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MÓDULO

POVOS AMAZÔNIDAS: TECNOLOGIAS AMBIENTAIS E


DIFERENTES PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO

CIÊNCIAS HUMANAS
E SOCIAIS APLICADAS

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REALIZAÇÃO:

PARCERIA:

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FICHA TÉCNICA

REALIZAÇÃO CONCEPÇÃO DO PROGRAMA


INSTITUTO IUNGO Equipe
ALCIELLE DOS SANTOS
Presidente ANTONIO CARLOS OSCAR JÚNIOR
PAULO EMÍLIO DE CASTRO ANDRADE CARLOS GOMES DE CASTRO
CAROLINA MIRANDA
Diretora de educação CLÉA FERREIRA
ALCIELLE DOS SANTOS CYNTHIA SANCHES
FABIANA CABRAL SILVA
Diretora de estratégia e implementação FERNANDA RENNÓ
JOANA RENNÓ GRAZIELA SANTOS
IZADORA RIBEIRO PERKORKI
INSTITUTO REÚNA JEFFERSON SODRÉ MENESES
JOANA RENNÓ
Diretora-Executiva JULIANA FRIZZONI CANDIAN
KÁTIA STOCCO SMOLE KÁTIA STOCCO SMOLE
LÉA CAMARGO
UMA CONCERTAÇÃO PELA AMAZÔNIA MARISA BALTHASAR
MICHELE BORGES
Secretaria Executiva PAULO EMÍLIO DE CASTRO ANDRADE
FERNANDA RENNÓ REGINA TUNES
LÍVIA PAGOTTO RENATA ALENCAR
RENATA MONACO
SAMUEL ANDRADE
PARCERIA THAMARA STRELEC

BNDES Gestores, técnicos e educadores de redes de ensino


INSTITUTO ARAPYAÚ ALDEVÂNIA BARRETO DE MATOS - SEED RORAIMA
MOVIMENTO BEM MAIOR ALISSON THIAGO PEREIRA - SEDUC AMAZONAS
ANTONIO FONSECA DA CUNHA - SEDUC PARÁ
CARMEM LÚCIA SOUZA - SEDUC AMAZONAS
PROGRAMA ITINERÁRIOS CLEIBERTON SOUZA - SEED AMAPÁ
AMAZÔNICOS DARLETE SOUZA DO NASCIMENTO - SEED RORAIMA
EDILMA DA SILVA RIBEIRO - SEED RORAIMA
STELLA DAMAS - SEED RORAIMA
IRENE PEREIRA - SEED RORAIMA
IDEALIZAÇÃO E COORDENAÇÃO LUCIA REGINA ANDRADE - SEDUC AMAZONAS
MELINA TONINI - SEDUC RONDÔNIA
Idealização
MONALISA SANTOS SILVA - SEDUC MARANHÃO
FERNANDA RENNÓ (Uma Concertação pela Amazônia)
REGINA PEREIRA - SEDUC MARANHÃO
JOANA RENNÓ (Instituto iungo)
RICARDO SANTA CRUZ - SEED RORAIMA
PAULO EMÍLIO DE CASTRO ANDRADE (Instituto iungo)
SALOMÃO SOUZA ALENCAR - SEDUC AMAZONAS
SIMONE BATISTA - SEED RORAIMA
Coordenação geral
SAMUEL ANDRADE
Jovens amazônicos
BRUNA LIMA - RIO BRANCO | ACRE
Equipe pedagógica
INGRID MARIA AVIZ DE ARAÚJO - ANANINDEUA | PARÁ
CARLOS GOMES DE CASTRO
KARINA PENHA - SÃO JOSÉ DE RIBAMAR | MARANHÃO
CAROLINA MIRANDA
ODENILZE RAMOS - CARÃO, BAIXO RIO NEGRO | AMAZONAS
CYNTHIA SANCHES (Coordenadora)
OREME IKPENG - XINGU | MATO GROSSO
REGINA TUNES (Coordenadora)
PEDRO ALACE - AGROVILA ITAQUI, CASTANHAL | PARÁ
Coordenação de produção
Especialistas em educação
THAMARA STRELEC
ANA LUÍSA GONÇALVES
FERNANDA SAEME
Coordenação Instituto Reúna
NÁDIA CARDOSO
DANIEL CORDEIRO
PAULO CUNHA
THIAGO HENRIQUE
Apoio à coordenação
CAMILLY LIMA
Mobilização de jovens
STEFANNY LOPES
RICARDO PENIDO
VANESSA COSTA TRINDADE
Mapeamento de tecnologias educacionais
PORVIR

Convidados do seminário de
aprofundamento temático
DILSON GOMES NASCIMENTO - SEDUC AMAZONAS
MAICKSON SERRÃO - SEDUC AMAZONAS
TATIANA SCHOR

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COMUNICAÇÃO E DESIGN

Coordenadora de Comunicação
ANGELA MARIS DO NASCIMENTO

Produção de conteúdo - Comunicação


ANA CATARINA PARISI PINHEIRO
CAMILA SARAIVA GONÇALVES

Identidade visual e projeto gráfico


CLÁUDIO VALENTIN
DENIS LEROY
RENAN DA SILVA ARAÚJO

Assessoria para arquitetura da informação


PORVIR

Plataforma digital
PORVIR (Produção executiva)
SINTRÓPIKA (Design e desenvolvimento)

PRODUÇÃO DE CONTEÚDO
Coordenação Apoio à concepção - Técnicos e educadores
PABLO DE OLIVEIRA DE MATTOS de redes de ensino
EDILENE NASCIMENTO BARBOSA - SEED AMAPÁ
Concepção e redação ITALO BRUNO PAIVA GONÇALVES - SEDUC TOCANTINS
ANDRÉ SEKKEL CERQUEIRA MARTA CLEMENTINA SILVA DE MELO - SEED RORAIMA
CAROLINE BÁRBARA SHEYLA REGINA JAFRA CORDEIRO - SEDUC AMAZONAS
KATRINE KATIUSSE DE ANDRADE
SYNTIA ALVES Especialista temático
GEORGIA JORDÃO
Leitura crítica
REGINA TUNES Produção de infográfico
JOSILDO SEVERINO DE OLIVEIRA - SEDUC AMAZONAS CAMILA TRIBESS
CLAUDEMES VIEIRA SOUSA - SEED RORAIMA
GUARACI ASSIS PASTANA - SEED AMAPÁ Edição de texto e revisão ortográfica
LUZINÉIA GUIMARÃES ALENCAR - SEDUC MATO GROSSO ANA ELISA FARIA DO AMARAL
DIOGO DA COSTA RUFATTO
Edição pedagógica JAQUELINE COUTO KANASHIRO
CAMILA TRIBESS LUCAS TADEU DE OLIVEIRA
CAROLINA MIRANDA MARCIA GLENADEL GNANNI
MARIANE GENARO
Apoio à concepção - Jovens amazônicas
ELCIANE VALENTE DE MENESES DE ALMEIDA Diagramação
MARTA RAYANE DA SILVA GOMES NATÁLIA XAVIER
RENAN DA SILVA ARAÚJO
VICTOR SOARES
WELLINGTON TADEU

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SUMÁRIO
Módulo - Povos amazônidas: tecnologias ambientais e
diferentes perspectivas de desenvolvimento

Ementa do módulo ...................................................................................................................... 6


Etapa 1: Racismo ambiental em perspectiva .................................................................... 10
Etapa 2: Representação dos povos e comunidades tradicionais e indígenas e
as lutas das juventudes ................................................................................................ 14
Etapa 3: Experiências amazônidas ...................................................................................... 19
Material do estudante .............................................................................................................. 24
Referências .................................................................................................................................. 26

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CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS APLICADAS

POVOS AMAZÔNIDAS: TECNOLOGIAS


AMBIENTAIS E DIFERENTES
PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO
EMENTA DO MÓDULO

Carga horária média sugerida


20 horas

Resumo
Neste módulo, os estudantes realizam a compilação e a sistematização de experiências
de povos e comunidades tradicionais e indígenas de interação com a floresta e de pers-
pectivas para conservá-la, levando em conta aspectos ligados a modos de vida e dife-
rentes tecnologias ambientais (cosmogonias dos povos tradicionais, manejos da floresta,
técnicas agrícolas, extrativismo, pesca etc.). No processo de sistematização, aproximan-
do-se do conceito de racismo ambiental, eles são instigados a analisar e a refletir sobre
os desafios enfrentados por esses grupos em diferentes contextos da região amazônica
(urbano, ribeirinho, quilombola, indígena, rural). Com a estratégia da sala de aula inverti-
da, os estudantes pesquisam sobre as perspectivas de representação dos povos e comu-
nidades tradicionais no contexto amazônico e o papel das juventudes amazônidas, em
diálogo com esses grupos e as tecnologias ambientais no combate ao desmatamento e
ao racismo ambiental. A partir daí, eles vão projetar a criação de um coletivo de jovens,
na escola ou no entorno, que atue em prol dos direitos humanos, da sustentabilidade e
por uma sociedade mais justa. Ao final do módulo, elaboram episódios de podcast ou
outras formas de divulgação para esse coletivo. Com isso, espera-se que os estudantes
reúnam ferramentas para a concretização de projetos pessoais, em âmbito local, regio-
nal, nacional e/ou global, considerando os desafios relacionados ao racismo ambiental,
os impactos socioambientais, os direitos humanos e a promoção da cidadania.

Expectativas de aprendizagem
• Caracterizar as tecnologias ambientais dos povos e das comunidades tradicionais
e indígenas e refletir sobre elas, compilando e sistematizando experiências desses
grupos na interação com o meio ambiente e na produção de tecnologias ambientais.

Este módulo integra a unidade curricular “Desmatamentos e conservação na região Amazônica” do programa Itinerá-
rios Amazônicos. Para conhecer esta e as demais unidades curriculares, acesse www.itinerariosamazonicos.org.br.

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MÓDULO - POVOS AMAZÔNIDAS: TECNOLOGIAS AMBIENTAIS
E DIFERENTES PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO

• Refletir sobre os diversos desafios enfrentados pelos povos e pelas comunidades


tradicionais e indígenas na região amazônica, com especial atenção ao conceito de
racismo ambiental.
• Apresentar características e analisar as diversas formas de representação desses
grupos e a relação com a participação da juventude amazônida no combate à de-
gradação ambiental, a fim de projetar a criação de um coletivo de jovens.
• Criação e produção de podcasts, ou outras formas de divulgação, apresentando ex-
periências de atuação do coletivo juvenil.

Competências gerais da BNCC

CG 2, CG 7 e CG 10

EIXOS ESTRUTURANTES
Empreendedorismo
Investigação científica
Processos criativos

OBJETOS DE CONHECIMENTO
Tecnologias ambientais dos povos e das comunidades tradicionais e indígenas; racismo
ambiental; representação dos povos e das comunidades tradicionais e indígenas e juven-
tudes amazônidas; desmatamento.

HABILIDADES DA ÁREA DO CONHECIMENTO


(EM13CHS103) Elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos relativos a processos polí-
ticos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados
e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos
históricos e geográficos, gráficos,mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).

(EM13CHS106) Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tec-
nologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas
práticas sociais, incluindo as escolares, para se comunicar, acessar e difundir informações, produzir conhe-
cimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.

(EM13CHS501) Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando


processos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a
autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.

(EM13CHS601) Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos


povos indígenas e das populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo
considerando a história das Américas e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem
social e econômica atual, promovendo ações para a redução das desigualdades étnico-raciais no país.

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E DIFERENTES PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO

HABILIDADES DOS EIXOS ESTRUTURANTES


(EMIFCHSA01) Investigar e analisar situações-problema envolvendo temas e processos de natureza his-
tórica, social, econômica, filosófica, política e/ou cultural, em âmbito local, regional, nacional e/ou global,
considerando dados e informações disponíveis em
diferentes mídias.

(EMIFCHSA06) Propor e testar soluções éticas, estéticas, criativas e inovadoras para problemas reais rela-
cionados a temas e processos de natureza histórica, social, econômica, filosófica, política e/ou cultural, em
âmbito local, regional, nacional e/ou global.

(EMIFCHSA10) Avaliar como oportunidades, conhecimentos e recursos relacionados às Ciências Humanas


e Sociais Aplicadas podem ser utilizadas na concretização de projetos pessoais ou produtivos, em âmbito
local, regional, nacional e/ou global, considerando as diversas tecnologias disponíveis, os impactos socio-
ambientais, os direitos humanos e a promoção da cidadania.

(EMIFCHSA11) Selecionar e mobilizar intencionalmente conhecimentos e recursos das Ciências Humanas e


Sociais Aplicadas para desenvolver um projeto pessoal ou um empreendimento produtivo, em âmbito local,
regional, nacional e/ou global.

FOCO DAS ETAPAS


Etapa 1: Racismo ambiental em perspectiva
Carga horária média sugerida: 6 horas
Nas atividades desta etapa, os estudantes:
• Compreendem o conceito de racismo ambiental, refletindo sobre ele.
• Analisam dados e estatísticas socioeconômicas da região amazônica com a finalidade de identificar os
• principais desafios dos povos e das comunidades tradicionais e indígenas.
• Analisam casos concretos de violência e exclusão sofridos por esses grupos, utilizando o conceito de
racismo ambiental como chave de análise e reflexão.

Etapa 2: Representação dos povos e comunidades tradicionais e indígenas e as lutas das juventudes
Carga horária média sugerida: 6 horas
Nas atividades desta etapa, os estudantes:
• Analisam historicamente as formas de representação dos povos e das comunidades tradicionais e indígenas.
• Pesquisam, usando a estratégia da sala de aula invertida, as recentes mobilizações e os protagonismos des-
ses grupos na luta por representação, pela conservação da floresta e pelos direitos humanos.
• Realizam exercício de criação de coletivos de jovens (considerando ações como a elaboração de mani-
festos, pautas e agendas de atuação em prol das questões socioambientais), tendo em vista a promoção
dos direitos humanos e da sustentabilidade.

Etapa 3: Experiências amazônidas


Carga horária média sugerida: 8 horas
Nas atividades desta etapa, os estudantes:
• Refletem sobre os saberes dos povos e das comunidades tradicionais e indígenas diante dos desafios
contemporâneos.
• Organizam e produzem um podcast, ou outras formas de divulgação que apresentem os coletivos juvenis
criados, bem como contextualize as lutas por direitos humanos, conservação ambiental e sustentabilida-
de por parte dos povos e das comunidades tradicionais e indígenas.

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MÓDULO - POVOS AMAZÔNIDAS: TECNOLOGIAS AMBIENTAIS
E DIFERENTES PERSPECTIVAS DE DESENVOLVIMENTO

Estratégias de ensino e aprendizagem


• Pesquisas orientadas utilizando a metodologia da sala de aula invertida: baseados em orientações pré-
vias do professor, os estudantes coletam informações e estabelecem relações entre os principais desafios
enfrentados pelos povos amazônidas e as suas formas de representação.
• Trabalho colaborativo: com base em pesquisas e levantamentos sobre a representação dos povos ama-
zônidas, os estudantes projetam coletivos de juventude, a fim de reivindicar uma sociedade mais ética e
sustentável, e também elaboram episódios de podcast que contextualizem os coletivos diante das lutas
por representação.

Avaliação
A avaliação das etapas do módulo se dará de forma processual: após a compreensão e
a reflexão sobre o conceito de racismo ambiental, os estudantes poderão ser avaliados
com base nas habilidades da área. Poderá ser analisada a capacidade de propor hipóte-
ses por meio de pesquisas e de elaborar argumentos cruzando dados e processos políti-
cos, econômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos. Levando em conside-
ração a atuação conjunta dos estudantes na criação de coletivos de jovens, a coerência e
relevância das pautas e linhas de atuação desses grupos poderão ser avaliadas e também
servirão para a autoavaliação dos estudantes. O processo de criação e produção do po-
dcast ou outras formas de divulgação dos coletivos poderá servir de avaliação, tendo em
vista o envolvimento e engajamento dos estudantes nos grupos de trabalho e a coerência
com os temas debatidos.

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ETAPA 1: RACISMO AMBIENTAL


EM PERSPECTIVA
CARGA HORÁRIA MÉDIA SUGERIDA: 6H

ACONTECE NA ETAPA
Reflexão e debate sobre o conceito de racismo ambiental.

Análise de dados e estatísticas socioeconômicas da região amazônica,


a fim de identificar os principais desafios dos povos e das comunida-
des tradicionais e indígenas.

Uso do conceito de racismo ambiental como chave de análise e sis-


tematização de casos concretos de violência e exclusão por meio de
poema, slam, música ou outra expressão artística.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1

CARGA HORÁRIA MÉDIA SUGERIDA: 6 horas


Nesta etapa, os estudantes são direcionados a compreender o racismo ambiental, re-
fletindo sobre ele e desenvolvendo um olhar crítico para a questão das consequências
dessa questão para as relações sociais, políticas e econômicas que envolvem a região
amazônica. Por meio de dados estatísticos, textos e documentários, os aspectos socio-
econômicos da região amazônica são analisados, com o objetivo de identificar os prin-
cipais desafios dos povos e das comunidades tradicionais e indígenas.

PONTO DE PARTIDA

1. Inicie o percurso apresentando aos estudantes as expectativas de aprendizagem,


pactuando as estratégias avaliativas e contextualizando a etapa e o módulo. O infográ-
fico do módulo pode apoiar esse momento de mediação. O ponto principal desta etapa
é levar os jovens a conhecer o conceito de racismo ambiental e refletir sobre ele. Assim,
no primeiro momento, eles devem ter contato com ideias que permeiem o tema, como
a relação entre desigualdade social, questões étnico-raciais e população em situação
de vulnerabilidade.

2. Para a sensibilização inicial, realize uma breve tempestade de ideias, mediada com as
seguintes questões: “Quem mais sofre com eventos climáticos extremos e com crimes
ambientais? Todos sofrem igualmente?”. Promova um debate inicial com a turma, incen-
tivando a participação e o levantamento de hipóteses a respeito das questões. Considere
anotar as principais contribuições, a fim de que sejam revisitadas ao longo do processo.

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Saiba mais
O que é racismo ambiental?
Racismo ambiental é um termo utilizado para se referir ao processo de discriminação
que populações que vivem em áreas marginalizadas ou compostas de minorias étnicas
sofrem por meio da degradação ambiental. A expressão denuncia que a distribuição
dos impactos ambientais não se dá de forma igual entre a população, sendo a parcela
marginalizada e historicamente invisibilizada a mais afetada pela poluição e a degra-
dação ambiental. A história do termo está intrinsecamente ligada ao movimento dos
direitos civis americanos, que ocorreram entre as décadas de 1950 e 1960. Atualmente,
a falta de investimento em regiões sem saneamento básico, o despejo de resíduos no-
civos à saúde em regiões de vulnerabilidade social, a grilagem e a exploração de ter-
ras pertencentes a povos locais são exemplos da manifestação do racismo ambiental
(FUENTES, 2021, [n. p.]).

DESENVOLVIMENTO

3. Para iniciar, realize a leitura compartilhada de materiais de apoio previamente selecio-


nados que discutam as noções de racismo ambiental, injustiça ambiental e justiça e injus-
tiça climática. Divida os estudantes em três grupos e solicite que respondam a algumas
questões, que podem ser adaptadas de acordo com os materiais de apoio escolhidos:

• Grupo 1: O que é racismo ambiental? Quando o termo foi criado, o que ele buscou explicar?
• Grupo 2: O que é justiça climática? Qual é o contexto da criação do termo?
• Grupo 3: O que é injustiça climática? Quais são os exemplos apresentados?

Em seguida, promova uma roda de conversa sobre as questões propostas. Espera-se


que os estudantes reflitam sobre a existência de contextos de desigualdade e injustiça
social e ambiental envolvendo grupos étnicos vulneráveis, como as populações e os
povos tradicionais da região amazônica.

Saiba mais
Como o racismo ambiental ocorre na Amazônia?

Indígenas, quilombolas, ribeirinhos e outras populações tradicionais da Amazônia denunciam


há décadas a violação de seus direitos no processo de implantação de grandes empreendimen-
tos. Para esses povos, a degradação dos recursos naturais provocada por esses projetos leva a
perdas territoriais, humanas e culturais, que se aproveitam da vulnerabilidade social a que esses
grupos estão expostos, intensificando um processo denominado de racismo ambiental. Nesta
entrevista, Nazaré Rebelo, doutora em ciências sociais com ênfase em antropologia e autora de
uma tese sobre o tema, explica o que caracteriza essa problemática e que fatores intensificam
sua ocorrência na região.

[…]

De que forma o racismo ambiental se manifesta na prática na realidade amazônica?

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Temos notórios exemplos, como: Belo Monte, Tucuruí, a Transamazônica, a extração de bauxita
em Oriximiná, garimpo ilegal, dentre outros, aqui no Pará. Irei me deter à extração de bauxita.
Essa extração existe há cerca de quatro décadas, mas a mineração ocorre no interior de uma
Unidade de Conservação, onde vivem comunidades quilombolas e ribeirinhas. De acordo com
a Comissão Pró-Índio, a floresta está em disputa, haja vista que a exploração mineral em Ori-
ximiná impulsiona a destruição de florestas que, até então, eram fonte de alimento e renda de
diversas famílias quilombolas e ribeirinhas (QUEIROZ, 2022, [n. p.]).

4. A fim de aprofundar as habilidades referentes à análise de dados e estatísticas, apre-


sente aos estudantes alguns dados relacionados à exclusão, à precariedade no acesso à
saúde, à água potável canalizada e ao saneamento básico e à mortalidade por eventos
extremos, de forma que possam estabelecer relações entre tais informações e o con-
ceito de racismo ambiental. Para apoiar a mediação, considere consultar o boxe Saiba
mais, a respeito dos mais vulneráveis.

Diálogos Amazônicos
Neste artigo, é possível acessar dados e informações de pesquisa a respeito de eventos
extremos, como a cheia em Manaus no ano de 2022, que acentuam desigualdades es-
truturais: Na Amazônia urbana, pessoas negras e indígenas serão principais vítimas de
mudanças climáticas | Murilo Pajolla | Brasil de Fato1.

Historicamente, as comunidades quilombolas não estão entre as prioridades governa-


mentais. A respeito dos desafios enfrentados por esses grupos na região amazônica
durante a pandemia de covid-19, consulte o artigo Caos na pandemia: quilombolas tam-
bém ficarão de fora da vacinação prioritária | Cícero Pedrosa Neto | Amazônia Real.

Saiba mais

Os mais vulneráveis
A tragédia provocada pela covid-19 na Região Norte aumenta de tamanho quando o foco da
análise se volta para os indígenas e as comunidades ribeirinhas. O inquérito sorológico EPICO-
VID-19 BR, da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), mostrou que, desde o início da pande-
mia, indígenas tinham 80% mais risco de serem infectados pelo SARS-CoV-2 em comparação
com brancos que moram na mesma cidade.

Fora das cidades o impacto da doença também foi brutal. Um estudo publicado na revista
Frontiers in Psychiatry por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) mostrou que
as taxas de incidência e mortalidade na população indígena foram, respectivamente, 136% e
110% mais altas que a média nacional.
Em termos de mortalidade, entre os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) mais crí-
ticos estavam Alto Rio Solimões, Cuiabá, Xavante, Vilhena e Kaiapó do Pará. A análise dos
dados revelou ainda uma relação direta entre a incidência de casos de covid-19 em indígenas
e desmatamento, grilagem e mineração.

Em relação à vacinação, as taxas da população indígena – grupo prioritário no Programa Na-


cional de Imunizações – também estão abaixo da média da população em geral.

1
Todos os links presentes neste material foram acessados em março de 2023.

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Dados de agosto do Ministério da Saúde apontam que alguns DSEIs estão abaixo de 50% da
cobertura vacinal completa. Os distritos mais críticos são: Kaiapó-PA (32,4%), rio Tapajós-PA
(38%), Alto Rio Juruá-AC (39,7%), Kaiapó-MT (42%) e Araguaia-MT (49,7%).

“São áreas que passam por diversos conflitos territoriais, seja por garimpo ou agricultura. Isso
tudo somado às fake news e às dificuldades logísticas fazem com que os números não tenham
evoluído como o desejado”, relatou Luiz Penha [mestre em Saúde Pública, integrante do povo
Tukano e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB)] (ZIE-
GLER, 2021, [n. p.]).

5. Com base nas leituras e nas reflexões construídas até o momento, elabore com os
estudantes uma nuvem de palavras correlatas aos assuntos e conceitos trabalhados até
aqui. Conduza esse momento de forma que a turma estabeleça relações entre o concei-
to de racismo ambiental e situações de sua região. Garantir um repertório de temas e
aspectos do entorno desses jovens potencializará a atividade da seção Sistematização.

SISTEMATIZAÇÃO

6. Tendo em vista as palavras e os temas destacados no exercício anterior, solicite aos estu-
dantes que, em duplas, sistematizem as discussões realizadas na etapa por meio de uma ex-
pressão artística (poemas, cordel, batalha de rap e slam, músicas, esquetes teatrais ou outra
com que os jovens se identifiquem). Incentive a criatividade e o engajamento da turma e, se
possível, busque atuar de maneira integrada ao docente da área de Linguagens. Encoraje os
estudantes a apresentarem suas produções à comunidade escolar como forma de ampliar o
debate sobre o racismo ambiental.

Eixos estruturantes em ação


As habilidades dos eixos Processos criativos e Investigação científica são mobilizadas
em diferentes momentos deste módulo, especialmente as EMIFCHSA06 e EMIFCHSA01.
A pesquisa inicial, com o aprofundamento do conceito de racismo ambiental e a pos-
terior criação de uma expressão artística que sistematize os conhecimentos, possibilita
investigar e analisar a questão do racismo ambiental e expressar esses conhecimentos
de forma criativa e engajada.

Avaliação em processo
Utilize a pesquisa, a análise de dados, o debate e a produção artística para acompanhar o
desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes de forma processual.

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ETAPA 2: REPRESENTAÇÃO DOS POVOS E


COMUNIDADES TRADICIONAIS E
INDÍGENAS E AS LUTAS DAS JUVENTUDES
CARGA HORÁRIA MÉDIA SUGERIDA: 6H

ACONTECE NA ETAPA
Análise histórica das formas de representação dos povos tradicionais
e indígenas.

Levantamento de dados sobre as recentes mobilizações e os protago-


nismos desses indivíduos na luta por representação, pela conservação
da floresta e pelos direitos humanos.

Exercício de construção de coletivos de jovens (manifestos, pautas e


agendas de atuação), tendo em vista a promoção dos direitos huma-
nos e a busca por um modelo de desenvolvimento sustentável.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1

CARGA HORÁRIA MÉDIA SUGERIDA: 6 horas


Esta situação de aprendizagem convida os estudantes a compreender e analisar a
trajetória histórica das representações dos povos indígenas e tradicionais, problema-
tizando o imaginário social construído por livros, propagandas, músicas, entre outros
instrumentos, sobre os povos e as comunidades tradicionais e indígenas. Em ativi-
dades de leitura coletiva, pesquisa de fontes históricas e análise de materiais diver-
sos sobre o tema, eles reconhecem as ações mobilizadas por jovens indígenas no
enfrentamento às desigualdades e aos problemas políticos e sociais da Amazônia e
se aproximam da realidade local. A perspectiva é que, ao fazer esse trajeto, a turma
compreenda o caráter protagonista dos povos da floresta na luta por direitos e ob-
serve a importância da mobilização popular em torno das pautas políticas, sociais e
econômicas nos dias de hoje.

PONTO DE PARTIDA

1. Inicie o percurso apresentando aos estudantes expectativas de aprendizagem, pac-


tuando as estratégias avaliativas e contextualizando a etapa. A proposta é abordar as
diferentes ações e os diversos papéis assumidos pelos povos indígenas e tradicionais
nos últimos 30 anos na luta pela representação e legitimação da cultura nativa da Ama-

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zônia. Para tanto, comece o debate levantando quais são os conhecimentos prévios da
turma sobre lideranças indígenas e quilombolas e suas trajetórias na região. A sugestão
é que você, docente, faça uma consulta prévia aos materiais A Amazônia também é
negra | Joana Oliveira | El País e Conheça quatro das principais lideranças indígenas da
Amazônia | Portal Amazônia para embasar o debate em sala de aula e nortear as dis-
cussões, com base nas perguntas disparadoras de reflexão:

• Quais lideranças amazônidas vocês conhecem?


• Como tomaram conhecimento dessa liderança?
• Vocês conhecem alguma ação dessas lideranças? Qual?

2. De forma geral, a região amazônica é associada ao ativismo dos indígenas ou das


populações ribeirinhas. Entretanto, a Amazônia também é negra e quilombola. O obje-
tivo deste momento é acessar os conhecimentos prévios dos estudantes a respeito da
diversidade de representantes e lideranças nas distintas regiões amazônicas e proble-
matizar noções simplistas sobre a região. Você também pode trabalhar com os estu-
dantes algumas imagens que remetem aos quilombos da região amazônica. Para isso,
sugerimos o projeto Amazônia Negra | Marcela Bonfim. No artigo Amazônidas, povo
sem história? Breves reflexões pelo direito à amazonidade | Julyan Machado Ramos |
Amazônia Latitude, é possível acessar uma cronologia das lutas amazônidas e um pano-
rama da construção das identidades amazônidas ao longo do tempo. Considere anotar
as principais contribuições dos estudantes, a fim de que sejam revisitadas ao longo do
processo. Essas anotações podem compor um quadro interativo (físico ou digital), em
que a turma mobilize a organização desses conhecimentos.

Diálogos Amazônicos

A Amazônia também é negra


O Brasil olha para a Amazônia, e já associa a região aos indígenas e às comunidades ribeiri-
nhas. “Mas acaba esquecendo e invisibilizando a Amazônia negra. Não há narrativa sobre isso.
Dos anos 1990 para cá, estamos brigando para levantar essa pauta”. Quem fala é Isis Tatiane
da Silva, historiadora de 38 anos e uma das lideranças do quilombo Criaú, no Amapá. A maior
floresta tropical do mundo abriga aproximadamente 150 das mais de 3.500 comunidades qui-
lombolas do Brasil, de acordo com a Fundação Palmares, do extinto Ministério da Cultura.

[...]

Uma das estratégias adotadas pelos quilombolas para proteger seu território é criar uma espé-
cie de “cerca viva” nos limites das comunidades. “Muita gente migrou para a cidade, em busca
de melhores condições de vida, mas acabaram trabalhando na construção civil ou em traba-
lhos domésticos e agora está voltando. O que estamos fazendo é alocá-los nas imediações dos
limites da terra, para serem os olhos vivos da nossa comunidade e, assim, manter o território
sem invasões”, explica Tatiane (OLIVEIRA, 2019, [n. p.]).

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DESENVOLVIMENTO

3. Organize uma aula dialogada a respeito das lutas amazônidas. Consulte as informa-
ções dos boxes Saiba mais a seguir e Diálogos amazônicos anterior e considere orga-
nizar a leitura dessas informações em duplas. Por meio da aprendizagem entre pares,
peça às duplas que apresentem as principais informações a respeito dos últimos 30
anos dessas lutas. Na sequência, os estudantes devem realizar um levantamento de in-
formações usando relatos orais, escritos ou fotográficos e, se tiverem acesso à internet,
pesquisar vídeos e podcasts sobre lideranças e/ou coletivos amazônidas, a fim de que
tenham a oportunidade de iniciar a sistematização de casos e lideranças através do
tempo. Um encaminhamento importante acerca desse aspecto é refletir sobre a atual
ampliação da representação do ponto de vista do gênero. Se inicialmente a luta era cen-
trada em lideranças masculinas, nos últimos anos vêm ganhando destaque lideranças
femininas e jovens. Para nortear a condução da pesquisa solicitada aos estudantes e a
mediação desses debates, você pode consultar previamente os seguintes textos:

• Mulheres da Amazônia: 5 lideranças que você precisa conhecer | Francisco Costa | Mídia Ninja.
• Jovens Vozes da Amazônia para o Planeta | ReLLAC-Jovens | Para o clima.
• Jovens lideranças indígenas em defesa da Amazônia | Txai Suruí e Bitaté Uru-eu-wa-
u-wau | Le Monde Diplomatique Brasil.

4. Em seguida, oriente os estudantes a compartilharem entre os grupos as informações


que foram levantadas e destacadas nos textos trabalhados e faça a mediação das im-
pressões da turma, escrevendo no quadro os principais resultados e temas. Essas infor-
mações podem complementar o quadro (físico ou digital) construído anteriormente.
Incentive-os a trazer informações e conhecimentos prévios de forma a complementar os
dados obtidos nos suportes didáticos. Conduza a sequência desse debate esclarecendo
que os jovens, em grupos, devem simular a criação de coletivos que lutem em prol de te-
mas sensíveis à região. Esse momento pode ser norteado pela questão: “Quais coletivos
ou grupos de jovens que lutam pela Floresta Amazônica vocês conhecem?”.

5. Divida a turma em grupos e peça aos estudantes que simulem a criação de um cole-
tivo de jovens em prol da defesa da Amazônia. O material Jovens vozes da Amazônia
para o planeta | ReLLAC-Jovens | Para o clima pode auxiliar na curadoria e na elabo-
ração desses coletivos. Nele, é possível que os estudantes entrem em contato com um
exemplo de manifesto e diversos temas e tópicos reivindicados por jovens amazônidas.
Solicite que a turma a) crie um nome para esse coletivo; b) defina seu escopo de atua-
ção e; c) elabore uma carta-manifesto com as reivindicações (políticas, sociais, econô-
micas, culturais) desse coletivo. Essa simulação pode ser inspirada em algum coletivo
ou liderança conhecidos do grupo. Exerça sua presença pedagógica e apoie-os nessa
escolha e curadoria.

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Saiba mais

Direitos quilombolas na Constituição


A proposta foi trazida aos debates da Assembleia Constituinte por entidades do movimento negro
responsáveis também pela inclusão de dispositivo semelhante em algumas constituições estadu-
ais, como as do Pará, Maranhão e Bahia. A proposta foi formalizada pelo então Deputado Carlos
Alberto Caó (PDT-RJ) e apresentada sob a rubrica de Emenda Popular em 20 de agosto de 1987.

Enquanto os direitos dos índios à posse de suas terras foram garantidos em todas as Constituições
brasileiras desde a de 1934, foi apenas na Constituição de 1988 que os quilombolas tiveram direitos
reconhecidos. A inclusão deste preceito constitucional repara uma injustiça histórica cometida pela
sociedade escravocrata brasileira contra o povo negro. Uma reparação que se concretiza através
do reconhecimento dos direitos das comunidades de descendentes dos antigos escravos possibili-
tando-lhes, finalmente, o acesso à propriedade de suas terras.

As comunidades quilombolas tiveram também garantido o direito à manutenção de sua cultura


própria através dos artigos 215 e 216 da Constituição. O primeiro dispositivo determina que o Esta-
do proteja as manifestações culturais afro-brasileiras. Já o artigo 216 considera patrimônio cultural
brasileiro, a ser promovido e protegido pelo Poder Público, os bens de natureza material e imaterial
(nos quais incluem-se as formas de expressão, bem como os modos de criar, fazer e viver) dos
diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, entre os quais estão, sem dúvida, as comu-
nidades negras (COMISSÃO..., 2018, [n. p.]).

Eixos estruturantes em ação


As habilidades do eixo Processos criativos são mobilizadas em diferentes momentos deste
módulo, especialmente a EMIFCHSA05. A simulação de um coletivo de jovens e a posterior
escrita de carta-manifesto mobilizam essa habilidade, a fim de que os estudantes busquem
a resolução de problemas relativos às juventudes e suas relações com as pautas políticas,
sociais, econômicas ou culturais.

SISTEMATIZAÇÃO

6. Os estudantes poderão apresentar as cartas-manifesto e seus coletivos para a comunida-


de escolar e, em conjunto com você, identificar a possibilidade e a viabilidade de abordar os
trabalhos desenvolvidos para além da escola, como em associações de moradores, rádios e
jornais locais, eventos regionais etc.

Saiba mais

Pesquisa recupera história do movimento indígena no Brasil


Segundo a tese [Protagonismo indígena no Brasil: movimento, cidadania e direitos (1970-
2009) | Poliene Soares dos Santos Bicalho | UnB], o movimento começou com as assembleias
indígenas em 1974, em que chefes e demais participantes atuaram como sujeitos conscientes
do processo de dominação, mas sem se subjugarem. Esse movimento ganhou força com a
presença dos índios no Congresso Nacional durante a Constituinte de 1988. Eles passaram a
representar a si mesmos.

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Os principais nomes dessa época são: Mário Juruna, Álvaro Tucano, Ângelo Kretã, Marçal de Souza,
Raoni Mentuktire e Domingos Veríssimo Terena. Mário Juruna ficou famoso por andar em gabine-
tes da Fundação Nacional do Índio (Funai), lutando pela demarcação das terras indígenas, sempre
com um gravador para registrar tudo o que os não-índios diziam. Ele queria provar que as autorida-
des, na maioria das vezes, não cumpriam com o que prometiam. Juruna foi eleito deputado federal
em 1983, primeiro deputado índio no país.

[...]

A pesquisa aponta que o movimento sofreu uma divisão após as manifestações durante a
festa de 500 anos de descobrimento do Brasil, quando índios entraram em confronto com
o Exército. Depois desse episódio, as comunidades passaram a lutar por suas reivindicações
específicas, e não mais como um movimento unificado.

Essa tendência começou a se reverter em 2002, quando as diversas organizações se reuniram


na Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB). Essa organização existe para discutir ideias,
executar propostas, sugerir políticas públicas e realizar projetos alternativos de sobrevivência e
produção econômica nas comunidades (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, 2011, [n. p.]).

Sobre a resistência indígena nos dias de hoje

Nós, povos indígenas, historicamente silenciados, denunciamos nas redes sociais com nossas câ-
meras e celulares a realidade dos territórios no Brasil. Por meio da juventude indígena, estamos
recontando a verdadeira história do nosso país, valorizando nossa ancestralidade, denunciando a
invasão, as queimadas, a mineração ilegal, o roubo de madeira, a destruição da floresta e mostran-
do toda nossa riqueza cultural decolonizando mentes. Ensinando o real significado de ser indígena.
Compartilhando nossa sabedoria através do audiovisual e acabando com essa ideia de que indíge-
na não pode ter celular.

Nos últimos anos, jovens indígenas de diversos povos elevaram suas vozes em defesa da flo-
resta, unindo sua força com jovens de todo o mundo que se organizam na luta contra as mu-
danças climáticas (SURUI; URU-EU-WAU-WAU, 2022, [n. p.]).

Avaliação em processo
Para garantir a avaliação de forma processual, na seção Ponto de partida, as respostas às ques-
tões disparadoras, bem como a produção de um quadro coletivo com os conhecimentos que
os estudantes têm de lideranças amazônicas, podem compor um primeiro olhar diagnóstico. O
trabalho em grupo de pesquisa e a organização de informações, além da posterior simulação dos
coletivos de jovens, também são fatores para a avaliação de diversas competências, como pensa-
mento crítico e científico, colaboração e argumentação. Na escrita da carta-manifesto, você pode
analisar o quanto os estudantes têm capacidade de síntese de seus argumentos, assim como
avaliar a forma como mobilizam os conceitos e as habilidades da área para realizar essa atividade.

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ETAPA 3: EXPERIÊNCIAS AMAZÔNIDAS


CARGA HORÁRIA MÉDIA SUGERIDA: 8H

ACONTECE NA ETAPA
Reflexão e debate sobre os saberes dos povos tradicionais e indígenas
diante dos desafios contemporâneos.

Organização e produção de um podcast que apresente os coletivos jo-


vens criados, bem como que contextualize as lutas por direitos huma-
nos, conservação ambiental e desenvolvimento sustentável por parte
dos povos tradicionais e indígenas.

SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1

CARGA HORÁRIA MÉDIA SUGERIDA: 8 horas


Nesta etapa, os estudantes aprofundam o contato com os saberes ancestrais e atuais
dos povos indígenas e tradicionais. A proposta é partir de uma discussão sobre esses
saberes e suas potências, a fim de estabelecer relações com os desafios contempo-
râneos dos povos amazônidas: “De que forma esses saberes criam oportunidades
de luta e novos horizontes para as lutas amazônidas? Quais benefícios o Brasil e o
mundo terão ao ouvir os povos amazônidas? De que forma os povos amazônidas
oferecem mecanismos para combater o racismo ambiental?”. Com base nessas pro-
blematizações, os estudantes entram em contato com as experiências das populações
amazônidas, compreendendo e refletindo sobre a atualidade de suas tecnologias so-
cioambientais. A proposta é que seja produzido um podcast apresentando o que foi
desenvolvido nesta e nas outras etapas do módulo.

PONTO DE PARTIDA

1. O objetivo deste momento é fazer com que os estudantes ampliem o olhar sobre os
saberes ancestrais e os desafios contemporâneos dos povos amazônidas. Solicite que
a turma leia o texto Ciência e saberes tradicionais por uma Amazônia soberana e sus-
tentável | Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) (ver no Material do
estudante, referente a esta etapa). Essa leitura pode ser feita em duplas ou grupos, a
fim de que os estudantes debatam entre si os principais pontos do texto antes de socia-
lizá-los. Organize uma roda de conversa a respeito das conclusões, com o objetivo de
fazê-los refletir sobre as relações entre esses saberes e as lutas dos povos amazônidas
em prol dos direitos humanos e da conservação da floresta. Recupere os debates das
etapas anteriores e os aspectos abordados nas cartas-manifesto e nos coletivos criados.

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2. O objetivo deste momento inicial é dar subsídios e ampliar os olhares dos estudantes,
que devem produzir podcasts apresentando os coletivos criados na etapa anterior. Es-
pera-se que a turma estabeleça relações entre as lutas contemporâneas com os saberes
ancestrais amazônidas. Considere algumas questões norteadoras:

• De que forma esses saberes criam oportunidades de enfrentamento e novos hori-


zontes para as lutas amazônidas?
• De que maneira os povos amazônidas oferecem mecanismos para combater o racis-
mo ambiental?
• Quais benefícios o Brasil e o mundo terão ao ouvir os povos amazônidas?

Saiba mais

Ciência e saberes tradicionais por uma Amazônia soberana e sustentável


A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) encaminhou, no dia 8 de agosto
[2022], ao ministro do Meio Ambiente, Joaquim Álvaro Pereira Leite, a moção “Ciência e sa-
beres tradicionais por uma Amazônia soberana e sustentável”. O documento foi aprovado por
unanimidade pela Assembleia Geral Ordinária de Sócios da Sociedade Brasileira para o Pro-
gresso da Ciência (SBPC), realizada em 28 de julho de 2022, na Universidade de Brasília (UnB),
por ocasião da 74ª Reunião Anual da SBPC.

Também encaminhado ao ministro da CT&I, Paulo Alvim, e à Superintendência da Zona Franca


de Manaus (Suframa), o texto ressalta o potencial da região Amazônica para ser um “território
totalmente orientado pelo conhecimento científico e pela interação empática com saberes e
práticas milenares de relação do ser humano com a natureza.”

Entretanto, na contramão de seu potencial de gerar riqueza e desenvolvimento sustentável,


a Amazônia hoje é um modelo de inexistência de projeto nacional brasileiro e passa por um
período da história de desregulamentação de políticas de proteção ambiental e de direitos
dos povos originários, além de uma crise de institucionalidade na relação Estado e sociedade.
É assim que a moção descreve o cenário de desmantelo atual.

[...]

A moção indica a instituição de um cenário favorável ao diálogo da ciência com as sociedades


amazônicas como um novo caminho que precisa ser traçado. “A Amazônia é um campo privi-
legiado para o desenvolvimento científico em todas as áreas de conhecimento. E deveria ser
priorizada como laboratório de inovação, de interdisciplinaridade e sustentabilidade. A região
tem potencial para ser um território totalmente orientado pelo conhecimento científico e pela
interação empática com saberes e práticas milenares de relação do ser humano com a nature-
za”, afirma o documento (SOCIEDADE..., 2022, [n. p.]).

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DESENVOLVIMENTO

3. Proponha que a turma seja dividida em grupos. Cada um deles deve produzir um
episódio de podcast, cujo tema será a apresentação e a contextualização do coletivo
criado na etapa anterior. De maneira que os grupos desenvolvam o conteúdo dos rotei-
ros, estimule-os a buscar temas correlatos e transversais aos coletivos e desafios apre-
sentados na etapa anterior. No site jornalístico Sumaúma ou no portal da Coordenação
Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (CONAQ), há
bastante material para explorar temas correlatos aos povos indígenas ou quilombolas.
O texto Ribeirinhos da Amazônia: modo de vida e relação com a natureza | Cássio Ro-
gério Graças dos Santos, Mayany Soares Salgado e Márcia Aparecida da Silva Pimentel
| Uniara também pode apoiar essa mediação por meio de relatos colhidos em comuni-
dades ribeirinhas, em campo, pela equipe de pesquisa. A ideia é que cada grupo foque
em um tema/grupo social e o desenvolva, de forma que gere um episódio do podcast
que articule o impacto do racismo ambiental nos desafios contemporâneos e as lutas
amazônidas. Se não for possível elaborar um podcast, os estudantes podem trabalhar
com a captação de áudio simples (usando um celular ou outro equipamento de grava-
ção de áudio), sem a necessidade de edição. No site da Secretaria de Educação, Cultura
e Esportes do Estado do Acre, há disponível uma Oficina sobre Podcast | Escola Digital
| SEE-Acre. A seguir, listamos alguns passos para criar um podcast:

a) Definir o público (colegas da escola, comunidade do entorno).


b) Escolher o tema, dar um nome e criar uma capa.
c) Decidir o formato (gravar sozinho ou com convidados; fazer uma entrevista ou um
debate; ser o narrador ou o mediador).
d) Criar a pauta de gravação ou os tópicos.
e) Editar o material e incluir a trilha sonora.
f) Publicar e divulgar (na comunidade escolar ou nas redes sociais).

4. Para os episódios, sugerimos algo em torno de 6 a 10 minutos. Os estudantes podem


decidir qual o melhor formato: entrevista, apresentação, conversa, debate, entre outros.
É importante que haja uma padronização do material produzido pelos grupos. É inte-
ressante ter uma vinheta de abertura e de encerramento que sejam usadas por todos.
Os episódios também devem seguir um padrão, com mais ou menos o mesmo tempo
de duração e com o mesmo estilo de oratória, para que mantenham uma harmonia de
um capítulo para o outro.

5. Os estudantes, divididos em grupos, devem produzir os episódios do podcast. Suge-


rimos que, antes de gravarem, eles elaborem um roteiro com o que vão falar no progra-
ma. Isso contribui para o planejamento e favorece a qualidade do produto final. A gra-
vação pode ser feita com telefones celulares ou gravadores simples. Existem aplicativos
específicos para gravar podcasts, que podem ser usados pelos estudantes. ​

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De olho nas estratégias


Podcasts

O Brasil é o segundo país que mais consome podcasts do mundo e, segundo o Ibope, cerca de
40% da população de internet do país já ouviu algum podcast. Esse número equivale a cerca de
50 milhões de brasileiros.

De acordo com a PodPesquisa 2019/2020, divulgada pela Associação Brasileira de Podcasters


(abPod), o universo brasileiro de podcasts ainda é predominantemente masculino, 72% dos ou-
vintes são homens. A média de idade do ouvinte brasileiro é de 28 anos e os assuntos que mais
interessam são cultura pop, humor e comédia, ciência, história e política. O interesse por pod-
casts sobre feminismo cresceu 8% desde 2018.

[...]

Basicamente, é um programa de rádio que pode ser ouvido pela internet a qualquer hora, por
meio do celular ou do computador. Com temas e duração variadas, o ouvinte pode acessar con-
teúdos em áudio para se informar, para estudar ou para passar o tempo (COSTA, 2021, [n. p.]).

Também recomendamos que sejam apresentados alguns podcasts aos estudantes. Lista-
mos, a seguir, algumas sugestões que tratam de temas da região amazônica que podem
ser acessados em diversas plataformas:

• Rádio Sumaúma | Sumaúma | Spotify.


• Ideias para adiar o fim do mundo – Com Ailton Krenak | Paraquedas XIX | Spotify.
• Eu Soul o Monte | Bhoim Mídias | Spotify.
• [Episódio 01] Alerta Vermelho | Podcast Tempo Quente | Rádio Novelo | YouTube.
• Amazônia Sem Lei #1 | Do tráfico ao prato | Agência Pública | YouTube.
• Mano Brown recebe Txai Suruí | Mano a Mano | Spotify.
• Amazônia Invisível | EP 01: Beka, a jovem guerreira Munduruku | Storytel, Estadão.

Eixos estruturantes em ação


As habilidades dos eixos Processos criativos e Investigação científica são mobilizadas em
diferentes momentos deste módulo, especialmente as EMIFCHSA06 e EMIFCHSA01. A pes-
quisa inicial, com base no texto da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, e a
posterior criação de um podcast mobilizam de forma integrada as habilidades de investigar
e analisar situações-problema e, ao mesmo tempo, testam uma solução de divulgação cien-
tífica por meio do podcast.

SISTEMATIZAÇÃO

6. O podcast pode ser disponibilizado para toda a escola e a comunidade ou ficar disponível
em alguma plataforma digital. Sugerimos que os estudantes escutem todos os episódios e,
ao final, organizem uma discussão sobre os temas abordados. Essa roda de conversa pode
contribuir para organizar um evento de lançamento do podcast.

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7. Uma vez que os episódios fiquem prontos, é interessante promover uma atividade de
lançamento na escola, com debate entre os autores e a comunidade escolar.

Quer adaptar a proposta?


Caso não seja possível gravar os podcasts por limitações tecnológicas, considere rea-
lizar um seminário com base nos roteiros criados. Os estudantes podem simular entre-
vistas, rodas de conversa e debates ou, ainda, apresentar os tópicos e os temas organi-
zados no roteiro.

Avaliação em processo
A avaliação se dará de forma processual. Na roda de conversa inicial, é possível aces-
sar o que a turma construiu ao longo do módulo. Considere essa roda de conversa do
Ponto de partida como um momento privilegiado de avaliação diagnóstica. A pro-
dução do podcast deve gerar engajamento e divisão de tarefas entre os integrantes:
equipe de pesquisa, narradores/entrevistadores, redatores etc. Os roteiros podem ser
compartilhados entre os grupos a fim de aprimorarem seus percursos. Considere as
escolhas e os temas dos podcasts e sua relação com o conceito de racismo ambiental
e a coerência com o coletivo criado. Para ampliação de conhecimentos e de repertório
sobre práticas avaliativas, recomendamos a realização da Trilha de Aprendizagem do
componente O lugar da avaliação | Instituto iungo, Instituto Reúna e Itaú Educação e
Trabalho | Nosso Ensino Médio.

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MATERIAL DO ESTUDANTE

ETAPA 3 - Situação de aprendizagem 1 - Atividade 1

CIÊNCIA E SABERES TRADICIONAIS POR UMA AMAZÔNIA SOBERANA


E SUSTENTÁVEL

A Amazônia é o exemplo mais perverso da inexistência de um projeto nacional brasileiro. A


região, que corresponde a 60% do território do País e engloba nove estados, sofre sistematica-
mente com a precarização das instituições e das políticas públicas e com práticas de violência
sobre territórios, povos, e comunidades tradicionais. Uma violência contínua atinge a Ama-
zônia pelas frentes predatórias de exploração dos recursos naturais, agressões aos biomas,
ecossistemas, territórios indígenas, em ondas crescentes de desrespeito aos direitos constitu-
cionais de grupos humanos e de proteção ambiental. [...] É importante reconhecer o trabalho
secular dos povos tradicionais na proteção da floresta, e a dívida mundial que a humanidade
tem pelo sequestro de carbono realizado pela Amazônia nos últimos séculos.

A Amazônia vive um período da história de desregulamentação de políticas de proteção am-


biental e de direitos dos povos originários, além de uma crise de institucionalidade na relação
Estado e sociedade. Direitos humanos e conquistas federativas duramente conquistados são
desconsiderados e desrespeitados. [...]

É crescente a desativação da obrigação reguladora do Estado frente às ambições de destrui-


ção da natureza e das sociedades amazônicas, incluindo o abandono aos processos de nacio-
nalização da região.

É preciso instituir um outro cenário que seja favorável ao diálogo da ciência com as sociedades
amazônicas. A Amazônia é um campo privilegiado para o desenvolvimento científico em todas
as áreas de conhecimento. E deveria ser priorizada como laboratório de inovação, de interdisci-
plinaridade e sustentabilidade. A região tem potencial para ser um território totalmente orien-
tado pelo conhecimento científico e pela interação empática com saberes e práticas milenares
de relação do ser humano com a natureza. Aquisições essenciais de cidadania, democracia,
cooperação internacional e inovação podem ter surpreendentes resultados se experimentados
por todos os esforços científicos nacionais na Amazônia brasileira e continental (Pan-Amazô-
nia) e em todos os campos do conhecimento, a partir de focos de prioridades locais.

Uma territorialidade científica dialógica, orientadora e empática com os brasileiros da floresta,


dos rios e das cidades, que devolva à sociedade o protagonismo de indicar as suas prioridades
e ao Estado, o cumprimento de suas funções constitucionais, poderia ser a interação nacional
mais audaciosa de um projeto nacional da Amazônia.

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Fonte: SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA. Ciência e saberes


tradicionais por uma Amazônia soberana e sustentável. Portal SBPC, [s. l.], 15 ago. 2022.
Disponível em: http://portal.sbpcnet.org.br/noticias/ciencia-e-saberes-tradicionais-por-u-
ma-amazonia-soberana-e-sustentavel/. Acesso em: 17 mar. 2023.

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REFERÊNCIAS
BICALHO, Poliene Soares dos Santos. Protagonismo indígena no Brasil: movimento,
cidadania e direitos (1970-2009). 2010. 464 f., il. Tese (Doutorado em História) – Univer-
sidade de Brasília, Brasília, 2010.

COMISSÃO PRÓ-ÍNDIO DE SÃO PAULO. Há 30 anos, a Constituição reconhecia os direi-


tos quilombolas. Portal CPISP, [São Paulo], 5 out. 2018. Disponível em: https://cpisp.org.
br/ha-30-anos-constituicao-reconhecia-os-direitos-quilombolas/. Acesso em: 8 mar. 2023.

COSTA, Larissa. O que é um podcast? Para que serve? Conheça algumas sugestões de
programas. Portal Brasil de Fato, Belo Horizonte, 10 fev. 2021. Disponível em: https://
www.brasildefatomg.com.br/2021/02/10/o-que-e-um-podcast-para-que-serve-conheca-al-
gumas-sugestoes-de-programas. Acesso em: 8 mar. 2023.

FUENTES, Patrick. Racismo ambiental é uma realidade que atinge populações vulnera-
bilizadas. Jornal da USP, [São Paulo], 9 dez. 2021. Disponível em: https://jornal.usp.br/
atualidades/racismo-ambiental-e-uma-realidade-que-atinge-populacoes-vulnerabilizadas/.
Acesso em: 8 mar. 2023.

OLIVEIRA, Joana. A Amazônia também é negra. El País Brasil, Terra do Meio, Amazônia, 20 nov.
2019. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2019/11/19/politica/1574164761_425337.
html. Acesso em: 8 mar. 2023.

PIRES, Thula R.; GUIMARÃES, Virginia T. Injustiça ambiental e racismo ambiental: a marca da
estratificação sócio-racial nas zonas de sacrifício do Estado do Rio de Janeiro. Yale Law School.
Projeto de Pesquisa. 2014-2016. Disponível em: https://www.law.yale.edu/sites/default/files/area/
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QUEIROZ, Fabrício. Grandes projetos favorecem o racismo ambiental na Amazônia. O


Liberal, [s. l.], 13 ago. 2022. Disponível em: https://www.oliberal.com/economia/grandes-
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RELLAC-J. Manifesto jovens vozes da Amazônia para o planeta. [S. l.]: ReLLAC-J; WWF,
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SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA. Ciência e saberes tra-


dicionais por uma Amazônia soberana e sustentável. Brasília: Sócios da SBPC, 2022a.
Disponível em: http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/wp-content/uploads/2022/08/Of.-
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SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA CIÊNCIA. Ciência e saberes tradicionais por


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