Você está na página 1de 4
GLOSSARIO © ESPAGO CENICO Aprimorando cada vez mais nossa revista, a secdo Giossério fol enriquecida. Agora, assinada por Milton Andrade, autor do "Diciondrio da Arte de Representar’, em fase final de elaboragéo, a segdo. continuaré apresentando termos cénicos, porém sobre uma temética especifica. Nesta edi¢do vacé conhecerd tudo sobre Espago Cénico. Mitton Andiade* Dols elementos sdo absolutamente Indispensdveis & existéncla do teatro: ctor e publico. O espetéoulo 6 uma decorréncia Natural do encontto de ambos no mesmo espago, que pode ser um canto de praca, um auditério de escola, um saiéo de clube u, até mesmo, um palco especialmente construido e dotado de recursos técnicos apropriados & encenagdo, Curloso observar, Na hist6ria do teatro, que 0 espago cénico foi sofrendo modificagées 4 medida que fol ‘absovendo as contingéncias sociais de cada ‘poco, as novas conauistas da técnica etc. © Iendario carro de Téspis, na Grécia mitolégica, sugere-nos um espago cénico de forma circular, com o ator no centro, sobre o tablado improvisado, com o publico 4 sua volta... Graficamente o teatto primitive Geveria ser mais ou menos assim: ‘Anecessidade de um anteparo que pudesse projetar as vozes dos atores © escamotear a entrada ou saida das personagens teria gera- do oespago cénico que 0s antigos gregos adotaram’ 16 = Teatto do Juventude Essa forma setviu aos gregos até apro- ximademente 400 a.C.. Arquipancadas - a Piincipio de madeira e, depois, de pedia - circuncavam uma arena onde © coro das tragédias evoluia, cantando e dangando. Uma piataforma era reservada 4 atuacao dos atores, que diciogavam com o coro & sua frente. Quando os romanos invadiram a Grécia, apaixcnaram-se pelo teatro que ali se produzia e adotaram, com pe- quenas adaptagées, 0 seu palco: A Idade Média, que sobreveio, abandonou ‘essa construgdo, desenvolvendo um tipo de espetdculo mistico, de inteng6es edificantes, @ que era encenado num longo tabiado dentro das catediais, a principio, e nos pragas publicas, logo a seguir. Os cenétios eram simultaneos e fixos. A platéia é que se deslocava de uma cena para outra, No final da Idade Média, as idélas do Humanismo. trouxeram de voita a cultura cldssica, e ocore, entéo, 0 Renascimento, tetomando os modelos greco-omanos. novo espaco cénico passa a ter estas caracteristicas: ‘Ao século XVil conesponde 0 Barroca, periodo em que 0 teatro adotou um espaco cénico em forma de ferradura, com as exttemidades voitadas para o palco e varios niveis de platéia. Na Inglatera surgifia uma nova forma de espago cénico, que ficou conhecida como paico§ elisabetano, referéncla & Rainha Elisabete, que reinava entdo. Esse fol o teatro de Shakespeare: A forma de ferradura desenvoivica no Baroco peimaneceu mais ou menos intacta pelos séculos XVIII @ XIX. No s6culo XX ainda remanece sob o nome de paico italiano. © mundo contemporé- neo trouxe importantes inovagées no campo da lluminagéo, da ceno- gratia e do figutino, Também do espago fisico Paralelamente, outras tendéncias déo preferéncia a um espago cénico capaz de provocaro envolvimento @ a intimidade com o pUbiico. Notem como esto forma de teatio, chamade de arena, lemora multo o teatro piimitivo de Téspis e sua cartoga: PALAVRAS UTEIS J4 que estamos falando, hoje, do espago cénico, vale a pena lembrar alguns nomes que a ele se teferem diretamente: PALCO: [Do lomb. palko, viga; atr. do tt palco] $m. Nome genérico dado Go local onde acontece a representacéo teatral. Inclui também as coxlas e os camatins. PLATEIA: [Do fr. platée] S.f. Parte do teatro destinada ao puiblico. A piatéla cortespande, hole, ao espaco da orchestra do antigo teatro grego. No teatro romano abrigava a classe dominante; no teatro elisabetano, assim como no Século de Ouro Espanhol, era o lugar dos economicamente infetiores, mas servia também aos solteitos ou desacompanhados. Originaimente, apés o Renascimento, os espectadores permaneciam em pé durante toda a representacdo. $6 no século XVIll 6 que a platéia comegou a contar com bancos € cadeiras, sendo adotada pela burguesia ascendente. Se 0 termo platéia significa 0 espago reservado ao ptiblico, por extensGo passou a designar o prdprio publico. POCO: [Do lat, puten| S.m. No edificio teatral, © espago localizade na frente e em baixo do proscénio, entre 0 palco ea piatéia, destinado a acomodar os muisicos de uma orquestra em espetéculos misicois como a épera. O pogo feria sido criado pelo compositor Teatro da Juventude - 17 Richard Wagner (1813 -1883), juntamente com 0 arquiteto Gottttied Semper (1803 - 1879), com a finalidade de evitar que os miisicos tirassem a atengGo da platéia da cena. O primeifo teatro Ger a inovagGo fol o Bayreuth, em 1876. Também é conhecido como fosso da orquestra ou vao wagneriano. PROSCENIO: [do gr. proskénion, pelo lat. prosceniui] §.m. Espago sttuado entre a boca de cena e a piatéia, Também & chamado de antecena ouovant-scéne. CAIXA DO TEATRO: S.f,Espaco do edificio teatral destinado 6 realizagao do espetdculo. Inclui o palco, o urdimento € 0 pordo, CAMARIM: [Do it, camerino] $.m. Dependéncia da caixa do teatro onde os atores se preparam @ aguardam o momento de Participar do espetdculo. Em geral 6 provido de espeinos com iluminagéo apropriada, lugar para guarda dos figurinos e aderecos, lavatérios e/ou chuveitos. BOCA DE CENA: [Do lat. buccal §.f. No Palco italiano, a moldura formada polos reguladores ¢ pela bambolina régia, delimitando, na frente do paico, a largura e a altura da cena, BAMBOLINA: [De bambo] S.f. Faixa de 18 - tecido ababadado ou trainel revestido @ que é instalada longitudinalmente na parte superior do palco, de maneira a esconder © urdimento. A primeira bambolina, aquela que, |uniamente com os reguladores, estabelece as Teatro da Juventuae dimensdes da cena, é chamada de bambolina régia ou bambolina regra. REGULADOR: $. m. Falsa parede que, ‘colocada em ambos os lados do palco, determina a largura da cena. O temo € utilzado, em geral, no plural. Também se aiz Tegulador-mestre ou regulador de boca, URDIMENTO: $m. Genericamente, a Parte superior, o teto do palco; de manetra espectfica, 6 a armacéo de ferto ou madeira, espécie de grelha provica de roldanas e que forta todo 0 paico, permitindo o funcionamento das maquinas e disposttivos que serve para trocar Cenéitios € realizar efeitos. PORAO: [ Do lat. planu, plano] $.m. A Parte inferior do paico, em geral utilizada para guarda de cendrios “No jargGo teatral, 0 pordo é 0 fantasma de todas as encenagées. Diz-se que uma pega vai dbaixo ou para © pordo (reunir- se ds coisas sem utlidace), quando € um notérlo fracasso, desprestigiado pelo ptiblico. O Pordo, feqlientemente, 6 o fesponsdvel pelo desaparecimento de elencos inteiros, incapazes de resistir a umn malogro de bilhetetia, na precariedade do negécio teatral.” Roberto Ruiz in Aract Cortes: Linda Flor, pag. 95. ALCAPAO: [Do imp. de algar e do de Sr, este na forma pom: alga + Pom, alcapées] §.m. Abertura no chao do palco, geraimente dissimulada dos olhares dos espectadores e utlizada em efettos de aparigéo ou desaparigéo de pessoas ou objetos. Sua uttlizagGo | era conhecida no teatro greco- romano, mas foi na Idade Média que adauitiu importancia como passagem para o inferno. No teatro elisabetano, permitiu a Shakespeare a idealizagao das cenas do covelto 6 do seputtamento de Ofélia, em Hamiet. Nurna pega de Fonseca Moreira, A Passagemn do mar Vermeiho, Brandéo, 0 Popularissimo, no Rel dos Infernos, tinha um trabalho que, sem exagero, podia considerar-se verdadeiramente assombroso. Numa cena de encontro com Outio diabo, que fazia © ator Peixoto, descia e subia algapdes com uma agilidade de que s6 setia capaz um acrobata mogo e arrojado, Numa dessas descidas, que era feita quase na boca de cena, num algapdo grande, de quase dois metros de comprimento, Brandéo, com uma coragem inauaita, batia 0 pé e, depois de 0 algapGo descolado, atirava-se no mesmo de cabeca para baixo. Era a vida que o artista ariscava todas as noites, @ isto porque Brandéo sentia-se na obrigagdo de obedecer 4 rubrica do autor."Rego Barros in 30 Annos de Theatro, pag.137. QUARTELADA: S.f. Denominagdo do conjunto de pranchas que formam 0 chGo do palco. Essas Pranchas podem ser faciimente removidas e, em palcos melhor dotados, ser movimentadas para cima ou para baixo, mecanicamente, permitindo criar desniveis. CAIXA: [Do it. corsia] St, Genericamente, espago indeterminado, localizacdo por tds ou lateralmente 4 drea de representagdo, no palco. Destina- se 4 passagem de atores, maduinistas etc, Especificamente, 0 espago que fica entre os bastidores, onde os atores aguardam a sua deixa para entrar em cena. Antigamente era o nome que se dava “aos conedores que ficam ao longo da sala, para a passagem dos espectadores”, confome Eduardo Victorino in Para ser Ator, pag, 48. Coxia também € o nome dos assentos sobressalentes, e que ficarn presos ds pottronas dos comedores dos teatros e sd so utllizados para aumentor a lotagGo da sala. O termo é também utllizado no plural *Milton Andrade © autor, diretor, professor de literatura, advogado e ex-diretor de escola de Teatro do Juventude - 19

Você também pode gostar