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tiondvel s diante d Lugestio politico-crimi > do risco. A criminal 2andonarmos preconceitos como a causalidade, Uns ol 2sicionamento no pode, porém, ser aceito.E por wn aplo motivo: primeiramente, porque ainda nie Recn \ficientemente claraalegitimidade deste Direito Povel 2 "duas velocidades", que trata os “poderosos" comorce €8 nao fossem dotados de direitos fundamentals. Mas 1 segundo lugar, porque, como jé visto, a imputagio djetiva ainda estd muito longe de ter na “criminalidade as poderosos”o seu principal campo de aplicacio; enio te parece que alguém esteja disposto a questionar a scessidade de que 0 cidadio envolvido num acidente ¢ trinsito venha a ser tratado pela mais garantista das zorias da imputagio. PARTE I (8 7). Dogmitica e sistema juridico-penais, Problemas fundamentais da teoria geral do delito Bibliografia: v, Lit, Rechtgut und Handlungsbes Bindingschen Handbuche, ZS¢W 6 (1866), 683 (= Stafecht- che Vortrige und Aufte, Bd. 1, 1908, [Nachdruck 1910}, 212), List, Uber den Eifl dersoilogechen urd setho- -poloischen Frschungen auf die Grundbepife dee Strafrechts, Miteilngen der IKV, Bd. 4 1893 (= Stafeeetiche Vorrige und Aufsitze, Bd. 2, 1905 [Nachdruck 1970), 75}; Radbrach, Der Handlungsbegrff in seiner Bedeutung fr dss Strafrechts- system 1903 (Nachdrck 1967); Beling, Die Lebre vor Verbre- chen, 1906; Frank, Uber den Aufbau des Schuldbegnffs, Uni- versitat GieSen-FS, 1907, 5; H. A. Fischer, Die Rechtswidrig- keit mit besonderer Berickschtigung des Privatrechts, \9\1;, Hegler, Die Merkmale des Verbrechens, ZStW 36 (1915), 18, 184; Radbruch, Rechtsidee und Rechtsstoff, ARSE 17 (1923/24), 345 (= Art. Kaufmann (Hrsg, Die ontologische Begrindung des Rechts, 1965, 5); Grinhut, Methodische Grun- lagen der heutigen Strafrechtswissenschaft, Frank-PS, Ba. 1, : j 1 1992, 99; Renzikowski, Wertungswiderspriche als (stra) rechtsmethodisches Problem, GA 1992, 199; Schiinemenn, ‘Strafrechtssystem und Kriminalpoltk, Rud, Schmitt-FS, 1892, 117; Tiedemann, Zum Verhiltnis von Allgemeinem tnd Beson, ecem Tell des Strafrechts, Baumann-FS, 1992, 7; Hirsch, 25 Jahre Entwicklung des Strafrechs, in: Jur. Studiengesellachafe Regensburg (Hrsg.) 25 Jabre Rechtsentwicklung in Deutschland vsw., 1983, 35; Wolter, Strafwardigheit und Strafbedifighelt in einem neuen Strafrechtssystem, 140 Jahre GA, 1993, 265, CCortes"Rosa, Die Funktion der Abgrenzung von Unrecht und Schuld im Stefrechtssystern, Coimbra-Symposium, 1995, 183; Figueiredo Dias, Resultste und Probleme beim Aufbau eines funktionalen und zweckrationalen Stafrechtsystems, Colmbra- Symposium, 1995, 357; Geeel, Versuch aber Sein und Sellen im Straftecht, Miyacawa-FS, 1995, 317; Haubling, Dee Tater ‘zwischen Strafrecht und Kriminclogie, Max Busch-GS, 1995, 278; Keller, Der Verust von orenterungskrafiger Gegenstind. lichkeit im Straftecht und der Normetivismus, ZStW 107 (1995), 457; Mi Puig, Das Strafrechtsystem ten heutigen Ev ops, Coimbre-Symposiam, 1995, 35; Mocca, Die systemati- sche Funktion der Kriminalpoitik, Coimbra-Symposium, 1995, 45; Schinemans, Die Funktion der Abgrenzing von Unrecht und Schuld, Coimbra-Symposism, 1995, 149; Sours Brito, Ee blierung des Serafrechtssystems zwischen formaler Berifisuris- pprudenz und funktionalistischer Auflosung, Coimbra-Sympo- sium, 1995, 71; Stratenwerth, Was leistet die Lehre von den Strafewecken?, 1995; Wolter, Menschenrechte und Rechtsgi- terschutz in einem europaischen Strafrechtssystem, Coimbra- ‘Symposium, 1995, 3. I. A tarefa da dogmatica e da sistemética do Direito Penal : 1A dogmética jurtdico-penal & a disciplina que se cocupa da interpretacdo, sistematizagio desenvolv mento (Fortbildung) dos dispostivos legsis e das opi-_ 186 nides cientificas no imbito do Direito Penal. Ela se distingue ds histéria do Diveito Penal e do Direito Penal comparado por sua referencia a0 Direito vigente e por seu método; também nip se confunde com a politica criminal, cujo objeto € 0 Diseito nfo como ele é, e sim como ele adequadamente deveria ser’. A dogmatica ju- ‘idico-penal lem ongulha-se de apresentar ma elabo- ragio bastante fundamentada e sofisticada (até, segundo alguns criticos, por vezes demasiado sutil), e possui in- fuéncia internacional, desde os tempos de LISZT (§ 3, fam. 12) ¢ BINDING (§ 4, nm. 3) até hoje, Isto vale especialmente no que se refere a sia parte central, 2 teoria do fato puntvel, também denominada teoria geral do deliro, por compreender os pressupostos gerais da aco punive, abstraindo dos diversos tipos da parte es- pecial. A dogmatica da teoria geral do deito 6 desde hi muito 0 niicleo de todas as exposigdes da parte ger Também para aformacio universe do etudate ela € de grande importincia: om efeito, nos exames costu- Ines apse ats eats tn oo AE, ‘com a exortagio de que preparem um parecer, explican do se e de que forma at pessoas no caso envolvidas devern ou nio ser punidas, Esta exigencia s6 poderd ser atendida uma vez que se possua ui sélida conhecimento dda dogmitica juridico-pena’ T, “Dogma’ & uma palaves gregs que significa algo como “opinito", disposi’, "tese” Dogmities 3 tacla ds dogmas, Sabre cone ts tarfas a dopa, MAIWALD, 1988 120. 12 Ste eesti lage entre dogma judcopenle pla gma ena oan 3B pla importa da dopa da teri ger do elit ara a Formato ues gus expo port de is seni pute eral coro at deJAKOBS, AT! STRATENWERTH, AT? eWES- SSELS, ATS, sereuiegrem a tatar dels 2 Adogmicada parte ged rl dequ een tio €orientada por princpios entices a da sorte croe, Gi ngunne tps pea sone pasate ee Slice cnn norms de comport pe fen comgeerem eed derepende apes imputagio", : a 3. Aconstrugéo ¢ o desenvolvimento cada vez mai PE pega reigray ear hr nie tarelas mais dificeis da dogmética da teoria geral do delito. Um “sistema'", para utilizar a conhecida formula- io de KANT, € a “unidade dos miltiplos conhecimen- {0s sob um idéia", uma "totalidade de conhecimentos ‘ordenada sob prinefpios"®. A dogmatica jurdico-penal no se contents, assim, em apresentar seus enunciados dde um modo desconexo, mas se esforga por estruturar (0s conhecimentes que compéem a teoria do fato punivel ‘emuma "totalidade ordenada", de modo a tornar, simul- ‘aneamente, visiveis as correlacées intemas entre os di- versos dogmas’. Isto soa um pouco abstrato, e é natural que unicamente através da exposicio detalhada do siste- STIEDEMANN, Beumans-, 1992, 7 11}; TIEDEMANN tn bbém apresenta, em um rpido eibog (8/9), desenvolvimento dx Scpuragio ents pate gr es expeci, Sobre src ere pate feral ca especial vj, tnds, NAUCKE, Welz, 1974 FINC- Ke, 1975. 3” KANT, Krink der rinen Verna Bip da wisenscafliche Buchgerelachaf edtada por Weschedel, vol 2, 1956, 696 (= "178, 832), ant, Metaplysiche Anfangrartnde dey Natrsisrnecht, Ea ho como a ots sero vol 8, 1987, 1 (= 1786, Vorede[Dicon2 elimint), IV) Pree detis sobre os conceites de sistema relerntes pra odio a conan se em SCHUNEMANN, 1984, nat de rdapé 1.SCHU- SISCIANIN cham astra ocenact lca dos conhecimentot nd Fiduaisobtidos em determinads coca" (St, 1) 88 2a juice peal nfo de atm) se eda Contedo esgnada dia smatvn are nada Impede que agra eboney de made poste stoves de exon oof temic juraeepenal eee problemas at bw Sabres qua awed dete dash de cont em detahe prs ques, este her oe ‘ho gel nn, oro ees T. Conceitos bisicos do sistema juridico-penal 4 Na dogmética juridico-penal moderns existe, substancialmente, consenso a respeito de que todo com- portamento punivel representa uma aco tpic, antiju- Fidica, culpavel e preenchedora de outros eventuais pressupostos de punibilidade. Tedo comportamento pu Aivel compbe-se, portanto, de quatro elementos (ag30, Uplcidade, antijuridicidade, culpabilidade), aos quais ‘Yer ou outra se podem acrescentar alguns pressupostos ‘de punbilidade, As eategorias fundamentais aqul men- ‘Gonadas concedem & matéria juridica iniialmente dis- perse-uma grande medida de ordem e principios co- TTWACKE, 1979, or un ver, defend fala de a tsa 5. ald fo pel ej epamago a a esata do Dito ps ede pelcommnete nea Seta yan cto ude ee a nace cnc me de nama eect iss Sr sc pena nae «she axe cae ed toys Sn hn are doe pees ae concen neni On encod, come Bx sete de (92), Ateoa enon saa eas ena de ont’ G3), BE Ge iade, amined erminaa 9 Estado e268 ade funda de demonaeado 90 spt 80 189 1. Agao 5 Face a isto, deve, primeiramente, existir uma “agdo” (mais detalhesa respeito no § 8), Trata-se, de accr- ddo.com a opinigo mais difundida, de um comportamento hhumano relevante no mundo exterior, dominado ou 80 ‘menos domindvel pela vontade. Efeits causados por ani- ‘ais ou poderes da natureza nfo constituem ages em sen- ‘ido juridico-penal,o mesmo podendo dizer-sedos atos de uma pessoa juridica, Meros pensamentos ou disposigdes de animo tampouco chegamaser agbes; omesmovale para, aqucisocortncas so mundo xtror —camomevien- ‘tos relexos ou ataques convulsivos — que néo possam ser dorninades pela vontade humana. 2. Tipicidade 6 Esta agio deve ser tipica, isto 6, ela deve corres- ponder a uma das descricées de delitos que, nos casos ‘mais importantes, se encontram na parte especial do Cédigo Penal (mais detalhes quanto a isto no § 10). Quem, por ex, através de determinada agio “subtrai de ‘outrem coisa aibeia m6vel com a intengao de dela apro- priar-s ilcitamente”, realiza 0 tipo do furto (§ 242). A estrita vinculacio a tipicidade € uma decorréncia do principio nullum crimen sine lege (quanto a isto, porme- norizadamente § 5). Ao contrério do que ocorre no Di- reito Civil, onde se podem deduzir conseqiiéncias juri- dicas diretamente de principios gerais de direito, no ‘Ext, pastaram por um constantedesenalvimento no que toca» se ‘ontetdo, nfo expehande mals, de modo algum, 1 fase “do final do culo XIX" (33). A constrsio sistemstcs aqui defendida (am. 24 € 1) pretende, justamente,centibulr para © desenvlvimento futur, sm negara tadigio. 0 Direito Penal s6 € possivel dizer o que & uma agio punt vel através da utilizagio de tipos. 3. Antfuridicidade 7. Aagio tipica deve ser antijurtdica, isto €, proibi da (mais detabes quanto a isto no § 14). Em regra, cla jo serd em decorréncia da tipicidade, pois leislador Somente descrevers uma acto ers ur tipo se ela norm mente for proibida, Diz-se, portanto, que o tipo indicia 2 antjuridicidade, Este indieo pode, contudo, ser nti tnado. Com efeito, 0 comportamento tipico no € anti- Juriico, quando, no caso conereto, incidir uma causa de justificagto, Essascausas de justficagio so oriundas de toda a ordem juridiea. Na hip6tese, por ex, de o oficial de justiga adentrar,costivamente, na casa do devedor, Fearé configurada uma vielagio de domictio tipica (§ 123); ele estard, contudo, justificado pelas faculdades que ihe confere’o processo de execucto (§ 758 ZPO). Se, por motives educatives, pai aplica ao filho um puxo de orelha, tal conduta preenche o tipo das lesBes Corporas (§ 123}; mas odireito de educar, oiginrio do ireito de familia, Ihe fornece uma causa de justificagio, E também no StGB se encontram causes de justificagio, cem especial a extraordinariamente importante legitima defesa (§ 32) € 0 estado de necessidade justficante (§ 34). Existindo uma agio tipica é antijuridica fala-se de ‘um “injusto"juridico-penal, Este conceito, assim, abra {ge 38 tr@s primeiras categoria do delito. 4. Culpabilidade 8 Aacdo tipica e antijuridica tem, por fim, de set culpdvel, isto 6,0 autor deve poder ser declarado respon- Sie svel por ela, ou, como majeritariamente se di, ela deve ‘poder serthe “reprovada” (mais detalhes a respeito no § 18). Tem por preseuposto a imputabilidade (8§ 18, 20) © 2 inensténcia de casas de exculpacto, como, por ex, 0 erro de proibigio inevitivel (8°17) ou 0 estado de snecessidade exculpante (§ 35). A difecenca entre a au- sinc de antndeldae ca auntnca de cupid, entre jusifieagio.e exculpacio, esté em que © compor- tamento justficado €reconhecido como lieito pelo legis lador, devendo ser suportade por todos, enquanto © comporeamento exculpivel nfo é sprovado e, em decor rancia disso, est proibido. Ele somente nio € punido, ‘mas nfo precisa, em regra, ser tolerado por aquele que seja vitima de umm compartamento antijuridico. 5. Outros pressupostos da punibilidade 9 Uma acio tipica, antijurdica e culpavel 6, geral- mente, punvel. Bm casos excepcionais isto , em certos preceitos penas, so necessirios outros pressupostos de unibilidade, Trata-se das chamadas condigdes objtivas de punibilidadee da auséncia de causas de exclusao de ‘pena (mais detalhes no § 23). Uma condicio objetiva de unibilidade seria, por ex, a concessio de reciprocidade na protecio de representantes e sfmbolos estrangeires (§§ 102-1042), uma causa de exclusio de pena a invio- Iabilidade, nas injrias parlamentares (§ 36). A auséncia de reciprocidade nada altera no fato de o dano a simbo- los de autoridade estrangeiros ser tipico, antijuridico € culpfvel. Assim também as ofensas de um deputado a outro permanecem uma injGriatipice, antijurdica e cul- >ével, mesmo quando ocorridas na cimara dos deputa- ls (Bundestag); oft uleamente nfo poder ser pu ido. 2 IIL, Sobre a evolugéo histérica da nova teoria do dalito 1.4 descoberta dos conceitos fundamentais exporter categories fandamentais— fle, tambecn Ge Faves da entutura do delta" (ease 3 srt 77) foram desenoldas gadualment Tete tien um proces content de Css, Resim equ o concsita de ago surge, como peda base See ee Salto pela primeira vez no mandal ‘lots Phedich BERNER (1857) A oxgenca de que Pe icconhecesse uma antjsidicidade objetia,inde~ enone da culpabiidade, ft formulada logo aps pelo Pere juste Radoll vor JHERING” em seu esct0 $e Schulcimemen im rbmischen Pvatecht” (O™0- smentadaculpablidade no DretoFrivado Romano), em THe). sbrindo novos caminhos para elaborasao poste fer. © enceito de tipo fok ead por Ernst BELING, tan sun ainda hoje famosa monografa “Die Lehre vor Verbrechen" (A teria do crime), de 1906. Fot de gran- {eimportinla pars o desenvolvimento da teora da cul fublidade 9 excrito do grande comentador Reinhard FRANK? “Uber den Aufbau des Schuldbegrifs" (Sobre 3 BERNER Lehrbuch der Deutschen Srafreckes, 1857, 138 © ss, Sobre" Die syiternatische Strafrechtlere von Albert Friedrich Beret” (A teria sisteatin do Dieta Penal de Albert Fedich Berner), cf. Dlifco de SCHILD, na reipressdo de 1987 da 18 edigho (1888) do ‘ania de Berne (753). 10. 1818-1892, Obras principals: Der Gest des romischen Rechts auf den verchedenon Sten seiner Ennutcklung, 4 ols, 1852-1865; Der Kam us Rech, 1872; Der Zueck im Rect, 2 vols.” 1877-1883. 1. 1866-1832. Grsdaage des Strafrecis, 1899, "1930, 12 1860-1834. © estado aqui mencionado foi publicado na Festechrift der GieBnerJurisefaulat non 300jahrigen Besthen der Universitat 193 a estrutura do conceito de culpsbilidade), de 1907.'O desenvelvimento do sistema cormo um toda recebeu, na primeice metade Jo steulo, impulsos especialmente ef- Gazes de Franz ¥~LISZT® e Emst BELING, de Max Erst MAYER" ¢ Edmund MEZGERS, bem como de His WELZEL' ofundhor dor fle acho 2.A sua recepedo pelo legislador 11. Os concetos fundamentals do sistema do delito foram recepcionados pelo leislador na nova Parte Geral Go SCC, Assim é que, mutas vezes, se utiles oconceito SESS feb por exy 08 $5.15, 16,17, 20)", que deve GiB BOT. es), A cig coment de FRANK “Das Stra FOS or des deste Reich” (1897, 1931) fo x mais importante ‘Sbrade snotagies de sus tpora,penmanccendo a hojbumartc aos Be Ghs brew LISZT sea, §3, 0m. 1206 6 4 am. 3,5: Fe see se deuachenSrajrecte, 188, 1932 op6sa sua morte, CEES “Sininado por Eertard SCHMIDT), € um dos ais ete tet amis Ge Diet Penal serio, tendo sid objeto de radu pars vas lings. Ee ry Der algemeine Tal des Deutschen Safes, 1915, 21923, 15, 1883-1962. Oba principal: Strafect, 1931, 71949, 12 [5904-1977 Obra pnncpa: Das deache Srajreck, 1947, "1969, 1B (Re do T) “5 15, Apdo loa e capone. Sea let nfo cominar Exprssemente peat 8 apf culpos, 36 €punivel o agto dose SE 16 Bro tabre cirenstncas de fae (1) Aguee que to cometer ‘um fro nto conhoce una cicunetaciapertencente 20 tipo legs, nto sar iaamente. A puniiade pelo cometimento ulpoo pemmancce eS) Aguele que, s0 cometer umn fat, consider erroncaente aang cias que realizar 0 tip de uma lel mais suave, #6 poderé Silda por cometimento dlos de acordo com ae mais suave Ty pho de preibigio. Se, 20 cometer 0 fto, faa a0 autor © ‘Resms str Sn ter pn etl Pros Pan ‘Mone de Dirt Pea do, Vega Uneriae, Lt, 1953 (God fon Pas Naser 1S see cs expo genre ‘fis PAULO QUEIROZ, Pegs do Die Penal Os ey, Belo Hover, 2001 688 208 bastante respeitado manual”, visa JAKOBS @ concepsio de seu professor WELZEL de ponta-cabegs, partindo do secaafets de que const come cased, poder {kénnen), agio etc. nfo possuer qualquer conteddo pre Jurca, anterior ao Daveito Pena, devendo ser de> Terminadosoncamente ea ung de neceaidades ft fics de regulamentgioe, A especial onginalidade me- tie denn concept de stema consi eet fara dopmitcejurtdicospenal com base nos conceitos © {Steyoras da teoia de sistemas soils (em expecal ade TUMMANN), No que toca a0 contesdo, a mais contro- wertida pecularidade de rua teoria do crime ex em {etuar JAKOBS a culpsblidade ser completamente ab- Sorvia plo eonceito de prevengso geal, em consonin Ein corsa teora dos fins da pena (ef, aca, § 3, nota Fyn. 26 e 53) Para JAKOBS, a clpabilidade nfo é algo objetvameate dado, mas smuplesmente “adscrto” So tutor sem qualquer considerayao ¥s suas capacidades {onctetas, na medida daquilo que sja necessitio para o “exerctcio de fidelidade a dieito" 29. Uma reoria do fato punivel bastante inde- pendente € defendida tambem por SCHMIDHAU- BERG, que 6 desde bem cedo sustentou que “os cle- ‘B_IRRORS Siac, Algoniner T7190, disses een i pi cn od rnin 378 Dee Seatzs concept cmepeta sages etc, por imo @ mesmo, ‘ZSeW, 101 (1989), 516. ee - {Com ro fs SCHONEMANN 1994, 54 em an aa ent Class dcr Ge centro de conceit de LASK, combats om ‘Set sce por WELEEL poe ques caer {2 Evens tnade “Safle Tet 19121975 ame ‘bém em sea manval “Strafreckt, Allgemeiner Teil", 1982, 71984. Mais dese eb sconce de SCHNIDHAUSER em ROXIN, ZSEW 5 0971) 369 cm DaSuafrechedogmatc i Wisenech> (Doge ‘ns do Do esl enon tna), cm expel conde 209 1mentos do fato punivel” dever construl-e “tendo em ‘sta a pena enquato consequencajriiea™, Desen- vole aan sare enti de modo cormpletamenteteleagio, no alo injusto escape. Bide eo concets centr nuanto 0 conestodc elo € relegado aim segundo plano, O njuso € com preendido como “comportaento voi lesvo im berm jorsico, culpabildade como “compartment esprituallesivo a um bem jurtdco” (rechragutveret- endes peisges Verhalte), sto 6, com “anim injure IG Aed got idiom pn dom zante. A peculaidade de maior destaque na concepgio de SCHAIDHAUSER se encontn,contudo, em tun biparig do doo cj nena volvo eons zo ijuto, ao paseo que os moments intlectuais (que women segues ote sconces daa do injusto) so parte da culpabilidade. Com ist, fica ele Inais provino Ga consrugso neoclssica que 9 opinio emitante, chegando, porém, a soluges originals em ‘irios problemas especthcos. 30°" influence da dogmdtica teleolégcoracindl, “funcional”, esté em expansio, Entre os autores de obras de maior tamanho, cite-¢ RUDOLPHD” como um idepto desta corrente; ele se encontrapréximo da con- epgio aqui defendida, Monografias importantes igual- mente provaram a fecundidade da perspeciva™,Porém, as teorits de SCHMIDHAUSER, ratase aluno LANGER, GA 1990, 5. 430. SCHMIDHAUSER, Redhruch-GS, 1968, 276 ET Ghrunicamente, sos itrodugsoso“Systematchen Komentar’ 20 Stow, ATS digo, (Novembro 1990), vor § 1, or ele coetado, $2 hincincnse WOLTER, Obie dpa ec on Vodalion, Gofahewond Erfolg im ene furktionalen Stracasstem, S81, FRISCH, Vorsats und Rito, 1983, 0 mex, Tarbestandmabies Veralen ind Daechnang des Eels, 1988 210 oe tum sistema global novo, desenvalvid sobre estas bases, ainda est por consoliar-se. Isto decorre, entre outros ‘motives, de que os esfrcos teleoldgicoicionals ainda se encontram em desenvolvimento. Por fir, também info deve cer superestimada 3 dvergéncia entre ce novee sistemas jurdico-penais, cus adeptos comumente ase cenfrentaram como representantes de “escola nimigas. ‘Apesar de todas as mudangas dialéticas de dirego, tas sistemas se encontram numa linha de desenvolvimento continuo: as categorias fundamentals se mantiveram desde o natualismo at® hoje, apesir de todas as mx ‘cagdes de contesido a que foram submetias; e cada “epoca sistemética” fez dos esforgos anteriores um obje to'de sua pr6pria eflexio, soja para desenvelvé-os, mo- dlifici-los ou para voltar-lhes as costas. Al se encontra a ‘azio mais profunda da necessidade de conhecer a evor Tugio do pensamento sistemético junidico-penal desde 2 virada do século, se se quiser compreender 0 estigio tual das discussées, Mas se problemas sisteriticos € Controvérsias em torno do sistema ‘earreto” possuem realmente aimportincia que a ciénciajuridico-penal ale~ ‘mi tradicionalmente thes adscreve, Isto € uma outra uestfo, de que agora nés temos de nos acupar. IV. Fecundidade e limites do sistema jurfdico-penal tradicional; pensamento sistemitico e problemético tna dogmatica do Direito Penal 31. E comum que 0 estudante ou lig, 2 te seu primeiro contato com o Direito Penal, se sintadesorien- {ado diate da multipicidade de esforgos sistemsticos, perguntando a si proprio porque eles ocupam tanto es- aro na dscusio cestifien Néo fro n6s deparamos a ‘com a opiniéo de que estes seriam problemas de carster unicamente académico, que opritico do Direito poderia desconsiderar. 86 poderemes enfrentar estas dividas Fundementais e construir um ponto de vista proprio na avaliagdo das principais questdes dogmitico-sistemsticas se antes analisarmos as vantagens e deevantagens do pen- samento sistematico do modo mais claro possvel,utll- zando exemplos e casos. Ao invés do que Costus ocor- ef, nfo tomaremos o sistema jur(dico-penal como algo inquestionado, imitando-nos a expé-1o em sua atual fet- co histérica dominante, A problematizagio que segue ‘tem, assim, a finalidade de preparar o terreno para a cconcepgio que logo mais se hi de desenvolver, sempre levando em consideracio pr6s ¢ contras. 1. Vantagens do pensamento sistemético 32. O penalsta espanhol GIMBERNAT ORDEIG, fazendo uma impressionante referéncia 2 situagio de pafses que possuem um sistem juridico pouco desenvol- ido, assim descreve as vantagens do pensamento siste- -mitico™: “A dogméticajurdico-penal, 20 tracar limites ‘e construir conceitos, posibilta uma segura ecalculével aplicagio do Direito Penal o afasta da irracionalidade, do arbitrio e da improvisacéo. Quanto mais pobre 0 desenvolvimento de uma dogmética, tanto menos previ- siveis as decis6es dos tribunas..” Ele alude ao perigo de {que a decisio do caso transforme-se em uma “questio de loteria": “E quanto mais atrasado estiver o desenvol- vimento da dogmética, tanto mais crescem essas quest6- es de loteria, até que se chega a um estado de aplicacéo 53, GIMBERNAT ORDEIG, ZS:W 82 (1970), 405 5; concordando Calorossmeste, WELZEL, Maurach-FS, 1972, 5. 212 ‘eadtica esem sumo do Direito Penal.” Cita, entéo, uf passagem minha’, em que tentei langar uma luz sobre fs vantagens do pensamento ssternético argumentando ‘ex negativo: "La onde as paixSes humanas estio em Jogo equal o processo penal em que isto nfo acontece? — ‘ intigdo juridica sem articulacio conceitual constitui a fonte mais obscura de conhecimento”. Estas teses extre~ rmadas, mas em tendéncia certamente corretas, podem ser subdivididas nos t6picos de que trataremos a seguir, ainda complementadas por ulteriores vantagens do pensamento sistemsétic. 4a) Facilitagao do exame de casos 33 A.compesicio ea estruturacio de todos os pres- suposts da punibilidade em um sistema dogmético pos- sem, antes de mais nada, avantagem prtica de simpli- ficar € orientar 0 exame dos casos. O estudante que precisa preparar um parecer sobre a punibilidade de um. comportamento ¢ também o advogado ou o juz, todos irdo proceder & avaliagio juridico-penal dos fatos a eles submetidos seguindo a ordem que Ihes € prescrita pela estrutura do crime. Havendo uma acéo, examina-se pri- reiro a recliza¢ao ds tipo, depois dela Wantijuridicidade ¢, por fim, a culpabilidade os ulteriores pressupostos de punibilidade. Esse estruturagio em uma ordem l6gica de pensamentos garante que todas as questbes importan- tes para ajuizar quanto & punibilidade ou néo do fato serio realmente examinadas; se simplesmente “esbarrar- ‘mos nelas, sem rumo ou orientacéo sistemitica, existe © perigo de que aspectos decisivos sejam desconsidera- dos e que se decida de modo err6neo. Além disso, um ‘54 ROXIN, Tetherschafy, 71967, 625, nn ‘esquema sistemético para 0 exame de casos € til, por ‘que intelectualmente econémico: por ex, uma vex des- Coberto que o tipo nfo esta preenchido, a antijuridicda- de e a culpabilidade sequer precisardo ser analisadas; incidindo uma causa de Justificagso, pode-se omitir a pergunta (em certor casos dificultesa edemorsds) quan to 3s causas de exclusio de culpabilidade, 2) A ordenagéo do sistema como pressuposto de uma aplicagao uniforme e diferenciada do direito 34 Mas, além da facitagdo pritica do trabalho, © sistema permite uma ordenagio diferenciadora ecorreta dda materia jridica (Rechtstoff). A guisa de exemplo, a estruturagéo sistemétiea das causas de isencio de pena tem causas de justficagio e de exculpagao — que nio é, de modo algum, conhecida de todos 0s ordenamentos juridicos — possibilita que se diferenciem os inimeros casos de “apir em necessidade” de acordo com um crité- rio valorativo unitri; se se procedesse a uma anslise do ‘aso individual sem base no sister, as solugbes se tor- nariam insegurase vacilantes. Aquele que €agredido por tum ladrfo pode agir em legitima defesa (§ 32) e estaré iguslmente justficado se, no ato de defender-se, for necessério atirar contra 0 agressor®. Contudo, caso atin- ja um terceiro estranho, o agredido jé ndo estara justif- ado: ele teréagido antijuridicamente,e ser4 no maximo desculpado — se presentes os pressupostos do § 35 (estado de necessidade exculpante). Isto significa que, diferentemente do agressor, pode 0 terceiro exercer a legitima defesa contra 0 agredido, cuja atuacéo, por sua 55 (N, do) Para texto do dispositive que prev lesa defess, vides nota de rodapé n° 21, 24 ver, representa uma agressio antijuridica (ainda que des- ‘clpeda) contra 0 verceito. A distingio sistemstica entre ‘causes de jurtificacio e de exculpacto & pressuposto de Juma imensidade de afirmativas que consubstanciam de~ ‘isGes politico-criminalmente satisfatéras e que levarn fem conta a diversidade da especificasituagao de interes S65, Se nfo tvéssemos o sistema, precisariamos regular separadamente cada situacso de necessidade imaginivel, fem seus pressupostos e efeitos jurdicos. Seriam neces sérios inimeros dispositives, chegando-se a um amon- toado de artigos 130 confuso quanto desequilibrado & lacunosa, pela falta de tum principio sistemstico reitor. ‘Como demonstra este exemplo, 2 organizagio do siste- ‘ma contribui de modo essencial para a uniformidade e a racionalidade na aplicagdo do direito. 6) Simplificacao e melhor manuseabilidade do di- reito 35 Daquilo que foi acima exposto jé fica claro que © pensamento sistemético simplfica consideravelmente a aplicacio do direito aliviando o juiz (e, analogamente, ‘o-extudante) da dificuldade que teria em orientar-s, se ‘a numerose matéria juridica estivesse distribuida por um Bigantesco nimero de dispositives particulares, sem qualquer ordenacio sistemética, ou Se as solugSes para (0s problemas tivessem de ser buscadas em uma massa de precedentes judicisis, surgidos em casos similares. E isto vale de modo geral. Assim & que, por ex., aaplicacio de ‘uma medida de seguranca (§§ 63 ¢ ss.) tem sempre por pressuposto a realizacéo de um “fato antijuridico”, 0 ual, por sua vez, ¢ definido no § 11, 1, Nr. 5, de uma ‘vez. par todas, como um fato tipico € antijuridico; dal ‘também decorre, a contrario sensu, que neste contexto ais rio interessa culpabilidade do autor. A aplicagio do Direto se complicaria extraordinariamente se os pressu- ppostos das medidas de segurancativessem de ser descri- tos um por um, sem ordenacio sistematica, inde- pendentemente das categoria da tipicidade, antjuridi- Gidade e culpabilidade, 4) O contexto sistematico como diretriz para o desenvolvimento practer legem do Direito™ 36. Porfim a sstematizagso da mati juries, 20 sore ie cages intra nr eis normas, bem como seus fundamentosteleoldgcos, pos Liblite té mesmo um eitve desenvolvimento pacer legem do direito. Um conhecido exemplo histérca € 0 desenvolvimento da causa de justieagio do (antgamen- te ascim denominado) estado de necessidade supralega Se perguntarmos 0 que, apesar de todas as diferengas individuals, existe de comm entre as mumerosts casas de justificagio,veremos que els sempre tém por objeto 2 solugdo de um confito de interesses entre duss pes- Soas, Tomemos duas conecidas eausas de justifiagio doDiteto Civil 0 § 228, BGB, por ex, regula o confit de intereses entre o proprietiro da cosa (ou animal) geralora de perigo eo agredo, enquantoo § 904, BGB, Tepula a desarmonis entre a necesidades daquele que Se empenka no svamento de sua cise ¢as do terceiro Droprietiro,cuja cosa sed utlizada ou lesada pel a0 Ge falvamento*, O legslador sempre resolve estes € Be (Nido TDA pals sles ¢ Rcksfortildong. By. (NedoT} “$228, BGE. Evade denecesidade Aquee que daifcs 5c dest cos ales, para sfastar desi ov de orem prigo dele ‘vido, alo age antijurdlcment, seo dane ou destrulgoeram neces ‘ris pra aastamento do pengo eso dao nose 6 despropecins! 216 couse conftos,regulados arava construso de c= Sede jstfcagio, de segue manera ext justficada Gls gue segundo ums ponderacio entre 0 dano €o5 ‘aha socis por ela Serta, tata ss males Nentagens, Da se pode deduir qe 0 dado comm fr Unmentadr de oso compertmento antic, ach ‘file anejuriicdade meter, consist na lesvidade Teal do comporsamenta, Lege, sempre que 0 coalito ‘eshr omni ue de oa upc i oir provoca, eos solugio ser justiicad. Isto le- Fouse desenvelisento de una tera da ponderacio de Jens dover como principio satemdtico reitor das huas de jsuscagt, a gual fo), por fim, reconhecida pelo RG em umn espetactlar decsgo™ "Nas stuagbes ts eng rn dun ak ue 8 9 Gio meio para proteger un bem jrdico ou cumprt Lim dever posto reconbecido pel det, deve-se Tesponder 8 pergunta quanto a se 8 agio € conforme 9 ‘Etec, nto petbids ou antijrdic levando em conta a felogio valerie exetente entre of bens OU Geveres Juric, relago esa ser dedida do Ditto em ve ‘Dest forma, foi possivel, bem anes da primeira :nentagao legislative, datada de 1975, jostificar @ Interupeip da gravider por indiagio médica (atul- mente, § 218 a I) —na qual colidem a vida ea sade a: gestinte com a vida do embrigo —levando-se em i pegs Se prio decore de xi do agente, et ele cbrigado a Indes o dans" "$904, SOB. proprio de uma colsuato est utoriado a ribs soteryengio de un ereio nem oi, a nterveagio for neces purafastar mpeg sual eo dana peel fer dasproporionalmente [nde em religi dane causado so propretirio.O propitirio pode ‘ig adeseagio do davo a ele cxoado, SE. RGSt Gl, 242 (254), de 3.1927 27 ‘consideraco o maior valor da vida da mie. Nao fosse assim, deveriam os médicos ser punidos pelo aborto (§ 218), eis que inexistia, segundo 0 Direito da época, uma Cabivel causa de justificagio ou exculpacso escrta. O estado de necessidade justificante "supralegal” foi rapi damente estendido pela jurisprudéncia a todos os cam- pos da vida, encontrando acolhida, através da formula- {20 mais precisa do § 34, na nova parte geral do StGB, Vigente desde I° de janeiro de 1975, Assim se pode ver como o trabalho especificamente sistematico de ordena- io dos conhecimentos sob a égide de uma idéia reitora éstimulou de modo decisivo o desenvolvimento juridico 2. Perigos do pensamento sistemdtico 37 _Apesar das expostas vantagens, a descoberta do Direito (Rechisfindung) no tmbito de um sistema capez de abranger toda a matéria jurdica néo € um procedi- mento ébvio, O sistema tampouco se mostra satisfatSrio tem todas os casos. Sempre se escuta outra vez qué 0 sistema poderia violentar a matériajuridica, daf decor- endo que 0 método de decisio mais adequado para a Ciencia do Direito seria a andlise do probleme, centrada no caso concreto. E necessério, portanto, esclarecer @ que dificuldades o pensamento sistemético pode lever. 4) Desatengao a justi¢a do caso concreto 38 A solugio do problema juridico com base em nexos de deducées pode trazer prejuizos para a justice 5a, (Nido T) O texto do dispstivo encontrasetransrito& nota 21 (cu, nm. 1). ne do caso concreto, Tome-se o bastante discutido exemplo do erro de profigio, ou sj, 0 caso daquele que nfo ‘consegue ter conscitnciadailiitude de sua condutat Em 1930, a dautrina dominante na cigncia defendin a assim chamada teoria-do dolo, de acordo com a qual o dala pressupée o conhecimentoe a vontade dos elementos de Fito e tambem a conscitncia da iicitude; este "dolus malus" era entendido como uma forma de culpsbilidade (Ppertencente ao lado interno do fato) (€f nm. 14 es). Fortanto, aquele que por erro considerasse licito um comportamento objetivimente proibido nio poderia ser ppunido por crime doloso, mas unicamente por culposo, Nos casos em que inexistisse a punicéo da culpa, 0 erro de proibicio evitavel ficaria em segra isento de pena. 39 Em contrapartida, a teoria finalista da acdo esenvolveu, com base em seu sistema, a assim cha ‘mada teoria da culpabilidade, que chega a uma solugio Completamente diversa. J4 que, com base na estruture ontolégica da aio humana, 0 ato dsloso consiste tunicamente em que 0 autor, com conhecimento & vontade, controle curso causal no sentido do resul- tado tipico (ef. am. 16), a consciéncia da ficitude, que nada tem a ver com a finalidade, ndo pode ser pressu- posto do dalo. O dalo compreende, enquanto aspecto subjetivo do tipo, s6 a finaidade mo sentido exposto, enquanto a falta de consciéncia da ilicitude, se inevi- tavel, exclui unicamente a culpabilidade, Portanto, age dolosamente inclusive aquele que nfo reconhece’ que seu ato € proibido, sendo punivel pelo ato. doloso cculpivel se 0 erro for evitdvel. Mesmo que se leve em conta uma redugo na culpabilidade, a moldura da pena sempre terd de ser tomada a0 crime doloso, enquanto a teoria do dolo resulteria na impunidade ou na apli- cagio da pena do crime culposo. 28 40. Esta “teora da culpabilidade” se consolidou de ‘modo predominante na discusso cientiica das dltimas décadas, tendo o legslador feito dela o fundamento da teoria do erro (§ 17). Ela leva também, em muitos casos, solugées justas. Parece adequado que aquele que dispensa maus-ratos severos # suas eriangas (5 2236) ou que explora 0s outros através da pritica de uma agotagem desavergonhada (§ 3028) nfo poss ter sua pena por crime doloso alterada s6 por causa da alegacto de'desconhecimento da probicio. Por outro Ido, j& néo parece tio claro que se deva punir por crime doloso 0 autor que, no caso de dispositivos pe ‘menos conhecides, comumente pertencentes a0 Direi- 10 Penal secundario e corn fraca fundamentacho ético- social, no tem conscineia do injusto, unicamente com base na evitabilidade do erro, conforme o § 17. Um tal agente pode nao ter se informado suficientemente, agindo sem cuidado, mas ainda néo € satisfatério que cle seja tratado pela valoracio dogmitica de modo idéntico Aquele que viola conscientemente a Ici. A dedugio extrafda do sistema (aqui: da doutrina finalis- ta) pode, assim, levar a resultados que no caso concreto nfo parecem justos nem adequados, se analiséssemos © comportamento em questio levando em conta situagio individual, sem 0 enquadrar em qualquer contexto sistemético, chegarfamos facilmente a uma solugio mais apropriada (mais detalhes a respeito da problemética do erro de proibicéo no § 21). 1) Redugao de possibilidades de solugao dos pro- Blemas 41 Ontra dificuldade da dogmitica vinculada 20 sistema esté em que, se por um lado 0 ponto de partida 20 sistemético simplifiae faciita a descoberta do Direito (Rechesfindung) (cf, a. 33, 35), por outro Todo, cle {edu as possbilidades de solugdo do problema, poden- do afastar at atengSes do que seriam concepgoes me~ Ihores. Desejo esclarecer o que penso referindo-me 20 cexemplo da delimitaglo entre autor e participe, tal qual tla € feta no sistema classico, de indole naturalists {am. 13, 18). Se 0 ponto de partida € que todas a8 citcunstinciasobjetivas pertencem a0 injusto, devendo Ser reconduzidas ao principio da modificacio causal no mundo exterior, logo nfo se podem apontar diferenges bjetivas entre a autoria, a instigagio e a cumplicidade (6 25, 26, 27); com efeito, as trés formas de contri- buigho fo gualmente causa do resultado. Acaba-se tendo que buscar a delimitaco no aspecto subjetivo do fato, tendo sido este, desde o comeso, 0 caminho seguido pelo Tribunal do Império (Reichsgericht). O ‘Tribunal, sem levar em conta a importincia objetiva da contribuigio do. agente para o fato, caracterizava a futoria através da “vontade de autor”, ¢ a participagio através da "vontade de participe’. A assim chamada ‘cori subjetiva da participagio, até hoje dominante na jurisprudéncia (se bem que com atenuagées essencicis), ‘esti em harmonia com a légica da construgéo sistemé: tica exposta. Por outto lado, 0 ponto de partida de uma tal concepeio de sistema impede de antemio que seja possivel dstinguir autoria e participacéo com base na gravidade objetiva das contribuigbes pars 0 fato, e que Se considere o “dominio” como critério de delimitagio. ‘A doutrina hoje francamente dominante, que segue esta orientacio, esté muito mais préxima tanto da literali- dade, quanto do sentido da lei, enquanto a “vontade de autor” permanece uma circunstancia sem qualquer zai referéncia 8 realidade peicolégica, que levou a jurispru- déncia a uma considerével inseguranga juridic® €) Dedugdessstendsica egtinas do pont de vista politico-criminal : et 42 E-comum que uma tolucio deduzida do sistema se mostreinsatisfatria porque a problemitica politico- Criminal presente em wma determinada constelagto de ‘casos nig € compreendida pelas dedusdes feitas com base em outros pontos de vista. Como exemplo, cite-se © caso do erro sobre o dolo do autor: A fornece a B uma pistola caregads, dizendo-lhe que atire na perna de C, Ele pressupde, contudo, que B conhega o fato de a pis- tole estar carregada. Mas B, que ndo.o percebe, pressiona 6 gatiho s6 para brincar com C, o qual € lesado em sua Integridadefisica (§ 2238). Estd claro que, porter agido sem dolo, B pode ser punido por lesbes corporais culpo- Sas (§ 230). Ao apreciarmos a conduta de A, porém, ‘urge o problema quanto possbilidade de punir alguém pelo induzimento a uma leséo dolosa praticada por meio He arma (§ 223s), apesar de ter essa pessoa suposto ‘erroneamente 0 dolo do agente executor. Esta solugso tra facilmente justificdvel para os adeptos do sistema ‘lassico ¢ neoeléssico, bem como para a jurisprudéncia ‘mais antiga (BGHSE 4, 355; 5, 47): 54 que, para os &§ 48 ¢ 49 do antigo StGB, a participasio pressupunha unica~ mente um fato principal tipico ¢ antijurfdico, mas nio necessariamente culpivel, ¢ uma vez. que 0 dolo era entendido como elemento da culpabilidade (nm. 13- BOGE, whee a tolidade da problemi, ROXIN, Totherschat, 1994, bem come ATI, § 25, Ne. 10 22 15), poder-sesia punir a referida conduta 2 titulo de iio ao § 278 snd qu eres sens dale “13 O sistems finalist fornece uma ourra sclucts. CConsiderando que, segundo esta concepgio, 0 dolo pet- once 20 po (nm. 16), esta ausente, neste caso, a ex! fencla formulada pela ll como pressuposto de qualquer rcpt: um fato principal tipice © antjuriico, Fice Pettis, portanto, a paricipacio, © A permanecerd fm fume, eis gue € impossivel punilo como rutor medisto 6 28, 1: comissio do fato “através de outrem’)}, ¢ tam [ito pela tentativa de instigacio (§ 30, J. Esta concep Pep Binaista conslidou-s na jursprudéncia desde 1956 (BGHSe 8, 370), e fot acolhida pelo leislador na nova Pave Geral, que, nos §§ 26 e 27, exige expressamente tum fato principal daloso como pressuposto da instigagéo eda cumplicidade. Isto garante solucSes sensatas para ‘irios casos: pois se o homem de trs (no nosso caso: A) conhece que a pessoa por ele provocada (aqui: 8) age Sem dolo, néo pode seu comportamento ser considerado tuma indugio 20 § 223a, devendo ele ser punido como ~ tutor (mediato) de uma lesio corporal perigosa “44_ Mas pelo menos no grupo de casos aqui exem- plificado, em que existe a suposicio errénea do dolo do butor, a séo-punicao de A pelo Direito vigente leva a urn rexultado politico-criminalmente errdneo, Se, como su- ‘punha A, B soubesse que a pistola estave carregada, no Fraveria dGvida de que A deveria ser punido pela instiga~ Go. Mas no caso de B nao ter a menor nogéo de nada, fem que A o reconhecesse, a responsabilidade deste fitimo pelo desenrolar dos acontecimentos seria objeti- vamente ainda maicr. Para uma anélise desvinculada do stema torna-se incompreensivel a absolvicio, se a grax Nidade objetiva do fato € ainda mator, permanecendo TB {déntico o aspecto subjetivo. Entre as cuias desta solu- ‘lo indiscutivelmente insatisfatéria encontram-re J& 02 pontos de vista expostos acima, nas letras a) eb). Masa causa principal, estreitamente relacionada a estes dois aspectos, ests em que ambas as premissas cujaaricula: ‘0 leva so resultado errdnco (0 posicionamenta do dalo 1o tipo ea idéia de que a participaglo pressuponha uma aco tipics-antijuridia) foram escolhidas por motivor ‘completamente estranhos 20 grupo de casos do erro so- bre o dolo do autor, nfo conseguindo, por isso, devid-lo de forma plausivel. Comumente se deduzem do sistema ‘mais solugdes do que permitiriam suas premissas. Nes- tes casos, a impropriedade polftico-criminal de tais re- sultados é inevtével. A) Autilizagao de conceltos demasiado abstratos 45 Um titimo perigo do pensamento sistemstico ‘esti em que, no esforgo de ordenar todos os fendmenos da vida sob alguns poucos pontos de vista reitores, se utilizem conceitos demasiado abstratos, que desconsi- deram ¢ violentam as diversificadas estruturas da ma- téria juridica®”. Até mesmo a procura de um conceito unitrio de ago, que sirva uniformemente a todas as espécies de delitos, pode levar a que a dogmética cesqueca as diferencas fundamentais entre o atuar do- los0, 0 culposo e a omissio, comegando em um nivel elevado demais na escolha de seus conceitos. Por bastante tempo, eram dominantes as teorias segundo as qusis a distingéo entre, de um lado, ato preparatério {1,_Urna “Vereiigung der hasuisischen Methode” (Defesa do método ‘anurtice) encenta-e tamblm ex GARDOCKT, 1992, 294 es 224 sgn G20 ae sins es i tee cede rece tal "46. £ 0 apego a abstracso que também explica a drs a rls reareeen te nn on ee ae a sn ree crn Se i A a see ocr» Se Canad Sear ag ee eee, aie a i eee seen ae cog ae res cr Parae e aee e e (Wd °§ 266, infdelidade. (1) Quer abusa da facade de ‘lipo do patimdaie alo, que Ihe € concedid por lei, encago adm trav ou nei jurdeo, oa visas a obrgagio de cudar dos inte {esses patrimoniis de teesire, que The € posta por le, encargo amie ‘istratio ou negel urd eassand, através dso, dano as interes- fs patrons de que ele tem de cular, € punido com privagio de berdade de m5 snos ou muta. 2). 12. Mais detalher em ROXIN, Tatherschaf, 1994, 3528. (Gh (Ne doT) Em sus monografia de habitagSo sobre Avtora e dom tio do foto ("Tierechaft und Tatherachaft, ct. 1 nota 4, acim), net rengas a0 delimitar s autora da partcipasfo, Com feito, 6 controle sobre a agio (0 chamado “dominio do aos $6 poerd sero dado crater da autora fo caso cm que 0 tipo se constitldo. pela ago, quanto nos Uelitos de dever, sutra nf € funds: ‘hontada por qualquer contole extermo, ms uicamen fe atrvés da wclagio do. dever. Caso inensta esta ola, o caso haverdpacicipgao, ainda qe presente contrle do acontecimento tiped. G7 O excmplo acaba spentando para an problema fundemental as eons doesnt, BOLLNOW" de- larou que 0 pergo de quaigucr sistema consiste em ‘constr levanarente no vaio de um espago ita avinando que se deve ‘caren guards” face sos casos em Gu “we lave a solugio encontrada para um exemplo & Guero sem mais consideragoes™. Onde estiverausente 2 “Teststéncia da cosa, o sistema tert perdido seu "con- tato com a realidade™, Com isto e descreveu um perigo que ae sueltam todas as construg6es nas ciécias do spite que também, com bastante fequéncia,amea- aio esforgossistematcos no direc Dpropie ROXIN que o dominio do fat ndo sn wm eter epto “staguir stor de parcpe em tds os deltos. Em expec aque elt que possem caracteisiessespeciis de autor — os chamados ‘Scites prepress sutona sera decoréacla nto do domo do fit, € ‘Sm de lac do dever expend, cjodesatendimento 2 orm penal ‘puna Estes crimes foram denominados por ROXIN “deltos de dever (ide: ROXIN, Taterrschaf, 35255; omesmo, Leipige Kormentar, TT" edigio, 1993, § 25/37 « ss; SANCHEZ-VERA, Pichdlt md ‘Betaligung, Dunches & Humble, Bere, 1999, 22 € ss, que fiz um ‘isaieo da teors;¢, entre 26s, acolhendona, JUAREZ TAVARES, Ar Controvérsas em torso dos crimes omissivs, nstito Latino-Americano de Cooperasto Pezal, 1996, 85). 65. BOLLNOW, 1962, 147. 226 3, Pensamento problematico 48. Em face dos maus frates que, segundo ficou nor 0 pensamento sstmdtico pode produar, ee seated buscar um metodo que patisse mais do probe ia concrete ¢ case possbildades de tesolel0 de ‘Bodo jano.¢ equa Como tecnica de um tal “pen- Timnio problemmicon® dlscativse bastante no D6 fuera respec do procedimento da opis", que apa- seer can Aistétles, © desenvovido para fins retori- ree A etidmente por Ciceroe Vico Este procedimento seers brands ceo no Dieito Civ Entende-se por Spica um modo de resclugio de problemas através Ge chamados "topo Estes seria "pontos de vista ces ceptres de vans manetas aceftéves em quaisquer Strungdes, que so uilzados em sentido favorsvel ow “Contre atm determinad opiniZo e que podem nos Condusir 20 verdadero". Estes "pontos de vista" po- ‘dem ser compilados em “catélogos de wpa", devends- Se discuir os prése contras de sua aplicagio a um caso ‘Soncreto, té que win acordo, in sens communis, Sura BEA expres & wm tanto impreis, pos também. o peasimenta ‘Ssxemduce lide com problemas eo ese, A ea ierengs eh em foe, no pessiento topic, slug nfo surge do sistema, mas da ‘Tizaato « do conseneo pobre a coacreta conteloln de casos. Ch CCANARIS, 1968, 136 £70 prio nln pra scsi dado por VIEHWEG, Toit td Jarupruden, 1953, 51974,Da discuss (em maior pare, do Dice to Givi), vide: DIEDERICHSEN, NIW 1865, 687 ss; HORN, NOW 1967, BDl ss; KRIELE, #1967, 114 ss; CANARIS, 1969, 135 ss; TARENZ, $1981, 1451 sobre o coafronto com o ase-law do Diréto rgloamescan, que representa ena forma especial da tépica, wide SCHUNEMANN, Coimbra Symposium, 1995, 193 5, {58 Asim ainterpretagio do conceit, surgido primeiramente ma obra Ge Artétles, por VIEHWEG, °1974,, 10 a rexpeito da slugto. Na aplicagto pte iso poderia SSSA goede de'un deleratond problema — Lge que surge comumente no debate clentico ou na ast vada entre oes gts de enter a Sentenge em primeira ligarse devarn pasar em Tvs- is todas as clugdesc arguments imagingves para que depois, numa andlive dos prése contas, tome-se uma ‘deci capas de ser acelta pela generalidade das pes- “49. Umtal procedimento tem apicasSo também no Direito Penal, Ele tem utldade como uma primeira crientagdo naqueles campos, igualmente exstentes nes- te ame do dirty que 0 legislador deixou em aberto (GES 5, am. 46-48, 78), ¢ serve para 0 preenchimento Goutsice de concetos indeterminados © clausuls ge- fas, que antecede 2 sstematizagio®. Ele se mostra iguelosenteaptoa servis como uma instincia de controle dis solugées que se deixem extrar do sistema. Amelhor snanera de recoahecer se uma solucio € ou no satsf- erin €testéla sob o aspecto da equidade, abstraindo do ontexto sistemiticoelevando em conta todos os pontos de vista polticojuridices possivts. ‘30 Contudo, a t6pica nfo pode substtuir © pensa- mento sistematico no Direito Penal. Eisso nfo s6 porque WoT) Pare choos uma maior suranga 4 operat coms con- Bios ndeteminados e dvs gers,» dovtrna alr se usiza da ‘Shstugio de grupos de caoe, cncretizgbes do terme generic ¢ ob eter gue pene so jue a su aplieago clara is hipoteses que tena Gane dest A teoie da imputaio ojei, por ex, compe just ‘ent de conrctizagéessucestivs de conceit indeteminados através Jegrapos de casos. O elemento nomativ genético “eriagio de um sto astmente deseprovado® sel coneretizado em grupor de casos come J immuigdo do race" o "race jrdiesmente icelevante" "sco per~ ado" ote (ef sdinte, Parte I, am, 47 ess; emev estado Imputagio Sbjetvas uma introdupdo,V, 2, b, neste volume). 28 nudona as vantajensprétcas deste, como 8 ml FateTds uilice de caso ea organiza clara ds has jordien, que falta a descoberta do direto: Has | San aso, contraria jo em suas premlsas 28 idéins St Previsbildade e da uniformidade da decisto do jut, ere por motives de seguranca juridic, 630 sinda malt Sifter ne Direto Penal que em outros ramos, Jo “ireco, Como relevou também a critica formulada exte- see eate ao Direlto Penal, em itima instancia€ 0 fato ‘Botan a Citneia do Direito vinculada ei que torna © procedimente t6pico inadequado como método geral d= Sbtencio do dirito. “A t6pica respond .. 2 perzunta Gquante obrigatoriedade do reconhecimento de um de- erminado ponto de vista trazido 8 colagéo € quanto {ecolha entre eles .unicamente através de uma alusto Sopinido de todos ou da maioria ou dos sablos', ov 80 ‘common sense, com 0 que ela se coloca em frontal opo- {Scho 2 teoria da vigdncia e das fontes do dircite"®. No Direito Penal, esta pergunta surge de maneira ainda mais “urgente, em virtude da proibigio constitucional de qual- {quer solugio in malam partem através de analogia, Prae- ter legem ou direito costumeito (cf. acima, § 5). £ 3 impossibilidade de responder a esta pergunta que s deve 0 fato de que a discusséo a respeito da topica mal tenha chegado ao Direito Penal. A exigéncia de determi zagio da lei coloca 0 pensamento vinculado a0 sistema de antemio numa posicio de superioridade. Contudo, freqUentemente se esquece que uma sintese entre pen- samento sistemético e problemético & fecunda ¢, até certo grau, possivel (mais detalhes acima, nm. 80 € ss.). 70. CANARIS, 1969, 149; assim tambésn DIEDERICHSEN, NW 1966, 702 is 23 ese tect uote ee ag dee algo que surge comumente no debate cientifico ou na ae ers os Se genie oe eee SoS cee ee eat ec eae eee a oe oe ee eee “49. Um tal procedimento tem aplicaio trbérano Direto Penal: Ele tem uitlidade como uma primeira drientacdo nagueles campos, igvalmente existentes nes te rame do dieto, que 0 leglador deixou em aberto (6F'8'3, nm. 46-48, 18), e serve para.o preenchimento asustico de conceitosindeterminados © clsusules ge. ais, que antecede & sistematizacao®. Ele se mostra Iguslmente pto a serve como ura instncia de controle das solugdes que se delsem extrair do sistema. Amelhor imaneira de reconhecer se uma solugfo € cu no satisfa- tora € tests la sob o aspecto da eqUidade, absraindo do Contexto sistematicoe levando em conta todos os pontos de vista polltic-juridices possivis. ‘50. Contudo, a topica nfo pode substicuir o penss- _mento sistemstico no Direito Penal. Esso nao s6 porque (&%_(Ne do) Para chegr a uma saior segurange 4 operat com con ito indeterninados eels eral, «dovtrina lems se wiza da Gonstrugio de grupos de eases, concretizgbes do temo genérico¢ abs “ato, que pert 20 jr sus apliapi clara As hiptese qu tena diane des A teoria da imputagt cbjetta, por ex, s© comps jst nent de concretiaagoessucesias de conceit indeterminades starés {egrupes de cass. O elemento normative genérico “crag de um isco tndieamente desaprovado” srl concretzado em grupos de esos como “iminuigd do race", 0 "iscojuidicamente irelevante’, “sco per ido” ete (cf. diane, arte Il, nm. 47 ess; e mew estudo Imputago ‘ena ua introdupao, IV, 2,8, neste volume.) 3 cla abandona at vantagens pices deste, como a b> Fieagio de ance de canon e a organtzasto clara &8 3 ers Jrihen, que falta a descobera do dite, Fis Sem Sisco, Contrria js em suas premissas a8 idélas da previsibilidade e da uniformidade da decisio do Juiz, Joe, por motives de seguranca jurtdica, so sinds mais ‘ecantes no Direto Penal que em outros ramos do iret. Como relevou também a critica formulada ox. flormeate ao Diteito Penal, em sitima instancia€ 0 favo Ge estar Citncia do Direto vincalada 8 ei que tora © procedimento topico inadequsdo como metodo geral de Bheengio do dieito, "A wopica reeponde ... & pergunta {quanto & obrigatoriedade do reconhecimento de um de- {erminado ponto de vista trazido 8 colagho € quanto 8 fscolha entre eles .. unicamente através de uma alusio 1 opinito de todos ou da maioria ou dos stbics’, ou 20 ommon sense, com 0 qe ela se coloca em frontal opo~ sigio 8 teoria da vigénciae das fontes do direito"”®, No Direito Penal, esta pergunta surge de maneirasinda mais ‘urgent, em virtude da profbigio constitucional de qual- ‘quer solugio in malam partem através de analogis, prae- ter legem ov diteito costumeiro (cf. acima, § 5). & 2 impossibilidade de responder a esta pergunta que se dove ofato de que a discussio a respeito da t6pice mal ‘enha chegado a0 Direito Penal. A exigencia de determi- nagio da lei coloca o pensamento vinculado ao sisterna de antemio numa posicio de superioridade. Contudo, freqilentemente se esquece que uma sintese entre pen samento sistemitico € problemitico € fecunda ¢, até certo grau, possivel (mais detalhes acima, nm. 80 e ss.). Sa CANARG, 1969, 149; asim também DIEDERICHSEN, NIW 196,702. is no s . Y, Fundamentos de um modelo eelipico/oltio- 2 Giiminal do sstrne aie : ; , ; J, Sobre a concep de um sistema oventade ava 51_O sistema 6, portanto, um elemento indispen- sivel do Direito Penal do Estado de Diteito. A decla fagio de HELLMUTH MAYER", segundo a qual: ‘Como o demonstra a histéria da dogmsstica, a materia Juridica se deixa eapturar nos mais distntos sistemas. Todos esses sistemas sto Gteis, se utilizados de modo conseqiente’, s6 € irrestrtamente correta em sua primeira frase; a segunda somente 0 seria se 0 que Importasse fosse exclusivamente a ordenagio exterior da matéria. Mas, como vimos, 0s diferentes modelos de sistema influenciain de mado considerdvel a solugio de problemas, e além disto as vantagens ¢ desvantagens do pensamento sistemtica se manifestam de mancira diversa em cada concepsio. A pergunta quanto <0 Sistema correto, a0 contrério do que comumente se afirma, nao € uma ociosa brincadeira, mas representa 1 busca do Direito correto. '52 E de partir-se da tese de que um sistema jurfdi~ co-penal moderno deva estruturar-se teleologicamente, isto & alicergar-se sobre pontos de vista valorativos. Com efeito, se a solugio conforme ao sistema surgir ‘como consequéncia de uma valoracio prévia, estaré ga rantida a harmonia entre a ogica sistemitica e a corresao, da solugo, algo cuja ausencia levou a tantas dificulda- des, Ao dizer: "O que deve ser decisivo € sempre 3 oligo do caso concreto, enquanto exigéncias da siste- Fi HE MAYER, Studienbuck AT, 1967, $8. 230 rnitca devern recur pra epundo plano” consuls JESCHECK soluconar alga das Gesvantagens(2C- tha, nin. 37 es») do penssment sstemsico em casos Individuals, mat pagando 0 prego de uma desconsidera- "Blo do sista, que caries gulmente sus vantages $f pelo contro, os pontos de via vlortivosatuarem imneiatarnente wre &constrogio do stems ustica diocasoconcreto (nm. 38-40) estat de anterno asseg- fad, na moan em quent pode Sex preporcionado por {Um Direlto vinculodo & le, aia, toda consclagto de isos sed referida a0 fim dale Pelos mesos snotvos, stema 96 poderdexchur aquelas solugbes (am. 4) Gque se mostfem irreconciéveis com suse inaldades. Kaui também desaparece a possibldade de que as solu- Gus se apresentem como derivaghes de exigencas iste. fais epas a valores om. 42 e 38), pos em um tal Caso cls nfo, estariam mals compreendidas no modelo Go sister. E claro que, nos casos concretos, também pode ocorrer de virem 8 tona contradigies valoraivas InatisftGrias no seto do sistema telecl6qico; ais contra- igs, contudo, podem ser elminadas através de corre- (es do sistema — € disso que consste 0 progresto Elentifico neste campo — ou, quando decorrerem de Aispositivos legis vinculantes, ser expostas de rancira # abrir caminhos pare uma futurareforma da le. 53. Os pontos de vista valorativos reitores, que constituem o sistema do Direto Pena, #6 podem Ser de {indole poitco-criminal, pis os pressupostos da punibi- FE TESCHIECK, AT, §21 12. Concerdando com a opinifoaqu expat 1, agora, JESCHECK / WEIGEND, ATS, §21 12: 7O que deve se dec € sempre asso do aso concet, enqunto a exighoins Sltemftcas ever ser stendidaseravés do ulterior desenvolvimento do Sistema ma hipstese de que os clos cocretos no consgam souchonar fe demodo adequado strats do sistema tradicional” z dade tata de cnet segundo oe lo Direito Pen, Sob esta. perspectiva, ae categorie Findatnentas sister adionel sto vistas com ns Erumantor de valoragoee polticocriminas, ue se mor {ta nclpencdves tami para um sister cleo Sot Os cretos hurmanos © os princilos do Estado de Bircito cdo Estado Socal ineprarn a valores pollt- Ceciminas e ataves de son vigencia supranaciona, {Sram ac pedias base do Direito Penal europew"™ 4) Aagao 54. Segundo o ponto de vista aqui esposado, 0juizo de que alguém teria praticado uma agio serd a conse- GQfiéneia de uma valoragio, Esta valoragio diré em que hipéteses alguém tem de deixar-se imputar um aconte- cimento ou um ndo-agir como um comportamento seu, Anidade da agio nio € definivel por um dado prévio, fempitico (nem a causalidade, tampouco um comporta- mento voluntério oa a finalidade) que se encontra na FE Ch ascxpasiges de RUDOLTH, 1984 695, digs 0 mesm0 Jentide, FIGUEIREDO DIAS, Coimbra Sjmperiw, 1998, 359, de ‘ord similar ao ext, considers neeesrio Que 0 intpete “ee as ‘orgs legis se vloragesfundamentais de ndlepltic-crnial Invegradas po stern” considers, acertadamente, terpenctragio ds roma com se elas plico rua «supa sca que funda- ‘ents um sistema funciona teleolgicoacional- Tambem SOUSA E BRITO, CoimbrasSymprio, 1995, 6, clama por um sstemacentific> do dlito, que gu osstema linia dos tts lementas do crime com ams intrpretapo tleoliie / pltcocriminal .. prima 3 de Ro- aa’ 74 sso ttle do lio “Coimbra-Sympesium’, 1995, 90 qual em Special WOLTER (3), MIR PUIG (85) e MOCCIA (45) parte de Inlnhacoocepeio ea expandem ama dimensio lobl-européin. Neste {eatide,igualmente, FIGUEIREDO DIAS (358). 232 base de todas as formas de manifestagio do comporta- mento punive. Esta unidade se constitu, ss0 sim, at2- ‘es de um mesmo sspectovalorativor alguém agi, q¥an- Go um determinado efeito dele decorrente ou no de- Corrente Ihe posse ser atribuldo enquanto pessoa, isto tenquanto centro animico de atividade”s, de modo que 5 joss falar em um “agit” ow “omitir” ) com isso, puma Pexteriorizagio da personalidade” (detalhadamente ‘quanto aisso, §8,nm, 44 es), Apesar de que a afirma- slo de ua ate fo impli, em cmaaue valorgio hegativa (nem sequer proviséria) — comportamentos ocialmente benéficos e lesivos sio igualmente ages — por trés desta categoria jaz, certamente, uma finalidade politico-criminal: através da valoragio de que se trata de ma ndo-agio, exclui-e, independentemente da aparén- Cizexterior e das conseqiléncias causais do existir huma- ‘no, agulo que jé de antemio néo se submete &s catego rias do proibido e do permitido. 2) O tipo 55. No plano do tipo, a agio € considerada sob 0 aspecto da necessidade abstrata de pena. Isto é: uma acio & declarada em regra punivel, independentemente dda pessoa do autor concreto e da situagéo concreta em. que ela ocorre (ou seja, salvo situagdes e circunsténcias especiais). O fim politico-criminal de uma ameaga abs- trata de pena é preventivo-geral: através da capitulacéo de um determinado comportamento em um tipo penal FE Neste aspect, € plenamente coreto que RODIG, em seu esbogo ‘de umm teora do delta iparsda (Lange, 1976, 56) considere 0 injust “uma indlcagho de comportamentodiigida aur ator (poten Cal) Fle ebestims,unicameate (como eu também o fain), a igi Sloautinomadotipo. deve o individu ser movado omit comiportamen- toa deserts (nor deter onion, ean = 90 devida)”*. G : = 36 Eta rientagto prevetv-gr es prineis- mente, a ume nterpetaao em nao pl: Pero, in tne deve se intefprcado segue © fin dae {leeologtcamente) sto de maneia que oe comport Inestsleplmentsdsaprodor sje complesonte Compreendose que oeetomotvador peventio-ge Fal sr mode live de lacus, Por outro, ura preven eal che pressupoe iguanente + detcrinaio da, Sina maor exo eideidade ao sentido era pox sively o que €exigd plo principio mul cimen sine ig (168 EG sew color he ente'© principio mulum erimen, 0 ip © 3 pretengfo eral cf'§ 9 nm, 2200), Comiso, oto enconrase Em meio ac campo de tensto entre0 fim dale a eterminago da lJ se indica acim como deve set Seluctonado este confit entre fnalidadesInrentes b prevensao geal cia, § 5, nm. 28)” FeO texto parte da dostrins sbicltamente majoriti, segundo 2 (ual as nonmas pena se diiger, em primeira links, a06cidadis. Em ‘Semtido conti, SCHMIDHAUSER, 1988, que vé nos als esata de persecugho penal o inicos desnatirs. Contra SCHMIDHAUSER, om razio, HOERSTER, JZ, 1989, 10; o mesmo, 11989, 425; contra HOERSTER, novamente SCHMIDHAUSER, JZ 1989, 419. 77. (N. do.) No ctadonimero de margern, ROXIN diz que a iter- retago deve manter-se ne ites do entide teal posivel,devend, Contato, recorer a exitéiescoacetzadores dentro destes limites “A dovtrna alm cosuma ding interpreta da integracso cde lacunasfxando os nites cd primeta: pode ser considera interpe~ {ago toda iteligtcia que alnds te compreenda ns limites do sentido literal posstvel (cE, pa ex, LARENZ, Methodenlere der Recwissens- haf, B edict, Springer, 1991, 343). Se utrapassda esta isha demar- ‘Gtr, ceremos adentado no dominio da analogia, que n Dieta Penal 234 57 Mas nfo 86a prevensio ger e suas tendéncias ambivalentes, também o principio da culpabilidade j6 ddeixa a sa marca sobre o tipo, Uma das tarefas essen- Ciais da teoria da imputacdo objetiva consiste em, con- tiariamente a0 entendimento puramente causal antes defendido, excuir do tipa objetivo aque causagoes de Tesbes de bens juridicos surgidas por acaso ou em cons- abencia de um versari in re illita®, que configurariam Violagbes 20 principio da culpabiidade. A necessidade abstrata de pena, sob o aspecto da prevencio geral € © principio da culpabiidade sio, portanto, os pontos de ‘Vista poitico-criminaisreitores para o tipo. Somente a prevengio expecial € estranha a0 tipo, eis que ela pres- upée um autor conereto, que aqui ainda nlo desempe- nha qualquer papel. 9 O injusto 58 Na categoria doinjust, a agio pica concreta & analisada segundo o axpecto da autorizagio ou da proibi- ‘lo, levando-se em conta todos os elementos reais da Situagio particular. Neste terceiro nivel do delito, deve- se falar em “injunto", ¢ nfo s6 em “antjuridcidade” Pois asim como 0 tipo cartega em seu bojo a agéo (s6 agées podem ser tipicas), assim também a aco ¢ 0 tipo estio contidos no injusto: s6 agbes tipicas podem ser [Bae permite fx bonam parte, Como as excludentes de ctude ‘ertencem 6 o Dito Pena, mas 3 ordem jrdia inti, dicute-se ra probigho de ultrapasro sentido itera possvl Tes seri ou nig Slivel, seado ROXIN cm dos defensores da segundsopiito (AT? 1997, §5/42) 78. um compartamentoantiuriico qualquer, nfo referido 20 UP Inston jt pal snide pl comet fo, no € uma categoria especiicarente do Dieito Pe- ‘al na Go ordenamento jutico com wm too! com= portimentos podem set antijuriicosem face do Direto Eis ou do Diclto Pablico, «sind asim eaecerem de {elevincia para Diteito Penal ssi também, a causas de jusiReagio tém sua orgem em todos os ramos do iret, oque ¢impertante para determinar es pontos de Vista ovientadores decsivor no plano do injsto (am. 6264). . $9. Sob aspectopoitico-rimina, ojuio doinjus- to é moldado por tes fungbessolucionar colises de interesses de forma relevant pare a pongo de um oa mais envolvids no fato (um, 60); servic como ponto de apoio para as medidas de segirangas eoutras conseqien- has jurtdeas (nem. 61); e liga o Direlto Penal 3 total de do ordenamento jurdic, integrando as valoragbes ‘ecsivas desta (am. 62-64). 0. Primeiramente, no injusto cleva-se o fatoalém da tipficacio abstrata contida nos tipos: 0 fato é stuado tno conterto socal, daf se obtenda uma valoragfo do Conflito de inceresses sob o ponto de vista de sua proibi- {Ho ou autorizag (caso este em que ocorre a exclusio do injusto), por ex, entre agressor e defensor (§ 32), centre um salvador e aquele que deve stcrificar sua pro- priedade ou outros bens juridicos para fins de salvacio {§5 904 BGB e 34), entre o Estado persecutor de crimes €'0 cidadio sobre o qual recai a suspeita (§ 127 StPO) ete." Aquele que, em um tal conflito de interesses, lesa FR (Nido T) 0 autir seefere,respectvamente, eis dfes (5 £32), soestado de necesdade apres, do Cédigo Civil Alem (§ 04, {ques plca acs casos em que o bem saaficado € de um tecero no pressor ni envlnido ma cxiasS0 do ergo), e& piso ex grant 6 236 ‘um bem penalmente protegide sem estar acobertado Pot lima causa de jstificgto,realiaa um ijusto, Dito Te terialmente: seu comportamento €intoleravelmente Te- Sivo para a sociedade. Com essa afimativa (da mesms {maneira que quando se considera realizado o tipo), mo se disse nada de definitive sabre a possibilidade de punit © autor (pois ainda pode incidir uma causa de exclusio Ga culpabilidade ou da puniblidade). Mas oinjusto, €n- ‘Quanto lesividade social concrete e inclerdvel. de um Comportamento, caracteriza a punibilidade tipica (salve fs referidas exceg6es) de uma forma um pouco menos abstrata que no plano do tipo, sendo, neste sentido, também determinado pelas veloragoes politico-crimi nals deste (cf ainda nm. 62 e ss). Nos casos em que 0 injusto esta exclufda, surge além disso um dever de Suporter da outra parte, a qual ter seus atosvalorados Como injustos, ou seja, como tipicamente puniveis, se praticar algumm comportamento tipico a0 oferecer resis- {encia. Assim, a valoragio politico-criminal deve sempre terem vista 0 duplo arpecto de que ao slivar-s a pres- ‘io do Direito Penal sobre um individuo se est, ipso facto, aimapé-la sobre outro. G1 Em segundo lugar, 0 injusto € politico-criminal- mente relevante enquanto pressuposto fundamental de todas as medidas de seguranca (6§ 61 e ss.). Uma vez aque lesividade social intolersvel constitui seu contesdo material, basta que seja cla acrescida da periculosidade duradoura do autor, para que se apliquem medidas de corregio e segurang2. Como a periculosidade comumen- te € indiciada pelo modo de realizagio do injusto, na teoria do injusto jf aparecem consideragées preventivo- especiais. Além disso, de lembrar-se que a participagéo| TsO), 237 (65 26, 27) e 0 favorecimento (§ 257) dependem do injusto do fato principal, e que também o erro de proi- bigdo se dirige a0 injusto (§.17): assim como € preciso aque 3 periculosidade seja acrescentada 0 injusto para {ue se apliquem medidas de seguranga, assim também 380 os elementos culpabilidade e necessidade preventiva de punigio (acrescides 20 injusto que se cometeu ou para cujo cometimento se contribuiu) que fundamen- {am a responssbilidade do autor indvideal,« qual auto- rear sua ponbilidede 162. Em terceiro lugar, 20 valorar o injusto levando fem conta causas de justificacao de toda especie, prove- hientes da totalidade do ordenamento juridico, conside- a 0 Direito Penal of interesses de outros ramos do direto,garantindo, assim, a unidade e a inexisténcia de contradigoes do ordenamento juridico. O Direito Penal protege através de causas de justficagio interesses indi- iduais de dimensfo comunitéria (5§ 32, 34), finalidades politico-familares (como no direito paternal de educa- Gao e castigo), necessidades,processual-penais (direito de prisdo em flagrante e numerosos outros direitos de intervengéo), medidas coaivas do processo de execusio civil (oficial de justga!) e vérias outrasintervencées de Direito Public. 63. Por um lado, as causas de justificagto, em sua maioria, io estfo reguladas no Direito Penal, sa forca justificante vale nfo s6 para o Direito Penal (e sim tam- bem, por ex,, para agdes nio puntveis, mas proibidas pelo Direito Civil, como esbulhos possessérios ou inter- ‘vengées no dire geral da personalidade™). Poder-se-ia BE WW, do T) 0 BG ato prsege expressimente todos os dictos personalise, mat 38 algus, come, por ex, 0 nome (§ 12), «vids, & Incegidadefsca, x sade ea liberdade de locomoyio (§ 823, Abs. 1) 238 concluir, a partir da, que valoragées paltico-crimi Careceriam de relevincia para a dogmtica ea sisteméti- Ga das causas de justificagto. Mas isto seria apressado Semais,Primeiramente, porque a protegio de interesses Soctis relevantes €, quando necessirio, uma tarefa do ‘Direito Penal ja no Aimbito dos tipos; esta tarefa € sim ‘plesmente levada adiante no momento de analsar cusas Se justificagdo,E, além disso, nfo se pode negar que as ‘casas de justificagso tém Sua principal importancia pré- flea no caso de uma intervengda em bens juridicos pro tegidos pelo Direito Penal, de modo que elas se encon~ tram no campo de tensio entre tendéncias opostas, que tm de set levadas em conta no momento da interpreta- Gao. Assim, por ex, 0s direitos de intervencto, ortundos Ao Direito Processual e de outros ramos do Direito Pi blico, devem assegurar fungies estatais essenciais garan- tir que este fim seja atingido através de uma interpreta- {Go que proteja o funcionsrio pablico e Impega resistén- ‘la do administrado é certamente uma finalidade politi- Co-ctiminal acertada, Por outro lado, a defesa da liber- dade individual contra abusos e intervengbes despropor- Cionais pelo Estado € algo nfo menos importante do onto de vista politico-criminal, tratando-se de uma fi- nalidade interpretativa de mesma hierarquia. A obten- ‘cio desse equilibrio normativo ineumbe certamente no $6 a0 Direito Penal, mas € também determinada pelas peculiaridades do Direito Constitucional e administrati- For evar que a proteio aos direitos da persenldade se tornasse Tecanon, temo a ureprudénis como fundamento os ars, 1 «2 da La Fundamestal, que contoram s digldadee o lure desenvolvimenta da persnalidae,e crow 9 chamad “zeit gral a persoraidade” (al [emeines Prsblichletsrecin), que hoje € um institut coisalidad ‘Diito Civ slerao (¢. LARENZ / WOLF, Allgeiner Tel des Bar- erlichn Rechts, 8 digo, Beck, 1997, § 8/12, 5-6, 73 €} 29 Ito, contudo, nada dis em sentido contro fn lidades poltico-crminals como pardmeto da dogmie- cal. Unicamente se prov que os diversor rarer do Direitondo se encontam olados um em face do ovr, ‘mas que eles se completam esustemam muwamente (64 S66 posivelsistematizar as eausas de justifcs- so na inedida em que elas se possum compreender como combinagéo de dversos principios de ordenagio focal (principio da ponderagao de bens, principio da defess, princpio do prevalecimento do drei, principio da sutonomia ete. — cf, mais deathadamente, § 14, zn. 37 ¢ ss, € paraanormna central do estado de neces” sidadejustiicante detlhadamente § 16, nm. 3e=5)® Estes principos, enientando-se segundo diversas con dieracées politico-criminals, decidem sobre a utidade ou lesividade social de um comportamento, e, por con~ seguinte, sobre a licitude ot ilicituce de wna iterven- So tipica, Eles modificam igualmente o aleance do pri ipio mull crimen sine leg, que aqui nao se refere mais 430 sentido literal, «sim is orientagSes fnalfstieas que fencontram por trés dos princpios de ordenaglo. Esta ‘modificagao explica-e pelo fato de pertencerem as cau- ss de justficago a todo o ordenamento jurfdico, nio podendo, portanto, estar submetidas aexigencias de de- to estritas como as de regras exclusivamen- te de Direito Penal (mais detalhes em § 5, nm. 42). AT, Conrado, nest sentido ao que parece, aextens cca de RUNTE, 1991, 311 5 82. (N.do'T) A doutria alems costuma compreender cad cas de {usagi como um entrechoque devils princi, que erentariam ‘a rusinterpetagioe desenvolvimento, Asim, por ex, epee defect ‘stare Fundameatada pelo principio da defess individual edo prevalec- mento d ordem juris, oconseatimentoestariafundado na utonomis 40 ) A responsabilidade 65_ Ns categoria da “responssbilidade” (a respeito, jf acta, nn. 2) interessataber se o tuto! individual ‘merece s pumigio pelo injusto por ele realizado. O prin- ‘pal pressuposto da responsabllidade €, como se sabe, ‘llpsbildad do autor (sobre o principio da culpabilic de, segundo a doutrina dominante soa fundamentagso constivuciona, ef. 0 § 3, nm. 48 e 555 aprofundada- ‘mente s respeito da culpabilidade abaixo, § 19, nm. 18 58). Mas ela nfo oinico;além disso, deve existir uma necessidade preventiva de pena (cf. nm. 27 ¢, detalha- damente, § 18, nm. 1 € ss). No chamado estado de recessdade exculpante (§ 35), por ex, 0 autor age no 6 antijuridicamente; cle também pode agir diversamen- te e se comporta também de modo culpével, 0 que se ‘edu do fato de que, no § 35, 13° ele tem de suportar © perigo e€ punido se nfo. fizer. Se nio ocorrer um tal caso excepcional, também nfo se pode explicataisencio de pena com base na exclusio da culpabilidade. A nio- ppunigfo decorre, muito mais, de que 0 legislador consi dora que em tas situagées extremas nio existe qualquer necessidade de prevengéo geral ou especial, de modo ‘que nestes casos a responsebilidade juridico-penal desa- parece (aprofundadamente a respeito, cf.0 § 22, nm. 4 € 5.) Algo correspondente vale para 0 excesso ne lefti- sna defesa(§ 23) « para ours constelages a serem 66 No campo dos pressupostos da punicio, a res- ponsabilidade se apresenta como a realizacio dogmética BE do T) Ene deposit excaks possbidade de aquele que “provacou operigo" ou que eenconte “er uma relagiojurfdicaespe- cil" lear estado de necesidade exculpunte Para o texto do dispont- v0, vide not do tadutor 2. 2

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