteúdo a ser
transmitido. Nota-se que o relacionamento entre as frases é tão grande que, se uma frase for retirada de seu
contexto original e analisada separadamente, poderá ter um significado diferente daquele inicial.
INTERTEXTO - comumente são os textos que apresentam referências diretas ou indiretas a outros autores por
meio de citações.
PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares
EXPLICAR, COMENTAR, JULGAR, INTELECÇÃO, ENTENDIMENTO, ATENÇÃO AO QUE
TIRAR CONCLUSÕES, DEDUZIR. REALMENTE ESTÁ ESCRITO.
É muito comum, mais do que se imagina, a ocorrência de erros de interpretação. Os mais frequentes são:
1. Extrapolação (“viagem”)
Ocorre quando se sai do contexto, acrescentando ideias que não estão no texto, quer por conhecimento prévio do tema
quer pela imaginação.
2. Redução
É o oposto da extrapolação. Dá-se atenção apenas a um aspecto, esquecendo que um texto é um conjunto de ideias, o
que pode ser insuficiente para o total do entendimento do tema desenvolvido.
3. Contradição
Não raro, o texto apresenta ideias contrárias às do candidato, fazendo-o tirar conclusões equivocadas e,
consequentemente, errando a questão.
OBSERVAÇÃO - Muitos pensam que há a visão do escritor e a visão do leitor. Pode ser que existam, mas em uma
prova de concurso, o que deve ser levado em consideração é o que o AUTOR DIZ e nada mais.
Chamam-se pressupostos os elementos circunstanciais que podem ser considerados como antecedentes
necessários de outro, que se está analisando. O pressuposto é uma conjectura, uma suposição, uma pressuposição.
A seguir, veem-se alguns exemplos de mensagens que contêm pressupostos
● Diante da negativa de X em relação a um pedido feito, Y diz: “O verdadeiro amigo não nos deixa na mão diante de
nossas dificuldades.”
● A filha, parada diante da vitrine da loja de brinquedos, diz para o pai: “Está vendo aquela boneca que fala?
Todas as minhas amiguinhas têm uma...”
O texto informativo lida com dados factuais e a divulgação desses dados. É uma atividade comunicativa que deve
levar em conta a pertinência dos fatos: o que vale a pena ser divulgado, para quem e por que razão? Talvez não interesse
para o Brasil a construção de uma nova linha de metrô em Tóquio, mas certamente interessa saber que haverá uma
extensão no prazo de entrega do Imposto de Renda. Por isso, o jornalista deve selecionar o que dizer.
• Texto que envolve perguntas e respostas, entre um entrevistador (quem pergunta) e um entrevistado (quem
responde).
• Costuma mesclar uma linguagem mais formal com uma mais informal, já que conta com as marcas da oralidade (de
quando a entrevista foi feita presencialmente).
Observe abaixo parte de uma entrevista de Paulo Freire, publicada em 1992, pela Fundação Perseu Abramo.
Fundação Perseu Abramo - O conceito de alienação tem origem na Psiquiatria, por exemplo.
Paulo Freire - Exato. São coisas aparentemente coincidentes. E a esse conjunto de aparentes coincidências eu chamo de tramas no tempo, das quais
extraímos tudo.
FPA - Além da Psiquiatria, qual era o outro gosto que lhe tocava?
PF - Era fazer Linguística. Não foi por coincidência que, ao estudar e ao me entregar ao problema da alfabetização, caí numa compreensão mais
dinâmica, mais processual, mais dialética da linguagem. Nesse sentido, até recusando a falsa modéstia, eu diria que aceito que se diga “a alfabetização
antes e depois de Paulo Freire”. É que eu trouxe para a compreensão da alfabetização uma dimensão histórico-social-linguística que não existia antes.
Ou melhor, que não era percebida.
FPA - Na proposta de alfabetização aparecem duas possibilidades frustradas de uma carreira: ora de psiquiatra, ora de linguista.
PF - De todo modo, qualquer desses caminhos me teria trazido à prática educativa em que, na verdade, eu sempre me senti profundamente completo.
FPA - Essa opção que o senhor está contando agora já foi documentada antes?
PF - Não, isso está sendo dito pela primeira vez. Eu não tinha como estudar Linguística a não ser vindo para São Paulo, onde eu não teria condições de
sobreviver. Aos 18 anos, a única saída foi me tornar um bom professor de sintaxe da Língua Portuguesa, dar aulas e acompanhar meus alunos
particulares, com o que eu ajudava a família. Eu não podia sair de Recife, mas gostava de estudar. A saída foi estudar Direito. Confesso que hoje, ao
perguntar-me sobre o tempo vivido, tento encontrar sabores antigos no corpo do tempo que estou vivendo e descubro certo gosto, por exemplo, nas
análises filosóficas em torno do Direito. Lembro-me do prazer com que ouvia aulas dos professores discutindo filosoficamente o Direito, a Teoria do
Estado etc. PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares
2.1.2 Nota
• Texto muito curto, que passa apenas as informações mais básicas, sem aprofundamento.
• Podem falar sobre eventos passados que tiveram menor relevância ou sobre fatos que ainda estão em curso e,
portanto, ainda não se tem informação suficiente para escrever nada além de uma nota.
• Texto jornalístico cuja pauta se baseia em fatos ocorridos no momento presente, ou seja, fala sobre eventos
que influenciam diretamente na data da publicação. É factual: não procura causas e consequências do evento
relatado.
• São textos curtos e simples, sem grandes análises ou aprofundamento na opinião do jornalista/veículo de
comunicação. Podem contar com citações dos envolvidos, no entanto.
• Devem ser apurados rapidamente e publicados enquanto ainda possuem relevância para o tempo presente.
O professor norte-americano Matthew Weathers tem feito sucesso no YouTube com os vídeos que exibe em sala de aula, e já soma
quase 1 bilhão de visualizações na plataforma. O que chama atenção no conteúdo é que o docente interage com ele mesmo em
produções simples, mas divertidas.
Para isso, Weathers filma e edita vídeos para que a versão gravada converse com seu eu verdadeiro na sala de aula.
As produções, que podem ir de um vídeo simples compartilhado com os alunos em uma aula on-line a uma produção mais
elaborada com referências da cultura pop, não fazem parte do material pedagógico, mas garantem boas risadas aos alunos.
"É interessante ver a reação deles e definitivamente é um diferencial. Tento fazer as minhas aulas o mais interessante possível,
deixando o espaço mais descontraído, mas os vídeos são minha marca registrada", diz ele em conversa com o g1.
Um dos vídeos, feito especialmente para o 1º de abril, conhecido como o Dia da Mentira, e divulgado em 2017 acumula mais de
125 milhões de visualizações em seu canal. Nele, a versão real do docente rabisca sem querer a tela de projeção da sala de aula e
conta com sua versão gravada para ajudá-lo a corrigir o erro.
Disponível em https://g1.globo.com/educacao/noticia/2022/05/08/professor-faz-sucesso-na-internet-com-videos-em-que-interage-com-ele-mesmo.ghtml.
Acesso em maio 2022
•Exige aprofundamento no tema, buscando informações externas a ele e emissão de juízo de valor.
Aguardado há algum tempo, Coringa chega com muitas filas e sessões lotadas nos cinemas. Mas não espere ver um filme de super-
herói tradicional. Nada de ficção. Muita realidade, numa cidade sem regras, com um povo transgressor e censura de 16 anos.
Toddy Phillips, o diretor, nos apresenta um filme tenso, com trilha sonora, ora em violoncelo dissonante, ora em música pura. E
alta. Penetrante. Não há quem saia indiferente a Joaquin Phoenix e sua entrega. Ele é o Coringa.
Sem qualquer referência aos outros filmes, essa é uma história original. Em que você é jogado na vida de Arthur com tanta precisão,
que fica preso a ela por 2h02. Sem perceber.
A começar com a risada, incontrolável de Arthur. Que mesmo lutando, não tem qualquer controle sobre isso. E o mais importante:
a risada evolui. Até que ele mesmo se sinta confortável com ela. Um trabalho artístico impressionante.
Assisti a cópia dublada, infelizmente as sessões legendadas estavam lotadas, e adorei que as páginas do diário de Arthur, em que
ele anota suas piadas e sentimentos, são todas em português. Não me lembro de já ter visto isso antes. Ajudem aí, por favor,
citando outro filme em que isso aconteça.
Outro aspecto positivo do filme é a admirável ambientação de época, anos 70. Tudo perfeito. E um elenco competente, inclusive com o
astro Robert de Niro, aqui completamente ofuscado pelo brilho de Phoenix.
Aos poucos somos levados ao início de Batman, pois o candidato à Prefeitura de Gothan, provocador do levante do povo oprimido, é nada
mais nada menos do que Thomas Wayne, pai de Bruce.
Coringa é muito real. Sua transformação poderia acontecer em qualquer cidade, de qualquer país. Seu estado psicológico demente cresce
conforme as respostas às reações que provoca.
Talvez muitos se lembrem do personagem na pele de Jack Nicholson ou do memorável Heath Ledger. Para mim, Joaquin está em igual
condição à Heath. Ou até melhor. O físico, a risada, a dança, os trejeitos… Tudo está perfeito.
Atentem para a cena no banheiro. Emblemática. Era uma cena simples, em que ele se olharia no espelho e tiraria a maquiagem. Faltava
algo. Então, após uma hora com toda a equipe esperando, Toddy Phillips mostra à Phoenix um trecho de uma das composições de Hildur
Gudnadottir. O ator simplesmente começou a dançar, dando origem à cena.
Coringa é perturbador. Comovente. Fantástico. O melhor trabalho de Joaquin Phoenix. Não é sorumbático somente (palavras usadas por
meu irmão), mas é um prêmio para nós espectadores (nas palavras de meu primo).
PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares https://wp.ufpel.edu.br/empauta/resenha-coringa/
2.1.5 Reportagem
•Pode ou não se referir a um fato do tempo presente, ou seja, não se prende à cobertura dos fatos, mas
sim à sua análise.
A biomassa já responde por quase 10% da matriz energética brasileira e hoje é uma das principais linhas de pesquisa no país. Inclusive, já
A maioria dos brasileiros pode até não saber o que é biomassa, mas ela está pertinho da gente, todo santo dia.
"Biomassa é toda matéria de origem vegetal ou animal que inclui resíduos, inclui plantações energéticas, inclui plantações de árvores,
que podem ser também aproveitadas energeticamente e, até mesmo, resíduos sólidos urbanos, como, por exemplo, o lixo das cidades,
resíduos rurais e resíduos de animais", explica Suani Coelho, coordenadora do Centro Nacional de Referência em Biomassa da USP
É difícil imaginar um país com mais biomassa que o Brasil e com tanto potencial. A biomassa responde por 9,53% da matriz energética
A arte engloba arquitetura, cinema, dança, desenho, escultura, fotografia, literatura, música, pintura, poesia. Hoje em
dia, em pleno século 21, até mesmo a televisão, a moda, a publicidade e os videojogos são por muitos considerados
como manifestações artísticas. Segundo René Huyghe, a arte e o homem são indissociáveis. Não há arte sem homem,
muito menos homem sem arte. O ser isolado ou a civilização que não chega à arte estão ameaçados por uma secreta
asfixia espiritual, por uma turbação moral. Para a Unesco, a arte é chave para formar gerações capazes de reinventar
o mundo herdado. Ela reforça a vitalidade das identidades culturais e promove a relação com outras comunidades.
A arte é a capacidade humana de criação. É a expressão ou aplicação de habilidades criativas e a imaginação para
criar obras que são apreciadas principalmente por sua beleza, intelecto ou poder emocional. Seus resultados são
obtidos por distintos meios. A arte de cozinhar, de pintar quadros, de grafitar, as artes plásticas, a arte de compor
(poemas e partituras musicais), a gravura, a impressão de livros e, até mesmo, atrelados a um conceito mais severo,
meios hoje em dia causadores de grande repulsa social, como a caça e a guerra, podem ser considerados como arte. O
ser humano e a arte estão rigorosamente conectados. A arte liberta. E, atualmente, a arte de viver cada vez mais se
faz indispensável para a emancipação humana.
•Texto que equilibra referências a fatos corriqueiros ou eventos que se deram no presente, elaborações
filosóficas ou metafóricas e, muitas vezes, elementos narrativos.
Furtei uma flor daquele jardim. O porteiro do edifício cochilava, e eu furtei a flor.
Trouxe-a para casa e coloquei-a no copo com água. Logo senti que ela não estava feliz. O copo destina-se a beber, e flor
Passei-a para o vaso, e notei que ela me agradecia, revelando melhor sua delicada composição. Quantas novidades há
Sendo autor do furto, eu assumira a obrigação de conservá-la. Renovei a água do vaso, mas a flor empalidecia. Temi por
sua vida. Não adiantava restituí-la no jardim. Nem apelar para o médico de flores. Eu a furtara, eu a via morrer.
Já murcha, e com a cor particular da morte, peguei-a docemente e fui depositá-la no jardim onde desabrochara. O
•Textos que costumam aparecer no início das edições, expondo o posicionamento do jornal e da equipe
de jornalistas.
•Por vezes, pode vir intitulado como "Carta ao leitor" ou "Carta do editor".
•São textos normalmente curtos e sintéticos, por vezes apresentando um resumo dos textos da edição.
O mundo parece que vai de mal a pior. Sem contar a pandemia, que já causou a morte de quase 6 milhões de pessoas, temos
a notícia recente sobre a ação do exército russo na Ucrânia em resposta a expansão militar dos Estados Unidos, por meio da
OTAN, na região.
Há entre o povo brasileiro uma sensação de impotência e de falta de esperança. Esse sentimento é um pouco inevitável,
visto o crescimento generalizado do pensamento fascista, aliado a disputas econômicas incessantes, ao avanço sobre os
territórios e à violência sobre as populações.
1- Identificar: 3 - Contextualizar:
2 - Analisar: - Qual foi o momento
- Qual é o tipo de
- O que compõe essa histórico da procução
imagem que estamos
imagem? dessa imagem?
vendo? (publicidade,
- Há textos que - Com que objetivo essa
quadro, charge etc.?)
complementam a imagem foi criada e
- Quais as técnicas
imagem? onde ela foi veiculada
empregadas nessa
- Observar quais são os ou
imagem?(fotografia,
elementos mais exposta?
pintura, escultura etc?)
destacados e se há - Buscar informações
- Observar cores, traços,
detalhes menos óbvios. nas
formas etc.
legendas!
A charge costuma conter críticas de cunho político-social e falar sobre acontecimentos da atualidade. Por isso, para
compreender bem uma charge é preciso estar a par dos acontecimentos recentes. É, portanto, uma narrativa efêmera:
retrata acontecimentos contemporâneos, notícias.
As charges costumam contar com algumas estratégias:
➢ Dão mais valor ao poder das imagens do que das palavras, ou seja, as charges costumam ter mais textos
não verbais do que verbais.
➢ Lidam com a sátira, a exposição ao ridículo, principalmente a partir do exagero.
Pode-se dizer que uma obra literária pode ser interpretada segundo dois aspectos: forma e conteúdo. Quanto à
forma, convém dividir os textos literários em prosa e poesia.
★ Prosa
A prosa é o texto escrito em parágrafos. É um texto escrito sem necessariamente considerar divisões rítmicas ou
sonoras. Ela pode ser dividida em dois grandes grupos: narrativa e demonstrativa.
❖ Prosa narrativa: textos históricos ou de ficção que se proponham a narrar fatos e acontecimentos.
“Cândido Neves, — em família, Candinho, — é a pessoa a quem se liga a história de uma fuga, cedeu à pobreza,
quando adquiriu o ofício de pegar escravos fugidos. Tinha um defeito grave esse homem, não aguentava
emprego nem ofício, carecia de estabilidade; é o que ele chamava caiporismo. Começou por querer aprender
tipografia, mas viu cedo que era preciso algum tempo para compor bem, e ainda assim talvez não ganhasse o
bastante; foi o que ele disse a si mesmo. O comércio chamou-lhe a atenção, era carreira boa. Com algum esforço
entrou de caixeiro para um armarinho.
PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares
A obrigação, porém, de atender e servir a todos feria-o na corda do orgulho, e ao cabo de cinco ou seis semanas
estava na rua por sua vontade. Fiel de cartório, contínuo de uma repartição anexa ao Ministério do Império,
carteiro e outros empregos foram deixados pouco depois de obtidos. Quando veio a paixão da moça Clara, não
tinha ele mais que dívidas, ainda que poucas, porque morava com um primo, entalhador de ofício. Depois de várias
tentativas para obter emprego, resolveu adotar o ofício do primo, de que aliás já tomara algumas lições. Não lhe
custou apanhar outras, mas, querendo aprender depressa, aprendeu mal. Não fazia obras finas nem complicadas,
apenas garras para sofás e relevos comuns para cadeiras. Queria ter em que trabalhar quando casasse, e o
casamento não se demorou muito.”
❖ Prosa demonstrativa: textos ligados à oratória (como discursos) e didáticos (ensaios, tratados, diálogos,
etc.).
Leia este trecho do discurso proferido por Machado de Assis na ocasião da inauguração da estátua em
homenagem a José de Alencar:
“Hoje, senhores, assistimos ao início de outro monumento, este agora de vida, destinado a dar à cidade, à pátria e
ao mundo a imagem daquele que um dia acompanhamos ao cemitério. Volveram anos; volveram coisas; mas a
consciência humana diz-nos que, no meio das obras e dos tempos fugidios, subsiste a flor da poesia, ao passo que a
consciência nacional nos mostra na pessoa do grande escritor o robusto e vivaz representante da literatura
brasileira.”
PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares
Na literatura, a preocupação está na prosa narrativa, de ficção. A chamada prosa literária é uma das mais
importantes para o estudo dos vestibulares. Nela se encontram os contos, as novelas e os romances:
Novela: Romance:
Conto:
Histórias de tamanho História mais longa, com um
Histórias curtas, com apenas conflito central e outros
intermediário, com diversos
um secundários que ocorrem em
conflitos que se seguem e
conflito e poucas paralelo, complementando-se. As
muitas personagens podem aparecer e
personagens.
personagens. desaparecer.
Sobre o ritmo do texto em prosa, a principal questão a se analisar é a paragrafação. Cada tipo de texto pede um
modo de organização de parágrafos. Em textos dissertativos, por exemplo, tende-se a dividir os parágrafos por
assuntos.
Nome Na prosa literária a| organização
Professor Data não se dá necessariamente assim. Os autores trabalham a construção dos
parágrafos de acordo com seu estilo pessoal e com o momento da narração. Pode-se dividir os parágrafos de acordo
com seu tamanho ou conteúdo:
Português- Prof.ª Fabíola Soares
➢ Tamanho:
Curtos:
Se focam apenas nas informações mais importantes, descritas de maneira sucinta. Textos infantis, por
exemplo, costumam contar com esse tipo de parágrafo.
“André, o bom Andrezinho, menino querido e estimado por todos que o conheciam, achava-se
desesperado, banhado em lágrimas, aflito, porque sabia que o seu extremoso pai estava nos paroxismos
finais da vida” (Histórias da Avozinha, Figueiredo Pimentel)
Médios:
“Isaura era filha de uma linda mulata, que fora por muito tempo a mucama favorita e a criada fiel da
esposa do comendador. Este, que como homem libidinoso e sem escrúpulos olhava as escravas como um
serralho à sua disposição, lançou olhos cobiçosos e ardentes de lascívia sobre a gentil mucama. Por muito
tempo resistiu ela às suas brutais solicitações; mas por fim teve de ceder às ameaças e violências. Tão torpe
e bárbaro procedimento não pôde por muito tempo ficar oculto aos olhos de sua virtuosa esposa, que com
isso concebeu mortal desgosto.”
(A escrava Isaura, Bernardo Guimarães).
PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares
Longos:
“Quando o testamento foi aberto, Rubião quase caiu para trás. Adivinhais por quê. Era nomeado
herdeiro universal do testador. Não cinco, nem dez, nem vinte contos, mas tudo, o capital inteiro,
especificados os bens, casas na Corte, uma em Barbacena, escravos, apólices, ações do Banco do
Brasil e de outras instituições, joias, dinheiro amoedado, livros, — tudo finalmente passava às
mãos do Rubião, sem desvios, sem deixas a nenhuma pessoa, nem esmolas, nem dívidas. Uma só
condição havia no testamento, a de guardar o herdeiro consigo o seu pobre cachorro Quincas
Borba, nome que lhe deu por motivo da grande afeição que lhe tinha. Exigia do dito Rubião que o
tratasse como se fosse a ele próprio testador, nada poupando em seu benefício, resguardando-o
de moléstias, de fugas, de roubo ou de morte que lhe quisessem dar por maldade; cuidar
finalmente como se cão não fosse, mas pessoa humana. Item, impunha-lhe a condição, quando
morresse o cachorro, de lhe dar sepultura decente em terreno próprio, que cobriria de flores e
plantas cheirosas; e mais desenterraria os ossos do dito cachorro, quando fosse tempo idôneo, e
os recolheria a uma urna de madeira preciosa para depositá-los no lugar mais honrado da casa.”
(Quincas Borba, Machado de Assis)
● Descritivos: Parágrafos com muitos adjetivos, cujo objetivo é detalhar algum personagem, local ou situação.
“É uma sala em quadro, toda ela de uma alvura deslumbrante, que realçavam o azul celeste do tapete de riço
recamado de estrelas e a bela cor de ouro das cortinas e do estofo dos móveis. A um lado duas estatuetas de bronze
dourado representando o amor e a castidade, sustentam uma cúpula oval de forma ligeira, donde se desdobram até o
pavimento, bambolins de cassa finíssima.” (Senhora, José de Alencar)
“Não há morte. O encontro de duas expansões, ou a expansão de duas formas, pode determinar a supressão de
uma delas; mas, rigorosamente, não há morte, há vida, porque a supressão de uma é a condição da sobrevivência da
outra, e a destruição não atinge o princípio universal e comum. Daí o caráter conservador e benéfico da guerra. Supõe tu
um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos, que assim
adquire forças para transpor a montanha e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos
dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso,
é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória,
os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais efeitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais
demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou
vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido,
ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.” (Quincas Borba, Machado de Assis)
“A coisa se deu assim. Depois do meu telegrama (lembram-se: o telegrama em que recusei
duzentos mil-réis àquele pirata), a Gazeta entrou a difamar-me. A princípio foram mofinas cheias de
rodeios, com muito vinagre, em seguida o ataque tornou-se claro e saíram dois artigos furiosos em que o
nome mais doce que o Brito me chamava era assassino. Quando li essa infâmia, armei-me de um
rebenque e desci à cidade.” (São Bernardo, Graciliano Ramos)
★ Poesia
Antes de entrar na estrutura da poesia em si, vamos observar os gêneros literários em que se divide
a poesia.
Gêneros
Os gêneros poéticos, também chamados de gêneros literários são divididos em três, de acordo com
suas estruturas formais e de conteúdo: lírica, épica e dramática.
PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares
Gênero lírico
• Poemas que falam sobre os sentimentos e estados de espírito, direcionados diretamente ao
leitor.
• As emoções e opiniões do eu-lírico são bastante evidentes.
• Engloba a poesia satírica, ou seja, aquela que promove sentimentos de escárnio.
Gênero épico
• Poemas em que são narrados grandes feitos heroicos, reais ou mitológicos.
• Os relatos são grandiosos e extensos, contando com muitas estrofes.
• Ilíada e Odisseia (Homero) e Os Lusíadas (Luís de Camões) são os poemas épicos mais
conhecidos.
• Verso: cada uma das linhas do poema. Pode ter regularidade de tamanho ou não.
• Estrofe: conjunto de versos, que pode se estruturar de maneira regular ou não. Cada linha pulada no
poema representa uma mudança de estrofe
• Rima: repetição fonética que ocorre em um intervalo. Identifica-se, principalmente, pelo som das
últimas palavras dos versos.
“Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
● Métrica
A métrica de um poema se dá pelo número de sílabas de um verso. Conta-se
as sílabas até a última sílaba tônica, ou seja, a sílaba forte da última palavra do
verso. Isso ocorre porque o que dá ritmo a um texto poético é o som das sílabas
tônicas.
Entende-se por intertextualidade a relação entre dois ou mais textos, entendendo qual a natureza dessa
relação. Algumas vezes a intertextualidade é mais evidente outras não. Pode também aparecer entre
textos de diferentes naturezas, verbais e visuais.
Veja alguns exemplos para compreender melhor a ideia.
● Intertextualidade explícita
Citação
➔ Citação direta
Ocorre quando o autor coloca as palavras de outro autor em seu texto assim como elas foram
escritas e referencia a origem da citação.
PORTUGUÊS - Profª Fabíola Soares
CAPÍTULO XLVII
Talvez o Rio de Janeiro para ela fosse Botafogo, e propriamente a casa de Natividade. O pai não apurou
as causas da recusa; supô-las políticas, e achou novas forças para resistir às tentações de D. Cláudia: "Vai-
te, Satanás; porque escrito está: Ao Senhor teu Deus adorarás, e a ele servirás". E seguiu-se como na
Escritura: "Então o deixou o Diabo; e eis que chegaram os anjos e o serviram".
(Esaú e Jacó, Machado de Assis)
➔ Citação indireta
Ocorre quando o autor cita as palavras de outro autor, reescrevendo o texto original ou apenas citando
as palavras sem referenciar a origem.
(...) Eu saía fora, a um lado e outro, a ver se descobria algum sinal de regresso. Soeur Anne,
soeur Anne, ne vois-tu rien venir? Nada, coisa nenhuma; tal qual como na lenda francesa. Nada
mais do que a poeira da estrada e o capinzal dos morros.
(O espelho, Machado de Assis)
Texto Original:
Comprar por impulso e se livrar de bens que já não são atraentes, substituindo-os por outros mais vistosos, são nossas
emoções mais estimulantes. Completude de consumidor significa completude na vida.
Paráfrase:
Ser completo enquanto consumidor significa ser completo na vida. As sensações que mais nos estimulam vêm da
compra por impulso e de livrar-nos de coisas menos atrativas, trocando-as
por outras mais interessantes.
Texto original:
Canção do Exílio
Paródia:
@professorafabiolasoares