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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CRISTÃ CONTINUADA

MATRIZ CURRICULAR
ESTUDO, LEITURA E CÓPIA MANUSCRITA DA BÍBLIA

EM 7 ANOS
Ano Trim Antigo Testamento Trim Novo Testamento

1º Gênesis 2º Mateus

Êxodo, Levítico,
3º 4º Atos
Números, Deuteronômio
1º Josué, Juízes e Rute 2º Marcos

3º 1,2 Samuel 4º Romanos

1º 1,2 Reis; 1,2 Crônicas 2º Lucas



3º Esdras, Neemias e Ester 4º 1 Coríntios
Jó, Provérbios, Eclesiastes,
1º 2º João
4° Cântico dos Cânticos
3º Salmos 4º 2 Coríntios

1º Isaías 2º Gálatas, Efésios



Filipenses, Colossenses
3º Jeremias, Lamentações 4º
1,2 Tessalonicenses
1º Ezequiel 2º 1,2 Timóteo, Tito e Filemon

3º Daniel 4º Hebreus e Tiago
Oseias, Joel, Amós, Oba-
1º 2º 1,2 Pedro; 1,2,3 João e Judas
dias, Jonas, Miqueias

Naum, Habacuque, Sofonias,
3º 4º Apocalipse
Ageu, Zacarias, Malaquias

CURRÍCULO TEMÁTICO OPCIONAL


1º Aconselhamento e Ética Cristã 2º Quem é Jesus

3º A família Cristã 4º Evangelização e Discipulado
1º Liderança Inspiradora 2º Doutrinas Bíblicas Fundamentais

3º Serviço e Mordomia 4º Cidadania e Responsabilidade Social
1º Hermenêutica e Homilética 2º Espírito Santo e Doutrinas Pentecostais
10°
3º Oração e Santificação 4º Escatologia Bíblica
REVISTA DA
ESCOLA DOMINICAL
Lições Bíblicas para culto doméstico, devocional e pequenos grupos

SUMÁRIO Comentário e adaptação:


Luzelúcia Ribeiro e equipe editorial

............ /............ /................. LIÇÃO 1 JÓ 1 e 2: O ATAQUE DE SATANÁS A JÓ............................................................................. 5

............ /............ /................. LIÇÃO 2 JÓ 3 a 31: OS DIÁLOGOS ENTRE JÓ, ELIFAZ, BILDADE E ZOFAR......... 11

............ /............ /................. LIÇÃO 3 JÓ 32 a 40: O DISCURSO DE ELIÚ E A MANIFESTAÇÃO DE DEUS A JÓ..... 17

............ /............ /................. LIÇÃO 4 JÓ 40 a 42: A RESPOSTA DE DEUS E A RESTAURAÇÃO DE JÓ.............. 23

............ /............ /................. LIÇÃO 5 PROVÉRBIOS 1 a 9: CONVITE À SABEDORIA............................................... 29

............ /............ /................. LIÇÃO 6 PROVÉRBIOS 10 a 24: SABEDORIA PARA A VIDA PESSOAL E FAMILIAR... 35

............ /............ /................. LIÇÃO 7 PROVÉRBIOS 25 a 30: SABEDORIA PARA LÍDERES............................... 41

............ /............ /................. LIÇÃO 8 PROVÉRBIOS 31: SABEDORIA PARA A MULHER CRISTÃ...................... 47

............ /............ /................. LIÇÃO 9 ECLESIASTES 1 a 4: AS EXPERIÊNCIAS DA VIDA................................................... 53

............ /............ /................. LIÇÃO 10 ECLESIASTES 5 a 8: A CASA DE DEUS E OS CONTRASTES DA VIDA..... 59

............ /............ /................. LIÇÃO 11 ECLESIASTES 9 a 12: O FINAL DOS VIVENTES...................................... 65

............ /............ /................. LIÇÃO 12 CÂNTICO 1 a 4: POEMAS E CÂNTICOS DE AMOR NUPCIAL.................... 71

............ /............ /................. LIÇÃO 13 CÂNTICO 5 a 8: CÂNTICOS FINAIS SOBRE A FORÇA DO AMOR..................... 77

Luzelúcia Ribeiro é professora formada em Teologia, pós-graduada em Docência do Ensino Superior e Revisão de
Texto. Autora dos livros: “Tributo ao IBAD”, “Mulheres da Bíblia”, “Mulheres do Novo Testamento”, “Fundamentos da Edu-
cação Cristã” e “Memórias do IBAD”. Membro da Academia Evangélica de Letras do Distrito Federal. Coautora das obras
“Escola Dominical: A Formação Integral do Cristão” (2010) e do livro “Rute e Ester: A Fé e a Coragem das Mulheres”.
EXPEDIENTE
POESIA E SABEDORIA
Bem-vindos à leitura e estudo Conselho Editorial
Samuel Câmara, Oton Alencar (in memorian),
de Jó, Provérbios, Eclesiástes e Jônatas Câmara, Celso Brasil, Philipe
Cântico dos Cânticos, conhecidos Câmara, Marcos Galdino Júnior, André
como livros de sabedoria ou lite- Câmara, Iaci Pelaes.
ratura sapiencial da Bíblia. Editor
Cinco livros do Antigo Tes- Samuel Câmara
tamento são classificados como
Editores Assistentes
poéticos: Jó, Salmos, Provérbios,
Pádua Rodrigues
Eclesiastes e Cântico dos Cânticos. Philipe Câmara
Desses, quatro tem estilo literá- Tarik Ferreira
rio diferenciado. São poéticos na
Coordenador Editorial
forma, mas práticos no conteúdo, Jadiel Gomes
como um manual objetivo do Cria-
dor da vida, contendo os princí- Equipe Editorial
Auristela Brasileiro, Elielson Figueiredo, Ivan
pios básicos do bom viver para a Martins, Ney Maranhão, Wladimir Farias
humanidade e com aplicação lite-
ral e espiritual. Supervisão Pedagógica
Faculdade Boas Novas (FBN) e Seminário
Jo é sabedoria sobre o sofrimento Teológico da Assembleia de Deus (SETAD)
humano, a paciência, a fé inabalável
num Redentor que vive e restaura. Repertório Musical
Rebekah Câmara
Provérbios é sabedoria em ver-
sos memoráveis sobre o viver se- Distribuição e Comercial
gundo o temor do Senhor que é o Jadiel Gomes
princípio da sabedoria.
Editoração e Projeto Gráfico
Eclesiastes é sabedoria sobre o Nei Neves, Tarik Ferreira
significado da vida, sua futilidade
sem Deus, a satisfação de desfru- Conteúdo Digital e Imagens
Jeiel Lopes
tá-la cientes que a recebemos de
Deus e a Ele prestaremos conta. Versão bíblica: Almeida Revista e Atualizada
Cântico dos Cânticos é sabedo- (ARA), salvo quando indicada outra versão.

ria que eleva o amor conjugal como © 2024. Direitos reservados. É proibida a
uma dádiva de Deus, mais forte que reprodução parcial ou total desta obra, por
a morte, alicerce da família. qualquer meio, sem autorização por escrito
da Assembleia de Deus em Belém do Pará e
Mãos a obra! É hora de apren- do autor dos comentários e adaptações.
der!
Programa de Educação Cristã Continuada.
Avenida Governador José Malcher, 1571, es-
Pr. Samuel Câmara quina com a Tv. 14 de Março, bairro: Nazaré.
Editor CEP: 66060-230. Belém - Pará - Brasil. Fone:
(91) 3110-2400. E-mail: pecc@adbelem.org.br

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LIÇÃO 1

JÓ 1 e 2: O ATAQUE DE SATANÁS A JÓ

SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR


Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Explicar que nem sempre o
sofrimento nos acomete por al-
Em Jó 1 e 2 há 22 e 13 versos, res-
gum pecado cometido.
pectivamente. Sugerimos começar
• Mostrar que Satanás precisa da per-
a aula lendo, com todos os presen-
missão de Deus para tocar no homem.
tes, Jó 1.1-12 e 2.1-10 (5 a 7 min.).
• Esclarecer que mesmo sendo cris-
A revista funciona como guia de es-
tãos podemos ter as emoções aba-
tudo e leitura complementar, mas
ladas por algum tipo de sofrimento.
não substitui a leitura da Bíblia.
O livro de Jó trata de um assun-
to perenemente contemporâneo: PARA COMEÇAR A AULA
por que sofre o justo? Este livro nos
revela que havia uma dimensão so- Comece expondo a obcessão
berana de Deus no sofrimento de Jó, humana por descobrir a origem
algo que tinha a ver com o Seu pla- sofrimento: Por que ele existe?
no e propósitos eternos. Apesar da
Qual a sua origem? Por que so-
fé e perseverança de Jó terem sido
testadas por Satanás, no final Jó saiu fremos? O livro de Jó, sem negar
vitorioso e sua fé foi recompensada. a possibilidade do sofrimento
Deus jamais abandona o sofredor, totalmente merecido, responde:
pois nem sempre o sofrimento é o sofrimento nem sempre é uma
causado por algum pecado pessoal.
questão de merecimento. Mas até
Além disso, a aflição não leva, neces-
sariamente, à separação de Deus . mesmo essa pergunta e sua res-
O livro de Jó nos oferece um posta são questões secundárias no
vislumbre raro do que acontece problema do sofrimento.
nos bastidores, deixando eviden-
te o controle de Deus e os limites
impostos por Ele à operação de
Satanás. Deus apresenta Jó como
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
um exemplo inquestionável de fé. 1) C
2) C
3) C

I
Lição 1 - Jó 1 e 2: O Ataque de Satanás a Jó

LEITURA ADICIONAL

A LAMENTAÇÃO DE JÓ (3.1-26)
No primeiro discurso, o espetáculo da desgraça humana é apresentado
como uma pungência totalmente assoberbante. Jó fica atordoado porque
não pode negar que é o Senhor que lhe fez tudo isto. Ainda mais digna de
dó do que sua pergunta “Por quê”?, que não é satisfeita por seus amigos,
é sua necessidade desesperada de achar novamente seu Amigo perdido.
Nestas condições, dificilmente pode-se culpar os amigos, ainda que seus
esforços bem-intencionados agravem os problemas de Jó mais do que os
aliviam (16.2). Pois somente o próprio Senhor, no final, pode curar o ínti-
mo da mente de Jó. Não que Ele responda às perguntas melhor do que os
amigos; parece que Ele nem sequer oferece uma resposta a elas. Mas de-
pois de ter falado, Jó já havia deixado as perguntas totalmente para trás. É
Jó quem quebra o longo silêncio (cf. 2.13). Teve tempo para meditar sobre
sua mágoa. Está horrorizado, esmagado pelo peso insuportável da triste-
za. Sua grande tristeza é intensificada porque a vida prometera e lhe dera
tanta coisa. Não está filosofando sobre a condição universal do homem,
embora seja fácil estender a ideia, e aquilo que diz pode ser aplicado por
qualquer sofredor à sua própria pessoa. Seu atual estado ameaça cancelar
sua crença na bondade de Deus ao fazer dele um homem. A melhor obra
de Deus, capaz de tanta coisa; o próprio Jó, o melhor de todos e o orgulho
do próprio Deus (Jó não sabe disto), diligente, nobre, devoto, o modelo
de perfeição do mundo, agora sentado em cinzas, seu passado perdido,
seu futuro vazio, seu presente doloroso. Ou, se ele pensar no futuro, tudo
quanto se lhe oferece é a morte, bem-vinda como a libertação do desespe-
ro presente, mas incômoda como a zombaria final de uma vida fútil. Em
semelhante estado mental, uma mulher ou uma criança pode chorar. Ao
homem é apropriado amaldiçoar.”

Livro: “Jó Introdução e Comentário” (Andersen, Francis I. São Paulo: Vida Nova,
2021, p. 96).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 1 Leitura Bíblica Com Todos


Jó 1.1-12 e 2.1-10

JÓ 1 e 2: Verdade Prática
A história de Jó nos mostra
O ATAQUE DE que Deus está no controle da
nossa vida mesmo quando nada
SATANÁS A JÓ parece fazer sentido.

INTRODUÇÃO

Texto Áureo I. O LIVRO DE JÓ


“Perguntou o SENHOR a Satanás: 1. O valor do livro Jó 23.10
Observaste o meu servo Jó? Por- 2. Autoria e Data Jó 1.1
que ninguém há na terra semelhan- 3. O tema Jó 3.25
te a ele, homem íntegro, reto, te-
mente a Deus e que se desvia do II. O PRIMEIRO ATAQUE DE
mal. Ele conserva a sua integridade, SATANÁS A JÓ Jó 1.1-22
embora me incitasses contra ele, 1. As qualidades de Jó Jó 1.1-3
para o consumir sem causa.” Jó 2.3 2. O diálogo no céu e o desafio Jó 1.8-10
3. O início das aflições de Jó Jó 1.20-22

III. O SEGUNDO ATAQUE DE


SATANÁS 2.1-13
1. O segundo diálogo no céu Jó 2.3-6
2. A resposta de Jó ao segundo ataque
Jó 2.7-10
3. A chegada e reação dos amigos
Jó 2.11-13

APLICAÇÃO PESSOAL
Devocional Diário
S T Q Q S S
Jó Jó Jó Jó Jó Jó
1.1-5 1.6-12 1.7-22 2.1-13 3.1-12 3.13-26

Hinos da Harpa: 258 - 545

5
Lição 1 - Jó 1 e 2: O Ataque de Satanás a Jó

INTRODUÇÃO percebemos que a grande alegria


de Jó é o próprio Deus e embora o
O livro de Jó leva o nome do seu mistério permaneça, ele dá-se por
personagem principal, em torno satisfeito. Qual a maior necessida-
do qual giram os acontecimentos de do ser humano? Deus. Apenas
da narrativa. Não é uma ficção re- Deus. Diante Dele todo o resto
ligiosa. Jó não foi um personagem desvanece.
imaginário, mas real e menciona-
do em outros lugares, como em 2. Autoria e Data (Jó 1.1)
Ezequiel 14.14,20 e Tiago 5.11. Havia um homem na terra de Uz,
cujo nome era Jó; homem íntegro e
I. O LIVRO DE JÓ reto, temente a Deus e que se des-
viava do mal.
Esse livro tem sido fonte de Há várias possibilidades para a
consolo e ânimo para milhões de autoria do livro, sendo Salomão e
pessoas na história, sobretudo em Moisés os mais cotados. O Talmude
tempos de adversidades e prova- judeu diz ter sido Moisés seu autor.
ções. Não sem razão alguém disse Geralmente é aceito que Jó viveu
que o livro de Jó retrata “a noite antes ou pouco depois de Abraão.
tenebrosa da alma”. O grande re- Isso se deve, principalmente, a dois
formador Lutero considerava esse indícios: 1) O modelo patriarcal de
como “o maior livro da Bíblia”. vida. Jó age como pai-sacerdote; 2)
A idade avançada de Jó combina
1. O valor do livro (Jó 23.10) com a época patriarcal onde as pes-
Mas ele sabe o meu caminho; se ele soas viviam mais (Jó 42.16,17).
me provasse, sairia eu como o ouro.
Jó é o primeiro de um grupo de 3. O tema (Jó 3.25)
livros do Antigo Testamento que Não tenho descanso, nem sossego,
são chamados poéticos. Os demais nem repouso, e já me vem grande
são Salmos, Provérbios, Eclesias- perturbação.
tes e Cânticos dos Cânticos. Den- O livro de Jó trabalha com um
tro das escrituras do Velho Testa- dos maiores dilemas humanos: “Se
mento, a contribuição dos livros Deus é amor e Todo-Poderoso, por
de Sabedoria é expor a relação que Ele permite que os justos so-
entre a aliança dada através de fram?” Eis o dilema – “Ou Deus é To-
Moisés e os grandes problemas do-Poderoso, mas não ama perfeita-
da vida do homem neste mundo. mente, ou Deus ama perfeitamente,
Ao estudarmos o sofrimento e a mas não é Todo-Poderoso”. Como
angústia de um só homem nós Deus vê o sofrimento humano? Por
enxergamos toda a humanidade que Ele o permite? A resposta dada
e, claro, a nós próprios. Por fim, em Jó não satisfaz o intelecto, mas o

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Lição 1 - Jó 1 e 2: O Ataque de Satanás a Jó

coração humano. De uma maneira Sua integridade e retidão con-


extraordinária Jó mostra a sobera- trastam com a perversidade e hi-
nia de Deus e nos ensina a descan- pocrisia do próprio Satanás, que
sar sabendo que nada foge ao seu o acusa diante de Deus. Íntegro e
olhar. Quando você estiver sofren- reto não significa, obviamente, a
do, lembre-se de Jó. perfeição sem pecado. Pessoas ín-
Destoando completamente da tegras são indivíduos sem duplici-
Teologia da Prosperidade, o livro dade ou hipocrisia.
de Jó ensina que ser abençoado Prosperidade era considerada
por Deus não significa, obrigato- um sinal do favor de Deus, enquanto
riamente, ter saúde perfeita, ri- pobreza e calamidade representa-
queza material e sucesso secular. vam Seu castigo. Esta tradição tem
Fujamos da agenda imposta pela suas origens na promessa de Deus
sociedade consumista do nosso de abençoar a obediência e amaldi-
tempo, a qual diz que para ser po- çoar a desobediência. É necessário
pular e famoso o pregador precisa afirmarmos, com base no contexto
prometer mundos e fundos. O so- geral das Escrituras que, muitas ve-
frimento faz parte da vida cristã, zes, a obediência não produz uma
não há como negar. vida de abundância material, assim
como nem sempre a calamidade
II. O PRIMEIRO ATAQUE indica perversidade e pecado. Jó
DE SATANÁS A JÓ (Jó também é apresentado como um
1.1-22) homem temente a Deus e que, em
razão disso, se desviava do mal. Te-
O livro de Jó começa com uma mer a Deus significa respeitá-lo por
cena no céu, um diálogo entre quem Ele é, por seus atos e por suas
Deus e Satanás. O fato deste não palavras. No Antigo Testamento e,
poder atacar Jó sem permissão, em especial, nos livros poéticos, “te-
mostra sua subordinação ao Deus mor a Deus” é um sinônimo para a
Todo-Poderoso. religião verdadeira.

1. As qualidades de Jó (Jó 1.1-3) 2. O diálogo no céu e o desafio


Havia um homem na terra de Uz, (Jó 1.8-10)
cujo nome era Jó; homem íntegro e Perguntou ainda o SENHOR a Sa-
reto, temente a Deus e que se des- tanás: Observaste o meu servo Jó?
viava do mal (1.1). Porque ninguém há na terra seme-
Quatro fatos são revelados so- lhante a ele, homem íntegro e reto,
bre Jó nos primeiros capítulos do temente a Deus e que se desvia do
livro: Seu caráter íntegro, sua fa- mal (1.8).
mília, sua prosperidade e seu te- A personalidade atraente de Jó,
mor a Deus. agradável ao próprio Deus, incomo-

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Lição 1 - Jó 1 e 2: O Ataque de Satanás a Jó

dava o inferno. No Éden, Satanás de- muito diferente foi perder membros
sacreditou Deus diante do homem; da própria família. Conforme avan-
agora ele tenta desacreditar o ho- çaram, os testes intensificaram os
mem diante de Deus. Nos dois casos sofrimentos. Grande vendaval fez a
ele usa a mesma tática sutil. Começa casa onde estava a maior parte da
com uma pergunta aparentemente família de Jó desabar. A reação de
inocente e prossegue desacreditan- Jó não é culpar os eventos da natu-
do a Palavra de Deus. Satanás zom- reza nem os inimigos humanos (o
ba dizendo que Jó é motivado por SENHOR o levou), não é esquecer as
interesses escusos e que, por trás bênçãos de Deus (o SENHOR o deu),
de sua fidelidade, ele esconde uma não é fechar os olhos para a realida-
motivação perversa. Eis a sugestão de (o SENHOR tomou), mas é louvar
maligna: “Jó só é fiel porque é aben- a Deus tanto pelo bem como pelo
çoado, mas tira a bênção e ele se re- mal (1.21). A confiança de Deus em
velará”. Mas Deus está confiante no Jó foi comprovada e justificada.
caráter de seu servo. Por isso, Deus
aceita o desafio de Satanás, dá-lhe III. O SEGUNDO ATAQUE
permissão para arruinar os bens de DE SATANÁS (2.1-13)
Jó, mas o proíbe de tocar sua pessoa.
Satanás volta à presença de
3. O início das aflições de Jó Deus acusando Jó, pela segunda
(Jó 1.20-22) vez. Frustrado pela primeira der-
Então, Jó se levantou, rasgou o seu rota, o inimigo está irritado e des-
manto, rapou a cabeça e lançou-se carrega toda sua malignidade.
em terra e adorou; e disse: Nu saí
do ventre de minha mãe e nu volta- 1. O segundo diálogo no céu
rei; o SENHOR o deu e o SENHOR o (Jó 2.3-6)
tomou; bendito seja o nome do SE- Perguntou o SENHOR a Satanás:
NHOR! (1.20,21). Observaste o meu servo Jó? Porque
O adversário saiu da presença ninguém há na terra semelhante a
de Deus decidido a destruir a fé de ele, homem íntegro e reto, temente
Jó e oferecer uma prova de que ele a Deus e que se desvia do mal. Ele
não era leal e sincero, apenas inte- conserva a sua integridade, embo-
resseiro. ra me incitasses contra ele, para o
As calamidades, duas naturais e consumir sem causa (2.3).
duas causadas por homens, atacam Deus reafirma que Jó continua
de todos os lados. Quatro mensagei- servindo-o fielmente, mesmo de-
ros anunciam quatro desastres. Jó pois de ter perdido seus bens e
passa da riqueza para a pobreza em filhos. Mas Satanás insistia que Jó
pouco tempo. Uma coisa, porém, foi não adorava a Deus desinteressa-
perder as riquezas e os servos. Algo damente. Porventura um homem

8
Lição 1 - Jó 1 e 2: O Ataque de Satanás a Jó

adorará e servirá a Deus embora (7.14). Embora Satanás fosse obri-


não obtenha nenhuma vantagem gado a poupar sua vida, Jó não sabia
pessoal disso, mas somente sofri- disso e pensava que sua vida chega-
mento e dor? Satanás duvida do ra ao fim. Agora ele é um banido, ou
testemunho de Deus sobre Jó e voluntariamente, ou em decorrên-
insinua que ele (e por extensão to- cia de proibições, sentado entre as
dos os homens) só era fiel por es- cinzas do monturo de lixo da sua al-
perar retribuição e recompensas. deia. Raspava-se com um pedaço de
Jó permaneceu leal. Os esforços cerâmica quebrada. É mais provável
de Satanás no sentido de desacredi- que isto tenha ocorrido por causa
tar Jó tinham fracassado. “Pele por da coceira e não porque tivesse se
pele, e tudo quanto o homem tem dilacerando com angústia. Ele es-
dará pela sua vida” (2.4). O inimigo tava rasgado por dentro, pela dor e
está convencido de que, se perder pela angústia mental. Não havia me-
a saúde, Jó negará ao seu Senhor. dicamentos, suas orações desespe-
Deus permite que Satanás estenda radas eram aparentemente inúteis.
a sua mão e fira o corpo de Jó, mas Inexplicavelmente, a esposa de Jó
exige que lhe seja poupada a vida. escapara aos golpes que acabaram
Qualquer tipo de sofrimento pode- com sua família. Ela tinha perdido
ria ser administrado por Satanás, todos os seus filhos (sete filhos e
menos matar Jó. Deus tinha planos três filhas) e toda a riqueza que eles
para o “sobrevivente” do teste. tinham, mas não é feita qualquer
menção aos seus problemas de saú-
2. A resposta de Jó ao segundo de. Seja por ódio a Deus, por aquilo
ataque (Jó 2.7-10) que Ele fez a Jó, seja pelo desejo de
Mas ele lhe respondeu: Falas como que a miséria de seu marido termi-
qualquer doida; temos recebido o nasse logo, sua esposa estimula-o
bem de Deus e não receberíamos a amaldiçoar Deus e, assim, atrair a
também o mal? Em tudo isto não morte sobre si. Jó a repreende por
pecou Jó com os seus lábios. (2.10). falar como uma insensata (2.10). Jó
A doença incurável reduziu Jó a expressa a sabedoria que seu livro
um pária social. A enfermidade de ensina. Não somos sábios por enten-
que ele é acometido é claramente dermos tudo e compreendermos o
alguma doença de pele. Os sintomas mistério do sofrimento, mas porque,
eram horríveis e incluíam erupções sem compreender, continuamos
e coceiras (2.8), feridas contamina- confiando e temendo a Deus.
das por bichos (7.5), erosão óssea
(30.17), escurecimento e desca- 3. A chegada e reação dos amigos
mação da pele (30.30), emagreci- (Jó 2.11-13)
mento (16.8), insônias (7.4); mau Ouvindo, pois, três amigos de Jó todo
hálito (19.17) e pesadelos noturnos este mal que lhe sobreviera, chegaram,

9
Lição 1 - Jó 1 e 2: O Ataque de Satanás a Jó

cada um do seu lugar: Elifaz, o tema- do sofrimento imerecido, mas, sim,


nita, Bildade, o suíta, e Zofar, o naama- na existência física de um só homem
tita; e combinaram ir juntamente con- com dores no corpo. Nada havia
doer-se dele e consolá-lo (2.11). para ser dito. Enquanto ofereceram
Amigos são um grande tesouro. sua presença silenciosa e compassi-
Apesar de ser verdade que os três va a sabedoria os guiava. O proble-
amigos de Jó o magoaram, ainda ma começou quando, assim como
assim eram seus amigos. Vieram muitos de nós, passaram a achar
de lugares distantes para visitá-lo que deviam explicar o que estava
e consolá-lo. Embora bem intencio- para além da sua alçada. Procuran-
nados, seu erro foi achar que preci- do interpretar os infortúnios de Jó
savam encontrar uma justificativa conforme a lei de causa e efeito, pas-
para sua calamidade. A atenção de- saram a dizer que todo sofrimento
les é focalizada não no mistério abs- tem como causa o pecado, o que não
trato do mal, nem na questão moral era e não é verdade.

APLICAÇÃO PESSOAL
Deus é soberano sobre todas as coisas. Nem Satanás, nem ninguém
podem fazer o que quiserem sem a permissão divina. Mesmo sofren-
do, descansemos Nele.

RESPONDA
Marque “C” para CERTO e “E” para ERRADO:

1) Jó é o primeiro dos livros poéticos

2) Satanás não apenas acusa a Jó, mas também a Deus sugerindo que ele na verdade subor-
nava Jó em troca da sua fidelidade.

3) Os amigos de Jó foram bem-intencionados, mas deveriam ter permanecido calados diante


da situação.

10
LIÇÃO 2
JÓ 3 a 31: OS DIÁLOGOS ENTRE JÓ,
ELIFAZ, BILDADE E ZOFAR
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Explicar como os amigos de Jó
Em Jó 3 a 31 há 723 versos, no entenderam a situação calami-
total. Sugerimos começar a aula tosa que se abateu sobre ele.
lendo, com todos os presentes, Jó • Mostrar como os três amigos de
19.1-27 (5 a 7 min.). Jó se mostraram incompassivos
A revista funciona como guia de es- e impacientes.
tudo e leitura complementar, mas • Esclarecer que Jó queria um advo-
não substitui a leitura da Bíblia. gado que defendesse a sua causa
Cada um dos quatro amigos de diante do tribunal de Deus.
Jó um tem uma razão a oferecer,
como explicação para a suas expe- PARA COMEÇAR A AULA
riências e problemas, embora suas
palavras de “consolo” fossem tudo, Comece a aula dizendo que nes-
menos isso. Mas há coisas boas a se tes ciclos de discursos os amigos de
dizer a respeito deles. A primeira é Jó afirmam claramente suas posi-
que, ao menos, os quatro vieram. ções. Todos eles exortam Jó a buscar
Geralmente, quando a pessoa per- a Deus para que ele possa novamen-
de riqueza, posição e saúde, não te desfrutar de uma vida próspera.
sobram amigos. Foram fiéis na ad- Embora desejem consolá-lo, estão
versidade. Ficaram calados por sete tão desapontados com as desgraças
dias. Fizeram bem nisso. Parece que dele que se sentem na obrigação
estavam tentando descobrir a razão de repreendê-lo. À medida que os
das aflições de Jó antes de falarem. discursos avançam, Jó vai ficando
Alguém disse que em vez de falarem cada vez mais desapontado com os
dele, vieram falar com ele. Todos conselhos e busca ainda mais since-
eles tinham uma razão; queriam di- ramente algum modo de obter uma
zer a Jó por que achavam que sofria absolvição da parte de Deus, seu Juiz.
daquele modo. Estavam de acordo RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
com a tese de que ele estava naque-
1) Provavelmente era o mais idoso dos três e o
la situação porque teria pecado. mais respeitado por sua sabedoria.
2) Demonstrou ser moralista e frio
3) Não

I
Lição 2 - Jó 3 a 31: Os Diálogos entre Jó, Elifaz, Bildade e Zofar

LEITURA ADICIONAL

A SOBERANIA E A ONIPOTÊNCIA DE DEUS


O livro de Jó enfatiza repetidas vezes a soberania e onipotência de
Deus. Por exemplo, o nome divino hebraico El-Shaddai, geralmente tradu-
zido como Todo-Poderoso, é utilizado por todos os personagens do livro.
Elifaz descreve o Todo-Poderoso como alguém que controla o destino de
todos (Jó 5.17-20) e que independe da humanidade (Jó 22.2,3). Bildade
declara que o Todo-Poderoso é justo (Jó 8.3,4) e soberano em Seu domí-
nio do universo (Jó 25.2,3). Por fim, Zofar descreve os caminhos de Deus
como além da compreensão humana (Jó 11.7-10). Sendo assim, os amigos
de Jó usam o nome El-Shaddai para falar tanto da transcendência de Deus
como de Seu poder soberano. Essa ênfase na soberania de Deus refuta a
compreensão simplista da recompensa divina, que presume haver uma
conexão automática entre a espiritualidade e a prosperidade da pessoa na
terra. Essa foi a base da acusação de Satanás no prólogo: Jó servia a Deus
por tirar proveito pessoal (Jó 1.9-11). Além disso, é a base dos conselhos
de Elifaz e Bildade a Jó. Ambos alegaram que o sofrimento de Jó indicava
um pecado oculto em sua vida, porque Deus, com certeza, nunca casti-
garia um justo (Jó 4.7-11; 8.11-22; 18.5-21). Mas a resposta de Deus a Jó
refutou essa falsa crença (Jó 38.1-39.30). O Senhor declarou ser absolu-
tamente soberano. Ele não tem a obrigação de abençoar àqueles que lhe
obedecem. Todos os Seus atos se baseiam em Sua natureza bondosa e em
Seu próprio livre-arbítrio. Dessa forma, o livro de Jó é uma extensa refu-
tação ao questionamento de Satanás de que a obediência de Jó a Deus era
interesseira, por causa das bênçãos do Senhor. Assim como Jó, devemos
saber obedecer ao Deus Todo-Poderoso e aceitar pela fé que Ele possui
um bom plano para nós.

Livro: “O Novo Comentário Bíblico AT, com recursos adicionais.” (Radmacher et all.
Rio de Janeiro: Central Gospel, 2010, p. 782).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 2 Leitura Bíblica Com Todos


Jó 19.1-27

JÓ 3 a 31: Verdade Prática


A fé de Jó era algo impressionante.
OS DIÁLOGOS Mesmo acusado pelos amigos de
pecado oculto a sua confiança no
ENTRE JÓ, ELIFAZ, Senhor continuou inabalável.

BILDADE E ZOFAR INTRODUÇÃO

I. A REAÇÃO INICIAL DE JÓ
Jó 3.1-26
1. Preferiu não ter nascido Jó 3.1-3
2. Deseja a morte Jó 3.20-22
Texto Áureo 3. O enigma do sofrimento Jó 3.23-26
“Porque eu sei que o meu Re-
dentor vive e por fim se levanta- II. OS DISCURSOS DOS
rá sobre a terra.” AMIGOS Jó 4 – 18
Jó 19.25 1. Elifaz Jó 4.1-5
2. Bildade Jó 8.1-6
3. Zofar Jó 11.1-4

III. AS RESPOSTAS DE JÓ Jó 19 – 31
1. Jó diz que Deus o feriu Jó 19.6-9
2. Jó sabe que seu Redentor vive
Jó 19.23-27
3. O último discurso aos três amigos
Jó 29.1-5

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Jó 4; Jó Jó 8; Jó 9; Jó Jó
5;15 6;7;16 10; 25 10; 26 11; 20 21–31

Hinos da Harpa: 369 - 79

11
Lição 2 - Jó 3 a 31: Os Diálogos entre Jó, Elifaz, Bildade e Zofar

INTRODUÇÃO Uma maldição é lançada sobre


o futuro; mas Jó retroage. Ele gos-
Uma semana inteira de silêncio taria que o dia do seu nascimento
foi interrompida pela lamentação tivesse sido eliminado (3.4-6) de
de Jó no capítulo três. Então os forma que não tivesse aparecido
seus três amigos, Elifaz, Bildade no calendário do ano; ele gostaria
e Zofar sentiram-se compelidos que fosse um dia amaldiçoado e
pelo pessimismo de Jó (seu dese- estéril, em que não tivesse havi-
jo de morrer) a falar e explicar o do concepções nem nascimentos
porquê dos seus sofrimentos. Para bem-sucedidos. Jó caiu em um
eles o sofrimento do justo, se na pessimismo, supondo que a pró-
realidade ele é justo, é sempre um pria existência fosse um mal. Mas,
castigo de Deus pelo pecado. no capítulo 19.26, a esperança de
uma vida futura brilhou na cons-
I. A REAÇÃO INICIAL DE ciência de Jó.
JÓ (Jó 3.1-26)
2. Deseja a morte (Jó 3.20-22)
As hostes celestiais observavam Por que se concede luz ao miserável
a atitude de Jó. Ele primeiro olhou e vida aos amargurados de ânimo,
para o passado: “Nu saí do ventre da que esperam a morte, e ela não
minha mãe”. Em seguida, Jó olhou vem? (3.20,21).
para o futuro: “e nu voltarei”. Por Em termos humanos, tudo que
fim, ele olha para o alto: “bendito Jó tinha era sua esposa e seus três
seja o nome do Senhor”. Agora, no amigos. Mas estes se voltaram con-
capítulo três, ele se pronuncia após tra ele. “Amaldiçoa a Deus e mor-
sete dias e sete noites de silêncio. re!” era exatamente o que queria
Satanás e sua esposa coloca dian-
1. Preferiu não ter nascido (Jó 3.1-3) te dele essa tentação. Diante da
Depois disto, passou Jó a falar e situação em que se encontrava, Jó
amaldiçoou o seu dia natalício (3.1). desejou ter nascido morto. Assim
O desespero de Jó é evidente ele teria expirado antes que o sofri-
e muito grande. Encontra-se ro- mento começasse. Agora, a morte
deado pela dor, sem descobrir até é para ele mais doce do que a vida,
então a razão de sua tormenta. Ele e ele imagina os prazeres do Sheol
é muito honesto, franco e aberto. comparados com a sua sorte atual.
A pressão e a tensão acumuladas A lamentação de Jó nestes versí-
no seu interior estão altíssimas e culos gira em torno do porquê da
a válvula de escape começa a se continuação da sua vida a partir do
abrir. Jó expõe os seus malogros nascimento. Para ele, a morte no
numa chuva de imprecações, la- ventre materno ou o aborto teriam
mentações e confusão. sido a melhor alternativa, pois, es-

12
Lição 2 - Jó 3 a 31: Os Diálogos entre Jó, Elifaz, Bildade e Zofar

taria descansando e não padecen- II. OS DISCURSOS DOS


do de tão grande tormento. AMIGOS (Jó 4 – 18)

3. O enigma do sofrimento Após a reação inicial de Jó,


(Jó 3.23-26) seus amigos decidem falar. Eli-
Por que se concede luz ao homem, faz falou primeiro, o que prova-
cujo caminho é oculto, e a quem velmente indica que era o mais
Deus cercou de todos os lados? Por idoso dos três amigos e também
que em vez do meu pão me vêm ge- o mais respeitado. Esse é o pon-
midos, e os meus lamentos se der- to importante do livro quanto ao
ramam como água? (3.23,24). aspecto da poesia, pois o livro
O versículo acima é o terceiro mostra o problema do sofrimen-
dos porquês de Jó: 1) Por que nas- to humano através de uma lin-
ci? (3.11), 2) Por que não morri ao guagem poética e filosófica.
nascer? (3.12,3) Por que não moro
agora? (3.20-22). 1. Elifaz (Jó 4.1-5)
Havia em Jó uma mistura de Então, respondeu Elifaz o temanita,
sentimentos, emoções em fran- e disse: Se intentar alguém falar-te,
galhos, raciocínio já turbado pelo enfadar-te-ás? Quem, todavia, po-
sofrimento, pelas adversidades derá conter as palavras? (Jó 4.1,2).
que ele não conseguia entender. O “Então, respondeu Elifaz...” Mas
sofrimento faz perder a noção das respondeu a quê? Não foi à dor de Jó.
coisas e leva o sofredor a inver- Elifaz tenta curar o coração sofrido
ter os valores da vida. Podemos e ferido de Jó com lógica desprovida
entender o solilóquio de Jó como de amor. Pior, uma lógica falsa e acu-
expressão de quem estava, pouco satória: “Quem sendo inocente pere-
a pouco, perdendo a esperança e a ceu?” (4.7). Em outras palavras, se Jó
cada momento vê tudo se agravar. sofria então era culpado de algo.
Cada dia pior e, ao anoitecer, os Logo de início, Elifaz mostra-se
horrores noturnos aumentavam o impaciente com Jó e suas interro-
sofrimento por causa dos sonhos gações são repreensão pura. Ele
provenientes da doença, um delí- mostra seu espírito acusador logo
rio mórbido. Isso, junto às dores no começo, indicando que Jó não
físicas, determinava o desassosse- é inocente de pecado e nem reto.
go, a inquietação, ao ponto de sen- Julgando-se superior a Jó, continua
tir-se perturbado mentalmente. a perturbar o amigo com palavras
Quando sofremos, podemos dizer duras e sem misericórdia: “Quanto
e fazer uma porção de coisas das a mim, eu buscaria a Deus e a ele en-
quais nos arrependeremos depois. tregaria a minha causa” (5.8). Sem
Jó, contudo, não amaldiçoa Deus medir suas palavras, afirma que, se
como queria Satanás. estivesse sofrendo como o patriar-

13
Lição 2 - Jó 3 a 31: Os Diálogos entre Jó, Elifaz, Bildade e Zofar

ca, entregaria sua causa a Deus, sem os seus. Está mais preocupado com
murmurar ou reclamar. Quanta in- sua própria reputação do que com
sensibilidade e arrogância. o suprimento da necessidade de
Jó. Tentando defender Deus e sua
2. Bildade (Jó 8.1-6) justiça, Bildade se esquece das ne-
Até quando falarás tais coisas? E até cessidades de seu amigo. Foi frio,
quando as palavras da tua boca se- dogmático e insensível.
rão qual vento impetuoso? Perver-
teria Deus o direito ou perverteria o 3. Zofar (Jó 11.1-4)
Todo-Poderoso a justiça? (8.2,3). Porventura, não se dará resposta a
Bildade é objetivo e analítico esse palavrório? Acaso, tem razão
no seu discurso acerca de Deus e o tagarela? Será o caso de as tuas
do homem. É um moralista, e na parolas fazerem calar os homens?
sua teologia simples tudo pode ser E zombarás tu sem que ninguém te
explicado em termos de dois tipos envergonhe? (11.2-3).
de homem – o inculpável e o secre- Zofar é o mais severo dos três
tamente perverso. Deus faz distin- amigos de Jó. A sua mensagem a Jó é
ção entre eles ao dar prosperidade simples: você está sofrendo porque
a um e destruir ao outro. Deus sabe que você é um pecador
A discordância entre Jó e seus secreto; por isso, arrependa-se! Ele
amigos torna-se maior neste pri- acha que o patriarca fala sobre coi-
meiro discurso de Bildade. Ele sas que não entende. Ele está dizen-
não começa tão cortesmente como do que Deus é até tolerante demais
Elifaz, mas, sim, acusa Jó abrupta- com Jó e que Jó merecia até um cas-
mente de ser um falador, veemente, tigo maior do que está recebendo.
porém vazio. Ele diz que Deus não Zofar Não Tem Compaixão Algu-
perverteria o direito e a justiça. O ma Pela Situação De Jó, E Inicia Seus
que ele quer dizer é que Jó pratica- Argumentos Dizendo Que Ele É Um
ra algo injusto e errado e por isso Tagarela. Visto Que Jó Não É Um Pe-
estaria sendo castigado pelo Todo- cador Manifesto, O Grande Insight
-Poderoso. E, para tripudiar sobre De Zofar É Que Ele Deve Ser Um Pe-
a dor do amigo, Bildade ainda diz cador Secreto Que Foi Descoberto E
que os filhos de Jó haviam sido cas- Pego Por Deus. Zofar Insinua Que Jó
tigados pelos pecados de seu pai, Estava Mentindo Sobre Sua Integri-
por isso morreram. No capítulo dade E Deus Havia Castigado Jó Me-
18, segundo discurso de Bildade, nos Do Que Este Merecia E Sugere
ele equipara Jó aos ímpios (18.5). Que Jó Se Arrependa De Seus Peca-
Sendo um tradicionalista, está sa- dos. No Capítulo 20 Zofar Continua
tisfeito com as velhas ideias e dei- Afirmando Que Deus Certamente
xou de dar valor aos pensamentos Castigava Os Perversos E Insistiu Na
de Jó porque não concordam com Culpa De Jó Sem Ao Menos Conside-

14
Lição 2 - Jó 3 a 31: Os Diálogos entre Jó, Elifaz, Bildade e Zofar

rar Qualquer Outra Declaração Ou rar prosperar aquele que não espe-
Prova Apresentada Pelo Acusado ra viver?” Jó estava tão angustiado
(20.27-29). que a sua esperança era ter apenas
uma sepultura como companheira.
III. AS RESPOSTAS DE JÓ
(Jó 19 – 31) 2. Jó sabe que seu Redentor vive
(Jó 19.23-27)
1. Jó diz que Deus o feriu (Jó 19.6-9) Porque eu sei que o meu Redentor
sabei agora que Deus é que me vive e por fim se levantará sobre
oprimiu e com a sua rede me cer- a terra. Depois, revestido este meu
cou (19.6). corpo da minha pele, em minha
Jó tenta defender a razão de suas carne verei a Deus (19.25,26).
mágoas e lamentos. Ele se via como Neste discurso, a fé audaciosa
um alvo contra o qual o Todo-Po- de Jó chega ao seu clímax nas pa-
deroso lançou flechas venenosas e lavras famosas: Eu sei que o meu
elas tinham se cravado no seu cor- Redentor vive. Salta para estas al-
po. O pavor de Deus o assalta com turas, a partir de um estado de de-
veemência e sem dó. A frustração de sespero causado pelas repreensões
Jó aumenta e o porquê de sua prova dos seus amigos, pela sua devasta-
continua o atormentando. ção por Deus e pelo seu sentimento
No capítulo 7 ele fala sobre a de total abandono. Sua certeza da
inutilidade da sua vida e o aparen- vindicação final brilha com maior
te enigma da sua situação infeliz. A fulgor ainda contra este fundo
vida já é curta demais, então qual escuro. A esperança de Jó é vivi-
é o propósito de passar toda uma ficada. Ele afirma o que sente no
parte desta vida sofrendo com dor seu âmago. Demonstra confiança
e calamidades? No capítulo 16 Jó absoluta no Senhor e uma certeza
responde às acusações de Elifaz impressionante concernente à vin-
com palavras amargas: “Tenho da do Messias e à consumação da
ouvido muitas coisas como estas; salvação de Cristo nele, no devido
todos vós sois consoladores mo- tempo. Aqui encontramos o grito
lestos” (16.2). Jó sabe que sua es- de vitória, o seu brado triunfal. En-
perança está se esgotando, mas a contramos um homem no monturo
fé no Altíssimo resiste e Ele o jus- da sua cidade, alvo de incompreen-
tificará. Em 17.1, ele parece estar são e difamado por “amigos” sem
desistindo: “O meu espírito se vai compaixão, que diante disso ainda
consumindo, os meus dias se vão declara: “... o meu Redentor vive...”
apagando, e só tenho perante mim e acrescenta: “Vê-lo ei por mim
a sepultura”. Sente-se dominado mesmo...” Jó está se referindo a um
pelo pessimismo. De acordo com Redentor espiritual e não a um pa-
Matthew Henry: “Como pode espe- rente por laços humanos.

15
Lição 2 - Jó 3 a 31: Os Diálogos entre Jó, Elifaz, Bildade e Zofar

3. O último discurso aos três e maldosos. Suas últimas declara-


amigos (Jó 29.1-5) ções voltam aos dias do passado,
Prosseguiu Jó no seu discurso e dis- lamentam a infâmia que agora so-
se: Ah! Quem me dera ser como fui fre e relembra sua justiça anterior.
nos meses passados, como nos dias Em momento algum do seu
em que Deus me guardava! (29.1,2). sofrimento Jó blasfemou contra
Os capítulos 26 a 31 constituem Deus. Satanás estava aguardando
o último discurso de Jó em respos- que ele cometesse este pecado – o
ta a seus três amigos. Jó começa de injuriar e difamar a dignidade
defendendo novamente a sua in- do Senhor. Mas Jó não incorreu
tegridade, depois prossegue rela- nesta iniquidade, razão pela qual
tando o fim dos homens corruptos o inimigo perdera a batalha.

APLICAÇÃO PESSOAL
Se estivéssemos no lugar de Jó, como agiríamos? Sejamos constan-
tes em confiar no Senhor, mesmo quando não entendermos os seus
métodos.

RESPONDA
1) Por que Elifaz, amigo de Jó, foi o primeiro a falar?

2) Que características pessoais transparecem no discurso de Bildade.

3) Zofar era o amigo cheio de compaixão pela situação de Jó. Sim ou Não?

16
LIÇÃO 3
JÓ 32 a 40: O DISCURSO DE ELIÚ E A
MANIFESTAÇÃO DE DEUS A JÓ
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Verificar como Eliú é injusto
Em Jó 32 a 40 há 260 versos, no ao afirmar que Jó considera-se
total. Sugerimos começar a aula mais justo do que Deus.
lendo, com todos os presentes, Jó • Mostrar como Deus se mani-
38.1-20 (5 a 7 min.). festa sem responder sequer um
A revista funciona como guia de es- questionamento de Jó.
tudo e leitura complementar, mas • Explicar como Jó reconhece sua
não substitui a leitura da Bíblia. insignificância diante da magni-
Depois de repreender Jó e seus ficência de Deus.
amigos, Eliú começa a dar as suas
opiniões quanto à situação do an- PARA COMEÇAR A AULA
cião. No capítulo 32, e nos primei-
ros doze versículos do capítulo 33, O jovem Eliú tentava dizer ao
Eliú fala muito sobre si mesmo, “eu”, patriarca que Deus estava “falando”
“me”, “mim”. Mostra-se presunçoso através da sua aflição. Ele pensava,
e vaidoso. Mesmo que tivesse expli- como os outros amigos de Jó, que
cações exatas para a dor de Jó, de- este tinha pecado, embora não che-
veria ter manifestado consideração gasse a acreditar que ele fosse um
e respeito ao expô-las. Eliú inicia um homem totalmente perverso e impu-
longo pedido de desculpas por se le- ro. Para Eliú, Jó era um servo de Deus
vantar para falar entre os anciãos. A que havia transgredido contra Ele e
prática de fazer um pedido de des- estava sendo disciplinado. Na verda-
culpas é bem comprovada em docu- de, o Senhor disciplina a quem ama,
mentos do Antigo Oriente Próximo, mas Deus não usa somente a dor e
especialmente quando a pessoa as- angústia como agentes de correção.
sume um papel que não lhe perten- Esse é apenas um meio, não o único.
ce por direito, posição ou idade. Ele RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
também admite que é jovem demais
1) Por respeitar a idade e julgar que a velhice
para falar a Jó, reconhecendo que significava sabedoria.
tradicionalmente a sabedoria está 2) Do meio de um redemoinho que, ao mesmo
associada ao idoso. tempo, mostra e esconde seu poder.
3) Unicamente a Jó.

I
Lição 3 - Jó 32 a 40: O Discurso de Eliú e a Manifestação de Deus a Jó

LEITURA ADICIONAL

OS DISCURSOS DE ELIÚ (32.1-37.24)


A convicção da maioria dos estudiosos é que os quatro discursos de
Eliú são um acréscimo posterior ao livro de Jó. Eliú não é mencionado no
prólogo. Embora se pudesse argumentar que isso não é nada extraordiná-
rio, visto que foi uma grande vantagem dramática do autor ter um novo
interlocutor aparecendo no final dos ciclos de discursos, a ausência de
Eliú do epílogo é surpreendente. Os discursos de Eliú também retardam a
resposta de Javé a Jó, que poderia ser esperada logo após o cap. 31; quan-
do de fato Javé responde a Jó (caps. 38ss), ele fala com Jó como se nada
tivesse interrompido o texto. Os comentaristas sugerem também que os
discursos de Eliú, ao continuarem defendendo que o propósito do sofri-
mento era pedagógico, estão em desacordo com a intenção do poeta de
mostrar que não há solução real para o problema do sofrimento. Outros
fatores também mencionados às vezes, como as peculiaridades estilísti-
cas dos discursos de Eliú e o pedido de desculpas detalhado de Eliú por
se intrometer na conversa, são insignificantes na solução da questão. Em
resumo, a conclusão geral é que “os discursos perturbam de forma violen-
ta a estrutura artística do livro” (O. Eissfeldt). Eles devem ser compreendi-
dos, assim se sugere, como a tentativa de um autor piedoso de compensar
a falta de capacidade dos amigos de Jó de refutar os seus argumentos e de
compensar também a natureza inconclusiva dos discursos divinos. [...] Jó
refuta os argumentos dos amigos ao insistir em que o seu sofrimento não
é resultado do pecado e que, por isso, Deus está sendo injusto. Eliú, que
anuncia que está se opondo tanto a Jó quanto aos seus amigos (32.6-12;
33.5,12), argumenta, ao propor a sua doutrina do sofrimento como disci-
plina, que o sofrimento não precisa ser a pena por pecados já cometidos,
mas pode ser uma advertência, dada com antecedência, para proteger um
homem do pecado. Em todo caso, a justiça de Deus não deve ser impugna-
da, como Jó tem feito.

Livro: “Comentário Bíblico NVI Antigo e Novo Testamentos." (Bruce, F.F. São Paulo:
Editora Vida, 2017, p. 522).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 3 Leitura Bíblica Com Todos


Jó 38.1-20
JÓ 32 a 40: Verdade Prática
O DISCURSO DE ELIÚ Deus governa de maneira justa,
nunca mostrando parcialidade em
E A MANIFESTAÇÃO razão da posição de alguém.

DE DEUS A JÓ INTRODUÇÃO

I. AS PALAVRAS DE ELIÚ Jó 32-37

1. O primeiro discurso de Eliú Jó 32.1-5

2. O segundo discurso de Eliú Jó 34.1-5

Texto Áureo 3. Discursos finais de Eliú Jó 35.13-16


“Cinge, pois, os lombos como
II. DEUS APARECE A JÓ Jó 38.1-13
homem, pois eu te perguntarei, e
tu me farás saber.” Jó 38.3 1. Faz perguntas Jó 38.1-3

2. Quem criou o Universo Jó 38.4-7

3. Quem controla a natureza? Jó 38.8-13

III. DEUS CONTINUA A FALAR


38.14 – 39.30

1. Sobre a limitação humana Jó 38.17-21

2. Sobre Sua grandeza Jó 39.13-18

3. Desafia o entendimento de Jó Jó

39.26-30

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Jó 32 Jó 34 Jó 35.1 Jó Jó Jó 40
1-33 1-37 a 37.24 38 39 3-5

Hinos da Harpa: 124 - 526

17
Lição 3 - Jó 32 a 40: O Discurso de Eliú e a Manifestação de Deus a Jó

INTRODUÇÃO mais velhos. Eliú falava ousadamen-


te, embora não fosse idoso “em sa-
O jovem Eliú entra abrupta- bedoria”, como os outros supunham
mente e, depois de falar, nunca sobre si mesmos.
mais é mencionado. Alega ter es- Eiú não estava interessado em li-
tado presente durante o diálogo sonjear os homens, nem Jó nem seus
anterior, mas ninguém o notou amigos-críticos, mas fingia falar as
nem pediu sua opinião. Alega ter a próprias palavras de Deus. Ele não
solução verdadeira para o proble- aceitou a defesa de Jó, pois, em sua
ma, mas, quando Deus dá a palavra opinião, Jó não era inocente, confor-
final no capítulo 42, recomenda a me afirmava ser. Ele estava indigna-
Jó, condena os seus três amigos e do com Jó porque este “se apresen-
desconsidera Eliú. ta como alguém mais justo do que
Deus” e seguindo esse raciocínio, a
I. AS PALAVRAS DE ELIÚ conclusão inevitável do argumento
(Jó 32-37) de Jó é que, visto que ele está certo
na sua disputa com Deus, Deus deve
Não sabemos por quanto tem- estar errado. Jó não disse isso clara-
po Eliú ouviu as palavras de Jó e de mente, mas Eliú coloca as palavras
seus três amigos. Mas ele esperou na boca de Jó de forma injusta.
que os outros três terminassem
seus discursos, antes de fazer suas 2. O segundo discurso de Eliú
declarações. Aguardou sua vez por (Jó 34.1-5)
respeitar a idade e julgar que a ve- Ouvi, ó sábios, as minhas razões; vós,
lhice significava sabedoria. Seu dis- instruídos, inclinai os ouvidos para
curso foi longo, ao todo seis capítu- mim. Porque Jó disse: Sou justo, e
los. Deus tirou o meu direito (34.2,5).
Neste discurso, Eliú tomou so-
1. O primeiro discurso de Eliú bre si mesmo a tarefa de instruir
(Jó 32.1-5) a terrível tríade (amigos de Jó),
Então, se acendeu a ira de Eliú, homens dotados de suposta sa-
filho de Baraquel, o buzita, da fa- bedoria. Em suas palavras, repe-
mília de Rão; acendeu-se a sua ira tiu elementos dos discursos que
contra Jó, porque este pretendia ser já haviam sido dados. Na opinião
mais justo do que Deus (32.2). dele, Jó certamente era um ímpio;
O primeiro discurso de Eliú feito ele disse que Deus não se importa
a todos os quatro participantes do com os bons mais do que com os
drama: Jó e seus três “amigos mo- maus, e trata-os com zombaria.
lestos” (32.6-9). Aparentemente, os Eliú ignora a situação particu-
discursos de Eliú ultrapassavam o lar de Jó e trata de generalidades.
acúmulo da sabedoria dos homens Defende o direito de Deus agir com

18
Lição 3 - Jó 32 a 40: O Discurso de Eliú e a Manifestação de Deus a Jó

soberania, um ponto que Jó nunca o seu pecado e por isso o adverte a


colocou em dúvida. Acusou Jó de fa- suportar a prova sem pecar. Ele ava-
lar com ignorância e rebeldia, ape- liou o problema de Jó melhor que
sar de Deus não haver, em momento os outros três amigos. Jó não era o
nenhum repreendido seu servo por pecador que os outros haviam des-
tais atitudes. Eliú diz que Deus está crito, mas também não era um san-
dando aos pecadores aquilo que to como ele próprio se considerava.
eles merecem (34.11), e deseja que
Jó seja mais provado ainda (33.36). II. DEUS APARECE A JÓ
(Jó 38.1-13)
3. Discursos finais de Eliú
(Jó 35.13-16) Os homens tinham falado, de-
...Abres a tua boca com palavras clarado, proclamado, divulgado,
vãs, amontoando frases de igno- exposto suas ideias, teorias e pen-
rante (35.16). samentos sobre o caso de Jó. Mas a
Jó continua calado enquanto Eliú resposta para o problema de Jó não
prossegue com suas palavras seve- era uma explicação sobre Deus, mas
ras. Ele até acusa Jó de proferir pala- uma revelação Dele próprio.
vras vãs e ignorantes (16). Ao dizer
que Jó não poderia justificar-se pe- 1. Faz perguntas (Jó 38.1-3)
rante Deus, Eliú diz mais ao patriar- Cinge, pois, os lombos como homem,
ca: que “Só gritos vazios Deus não pois eu te perguntarei, e tu me farás
ouvirá...” (35.13); que ele entregue saber (38.3).
tudo ao Senhor e espere Nele; cesse Deus aparece a Jó do meio de um
de proferir frases imprudentes, por- redemoinho que, ao mesmo tempo,
que o Senhor, na realidade, não está mostra e esconde seu poder. É um
sendo muito severo com ele. acontecimento assustador estar na
Eliú prossegue descrevendo presença do Senhor. Deus começa
o fim dos ímpios e admoesta Jó a fazendo perguntas retóricas rela-
se guardar para não cometer ini- cionadas à sabedoria do Criador,
quidade. Segundo ele, Deus per- questões que Jó não sabe responder
mite a dor e o sofrimento para nos (38.1-3). Essas perguntas mostram
revelar determinadas coisas. Ele o domínio sobre a criação da terra,
está sugerindo que Jó aceite a sua do mar, do tempo, da morte, da luz
“dose” de sofrimento: o remédio e da escuridão, do clima, dos céus e
vindo para o seu bem. dos animais, tanto selvagens quanto
Enquanto os demais amigos de domésticos. Quem não pode res-
Jó o acusavam de sofrer por causa ponder a essas perguntas não deve
de pecado na sua vida, Eliú entende ousar corrigir Aquele que planejou
que Jó estava sob disciplina porque e sustenta todas as coisas.
o seu sofrimento estava causando Deus se revela por meio da na-

19
Lição 3 - Jó 32 a 40: O Discurso de Eliú e a Manifestação de Deus a Jó

tureza e é surpreendente que Ele gédias que se abateram sobre ele.


fale tanto de elementos naturais 3. Quem controla a natureza?
em vez de tratar de questões mo- (Jó 38.8-13)
rais. Os discursos de Deus enfati- Ou quem encerrou o mar com por-
zam que Jó pode confiar Nele para tas, quando irrompeu da madre;
manter o universo funcionando e ... Acaso, desde que começaram os
para dirigir sua vida. teus dias, deste ordem à madruga-
da ou fizeste a alva saber o seu lu-
2. Quem criou o Universo gar para que se apegasse às orlas
(Jó 38.4-7) da terra, e desta fossem os perver-
Onde estavas tu, quando eu lançava sos sacudidos? (38.8,12-13).
os fundamentos da terra? Dize-mo, Deus continua questionando Jó.
se tens entendimento... Sobre que es- Uma das grandes belezas da nature-
tão fundadas as suas bases ou quem za é esse imenso lençol de água, con-
lhe assentou a pedra angular, quan- tido dentro de um círculo de ferro,
do as estrelas da alva, juntas, ale- lutando para avançar terra adentro,
gremente cantavam, e rejubilavam e não conseguindo. Deus pôs portas
todos os filhos de Deus? (38.4,6-7). e trancas ao mar, de maneira que não
Os projetos de construção pú- avança, a não ser quando há neces-
blica no Antigo Oriente começa- sidade de Deus mostrar a sua sobe-
vam com rituais religiosos, inclu- rania sobre tudo. Deus prossegue:
sive cantos litúrgicos em louvor às Acaso, desde que começaram os teus
principais divindades. Os reis de dias, deste ordem à madrugada e fi-
fato, senão ritualmente, ajudavam zeste a alva saber o seu lugar? (v.12).
a lançar as bases para os templos e A madrugada infalível, que toda ma-
auxiliavam simbolicamente os pe- nhã ocorre, depois de a noite findar
dreiros a erigir muros e a colocar o seu circuito em volta de si mesma.
portões. Em Jó 38.4-7, o universo é Até que ponto o poeta entenderia
descrito como um grande projeto este fenômeno das madrugadas, su-
de Deus. Todos os habitantes dos cedendo-se à noite, não sabemos; Jó,
céus cantaram alegremente confor- diria Deus, desde que começaram os
me iam sendo lançadas as bases da teus dias, deste alguma ordem à ma-
terra (38.7). Os seres celestiais que drugada para que se pegasse às orlas
cantaram e clamaram foram deno- da terra, às suas franjas? Jó era de
minados pelo Senhor de as estrelas ontem e as madrugadas eram muito
da alva e os filhos de Deus. E a can- velhas. É uma ironia.
ção alegre das estrelas da alva e dos A seguir, descreve-se o efeito
filhos de Deus, como testemunhas da madrugada sobre o ímpio, que
da criação da terra, contrastam com só ama as trevas, onde vive come-
as queixas de Jó, pronunciadas por tendo os seus pecados. Para estes,
ignorância quanto às razões das tra- a noite é sempre desejável, não as

20
Lição 3 - Jó 32 a 40: O Discurso de Eliú e a Manifestação de Deus a Jó

madrugadas. plena confiança na soberania divina.


III. DEUS CONTINUA A Jó deveria aceitar suas próprias limi-
FALAR (38.14 – 39.30) tações e deixar que Deus seja Deus.

Os discursos do Senhor são di- 2. Sobre Sua grandeza (Jó 39.13-18)


rigidos exclusivamente a Jó, uma O avestruz bate alegre as asas;
resposta, que Jó considerava tar- acaso, porém, tem asas e penas de
dia, a um pedido que fizera repeti- bondade? Ele deixa os seus ovos na
das vezes, pedido este que foi sua terra, e os aquenta no pó, e se es-
palavra final. quece de que algum pé os pode es-
magar ou de que podem pisá-los os
1. Sobre a limitação humana animais do campo (39.13-15).
(Jó 38.17-21) O Senhor quer dizer ao patriar-
Onde está o caminho para a mora- ca que ele ainda tem muita coisa
da da luz? E, quanto às trevas, onde para aprender. É como se estivesse
é o seu lugar, para que as conduzas a lhe dizer: “Contempla, Jó, a natu-
aos seus limites e discirnas as ve- reza, o mar, as estrelas, as nuvens,
redas para a sua casa? Tu o sabes, a neve, tudo. Você é um ser huma-
porque nesse tempo eras nascido e no e não compreende totalmente
porque é grande o número dos teus os meus caminhos e propósitos.
dias! (38.19-21). Acalme-se e ouça as verdades ilus-
A petição de Jó tinha sido para trativas do que você precisa saber.
que se apresentasse uma acusação Depois você vai responder, se pu-
formal, com itens específicos aos der.” O Senhor quer tornar claro
quais se dispunha a responder, um para Jó que o avestruz, por exem-
veredito do seu Juiz que confiante- plo, considerado pouco inteligente,
mente espera que seja uma decla- desajeitado, mostra a soberania de
ração da sua inocência. Nenhum Deus na criação. Ao que parece, o
dos dois é oferecido, embora a avestruz também tem uma forma
forma do interrogatório cruzado arriscada de cuidar de sua cria. No
possa soar às vezes como uma entanto, esta que é a mais pesada
acusação de que Jó, estultamente, de todas as aves, apesar de não
obscurecera os desígnios de Deus voar, pode correr mais rápido que
“com palavras sem conhecimento”. um cavalo veloz.
Se Jó tivesse vivido desde a cria-
ção do universo, talvez soubesse 3. Desafia o entendimento de Jó
responder a algumas perguntas. No (Jó 39.26-30)
entanto, Jó nunca fingira ter seme- Ou é pela tua inteligência que voa
lhante conhecimento. Todas as per- o falcão, estendendo as asas para
guntas feitas pelo Criador a Jó, são, o Sul? Ou é pelo teu mandado que
na verdade, um bondoso convite à se remonta a águia e faz alto o seu

21
Lição 3 - Jó 32 a 40: O Discurso de Eliú e a Manifestação de Deus a Jó

ninho? (39.26-27). desde longe, olhando não para o


Deus terminou esta parte de alto, mas para baixo, para a sua
seu questionamento a Jó da mes- presa. A águia é a única ave que
ma maneira que começou. Ele de- faz seu ninho nas mais altas ele-
safiou o entendimento de Jó acer- vações rochosas das montanhas
ca do funcionamento da natureza da Arábia do norte e da Palestina.
(38.4). As aves do ar são provas do Ela se alimenta de animais vivos,
maravilhoso poder e providências que apreende e despedaça, e leva
de Deus, tanto como animais da os pedaços aos seus filhotes. O po-
terra. Jó não tinha ensinado ao fal- der natural e sagacidade nas cria-
cão como voar, nem quando e para turas, que não podemos explicar,
onde migrar. Não era ao comando nos obrigam a confessar a nossa
de Jó que a águia construía seu própria fraqueza e ignorância e a
ninho elevado em despenhadeiro dar glória a Deus, como a fonte de
da rocha. Jó não dera à águia sua toda existência, poder, sabedoria e
vista aguçada. Pela sua visão de perfeição.
longo alcance seus olhos avistam

APLICAÇÃO PESSOAL
Nenhum ato de Deus é sem um propósito. A nós, o que cabe é reco-
nhecer Sua soberania.

RESPONDA
1) Por que Eliú ficou calado por tanto tempo?

2) Como Deus se manifestou a Jó no capítulo 38?

3) A quem Deus dirige seu discurso?

22
LIÇÃO 4
JÓ 40 a 42: A RESPOSTA DE DEUS E A
RESTAURAÇÃO DE JÓ
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Enfatizar a soberania de Deus
Em Jó 40, 41 e 42 há 24, 34 e 17 no trato com Jó e seus amigos.
versos, respectivamente. Sugeri- • Entender o motivo de Deus ter
mos começar a aula lendo, com repreendido os amigos de Jó.
todos os presentes, Jó 42.1-17 (5 • Explicar como se deu a restau-
a 7 min.). ração de Jó quando orava por
A revista funciona como guia de es- seus amigos.
tudo e leitura complementar, mas
não substitui a leitura da Bíblia. PARA COMEÇAR A AULA
Chegamos ao final do estudo do
livro de Jó. Foi edificante comprovar Faça uma retrospectiva rápida da
a fé e a perseverança do patriarca, história de Jó e como Deus interveio
apesar de não ter seus questiona- restaurando completamente a sua
mentos respondidos. Mesmo acusa- vida, tornando-o em um exemplo de
do pelos amigos de estar ocultando sofrimento e paciência. Nem sempre
seus pecados, Jó manteve-se íntegro teremos respostas para todos os ques-
diante de Deus. Ao final, diante da tionamentos, mas desde que Deus
majestosa manifestação de Deus, Jó esteja no controle da nossa vida, tudo
percebeu a grandeza do Senhor; ren- se encaminhará para o cumprimento
deu-se e, em seguida, foi restaurado. dos desígnios Dele, lembrando-nos
A lição que fica é que Deus não deixa de Romanos 8.28, quando o apóstolo
Seu povo prostrado ou desesperado Paulo diz que “Todas as coisas coope-
para sempre. Não se trata de saber ram juntamente para o bem daqueles
se Deus vai recompensar o justo e que amam a Deus, daqueles que são
castigar o perverso, mas quando Ele chamados segundo o seu propósito”.
vai fazê-lo. Mais cedo ou mais tarde, Satanás não pode deter os planos de
na terra ou no céu, as recompensas Deus para conosco.
serão concedidas no tempo perfeito
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
de Deus.
1) Não
2) Não
3) Errado

I
Lição 4 - Jó 40 a 42: A Resposta de Deus e a Restauração de Jó

LEITURA ADICIONAL

EPÍLOGO (42.7-17)
Os diálogos do livro terminaram, e Jó recebeu a medida suficiente em
consolo divino para suportar seu sofrimento. A história de Jó poderia ter
terminado nesse ponto, não fosse aquele apelo mais insistente dele por
vindicação, i.e., a demonstração pública por parte de Deus de que Jó era
justo e não merecia o castigo recebido. Deus não tem nenhuma obrigação
de dar essa satisfação a Jó, e muitos sofredores inocentes não receberam
o final feliz concedido a Jó. Alguns estudiosos dizem que o final feliz arruí-
na o livro de Jó, visto que parece retornar ao antigo vínculo entre culpa e
castigo, justiça e bênção, que o livro se propôs a destruir. A teologia dos
amigos, segundo a qual os justos prosperam, não é simplesmente confir-
mada pelo epílogo do livro? Não, porque os amigos insistem em que os
justos prosperam indubitavelmente, e os ímpios inevitavelmente têm um
fim precipitado. O caso de Jó provou como é insensata qualquer conversa
de necessidade ou inevitabilidade em relação à forma de Deus agir com os
homens. Mas o epílogo quer afirmar, depois que se deu todo o reconheci-
mento a Deus de que ele pode fazer o que lhe agrada, que Deus tem prazer
em derramar as suas bênçãos sobre aquele que o serve fielmente. Isso
é uma forma de bônus, um ato de graça, e não é compulsório por parte
de Deus. Para Jó, basta que ele teve um encontro com Deus, mas Deus se
agrada em responder no final ao clamar de Jó por vindicação.

Livro: “Comentário Bíblico NVI Antigo e Novo Testamentos”. (Bruce, F.F. São Paulo:
Editora Vida, 2017, p. 530).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 4 Leitura Bíblica Com Todos


Jó 42.1-17
JÓ 40 a 42: Verdade Prática
A RESPOSTA O sofrimento em si não tem ne-
nhum valor intrínseco, mas serve
DE DEUS E A para provar as convicções verda-
deiras e para moldar nosso caráter.
RESTAURAÇÃO DE
JÓ INTRODUÇÃO

I. DEUS INICIA A RESTAURAÇÃO


DE JÓ Jó 40.1-24
1. Deus continua seu desafio Jó 40.1,2
Texto Áureo 2. Resposta de Jó Jó 40.3-5
“Bem sei que tudo podes, e ne- 3. O segundo discurso de Javé Jó 40.6,7
nhum dos teus planos pode ser
frustrado.” II. TEUS PLANOS NÃO PODEM
Jó 42.2 SER FRUSTRADOS Jó 42.1-9
1. Bem sei que tudo podes Jó 42.1,2
2. Falei do que não conhecia Jó 42.3-5
3. Deus repreende os amigos de Jó
Jó 42.7-9

III. DEUS RESTAURA JÓ Jó 42.10-17


1. Mudou o Senhor a sorte de Jó Jó 42.10
2. Amigos e parentes restaurados Jó 42.11
3. Saúde, família e riquezas restaurados
Jó 42.12-17

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Jó 40 Jó 41 Jó 41 Jó 42 Jó 42 Jó 42
6-24 1-20 21-34 1-6 7-9 10-17

Hinos da Harpa: 84 - 193

23
Lição 4 - Jó 40 a 42: A Resposta de Deus e a Restauração de Jó

INTRODUÇÃO davia, ele precisava aprender a con-


fiar totalmente no Senhor, mesmo
Jó se encontra descoberto pe- em face de qualquer calamidade ou
rante o Senhor. Suas palavras va- fato incompreensível. É por isso que
zias, suas queixas e sua ideia de Deus fala: “Acaso, quem usa de cen-
autojustiça já não têm mais sen- suras contenderá com o Todo-Pode-
tido para ele e jazem imóveis e roso? Quem assim argui a Deus que
moribundas no pó e na cinza do responda” (40.2). É como se Deus
monturo. Ele agora reconhece a estivesse dizendo a Jó: “Você tem se
sua insignificância e as supremas queixado, resmungado, murmurado;
grandeza e perfeição de Deus. Ele agora ouça e me responda!”
declara que se arrepende de ter As interrogações de Jó eram le-
falado de coisas que não entendia gítimas, mas ele excedeu os limites
e nem conhecia, mas agora estava da graça de Deus, defendendo de-
diante Daquele que tudo pode. masiadamente a sua própria inte-
gridade. Defendendo em extremo
I. DEUS INICIA A a sua justiça, Jó questionava a jus-
RESTAURAÇÃO DE JÓ tiça de Deus. Uma coisa é gemer e
(Jó 40.1-24) outra bem diferente é queixar-se
de Deus. Jó tinha motivos para ge-
O epílogo tem duas divisões: a mer, mas nenhum para queixar-se
condenação e a restauração dos três contra os desígnios de Deus.
amigos (v.7-9) e a bênção de Deus e a
restauração de Jó (v.10-17). Ao longo 2. Resposta de Jó (Jó 40.3-5)
de toda a provação Jó mostrou que Então, Jó respondeu ao SENHOR e
servia a Deus com um coração puro. disse: Sou indigno; que te respon-
deria eu? Ponho a mão na minha
1. Deus continua seu desafio boca. Uma vez falei e não replica-
(Jó 40.1,2) rei, aliás, duas vezes, porém não
Disse mais o SENHOR a Jó: Acaso, prosseguirei (40.3-5).
quem usa de censuras contenderá Jó se conscientiza repentina-
com o Todo-Poderoso? Quem assim mente da sua verdadeira posição.
argui a Deus que responda (40.1,2). Aturdido, faz silêncio. No entanto,
Deus tinha mais para falar a Jó. O não confessa ter errado naquilo que
prosseguimento das palavras do Se- disse. Admite a sua insignificância e
nhor indica que o patriarca ainda he- diz: “Sou indigno...” (40.4). Percebe
sitava quanto aos propósitos do Al- que não tem condições de respon-
tíssimo. Jó ainda estava procurando der às perguntas de Deus. Reconhe-
entender as razões do seu sofrimen- ce também que tem falado e mur-
to. A sua autojustiça ainda controlava murado demasiadamente. É o início
em parte os seus pensamentos. To- do arrependimento do patriarca. No

24
Lição 4 - Jó 40 a 42: A Resposta de Deus e a Restauração de Jó

entanto, até agora ele não tem nada nhuma das questões que Jó deseja-
a responder; a sua causa ainda não va discutir, nem explicam por que Jó
foi encerrada. Ainda não tem nada estava passando por tantas adversi-
a acrescentar ao que já disse. Nem dades. O que Jó mais precisava não
sequer retira quaisquer das suas era saber por que as coisas aconte-
declarações anteriores. ciam, mas quem estava no controle.

3. O segundo discurso de Javé II. TEUS PLANOS


(Jó 40.6,7) NÃO PODEM SER
Então, o SENHOR, do meio de um FRUSTRADOS (Jó 42.1-9)
redemoinho, respondeu a Jó: Cinge
agora os lombos como homem; eu te Os três amigos de Jó são acu-
perguntarei, e tu me responderás. sados de falar injustamente sobre
À primeira vista, parece que Deus, seus caminhos e suas razões
Deus está intimidando Jó com a para permitir a aflição. Apesar de
afirmação do seu poder superior. usarem palavras que faziam parte
Deus se apresenta como o conten- do vocabulário teológico típico,
dor, que o próprio Jó tinha desejado suas percepções eram parciais e
por vezes; queria encontrar-se com distorcidas.
o seu adversário, mas não sabia
onde estava. Agora aí o tem, fren- 1. Bem sei que tudo podes (Jó 42.1,2)
te a frente, para um duelo de pala- Então, respondeu Jó ao SENHOR: Bem
vras. Por mais de uma vez Jó ten- sei que tudo podes, e nenhum dos teus
tou mostrar que Deus era injusto planos pode ser frustrado.
em tratá-lo da maneira que estava Agora Jó não estava mais que-
fazendo; e chegou mesmo ao pon- rendo contradizer-se, mas dese-
to de desejar um advogado, para jando entregar-se. Reconhece que
receber a sua queixa, um interces- Deus tudo pode, inclusive levantá-
sor que o defendesse. Pois agora -lo daquela condição miserável, na
aí estava junto ao que tanto dese- qual tanto se desesperou tolamen-
java ver; mas como ficou humilde te por considerá-la insuperável.
e silencioso! E Deus o questiona: Agora ele acreditava que Deus po-
“Acaso anularás tu, de fato, o meu dia salvá-lo. Sua visão de Deus foi
juízo, ou me condenarás, para te expandida além de todos os limites
justificares? (40.8). Entretanto, Jó anteriores. Ele tem uma nova apre-
está mudo. A presença divina o fez ciação do escopo e da harmonia do
emudecer, como emudeceria todo mundo de Deus, do qual ele é uma
ser humano se tivesse um contato parte minúscula. Sua primeira ex-
com Deus, o Todo-Poderoso. pressão impetuosa e espontânea,
Os discursos de Deus, na verda- tão diferente da reserva na sua res-
de, não tratam diretamente de ne- posta ao primeiro discurso, é uma

25
Lição 4 - Jó 40 a 42: A Resposta de Deus e a Restauração de Jó

expressão de admiração irrestrita: 3. Deus repreende os amigos de


“Podes fazer tudo! Nenhum dos Jó (Jó 42.7-9)
teus planos pode ser frustrado!” Tendo o SENHOR falado estas pala-
vras a Jó, o SENHOR disse também
2. Falei do que não conhecia a Elifaz, o temanita: A minha ira se
(Jó 42.3-5) acendeu contra ti e contra os teus
Na verdade, falei do que não en- dois amigos; porque não dissestes
tendia; coisas maravilhosas demais de mim o que era reto, como o meu
para mim, coisas que eu não conhe- servo Jó (42.7).
cia (42.3). Deus, finalmente, se dirige
Os ousados discursos de Jó tive- a Elifaz, Bildade e Zofar, dizen-
ram o efeito de ocultar o conselho do-lhes que tinham feito decla-
divino, sendo conversas inchadas rações erradas sobre Ele e que
sem grande conhecimento. Ele falou o patriarca tinha proclamado o
do que não compreendia, proferindo que era reto. Deus não está di-
coisas por demais elevadas para sua zendo que tudo quanto Jó falara
capacidade. Jó, pois, agora, confessa- a Seu respeito estava correto. É
va ser o saco de vento da teologia e evidente que houve momentos de
perdeu a sua arrogância. Agora esta- dúvida na mente de Jó durante a
va abandonada a ideia de que ele po- sua provação; mesmo assim, ele
deria refutar qualquer das acusações manteve um espírito sincero pe-
‘falsificadas’ de Deus. Jó se convence rante Deus. Elifaz, Bildade e Zofar
que “Eu te conhecia só de ouvir, mas não haviam procedido assim, por
agora os meus olhos te veem. Por isso Deus requereu deles um sa-
isso, me abomino e me arrependo crifício reparador. Depois de ofe-
no pó e na cinza” (42.5,6). Jó obteve recerem holocaustos e de Jó orar
mais conhecimento de Deus e de si por eles, o Senhor não os tratou
mesmo. Deus vem em primeiro lugar segundo o desatino que haviam
e ocupa totalmente a sua visão: mas praticado. Foram perdoados por-
agora os meus olhos te veem. O co- que Jó intercedeu por eles junto
nhecimento experienciado, por meio ao Altíssimo (42.8).
da administração do Espírito Santo, Não houve censura para Eliú,
é muito mais revelador, poderoso certamente porque enquanto os
e eficaz do que aprender de outros, amigos de Jó defendiam que o
ler em livros etc. A visão que Jó teve sofrimento possui sempre um ca-
da teofania lançou nova luz sobre os ráter punitivo, Eliú defendia seu
seus problemas de conhecimento e caráter pedagógico na vida do
sabedoria. Ele foi soerguido median- crente. De qualquer modo o fato
te essa experiência. O patriarca ama- dele não ser mencionado no final
dureceu espiritualmente, tornando- deixa claro que ele destoou das
-se mais reto e temente a Deus. loucuras dos outros três.

26
Lição 4 - Jó 40 a 42: A Resposta de Deus e a Restauração de Jó

III. DEUS RESTAURA JÓ (Jó oramos e olhamos para o céu, a fim


42.10-17) de recebê-la. A restauração de Jó
não é resultado do seu arrependi-
Os molestos consoladores de mento, mas, sim, da sua interces-
Jó são repreendidos. Deus reverte são pelos seus amigos.
a fortuna de Jó. Paz e abundância
material substituem a enfermida- 2. Amigos e parentes restaurados
de e a carência. (Jó 42.11)
Então, vieram a ele todos os seus ir-
1. Mudou o Senhor a sorte de Jó mãos, e todas as suas irmãs, e todos
(Jó 42.10) quantos dantes o conheceram, e
Mudou o SENHOR a sorte de Jó, comeram com ele em sua casa, e se
quando este orava pelos seus ami- condoeram dele, e o consolaram de
gos; e o SENHOR deu-lhe o dobro de todo o mal que o SENHOR lhe havia
tudo o que antes possuíra (42.10). enviado; cada um lhe deu dinheiro
A tradução de King James diz: “O e um anel de ouro (42.11).
Senhor mudou o cativeiro de Jó.” Su- As boas novas se espalharam
bentende-se que Jó estivera cativo rapidamente, e todos os ex-amigos,
dos poderes caóticos que causaram incluindo a terrível tríade e Eliú,
sua enfermidade e dor, bem como a bem como todos os seus parentes
perda de tudo quanto possuía. Suas e todos os seus conhecidos, reuni-
orações não foram respondidas, ram-se na casa de Jó para um ban-
mas a voz do céu livrou-o de todos quete de ação de graças. Todos eles
os seus adversários. Jó intercedeu trouxeram presentes, entre eles um
por seus amigos e, no meio daquele anel de ouro, sinal especial de ami-
serviço altamente humanitário, ele zade. Esses presentes simbolizavam
mesmo foi grandemente favoreci- cortesia e amizade e, na ocasião, fo-
do e ganhou da parte do Senhor o ram um sinal de alegria especial.
dobro de tudo quanto tivera. Sua ju- Jó foi restaurado; seus amigos
ventude e suas forças físicas foram voltaram; sua saúde lhe foi devol-
renovadas para assemelhar-se às da vida; agora ele era novamente um
águia. Seu período de maldição ha- homem próspero. Foi permitido a Jó
via terminado. ver a reversão do passado e o alvore-
Em seguida, ele recebeu de vol- cer de um novo dia.
ta todas as suas possessões mate-
riais, em dobro, e uma nova família. 3. Saúde, família e riquezas
O epílogo conta-nos do poder de restaurados (Jó 42.12-17)
Deus de curar e restaurar, rever- Assim, abençoou o SENHOR o últi-
tendo as tragédias e os retrocessos. mo estado de Jó mais do que o pri-
Também se destaca a intervenção meiro... Então morreu Jó, velho e
divina em tempos difíceis, pelo que farto de dias (42.12-17).

27
Lição 4 - Jó 40 a 42: A Resposta de Deus e a Restauração de Jó

Jó estava de volta às atividades meio à provação. Ele demonstrou


normais da vida e mais forte do que um homem pode adorar e ser-
que nunca. O autor do livro teve vir a Deus na adversidade, mesmo
o cuidado de dizer com detalhes quando não há nenhuma vantagem
como as possessões materiais de pessoal à vista.
Jó lhe foram restauradas. A pros- Jó derrotou a diabólica tese do
peridade material era considerada egoísmo e também demonstrou que
no Antigo Testamento um sinal de existe a adoração desinteressada, o
bênçãos divinas, mas agora essas tema principal do livro. Ele morreu,
riquezas foram duplicadas. Foi pleno de dias, e não prematura-
bom Jó ter mantido a integridade, mente, conforme esperara morrer,
não ter se refugiado no ateísmo em quando sob seu teste severo.

APLICAÇÃO PESSOAL
Através de Jó Satanás é frustrado por Deus, que demonstra que é
possível servir-lhe sem outro interesse a não ser Ele próprio.

RESPONDA
1) Defendendo em extremo a sua justiça, Jó questionava a justiça de Deus. Jó tinha motivos
para gemer, mas teria motivos para queixar-se contra os desígnios de Deus?

2) Deus Se dirigiu aos amigos de Jó dizendo-lhes que eles tinham feito declarações asserti-
vas sobre Ele. Sim ou Não?

3) O Senhor mudou a sorte de Jó enquanto ele discutia com os seus amigos. Certo ou Errado?

28
LIÇÃO 5
PROVÉRBIOS 1 a 9: CONVITE À
SABEDORIA
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Explicar como a sabedoria é útil
Em Provérbios 1 a 9 há 256 versos, para uma vida competente.
no total. Sugerimos começar a aula • Mostrar como a insensatez con-
lendo, com todos os presentes, Pro- duz à morte.
vérbios 1.1-22 (5 a 7 min.). • Fazer um retrato da sabedoria.
A revista funciona como guia de es-
tudo e leitura complementar, mas PARA COMEÇAR A AULA
não substitui a leitura da Bíblia.
Caro(a) professor(a), o livro de Comece a sua aula falando so-
Provérbios ensina como viver bem bre Salomão, o autor dos Provér-
no mundo. Ele está repleto de con- bios, Eclesiastes e Cântico. Foi um
selhos práticos para todos os tipos homem especialmente dotado por
de situação. É um manual útil para Deus de uma cultura ímpar na sua
adquirir sabedoria. Depois de iden- época. Certamente o livro é uma se-
tificar o princípio básico da sabe- leção dos três mil provérbios por ele
doria (1.7), continua com um longo proferidos, ditados sábios, axiomas
poema no qual o leitor é persuadido de usos admiráveis para a conduta
a seguir o caminho da sabedoria, da vida humana. Ele era poeta e um
em vez do caminho da estultícia ou homem de grande inteligência. Suas
loucura. A sabedoria e a estultícia canções foram mil e cinco, das quais
são descritas como mulheres que só uma é existente, pois esta foi a
convidam o leitor a ir a elas. O livro única divinamente inspirada, a qual
de Provérbios apresenta uma pie- é, portanto, chamada de Cântico dos
dade prática. Todas as relações da Cânticos (1Rs 4.32). O período em
vida aparecem nesse livro: os deve- que o livro foi escrito cobre cerca de
res para com Deus e o próximo, de 300 anos (25.1).
pais e filhos e de cidadãos. Sendo
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
este um livro extremamente práti-
1) O ouro puro.
co, seria bom que o estudássemos 2) Ela é uma criatura humilde que armazena comi-
com bastante cuidado para a nossa da no verão para enfrentar o inverno.
orientação na vida diária. 3) Nas veredas da justiça.

I
Lição 5 - Provérbios 1 a 9: Convite à Sabedoria

LEITURA ADICIONAL

PROVÉRBIOS: UMA EXPOSIÇÃO COM OBSERVAÇÕES PRÁTICAS


Temos diante de nós um novo autor; uma nova pena utilizada pelo Es-
pírito Santo, para nos dar a conhecer a vontade de Deus, pena esta que
escreve como que movida pelo dedo de Deus, e trata-se de Salomão [...].
Uma nova maneira de escrita, em que a sabedoria divina nos é ensinada
por Provérbios, ou sentenças curtas, que contêm em si mesmas todo o seu
desígnio e não têm conexão entre si. Nós tivemos leis divinas, histórias, e
cânticos, e agora, provérbios divinos; a Sabedoria Infinita usou métodos
variados para a nossa instrução. O ensino por meio de provérbios era: 1.
Uma maneira antiga de ensino. Era o método mais antigo entre os gregos;
cada um dos sete sábios da Grécia teve algum ditado que o valorizava e
que o tornou famoso. 2. Era um método simples e fácil de ensino, que não
custava nenhum esforço, nem aos professores nem aos alunos, nem exigia
muito de seus entendimentos ou suas memórias. 3. É um método muito
proveitoso de ensinamento e alcançava admiravelmente bem o seu pro-
pósito. A palavra Marshal, aqui usada para provérbios, se origina de uma
palavra que significa governar ou dominar; por causa do poder autoritá-
rio e da influência que estas sentenças sábias e importantes têm sobre os
filhos dos homens; aquele que ensina usando este método controla seus
ouvintes. É fácil observar como o mundo é governado por provérbios. Po-
demos ver isso nas Escrituras: “Como diz o provérbio dos antigos” (1Sm
24.13), ou na maneira como comumente nos expressamos hoje: “Como
diz o antigo ditado”. Diante disto podemos perceber que os provérbios
têm excelentes resultados com a maioria dos homens, na formação de
suas noções e na correção de suas resoluções. Grande parte da sabedoria
dos antigos foi transmitida à posteridade por meio de provérbios...

Livro: Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cântico de Salomão. Edição


completa. (Henry, Matthew. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p. 717).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 5 Leitura Bíblica Com Todos


Provérbios 1.1-22
Verdade Prática
PROVÉRBIOS 1 a 9: Uma vida sábia consiste em recu-
CONVITE À sar as propostas sedutoras do mal
e em deleitar-se na vivência coti-
SABEDORIA diana da Palavra de Deus

INTRODUÇÃO

I. O LIVRO DE PROVÉRBIOS Pv 1.1-6


1. Contexto e autoria Pv 1.1

2. Conteúdo e Propósitos Pv 1.2-6


Texto Áureo 3. Destinatários Pv 1.20-21
“O temor do Senhor é o princípio
do saber, mas os loucos despre- II. OS FUNDAMENTOS DA
zam a sabedoria e o ensino.” SABEDORIA Pv 1.7 – 4.23
Provérbios 1.7
1. Temor do Senhor Pv 1.7

2. Contexto Familiar Pv 1.8

3. Guardar o coração Pv 4.23

III. A PERSONIFICAÇÃO DA
SABEDORIA Pv 8.1 – 9.18
1. A preexistência da sabedoria Pv 8.22-26

2. O convite da sabedoria Pv 9.1-6

3. O banquete da loucura Pv 9.13-18

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Pv1 Pv 1 Pv 2 Pv 3.1 Pv 5.1 Pv 8.1
1-19 20-33 1-22 a 4.27 a 7.27 a 9.18

Hinos da Harpa: 210 - 259

29
Lição 5 - Provérbios 1 a 9: Convite à Sabedoria

INTRODUÇÃO 3.5-14). O livro reúne ensina-


mentos formulados pelo próprio
O Livro de Provérbios é um Salomão, em sua grande maio-
tesouro de sabedoria prática, ria, bem como por outros sábios
oferecendo conselhos valiosos (24.23), Agur (Pv 30), Lemuel
para uma vida feliz. Os primeiros (Pv 30.1-9), além de uma coletâ-
nove capítulos estabelecem as nea transcrita pelos homens do
bases desse conhecimento, res- rei Ezequias (25.1).
saltando a importância de amar
e aplicar essa sabedoria em nos- 2. Conteúdo e Propósitos (Pv 1.2-6)
so cotidiano. Para obter o ensino do bom proce-
O estudo atento do livro de der, a justiça, o juízo e a equidade
Provérbios fornecerá saudável ali- (1.3)
mento espiritual para a nossa ca- Provérbios constitui uma ri-
minhada cristã, sobretudo diante quíssima coleção de instruções e
dos enormes desafios da socieda- advertências para a vida humana,
de atual, marcada por problemas inspiradas pelo Espírito Santo. São
éticos e sociais cada vez mais in- preciosos conselhos que ajudam a
tensos. dar realidade concreta à religião
oficial de Israel. É um livro de sa-
I. O LIVRO DE bedoria prática para aplicação
PROVÉRBIOS (Pv 1.1-6) nos mais variados contextos, ob-
jetivando garantir uma vida santa,
1. Contexto e autoria (Pv 1.1) útil e, por isso, verdadeiramente
Provérbios de Salomão, filho de feliz.
Davi, o rei de Israel. De fato, Provérbios traz sérios
No Antigo Oriente, eram co- alertas contra o largo caminho do
muns ditados sábios serem reu- pecado, provê instrução prática
nidos em livros, para ampla con- para o exercício de liderança jus-
sulta. Textos antigos similares a ta e administração eficaz, além de
Provérbios foram encontrados na encorajar o cultivo de relaciona-
Mesopotâmia e no Egito. Já nos mentos saudáveis e harmoniosos
dias de Salomão, era antiga a prá- nas mais variadas dimensões da
tica de compor e colecionar dita- vida, incluindo família, casamento,
dos de sabedoria. amizade e trabalho.
Quanto ao livro bíblico de Portanto, suas múltiplas e sóli-
Provérbios, aponta-se o Rei Salo- das instruções devem ser conheci-
mão como seu autor ou compila- das, refletidas e aplicadas por todo
dor de conteúdo (1.1; 10.1), ho- aquele que deseja viver no presen-
mem agraciado pelo Senhor com te século de maneira sensata, justa
incomparável sabedoria (1Rs e piedosa (Tt 2.12).

30
Lição 5 - Provérbios 1 a 9: Convite à Sabedoria

3. Destinatários (Pv 1.20-21) 1. Temor do Senhor (Pv 1.7)


Grita na rua a Sabedoria, nas pra- O temor do Senhor é o princípio do
ças, levanta a voz; do alto dos mu- saber, mas os loucos desprezam a
ros clama, à entrada das portas e sabedoria e o ensino.
nas cidades profere as suas pala- Provérbios registra, desde o
vras: início, a condição básica para al-
Em outras culturas do Orien- cançar a sabedoria: “O temor do
te Médio, o ensino da sabedoria Senhor é o princípio do saber”
era promovido pela corte real (1.7a). Ora, Deus é a fonte da sa-
objetivando treinar integrantes bedoria (Tg 1.5). Por isso, o funda-
da nobreza para desempenho mento da sabedoria está em cul-
satisfatório em assuntos gerais tivar um relacionamento correto
do reino. Todavia, o que se vê em com Deus.
Provérbios é uma rica coletânea Logo, antes de tudo, sábio é
sapiencial associada à vida do aquele que tem compreensão
povo em geral. correta do mundo e de si mes-
De fato, para além de temas mo como criatura de Deus. Sábio
relacionados à vida em sociedade, é aquele que reconhece o lugar
Provérbios também oferece con- central de Deus em tudo, sempre
selhos sábios para a vida pessoal agindo de maneira a glorificá-lo.
e familiar. Por isso, Provérbios, Quem deseja ser sábio deve se
destinando-se a todo o povo de relacionar com aquele em quem
Israel, em verdade, busca alcançar todos os tesouros da sabedoria e
toda a humanidade (Gn 12.3). Sua do conhecimento estão ocultos (Cl
sabedoria é, pois, universalmente 2.2-3).
aplicável.
2. Contexto Familiar (Pv 1.8)
II. OS FUNDAMENTOS DA Filho meu, ouve o ensino de teu pai
SABEDORIA (Pv 1.7 – 4.23) e não deixes a instrução de tua
mãe.
O livro de Provérbios proclama É significativo que o livro de
que a verdadeira sabedoria flores- Provérbios, também em sua aber-
ce em um coração temente a Deus, tura, estabeleça o contexto da in-
regado em um contexto de amor e timidade familiar como o espaço
profundo comprometimento espi- adequado para a transmissão e o
ritual. cultivo da sabedoria.
Vejamos, portanto, com mais de- O tratamento carinhoso (“filho
talhes, quais os fundamentos cen- meu”) revela que o pai considera
trais da sabedoria divina, de modo a seu filho como herdeiro espiritual,
distingui-la de qualquer outra espé- não simples descendente biológi-
cie de sabedoria (Tg 3.15). co. A menção à mãe aponta para

31
Lição 5 - Provérbios 1 a 9: Convite à Sabedoria

a responsabilidade de ambos os conselhos são gratuitos e benig-


pais pela educação feita no lar nos. O capítulo 9 mostra o con-
(1.8). traste definitivo entre loucura e
De fato, o contexto amoroso da sabedoria: a primeira, oferece um
família temente a Deus é o cenário banquete para a morte; a segunda,
mais favorável para o eficaz ensi- um banquete para a vida
no da Palavra de Deus (Dt 6.4-9;
2Tm 1.5 e 3.15). 1. A preexistência da sabedoria
(Pv 8.22-26)
3. Guardar o coração (Pv 4.23) Desde a eternidade fui estabeleci-
Sobre tudo o que se deve guardar, da, desde o princípio, antes do co-
guarda o coração, porque dele pro- meço da terra (8.23)
cedem as fontes da vida.. O termo sabedoria (hokmah no
A verdadeira sabedoria não hebraico) aparece repetidamente
tem a ver apenas com crer em no livro de Provérbios. No Antigo
Deus e assimilar conhecimento Testamento, esta palavra é usada
bíblico. É preciso algo mais: um para descrever a habilidade de
compromisso da pessoa como um artesãos, artistas e conselheiros.
todo. Pensar retamente, falar reta- No âmbito espiritual, uma pes-
mente e agir retamente (1Ts 5.23). soa sábia vive de acordo com os
Não é uma questão de inteligência mandamentos de Deus, aplicando
humana, mas de firme comprome- com eficácia o seu conhecimento
timento espiritual. acerca de Deus. A sabedoria, ainda
Daí a orientação bíblica de que no capítulo 9, não é uma atitude;
as instruções de sabedoria devam é uma pessoa. Não é uma pessoa
ser guardadas no coração, debai- humana, mas divina.
xo de constante e forte vigilância, Por isso, é apontada como en-
pois dele provêm nossos pensa- volvida com Deus desde a funda-
mentos, sentimentos e escolhas ção do mundo (8.22-23). “Quando
(Pv 4.23). Alimentar nosso cora- ele preparava os céus, aí estava eu;
ção com a Palavra de Deus é vital quando traçava o horizonte sobre a
para uma vida cristã sábia e sau- face do abismo; quando firmava as
dável (Sl 119.11). nuvens de cima; quando estabele-
cia as fontes do abismo” (8.27-28).
III. A PERSONIFICAÇÃO DA O paralelo com Gênesis 1 é na-
SABEDORIA (Pv 8.1 – 9.18) tural, revelando que a sabedoria
desempenhou papel crucial na
O capítulo 8 é um hino de lou- criação do mundo, participando
vor à maravilhosa condição de ativamente no planejamento e na
portar sabedoria. Pode-se confiar execução da criação ordenada por
nas palavras da sabedoria; seus Deus. Essa conexão entre a sabedo-

32
Lição 5 - Provérbios 1 a 9: Convite à Sabedoria

ria e a criação demonstra que a sa- frequentemente instigava seus


bedoria é própria à natureza divina seguidores a conhecer e aplicar as
e, ao mesmo tempo, um dom que verdades divinas.
Deus oferece aos seres humanos Em Mateus 7.24-27, por exem-
para que vivam felizes (8.32-36). plo, Jesus compara aqueles que
No Novo Testamento, essa ouvem e praticam seus ensina-
revelação se tornou ainda mais mentos a alguém que construiu
nítida: Jesus é a sabedoria pree- sua casa sobre uma base sólida e,
xistente à criação, que estava por isso, inabalável. Aceitar o con-
no princípio com Deus e por vite de caminhar pela sabedoria
intermédio de quem foram cria- divina significa desfrutar de uma
das todas as coisas (Jo 1.1-3; Cl vida plena de significado (Pv 3.1-
1.16-17). 10; Pv 9.9-11).
A Sabedoria é uma personifica-
ção de Jesus, aquele que é a vida 3. O banquete da loucura
e concede vida aos homens. Abor- (Pv 9.13-18)
recer a Sabedoria é amar a morte. Quem é simples, volte-se para aqui.
É cavar a própria sepultura. É ca- E aos faltos de senso diz: As águas
minhar com os próprios pés para roubadas são doces, e o pão comido
a condenação eterna. A Sabedo- às ocultas é agradável. (9.16-17).
ria propõe diante de nós a vida e Mas a Bíblia também registra
a morte e nos exorta a escolher a figura da loucura, personificada
a vida, para que vivamos agora e como uma mulher sedutora que
para todo o sempre! convida incautos para se juntarem
a ela em sua casa, conduzindo-os
2. O convite da sabedoria (Pv 9.1-6) pelo espaçoso caminho da perdi-
Deixai os insensatos e vivei; andai ção (Mt 7.13). Essa passagem nos
pelo caminho do entendimento. alerta sobre os perigos da escolha
(9.1-6). do caminho errado e da influência
Aqui, a sabedoria se perso- de pessoas e ideias insensatas em
nifica como uma mulher que nossas vidas.
construiu sua casa, preparou um Jesus frequentemente advertia
banquete e enviou convites a to- contra a influência corruptora de
dos, oferecendo discernimento e líderes religiosos hipócritas, cha-
entendimento como banquete es- mando seus seguidores a discernir
piritual para aqueles que desejam entre o certo e o errado (Mt 23.27-
crescer em sabedoria. 28). Paulo também escreveu sobre
Essa ênfase na busca da sabe- a importância de escolhermos a
doria remete-nos aos ensinamen- sabedoria divina ao invés da tolice
tos do Novo Testamento, especial- do mundo (Co 1.18-25).
mente às palavras de Jesus, que Esse contraste de convites

33
Lição 5 - Provérbios 1 a 9: Convite à Sabedoria

bem espelha a intensa batalha es- sabedoria, pois ela conduz à vida
piritual que marca a caminhada plena e feliz, enquanto a insensa-
humana, sobretudo a dos cristãos, tez leva à destruição (Dt 30.19).
continuamente assediados pelo Conforme Tiago, uma vida
pecado, pelo mundo e por satanás nutrida pela sabedoria do alto
(Ef 2.2-3 e 6.10-11; Hb 12.1). conduz à pureza, à harmonia, à
Por outro lado, representa cordialidade, à misericórdia, ren-
também a graciosa provisão di- dendo ainda muitos outros bons
vina de orientação, enfatizando frutos (Tg 3.17).
a importância de escolhermos a

APLICAÇÃO PESSOAL
A prática cotidiana da Palavra de Deus nos habilita a rejeitar cami-
nhos de destruição e a desfrutar da vida abundante que Jesus pro-
meteu – uma vida sábia, cheia de significado, propósito e plenitude
espiritual, em harmonia com Seus ensinamentos.

RESPONDA
1) A sabedoria é um tesouro mais precioso do que

2) Por que o preguiçoso é concitado a ir ter com a formiga?

3) O temor do Senhor nos afasta dos caminhos escorregadios e firma os nossos passos...

34
LIÇÃO 6
PROVÉRBIOS 10 a 24: SABEDORIA
PARA A VIDA PESSOAL E FAMILIAR
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Entender a importância de
Em Provérbios 10 a 24 há 447 ver- agir com sabedoria no meio
sos, no total. Sugerimos começar a famíliar.
aula lendo, com todos os presentes, • Compreender que o temor ao
Provérbios 12.1-20 (5 a 7 min.). Senhor nos torna cidadãos me-
A revista funciona como guia de es- lhores.
tudo e leitura complementar, mas • Atentar que a prudência ao fa-
não substitui a leitura da Bíblia. lar gera bênçãos.
Caro(a) professor(a), esta é a
primeira coleção de provérbios PARA COMEÇAR A AULA
atribuídos a Salomão. Os capítu-
los 10 a 15 enfatizam o contras- Comece a sua aula reafirmando
te existente entre a vida reta e a o padrão bíblico da organização fa-
ímpia. Os capítulos 16-22 exal-
tam a vida reta. O trecho de Pv miliar. Toda família é formada, in-
10.1-22.16 contém cerca de 375 variavelmente, por um homem, que
afirmações, a maioria fundadas é o marido, por uma mulher, que é
na lei e nas declarações de sabe-
esposa, e, quando aprouver a Deus,
doria que interpretam essa lei. Os
poderosos versos de sabedoria por filhos nascidos dessa união . Em
de Salomão servem de guia para seguida, faça um paralelo da impor-
a nossa conduta como pais, filhos tância do conhecimento da Escritu-
ou mesmo cidadãos. Diante dos
valores desconstruídos dessa ge- ra para que estejamos firmes contra
ração pós-moderna, faz-se funda- o pensamento dessa era.
mental, alinhar a nossa conduta
pelos valores da Palavra de Deus,
agindo com todos de forma justa,
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
sábia e amorosa.
1) F
2) V
3) F

I
Lição 6 - Provérbios 10 a 24: Sabedoria para a Vida Pessoal e Familiar

LEITURA ADICIONAL

OS PROVÉRBIOS DE SALOMÃO (10.1-22.16)


Após a longa introdução, chegamos aos provérbios propriamente di-
tos, os dísticos e versos cativantes e facilmente lembrados que mantêm a
sabedoria viva em nossa mente. Os caps. 10-22 contêm a primeira seção
que é atribuída a Salomão, não ordenada segundo um tópico, e com repe-
tições ocasionais, munição para o jovem que foi preparado até aqui pela
introdução para buscar a sabedoria e viver de acordo com ela. Diversos
temas tratados em detalhes anteriormente vão aparecer em aplicações
específicas, e outras máximas são acrescentadas à medida que o sábio
discorre acerca de um vasto leque de assuntos da vida humana e da socie-
dade. 10.1. As nossas atitudes nos afetam (9.12), mas aos outros também.
O efeito sobre o pai e a mãe ainda é uma consideração válida. A sabedoria
ou a tolice podem ser reconhecidas basicamente na diligência ou na pre-
guiça (v.5). [...]. 22.6. Temos aqui a antiga sabedoria acerca da educação.
Instrua é a palavra usada para “dedicar” (1Rs 8.63), de forma que isso é
uma tarefa religiosa, e não um preparativo econômico segundo os obje-
tivos que você tem; as versões tradicionais trazem “no caminho em que
deve andar”. Isso significa que a educação deve se adequar à criança; não
é a criança que precisa ser adequada ao sistema. Também exige atenção
individual para aptidões individuais, mas pressupõe algum alvo comum
pelo qual o “caminho” pode ser determinado. Esse tipo de treinamento e
instrução é verdadeira preparação para a vida. O v.15 com a sua doutrina
da “tolice original” nos protege da ideia de que crianças são depósitos de
boa vontade que só precisam ser explorados. A “disciplina” foi exagerada
no passado, mas não pode ser descartada [...].

Livro: Comentário Bíblico NVI Antigo e Novo Testamentos. (Bruce, F.F. São Paulo:
Editora Vida, 2017, p. 641, 656).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 6 Leitura Bíblica Com Todos


Provérbios 12.1-20
PROVÉRBIOS
Verdade Prática
10 a 24: O sábio ordena sua casa, digni-
fica seu trabalho e edifica o seu
SABEDORIA PARA próximo.

A VIDA PESSOAL E INTRODUÇÃO

FAMILIAR I. FAMÍLIA E RESPONSABILIDADE


Pv 12.1-15
1. Pai justo e esposo fiel Pv 12.1-2
2. Esposa de marido e mãe de filhos
Texto Áureo Pv 12.4-5
"O homem não se estabelece 3. Filhos sábios e obedientes Pv 12.14-15
pela perversidade, mas a raiz
dos justos não será removida" II. TRABALHO E VIDA FRATERNA
Provérbios 12.3 Pv 16.7-26
1. Justiça e generosidade Pv 16.8
2. Honestidade e temor a Deus Pv 16.11
3. Dedicação e amor ao trabalho Pv 16.26

III. PRUDÊNCIA E CUIDADO NO


FALAR Pv 18.4-13
1. A palavra reta agrada a Deus Pv 18.4
2. A palavra tem seus efeitos Pv 18.6
3. A palavra do justo edifica Pv 18.13

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Pv 11.1 Pv 14.1 Pv 16.1 Pv 18.1 Pv 20 Pv 21.1
a 13.25 a 15.33 a 17.28 a 19.29 1-30 a 22.16

Hinos da Harpa: 96 - 306

35
Lição 6 - Provérbios 10 a 24: Sabedoria para a Vida Pessoal e Familiar

INTRODUÇÃO a livrará do inferno (23.13). Quando


se trata de uma divergência entre
A sabedoria que nos compete marido e esposa é bom lembrar que
é aquela que se mostra nos nos- a ruptura de uma barragem sempre
sos modos de pensar e de agir. No começa com uma pequena rachadu-
propósito de assumir uma condu- ra, por isso, evite discussões, “desis-
ta idônea, a Palavra de Deus nos te, pois, antes que haja rixas” (17.14).
orienta a avaliar com prudência, É fundamental reconhecer os gestos
agir com diligência, acolher com de cuidado e carinho, pois “palavras
generosidade e falar com modera- agradáveis” são “doces para a alma
ção. Por Sua graça, o Senhor nos e medicina para o corpo” (16.24). A
deixou sábios conselhos para a fidelidade e o respeito são o zelo do
nossa vida pessoal e familiar. homem pela esposa, por isso o adul-
tério é citado como um poço ou cova
I. FAMÍLIA E onde são jogados os que se deixa-
RESPONSABILIDADE ram espreitar por outras mulheres
(Pv 12.1-15) (23.27-28), inclusive através de re-
des sociais.
Os provérbios dedicam especial
atenção à responsabilidade que 2. Esposa de marido e mãe de
devemos praticar uns com os ou- filhos (Pv 12.4-5)
tros no ambiente familiar. Quando A mulher virtuosa é a coroa do seu
todos agem com sabedoria não há marido, mas a que procede vergo-
discórdias. nhosamente é como podridão nos
seus ossos(12.4)
1. Pai justo e esposo fiel (Pv 12.1-2) Ironias, acusações e reclamações
Quem ama a disciplina ama o co- podem infiltrar o ressentimento na
nhecimento, mas o que aborrece a estrutura do casamento. Palavras
repreensão é estúpido(12.1) brandas ao invés das respostas duras
Por causa do esvaziamento da (15.1) fazem da língua uma fonte de
identidade paterna na sociedade vida que renova o espírito dos filhos
pós-moderna, poucos usam a “vara e do esposo (15.4). Esposas sábias
da disciplina” (22.15) quando se tra- aprendem a contornar as resistên-
ta de corrigir os filhos. Usar a vara cias com amor e paciência, tornam-
significa administrar a punição na -se mestras em sugerir, em vez de
proporção da falta cometida. Quan- exigir; aperfeiçoar uma ideia em vez
do a falta exigir a correção física, a de rejeitá-la e ser solidárias nas per-
motivação do pai deve ser a preven- das em vez de apontar o fracasso. É
ção de males maiores “enquanto desse modo que a mulher sábia edi-
há esperança” (19.18), pois o justo fica a sua casa (14.1). As sábias não
castigo não matará a criança, antes são “colegas” dos filhos, são mães

36
Lição 6 - Provérbios 10 a 24: Sabedoria para a Vida Pessoal e Familiar

conselheiras; não são adversárias para que sejas sábio nos teus dias”
de seus maridos, são esposas fiéis e (19.20) e não te deixes levar pela re-
inquebrantáveis. A discrição é uma beldia. Diante do pai e da mãe, cabe
virtude cada vez mais esquecida em aos filhos serem submissos e não
tempos de tanta exposição nas redes soberbos (1Pe 5.5) nunca desejan-
sociais, mas sem ela a beleza é como do mais do que realmente precisam,
joia de ouro em focinho de porco pois “melhor é um bocado seco e
(11.22), ou seja, é um atributo inútil. tranquilidade do que a casa cheia de
O corpo da mulher é berço para os contendas” (17.1) .
filhos e alegria reservada aos olhos
do marido. Esposas virtuosas são II. TRABALHO E VIDA
motivo de orgulho e não de vergo- FRATERNA (Pv 16.7-26)
nha (12.4); mulheres sábias geram
nos maridos o desejo de estar ao seu O padrão bíblico de justiça vai
lado (21.9 e 19). além das obrigações legais, pois
nos propõe a justa partilha e o
3. Filhos sábios e obedientes proceder com dedicação para que
(Pv 12.14-15) possamos andar bem aos olhos de
O caminho do insensato aos seus pró- Deus.
prios olhos parece reto, mas o sábio
dá ouvidos aos conselhos (12.15) 1. Justiça e generosidade (Pv 16.8)
Os provérbios são exortações Melhor é o pouco, havendo justiça,
para a vida prática, vários deles sen- do que grandes rendimentos com
do dedicados a manter o bom rela- injustiça
cionamento entre filhos e pais. Para Nas nossas relações comerciais
tanto, os provérbios utilizam verbos vale lembrar que o fruto de injus-
de sentido similar: ouvir; guardar; tiça será ilusão (11.18) e “melhor
atender. O filho que ouve (13.1) e é o pouco, havendo justiça, do que
atende à repreensão (15.5), molda a grandes rendimentos com injustiça”
si mesmo segundo os ensinamentos (16.8). Quem nega ao irmão o que
de quem o ama. Isso significa que ele lhe é justo causa-lhe dano e pobreza
respondeu ao que ouviu e promoveu (10.4). A justiça bíblica extrapola as
uma mudança de atitude. O passo obrigações e recomenda a genero-
seguinte é guardar o conselho e as- sidade, pois quem “dá liberalmente,
sumir na sua própria vida o modo ainda se lhe acrescenta mais e mais”
de proceder que lhe foi ensinado. “O (11.24). O homem generoso entende
filho sábio alegra seu pai” (15.20), que também recebeu além do que
pois “atende à repreensão e adquire merecia e, ao partilhar, “faz bem a
entendimento” (15.32). Em uma so- si mesmo” (11.17), pois as riquezas
ciedade em que a cada dia surge uma de nada aproveitam no dia da ira do
nova verdade, “recebe a instrução Senhor (11.4). Não há amor que não

37
Lição 6 - Provérbios 10 a 24: Sabedoria para a Vida Pessoal e Familiar

se compadeça, aliás o desprezo pelo esquecendo-se que Deus defenderá


pobre é um pecado (14. 20-21) que os necessitados, “tirará a vida aos
“insulta aquele que o criou” (14.31). que os despojam” (22.23) e jamais
Sejamos justos com o trabalhador se esquecerá dos desamparados
e generosos com os necessitados. (25.25).
Quando partilhar, faça-o com dis-
crição (Mt 6.1-2) e disponibilidade 3. Dedicação e amor ao trabalho
(21.13), sem interesse em promover (Pv 16.26)
sua imagem pessoal (19.22). O justo A fome do trabalhador o faz tra-
não retém o que não lhe é devido, balhar, porque a sua boca a isso o
mas o cobiçoso desperdiça seus dias incita.
desejando lucrar mais do que lhe O sábio é diligente – zeloso; de-
cabe (21.26). dicado – e bem disposto, pois a Bí-
blia diz que um preguiçoso se torna
2. Honestidade e temor a Deus um problema para o seu superior,
(Pv 16.11) algo semelhante aos danos da fuma-
Peso e balança justos pertencem ao ça nos olhos (10.26). Em qualquer
SENHOR; obra sua são todos os pe- atividade, o cristão deve ser zeloso,
sos da bolsa. pois “o que lavra sua terra será far-
Quem promove a justiça sabe to de pão, mas o que corre atrás de
que o temor de Deus é mais valioso coisas vãs” (12.11) é como o sono-
do que qualquer tesouro (15.16). lento; o que está desperto come seu
O lucro ou proveito ilícito ameaça próprio pão (20.13) e se esforça to-
também a tranquilidade familiar dos os dias com dedicação (12.12),
(15.27), por isso o sábio prefere pois sabe que “o bem precioso do
aguardar as recompensas de Deus homem é ser diligente” (12.27). O
(Is 33.15-17). Assim age o justo, preguiçoso tem sempre uma es-
cuja sabedoria vale mais que o di- tratégia para conseguir sucesso fá-
nheiro (16.16), pois não se afasta cil, mas o sábio espera em Deus os
de Deus em nome de um negócio ou frutos do seu trabalho (16.26). Às
um convite lucrativo. Riquezas e po- vezes, algumas decisões parecem
der são perigosos sem a sabedoria favorecer o perverso (18.5), mas
para usá-los conforme a vontade de Deus julgará tal injustiça, pois ele
Deus (17.16), pois esse é o caminho abomina a balança com pesos de-
para a soberba. Soberbo é quem se siguais (20.23). Sejamos empenha-
sente protegido por seus altos car- dos e nunca fraudulentos nos estu-
gos; por seu nível de escolaridade; dos ou no trabalho, no controle do
por seu patrimônio, como se fossem orçamento doméstico ou da folha
sua cidade forte (18.11), a ponto de de pagamento, no cumprimento da
praticar fraudes e subornos (18.16; jornada de trabalho e no pagamen-
21.14) e de rejeitar os pobres (19.4), to de impostos.

38
Lição 6 - Provérbios 10 a 24: Sabedoria para a Vida Pessoal e Familiar

III. PRUDÊNCIA E nem ruína para os outros, pois “o


CUIDADO NO FALAR que guarda a boca e a língua guarda
(Pv 18.4-13) a sua alma das angústias” (21.23)

Nossas palavras devem expri- 2. A palavra tem seus efeitos (Pv 18.6)
mir a verdade. Tenhamos cuidado Os lábios do insensato entram na
em proceder bem, para que em nós contenda, e por açoites brada a
não se ache mentira, nem difama- sua boca.
ções ou qualquer malícia contra Jesus disse que as palavras ma-
outras pessoas. nifestam o íntimo (Mt 15.18; Lc
10.11-13), embora muitos tentem
1. A palavra reta agrada a Deus esconder a verdade com elogios. Há
(Pv 18.4) quem, enganosamente, na hora da
Águas profundas são as palavras compra, queixa-se do valor do pro-
da boca do homem, e a fonte da duto ou serviço, pedindo redução
sabedoria, ribeiros transbordantes. de preço, todavia, ao adquiri-lo ou
Amados, a palavra reta está na consumi-lo, gaba-se da pechincha
boca do justo e a maligna na boca obtida (20.14). Não desejava preço
do perverso para levá-lo à vergo- justo, mas apenas dar vazão à sua
nha e à desonra (13.5). O sábio não avareza, valendo-se de palavras en-
se presta a ouvir mentiras, heresias ganosas para ludibriar o vendedor.
nem insultos à Palavra de Deus, pois Portanto, “trabalhar por adquirir
tem responsabilidade a respeito do tesouro com língua falsa é vaidade
que ouve, mas o mentiroso gosta e laço mortal” (21.06). Cada palavra
de ouvi-las para aprender a enga- gera um efeito no interlocutor: uma
nar (17.4). Sejamos retos e justos palavra de testemunho fortalece a
em cada palavra, pois a indireta e o fé; confessar um erro pode restau-
duplo sentido não devem estar na rar a confiança e uma advertência
nossa boca. Esse tipo de palavra que amigável pode levar alguém a uma
espalha fofoca, contendas e calúnias escolha correta. Segundo os pro-
provém do maligno e destrói muitas vérbios, as palavras que promovem
vidas. As palavras retas libertam os o mal (24.1-2), a mentira e a fofoca
irmãos, mas “as palavras dos perver- não devem nos influenciar (24.7).
sos são emboscadas para derramar Nossa obrigação é dizer a verdade
sangue” (12.6). Quando não convém para livrar os que são acusados in-
falar, melhor calar; quando não hou- justamente (24.11), entregar uma
ver certeza, não opine; reflita antes boa palavra que alegre o coração
de se pronunciar, pois estará agindo dos ansiosos (12.25) e advertir os
com sabedoria e o seu conselho se que erram, pois “os que o repreen-
tornará remédio para os irmãos (12. derem se acharão bem, e sobre eles
18). Não procure contendas para si virão grandes bênçãos” (24.25).

39
Lição 6 - Provérbios 10 a 24: Sabedoria para a Vida Pessoal e Familiar

3. A palavra do justo edifica angústia, mas aquele que profere o


(Pv 18.13) bom conselho, esse “se farta de bem
Responder antes de ouvir é estultí- pelo fruto da sua boca” (12.14). Cada
cia e vergonha. vez que repetimos frases como “eu
Cuidado com as discussões em sabia!”; “bem feito!” ou “eu ainda
casa, no trabalho ou na igreja, pois “o acho pouco”, estamos dando lugar à
ímpio, com a boca, destrói o próximo” soberba e à contenda. Em vez disso,
(11.9) e só a palavra do justo tem po- busquemos sabedoria para ensinar,
der para edificar: “Pela bênção que os afinal entre “os que se aconselham
retos suscitam, a cidade se exalta, mas se acha a sabedoria” (13.10). Evite a
pela boca dos perversos é derribada” crítica, pois “está na boca do insensa-
(11.11). Nossas palavras devem for- to a vara para a sua própria soberba”
talecer a fé do fraco e corrigir com (14.3). Não faça piadas que humi-
generosidade o caído. Amados, “pela lham as pessoas, pois a contenda e
transgressão das palavras o [homem] a vergonha pública acompanham o
mau se enlaça” (12.13) em grande escarnecedor (22.10).

APLICAÇÃO PESSOAL
Seja cumpridor(a) da justiça e das suas responsabilidades; proceda
com generosidade e prudência na vida familiar e social. Assim, em
você o Senhor enxergará sabedoria.

RESPONDA
Marque “V” para VERDADEIRO ou “F” para Falso

1) Entre pais e filhos, o mais importante é que cada um faça o que quiser

2) Na vida social o cristão deve mostrar amor pelo trabalho e não pela fraude

3) As palavras devem ser nosso instrumento para tramar polêmicas

40
LIÇÃO 7
PROVÉRBIOS 25 a 30: SABEDORIA PARA
LÍDERES
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Conhecer as características que
Em Jó 13 a 16 há 171 versos, no compõem um autêntico líder.
total. Sugerimos começar a aula • Ter a noção dos pré-requisitos
lendo, com todos os presentes, Pro- de um líder.
vérbios 28.1-29 (5 a 7 min.). • Estar atento às ameaças à lide-
A revista funciona como guia de es- rança.
tudo e leitura complementar, mas
não substitui a leitura da Bíblia. PARA COMEÇAR A AULA
Vivemos tempos trabalhosos
em todas as áreas da vida. Neste Comece sua aula de forma
contexto, a relevância de sábias dinâmica. Pergunte aos alunos
lideranças tem se tornado funda- quais são as características mais
mental, seja na condução da famí-
lia, seja nas atividades laborais, marcantes de um líder. Em se-
seja na vida pública do nosso pais. guida, pergunte sobre quais são
Logo, na Igreja não seria diferen- principais ameaças que cercam
te! Precisamos clamar a Deus para a boa liderança. E, por fim, per-
que Ele levante líderes sábios e gunte aos alunos sobre quais
cheios do Espírito para melhor
conduzir o Seu povo. Neste quesi- qualidades de liderança pos-
to, Salomão apresenta caracterís- suem e/ou quais dificuldades já
ticas do perfil do líder sábio, bem passaram no ministério.
como alguns pré-requisitos, além
de alertar sobre as ameaças que
podem arruinar uma liderança.

RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO


1) F
2) F
3) V

I
Lição 7 - Provérbios 25 a 30: Sabedoria Para Líderes

LEITURA ADICIONAL

AS PALAVRAS DOS SÁBIOS (22.17-24.22)


Essa coletânea de ditados mostra um tipo literário diferente das “fra-
ses” da seção anterior. Esses provérbios são todos apresentados em for-
ma de instruções, com verbos no imperativo, geralmente apoiados pela
cláusula que explica a sabedoria que há em obedecer à instrução. Às ve-
zes a explicação prossegue no versículo seguinte. A nota de rodapé da
NVI reflete uma emenda do TM e traz “escrevi trinta ditados”. A tradução
“trinta ditados” tem apoio também porque o Ensino de Amenemope (tex-
to egípcio) tem 30 capítulos, dos quais alguns combinam com os ditados
dessa seção, até 23.12. Esses 30 ditados são numerados na NTLH. A maio-
ria desses tópicos foi tratada nos provérbios anteriores. Aqui o texto dá
um tratamento um pouco mais extenso por meio de alguns comentários
incisivos, mas o ritmo diminui, e alguns ditados parecem quase pesados
em contraste com a agudeza dos epigramas anteriores. A LXX traz os di-
tados dos sábios como título e continua com “Incline o seu ouvido e ouça
as minhas palavras”. A sabedoria não é somente para o ouvinte, mas é
importante também tê-la na ponta da língua para poder responder com a
verdade aos outros; não para satisfazer a curiosidade, mas para que você
confie no Senhor. Os ditados são encerrados com um apelo a favor da boa
cidadania. Em Israel, o rei não era tão autocrático quanto nos sistemas po-
líticos vizinhos, mas mesmo assim o ungido do Senhor deve ser honrado.
Primeira a Pedro 2.17 aplica o princípio ao governo romano. A segunda
linha talvez seja o corolário – os dissidentes talvez fossem indivíduos ins-
táveis ou mesmo revolucionários. A destruição poderia surgir então dos
que mudam ou do Senhor e do rei, sendo isso um paralelo veterotesta-
mentário de Rm 13.1-4. A NTLH traz “Não se envolva com as pessoas que
se revoltam contra eles, pois num instante elas podem se arruinar”. Há
pouco que apoie a modificação completa do sentido para “Tema o Senhor
e fique rico”.

Livro: Comentário Bíblico NVI Antigo e Novo Testamentos. (F.F. Bruce. São Paulo:
Editora Vida, 2012, p.656-659).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 7 Leitura Bíblica Com Todos


Provérbios 28.1-29
PROVÉRBIOS Verdade Prática
25 a 30: Submeter-se à sabedoria divina
gera capacitação para uma lide-
SABEDORIA PARA rança espiritualmente habilido-
sa e eficaz.
LÍDERES
INTRODUÇÃO

I. O PERFIL DE UM LÍDER SÁBIO


Pv 28.2-14
1. O líder precisa ensinar
Texto Áureo Pv 28.2

O que desvia os retos para o 2. O líder precisa orientar Pv 28.10


mau caminho, ele mesmo cairá 3. O líder precisa perseverar Pv 28.14
na cova que fez, mas os íntegros
herdarão o bem. II. PRÉ-REQUISITOS À SÁBIA
Provérbios 28.10 LIDERANÇA Pv 28.18-26
1. A integridade Pv 28.18
2. A justiça Pv 28.21
3. A Sabedoria Pv 28.26

III. AMEAÇAS À SÁBIA


LIDERANÇA Pv 29.5-18
1. A dissimulação Pv 29.5
2. O mau conselho Pv 29.12
3. A insensatez Pv 29.18

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Jz Jz Jz Jz Jz Jz
13.3 13.8 13.24 14.2 14.12 16.4

Hinos da Harpa: 232 - 91

41
Lição 7 - Provérbios 25 a 30: Sabedoria Para Líderes

INTRODUÇÃO temor de Deus” (28.14) e zeloso pela


igualdade entre todos (29.14). Um
A sabedoria se mostra nas de- líder sábio e prudente pode gerar
cisões que tomamos e nos valo- um ambiente de estabilidade, con-
res que defendemos. Esse padrão vivência pacífica e respeito à ordem
pode ser considerado relativo (28.2), algo que os imprudentes não
para muitas pessoas, todavia, para conseguem fazer. Portanto, um líder
o cristão, a Bíblia é o caminho ex- que age sob orientação do Espírito
celente. Quem conduz sua vida mostrará correção de intenções, pa-
pela vontade de Deus também lavras e atos para que, através dele,
está apto a conduzir os irmãos. todos sejam abençoados, mesmo
que para isso ele precise ser mais
I. O PERFIL DE UM LÍDER enérgico. Muitos abandonaram Je-
SÁBIO (Pv 28.2-14) sus após ouvir sua pregação em Ca-
farnaum, mas o ensino duro era tão
A liderança pode ser exercida correto e a atitude do Mestre era tão
por qualquer pessoa cuja vida seja verdadeira que Pedro preferiu aca-
orientada pelos princípios bíblicos. tar aquelas palavras e submeter-se
O líder não precisa exercer cargos, ao Senhor (Jo 6.60-68).
pois ao seu redor todos percebem
nele as virtudes necessárias para 2. O líder precisa orientar
apontar caminhos seguros. (Pv 28.10)
O que desvia os retos para o mau ca-
1. O líder precisa ensinar (Pv 28.2) minho, ele mesmo cairá na cova que
Por causa da transgressão da terra, fez, mas os íntegros herdarão o bem.
mudam-se frequentemente os prín- Deus sempre estabeleceu líderes
cipes, mas por um, sábio e pruden- segundo os seus propósitos, porém,
te, se faz estável a sua ordem. previna-se dos líderes que não se sub-
O líder honesto aconselha e ad- metem a Deus. É especialmente na fa-
verte, mas também sabe lidar com mília, no trabalho e na igreja que o lí-
as advertências dos amigos e fami- der precisa ter compreensão extensa
liares, pois os que são sinceros e ho- das consequências das suas decisões.
nestos se aperfeiçoam mutuamente, Isso significa “esquadrinhar” tudo
como um ferro afia o outro (27.17). mais profundamente (25.2-3) a fim
Bons líderes são emocionalmen- de ensinar o que é correto e necessá-
te estáveis e não se enganam pela rio sob a perspectiva bíblica, de modo
doçura dos elogios que escondem que todos cumpram a vontade de
intenções amargas (27.7). Quem Deus e compreendam os seus desíg-
lidera não deve ser soberbo tam- nios. Jesus agiu desse modo quando
pouco cobiçoso, mas confiante no explicou aos apóstolos a necessidade
Senhor (28.25-26); “constante no de ele passar pela morte para ser glo-

42
Quem assim
argui a Deus, que
responda essas
JÓ E SEUS “AMIGOS” coisas... (Jó 40.2)

Cada amigo de Jó tinha um entendimento


diferente sobre o porquê de ele estar sofren-
do. Nos capítulos finais, Deus os repreende,
mas nada diz a Jó sobre o motivo de seu
sofrimento. Ao invés disso, o Criador
demonstra Sua soberania e exorta Jó a
confiar Nele, mesmo em situações que
pareçam incompreensíveis.

Você é um mentiroso! Merece


um sofrimento maior do que
Você não quer admitir
está recebendo. Abandone
que pecou, por isso
o pecado e deixará de sofrer
continua sofrendo. Até
(Jó 11.3,14-15).
quando falará assim?
(Jó 8.2)

Você está sofrendo


porque pecou.
Busque a Deus e fale
com Ele (Jó 5.8).
Deus está usando o
sofrimento para moldar
você. Cale-se e eu vou
lhe ensinar a sabedoria!
(Jó 33.33)

A minha causa é
justa (Jó 6.29) ...
Deus! Me faça Vou me defender
saber: por que perante a Deus. Sei
contendes que serei achado
comigo? (Jó 10.2) justo (Jó 13.18)

Falei do que não


entendia (Jó 42.3-5)
SABEDORIA PARA A VIDA PRÁTICA
25 ASSUNTOS TRATADOS EM PROVÉRBIOS AGRUPADOS POR TEMAS

Autoria dos provérbios: Cuidando da mulher Escarnecedores e zom-


Provérbios de Salomão, filho estranha: badores:
de Davi, rei de Israel (1.1). Porque os lábios da mulher Os loucos zombam do pe-
adúltera destilam favos cado, mas entre os retos
10.1; 24.23; 25.1; 30.1;
de mel, e as suas palavras há boa vontade (14.9).
31.1
são mais suaves do que
9.7-8; 14.6; 15.12; 19.28-
o azeite; mas o fim dela é
29; 19.2; 22.10; 26.4-5
Princípio da sabedoria amargoso como o absinto,
O temor do Senhor é agudo, como a espada de
o princípio da ciência; dois gumes (5.3-4). Inveja:
os loucos desprezam a O ânimo sereno é a vida
5.3-17; 6.24-26; 7.5-27;
sabedoria e a instrução do corpo, mas a inveja é a
23.27-28; 30.20
(1.7; 9.10). podridão dos ossos (14.30).
3.31; 3.32; 12.12; 23.17;
Ouça os conselhos dos Oração: 23.18; 24.1; 24.2; 27.4
pais: O que desvia os ouvidos de
Filho meu, ouve o ensino ouvir a lei, até a sua oração
Cuide do que você diz:
de teu pai e não deixes a será abominável (28.9).
A morte e a vida estão no
instrução de tua mãe (1.8).
1.28-29; 15.8; 15.29 poder da língua; o que
1.9; 4.1; 6.20; 6.21; 6.22; bem a utiliza come do seu
6.23; 10.1; 13.1; 15.5; 17.2; fruto (18.21).
Generosidade, liberalida-
19.27; 22.28; 23.15; 23.16
de, misericórdia: 4.24; 6.12; 10.11; 10.13;
A quem dá liberalmente, 10.19; 10.20; 10.21; 10.31;
Evite más influências: ainda se lhe acrescenta 10.32; 11.9; 12.13; 12.14;
Quem anda com os sábios mais e mais; ao que retém 12.17; 12.18; 12.19; 12.25;
será sábio, mas o compa- mais do que é justo, ser-lhe- 13.3; 15.2; 15.3; 15.7; 15.23;
nheiro dos insensatos se -á em pura perda (11.24). 15.28; 16.13; 16.21; 16.23;
tornará mau (13.20) 16.24; 17.27; 17.28; 18.6;
3.27-28; 11.17; 11.24-25;
18.7; 18.13; 21.23; 25.11
1.10; 1.11-15; 4.14; 4.15; 12.10; 14.31; 17.5; 19.6;
12.11; 15.12; 16.29; 22.24; 19.17; 21.13; 21.26; 22.9;
22.25; 23.6; 23.7; 23.8; 24.11; 25.14; 28.27 Fiança e empréstimo
23.20-21; 28.7; 28.19 Não estejas entre os que
se comprometem e ficam
Contendas, brigas e
por fiadores de dívidas
litígios:
Ira: (22.26).
Honroso é para o homem
O que presto se ira faz
o desviar-se de contendas, 6.1; 6.2; 11.15; 17.18; 20.16;
loucuras, e o homem de
mas todo insensato se 22.7; 22.26-27; 27.13
maus desígnios é odiado
mete em rixas (20.3).
(14.17).
3.29-30; 16.7; 17.1; 17.14;
14.29; 15.1; 15.18; 16.14;
18.17-19; 22.10; 24.29;
16.32; 18.14; 19.11; 19.19;
25.8; 26.20; 26.21; 29.9
21.14; 25.28; 27.3; 29.11;
29.22; 30.33
Trabalho e preguiça Permita-se ser aconselha- Fofoca
O preguiçoso deseja e do ou corrigido O homem perverso
nada tem, mas a alma dos Quem ama a disciplina ama espalha contendas, e o
diligentes se farta (13.14). o conhecimento, mas o difamador separa os maio-
que aborrece a repreensão res amigos (16.28)
6.6-11; 10.4; 10.5; 10.26;
é estúpido (12.1).
12.11; 12.24; 13.4; 13.11; 18.8; 20.19; 26.20; 26.22
14.23; 15.19; 16.26; 18.9; 12.1; 12.15; 13.18; 15.10;
19.15; 19.24; 20.4; 20.13; 15.31; 15.32; 17.10; 19.20; Amizade
21.5; 21.25; 22.13; 22.29; 20.30; 21.11; 25.12; 27.5; Em todo tempo ama o
23.21; 24.10; 24.30; 24.31; 27.6; 29.1 amigo, e na angústia se
24.32; 24.33; 24.34; 26.13; faz o irmão (17.17).
26.14; 26.15; 26.16; 28.19 Patrimônio e Prosperidade
16.28; 17.9; 18.24; 19.4;
Com a sabedoria edifica-
19.6; 19.7; 25.9; 25.10;
-se a casa, e com a inteli-
Dinheiro e riquezas 25.17; 26.18; 26.19; 27.9;
gência ela se firma (24.3)
O galardão da humildade e o 27.10; 27.14; 27.17
temor do Senhor são rique- 14.1; 14.11; 15.25; 15.27;
zas, e honra, e vida (22.4). 17.13; 19.14; 21.12; 21.20;
Não interferir/discriciona-
24.3-4; 24.15-16; 24.27
15.16; 15.17; 16.8; 17.1; riedade
18.11; 18.23; 19.4; 19.14; Quem se mete em ques-
Família e filhos
20.21; 21.7; 20.21; 21.17; tão alheia é como aquele
O que guarda a lei é filho
22.1; 22.2; 22.4; 22.7; 22.16; que toma pelas orelhas
prudente, mas o compa-
23.4; 23.5; 27.23; 27.24; um cão que passa (26.17)
nheiro de libertinos enver-
28.6; 28.20; 28.22; 30.8; 30.9
gonha a seu pai (28.7). 3.30; 18.1; 25.8
15.20; 17.6; 17.21; 17.25;
Orgulho e autossuficiência
18.22; 19.13; 19.14; 19.18; Bebidas alcoólicas
Da soberba só resulta a
19.26; 18.19; 20.7; 20.20; O vinho é escarnecedor, e a
contenda, mas com os que
21.9; 21.19; 22.6; 23.22; bebida forte, alvoroçadora;
se aconselham se acha a
23.24; 23.25; 25.24; 27.15; todo aquele que por eles é
sabedoria (13.10).
27.16; 28.7; 28.24; 29.3; vencido não é sábio (20.1).
11.2; 12.23; 14.21; 15.25; 29.21; 31.10-31 21.17; 23.20; 23.21; 23.29;
15.33; 14.12; 16.2; 16.5;
23.30; 23.31; 23.32; 23.33;
16.18; 16.19; 18.12; 20.6;
Confiança em Deus 23.34; 23.35; 31.4; 31.5
21.2; 21.4; 21.24; 27.1; 27.2
Torre forte é o nome do Se-
nhor, à qual o justo se acolhe
A importância de ser
e está seguro (18.10).
bem assessorado
Não havendo sábia dire- 10.9; 14.26; 16.20; 28.1;
ção, cai o povo, mas na 28.25; 29.25; 30.5; 16.1;
multidão de conselheiros 16.3; 16.9; 16.33; 17.3;
há segurança (11.14). 19.21; 20.24; 20.27; 21.30;
21.31; 29.13; 29.26
15.22; 20.18; 24.6
LEMBRA-TE DO TEU CRIADOR
Eclesiastes 12.1-8 (Tradução Brasileira)

O Pregador utiliza várias alegorias que simbolizam o processo de envelhecimento,


sem referi-lo explicitamente. Algumas traduções modernas já incorporaram os possí-
veis significados; outras mantém o original. Vejamos uma explicação sobre cada uma:

1. “no dia em que tremerem os guardas 9. “temer-se-á o que é alto, e haverá


da casa” (3a). espantos no caminho” (5a-b).
Os braços e as mãos tremem na velhice Tiver desenvolvido o medo de altura e de
com paralisia ou fraqueza. tropeçar em caminhos outrora familiares.

2. “e vergarem os homens fortes” (3b). 10. “e lançará flores a amendoeira” (5c).


As pernas se curvam de fraqueza, e os Seu cabelo embranqueceu com a idade.
joelhos cambaleiam.
11. “e o gafanhoto virá a ser uma
3. “e cessarem os moedores, por serem carga” (5d).
poucos” (3c). Já não consegue carregar peso.
Os dentes perdem sua capacidade de
mastigar o alimento. 12. “E a alcaparra se tornará ineficaz” (5e).
Quando não tiver mais apetite.
4. “e se escurecerem os que olham
pelas janelas” (3d). 13. “porque o homem se vai para a sua
Os olhos começam a perder a visão, e as casa eterna, e os pranteadores andam
pupilas ficam dilatadas. pelas ruas” (5.f).
Essas expressões podem ser entendidas
5. “e se fecharem as portas na rua” (4a). de maneira natural/literal.
Os lábios (portas oscilantes ou dobráveis,
tal como as mandíbulas do Leviatã são 14. “antes que se rompa o cordão de
chamadas de “as portas do seu rosto”, prata” (6a).
em Jó 41.14) caem para dentro da boca A medula espinhal que liga o cérebro aos
por falta de dentes. (Uma rua divide-se nervos é pálida e de aspecto prateado.
entre duas fileiras de casas.)
15. “ou se quebre o vaso de ouro” (6b).
6. “no dia em que a mó fizer pouco Essa pode ser uma referência ao cérebro,
ruído” (4b). em razão do formato e da cor.
Numa velhice sem dentes, somente ali-
mentos macios podem ser ingeridos. As- 16. “ou se despedace o cântaro junto à
sim, nenhum barulho é feito, pois nenhum fonte” (6c).
pão rijo ou grão tostado é mastigado. Receptáculo semelhante a um cântaro, o
coração enfraquecido é trespassado ou
7. “e nos levantarmos à voz das aves” rompido, e derrama-se todo o sangue
(4c). que sustenta a vida.
O mínimo de ruído pela manhã é suficien-
te para interromper o sono. 17. “ ou se desfaça a roda junto à cisterna”
(6d).
8. “e ficarem abatidas as filhas da O sistema de veias e artérias que condu-
música” (4d). zem continuamente o sangue pelo corpo,
As qualidades (filhas) que formam a como uma roda d’água, se desfaz ao
capacidade de compor e apreciar música romper-se o coração.
e canto lhe escapam em sua velhice.
Lição 7 - Provérbios 25 a 30: Sabedoria Para Líderes

rificado (Mc 8.31). Um líder também a Deus o que, de fato, Ele não dis-
precisa ser sábio a respeito do que se. Os que assim procedem tentam
ouve, pois algumas vezes o melhor é usar o nome de Deus para perceber
ignorar e ficar calado; noutras, é pre- vantagens, mas a seu tempo serão
ciso responder com firmeza para que repreendidos e envergonhados em
a maledicência não se espalhe (26.4- sua mentira (30.6). Um verdadeiro
5). Mas a língua que elogia em exces- líder não entra em contenda, mas re-
so também é um problema, haja vista pudia a mentira; não se desgasta em
que, diante do elogio, alguns líderes rivalidades e polêmicas, mas não é
perdem o controle do ego e deslizam conivente; não é furioso e não mente
na vaidade (27.21). Homens e mu- a respeito do Evangelho.
lheres de Deus vivem o que ensinam
para que suas palavras não se voltem II. PRÉ-REQUISITOS À
contra eles mesmos, como um galho SÁBIA LIDERANÇA
de espinho na mão do bêbado (26.9). (Pv 28.18-26)

3. O líder precisa perseverar A Bíblia nos encoraja a cultivar


(Pv 28.14) um modo de agir que honre a Pa-
Feliz o homem constante no temor lavra de Deus, por isso, há atitudes
de Deus; mas o que endurece o co- que, aos olhos dos que nos cercam,
ração cairá no mal. nos credenciam à liderança.
Em todas as relações humanas
há divergências que precisam ser 1. A integridade (Pv 28.18)
equacionadas. Nesses casos, um dos O que anda em integridade será sal-
grandes desafios do líder é tomar vo, mas o perverso em seus caminhos
decisões difíceis sem negar a Palavra cairá logo.
de Deus. Ainda que insensatos sejam Na pessoa íntegra não se acha
contrários à vontade de Deus (28.4), a fraude: se fala, não mente; se ne-
o líder não deve cair em cólera por gocia, não engana nem explora; se
causa dos escarnecedores (29.8-9), firma alianças, não trai. Perceba que
pois “o homem furioso multiplica o critério moral do sábio é a Palavra
as transgressões” (29.22) e não pro- de Deus, pois ele a ama e recusa a
move a obediência. Portanto, cabe perversidade (28.4) das leis que
ao líder administrar os protestos na contrariam o padrão divino. O sá-
certeza de que “quem teme ao ho- bio nunca quer rebeliões, mesmo
mem arma ciladas, mas o que confia que os escarnecedores levantem
no Senhor está seguro” (29.25). O lí- protestos. Ele desvia a ira (29.8),
der cristão não negocia sua fé. Logo, mas “não desvia seu ouvido de ouvir
fiquemos atentos aos que gostam a Lei [de Deus]” (28.9) e sabe que
de interpretar a Bíblia segundo suas só por ela podemos perseverar em
conveniências e aos que atribuem santificação (29.18). Agindo assim,

43
Lição 7 - Provérbios 25 a 30: Sabedoria Para Líderes

a liderança do sábio logo será re- não é bom” (28.21; 2Cr 19.7). Sabe
conhecida em todos os lugares: sua aquela ideia de que todos precisam
família confiará nas suas escolhas, fazer esforços pelo bem comum? O
seus amigos pedirão o seu conselho líder que age com sabedoria está
e no trabalho ele será tomado como sempre cuidando para que tais es-
exemplo. Ainda que defendamos os forços sejam proporcionais e, as-
valores bíblicos com firmeza, os que sim, ninguém seja injustiçado. Ao
discordam reconhecerão que “a re- contrário do perverso, “informa-se
preensão franca” muitas vezes dói, o justo da causa dos pobres" (29.7)
mas “as feridas feitas pelo que ama” para que não sejam oprimidos.
são melhores que elogios mentiro-
sos (27.5-6). Quem procede assim 3. A Sabedoria (Pv 28.26)
está apto a liderar, ainda que não O que confia no seu próprio cora-
exerça cargos. ção é insensato, mas o que anda em
sabedoria será salvo.
2. A justiça (Pv 28.21) Um líder é sempre um mestre
Parcialidade não é bom, porque até solícito, nunca faltando a quem lhe
por um bocado de pão o homem pre- peça conselhos. Mas, só pode lide-
varicará. rar quem reconhece que há muito
Para liderar é preciso ter visão a aprender antes de ensinar. Agur
panorâmica, fazer o melhor para declarou: “não tenho inteligência de
todos com o menor dano possível. homem [...] nem tenho conhecimento
Esse comportamento caracteriza do Santo” (30.2-3), sendo certo que
a prudência e a justiça. O pruden- o melhor que podemos fazer com
te é também um justo, não impõe a inteligência que temos é prosse-
sua vontade, não é altivo nem guir em conhecer o Senhor (Os 6.3).
opressor (30.13-14), porque não Nessa busca por conhecer a Deus, é
se considera indispensável e sabe fundamental olhar para a história
que até os gafanhotos podem vi- entre Deus e o seu povo, quando o
ver sem um rei desde que estejam líder aprenderá o modo como o Se-
unidos (30.27). Por isso, um líder nhor é Deus justo, mas misericordio-
prudente ajunta todos em torno so; zeloso, mas paciente. No deserto,
de si e entre eles “julga retamen- quando Moisés mostrou despreparo,
te” para fazer “justiça aos pobres e Deus o moldou; quando o povo foi
aos necessitados” (31.9). Essa cena insubmisso, Deus os puniu; quan-
pode ser vista quando você reúne do se desviou, Deus lhe deu precei-
a família para definir responsabi- tos. Só de Deus provém a sabedoria
lidades proporcionais entre todos, plena que nos falta. O líder nunca se
de modo que ninguém possa acu- declara sábio, pois assim faria pior
sá-lo de beneficiar um filho e pre- que o insensato (26.12); ao invés dis-
judicar o outro, pois “parcialidade so, aguarda que outros reconheçam

44
Lição 7 - Provérbios 25 a 30: Sabedoria Para Líderes

sua sabedoria e o honrem diante dos ce mais, nem os amigos, nem os ir-
seus liderados (27.02). mãos. Mas, por que o dissimulado
não demonstra furor ou ira? A res-
III. AMEAÇAS À SÁBIA posta é a seguinte: "cruel é o furor,
LIDERANÇA (Pv 29.5-18) e impetuosa, a ira, mas quem pode
resistir à inveja?" (27.4).
Quem exerce liderança tem sem-
pre as atenções voltadas para si, por 2. O mau conselho (Pv 29.12)
isso é importante tomar cuidado Se o governador dá atenção a pala-
para que alguns equívocos não ve- vras mentirosas, virão a ser perver-
nham a arruinar os relacionamentos. sos todos os seus servos.
Você já reparou que algumas
1. A dissimulação (Pv 29.5) pessoas têm sempre algo a nos
O homem que lisonjeia a seu próxi- dizer, mas estão sempre falando
mo arma-lhe uma rede aos passos. baixinho para não serem notadas?
Já falamos sobre o perigo da pa- A palavra ao pé do ouvido é pene-
lavra maldizente (26. 20;22), mas há trante, mas nem sempre age em
um outro tipo de palavra que pode nosso benefício, costumando ser
levar um líder à ruína. Trata-se da um disfarce para a mentira e para
palavra elogiosa, aquela que pode a calúnia. Os provérbios dizem que
despertar a soberba num coração se tirarmos os perversos da pre-
que antes era humilde. É preciso sença do rei, “seu trono se firmará
entender que “lábios amorosos” na justiça” (25.5), pois um líder tem
podem ser o disfarce do coração que saber preservar os ouvidos.
maligno (26.23), onde há abomina- Algumas pessoas se apressam em
ções escondidas pelo jeito suave de criar litígios, confusões, com base
falar (26.25). Não significa que todo no que viram (25.8) sem entender
elogio é falso, evidentemente. A Bí- o contexto. A partir daí, um simples
blia se refere aos que são dissimula- áudio enviado pode plantar uma
dos e tentam criar uma atitude tão discórdia ou uma desconfiança. O
soberba e egocêntrica a ponto de mau conselheiro nunca tem uma
você pensar antes em si que na fa- fonte de informação, sempre repe-
mília, na equipe de trabalho ou nos tindo: “eu ouvi falar” ou “me conta-
irmãos da igreja. Em pouco tempo, ram”. Cuidado, “pleiteia a tua causa
a bajulação pode levar uma pessoa diretamente com o teu próximo”
a endurecer o coração para o temor (25.9), pois assim como o vento
de Deus (28.14) e a seguir o seu traz a chuva, a língua fingida traz
próprio coração (28.26). Enganado a ira (25.23) entre os membros
por falsos elogios, o imprudente de uma família, de uma equipe de
gloria-se das suas conquistas (27.1) trabalho ou entre irmãos de uma
enquanto a família não o reconhe- congregação.

45
Lição 7 - Provérbios 25 a 30: Sabedoria Para Líderes

3. A insensatez (Pv 29.18) a muitos insensatos quando que-


Não havendo profecia, o povo se rem descontextualizar falas e gerar
corrompe; mas o que guarda a lei, escândalos. O insensato produz
esse é feliz. mentiras lançadas sobre o prudente
O insensato é o tolo, o louco, al- como “fogo, flechas e morte” através
guém que não sabe discernir a se- da internet, gerando "brincadeiras"
riedade ou gravidade das situações. destrutivas (26.18-19) que podem
Jesus falou desse tipo de compor- trazer abaixo uma vida inteira. Nos-
tamento quando mencionou o ho- so tempo é uma celebração à insen-
mem que constrói casa sobre a areia satez. Faz-se quase tudo para obter
(Mt 7.26). Note que o insensato não fama e notoriedade à custa de de-
avalia as consequências dos danos clarações inconsequentes ditas sob
que pode causar a si ou a outros, o anonimato. Mas a Bíblia adverte
por isso a sua ira é mais pesada que o “homem precipitado nas suas
a pedra e a areia (27.3). Estamos as- palavras” (29.20) ao dizer que este
sistindo, nas redes sociais, edições comportamento é ainda pior que a
de vídeos e áudios que têm servido insensatez.

APLICAÇÃO PESSOAL
A Bíblia apresenta o autêntico manual de prática para uma sábia, edi-
ficante e exemplar liderança. Pratique-a!

RESPONDA
Marque “V” para VERDADEIRO ou “F” para Falso

1) Um bom líder promove disputas para premiar seus amigos pessoais

2) A sabedoria está no gosto pelo perigo e na atitude inconsequente

3) O sábio lidera pelo exemplo e pela fidelidade à lei de Deus

46
LIÇÃO 8
PROVÉRBIOS 31: SABEDORIA PARA A
MULHER CRISTÃ
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA
• Enfatizar as qualidades da mu-
Em Provérbios 31 há 31 versos. Suge- lher virtuosa.
rimos começar a aula lendo, com to- • Compreender as atividades de-
dos os presentes, Provérbios 31.10-31 senvolvidas pela mulher virtuosa.
(5 a 7 min.). • Mostrar como foi enaltecida a
A revista funciona como guia de es- mulher virtuosa por exercitar o
tudo e leitura complementar, mas temor ao Senhor.
não substitui a leitura da Bíblia.
Nesta última lição sobre Provér- PARA COMEÇAR A AULA
bios a descrição da mulher virtuosa
pode ser considerada o ponto culmi- Explique que a lição descreve a
nante do capítulo e do livro. O poema atividade de uma mulher há três mi-
é um acróstico do alfabeto hebraico lênios, numa cultura muito diferen-
com vinte e dois versículos, assim te da nossa, sendo temeroso trans-
estruturada não apenas como auxí- formar a passagem bíblica em um
lio de memorização para os leitores regulamento que estabeleça limites
hebreus, mas também para focalizar ao que as mulheres podem ou não
o caráter igualmente primoroso e or-
fazer hoje em dia. Temos diante de
ganizado da excelente esposa. O livro
nós uma mulher muito afastada da
exalta diversas vezes a mulher vir-
tuosa. Ela traz felicidade ao esposo e nossa ideia tradicional de como era
à família com um encanto que é cre- o mundo antigo. Ela comercializa,
ditado ao temor do Senhor (31.30). compra e gerencia seus bens, com
Esse trecho ilustra admiravelmente uma autonomia que faltava a uma
o tema do livro, declarado em 1.7 e mulher de meados do século XX.
9.10: “O temor do Senhor é o princí- Seu sucesso está exatamente no te-
pio da sabedoria”. Este é o desfecho mor a Deus, por isso foi tão louvada!
perfeito, pois retoma a ideia inicial:
impossível ser sábio sem temer ao RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
Senhor 1) Mulher valorosa, forte.
2) Não, se estendia aos pobres e necessitados.
3) O temor a Deus.

I
Lição 8 - Provérbios 31: Sabedoria para a Mulher Cristã

LEITURA ADICIONAL

PROVÉRBIOS 31.10-31
A exegese que segue valida a interpretação tradicional de que a esposa
valorosa faz parte do âmbito histórico, não alegórico. Whybray encontra
apoio para a interpretação simbólica no retorno inequívoco da conclusão
do livro ao papel preeminente da figura feminina no prólogo. Sem dúvida,
este inclusio não é coincidência; antes, serve para estruturar o livro. No
entanto, não segue que, pelo fato da descrição feminina no prólogo ser
simbólica, a descrição feminina desta culminância não pode ser real. A
mulher sabedoria em 9.1-6 é puramente simbólica, mas a mulher insen-
sata em 9.13-18 encarna a estultícia. Em função da insistência protestan-
te no sensus literalis, a esposa valorosa é interpretada, tradicionalmen-
te, como uma esposa real. Na segunda metade do século vinte, havia um
consenso entre a maioria dos estudiosos de que ela encarna os ideais da
sabedoria sem ser removida de seu âmbito histórico. Se a intenção do au-
tor fosse identificá-la com a Mulher Sabedoria figurativa, é pouco prová-
vel que tivesse se referido a ela como “uma esposa valorosa” que, em sua
outra ocorrência, indica uma mulher real (12.4.) Na verdade, em todas
as outras ocorrências em Provérbios, “mulher” se refere a uma mulher
real (14.1; 18.22; 31.3). [...] Essa esposa valorosa foi canonizada como
exemplo para toda a nação de Israel de todos os tempos. As filhas sábias
aspiram ser semelhantes a ela, os homens sábios procuram se casar com
ela (v.10), e todas as pessoas sábias têm como objetivo encarnar a sabe-
doria que ela corporifica, cada um em sua própria esfera de atividade.
É preciso evitar a ênfase excessiva sobre uma dessas aplicações à custa
de outra, esquecendo que, por natureza, o conteúdo proverbial apresenta
exemplos, pedindo que a audiência faça a aplicação apropriada às suas
próprias realidades.

Livro: Comentário do Antigo Testamento – Provérbios – vol. 02 (Waltke, Bruce. São


Paulo: Editora Cultura Cristã, 2011, p.637-638).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 8 Leitura Bíblica Com Todos


Provérbios 31.10-31

PROVÉRBIOS 31: Verdade Prática


A mulher virtuosa se constitui em
SABEDORIA PARA A um ideal a ser seguido pelas mu-
lheres de todos os tempos.
MULHER CRISTÃ
INTRODUÇÃO

I. A MULHER VIRTUOSA Pv 31.10-


12

1. O valor da mulher virtuosa Pv 31.10

2. A integridade da mulher virtuosa


Texto Áureo Pv 31.11
“Mulher virtuosa, quem a acha-
3. Estabilidade emocional da mulher
rá? O seu valor muito excede o
de finas joias.” virtuosa Pv 31.12
Provérbios 31.10
II. AS ATIVIDADES DA MULHER
VIRTUOSA Pv 31.13-27
1. Na produção de bens Pv 31.13-16
2. Suas realizações sociais Pv 31.21-25

3. Seus valores morais Pv 31.26-27

III. O LOUVOR QUE ELA RECEBE


Pv 31.28-31

1. O louvor da sua família Pv 31.28

2. O louvor do marido Pv 31.29

3. Ela teme ao Senhor Pv 31.30-31

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Pv 31 Pv 31 Pv 31 Pv 31 Pv 31 Pv 31
10-12 13-15 16-20 21-24 25-28 29-31
Hinos da Harpa: 432 - 91

47
Lição 8 - Provérbios 31: Sabedoria para a Mulher Cristã

INTRODUÇÃO joias.
A mulher descrita nessa passa-
A seção final de Provérbios é gem tem a doçura de um anjo e a
um poema acróstico que exalta força de um gigante. Tem a sabe-
uma nobre esposa. Cada um dos doria de um erudito e a destreza
seus vinte e dois versos começa de um guerreiro. Tem a desen-
com uma letra consecutiva do al- voltura de um perito governante
fabeto hebraico. Os versos são atri- e a candura de uma mãe cheia de
buídos a Lemuel e baseados no que afeto. Tem o tirocínio de uma em-
lhe ensinou a sua mãe. Conquanto presária bem-sucedida e a meigui-
as atividades da mulher estivessem ce de uma esposa afetuosa. Uma
ligadas à sua casa e família, sua fi- mulher virtuosa é uma mulher
gura é um vibrante brado contra o temente a Deus, que tem o contro-
superficial conceito de “ficar-em- le do seu próprio espírito e sabe
-casa-e-cuidar-dos-filhos” de mui- como gerenciar outras pessoas;
tos modernos. A esposa virtuosa é é piedosa e diligente, sendo uma
uma pessoa completa. boa adjutora para um homem.
Mas “Quem a achará?”. Isto sugere
I. A MULHER VIRTUOSA a sua raridade na sociedade e que,
(Pv 31.10-12) portanto, devem ser valorizadas.
Quem a encontra deve expres-
Quando um homem consegue sar a sua gratidão a Deus e a sua
encontrar uma boa esposa é como bondade e respeito por ela, por
encontrar um tesouro. Essa mulher quem ele nunca deverá pensar que
é vista como pragmática e dotada já fez o suficiente, pois “o seu valor
de nobre caráter. O texto propõe muito excede o de rubis” e todos os
virtudes que devem ser associadas ricos ornamentos com que as mu-
ao caráter da mulher sábia. Contu- lheres elegantes se adornam. Ela é
do, importa esclarecer que o texto preciosa porque usa sua força, ca-
não busca impor uma conduta per- pacidade, sabedoria e valor inteira
feita e dotada de todos os talentos e altruisticamente para os outros.
possíveis e, sim, que tudo o que seja
praticado seja feito com amor e ex- 2. A integridade da mulher
celência para o bem-estar de sua virtuosa (Pv 31.11)
família e da sociedade (Pv 14.1; 1Co O coração do seu marido confia
13.13; Cl. 3.23). nela, e não haverá falta de ganhos.
O marido da mulher virtuosa
1. O valor da mulher virtuosa confia nela e isto quer dizer que
(Pv 31.10) ela lhe é fiel em todas as áreas,
Mulher virtuosa, quem a achará? cumprindo seus deveres de espo-
O seu valor muito excede o de finas sa, demonstrando seu nobre cará-

48
Lição 8 - Provérbios 31: Sabedoria para a Mulher Cristã

ter por meio de ações. Com gran- quado, na saúde e na doença, e


de capacidade de gerenciar a sua cuidando dele com diligência e
casa, não dilapida o dinheiro e os ternura quando ele adoece.
bens materiais do casal em coisas A boa esposa fará o bem ao seu
supérfluas. Agindo assim, na resi- marido, desde o dia do casamento
dência do casal não haveria falta até que a morte os separe. A mu-
de coisa alguma. lher virtuosa é coerente e persis-
Ela se comporta de tal manei- tente naquilo que faz. Enquanto vi-
ra que seu esposo pode depositar ver, continuará a seguir o caminho
toda a sua confiança nela. Ele con- da fidelidade, na enfermidade, na
fia no comportamento dela, de que adversidade e na idade avançada.
ela saberá falar em todos os grupos A bondade dela não mistura com
e agir em todas as questões, com o mal e é de longa duração. Seu
prudência e discrição, de modo a compromisso com o bem-estar do
não causar nem danos nem ver- marido é verdadeiro e sincero.
gonha ou censuras ao esposo. Ela
administra os assuntos de seu es- II. AS ATIVIDADES DA
poso, de modo que a família sem- MULHER VIRTUOSA
pre ande em prosperidade. Desse (Pv 31.13-27)
modo, ele não inveja os que têm a
riqueza deste mundo; sua esposa é A mulher de Provérbios 31 não
o seu bem mais valioso. se aplica só em trabalhos tradicio-
nalmente femininos, mas assun-
3. Estabilidade emocional da tos relacionados a investimento
mulher virtuosa (Pv 31.12) imobiliário, fazendas e comércio
Ela lhe faz bem e não mal, todos os (31.16,18). Além disso, suas ener-
dias da sua vida. gias estão voltadas não apenas
A mulher virtuosa dedica-se para sua casa, mas também a ne-
constantemente a fazer bem ao cessidades de sua comunidade.
seu esposo e teme fazer alguma Ela demonstra uma conduta de
coisa, ainda que inadvertidamen- trabalho e amor baseada na sabe-
te, que possa resultar em prejuí- doria de Deus.
zo para ele. Ela demonstra o seu
amor não com um carinho tolo, 1. Na produção de bens
mas com uma ternura prudente, (Pv 31.13-16)
ajustando-se ao seu temperamen- Examina uma propriedade e adqui-
to, sem contrariá-lo, dando-lhe re-a; planta uma vinha com as ren-
boas palavras, e não más, ainda das do seu trabalho (31.16).
que ele esteja de mau-humor, Estes versículos tanto enfa-
procurando deixá-lo à vontade e tizam o trabalho árduo como a
tranquilo, dando-lhe o que é ade- habilidade da mulher virtuosa.

49
Lição 8 - Provérbios 31: Sabedoria para a Mulher Cristã

Mostram sua diligência em lidar posa coloca o marido para frente


sabiamente com os recursos finan- ou o arrasta para trás (v. 23).
ceiros e dar segurança à família. A mulher virtuosa, já à frente
Uma das fontes exploradas pela do seu tempo, era uma exímia co-
mulher são os empreendimentos merciante, sem deixar de ser uma
caseiros para ganhar um dinheiro espetacular dona de casa. Exibia
extra e agir com independência. In- desenvoltura nos negócios e destre-
diretamente, ao contribuir para as za nas lides domésticas. Sabia onde
finanças da sua casa, ela dá ao seu investir e como transformar seu in-
marido a possibilidade de oferecer vestimento em uma fonte de lucro.
liderança para toda a terra. Seu ne- Também cultivava a beleza
gócio “caseiro” fornece a base eco- física, mas valorizava a beleza in-
nômica para a atividade comercial terior. Vestia-se com belas roupas
com a qual ela enriquece a família. simbólicas: a força e a dignidade.
Tudo o que ela faz tem um bom Tais vestes espirituais serviam-lhe
resultado, pela sua prudente ad- de alegria e proteção.
ministração; ela não se esforça a Por fim, ela é firme e segura de
noite toda sem ganhar nada; ela si. Não teme pelo seu futuro, pois
mesma prova que a sua mercado- sabe que colherá bom fruto de to-
ria é boa (v.18); ela sabe que em das as coisas boas que plantou ao
todo o seu trabalho há lucro e isto seu redor (v. 25).
a encoraja a perseverar nele.
3. Seus valores morais (Pv 31.26-27)
2. Suas realizações sociais Fala com sabedoria, e a instrução
(Pv 31.21-25) da bondade está na sua língua.
Abre a mão ao aflito; e ainda a es- Atende ao bom andamento da sua
tende ao necessitado (31.20). casa e não come o pão da preguiça.
A posição de honra é dada ao A mulher virtuosa é discreta
seu ministério para com os aflitos e agradável, não fala demais, não
e necessitados da comunidade. En- é crítica nem mal-humorada, mas
quanto o rei abre a boca para defen- instrui com graça e bondade. Ela
der seus interesses no tribunal, a abre a sua boca com sabedoria;
mulher valorosa faz um gesto para quando ela fala, é com grande pru-
ajudar os pobres e necessitados. dência e de maneira muito perti-
Ela usa seus talentos extraor- nente. Os que a cercam reconhe-
dinários como tecelã e sabe com- cem a autoridade de suas palavras
binar conforto com requinte (v. e atentam a elas.
21, 22 e 24). Ademais, ela se empenha no
O sucesso profissional de seu seu dever e tem prazer nisto. Ela
marido tem muito a ver com o su- detesta ficar sem fazer nada (v.
porte que ele recebe em casa. A es- 27). Suas mãos não são remissas

50
Lição 8 - Provérbios 31: Sabedoria para a Mulher Cristã

para o trabalho. Ela sabe que, É fácil passar por uma boa pes-
para governar sua casa, precisa soa para os que são de fora. Mas
estar com as rédeas nas mãos, quem convive na intimidade é
dando direção e exemplo às suas que, de fato, conhece o seu caráter
servas. Ela cuida de sua família e suas intenções. Por isso, receber
e de todos os seus assuntos, dá o louvor da família é muito mais
mantimento à sua casa, de modo significativo do que ser elogiado
que nenhum dos servos tenha por quaisquer outras pessoas.
motivos para reclamar de comer
pouco ou trabalhar muito (v. 27); 2. O louvor do marido (Pv 31.29)
inspeciona os modos de todos Muitas mulheres procedem virtuo-
os seus servos para exortá-los samente, mas tu a todas sobrepujas.
a cumprir o seu dever para com O louvor do marido, baseado
Deus e com o próximo. em anos de experiência, como
é indicado pela maturidade dos
III.O LOUVOR QUE ELA seus filhos, é citado literalmente.
RECEBE (Pv 31.28-31) Na verdade, ela é tão excepcional
que, em termos comparativos, ti-
Essa mulher rara é um mode- nha ultrapassado a todas as outras
lo de virtude. Seu marido confia mulheres, embora houvesse mui-
nela plenamente; seus filhos to- tas outras virtuosas e notórias.
mam a iniciativa de louvá-la e seu Fica claro também que o amor
lar é um exemplo de harmonia e se deleita em promover a pessoa
eficiência. amada. Essa mulher semeou amor
e agora está colhendo os frutos de
1. O louvor da sua família (Pv 31.28) sua semeadura. O bem que ela fez
Levantam-se seus filhos e lhe cha- ao marido está retornando sobre
mam ditosa; seu marido a louva, sua própria cabeça.
dizendo... .
A mulher virtuosa merece 3. Ela teme ao Senhor (Pv 31.30-31)
louvores e os primeiros a reco- Enganosa é a graça, e vã, a formo-
nhecer isso são os seus filhos. sura, mas a mulher que teme ao
Eles se levantam e a ovacionam, Senhor, essa será louvada (31.30).
entusiasmados! Eles a chamam Uma mulher que teme ao Se-
de bem-aventurada e a elogiam. nhor terá o louvor de Deus. A mu-
A maior coisa que seus filhos lher virtuosa é conhecida na terra
podem fazer é louvá-la e seguir e no céu. Sua vida é aprovada pelas
o seu bom exemplo. Porque en- pessoas e também por Deus. Apesar
sinou os filhos com sabedoria e de seus refinados dotes administra-
bondade, recebe agora o retorno tivos, ela é enaltecida por Deus por
de seu investimento. causa de seu coração humilde.

51
Lição 8 - Provérbios 31: Sabedoria para a Mulher Cristã

O retrato da mulher virtuosa se te, que consome a beleza do corpo,


encerra com a chave para o seu su- mas consuma a beleza da alma.
cesso. O que coroa o seu caráter é o A mulher virtuosa fazia muitas
fato de que ela teme ao Senhor. (v. obras de bondade sem nenhum alar-
30). Ilustrando o tema da sabedo- de, mas o reconhecimento de suas
ria desenvolvido ao longo de todo obras foi público. O que ela fazia em
o Livro de Provérbios, esta mulher secreto era agora proclamado dos
teme e reverencia a Deus acima de eirados. Porque ela abençoava com
todas as coisas. A beleza não reco- generosidade os necessitados, ago-
menda ninguém a Deus, nem é uma ra suas obras resplandeciam como
indicação segura de sabedoria e luz no topo de uma montanha, por
bondade, mas engana a muitos ho- todas as gerações. Todos falarão
mens que basearam a sua escolha de sua diligência no trabalho, bem
de uma esposa apenas por este cri- como de sua sabedoria e autêntica
tério, de vez que é passageiro. Mas espiritualidade. Afinal, ela é o para-
o temor a Deus reinante no cora- digma do sexo feminino, o principal
ção é a beleza da alma; durará para exemplo a ser seguido por todas as
sempre e desafiará a própria mor- mulheres.

APLICAÇÃO PESSOAL
Quando aplicarmos o coração ao temor do Senhor e nos dedicarmos
às pessoas ao nosso redor, as virtudes que tornaram notável a mulher
virtuosa fluirão em nossa vida no dia a dia, para a glória do Senhor!

RESPONDA
1) O que significa mulher virtuosa no contexto do Livro de Provérbios?

2) As atividades da mulher virtuosa eram restritas ao âmbito familiar?

3) O que realmente faz toda a diferença na vida dessa tão decantada mulher?

52
LIÇÃO 9

ECLESIASTES 1 a 4: AS EXPERIÊNCIAS DA
VIDA
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Entender a vida como um traba-
Em Eclesiastes 1, 2, 3 e 4 há 18, 26 e 22 lho árduo e sem sentido na con-
e 16 versos, respectivamente. Sugerimos cepção do autor de Eclesiastes.
começar a aula lendo, com todos os pre- • Compreender essas duas di-
sentes, Eclesiastes 1.1-11; 3.1-15 (5 a 7 mensões: tempo e eternidade.
min.). • Analisar a dualidade e conflitos
A revista funciona como guia de estu- da vida segundo o Pregador.
do e leitura complementar, mas não
substitui a leitura da Bíblia PARA COMEÇAR A AULA
Caro(a) professor(a), o livro de
Eclesiastes foi escrito pelo "prega- Comece sua aula explicando que
dor” (1.1). É provável que o título Eclesiastes não é uma narrativa que
vem de Ecclesiastes, a forma latina segue uma trama abrangente, exi-
da palavra grega para pregador. bindo de maneira fácil e identificável
Isso explica o estilo, que é o de um início, um clímax em algum lugar
quem ensina através de um ser- no meio, e uma conclusão. O que uni-
mão, ou talvez de vários sermões fica o livro é a declaração de que há
ou afirmações orais. O tema da sua uma alegria dada por Deus que pode
tese é avaliar os benefícios, se é que ser encontrada na vida, embora uma
existem, de viver e trabalhar para o nota grave de “sopro”, “névoa”, “tran-
prazer, para si e para o pecado, en- sitoriedade” ou “mudança” seja toca-
quanto Deus e as Suas reivindica- da no contexto da busca mais básica
ções são negligenciadas. A palavra por algum tipo de ponto fixo de refe-
“pregador” também contém a ideia rência e sentido no trabalho pessoal.
de ajuntar ou convocar uma as- Eclesiastes indica o saber e o viver
sembleia (no grego, ekklesia). Des- que trazem prazer à própria vida e
sa forma, entendemos que o povo alegria em funções básicas da vida.
é convocado a se reunir para ouvir
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
o pregador, visto que Salomão este-
ja juntando as experiências da sua 1) Analisando
2) Errado
vida para instruir o povo a respeito
3) Dois
dos erros que ele cometeu.

I
Lição 9 - Eclesiastes 1 a 4: As Experiências da Vida

LEITURA ADICIONAL

FATOS A ENFRENTAR A PARTIR DA EXPERIÊNCIA


Uma das passagens mais fascinantes do livro é uma viagem de explo-
ração através das recompensas e satisfações da experiência. Com Coelet,
vestimos o manto de um Salomão, o mais brilhante e menos limitado dos
homens, para iniciar essa pesquisa. Tendo todos os dons e poderes à nos-
sa disposição, seria estranho se voltássemos de mãos vazias. Começamos
com a sabedoria – a mais promissora das buscas. Neste mundo desorde-
nado, porém, “na muita sabedoria há muito enfado” (1.18) e isso decorre
da própria percepção adquirida. E, em última análise, seja o que for que a
sabedoria possa fazer por alguém, ela nada pode fazer quanto ao final da
vida. Nesta crise o sábio fica tão desarmado quanto o estulto (2.15-17), e
se a sua sabedoria não vale nada neste aspecto, não passa de um fracasso
despretensioso. Então passamos para a “loucura” e a “estultícia” (1.17;
2.3b). E isto parece bem atual, fazendo coro com algumas de nossas ten-
tativas de desviar-nos do que é racional, passando a explorar o absurdo e
o mundo das alucinações. O prazer, naturalmente, é um outro reino: um
reino de muitos aspectos que apela para os apetites sensuais numa das
pontas da escala (2.3, 8c) e para as alegrias da estética do especialista e o
trabalho criativo na outra. Mesmo na melhor das hipóteses, esta busca só
vai nos satisfazer de passagem. Então vem o reconhecimento: “Considerei
todas as obras que fizeram as minhas mãos” (2.11) e, pensando na morte,
o cômputo final resulta em nada. O que torna tudo ainda mais doloroso
é saber que este resultado nulo é uma obliteração, um desfazimento. Os
valores existem, sim: “a sabedoria é mais proveitosa do que a estultícia
quanto a luz traz mais proveito do que as trevas (2.13); mas nenhum valor
permanecerá quando não estivermos mais aqui, ou se não houver nin-
guém para lhes dar valor.

Livro: “A Mensagem de Eclesiastes” (Kidner, Derek. São Paulo: Abu Editora, 1998,
p. 5,6).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 9 Leitura Bíblica Com Todos


Eclesiastes 1.1-11; 3.1-15

ECLESIASTES 1 a 4: Verdade Prática


A vida só faz sentido quando
AS EXPERIÊNCIAS Deus faz parte dela.

DA VIDA INTRODUÇÃO

I. TRABALHO ÁRDUO E SEM


SENTIDO Ec 1.1-2.23
1. A sabedoria humana é limitada

Texto Áureo Ec 1.16-18

“Tudo fez Deus formoso no seu 2. O trabalho é frustrante Ec 2.18-19


devido tempo; também pôs a
3. É correr atrás do vento Ec 2.24-26
eternidade no coração do ho-
mem, sem que este possa desco-
II. O TEMPO E A ETERNIDADE
brir as obras que Deus fez desde
Ec 3.1-22
o princípio até ao fim.”
Eclesiastes 3.11 1. Tudo tem o seu tempo Ec 3.1-2
2. A eternidade do homem Ec 3.11-14
3. A morte é certa para todos Ec 3.20-22

III. PROBLEMAS DA VIDA Ec 4.1-16

1. Movida por inveja Ec 4.4-6

2. O valor do companheirismo Ec 4.9-12

3. A popularidade transitória Ec 4.15-16

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Ec 1 Ec 2 Ec 2 Ec 3 Ec 3 Ec 4
1-17 1-11 12-26 1-15 16-22 1-16

Hinos da Harpa: 33 - 473

53
Lição 9 - Eclesiastes 1 a 4: As Experiências da Vida

INTRODUÇÃO aumenta tristeza (1.18).


É inútil buscar somente a sabe-
O título Eclesiastes significa, doria humana. O pregador se propõe
“pregador” (usado 7 vezes no li- a realizar uma investigação detalha-
vro), aquele que reúne e se dirige da e se dedica à tarefa de testar a
a uma assembleia. O rei Salomão competência de tal sabedoria a fim
é o autor. Mais para o final de sua de descobrir os princípios que or-
vida, ele examina os ciclos vividos, denam o mundo. Ele descobriu que
as tarefas em que nos envolvemos quanto mais via as obras que se fa-
e os prazeres que buscamos. Após zem debaixo do sol, mais se revelava
esse exame, ele chega à triste con- a vaidade que as motiva. Essa cons-
clusão de que tudo o que há “de- tatação frequentemente lhe causava
baixo do sol” é vão, transitório; aflição de espírito.
vaidade e um paradoxo difícil de Deixava-o aflito ver que muitos
entender. Especialistas na Bíblia sábios não agiam sabiamente e que
discutem o que ele quis dizer com muitos insensatos não buscavam sa-
esta frase e sugerem que ele se bedoria. Deixava-o aflito ver o quão
refere a “todo esforço humano, se- longe a sabedoria ficava dos filhos
parado de Deus”. Isto é, sem Deus dos hhomens e, ao mesmo tempo, o
ninguém pode encontrar satisfa- quão rápido a insensatez atingia seus
ção duradoura e significado, seja corações.
no trabalho ou nas diversões da O pregador conclui que a sabedo-
vida. ria humana produz também tristeza
e frustração. Deve haver bastante dor
I. TRABALHO ÁRDUO E para consegui-la, e bastante cuidado
SEM SENTIDO (Ec 1.1-2.23) para não esquecê-la; quanto mais
nós conhecemos, mais percebemos
O pregador fala da mesmice da que ainda há muito a conhecer. Disso
vida, que, por fim, é sem sentido, se conclui claramente que o nosso
pois não passa de trabalho árduo. trabalho é interminável.
Os exemplos citados são claros. As
gerações se sucedem monotona- 2. O trabalho é frustrante
mente; o sol nasce, se põe e volta a (Ec 2.18-19)
nascer; o vento percorre seu cami- Também aborreci todo o meu tra-
nho circular. A vida está sempre em balho, com que me afadiguei debai-
movimento. xo do sol, visto que o seu ganho eu
havia de deixar a quem viesse de-
1. A sabedoria humana é limi- pois de mim (2.18).
tada (Ec 1.16-18) Salomão diz que odiou todo o
Porque na muita sabedoria há mui- trabalho que realizou debaixo do sol.
to enfado; e quem aumenta ciência Aqui a palavra usada não é “traba-

54
Lição 9 - Eclesiastes 1 a 4: As Experiências da Vida

lho”, mas “labor”, que enfatiza a can- pessoas. Elas simplesmente não
seira do trabalho. Ele explica a razão podem, em si mesmas, substituir
desta declaração: “visto como eu ha- a alegria que vem de se temer a
via de deixá-lo ao homem que viesse Deus e conhecê-lo. Deus dá essa
depois de mim. E quem sabe se será capacidade àqueles que começam
sábio ou tolo? Contudo, ele se asse- pelo “temor”, isto é, crendo Nele. É
nhoreará de todo o meu trabalho em aqui que a alegria começa e conti-
que trabalhei e em que me houve nua – no próprio Deus.
sabiamente debaixo do Sol; também
isso é vaidade”. II. O TEMPO E A
A tristeza do pregador não é so- ETERNIDADE (Ec 3.1-22)
mente porque as coisas materiais
não trouxeram satisfação, mas por- Tempo e eternidade, vida e morte
que tudo que ele tinha acumulado são "ingredientes" que constituem
seria deixado para outros sobre os nossa breve existência neste mundo
quais ele não teria nenhum controle. e que não devem ser ignorados.
Enquanto ele meditava nestas coi-
sas, ele diz que elas fizeram com que 1. Tudo tem o seu tempo(Ec 3.1-2)
o seu “coração perdesse a esperança Tudo tem o seu tempo determinado,
de todo trabalho em que trabalhei e há tempo para todo propósito de-
debaixo do Sol” (v.20). Além de não baixo do céu (3.1)
poder controlar quem herda os seus Não é preciso ser filósofo para
bens, a pessoa que o suceder recebe- saber que "tempos e as estações"
rá tudo sem ter trabalho. são uma parte normal da vida onde
quer que a pessoa se encontre. Se
3. É correr atrás do vento as "leis naturais" determinadas por
(Ec 2.24-26) Deus não fossem confiáveis, a ciên-
Porque Deus dá sabedoria, conhe- cia e a vida diária seriam caóticas,
cimento e prazer ao homem que lhe para não dizer impossíveis. Não
agrada; mas ao pecador dá traba- apenas este mundo possui tempos
lho, para que ele ajunte e amontoe, e estações como também há uma
a fim de dar àquele que agrada a providência que prevalece em nos-
Deus. Também isso é vaidade e cor- sa vida. Desde antes de nosso nas-
rer atrás do vento (2.26). cimento até o momento de nossa
O propósito da vida não pode morte, Deus está realizando seus
ser encontrado nas próprias coi- propósitos, mesmo que nem sem-
sas deste mundo. Todas as coisas pre sejamos capazes de entender o
que chamamos de “bens” da vida que Ele está fazendo.
– a saúde, a riqueza, as posses, o Em 14 afirmações, Salomão de-
poder, os prazeres, as honras e o clara que Deus trabalha na vida de
prestígio – escapam das mãos das cada indivíduo procurando realizar

55
Lição 9 - Eclesiastes 1 a 4: As Experiências da Vida

sua vontade. Todos esses aconte- cremos em Jesus Cristo, somos filhos
cimentos vêm de Deus e são bons de Deus e estamos sendo prepara-
em seu devido tempo. A inferência é dos para um lar eterno (Jo 14.1-6).
clara: se cooperarmos com o tempo Nas palavras do pastor Thomas Wat-
de Deus, a vida terá sentido. Tudo son: "Para os piedosos, a eternidade
será "formoso no seu devido tem- é um dia no qual o Sol nunca se põe.
po" (v. 11), até mesmo as experiên- Para os perversos, é uma noite na
cias mais difíceis. qual o Sol nunca nasce".
Se tememos a Deus, não precisa-
2. A eternidade do homem mos ter medo de coisa alguma, pois
(Ec 3.11-14) ele está no controle de tudo e quan-
Tudo fez Deus formoso no seu devi- do entrarmos na eternidade com-
do tempo; também pôs a eternidade preenderemos melhor o seu plano
no coração do homem, sem que este como um todo.
possa descobrir as obras que Deus fez
desde o princípio até ao fim (3.11). 3. A morte é certa para todos
A vida do ser humano é ligada (Ec 3.20-22)
à eternidade, a Deus (v. 11). O ho- Todos vão para o mesmo lugar; to-
mem foi criado à imagem de Deus, dos procedem do pó e ao pó tornarão
recebeu domínio sobre a criação (3.20).
(Gn 1.26-28) e, portanto, é diferente Vida, morte, tempo e eternida-
do resto da criação. Isso explica por de: todos são "ingredientes" que
que ninguém (inclusive Salomão) é constituem nossa breve existência
capaz de desvendar os enigmas da neste mundo e que não devem ser
vida (1.12- 2.11) e se satisfazer ple- ignorados. O plano de Deus abran-
namente com seus empreendimen- ge todas as coisas na vida dos seres
tos e realizações. humanos, desde o dia em que nas-
A vida parece passageira, mas cemos até o dia em que morremos.
aquilo que Deus faz dura para sem- Ele nos concede tempo para todas
pre, de modo que, ao viver para ele as coisas e sem dúvida, nos pedirá
e deixar que faça sua vontade, a vida conta quando a história tiver che-
torna-se significativa e viável. Em gado ao fim.
vez de nos queixarmos daquilo que A morte equaliza e torna inútil a
não temos, vamos desfrutar aquilo maioria das nossas atividades diá-
que temos e agradecer a Deus por rias. Ela devora os sábios e os tolos,
essas dádivas. os ricos e os pobres, não importando
Como é possível a vida ser mo- quem você é ou o que fez - seja bom
nótona e sem sentido quando Deus ou ruim - todos vamos morrer, inevi-
nos fez parte de seu plano eterno? tavelmente. Infelizmente, poucos re-
Não somos criaturas insignificantes fletem acerca do seu modo de viver,
arrastando-se para um triste fim. Se tendo em vista a certeza da morte.

56
Lição 9 - Eclesiastes 1 a 4: As Experiências da Vida

É bom ter cuidado para não in- balhador a satisfação que ele deve-
terpretar incorretamente os versí- ria experimentar. Apesar de ser ne-
culos 19 e 20 e chegar à conclusão cessário evitar a preguiça, também
equivocada de que não existe dife- é preciso controlar o ímpeto de tra-
rença alguma entre os seres huma- balhar só para superar os demais.
nos e os animais. No versículo 21, O pouco acompanhado de descan-
Salomão mostra que apesar do cor- so é melhor do que a abundância
po dos homens e animais voltarem motivada pela inveja.
ao pó depois que morrem, o espírito A pessoa que trabalha inces-
do ser humano vai para Deus (Ec santemente motivada por sua ga-
12.7). A verdade é que o espírito do nância nunca se satisfaz com o que
ser humano é eterno e responsável adquire. Trabalhar por trabalhar
diante de Deus, mas os animais, ao também é vaidade. Portanto, em
contrário, não possuem espírito. lugar da competitividade cruel,
O Pregador encerra essa seção Salomão recomenda a moderação.
nos lembrando, mais uma vez, que
devemos valorizar a vida que Deus 2. O valor do companheirismo
nos concede e desfrutá-la enquanto (Ec 4.9-12)
podemos (v. 22). Melhor é serem dois do que um,
porque têm melhor paga do seu
III. PROBLEMAS DA VIDA trabalho (4.9).
(Ec 4.1-16) Em cada um dos ensinos dos
versículos 9-12, as vantagens da
Salomão tinha uma alma sen- cooperação e do companheirismo
sível, e isso aparece porque, entre são enfatizadas. Na verdade, se
outras coisas, ele tinha uma preocu- é melhor serem dois do que um,
pação muito terna com o sofrimen- três amigos fornecem uma cama-
to da humanidade e uma percepção radagem ainda maior. “Um cordão
acerca das aflições dos mais sim- de três dobras não se rompe com
ples. facilidade”.
A pessoa egoísta só se interes-
1. Movida por inveja (Ec 4.4-6) sa pela competição (v. 8) e perde
Então, vi que todo trabalho e toda as recompensas da cooperação
destreza em obras provêm da inve- (vs. 9-12). Deve-se preferir uma
ja do homem contra o seu próximo. vida partilhada, que propicia aju-
Também isto é vaidade e correr da (v.10), conforto (v.11) e defesa
atrás do vento (4.4). mútua (v.12); em lugar dos males
É possível que o Pregador este- da vida de solidão.
ja afirmando que o trabalho moti-
vado pelo desejo de passar à frente 3. A popularidade transitória
de outros não proporciona ao tra- (Ec 4.15-16)

57
Lição 9 - Eclesiastes 1 a 4: As Experiências da Vida

Era sem conta todo o povo que ele entre homenagens, tornar-se ve-
dominava; tampouco os que virão lho e ser esquecido como seu ante-
depois se hão de regozijar nele. Na cessor (15-16).
verdade, que também isto é vaida- O herói de hoje é o rejeitado de
de e correr atrás do vento (4.16). amanhã. Enquanto os governantes
Quão transitória e totalmen- tremem e procuram, diligentemen-
te temporária é a popularidade te, tornar seguro o seu trono, as pes-
conferida às pessoas! O que vale soas clamam por mudança e revolu-
ter grande poder e agir como um ção. O ser humano é instável: pode
insensato, senil e incapaz de dis- aplaudir efusivamente ao recém-
cernir que seus dias de governo se -chegado num instante, e no outro,
encerraram? Antes ser sábio, ainda vociferar: “crucifica-o!”. Como pode
que jovem e pobre, como José, e o plano de Deus abranger tamanhas
agir de modo tão proveitoso a pon- disparidades como essa? Só Deus
to de sair da prisão para o governo para conceber um plano que com-
do Egito. Tais são os constantes al- preende toda diversidade dos bi-
tos e baixos da vida, neles se pode lhões de seres humanos de todos os
ver um jovem rei, que fora recebido tempos, raças, tribos e nações.

APLICAÇÃO PESSOAL
Em Deus encontramos o verdadeiro sentido da vida. Sem Ele, a vida
se torna vazia e inútil, e tudo o que fazemos carece de relevância e
significado.

RESPONDA
1) No livro de Eclesiastes o Pregador está passando por uma experiência. Ele está

a vida.

2) Na vida tudo acontece de forma improvisada. Segundo Eclesiastes 3 não há um tempo

determinado para cada coisa. Certo ou Errado?

3) O valor do companheirismo é destacado no livro de Eclesiastes. Por isso é melhor serem


para receber melhor paga do seu trabalho.

58
LIÇÃO 10
ECLESIASTES 5 a 8: A CASA DE DEUS E
OS CONTRASTES DA VIDA
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Advertir para o perigo de palavras
Em Eclesiastes 5, 6, 7 e 8 há 20, 12, 29 e que são pronunciadas impensada-
17 versos, respectivamente. Sugerimos mente mesmo na adoração a Deus.
começar a aula lendo, com todos os pre- • Ponderar sobre a vaidade e inse-
sentes, Eclesiastes 5.1-20 (5 a 7 min.). gurança em relação às riquezas.
A revista funciona como guia de estu- • Mostrar que a vida é cheia de
do e leitura complementar, mas não injustiças e desigualdades e isso
substitui a leitura da Bíblia se contrapõe à sabedoria.
Salomão experimentou o mate-
rialismo, o fatalismo, o deísmo, mas PARA COMEÇAR A AULA
estes também eram vãos. A religião
natural, a riqueza, e mesmo a mo- Alerte os alunos acerca dos pro-
ralidade (7.1-12.12) mostraram-se blemas causados pela precipitação
igualmente inúteis. Na verdade, o (7.9). Palavras mal ponderadas po-
Eclesiastes nos mostra apenas o me- dem ser pronunciadas em angústia,
lhor que o homem é capaz de fazer ou em ressentimento. As palavras
fora do evangelho da graça de Deus. descuidadas são reflexo do que se
Salomão experimentou a vida ao má- passa no íntimo; porque é o coração
ximo. Ninguém poderia dar-lhe me- que pronuncia a palavra. Comente
lhor resposta para a grande pergunta: sobre a riqueza e sua insegurança,
“Vale a pena viver?” Ele experimentou pois ela não é garantia de satisfação;
a sabedoria (cap. 1); experimentou os o homem pode viver longos anos, ter
prazeres (cap. 2); experimentou as uma família grande, e ainda morrer
edificações (2.4); experimentou plan- insatisfeito e sem luto. A morte é ine-
tações (2.5, 6); experimentou criação vitável, não importando o quanto ela
e coleção de obras de arte (2.7, 8); demore a chegar.
experimentou o jogo monótono da
vida (cap. 3); experimentou a filoso-
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
fia estoica (cap. 4); experimentou o
ritualismo, a religião formal (cap. 5) e 1) Resposta livre
2) Falar e agir de forma contrária à de costume; recla-
conclui que tudo isso é vaidade.
mações contra Deus e o homem, fazer uso de meios
ilegítimos e desonrados para aliviar a si mesmo.
3) Sim.
I
Lição 10 - Eclesiastes 5 a 8: A Casa de Deus e os Contrastes da Vida

LEITURA ADICIONAL

O VALOR DE UM BOM NOME (7.1-6)


Nesses versículos, Salomão estabelece algumas grandes verdades que
parecem ser paradoxais à parte irrefletida, isto é, a maior parte, da huma-
nidade.
I – Que a honra da virtude é realmente mais valiosa e desejável do que
todas as riquezas e prazeres neste mundo (v.1): Melhor é a boa fama do
que o bom unguento (assim isso pode ser lido): aquele é preferível a este,
e será antes escolhido por todos os lucros da terra (entre os produtos em
que o óleo foi considerado um dos mais valiosos), por todos os prazeres
dos sentidos (pois unguento e perfume alegram o coração, e por isso são
chamados de óleo de alegria), e pelos mais altos títulos de honra com os
quais os homens são dignificados, pois os reis são ungidos. A boa fama é
melhor do que todas as riquezas (Pv 22.1), ou seja, um nome por sabedo-
ria e bondade com aqueles que são sábios e bons – a memória do justo;
esse é um bem que trará um prazer mais gratificante para a mente, dará
ao homem uma oportunidade maior de ser útil, e irá ainda mais longe,
e terá maior duração, do que a mais preciosa porção de unguento; pois
Cristo pagou a Maria pelo seu unguento com um bom nome, um nome nos
Evangelhos (Mt 26.13), e nós podemos ter certeza de que Ele sempre paga
com vantagens.
II – Que, de todas as coisas consideradas, a nossa saída do mundo é
uma grande bondade para conosco, mais do que a nossa chegada ao mun-
do. O dia da morte é preferível ao dia do nascimento; embora, para os
outros, haja alegria quando uma criança nasce no mundo, e onde há mor-
te há lamentação, contudo para nós, se nós tivermos vivido de forma a
merecer um bom nome, o dia da nossa morte, que colocará um ponto final
em nossas preocupações, e labutas e tristezas, e nos levará ao descanso, e
à alegria e à satisfação eterna, é melhor do que o dia do nosso nascimento,
que nos conduz a um mundo de muito pecado e problemas, vaidade e afli-
ção. Nós nascemos para a incerteza, mas um homem bom não morre na
incerteza. O dia do nosso nascimento encheu as nossas almas com o peso
da carne, porém o dia da nossa morte dará a elas a libertação desse peso.

Livro: “Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cântico”. Edição Completa.


(Henry, Matthew. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p. 924-925).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 10 Leitura Bíblica Com Todos


Eclesiastes 5.1-20
Verdade Prática
ECLESIASTES 5 a 8: Como encaramos as palavras,
as riquezas e as injustiças da
A CASA DE DEUS E vida revelam o estágio de nosso
OS CONTRASTES DA relacionamento com Deus.

VIDA INTRODUÇÃO

I. A CASA DE DEUS E O VOTO


Ec 5.1-7
1. Guarda o teu pé Ec 5.1
Texto Áureo 2. Palavras precipitadas Ec 5.2-3
“Não te precipites com a tua
boca, nem o teu coração se apres- 3. O compromisso de um voto Ec 5.4-7
se a pronunciar palavra alguma
diante de Deus; porque Deus está II. A VAIDADE DAS RIQUEZAS
Ec 5.8-6.12
nos céus, e tu, na terra; portanto,
sejam poucas as tuas palavras.” 1. Amor ao dinheiro Ec 5.10-15
Eclesiastes 5.2 2. Riqueza e bênçãos de Deus Ec 5.18-20
3. Riqueza e sua insegurança Ec 6.1-2

III. OS CONTRASTES DA VIDA


Ec 7.1-8 – 1-17
1. Prosperidade e adversidade Ec 7. 12-14
2. Justo e sábio em demasia Ec 7.16,17
3. Coisas encobertas e coisas
reveladas Ec 8.16-17

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Ec 4 Ec 5 Ec 5 Ec 6 Ec 7 Ec 8
1-16 1-7 8-20 1-12 1-29 1-17

Hinos da Harpa: 499 - 564

59
Lição 10 - Eclesiastes 5 a 8: A Casa de Deus e os Contrastes da Vida

INTRODUÇÃO É preciso nos aproximar com


reverência (5.1). Salomão obser-
Nestes capítulos, o escritor res- va os adoradores indo ao templo,
salta a importância da religião ver- e vindo dele, para louvar a Deus e
dadeira, alicerçada no temor a Deus, fazer sacrifícios e votos. Ele nota
salientando qual deve ser o nosso que há pessoas cuja adoração é su-
procedimento na casa de Deus. Ad- perficial e hipócrita. Então, exorta
verte também para a questão das os adoradores a guardarem o pé
riquezas materiais, que devem ser quando entrarem na casa de Deus.
usufruídas como fruto do trabalho; Significa que essa aproximação
lembrando sempre que se nada precisa ser feita com compostura,
trouxemos para este mundo ao nas- reverência e temor. A adoração a
cer, nada levaremos conosco para a Deus não pode ser feita sem refle-
eternidade, ao morrer. Ressalta que xão e sem reverência, ainda nos
a vida, ainda que ávida, deve ser vi- dias de hoje.
vida na sua realidade, sem ilusão,
mas com esperança. 2. Palavras precipitadas (Ec 5.2-3)
Não te precipites com a tua boca,
I. A CASA DE DEUS E O nem o teu coração se apresse a pro-
VOTO (Ec 5.1-7) nunciar palavra alguma diante de
Deus; porque Deus está nos céus, e
No capítulo 5, Salomão discursa tu, na terra; portanto, sejam pou-
a respeito da adoração a Deus, recei- cas as tuas palavras (5.2).
tando-a como um remédio contra Os exercícios religiosos não
todas as vaidades da vida. Aquietar são vãos, mas se nós não os admi-
o coração e ouvir a Palavra para, en- nistrarmos bem, eles se tornarão
tão, oferecer sacrifícios agradáveis vaidade para nós. Assim, devemos
a Deus e cumprir nossos votos com nos praticá-las com toda a serie-
alegria e inteireza de coração. dade e cuidado possíveis. Guarda
o teu pé, não fiques afastado da
1. Guarda o teu pé (Ec 5.1) casa de Deus, nem vás lentamen-
Guarda o teu pé, quando entrares te adiante, como alguém relutan-
na Casa de Deus; chegar-se para te em se aproximar de Deus, mas
ouvir é melhor do que oferecer sa- presta atenção no teu agir, reflete
crifícios de tolos, pois não sabem sobre o caminho dos teus pés, para
que fazem mal. que tu não dês passos em vão.
O autor de Eclesiastes nos en- O autor está ensinando a neces-
carrega de ter um bom comporta- sidade de ter uma compreensão
mento quando estamos na Casa de prática do temor de Deus. Como é
Deus, no lugar da adoração públi- solene falar na presença de Deus.
ca, no templo. Em oração, é necessário ter uma

60
Lição 10 - Eclesiastes 5 a 8: A Casa de Deus e os Contrastes da Vida

atitude cuidadosa. Isto não quer Às vezes, numa dificuldade,


dizer que a oração não deve ser uma oração é feita a Deus e a pes-
espontânea, ou que uma oração soa fala precipitadamente e faz
escrita previamente deve ser usa- um voto, uma promessa de que,
da, mas ensina que deve haver se Deus favorecê-la, então ela
consideração sobre como falamos cumprirá aquilo com que se com-
com Deus. A linguagem empregada prometeu. Quantas vezes estas
deve ser a mais reverente possível. promessas não são cumpridas?
Às vezes expressões e palavras Será que se pensa que o Senhor
são usadas irrefletida ou precipi- pode ser subornado? Deus requer
tadamente sob a desculpa de que o cumprimento deste voto. Preci-
isto prova que elas vêm do cora- samos ter cuidado ao fazer nossos
ção. Salomão está dizendo que votos, para que sejamos conscien-
deve vir do coração que aprendeu tes em cumpri-los; manter a pala-
a ser humilde e reverente na pre- vra dada é essencial diante dos ho-
sença de Deus. E Salomão conclui: mens, imagine em relação a Deus.
“pelo que sejam poucas as tuas pa-
lavras”. Isso seria uma repreensão II. A VAIDADE DAS
para aqueles que se aproximam de RIQUEZAS (Ec 5.8-6.12)
Deus com vãs repetições, repetin-
do o assim chamado “Pai Nosso” Salomão mostrou a vaidade de
sem pensar no que dizem. Se ora- correr atras de riqueza como fim
ções longas e sem rumo cansam o em si mesma.
povo, como devem soar aos ouvi-
dos de Deus? 1. Amor ao dinheiro (Ec 5.10-15)
Quem ama o dinheiro jamais dele
3. O compromisso de um voto se farta; e quem ama a abundância
(Ec 5.4-7) nunca se farta da renda; também
Quando a Deus fizeres algum voto, isto é vaidade (5.10).
não tardes em cumpri-lo; porque Um relacionamento certo com
não se agrada de tolos. Cumpre o o Deus verdadeiro é o único modo
voto que fazes (5.4). de dar sentido à vida. Ele adverte
Pecamos quando assumimos que a busca por riquezas ou poder
compromissos que não cumpri- pode levar à exploração de mem-
mos. O versículo ilustra o falar bros mais fracos da sociedade. Uma
precipitado de um tolo. Quando vez que a riqueza nunca proporcio-
um voto é feito a Deus, Ele espera na satisfação e contentamento ple-
que seja cumprido. Se a pessoa re- nos (vs. 10-12), o acúmulo de bens
nega o voto, ele peca. A seriedade é vaidade. A pobreza tem seus pro-
de fazer um voto é enfatizada pelo blemas, mas o amor ao dinheiro
fato que não há como desfazê-lo. não é uma solução apropriada.

61
Lição 10 - Eclesiastes 5 a 8: A Casa de Deus e os Contrastes da Vida

2. Riqueza e bênçãos de Deus 3. Riqueza e sua insegurança


(Ec 5.18-20) (Ec 6.1-2)
Quanto ao homem a quem Deus Há um mal que vi debaixo do sol e
conferiu riquezas e bens e lhe deu que pesa sobre os homens: o homem
poder para deles comer, e receber a quem Deus conferiu riquezas, bens
a sua porção, e gozar do seu traba- e honra, e nada lhe falta de tudo
lho, isto é dom de Deus (5.19). quanto a sua alma deseja, mas Deus
As palavras “e a todo homem, a não lhe concede que disso coma; an-
quem Deus deu riquezas e bens, e lhe tes, o estranho o come; também isto
deu poder para delas comer e tomar é vaidade e grave aflição (6.1-2).
a sua porção, e gozar do seu trabalho, A riqueza pode desaparecer
isto é dom de Deus” (v. 19), explicam a qualquer momento. Riqueza e
que Salomão está considerando bên- honra não garantem alegria ou
çãos materiais como “dom de Deus”. prazer na vida toda. O homem a
Assim, para desfrutar da sua riqueza, quem Deus conferiu todas as be-
o homem deve controlá-la e não ser nesses da vida tem razão abun-
escravizado por ela. Os bens conce- dante para servir a Deus com
didos por Deus ajudarão tal homem alegria e satisfação de coração;
a passar pela vida sem ser assolado quanto bem Deus fez a ele. Deu a
por grandes tormentos (v. 20). ele riquezas e honra (v.2). Rique-
Ele desfrutará de um estilo de zas, fazenda e honra são dons de
vida agradável, porque ele está con- Deus, os dons da Sua providência.
tente com o que Deus lhe deu; e a Eles são dados para muitas pes-
razão é dada: “porquanto Deus lhe soas que, infelizmente, não fazem
responde na alegria do seu coração”. bom uso deles,
Isso indica que ele ora a Deus e rece- A providência é tão liberal que
be a resposta. Ele pediu a direção de a pessoa tem tanto quanto seu co-
Deus sobre a sua riqueza e sobre as ração pode desejar, mas, às vezes,
várias decisões que precisavam ser ela não deseja a graça para a sua
tomadas. Ele reconhece que o que alma, por isso continua insatisfei-
ele obteve veio através da bondade ta e sem paz. A não ser que haja
de Deus. Como resultado, ele encon- riqueza na alma, os homens, ain-
tra satisfação na sua abundância, da que cheios de riqueza material,
e isto é refletido na “alegria do seu nada levam desta vida, vão para o
coração”. túmulo de mãos vazias.
O Pregador ensina que a vida
sábia consiste em desfrutar da III.OS CONTRASTES DA
provisão divina. Gozar o fruto do VIDA (Ec 7.1-8 – 1-17)
seu trabalho é descrito como “a
sua porção” , significando que isto 1. Prosperidade e adversidade
é o que lhe foi concedido por Deus. (Ec 7. 12-14)

62
Lição 10 - Eclesiastes 5 a 8: A Casa de Deus e os Contrastes da Vida

No dia da prosperidade, goza do 2. Justo e sábio em demasia


bem; mas, no dia da adversidade, (Ec 7.16,17)
considera em que Deus fez tanto Não sejas demasiadamente justo,
este como aquele, para que o ho- nem exageradamente sábio; por que
mem nada descubra do que há de te destruirias a ti mesmo? (7.16).
vir depois dele (7.14). Os versículos 16,17 não proí-
A sabedoria dá a perspectiva bem que alguém seja justo. O
correta para não desanimarmos perigo é que os mortais podem
quando os tempos são difíceis enganar a si mesmos e as outras
e para não ficarmos arrogantes pessoas por meio de uma multi-
quando as coisas estão indo bem. É plicidade de ações pseudorreli-
preciso um boa dose de espiritua- giosas de santimônia(aparência
lidade para aceitar tanto a prospe- de santidade) ou ostentação no
ridade quanto a adversidade, pois, ato de adoração. Uma presunção
muitas vezes, a prosperidade causa repulsiva e arrogante, uma atitude
mais estragos (Fp 4.10-13). Jó lem- do tipo “sou mais santo que você”.
brou sua esposa dessa verdade: As declarações a respeito
"Temos recebido o bem de Deus e de ser “excessivamente justo” e
não receberíamos também o mal?" “demasiado sábio” devem ser en-
(2.10). Antes disso, Jó havia decla- tendido como em Provérbios 3.7:
rado: "O Senhor o deu e o Senhor o “Não sejas sábio aos teus próprios
tomou; bendito seja o nome do Se- olhos”. São advertências contra a
nhor!" (1.21). justiça própria e a sabedoria fingi-
Deus confere equilíbrio a nos- da. Ninguém tem perfeição e super
sa vida, dando-nos bênçãos sufi- sabedoria. Ninguém está isento de
cientes para nos manter felizes e falta em ação ou em palavra.
fardos suficientes para nos manter
humildes. Se tivéssemos apenas 3. Coisas encobertas e coisas
bênçãos em nossas mãos, tomba- reveladas (Ec 8.16-17)
ríamos para frente, de modo que Então, contemplei toda a obra de
Deus equilibra essas dádivas com Deus e vi que o homem não pode
fardos em nossas costas. Isso aju- compreender a obra que se faz de-
da a nos mantermos firmes e a baixo do sol; por mais que trabalhe
confiar no Senhor, pois ele pode o homem para a descobrir, não a
até transformar fardos em bên- entenderá; e, ainda que diga o sá-
çãos. bio que a virá a conhecer, nem por
Por mais experiência que te- isso a poderá achar (8.17).
nhamos na vida cristã, por mais A pessoa que pensa que sabe
livros que tenhamos lido, ainda tudo, está fadada a sofrer decepções
assim devemos caminhar pela fé. neste mundo. Ao longo de dias e de
Só Deus conhece nosso futuro. noites insones, o Pregador aplicou-

63
Lição 10 - Eclesiastes 5 a 8: A Casa de Deus e os Contrastes da Vida

-se com diligência aos mistérios da para que cumpramos todas as pa-
vida. Concluiu que "o homem não lavras desta lei" (Dt 29.29). Deus
pode compreender a obra que se faz não espera que tenhamos conhe-
debaixo do sol". Talvez seja capazes cimento do incompreensível, mas
de solucionar um enigma aqui e ou- espera que aprendamos tudo o
tro ali, mas não há quem seja capaz que podemos e que obedeçamos
de compreender todas as coisas ou àquilo que ele nos ensina.
de explicar Deus. Só Deus tem co- Sua conclusão ante os contras-
nhecimento abrangente e completo. tes da vida é de que os caminhos de
Claro que esse fato não deve ser Deus são tão profundos que nem a
usado como desculpa para a igno- mais brilhante mente humana pode
rância. "As coisas encobertas per- esquadrinhar os mistérios da von-
tencem ao Senhor, nosso Deus, po- tade de Deus. Assim, não é pela ló-
rém as reveladas nos pertencem, a gica, mas pela fé, que o propósito de
nós e a nossos filhos, para sempre, Deus pode ser entendido e aceito.

APLICAÇÃO PESSOAL
Deus confere equilíbrio a nossa vida, dando-nos bênçãos suficientes
para nos manter felizes e fardos suficientes para nos manter humildes.
Isso ajuda a nos mantermos firmes e confiar no Senhor. Ele pode até
transformar fardos em bênçãos.

RESPONDA
1) Explique como você entende o texto de Eclesiastes 5.1.

2) Como pode ser a reação de um homem sábio oprimido por muito tempo?

3) Pessoas de bem podem sofrer e enfrentar calamidades na vida?

64
LIÇÃO 11
ECLESIASTES 9 a 12: O FINAL DOS
VIVENTES
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Entender que o propósito de
Em Eclesiastes 9, 10, 11 e 12 há 18, Deus é para todo o ser vivente
20, 10 e 14 versos, respectivamente. e que nada foge ao Seu controle.
Sugerimos começar a aula lendo, • Estabelecer a diferença entre o sá-
com todos os presentes, Eclesiastes bio e o insensato debaixo do sol.
11.1 – 12.14 (5 a 7 min.). • Refletir sobre o envelhecimento e
A revista funciona como guia de estu- a morte; o envelhecimento chega
do e leitura complementar, mas não para alguns, a morte para todos.
substitui a leitura da Bíblia
O Pregador está chegando ao PARA COMEÇAR A AULA
fim do seu discurso. No decorrer do
livro, expôs com realismo as coisas Comece fazendo uma retros-
difíceis da vida. Enfatizou a futili- pectiva das lições estudadas sobre
dade e a frustração da sem Deus. o livro de Eclesiastes. São temas
Demonstrou a impossibilidade de mais ou menos avulsos, mas que
o homem entender seu mundo e exigem uma reflexão acurada, pois
a si mesmo sem a intervenção da este livro serve para provocar a
graça de Deus. Enfatiza também a
nossa busca por Deus e para cor-
brevidade da vida. A idade que vai
chegando traz consigo o declínio rigir o nosso relacionamento com
inevitável. A decadência e a morte Ele. O Pregador termina o livro de
trazem o Pregador de volta às suas Eclesiastes encontrando o signifi-
primeiras palavras. O fenômeno da cado e propósito da vida: temer a
morte é o exemplo supremo de rei- Deus e guardar Seus mandamen-
no terrenal, aquilo com que o Prega- tos (Ec 12.13).
dor começou (1.2). Tendo provado
sua tese, seu trabalho chega ao fim.
A essência da sabedoria consiste em
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
demonstrar temor reverente a Deus
por meio da obediência, pois é a Ele 1) Sim.
2) Como uma casa em ruínas.
que prestamos contas!
3) O temor ao Senhor

I
Lição 11 - Eclesiastes 9 a 12: O Final dos Viventes

LEITURA ADICIONAL

LEMBRE-SE DO SEU CRIADOR (Eclesiastes 12.1-7)


A decadência e as debilidades da velhice são aqui descritas elegante-
mente em expressões figurativas, que trazem algumas dificuldades para
nós agora, que não estamos familiarizados com as expressões e metáforas
comuns usadas na época e na língua de Salomão; mas o escopo geral é
claro – mostrar quão geralmente desconfortáveis são os dias da velhice.
Em primeiro lugar, quando o sol e a luz dele, a lua e as estrelas, e a luz eles
emprestam, escurecerem. Eles parecem fracos para as pessoas velhas, em
consequência da deterioração de suas vistas; seu semblante é embaçado,
e a sua beleza e brilho são escurecidos; seus poderes e faculdades intelec-
tuais, que são como luzes na alma, são enfraquecidos; sua compreensão e
memória os traem, e sua apreensão não é tão rápida nem a sua sofistica-
ção tão alegre como foram antes; os dias de sua alegria estão acabados, e
eles não têm o prazer nem da conversa do dia nem do repouso da noite,
pois tanto o sol quanto a lua estão escuros para eles. [...] As pessoas ve-
lhas são frequentemente afligidas com dores reumáticas, como a chuva
abundante, depois da qual mais nuvens retornam, alimentando o humor;
de modo que isso é sempre sofrível, e também o corpo, que acaba se dis-
solvendo. [...] Quando tremerem os guardas da casa. A cabeça, que e como
a torre de observação, balança, e os braços e as mãos, que estão prontos
para a preservação do corpo, balançam também e enfraquecem. Os ho-
mens velhos que em seu tempo foram homens fortes tornam-se fracos e
rebaixados pela idade. Algumas pessoas velhas perderam todos os seus
dentes, e outras possuem apenas poucos. As pessoas velhas se mantêm
dentro das portas e não se preocupam em sair em busca de entreteni-
mento. Os lábios, as portas da boca, estão fechados ao comer; porque os
dentes se foram e o ruído da moedura com eles é baixo. Tornam-se difíceis
de ouvir e incapazes de distinguir sons e vozes. Elas temem o que está no
alto, temem ir ao topo de qualquer lugar alto, por falta de fôlego ou por
suas cabeças ficarem tontas ou suas pernas falharem. Os cabelos cinzen-
tos estão aqui e ali sobre eles, e eles não os percebem. O gafanhoto é um
peso, e perece o apetite. Os homens velhos não podem suportar nada; a
coisa mais leve está pesadamente assentada sobre eles, tanto sobre seus
corpos quanto sobre suas mentes...

Livro: “Comentário Bíblico Antigo Testamento: Jó a Cântico de Salomão: edição


completa” (Henry, Matthew. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.952,954).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 11 Leitura Bíblica Com Todos


Eclesiastes 11.1 – 12.14
ECLESIASTES
Verdade Prática
9 a 12: A lembrança de que um dia
morreremos e compareceremos
O FINAL DOS diante de nosso Criador reforça
nosso propósito de viver com
VIVENTES alegria e responsabilidade a vida
física e espiritual.

INTRODUÇÃO
I. ESTÍMULO E PROPÓSITO PARA
Texto Áureo VIDA Ec 9.1-18
“Lembra-te do teu Criador nos 1. Refeições alegres Ec 9.7
dias da tua mocidade, antes que 2. Vestes alvas e óleo sobre a cabeça
venham os maus dias, e cheguem Ec 9.8
os anos dos quais dirás: Não tenho
3. Desfrute do Casamento e do
neles prazer.”
trabalho Ec 9.9,10
Eclesiastes 12.1
II. A VIDA E A JUVENTUDE Ec 11.1-12.1
1. Alegra-te jovem Ec 11.9,10
2. Caminhos do coração e olhos Ec 12.1b
3. Deus te pedirá conta Ec 12.1c
III. O IDOSO E A MORTE Ec 12.1-14
1. Lembra do teu criador Ec12.1
2. Idade avançada e a morte Ec 12.2-7
3. Resumo final Ec 12.13,14
APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Ec 9 Ec 9 Ec 10 Ec 10 Ec Ec
1-10 11-18 1-10 11-20 11 12

Hinos da Harpa: 303 - 408

65
Lição 11 - Eclesiastes 9 a 12: O Final dos Viventes

INTRODUÇÃO do pôr-do-sol para a refeição mais


importante do dia, composta prin-
O que Salomão escreve sobre os cipalmente de pão e vinho, com al-
mortos pode ser "invertido" e apli- guns legumes e frutas da estação e,
cado aos vivos. Os mortos já cum- às vezes, peixe. O jantar era uma re-
priram sua missão, mas os vivos feição feita para alimentar o corpo
continuam na terra e podem reagir e também o espírito, pois "repartir
aos acontecimentos. Os mortos não o pão" era um ato comunitário de
podem acrescentar coisa alguma amizade e de compromisso.
a seu galardão ou a sua reputação, Não precisa ser refeições sun-
mas os vivos podem. Os mortos não tuosas. "Melhor é um prato de
podem relacionar-se com as pes- hortaliças onde há amor do que o
soas na terra expressando amor, boi cevado e, com ele, o ódio" (Pv
ódio ou inveja, mas os vivos podem. 15.17). A coisa mais importante do
Com isso, Salomão enfatiza a impor- cardápio é o amor da família, pois
tância de aproveitarmos as oportu- o amor transforma uma refeição
nidades enquanto estamos vivos, comum num banquete. É hora de
pois a morte dará cabo de nossas fazer uma reavaliação daquilo que
oportunidades neste mundo. acontece ao redor da mesa.

I. ESTÍMULO E PROPÓSITO 2. Vestes alvas e óleo sobre a


PARA VIDA (Ec 9.1-18) cabeça (Ec 9.8)
Em todo tempo sejam alvas as tuas
É verdade que a morte está a vestes, e jamais falte o óleo sobre a
caminho, mas Deus nos dá boas dá- tua cabeça.
divas para nosso deleite, as quais, As famílias sabiam desfrutar as
de antemão lhe agradam, portanto, ocasiões especiais, como casamen-
podemos desfrutá-las no cotidiano! tos e encontros. Era nesses dias que
usavam roupas brancas (um símbo-
1. Refeições alegres (Ec 9.7) lo de alegria) e se ungiam com per-
Vai, pois, come com alegria o teu fumes caros, em vez do costumeiro
pão e bebe gostosamente o teu vi- azeite de oliva. Essas ocasiões eram
nho, pois Deus já de antemão se raras, de modo que todos as apro-
agrada das tuas obras. veitavam ao máximo.
"Vai, pois", significa: "Não fique Porém, Salomão aconselha o
sentado se lamentando! Levante- povo a sempre vestir roupas bran-
-se e viva!" De um modo geral, as cas e a sempre se ungir com óleo.
famílias israelitas começavam o dia Ele estava dizendo: “façam de toda
com um lanche pela manhã e uma ocasião uma ocasião especial, mes-
refeição leve ao meio- dia e só volta- mo que seja algo rotineiro”. Não
vam a se reunir para comer depois devemos expressar nossa gratidão

66
Lição 11 - Eclesiastes 9 a 12: O Final dos Viventes

e alegria apenas quando estamos descansar suas ferramentas.


comemorando acontecimentos es- As coisas que constituem o
peciais. "Alegrai-vos sempre no Se- trabalho nesta vida não estarão
nhor; outra vez digo: alegrai-vos" presentes "no além", de modo que
(Fp 4.4). Não é na busca de coisas devemos aproveitar ao máximo as
especiais que encontramos alegria, oportunidades do presente.
mas sim na prática de tornar espe- Se tememos a Deus e andamos
ciais as coisas do dia a dia. pela fé, em lugar de reclamar ou de-
sistir da vida, desfrutamos com ale-
3. Desfrute do Casamento e do gria desta dádiva de Deus.
trabalho (Ec 9.9,10)
Goza a vida com a mulher que amas, II. A VIDA E A
todos os dias de tua vida fugaz, os quais JUVENTUDE (Ec 11.1-12.1)
Deus te deu debaixo do sol; porque esta
é a tua porção nesta vida pelo trabalho 1. Alegra-te jovem (Ec 11.9,10)
com que te afadigaste debaixo do sol. Alegra-te, jovem, na tua juventude, e
Por mais difícil que seja a vida, há recreie-se o teu coração nos dias da tua
sempre grande alegria no lar do ho- mocidade; anda pelos caminhos que
mem e da mulher que se amam e que satisfazem ao teu coração e agradam
são fiéis a seus votos matrimoniais. aos teus olhos; sabe, porém, que de to-
Ao contrário dos conceitos entendi- das estas coisas Deus te pedirá contas.
dos como "viver junto" e de "casa- Que grande alegria esperar
mento experimental", o casamento cada novo dia e aceitá-lo como
é um compromisso para toda a vida. uma nova dádiva de Deus! Há pes-
Infelizmente, Salomão não viveu soas que só despertam para o que
de acordo com os padrões de Deus significa a vida e viver um dia de
para o casamento (1Rs 11.1-8; Gn cada vez, quando escapam de uma
2.24). Se o rei escreveu Eclesiastes experiência trágica que os deixa à
mais perto do fim de sua vida, como beira da morte, como acidentes,
acredito ser o caso, então o versículo males súbitos, doenças incuráveis,
9 é sua confissão: "Agora entendo!" cirurgias, internações em UTIs
Desfrute o trabalho (v. 10). O etc. Passado o susto, mudam os
povo de Israel considerava o traba- conceitos e prioridades da vida.
lho como uma missão recebida de Readquirem o gosto pela vida e,
Deus e até hoje lembram: “quem tanto ao deitar quanto ao acordar,
não ensina o filho a trabalhar, o en- agradecem a Deus e pedem que os
sina a roubar". ajude a desfrutar a vida com sabe-
A frase "faze-o conforme as tuas doria, como ela realmente é: uma
forças" indica duas coisas: faça seu dádiva das mãos de Deus.
melhor e faça-o enquanto tem for- Salomão instrui especialmente
ças. Pode chegar o dia em que terá de os jovens a aproveitar a mocidade

67
Lição 11 - Eclesiastes 9 a 12: O Final dos Viventes

antes que cheguem os "maus dias". pecaminosos do coração (Jr 1 7.9;


Com isso, o rei não está sugerindo Mc 7.20-23). Antes, é uma lembran-
que os jovens não têm dificuldade ça para que os jovens desfrutem os
alguma e que os mais velhos não prazeres relativos à mocidade e que
têm alegria alguma. Está apenas jamais serão experimentados outra
fazendo uma generalização, afir- vez exatamente da mesma forma.
mando que a mocidade é um tem- Os mais velhos precisam lembrar
po de prazer e de gozo, antes que que Deus espera que os jovens ajam
os problemas da idade mais avan- como tal. O mais triste é que muitas
çada comecem a se revelar. pessoas mais velhas estão tentando
Wendell P. Loveless – que du- agir como jovens!
rante muitos anos trabalhou com A advertência de Salomão -
o Instituto Bíblico Moody em Chi- "Deus te pedirá contas" - prova
cago, principalmente na estação que ele não tem em mente os pra-
de rádio WMBI – viveu mais de 90 zeres pecaminosos. Deus "tudo
anos, lúcido até o fim. Certa vez, nos proporciona ricamente para
em resposta ao convite de um ami- nosso aprazimento" (1Tm 6.17). É
go mais novo para que participas- sempre errado desfrutar os praze-
se de um evento longo de todo o res do pecado. O jovem que gozar
dia até tarde da noite, disse: "Hoje a vida dentro da vontade de Deus
em dia não saio muito, pois meus manterá sua consciência tranquila
pais não permitem: a 'Mãe Nature- no presente e quando Jesus voltar.
za' e o 'Pai Cronos'"!
Que sabedoria admirável para 3. Deus te pedirá conta (Ec 12.1c)
viver o melhor do seu tempo e da …Sabe, porém, que de todas estas coi-
sua idade. Claro que sua resposta sas Deus te pedirá contas.
ensinou bastante ao amigo e até hoje Os privilégios devem ser equi-
reverbera para todos nós. librados com responsabilidades
pessoais. Os jovens devem afastar
2. Caminhos do coração e olhos a ansiedade do coração (Mt 6.24-
(Ec 12.1b) 34) e a perversidade da carne
…Anda pelos caminhos que satisfa- (2Co 7.1). O termo traduzido por
zem ao teu coração e agradam aos "desgosto" significa "aflição, dor
teus olhos. interior, ansiedade". Quando vive-
Os jovens devem guardar o co- mos dentro da vontade de Deus,
ração e os olhos, pois ambos podem temos a paz do Senhor em nosso
fazê-los pecar (Nm 15.39; Pv 4.23; coração (Fp 4.6-9). Os pecados da
Mt 5.27-30). A oração: "Anda pelos carne destroem o corpo e trazem
caminhos que satisfazem ao teu co- julgamento eterno sobre a alma.
ração" não é um incentivo a "cair na “A juventude e a primavera da
folia" e a satisfazer todos os desejos vida são vaidade". Isso não quer di-

68
Lição 11 - Eclesiastes 9 a 12: O Final dos Viventes

zer que essas etapas da vida sejam Como é fácil deixar o Senhor de
irrelevantes e representem perda lado quando nos envolvemos com
de tempo. Pelo contrário! A melhor os prazeres e as oportunidades da
maneira de experimentar a felicida- juventude! Devemos considerar que
de na vida adulta e o contentamen- os anos chegarão, de modo que pre-
to na velhice é começar logo cedo na cisamos lançar alicerces espirituais
vida e evitar as coisas que causarão firmes o quanto antes em nossa vida.
problemas no futuro. Os jovens que
cuidam da mente e do corpo, que 2. Idade avançada e a morte
evitam os pecados destrutivos da (Ec 12.2-7)
carne e que constroem bons hábitos E o pó volte à terra, como o era, e o
de saúde e de santidade têm mais espírito volte a Deus, que o deu.
chance de ser felizes na vida adul- Os versículos 3 a 7 oferecem uma
ta do que aqueles que se entregam descrições curiosa, figurada e fiel
às loucuras da juventude e depois a medida que os anos avançam e a
oram pedindo para não sofrer as morte se aproxima. Os estudiosos
consequências. "Os pecados da ju- consideram essa passagem como um
ventude lançam os alicerces para as retrato de uma casa se deteriorando,
aflições da velhice", afirmou corre- por fim, cai e transforma em pó. Casa
tamente Charles Spurgeon. ou tabernáculo é uma das metáforas
bíblicas para o corpo humano (Jó
III. O IDOSO E A MORTE 4.19; 2 Co 5.1,2; 2 Pe 1.13, e derrubar
(Ec 12.1-14) uma casa ou tenda é uma figura da
morte. Enfim, vamos para o lar eter-
1. Lembra do teu criador (Ec12.1) no e as pessoas choram por nossa
Lembra-te do teu Criador nos dias morte”. Então, o corpo, feito de terra,
da tua mocidade, antes que venham volta à terra. Mas o espírito vai para
os maus dias, e cheguem os anos dos Deus, que foi quem originalmente o
quais dirás: Não tenho neles prazer. deu ao homem. Tudo isso deve ser
Ao concluir o seu tratado sobre levado em conta enquanto vivemos.
como a vida deve ser desfrutada,
de acordo com o plano de Deus, 3. Resumo final (Ec 12.13,14)
Salomão roga que evitem tristezas De tudo o que se tem ouvido, a
e infortúnios futuros, ao decidirem suma é: Teme a Deus e guarda
“lembrar-se” de seu Criador em sua os seus mandamentos; porque isto
mocidade. O termo bíblico “lem- é o dever de todo homem. Porque
bra-te” significa prestar atenção, Deus há de trazer a juízo todas as
considerar. É mais do que um mero obras, até as que estão escondidas,
ato de recordação mental. Envolve quer sejam boas, quer sejam más.
uma ação decisiva como resposta a Nossa vida é uma dádiva de
essa recordação. Deus. Somos mordomos de nossa

69
Lição 11 - Eclesiastes 9 a 12: O Final dos Viventes

vida e, um dia, teremos de prestar mento algum nos aconselha a gozar


contas do que fizemos com essa o pecado. Pode parecer que os seres
dádiva. No final das contas, a me- humanos estão escapando impunes
dida da vida não é a sua duração, de suas transgressões; porém, mais
mas sim a sua doação. cedo ou mais tarde, seus pecados se-
Temer a Deus é a atitude de re- rão julgados com justiça.
verência demonstrada para com ele E assim nosso escritor conclui
por amor e respeito. Temor não é voltando ao tema de seu prólogo:
medo. O medo faz as pessoas fugirem “tudo é vaidade” (Ec 1.2, 12.8). Dei-
de Deus, enquanto o temor coloca-as xando a lição de que ao examinar a
em amorosa obediência a Deus. vida “debaixo do sol”, tudo parece
A pessoa que teme ao Senhor passageiro, vão e correr Atras do
atenta para sua Palavra e obedece vento. Considera um desperdício
a seus mandamentos. Não tenta o morrer sem ter desfrutado a vida
Senhor desobedecendo deliberada- ou conhecido o seu propósito. Po-
mente ou "brincando com o pecado". rém, ao considerar a vida do ponto
Em seis ocasiões ao longo de seu dis- de vista de Deus ela tem significado
curso, Salomão diz para gozar a vida e propósito, expresso por temer a
enquanto podemos; porém, em mo- Deus e obedecer a Sua Palavra.

APLICAÇÃO PESSOAL
A conclusão dos livros de sabedoria é: Teme a Deus e guarda os seus man-
damentos; pois nisso está toda a sabedoria e o bem-estar do homem.

RESPONDA
1) De acordo com Eclesiastes 9.7-10, o pregador advoga a alegria, como parte da dádiva de Deus?

2) Como o Eclesiastes retrata a velhice?

3) Qual o tema recorrente em Eclesiastes?

70
LIÇÃO 12
CÂNTICO 1 a 4: POEMAS E
CÂNTICOS DE AMOR NUPCIAL
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Informar como o perfume fazia
Em Cântico 1, 2, 3 e 4 há 17, 17, 11 e parte dos preparativos para a ce-
16 versos, respectivamente. Sugerimos rimônia especial do casamento.
começar a aula lendo, com todos os pre- • Entender o rito de uma cerimônia
sentes, Cântico 1.1 – 2.7 (5 a 7 min.). nupcial nos tempos de Salomão.
A revista funciona como guia de estu- • Mostrar como os elogios são signi-
do e leitura complementar, mas não ficativos para um relacionamento.
substitui a leitura da Bíblia
Cântico de Salomão é antes de PARA COMEÇAR A AULA
tudo uma canção de amor. É uma
história de amor que capta os an- Informe aos alunos que os rabi-
seios da noiva e do noivo. O livro, nos antigos chamavam Cântico de “O
cujo primeiro versículo identifica-o Santo dos Santos” e muitos comenta-
como sendo de Salomão, celebra o ristas o apontam como leitura proi-
mistério e a alegria do amor huma- bida entre os jovens judeus menores
no, o dom que Deus deu ao gênero de trinta anos. Tais rabinos afirma-
humano quando formou Adão e vam que era necessário ter certa
Eva um para o outro. Eruditos ju- maturidade para poder ler e enten-
deus têm tratado essa poesia como der Cântico. Assim, é importante que
uma alegoria do amor de Deus cada cristão se aproxime deste livro
por Israel e os cristãos a têm visto encantador com maturidade espiri-
como uma imagem do amor de Je- tual e reverência, isso por conta da
sus por Sua igreja, a ser consumada natureza sensível e delicada da lin-
na Segunda Vinda. Contudo, a me- guagem. Entre os leitores judeus, a
lhor perspectiva do texto enviden- linguagem seria comumente aceitá-
cia a celebração do dom de Deus do vel, porém, entre os cristãos, poderia
amor conjugal. É uma renovação soar indelicada e quase explícita.
da afirmação da visão bíblica que
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
entende a intimidade como recom-
pensa pelo casamento. 1) A sexualidade é uma dádiva a ser desfrutada
no casamento.
2) Sulamita e o rei Salomão
3) As palavras amorosas estimulam o amor
romântico.
I
Lição 12 - Cântico 1 a 4: Poemas e Cânticos de Amor Nupcial

LEITURA ADICIONAL

UMA VISÃO BÍBLICA DA SEXUALIDADE HUMANA


Cântico de Salomão é a mais explícita e ainda a mais delicada explo-
ração dos relacionamentos sexuais humanos. Ambos os testamentos ten-
dem a falar sobre o sexo indiretamente. O discurso explícito dos nossos
dias, e de outras culturas antigas, é estranho à Escritura, que trata e honra
o sexo como um assunto privado e pessoal. Isso, entretanto, não sugere
que a Escritura tenha uma visão negativa do sexo [...]. A Bíblia identifica
três funções específicas do sexo na vida humana: Uma é a procriação da
raça, pois Deus falou a Adão e a Eva antes da Queda, “Frutificai e multipli-
cai-vos” (Gn 1.28). A outra, é a satisfação dos impulsos que estão implíci-
tos na natureza humana. O apóstolo Paulo, que escolheu permanecer ce-
libatário, não obstante, insistia com aqueles que tinham um forte impulso
sexual para se casarem (1Co 7.3-5,9). A terceira função da sexualidade é
encontrada na expressão descrita em Gênesis 1.24: “eles se tornarão uma
só carne”. Sexo é sacramental: é um meio pelo qual Deus transfere graça a
Seu povo. E, a particular graça especial envolvida, é a união de um homem
e uma mulher, ligados em uma aliança que faz deles exemplo sem par em
sua vida na Terra. Ao preservar a expressão sexual para o exclusivo rela-
cionamento do casamento, Deus concedeu-lhe uma capacidade singular
para manter essa união [...]. Cântico de Salomão nos convida a, sucinta-
mente, levantar o véu e sentir a agradável intimidade que o sexo pode
ajudar a criar dentro do casamento. Ele nos adverte que a alegria do sexo
não depende de técnica, mas de atenção. E ele nos assegura, dentro da
estrutura de compromisso perpétuo, que toda a alegria que o sexo pode
prover é nossa, sem nenhuma vergonha.

Livro: “Guia do Leitor da Bíblia: uma análise de Gênesis a Apocalipse: capítulo por
capítulo” (Richards, Lawrence O. Rio de Janeiro: CPAD, 2012. p. 404).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 12 Leitura Bíblica Com Todos


Cântico 1.1 – 2.7

CÂNTICO 1 a 4: Verdade Prática


POEMAS E O estudo de Cântico deve consi-
derar a cultura da época. A sexua-
CÂNTICOS DE lidade é uma dádiva de Deus para
ser desfrutada no contexto de um
AMOR NUPCIAL relacionamento conjugal amoroso,
heterossexual e monogâmico.

INTRODUÇÃO

I. PRIMEIRO CÂNTICO Ct 1.1 – 2.7

Texto Áureo 1. A esposa elogia o esposo Ct 1.2-4


“Leva-me à sala do banquete, e 2. Amor é elogio mútuo Ct 1.5-8
o seu estandarte sobre mim é o
amor” 3. Banquete e bandeira do amor Ct 2.1-17

Cântico 2.4
II. SEGUNDO CÂNTICO Ct 2.8-3.5

1. O amor é como a primavera Ct 2.10-12

2. Sonho ou realidade Ct 3.1-2

3. Não desperteis o amor Ct 3.5

III. TERCEIRO CÂNTICO Ct 3.6-5.1

1. O cortejo de Salomão Ct 3.9-11

2. Elogios à beleza da amada Ct 4.7-9

3. A felicidade da esposa Ct 4.15,16

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Ct 1 Ct 1 Ct 2 Ct 2 Ct 3 Ct 4
1-11 12-17 1-10 11-17 1-11 1-16

Hinos da Harpa: 505 - 151

71
Lição 12 - Cântico 1 a 4: Poemas e Cânticos de Amor Nupcial

INTRODUÇÃO Terceiro Cântico 3.6-5.1


Quarto Cântico 5.2-6.3
Cântico dos Cânticos é um livro Quinto Cântico 6.4-8.4
de poesia Hebraica cuja leitura deve Sexto Cântico 8.5-14
considerar a cultura da Época (cer-
ca de 970-930AC). O tema do livro é
o amor, a maior de todas as virtudes O diálogo tem como principais
(1Co 13.13), o qual revela a men- personagem Salomão (1.1), cha-
sagem de que sexualidade é uma mado de esposo ou amado, que
dádiva de Deus a ser desfrutada no fala 13 vezes; e a sunamita (6.13),
relacionamento conjugal amoroso, chamada de esposa e querida, que
heterossexual e monogâmico. Sua é quem ocupa a maior parte do li-
conclusão assenta o amor como ali- vro, 19 vezes e com estrofes mais
cerce seguro para o casamento por longas. Esse canto entre os perso-
ser “mais forte do que a morte” e “as nagens é intercalado 8 vezes por
muitas águas não o podem apagar”. um coro, formado pelas filhas de
Salomão escreveu 1.005 cânticos Jerusalém, amigas da noiva (2.7).
(1Rs 4.32). A tradição diz que ele
escreveu cântico dos cânticos na ju- I. PRIMEIRO CÂNTICO
ventude, provérbios durante a matu- (Ct 1.1 – 2.7)
ridade, eclesiásticas na velhice. Para
os judeus o livro, cuja leitura é feita O livro é iniciado com a bela cena
na Páscoa, fala do relacionamento de uma menina de aproximadamen-
entre Deus e Israel. Para os cristãos é te dezesseis anos expressando o de-
uma alegoria que representa o amor sejo de estar com o rei. Segundo a
entre Jesus e a igreja, com figuras to- prática típica de todos os países do
madas da relação e do afeto que exis- Antigo Oriente Médio à época (cerca
te entre o marido e sua mulher, uma de 1000 a.C.), o rei escolhia virgens
representação muitas vezes usada como candidatas ao casamento. Elas
na escritura para descrever a relação passavam pela escola real de beleza
íntima, firme e segura. junto a outras mulheres da corte an-
Estudaremos os oito capítu- tes de se casar com o rei.
los deste livro de modo sintético,
considerando a didática organi- 1. A esposa elogia o esposo
zação de seis cânticos, canções ou (Ct 1.2-4)
poesias, utilizada pela maioria das Suave é o aroma dos teus unguen-
versões bíblicas, como abaixo: tos, como unguento derramado é o
teu nome; por isso, as donzelas te
Primeiro Cântico 1.2-2.7 amam (1.3).
Segundo Cântico 2.8-3.5 Como os banhos eram menos
frequentes pela escassez da água,

72
Lição 12 - Cântico 1 a 4: Poemas e Cânticos de Amor Nupcial

inclusive homens e principalmen- contraste com o frescor da manhã, e


te os reis, costumavam usar per- do pôr do sol, em outras passagens.
fumes, óleos, bálsamos ou mesmo A jovem deseja saber onde o ama-
produtos sólidos geralmente apli- do apascenta o rebanho, para que
cados na pele e, às vezes, coloca- não ande vagando. A amada preci-
dos em roupas e coberturas de sava de orientação e pede ajuda ao
cama ou ambiente. noivo. O amado elogia a noiva, cha-
As qualidades do noivo, seus mando-a de “mais formosa entre
óleos e perfumes fragrantes davam as mulheres”. A resposta do amado
a ele um bom nome na presença das aos temores expressos pela amada
virgens. Os perfumes eram produzi- é a reafirmação, a ela mesma, de sua
dos com substâncias que possuíam beleza, e do quão desejável ela é. Vê-
aromas agradáveis, feitos de especia- -se a clara tentativa de Salomão em
rias, como o cinamomo e as pétalas realçar a beleza da jovem.
esmagadas, misturadas a uma base
de óleo e guardadas em receptácu- 3. Banquete e bandeira do
los enfeitados. A preparação para o amor (Ct 2.1-17)
encontro com o rei só se completava Leva-me à sala do banquete, e
após um tempo de cuidados estéti- o seu estandarte sobre mim é o
cos com óleos e unguentos perfuma- amor (Ct 2.4).
dos conforme se vê também no caso O estandarte era usado para
de Ester (Et 2.12). identificar e liderar um acampa-
As companheiras da futura noi- mento militar ou uma grande mul-
va estavam torcendo para que o tidão. A grande afeição de Salomão
casamento se concretizasse, dese- levou-o a convidar a sua querida
jando coisas boas para a sua amiga. para sua mesa de banquete. O amor
protetor de seu amado a fez sentir-
2. Amor é elogio mútuo (Ct 1.5-8) -se à vontade nesse ambiente novo.
Dize-me, ó amado de minha alma: A noiva não estava falando me-
onde apascentas o teu rebanho, ramente sobre a satisfação de seus
onde o fazes repousar pelo meio- desejos físicos, mas de tudo quanto o
-dia, para que não ande eu va- homem significava para ela. Ela bus-
gando junto ao rebanho dos teus cava por ele, e ele buscava por ela, e
companheiros? Se tu não o sabes, assim a realização de ambos ficava
ó mais formosa entre as mulheres, garantida. Ela avançou sob a lideran-
sai-te pelas pisados dos rebanhos e ça e sob a proteção dele, como um
apascenta os teus cabritos junto às poderoso general. Ela foi introduzi-
tendas dos pastores (1.7-8). da na casa do banquete de maneira
O rei é descrito como um pastor grandiosa, imponente e majestosa.
amado da alma. Ele faz o rebanho Escrita na bandeira estava a
repousar pelo meio-dia, o que é um palavra AMOR. Quando os solda-

73
Lição 12 - Cântico 1 a 4: Poemas e Cânticos de Amor Nupcial

dos marcham, a bandeira deles é para comer as uvas, e os guardas da


facilmente avistada. Assim tam- vinha precisam levantar os ramos
bém, o amor daquele homem por das plantas, para que não fiquem
aquela jovem mulher era evidente. ao alcance desses animais. A esposa
O verso “Conjuro-vos, ó filhas conhecia muito bem seu trabalho
de Jerusalém, pelas gazelas e cer- como "guarda de vinhas" (1.6)
vas do campo, que não acordeis, Todo relacionamento precisa
nem desperteis o amor, até que este ser cultivado, protegido e encoraja-
o queira” (2.7) repetido em (3.5 e do. Daí ela reafirmar sua confiança
8.4), funciona como refrão que mar- que pertencem um ao outro, que ela
ca uma pausa temporária entre os sabe onde ele está e o que está fa-
cânticos. O teólogo Morgan comen- zendo (v. 16). Ele voltará como um
ta que essas palavras deveriam ser gamo saltando pelos montes, e ela o
escritas em letras de ouro em cada receberá de braços abertos (v. 1 7).
local onde se congregam os jovens.
2. Sonho ou realidade (Ct 3.1-2)
II. SEGUNDO CÂNTICO De noite, no meu leito, busquei o
(Ct 2.8-3.5) amado de minha alma, busquei-o e
não o achei (3.1).
1. O amor é como a primavera A maioria dos comentaristas
(Ct 2.10-12) considera que aquilo que a jovem
O meu amado fala e me diz: Esposo Le- está relatando nesse momento deve
vanta-te, querida minha, formosa mi- ter acontecido em sonho, indicando
nha, e vem. Porque eis que passou o in- que seu amado permanece em seu
verno, cessou a chuva e se foi (2.10,11). pensamento dia e noite. Sonho ou
Nesse segundo cântico o espo- realidade ela resolve procurar por
so canta o começo da primavera, ele ao redor da cidade, pelas ruas
e as últimas chuvas cessaram. As e pelas praças. Sua determinação
flores estão se abrindo, os pássaros expressa pelas palavras: levantar-
estão cantando e as vinhas estão -me-ei, pois, e rodearei a cidade…
brotando. Há vida nova e abundan- busquei-o e não o achei.
te por toda parte! Ele deseja ouvir a Recusando-se a desistir de sua
voz dela e ver seu rosto, mas pare- incansável busca, os guardas fa-
ce que ela prefere a tranquilidade zendo sua ronda noturna na cida-
de sua casa ao invés de sair para os de a encontraram e ela pergunta:
campos com seu amado. viste amado da minha alma? (3.3).
Já a o verso da esposa descreve Para ela, todo mundo inteiro deve-
as "raposinhas" (2.15) que repre- ria conhecer o seu amado.
sentam as coisas que vão, silenciosa- Tendo encontrado seu amado
mente, destruindo os relacionamen- após uma busca tão árdua, qual não
tos. As raposas entram nas vinhas foi a surpresa e a sua reação: “Mal

74
Lição 12 - Cântico 1 a 4: Poemas e Cânticos de Amor Nupcial

os deixei, encontrei logo o amado da ra coberta que permitia ao seu ocu-


minha alma; agarrei-me a ele e não o pante reclinar-se em seu interior. O
deixei ir embora, até que o fiz entrar rei era protegido por guarda-costas.
em casa de minha mãe e na recâma- Palanquins foram e ainda são
ra daquela que me concebeu" (3.4). usados no Oriente pelas pessoas de
Após reencontrá-lo, ela está tanto classe alta. Eles são como um divã,
aliviada quanto determinada a não compridos suficientemente para
permitir que ele saia de sua vista. deixar a pessoa deitar-se, sustenta-
dos por quatro pilares, pelos quais
3. Não desperteis o amor (Ct 3.5) cortinas são colocadas para prote-
Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, ger do sol. O palanquim geralmen-
pelas gazelas e cervas do campo, te é carregado por quatro ou mais
que não acordeis, nem desperteis homens, em regime de revezamen-
o amor, até que este o queira (3.5). to durante o cortejo. O palanquim
Ao fim deste cântico, tal como fin- do rei foi feito de madeira nobre do
dou o cântico anterior, a recomenda- Líbano: cedro e ciprestes.
ção para as mulheres de Jerusalém
que a acompanham, aplicável até 2. Elogios à beleza da amada
os dias atuais é que não despertem (Ct 4.7-9)
o amor precoce e desregradamen- Tu és toda formosa, querida minha,
te. Sugere limite e controle, pois, há e em ti não há defeito (4.7).
tempo próprio de compartilhar seu Os versos estão impregnados
amor conjugal com a pessoa certa. pela fragrância do amor. Entenden-
do o rei que palavras amorosas es-
III.TERCEIRO CÂNTICO timulam o amor romântico, começa
(Ct 3.6-5.1) seu contato com elogios sobre ela. O
elogio começa e termina louvando
1. O cortejo de Salomão (Ct 3.9-11) a pessoa como um todo. Persona-
Saí, ó filhas de Sião, e contemplai lidade e estética. Mesmo por trás
ao rei Salomão com a coroa com do véu, os olhares que ela lança ao
que sua mãe o coroou no dia do seu amado são mensageiros de amor.
desposório, no dia do júbilo do No antigo Oriente Médio, o jar-
seu coração (3.11). dim era uma área fechada com flo-
Todos os detalhes deste tercei- res, árvores e uma fonte de água,
ro poema dizem que Salomão não protegido por um muro ou por uma
poupou o melhor possível em prol cerca viva para que pudesse ser
desse casamento. A mãe do rei o aproveitado somente pelo dono.
tinha presenteado com uma coroa Cântico 4.12 marca a primeira ocor-
especial. O rei faz uma carruagem rência de “jardim” nesse livro, que
para o dia do seu casamento. A litei- aparece novamente em outros luga-
ra de Salomão era um leito ou cadei- res. A imagem do jardim por detrás

75
Lição 12 - Cântico 1 a 4: Poemas e Cânticos de Amor Nupcial

de muros, e com o portão trancado, a fidelidade do relacionamento


dá ideia de lugar inacessível a todos, conjugal e intimidade física mono-
exceto aos que têm direito a entrar. gâmica. São expressões que mos-
O amor mútuo se torna uma terra tram que eles se pertenciam mu-
prometida para eles. tuamente e intimamente.
A fim de cumprir de maneira
3. A felicidade da esposa (Ct 4.15,16) grandiosa seus deveres e prazeres
Levanta-te, vento norte, e vem tu, vento da noite do casamento, a jovem in-
sul; assopra no meu jardim, para que vocou os ventos que refrigeravam
se derramem os seus aromas. Ah! Ve- os jardins e bafejavam, em derredor,
nha o meu amado para o seu jardim e doces fragrâncias. Ela desejava estar,
coma os seus frutos excelentes! (4.16). através de seus encantos, disponível
Como vimos, jardim fechado para ele como um fruto em uma ár-
é uma metáfora sugerindo a ima- vore, pronto para ser apanhado. O
gem de uma noiva virgem. A Sula- noivo só podia entrar nos aposentos
mita se guardou para o seu amado, da noiva se fosse convidado. Aqui a
indicando seu compromisso com Sulamita faz esse convite com recato.

APLICAÇÃO PESSOAL
Jesus sabia que o antigo testamento se refere a muitos indivíduos
polígamos, incluindo Salomão, mas ainda assim sustentou o princípio
divino da criação e da felicidade: homem se unirá à sua mulher, serão
uma só carne, e não se separem.

RESPONDA
1) Qual a mensagem central do livro de Cânticos?

2) A noiva e o noivo referem-se especificamente:

3) Por que os elogios são importantes no relacionamento amoroso?

76
LIÇÃO 13
CÂNTICO 5 a 8: CÂNTICOS FINAIS
SOBRE A FORÇA DO AMOR
SUPLEMENTO EXCLUSIVO DO PROFESSOR
Afora o suplemento do professor, todo o conteúdo de cada lição
é igual para alunos e mestres, inclusive o número da página.

ORIENTAÇÃO OBJETIVOS
PEDAGÓGICA • Enfatizar a satisfação mútua ex-
Em Cântico 5, 6, 7 e 8 há 16, 13, 13 e pressa pelo amor que os une.
14 versos, respectivamente. Sugerimos • Mostrar como era celebrado o
começar a aula lendo, com todos os pre- amor com elogios entre os noivos.
sentes, Cântico 8.1-14 (5 a 7 min.). • Entender a natureza e o poder
A revista funciona como guia de estu- do amor entre duas pessoas.
do e leitura complementar, mas não
substitui a leitura da Bíblia PARA COMEÇAR A AULA
Caro (a) professor. Chegamos à úl-
tima lição. Foi um desafio condensar Comece a sua aula fazendo uma
o livro de Jó, Provérbios, Eclesiastes análise rápida dos livros que foram
e Cântico em apenas 13 lições. No estudados e o aproveitamento para
entanto, foi uma experiência singu-
a vida espiritual de cada aluno. Al-
lar pois, os assuntos contidos nestes
livros não puderam ser esgotados guns alunos poderão compartilhar
neste espaço e há muito ainda por ex- o que aprenderam e lhes serviu de
plorar e aprender nos ensinamentos estímulo com o sofrimento de Jó,
que esses livros poéticos e sapienciais os bons conselhos do Pregador em
nos proporcionam. O sofrimento de Provérbios, a brevidade da vida em
Jó, em última instância, levou-o a ter Eclesiastes e o compromisso entre
um entendimento mais profundo e
um homem e uma mulher expres-
por meio da experiência pessoal com
Deus (Jó 42.5). O livro de Provérbios sos com riqueza de detalhes em
está repleto de conselhos práticos Cântico de Salomão. Faça uma apli-
para ajudar-nos em todos os tipos de cação à vida cristã nos dias de hoje.
situação. O livro de Eclesiastes nos en-
coraja a fazer uma observação longa e
RESPOSTAS DAS ATIVIDADES DA LIÇÃO
sensata do mundo e de como a vida
1) Que ele era o mais homem mais distinto de
pode ser breve aqui e Cântico fala de Jerusalém.
amor e romance, que são aspectos 2) Um sinal de propriedade e compromisso oficial.
importantes da vida humana. 3) A força do compromisso do verdadeiro amor e o
cuidado em relação ao ciúme negativo.

I
Lição 13 - Cântico 5 a 8: Cânticos finais sobre a força do amor

LEITURA ADICIONAL

AMOR INEXTINGUÍVEL (8.6-7)


Embora alguns comentaristas veem isto de maneira diferente, não há
dúvida de que é a noiva que se dirige agora ao seu amado. Encostada no
seu braço e descansando a cabeça no seu peito, ele lhe implora: “Põe-me
como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço”. A palavra
“selo” ocorre catorze vezes nas Escrituras do Velho Testamento e várias
vezes tem o significado de “anel”. O selo, frequentemente, tinha o formato
de um anel de selar. Este, às vezes, era levado pendurado numa corrente
sobre o peito, mas normalmente era usado no dedo, como no caso do rei
Assuero em Ester 3.10,12. O anel era uma possessão pessoal preciosa e
estimada, usada como um carimbo para indicar posse, autenticidade ou
genuinidade. Foi um anel deste tipo que Faraó deu a José como sinal de
autoridade delegada (Gn 41.41,42). [...] “O amor é forte como a morte,
e duro como a sepultura o ciúme”. Às vezes há debates sobre ser este o
amor do amado pela noiva ou o amor da Sulamita pelo seu amado, mas a
questão não é pertinente. Estas qualidades caracterizam todo o amor: ele
é forte como a morte, e o ciúme é duro (cruel) como a sepultura. A mor-
te é universalmente poderosa, inflexível e irresistível. Quando vem para
reivindicar a sua vítima ela não pode ser recusada. É assim também com
o amor. [...] Entre os homens o ciúme, frequentemente, pode ser muito
mau, talvez mais corretamente chamado de “inveja”. O próprio Jeová, po-
rém, diz várias vezes nas Escrituras do Velho Testamento: “Eu, o Senhor
teu Deus, sou Deus zeloso”. De fato, “o nome do Senhor é Zeloso (Êx 20.5;
34.14; Dt 5.9). O amor verdadeiro é como “brasas... de fogo com veemen-
tes labaredas”. A ideia de que as riquezas de um homem pudessem com-
prar a afeição de outra pessoa pode ser tratada com desprezo. Oferecer
dinheiro como pagamento pelo amor seria terminantemente recusado. O
amor de Deus é gratuito; é sem razão, a não ser pelo fato que Deus mesmo
é amor (Dt 7.7-8).

Livro: “Comentário Ritchie do Velho Testamento: Eclesiastes, Cântico e Lamen-


tações”: volume 14 (tradução Samuel e Ronnie Davidson – São Carlos, SP: Suprema
Gráfica e Editora: Pirassununga: Editora Sã Doutrina, 2018. p. 216,217).

II
Estudada em ___/___/____

LIÇÃO 13 Leitura Bíblica Com Todos


Cântico 8.1-14
Verdade Prática
CÂNTICO 5 a 8: O amor verdadeiro, constante,
puro e fiel que une um casal
CÂNTICOS FINAIS sempre triunfará, pois é forte como
a morte, veemente com fogo e as
SOBRE A FORÇA muitas águas não o podem apagar.

DO AMOR INTRODUÇÃO

I. QUARTO CÂNTICO Ct 5.2-6.3

Texto Áureo 1. A primeira crise Ct 5.6


“Põe-me como selo sobre o teu co- 2. O susto que produziu efeito Ct 5.8-11
ração, como selo sobre o teu braço,
porque o amor é forte como a mor- 3. Todos passamos por crises Ct 6.1-3
te, e duro como a sepultura o ciúme;
as suas brasas são brasas de fogo, II. QUINTO CÂNTICO Ct 6.4 – 8.4
são veementes labaredas.”
Cântico 8.6 1. Reencontro afetuoso Ct 6.4

2. Ele tem saudade de mim Ct 7.10

3. A decência do amor Ct 8.1-4

III. SEXTO CÂNTICO Ct 8.5-8.14

1. O Selo do amor 8.6a

2. A força do amor Ct 8.6,7

3. O muro e a porta do amor Ct 8.8-10

APLICAÇÃO PESSOAL

Devocional Diário
S T Q Q S S
Ct 5 Ct 5 Ct 6 Ct 7 Ct 7 Ct 8
1-9 10-16 1-13 1-9 10-13 1-14

Hinos da Harpa: 27 - 156

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Lição 13 - Cântico 5 a 8: Cânticos finais sobre a força do amor

INTRODUÇÃO passou desde a lua de mel, nem por


quanto tempo ela ficou sozinha à es-
Estes capítulos tratam do re- pera do amado. O texto não esclarece
lacionamento do casal depois por que Salomão saiu e a deixou só.
do casamento; o esposo elogia a O fato é que ela está deitada em sua
beleza de sua esposa. A esposa é cama sozinha e sonha com o amado.
igualmente ousada nos elogios ao Ela dormia, mas seus sentidos esta-
seu marido. A intensidade da sua vam despertos. É um sono agitado
expressão se aquece, mostran- no qual podemos confundir o que é
do que a sensualidade não é nem sonho ou realidade.
obscena nem vergonhosa. Por fim, O fato é que se desenha uma
partilham uma notável visão da pequena crise. Ela sonhou com o
natureza do amor: “O amor é for- seu amado indo embora. Depois da
te como a morte, e duro como a tentativa frustrada de estar com sua
sepultura. Ainda que alguém des- amada, o esposo se foi. Quando a Su-
se toda a fazenda de sua casa por lamita cai em si, pede ajuda às mu-
este amor, certamente a despreza- lheres do palácio: Conjuro-vos, ó fi-
riam” (8.6,7). lhas de Jerusalém, se encontrardes o
meu amado, digam que desfaleço de
I. QUARTO CÂNTICO amor. Ela trilhou um longo caminho
(Ct 5.2-6.3) desde a sua atitude indiferente para
com o seu amado até que finalmente
A esposa tem outro sonho e nele o reencontrou.
ouve a voz do seu esposo pedindo
para entrar no seu aposento (5.2); 2. O susto que produziu efeito
ela, porém, já está deitada e, mos- (Ct 5.8-11)
trando indisposição para atendê-lo. Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se
Quando decide levantar-se, consta- encontrardes o meu amado, que lhe
ta que ele foi embora. Daí, aflita, ela direis? Que desfaleço de amor (5.8).
sai numa árdua procura do esposo e O sonho e o susto provocaram
não o encontra. uma mudança de atitude da espo-
sa. Ela saiu desesperada a procurar
1. A primeira crise (Ct 5.6) o marido e focou nos pensamentos
Abri ao meu amado, mas já ele se re- positivos de como é belo e encan-
tirara e tinha ido embora; a minha tador o seu amado, preparando as-
alma se derreteu quando, antes, ele sim o ambiente para o reencontro.
me falou; busquei-o e não o achei; Quando ela diz que o seu amado
chamei-o, e não me respondeu. era “o mais distinguido entre dez
O versículo dois começa com mil”, está a dizer que ele era o mais
a Sulamita sozinha em seu quar- distinguido habitante masculino
to. Não sabemos quanto tempo se de Jerusalém. Ele era quem leva-

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Lição 13 - Cântico 5 a 8: Cânticos finais sobre a força do amor

va o pendão à frente do desfile, ou meu amado é meu; ele pastoreia


quem liderava o exército ao campo entre os lírios (6.3).
de batalha. Dez mil outros homens
o seguiam, todos inferiores a ele. II. QUINTO CÂNTICO
Ele era o capitão, o chefe, o general, (Ct 6.4 – 8.4)
o maior e melhor homem.
Esse foi o homem que a jovem O breve intercâmbio entre as
deixara batendo inutilmente à mulheres e a noiva dá a ela a opor-
porta. O homem descrito com to- tunidade de reafirmar sua confian-
das as metáforas superlativas, era ça no amor fiel do seu marido que o
ele, o amado da jovem, aquele que seu sonho parecia questionar quan-
deveria ser procurado e trazido de do ele se foi.
volta ao seu aconchego (5.16).
1. Reencontro afetuoso (Ct 6.4)
3. Todos passamos por crises Formosa és, querida minha, como
(Ct 6.1-3) Tirza, aprazível como Jerusalém,
Para onde foi o teu amado, ó mais formidável como um exército com
formosa entre as mulheres? Que bandeiras.
rumo tomou o teu amado? E o bus- Só agora o nome da querida, da
caremos contigo. (6.1) amada, da esposa, tratada amorosa-
Fica evidente que o relaciona- mente por adjetivos é revelado triun-
mento entre a amada e seu ama- falmente pelo couro que canta: "Vol-
do que era romântico, pessoal e ta, volta, ó sulamita, volta, volta, para
particular, estava sendo testado. que nós te contemplemos." (6.13).
Passava por momento de abalo e Resolvido o impasse, o rei retor-
estremecimento. na à sua esposa (seu jardim). Reno-
Todos os relacionamentos vam votos de bom relacionamento e
passam por períodos de crise nos o amor agora refloresce, mais forte
mais diversos aspectos. No entan- do que antes. Após esse reencon-
to, em vez de permanecer nesse tro, o casal continua a palmilhar o
estado, a Sulamita se arrepende, caminho da vida e maturidade nup-
experimenta um despertar da sua cial. O esposo toma a iniciativa da
afeição pelo seu amado e muda reconquista e reafirma o seu amor
de atitude, buscando o reencon- orgulhoso por sua noiva. Linda como
tro. Humildade, compreensão e Tirza, bela como Jerusalém, no que é
perdão são ótimos antídotos para plenamente correspondido por sua
manter o bom relacionamento em esposa como se vê na continuação.
todo tempo, principalmente nas Hoje em dia, seria indecoroso ou
crises. O resultado é o reencontro uma ofensa as comparações poéticas
e a reafirmação do amor e da con- aqui feitas, mas naquele tempo era
fiança: Eu sou do meu amado, e o um elogio.

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Lição 13 - Cântico 5 a 8: Cânticos finais sobre a força do amor

possa sobreviver às tempestades;


2. Ele tem saudade de mim (Ct 7.10) para que, quando finalmente se
Eu sou do meu amado, e ele tem apagar o brilho do pôr do sol, os
saudades de mim. dois ainda estejam juntos, dese-
Aqui é a mulher que toma a ini- jando boa noite um ao outro. Na
ciativa, começando por dizer: Eu juventude, êxtase; na velhice, se-
sou do meu amado, e ele tem sau- renidade. Ambos são bons.
dade de mim; seguido por um con-
vite direto e sem ambiguidade para 3. A decência do amor (Ct 8.1-4)
a intimidade amorosa. Por isso, Tomara fosses como meu irmão, que
pediu-lhe que saíssem ao campo, mamou os seios de minha mãe! Quan-
onde poderiam passar a noite jun- do te encontrasse na rua, beijar-te-ia,
tos e sozinhos. "Vem, ó meu amado, e não me desprezariam! (8.1).
saiamos ao campo, passemos as noi- O costume do Antigo Oriente
tes nas aldeias. Levantemo-nos cedo evitava e considerava como condu-
de manhã para ir às vinhas; veja- ta impropria toda demonstração
mos se florescem as vides, se se abre pública de afeto, até mesmo entre
a flor, se já brotam as romeiras; dar- marido e mulher. As intimidades
-te-ei ali o meu amor" (7. 11,12). eram reservadas para o recesso do
A estação do ano era a primave- lar. Todavia era permitida manifes-
ra, o que fica demonstrado porque tação de carinho entre irmãos que,
as plantas estavam deitando botões. por óbvio, não passaria como sus-
A primavera representa admiravel- peita de conduta imoral.
mente bem o amor jovem dos dois, Neste caso, a esposa expressa
ainda em seus começos e florescen- pesar por não poder demonstrar
do. Em alguma parte no meio dos seu amor publicamente, de modo
jardins e dos pomares, o casal en- que precisavam esperar até esta-
contraria um lugar apropriado para rem a sós para beijá-lo. Longe de
se amarem intimamente. Ela era, propor relacionamento incestuoso
figuradamente, o jardim e a fonte de com seu irmão. O amor expressa
águas; o pomar; a vinha; a tamarei- seus sentimentos de maneira de-
ra e o cacho de uvas. cente, dentro dos limites sociais e
Como se vê a esposa planeja culturais aceitáveis.
cuidadosamente os momentos em
que se oferecerá ao seu amado e III.SEXTO CÂNTICO
lhe dará o seu amor. Casamento é (Ct 8.5-8.14)
só o começo de uma vida de amor.
O amor é para a vida toda. Isso A estrofe final do livro, é uma
toca em uma das necessidades um cântico brilhante sobre a natu-
mais urgentes dos nossos dias: reza e o poder do amor (8.5-7).
fortalecer o casamento para que

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Lição 13 - Cântico 5 a 8: Cânticos finais sobre a força do amor

1. O Selo do amor (8.6a) mo amor os mantém unidos. O po-


Põe-me como selo sobre o teu cora- der da morte e da cova é invencível,
ção, como selo sobre o teu braço como também o é a força do amor.
Mas aqueles dias haviam che- O livro ensina também que o ciú-
gado ao fim. Agora, pertencem me é duro como a sepultura. Esse
um ao outro e devem ser fiéis um ciúme comedido, se manifesta pelo
ao outro. Ele pede que ela o colo- cuidado mútuo e não deve ser inter-
que como selo sobre seu coração e pretado como negativo e que pode
seu braço, pois um selo refere-se à destruir o relacionamento. O marido
pertencimento e à proteção. Tanto e a esposa não sentem inveja um do
em tempos passados quanto agora. outro, mas tem dose comedida de
Portanto, ter um selo que represen- ciúme que jamais deve superar, des-
ta o noivo sobre o coração e sobre o truir ou sepultar o amor.
braço da noiva é uma indicação de Voltando a descrever o amor o
que eles se pertencem, um ao ou- texto o compara ao fogo e suas vee-
tro, e são o centro da afeição e da mentes labaredas, que não pode ser
proteção recíproca. facilmente apagado; e reforça com a
figura de águas que não podem apa-
2. A força do amor (Ct 8.6,7) gá-lo e rios que não podem afogá-lo.
porque o amor é forte como a mor- Conclui afirmando o valor incompa-
te, e duro como a sepultura, o ciúme; rável do amor, dizendo que não se
as suas brasas são brasas de fogo, encontra à venda, não tem preço!
são veementes labaredas. As muitas Qualquer homem, por mais rico que
águas não poderiam apagar o amor, fosse, não podem comprá-lo. Seria
nem os rios afogá-lo; ainda que al- desprezível. Com essas palavras, o
guém desse todos os bens da sua casa rei e sua esposa firmam o amor que
pelo amor seria de todo desprezado. sentem um pelo outro.
A força do amor e seu poder de
resistência são resumidos nesses 3. O muro e a porta do amor
versos que considero serem os ver- (Ct 8.8-10)
sos chave desse livro. É uma das Eu sou um muro, e os meus seios,
mais importantes passagens bíblicas como as suas torres; sendo eu as-
sobre o compromisso e a natureza sim, fui tida por digna da confiança
do amor verdadeiro, indicando que do meu amado (8.10).
é forte como a morte. Esta verdade Quando a Sulamita volta para
se reflete nos votos proferidos no ca- a casa de sua infância com o ma-
samento os quais ligam o casal “até rido, lembra-se do que os irmãos
que a morte separe “e apontam para diziam a seu respeito quando ela
o compromisso de toda a vida assu- era mais jovem. Não acreditavam
mido pelos dois. que estivesse pronta para se ca-
O amor uniu os dois, e esse mes- sar, pois ainda não havia amadu-

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Lição 13 - Cântico 5 a 8: Cânticos finais sobre a força do amor

recido. As imagens do muro e da virtude e honradez ao longo de sua


porta são relacionadas à virginda- vida, que lhe resultou em digna de
de da moça. Se ela fosse uma por- confiança de seu amado.
ta de fácil acesso, não seria uma Ao concluir o estudo de cânti-
noiva adequada. Porém, se ela se cos dos cânticos, devemos lembrar
mantivesse pura e firme, como que a sexualidade humana é uma
um muro, poderiam entregá-la ao dádiva de Deus e, é bela quando
homem que pedisse sua mão para praticada dentro dos parâmetros
edificar uma família. de um relacionamento amoroso
A Sulamita afirmou claramente e comprometido entre marido e
que ela era um muro com torres, mulher. Jamais endossa promiscui-
e chegou ao leito conjugal como dade sexual, mas afirma a felicida-
uma virgem pura. Ao afirmar ser de do amor conjugal conforme os
um muro e torre, ela enalteceu sua princípios e bençãos de Deus.

APLICAÇÃO PESSOAL
Vivemos numa sociedade em que a instituição da fidelidade matri-
monial tem sido atacada e a promiscuidade sexual extraconjugal é
colocada num pedestal. Temos a responsabilidade de ser exemplo
e de preparar os mais jovens para um casamento feliz, segundo os
princípios divinos. Não podemos calar.

RESPONDA
1) O que a Sulamita queria dizer sobre o seu amado ser “o mais distinguido entre dez mil”?

2) O que o selo significava?

3) O que fica expresso na frase: “porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultu-
ra, o ciúme?”

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Pg. 83
Propaganda exclusiva da revista do professor
Pg. 84
Propaganda exclusiva da revista do professor

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