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Mecanismos de evolução

A ideia central da evolução biológica é que toda a vida na Terra


resultou de um antepassado comum.

Evolução não significa


superioridade ou perfeição.
Evolução é uma questão de
sobrevivência num meio em
constante alteração.
Evolucionismo vs. fixismo

Desde tempos remotos que o Homem tenta explicar a origem e a


diversidade das espécies. Várias teorias surgiram, enquadradas em
dois grandes grupos: teorias fixistas e teorias evolucionistas.
Evolucionismo vs. fixismo

FIXISMO (até séc. XVIII)


As espécies surgiram independentemente umas das
outras (tal como se conhecem hoje) e mantiveram-se
imutáveis ao longo do tempo.

Inclui três hipóteses:


- Hipótese Criacionista (Lineu)
- Hipótese de Geração Espontânea
(Aristóteles)
- Hipótese Catastrófica (Cuvier)
Evolucionismo vs. fixismo

EVOLUCIONISMO (a partir do séc. XIX)


As espécies atuais resultam de lentas e sucessivas
transformações sofridas pelas espécies do passado.
Evolucionismo vs. fixismo

Hipóteses fixistas
Evolucionismo vs. fixismo
Evolucionismo vs. fixismo

As três correntes fixistas, explicativas da biodiversidade, têm em


comum o fato de não aceitarem alterações nos seres vivos, estes
são imutáveis.
Evolucionismo vs. fixismo

Fixismo em causa
Lineu foi um criacionista convicto mas os seus trabalhos contribuíram para o
desenvolvimento de ideias evolucionistas.

“Deus criou Lineu classificou“

Lineu, 1707-1778
Lineu desenvolveu um sistema de classificação
dos seres vivos baseado na sua morfologia.
Evolucionismo vs. fixismo

Fixismo em causa
Valorização do estudo dos fósseis

“… representam espécies que só aparecem em certos estratos


sedimentares e não existem na atualidade.”

George Cuvier, 1769 - 1832


Evolucionismo vs. fixismo

Fixismo em causa
Princípios da Geologia – Uniformitarismo
Originalmente proposto por James Hutton, considerado um dos precursores
da geologia moderna, foi posteriormente desenvolvida por Charles Lyell - procuravam
refutar o Catastrofismo.

Charles Lyell concluiu que:


- as leis naturais são constantes no espaço e no tempo
- a maioria das alterações geológicas dá-se de forma lenta e
gradual

Embora Lyell fosse relutante em admitir a transformação das


espécies, as transformações geológicas inevitavelmente
levaram ao surgimento de teorias relativas à evolução
biológica.
Charles Lyell, 1797-1875
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

As teorias evolucionistas tiveram dificuldades de implementação na


sociedade, visto que estas revolucionaram as ideias numa época em
que a religião possuía tanto ou mais poder que o estado.

As teorias de Lamarck e, posteriormente de Darwin tiveram de


apresentar fortes argumentos para provarem o que postulavam.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

Evolucionismo:
 admite que as espécies se alteram de forma lenta e
progressiva ao longo do tempo, dando origem a novas
espécies;
 as espécies são originadas a partir de ancestrais comuns;
 o ambiente intelectual em que o evolucionismo se estabeleceu
foi influenciado pelas ideias de mudança que surgiram, ao
mesmo tempo, em todas as áreas do conhecimento;
 construiu-se com o contributo e a colaboração de várias
ciências, em particular, da Geologia.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

A teoria de Lamarck,
atualmente, só é referenciada
devido à sua importância
histórica e não pelo seu valor
científico.

Lamarck, 1744-1829

Lamarck foi o primeiro cientista a apresentar uma teoria


explicativa da forma como se processa a evolução dos seres vivos,
o Lamarckismo.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

As ideias de Lamarck, para explicar a existência da evolução, podem resumir-se em


dois princípios fundamentais:
- Lei do uso e do desuso
- Lei da herança dos caracteres adquiridos
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

Se aplicarmos os princípios da
teoria Lamarckista ao clássico
exemplo das girafas, temos o
seguinte:

• As girafas habitavam meios em


que predominavam as plantas
herbáceas e arbustivas de que
se alimentavam.

• Estas girafas, sem qualquer


variabilidade intraespecífica,
possuíam pescoço e patas
curtas.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

• O ambiente modificou-se, tendo


desaparecido a vegetação
herbácea e arbustiva e surgindo,
de forma predominante, a
vegetação arbórea.

• As girafas, para não morrerem de


fome, sentiram necessidade de se
modificar, de forma a poderem
alimentar-se.

• Para chegarem ao alimento, as


girafas esticaram continuamente
as patas e o pescoço - lei do uso e
desuso.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

• A totalidade das girafas,


num tempo relativamente
curto, adquiriram novas
características, ou seja,
pescoço comprido e patas
compridas.

• As características adquiridas
foram transmitidas à
descendência, que passou a
possuir patas compridas e
pescoço comprido - lei da
herança dos caracteres
adquiridos.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

A teoria Lamarckista não vingou e o evolucionismo foi, temporariamente, posto


de parte. Na altura em que surgiu era impossível testar, cientificamente, alguns
dos seus pontos e, por outro lado, as ideias fixistas ainda estavam bem
enraizadas.

As principais críticas ao Lamarckismo foram:


• A teoria possui pontos não testáveis
cientificamente. Não se conseguiu provar
cientificamente a “necessidade de
adaptação” e a “procura da perfeição”.

• As modificações provenientes do uso e


desuso dos órgãos são adaptações
somáticas e individuais, não transmissíveis
à descendência.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

Charles Darwin foi o cientista que, embora


com dificuldade, conseguiu implementar a
teoria evolucionista como teoria explicativa
da biodiversidade.

Esta teoria evolucionista é também


conhecida por teoria de Darwin-Wallace,
dado que os cientistas, trabalhando
independentemente, chegaram às mesmas
conclusões, tendo mesmo partilhado ideias.
Charles Darwin – 1809-1882
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

Darwinismo:
- Charles Darwin, naturalista inglês, apresentou
a teoria evolucionista como explicação para a
biodiversidade;
– Darwin baseou-se num conjunto de dados e
informações recolhidos ao longo de mais de 20
anos, destacando-se os recolhidos na viagem à
volta do Mundo no Beagle;
– os fundamentos desta teoria são os
dados geológicos, os dados biogeográficos,
o crescimento das populações (Malthusianismo),
a seleção artificial e a variabilidade
intraespecífica.
Charles Darwin – 1809-1882
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo
Fundamentos do Darwinismo:
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

Darwin, ao enunciar a sua teoria


evolucionista, teve em consideração os
seguintes aspetos:

• Os seres vivos da mesma espécie


apresentam variações entre si –
variabilidade intraespecífica.

• As populações têm tendência a crescer


em progressão geométrica; no entanto, o
número de indivíduos não se altera
muito de geração em geração (teoria de
Malthus).
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

• Em cada geração é eliminado um


grande número de indivíduos, devido
a uma luta pela sobrevivência que
ocorre entre eles, por competição pelo
alimento, habitat, espaço, fuga aos
predadores.

• Nesta luta pela sobrevivência


sobrevivem os que estiverem mais
bem adaptados, isto é, os que
possuírem características mais aptas,
sendo os restantes eliminados
progressivamente.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

• Existe uma seleção natural, processo que


ocorre na Natureza e através do qual só
os indivíduos mais bem adaptados a
determinadas condições ambientais
sobrevivem – sobrevivência do mais
apto.

• Os indivíduos transmitem essa


característica mais apta à descendência -
transmissão da característica mais apta à
descendência.

• A acumulação de pequenas variações ao


longo prazo determina a transformação e
o aparecimento de novas espécies.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

Se aplicarmos os fundamentos da
teoria Darwinista ao exemplo das
girafas, temos o seguinte:

• Existia uma população de girafas


que apresentava variabilidade
intraespecífica, isto é, umas
possuíam o pescoço e patas de
reduzidas dimensões, outras de
médias dimensões e outras de
grandes dimensões.

• Nesta população, o crescimento


era controlado pela quantidade e
tipo de alimento existente no
meio.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

• Esta população travava uma


luta pela sobrevivência, sendo
selecionados os seres mais
aptos e eliminados os menos
aptos.

• As girafas que possuíam os


pescoços e patas de maiores
dimensões estavam adaptadas
a um meio em que predomina
o alimento arbóreo, pelo que
conseguiam chegar ao
alimento, e, deste modo,
sobreviviam.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

• As girafas que possuíam os


pescoços e patas de menores
dimensões estavam menos
adaptadas a um meio em que
predomina o alimento arbóreo,
pelo que não conseguiam chegar
ao alimento, e, deste modo, não
sobreviviam.

• Ocorreu, assim, uma seleção


natural, que selecionou os
indivíduos mais aptos (as girafas
de pescoço e as patas de maiores
dimensões) e eliminou os
indivíduos menos aptos (as
girafas de pescoço e as patas de
menores dimensões) –
sobrevivência do mais apto.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

• Na população de girafas
começaram a predominar as
girafas de pescoço e patas
compridos que, reproduzindo-se
mais, iriam aumentar de número,
enquanto que as girafas de
pescoço e patas curtos, sendo em
menor número, reproduziam-se
menos, diminuindo o seu número
(reprodução diferencial).

• A população passou a ser


constituída, maioritariamente, por
girafas de pescoço e patas
compridos, transmitindo esta
característica mais apta à
descendência.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

A teoria darwinista ainda hoje é aceite nas suas linhas gerais; no


entanto, revelou-se uma teoria incompleta, que só o evoluir do
conhecimento científico permitiu colmatar.

O desenvolvimento da genética,
anos mais tarde, veio esclarecer
o porquê da variabilidade
intraespecífica existente nas
populações.
Evolucionismo – lamarckismo e darwinismo

O Lamarkismo e o Darwinismo explicam a diversidade de espécies existente através


de processos evolutivos. Contudo, embora ambos valorizem o papel do meio e da
adaptação, os mecanismos de explicação que apresentam são diferentes.
Evolucionismo – neodarwinismo

Neodarwinismo - Teoria sintética (moderna) da evolução


Tal como foi enunciada por Darwin, a teoria da evolução apresentava
algumas lacunas que não foram totalmente esclarecidas, como:
- os mecanismos responsáveis pelas variações existentes nos
indivíduos de uma espécie;
- a forma como as variações são transmitidas de geração em
geração.

A ideia base da obra de Darwin “A Origem das Espécies”


(1859) só veio a ser provada no século XX com o surgimento
da genética. No século XIX foram dados os primeiros passos
sobre o assunto pelo monge austríaco Gregor Mendel, sendo
ele quem descobriu as leis da hereditariedade que explicam a
passagem de características de pais para filhos.
Evolucionismo – neodarwinismo

Neodarwinismo - Teoria sintética (moderna) da evolução


A Teoria de Darwin foi revista e surge uma nova teoria –
o Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução.

Para explicar os mecanismos evolutivos, esta teoria apresenta duas


ideias fundamentais:
- a seleção natural atua sobre a globalidade dos indivíduos de uma
população com toda a sua carga genética - fundo genético.
- a variabilidade genética resulta de mutações e da recombinação
génica.
Evolucionismo – neodarwinismo

Neodarwinismo - Teoria sintética (moderna) da evolução

Mutações

- Alterações hereditárias no genoma dos


indivíduos;

- podem ocorrer ao nível dos genes – mutações


génicas – ou envolver porções significativas de
cromossomas – mutações cromossómicas;

- são a fonte primária de variabilidade genética


porque introduzem novos genes ou alterações
nos genes existentes e, portanto, novas
caraterísticas nos indivíduos.
Evolucionismo – neodarwinismo

Neodarwinismo - Teoria sintética (moderna) da evolução

Mutações

- podem ser letais para os seus portadores e


levarem ao seu desaparecimento, ou podem ser
favoráveis, conferindo vantagens aos indivíduos
que as possuem. Neste caso, os indivíduos
sobrevivem e reproduzem-se mais e transmitem
esta mutação aos seus descendentes,
modificando o fundo genético da população.
Evolucionismo – neodarwinismo

Neodarwinismo - Teoria sintética (moderna) da evolução


Recombinação génica
- fonte mais próxima da variabilidade genética;

- introduz variabilidade genética porque favorece o aparecimento de uma


multiplicidade de diferentes combinações de genes.

- Resulta da reprodução sexuada, através da ocorrência de meiose e


fecundação. Na meiose, o crossing-over e a segregação independente dos
cromossomas homólogos criam variabilidade genética e o encontro dos
gâmetas na fecundação, faz variar, ainda mais, as possibilidades de associação
de genes.
Evolucionismo – neodarwinismo

Neodarwinismo ou teoria moderna (sintética) da evolução


As mutações e as recombinações génicas, para serem hereditárias e se
transmitirem à descendência, têm que fazer parte do património genético das
células reprodutoras (células germinativas).
Caraterísticas somáticas, desenvolvidas ao longo da vida, não são transmitidas à
descendência.
Evolucionismo – neodarwinismo

Fatores de microevolução
A seleção natural e as mutações/recombinações génicas não são, contudo, os
únicos mecanismos da evolução e foram identificadas outras forças evolutivas
que contribuem para a alteração do fundo genético de uma população.

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