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TEORIA GERAL DO DIREITO E DA POLÍTICA – JOÃO LORDELO

Aula 01
João Paulo Lordelo

Procurador da República (1ª colocação). Mestre


(UFBA e Universidade de Sevilha). Doutor.
(UFBA). Pós-doutor (Coimbra e Oxford). Ex-
Defensor Público Federal

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Teoria geral do direito e da política: raio-x da
disciplina

1. Previsão em editais
2. Cobranca em provas
3. Bibliografia

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Sumário
1. DIREITO OBJETIVO E DIREITO SUBJETIVO
2. FONTES DO DIREITO OBJETIVO
2.1 Aspectos gerais
2.2 Princípios gerais de Direito
2.3 Jurisprudência
2.4 Súmula vinculante
3. EFICÁCIA DA LEI NO TEMPO
3.1 Conflito de normas jurídicas no tempo e o
Direito brasileiro
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3.2 Direito Penal
3.3 Direito Civil
3.4 Direito Constitucional
4. O CONCEITO DE POLÍTICA
4.1 Aspectos gerais
4.2 Política e Direito
5. IDEOLOGIAS
6. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM
7. AGENDA 2030 E OS 17 OBJETIVOS DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

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1. Direito objetivo e direito subjetivo
• Direito objetivo (norma agendi) = direito posto,
a ordem jurídica de onde se extraem todas as
normas objetivamente consideradas, oriundas
da atividade legislativa. Norma.
• Direito subjetivo = poder de ação contido na
norma, ou seja, a faculdade de exercer, em favor
do indivíduo, o comando emanado do Estado.
Posição de vantagem.
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2. Fontes do Direito objetivo
2.1 Aspectos gerais
a) Fontes materiais = “elementos econômicos,
políticos e ideológicos que perfazem dada realidade
social, interferindo na produção, interpretação e
aplicação da normatividade jurídica, visto que tais
elementos sociais oferecem a matéria-prima para a
confecção normativa do sistema jurídico” (Ricardo
Maurício Soares).
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b) Fontes formais = “modos de surgimento e de
manifestação da normatividade jurídica propriamente
dita”. Estruturas que dão forma ao Direito (ex.: lei).
Obs.1: influências do NEOCONSTITUCIONALISMO

O que é o neoconstitucionalismo?

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MAZZARESE:
• referência a sistemas jurídicos caracterizados
pela existência de um catálogo constitucional
expresso de direitos fundamentais + dispositivos
legais destinados a garantir a sua implementação e
proteção;
• novo paradigma de cognição e aplicação do
direito;
• modelo axiológico-normativo.
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Obs. 2: mudanças promovidas pelo
NEOCONSTITUCIONALISMO
• força normativa da Constituição. Nova teoria da
norma e nova hermenêutica.
• expansão e consagração dos direitos
fundamentais;
• jurisdição constitucional.

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2.2 Princípios gerais de Direito
• Paradigma tradicional. Código Civil de
Napoleão. método de integração. LINDB. Art. 4o
“Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de
acordo com a analogia, os costumes e os princípios
gerais de direito”.
•Paradigma contemporâneo. Normas fundantes e
nucleares do sistema. Linhas mestras do sistema
jurídico. Mandamento de otimização.
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Quais são os princípios gerais?
• Não se confundem com princípios constitucionais.
São implícitos.
• Ex.: imperativo categórico de Kant. O cidadão deve
agir de acordo com aquelas máximas que possam
ser erigidas a leis gerais. O ser humano deve ser
considerado um fim em si mesmo.

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2.3 Jurisprudência
• Precedente
• Sentido amplo
• Sentido estrito (ratio decidendi ou holding)
• Enunciado de Súmula
• Jurisprudência
• Civil law x common law (art. 927 do CPC)

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2.4 Súmula vinculante
Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá, de ofício
ou por provocação, mediante decisão de dois terços dos
seus membros, após reiteradas decisões sobre matéria
constitucional, aprovar súmula que, a partir de sua
publicação na imprensa oficial, terá efeito vinculante em
relação aos demais órgãos do Poder Judiciário e à
administração pública direta e indireta, nas esferas
federal, estadual e municipal, bem como proceder à sua
revisão ou cancelamento, na forma estabelecida em lei.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
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• § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a
interpretação e a eficácia de normas determinadas,
acerca das quais haja controvérsia atual entre órgãos
judiciários ou entre esses e a administração pública
que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
multiplicação de processos sobre questão idêntica.
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
• Lei n. 11.417/2006: disciplina a edição, a revisão e o
cancelamento de enunciado de súmula vinculante
pelo Supremo Tribunal Federal.

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Art. 3o São legitimados a propor a edição, a revisão
ou o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV – o Procurador-Geral da República;
V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil;
VI - o Defensor Público-Geral da União;
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VII – partido político com representação no
Congresso Nacional;
VIII – confederação sindical ou entidade de classe de
âmbito nacional;
IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da
Câmara Legislativa do Distrito Federal;
X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;

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XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça
de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os
Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regionais
do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais e os
Tribunais Militares.
§ 1o O Município poderá propor, incidentalmente ao
curso de processo em que seja parte, a edição, a
revisão ou o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante, o que não autoriza a suspensão do
processo.
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• Cabimento de reclamação. Reclamação como
ferramenta de overruling.
• Como deve ser o texto da súmula? Streck v.
Didier Jr.

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3. Eficácia da lei no tempo
3.1 Conflito de normas jurídicas no tempo e o
Direito brasileiro
• Vacatio legis (eficácia) – Art. 1º da Lei de
Introdução às normas do Direito Brasileiro
(Decreto-lei n. 4.657/1942): "Salvo disposição
contrária, a lei começa a vigorar em todo o país
quarenta e cinco dias depois de oficialmente
publicada”.
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• nos Estados estrangeiros, "a obrigatoriedade da
lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses
depois de oficialmente publicada" (§ 1º).
• Caso concreto: Lei A é revogada pela Lei B.
Pergunta-se: revogando-se a Lei B, a Lei A
voltará a produzir efeitos?
• Art. 2º, § 3º da LINDB: "Salvo disposição em
contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei
revogadora perdido a vigência”. Exceção: efeito
repristinatório.
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3.2 Direito Penal
Obs.1: tempo da conduta
• Teoria da Atividade – O crime se considera
praticado no momento da conduta, ainda que outro
seja o momento do resultado. Art. 4º do CP –
“Considera-se praticado o crime no momento da
ação ou omissão, ainda que outro seja o momento
do resultado”.

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• Teoria do Resultado ou do Evento – O crime se
considera praticado no momento do resultado, ou
seja, da consumação.
• Teoria da Ubiqüidade ou Mista – Ocrime se
considera praticado tanto no momento da conduta
quanto do resultado.

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• Novatio legis incriminadora - O fato era atípico
e a lei posterior o tornou típico. Irretroatividade
(art. 1º do CP).
• Abolitio criminis - O fato era típico e a lei
posterior o tornou atípico. Retroatividade (art. 2º
do CP).
• Lex gravior (ou novatio legis in pejus). Lei
posterior mais rígida em comparação com a lei
anterior. Irretroatividade (art. 1º do CP).
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• Lex mitior (ou novatio legis in mellius) - Mantém
o fato típico, mas é mais benigna em relação à
sanção penal ou à forma de seu cumprimento.
Retroatividade (art. 2º do CP)

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3.3 Direito civil
• Regra geral = LINDB.
• Exceção: Art. 2.035. A validade dos negócios e
demais atos jurídicos, constituídos antes da entrada
em vigor deste Código, obedece ao disposto nas leis
anteriores, referidas no art. 2.045, mas os seus
efeitos, produzidos após a vigência deste Código,
aos preceitos dele se subordinam, salvo se houver
sido prevista pelas partes determinada forma de
execução.
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• Parágrafo único. Nenhuma convenção
prevalecerá se contrariar preceitos de ordem
pública, tais como os estabelecidos por este
Código para assegurar a função social da
propriedade e dos contratos.
• “Retroatividade motivada” (Tartuce).

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3.4 Direito Constitucional
• Surgimento de uma nova Constituição: gera a total
revogação da anterior, por normação geral.
• Problemas: recepção dos atos normativos
infraconstitucionais anteriores à nova Constituição.

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• incompatibilidade formal superveniente - via
de regra, não impede que determinada norma
seja recepcionada, apenas alterando o seu
status.
• Exceção: competência superveniente do órgão
legiferante. Caso: a competência para legislar
sobre determinado tema, na Constituição
revogada, era do Estado-membro, mas passou a
ser da União na nova Constituição.

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• Constitucionalidade superveniente: não é
admitida.
• Requisitos para a recepção:
• Estar em vigor no momento do advento da
nova Constituição.
• Não ter sido declarada inconstitucional
durante a sua vigência no ordenamento
jurídico.

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• Ter compatibilidade formal e material
perante a Constituição sob cuja regência foi
editada (no ordenamento anterior).
• Ter compatibilidade material com a nova
Constituição, pouco importando a
compatibilidade formal, como visto acima.

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Retroatividades constitucionais:
• a) Retroatividade mínima, temperada ou
mitigada.
• b) Retroatividade média (atos pendentes).
• c) Retroatividade máxima ou restitutória. Ex.:
art. 231, § 6º - considera nulos e extintos, os
atos que tenham por objeto a ocupação, o
domínio, a posse e a exploração das terras
indígenas.
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4. O conceito de Política
4.1 Aspectos gerais
• “Politeía” = relações sociais na pólis (cidade-
Estado);
• Aristóteles: ramo do conhecimento voltado a
investigar a melhor forma de governo para o
estabelecimento do bem comum
• Outras concepções:

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• tema genérico, em que se inserem os fatos
cotidianos relativos às decisões tomadas pelos
governantes, na administração da coisa pública.
• estrutura organizada para um determinado fim
social de natureza pública (política pública) -
política educacional, política de saúde etc.
• arte de conquistar, manter e exercer o poder, o
governo (Nicolau Maquiavel).
• meios adequados à obtenção de qualquer
vantagem (Hobbes).
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• ciência política - tem por objeto os sistemas de
governo públicos e privados.

4.2 Política e Direito


• Fundamentos da política. Dois grandes pilares: a
soberania popular e o princípio majoritário.
• Campo do Direito = respeito à ordem jurídica,
Domínio razão pública (muitas vezes
contramajoritária).
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• Aproximações: a) na elaboração do direito
(processo legislativo); b) na aplicação do
Direito. Judicialização da política.

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5. IDEOLOGIAS
• Sentido tradicional.
• Sentido marxista.

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6. A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO
HOMEM
• Proclamada pela Assembleia Geral das Nações
Unidas em Paris, em 10 de Dezembro de 1948.
• Antecedente: Carta da ONU (São Francisco, 1945).
Objetivo de proteção dos direitos humanos. Sem
listagem. Sem criar órgãos específicos para a sua
proteção.

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• Consequência = Declaração Universal (1948). 30 artigos
explicitando tais direitos. Princípios regentes: da
universalidade, igualdade e não-discriminação. Grupos
de direitos: a) direitos políticos e liberdades civis e; b)
direitos econômicos, sociais e culturais.
• Natureza jurídica = resolução (e não tratado). Vinculante?
a) a Carta da ONU (tratado) faz referencia expressa ao
seu dever de estímulo e proteção aos “direitos humanos”;
b) costume internacional (ACR).

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7. AGENDA 2030 E OS 17 OBJETIVOS DE
DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
São antecedentes da Agenda 2030:
• a) a Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente
e o Desenvolvimento, conhecida como Rio 92 (Agenda 21);
• b) os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs),
consistentes em oito objetivos internacionais de
desenvolvimento para o ano de 2015, estabelecidos após a
Cúpula do Milênio das Nações Unidas em 2000, momento
em que adotada a Declaração do Milênio das Nações
Unidas.

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• c) a Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento Sustentável, conhecida como
Rio+2020 (2012).
• Após a Rio+20, foi estabelecido um sistema inclusivo
de consulta sobre questões de interesse global que
poderiam compor a nova agenda de desenvolvimento.

O que ocorreu depois?

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• Em setembro de 2015, representantes dos 193
Estados-membros da ONU, reunidos em Nova
Iorque, comprometeram-se a “tomar medidas
ousadas e transformadoras para promover o
desenvolvimento sustentável nos próximos 15
anos”.
• Consenso: a erradicação da pobreza, em todas as
suas formas e dimensões, incluindo a pobreza
extrema, é o maior desafio global e um requisito
indispensável para o desenvolvimento.

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• Assim, na Assembleia Geral da ONU em 2015, foi
adotado um documento denominado
“Transformando o Nosso Mundo: A Agenda 2030
para o Desenvolvimento Sustentável” (A/70/L.1),
ou simplesmente “Agenda 2030”. Cuida-se de um
“plano de ação para as pessoas, o planeta e a
prosperidade, que busca fortalecer a paz
universal”.

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• Conteúdo: 17 Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável (ODS) e 169 metas, criados com o
objetivo de erradicar a pobreza e promover vida
digna para todos. Tais objetivos e metas claras
devem ser adotados por todos os países de
acordo com suas próprias prioridades, no espírito
de uma parceria global que orienta as escolhas
necessárias para melhorar a vida das pessoas,
agora e no futuro.

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• Exemplos de objetivos: erradicar a pobreza,
erradicar a fome, saúde e bem-estar, educação de
qualidade, igualdade de gênero, água potável e
saneamento, energias renováveis, trabalho digno
e crescimento econômico etc.

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