Você está na página 1de 2

Meu nome é Paula, tenho 23 anos, atualmente eu sou bolsista de extensão no PROEMJA –

Projeto de Ensino Médio de Jovens e Adultos. Eu trabalho como professora-articuladora,


fazendo uma ponte entre os estudantes e suas demandas com a coordenação geral do projeto.
No momento, eu atuo no 2º ano do ensino médio, com as turmas 5 e 6.

Bom, eu jamais imaginaria que lá no comecinho de março quando eu fui selecionada para
participar do projeto como bolsista, que uma pandemia assolaria nosso mundo. A nossa
primeira reunião de equipe (a equipe no caso, são os professores bolsistas e o coordenador,
que é o Luiz Nicácio) foi virtual, nos primeiros dois meses, nós ficamos refletindo muito sobre a
EJA, sobre as metodologias especificas, nesse dois meses, para além das leituras e das
discussões que a gente fazia internamente, também recebemos convidados, como o professor
Leoncio da FAE, para agregar mais nessa reflexão sobre o trabalho com os sujeitos da EJA.
Nos meses seguintes, o nosso trabalho passou a ser refletir sobre um possível retorno. E nesse
tempo, eu estava fazendo parte do Comitê de Acompanhamento de estudantes da UFMG, e
sempre refletia muito, sobre como o retorno na graduação já seria um desafio muito grande,
devido às questões socioeconômicas de diversos estudantes... Agora imagina, aqui na EJA,
onde a gente trabalha com um público de uma outra idade, que não possui tanto acesso
tecnológico assim, que trabalham fora e etc.
Então o nosso primeiro passo, foi consultar esses educandos e essas educandas. Primeiro, se
eles e elas tinham interesse no retorno, e quais eram os meios que eles e elas tinham para que
o retorno acontecesse. Ao fim desse formulário, expressivamente a gente percebeu logo:
TODO MUNDO TEM WHATSAPP. Alguns tinham computador, alguns conheciam os recursos de
chamada de vídeo. Mas todo mundo tinha whatsapp.

E aí a gente pensou: Como dar aula pelo whatsapp? Bom, a equipe se reuniu várias vezes. E a
primeira decisão que a gente tomou foi: Juntar as duas turmas num grande grupo no
whatsapp, esse grupo funcionaria como um grupo de informes, de tira dúvidas e questões do
tipo. Em seguida, a gente refletiu que não teria como a gente atuar com atividades nesse
grande grupo, então dos 38 que toparam o retorno, a gente os dividiu em pequenos grupos no
whatsapp, que vão de 1 a 6, de acordo com a disponibilidade de horários deles e delas. Então,
o grupo 1 e 2 tem encontro com professores de 18h às 19h e os grupos de 3 a 6 tem encontros
de 19h15min às 20h15min. De acordo com as disponilibidades dos professores bolsistas e dos
educandos, definimos que o dia de encontro seria apenas na quarta-feira
Uma coisa que eu queria pontuar também, que é porque ARE (atividade Remota Emergencial)
e não ERE (ensino Remoto emergencial)?
Bom, a gente considerou que o trabalho pelo whatsapp (pelo chat mesmo e não por vídeo
chamada, porque nem todo mundo tem acesso a videochamada) poderia ser desenvolvido de
outra forma, porque afinal de contas, a gente não está no ensino presencial, portanto a
metodologia precisa ser diferente. A gente precisou também trabalhar com duplas de
professores por grupo, então a cada encontro uma dupla de professores desenvolvia uma
atividade com o grupo, no meu caso que sou do teatro, minha dupla é o professor de
matemática. E ai é um desafio muito grande, a gente identificar um tema que pode ser
discutido pelas duas áreas de conhecimento e trabalhar com esse tempo em uma hora por
chat de whatsapp, por isso a gente nomeou de ATIVIDADE e não ENSINO, porque é muito mais
o desenvolvimento de discussões e reflexões de diversos tema sob o olhar das áreas de
conhecimento dos professores e professoras, do que propriamente uma aula tradicional
presencial.
E aí pra finalizar, tem sido muito gratificante poder “encontrar” com elas e eles, mesmo que
virtualmente, em alguns grupos a gente identificou a possibilidade de vídeochamada, então
por alguns minutos do encontro a gente faz uma chamada pra finalizar o encontro. São muitos
desafios porque é um público muito diverso, alguns grupos participam mais que os outros por
diversas questões, existem educandos que trabalham com vendas na rua, educados que
trabalham no hospital, e ai tudo isso acaba inteferindo no caminho que a gente tá tentando
construir enquanto o retorno presencial não é possível, enquanto a vacina não chega...
E aí faz parte do nosso processo também, identificar essas questões e tentar como for possível
aproximar esse educando ou educanda do contato com a escola, com os
professores/professoras e com as atividades pra não deixar que uma marginalização aconteça,
e manter sempre que possível, o vinculo ativo com a escola.

Você também pode gostar