Rural Geography: blurring boundaries and making co, Progress in Human Geography, Londres, Sage Publications, 6,p. 849-858, 2009, NECtigns ano 33, apiTULo 21 agronegocio globalizado Do campo a metr6pole perise Elias" Apresentagao No presente capitulo buscamos sistematizar temas, processse ies om os quais trabalhamos nos iiltimos anos partir de um olha sobre area- lidade da agropecuatria brasileira, marcada pela reestrutuagioprodutiva, pelo neoliberalismo e pela financeirizacdo, A principal ese trabalhada 6a de que a materializagao das condigbes gerais de reproducio do capital do agronegécio globalizado se dé também na cidade, incluindo a metrépoe, assim como que o setor compée 0 circuito superior da economia urbana de algumas das principais metropoles do mundo. O capitulo é composto por quatro segdes, além das palavras finais€ das referéncias. A primeira segdo tem por objetivo fazer uma brevissima saracterizagao do que entendemos por agronegécio globalizado, tendo como objetivo a busca por uma visio critica sobre o mesmo. Na ‘rm da, apresentamos tese que temos defendido nas dltimas dues ae a al seja, a de que o modelo econémico, socal, politico « errtonal Producdo agropecudria preconizado com a mundializagdo ae "i SScit-se a parte importante da urbanizagio em vitiss pa al a & imameros processos de (lc desde 8 's Novas relagdes entre o campo €a cidade o proceso de S20 1980. Entre os resultados com tas process 1208 9M, “SPecializacao territorial produtiva, com a configuras#0 a (UBCE).Pesqisoe a (CNPa)- * Depart eda gieMto de Geografia da Universidade Estadual Joe Emi sto Nacional de Desenaviment Cento “niseliasgeo@gmail.com oRAGTOMMGHESYOREA OW COMET bey a Hy nalizagoes, que temos denominado de regides: Produtivas do Bronegécg geinados.” Por fim, dois segmentos possuem de aves € suinos" e o de sementes2® giversos ‘ 8 Sees cada un, € madeira e celos 8 4Ssim como o de ete ¢ ia empresa cada um, sip les A ses dados ajudam a reforcar a tes jé amplamente omprorada por virigs autores de que, no Brasil a cidade de Sto Pato tandema principal metr6pole nacional, assim como a su repo meron cs sais complexa do pals. Desde meados do século XX, seus roe centro da economia brasileira fortementeintegrada 20 sistema & «ees mundiais. Desde 0 primeiro momento da mecanizagio do tsi trasileiro, tem conseguido uma adaptacio progresiva acs intereses dr grandes capitais nacionais e transnacionais. Importante relembrar que o Estado de Séo Paulo se destaca na qualia dee quantidade do processo de reestruturacéo produtiva da agropecuéria no Brasil. Desde os anos 1970 de forma especial, prodagioe epago agricola passam por significativas e complexas metamorioses, com uma éxtraordinaria difusio do meio técnico-cientificinformacional também 0 campo ¢, consequentemente, em todo 0 interior do Estado, desuea- do-se com a maior parcela do valor total da producio agricola brass, Constituindo-se, segundo denominacao de alguns autores, como o nico do padrio agrério moderno no pais (ELIAS, 2003). 7 Mas, voltando ao que mais queremos destacar na presente a e ‘dos apresentados nado deixam diividas também se ind ‘ide entre o agronegdcio glabalizado e o cicuito superior dt . fy, Unilever Brash cn otdem de importanca teams: Cargill Bung Has Des as etl Pepsi 7 paste Mosaic. epee ordem d se: Bayer yg de importancia destacam-e Baer, Soe Ba cette yeni “Atel €MPFetas Coopersucar-Cooperaiva, Coperscr Rath, parTPtS8s que compocmo segment sk: Fibri Katine “seg mportinciatemasas empresas 1S < Mar “totter ene a BS Foy Epes 5 Foods. fonsanto,ws Ae mUCSIOREN OEE urbana das metropoes 0 que talvez ainda nB0 Sea t80 Abvio parg see forma, a partir dos dados apresentados fica evidente alizado no Brasil Ce ten purer Fh, peda, importante empresa do agronegicio globalizado entre as 50 lsteday Cargill de controle aconsrionorte-americano, Atua ha cera de cngses ta anos no Brasil, em diversos segmentos associados a0 agronegécig:3 Taber o nome Cargill no soe familiar para muitos dos leitores. Mas ¢ tem provivel que alguns sejam mesmo consumidores de um ou alguns ee seus produtos, considerando seu amplo portfolio, tais como azeites,azeiy. nas, maioneses, melhos,extratos € polpas de tomate, molhos para salads, ‘leos refinados e éleos compostos. Algumas de suas marcas sdo bastante populares entre os brasleiros, tais como Liza, Pomarola, Putiley, Mazola, Olivia, Velero, Pomodoro, Elefante, Tarantella, Maria, entre outros. Disp. nibiliza também ampla cartela de produtos para o setor industrial, especial mente de eos vegetais, mas também de outros tipos, voltados aos mercados de lubrficantes, defensivos agricolas, cosméticos, industria farmacéutica, tintas,espumas, perfuracao de petréleo e produtos quimicos, papel, papelio, ‘quimico, téxtil, mineracio, farmacéutico, gesso acartonado, entre outros." Levando em conta todos os segmentos nos quais a corporagio atua no Brasil, hoje possui 18 fabricas, 191 filiais, cinco terminais portuérios, um Centro de Inovagao e centenas de armazéns e transbordos, somando cerct ‘de8,5 mil empregacos.* Suas unidades estao presentes em 137 municipios, alguns, © Pape MeBScig Frocesament de sj ingredients) fabcaio de js, de acidulantes ede milho (para producio de amidase oxtot tusina de actcar,etanole energa: produgdo de maltodextrinas¢ goss ocean chocolates ecoberturas para 0 mercado industrial ede Food Service prod Wades naeaa tie de gorduras vegtas, maionese, deos,dleos compost ¢ Fe Fn ed esa de rtp india de vont mento cyredaesa fats S0Fts para rede de Fast Food e molho para salads; pros fare retina de en deta Rurisio animal esmagamento de soja para prodssto de dervaosdecacnsggeofrT#cimento para producto de biodiesel: proessar™nd Bot pata a hsealimnt: produto elo vegetal Sepa eo de ris Fonte: cn ta408 exPoracéo de gros, exportacio de agar 2! 2S Fomt:chapiitewweraihe os tecar.com.br/clientes/cargil/2015/pt/perA Font: tp prea combo produtos-servicoslindostealindex 6? 'eHicom bncientslargil/20Sipt/perfil, Acessoe5 06 yato yeion pt % uidos por quinze Estados brasileizos, evden ro territ6rio do pats. oss desta, por ocasido de relizaio de uma pea realizagao de trabalho de campo na cidade de antarin, as 0S evo ete ens terminals POrtUétOs.” para oder vista ian vim cmyzagbes tiveTam que ser obtidos a partir do SS contatos autor 7 do escrtiio de Si pul Yale destacar 0 endereso do escrito em So Pag ge sara qualquer ender, masselolina nama deers So mito quadeado da cide, prxino a Avene Eager veri praticamente 0 ado do Shopping Mera arn paisa soa participagdo no circuito superior da economia pian, aturalmente, para as corporacées transacion « ser é somente um elo subalterno da cadeiadecomando ae uma ver que este esté centralizado a partir do estos ns ufo. cvigem, Para reforcar esta airmacao, podemos dizer que di enpeas do agronegécio com sede na cidade de Séo Paulo, 4 dls tém controle aciondrio de empresas transnacionais com sede em outros pies, cm pode ser visto na Tabela 1. Utilizando-nos ainda o exemplo da Cargill, apesar da evidente capi laridade pelo territ6rio nacional da empresa e da localizagio de sua sede corporativa no Brasil na cidade de Sao Paulo, que concentra as operagbes, da empresa no pais, sua sede global é em Minneapolis (Minnesota, EUA), Dessa forma, o escritério de Sao Paulo ¢ um dos muitos dos existenes nos 70 paises nos quais opera. Isto evidencia, entre outros, que a metropoe de Sto Paulo é nao s6 0 epicentro do comando do agronegécio goblizadon0 Brasil, como ja afirmado, como que participa da reds de cidades ra quis ‘trealiza 0 comando do agronegécio a nivel mundial aistrib Tendo grande cana. A Cargit ue de rs pe Possui cinco terminsis portuiris. Para enbat wari bs Paranagua (PR, Santarem (PA) Part Veo (80.0 Aig 8 CTEG) & joint venture da Cargill Agricola (89) ¢ nn. A operagéo do Terminal Fival de Grants Ss At, cil rr Foiconstrutde para excoar parte da prod 880 ri ‘eg 0: Orte do Bas, Fos "ANF ORES NO RURAL EM OM CONMEXTODE os FOF Tel 1. Pins emoesas do aaronegicoglobalzado com sede ma cidade gy ao Paul, com contleaciondrio de ou0s pase, Segundo ranking de venga, liquids. 2016. — [Ne de [Empresa Segmento Neos, farinhas e conservas | 8.480 Norte-amer Icon | | Norte-ameri Bunge leas, farinhas e conservas | 9.929 Holandés Francés Louis Dreyfus Oleos,farinhase conservas abv —_[Alpdioegros | Noteammiac] Unilever Brasil|Oleos,farinhas e conservas | ‘Anglo-holandés | [bayer IAdshosedsfensvos [a7 | ‘syngenta__[Adubose defensivos [2017 Basf TAdubos e defensivos Ia 081 |Alemao Nae ins [Oommobacaa “Mosiic __Adubosedefensvos [tas Norte-ameriano Raizen Energia Agiicar e dleool |on.aoa eee i i POE holandes Neste Leteederivados [ Suigo Net Alpdtoe rie Fees] isco | sever NA | RNa SET Bersico | Oteos farinhas econservas | Fonte: Exame Melhores Mal +s, jlho 2016 Consideragées finais a “ave a kitura do presente texto suscite em alguns dos retro theo eat Um ou partes dos temas e/ou processos aqul tabs demas. head ‘mandam ainda muita reflexio para melhor cee lizado, As dint S0°iedades 0s terrtérios do agronegécio 8 5 de grande velocrn gy es PaCiais no Brasil no siltimo meio seule Sa € complexidade e as tentativas de compreensi? f importa ogampanhar este dinamismo. os 8 Considerar apenas ac ane atte & inviabilidade de continuarm™o® © “8 antigas relagdes campo-cidade, rural-urbants 45! gotlat0 oro | so op.as rlagbes hierrquicas clissicas da com vis para compreender 0 Brasil do resem, den © Gs divi. jo agocio globalizado, Por ora o importante ge fueg satiieve ser explicada de forma mais elaborada neta datonsamos que Uma das possibilidades ¢ considerar uy possa ser mais palatavel para capturar ‘08 novos processog. re egionalizagdo que se dio assocados i ccna sazonegécio globalizado, Para finalizatsdestacamos que oes gu sera ey sefetem tantovum caminho que vem sendo hus onnguenne Tonge de se esgotar. Hé muito 0 que fazer para padermosetvann, conhecer melhor as mudancas em curso ns paps denpetions, los espagos agricolas, urbanos e repionas components do senegiio sfobalizado, assim como o alcance dos seus circuitosexpacis ds pode lo circulos de cooperagdo, & medida que se ampliao moines de cocupagio do territério brasileiro, de forma mais articulada economia internacional. Sem divida, compreender os papéis das cidade, de df rentes niveis, para a acumulaco ampliada do capital do agronegicio € parte desta tarefa, objetivando melhor compreender as liga tet tiais desta atividade. ma dso gue de urbanizacin 4 Sociedade o Reteréncias CARLOS, AF. A. © Espago Urbano, Novs srs sole acial St ee Editora Contexto, 2004. 1S4p. ss ENAIS, Francois (Org). A muundializaio finance Tiscos, Sag Paulo: Xam, 1998. : Xama, 1998. itd CORREA, R.L. novagoesespaciaisurbanas algmasttets 2. Uv.7, 2010, ae - 7, 2010. i Brasil *SADo, G. da C. Capital Financeiro e Agricalto= Eynl®:Feone/Ed, UNICAME, 1985. onegicio mB S. Denise, Consumo produtivo em reites oe T0. M. BELLET, Carmen MELAZZO, Breas 5 ont 's LLOP, Josep M. (Eds.). Urbanizaciém PP* yupcp. Laid: ; , ; - i “udades medias/intermedias. Presiden Ee “ons de la Universitat de Lleida, 2015% P Giese cists? ail 2 In; Sio en cjaOR HORA MEDC Ey ‘08 i eestruturacdo produtiva da agropecudtia e novas regina ar im ALVES, V. EL. (Org). Modernizagio e regionalizasio no, Serabel ‘do Centro-Norte do Brasil: oeste da Bahia, sul do Maranhay Piaui e Leste do Tocantins. Rio de Janeiro: Consequeéncia Editor, edo 2018, p. 25-44. __ Regives produtivas do agronegécio: notas tebricas e metodolig cas In: BERNARDES, J. As SILVA, C. A. da ARRUZZO, R. C. Orgs) Espaco ¢ energia. Mudangas no paradigma sucro-energético, Rio de Janeiro: Lamparina, 2013. p. 201-220. ‘Agronegécio e novas regionalizagdes no Brasil. Revista Brasileira de Estudos Urbanos e Regionais. v.13, n. 2, nov. p. 153-167, 2011 Redes agroindustriais e urbanizagdo dispersa no Brasil. Scripta ‘Nova, Barcelona, v. XII, p. 74-96, 2008. ‘O meio técnico-cientifico-informacional e a reorganizacic does ‘aco agrario nacional. In: MARAFON, G. J RUA, J RIBEIRO, M. A. (Orgs). Abordagens tedrico-metodolégicas em geografia agraria, Rio de Janeiro: EAUERJ, 2007. p. 49-66. Novas dinamicas territoriais no Brasil agricola. In: SPOSITO,E.S: SPOSITO, M, EsSOBARZO, O. (Orgs). Cidades médias: producio does- ‘paco urbano ¢ regional. Sio Paulo: Expresso Popular, 2006a. p. 279-303. Globalizagao e fragmentacdo do espaco agricola do Brasil. Scrip- Barcelona, v1, p. 59-81, 2006b. Agronegocio desigualdades socioespaciais, In: ELIAS, D5 PE QUENO, R. (Orgs). Difusio do agronegécio € novas dinamisas so” cioespaciais. Fortaleza: BNB, 2006c. p. 25-82. Globalizagao e Agricultura. Sio Paulo: EDUSP, 2003. ee FEQUENO, Renato, (Reestruturagio urbana ¢ desiguldats Paciais em regiao e cidade do agronegécio. GEOgraphia, an!" 8.35, Dossié, p, 10-39, 2015, 5 PEQUENO, R lizada ¢ aprofundai SITO, M. Bs ELIAS reestruturagio uy Expressio Popul FREDERICO, Samuel, Feo etsio € concentr 35,.68.94, 2015, taNe ‘enato, Mossor6: 0 novo espaco da produsl¢ oe imentos das desigualdades socioespaciais. It: SP . S, D; SOARES, B. R. (Orgs.). Agentes economic” bana e regional: Passo Fundo e Mossor6. Si0 Pa? lar, 2010, Economia politica do territério ¢ as forgas #040 no agronegécio brasileiro. GEOgraphia» "7 0 io gloali swe a . Expropriagao e violencia, Si ns is pea lt a or In: OLIVEIRA, A. U. De; MARQUES, M3, Omen mo século XXE: territério de vida, de uta ede construgzo aes pe jo: Fitora Casa Amarea Editor Paze Tera 2g Se canTO0S, MO Espago Dividido. Os Deis Crcutesda zona dos Paises Subdesenvolvidos. 2, ed. Sio Paulo: usp, 2004. Por uma outra globalizagio. Sao Paulo: Huciee, 200 ‘A natureza do espaso. Sao Paulo: Hucitr, 1996 ‘A.urbanizacao brasileira. Sao Paulo: Hucitec, 193, — Metamorfoses do espaco habitado, Sio Paulo: Hace, 968. —~ Circuitos espaciais da produgao: um comentirio. In: SOUZA, M. ALA; SANTOS, M. (Orgs). A construgio do espaco Sio Pao: Nobel, 1986. SILVEIRA, R. L. L. da, Complexo agroindustrial, rede ¢ territrio, In; DIAS, L. C.; SILVEIRA, R. L. L. da. Redes, sociedades ¢ territérios. Santa Cruz do Sul: Edunisc, 2005. p. 11-28. SPOSITO, M. E. Novas redes urbanas: cidades médias epequnss 0 pro cesso de globalizagao. Revista de Geografia, io Paulo v.35, 51-42, 2010a. Formas espaciais e papéis urbanos a5 ¢ do urbano, Cidades, Presidente Prudente, ¥. vas qulidades da cidade 1p 125-14, 20100.