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Legislação Penal Especial
Legislação Penal Especial
De acordo com a Lei dos Tóxicos, são consideradas drogas todas as substâncias nocivas capazes
de causar dependência ao indivíduo.
É proibido em todo o território nacional o uso de drogas ilícitas, incluindo: o plantio, cultivo,
colheita ou fabricação.
A lei não considera como drogas plantas utilizadas em rituais religiosos. Além disso, há abertura
para autorização do cultivo em casos específicos, sejam eles medicinais ou científicos.
Um dos principais aspectos da lei dos tóxicos é para diferenciar o usuário do traficante de
drogas, assim como traz medidas diferentes para cada um deles.
Todos os exemplos citados acima são vistos perante a lei como dolosos. Salvo exceção ao artigo
38, classificado como culposo: “prescrever ou ministrar, culposamente, drogas sem que delas
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com a determinação legal
ou regulamentar”.
MUDANÇAS NA LEI
A lei de 11.343 revogou a lei 6.368/76 e 10.409/02. E as principais mudanças foram a inclusão
de:
I. crimes relacionados à drogas podem ser classificados como ofensas contra a saúde
pública
II. substitui o termo substância entorpecente por droga, visando incluir um número maior
de substâncias
III. sem pena de prisão em flagrante para usuário
IV. medidas mais rigorosas contra o tráfico.
PORTE DE DROGAS PARA O USO PESSOAL | ART. 28
Não existe pena privativa de liberdade e não pode haver prisão em flagrante pelo porte de
drogas para uso próprio. É válido ressaltar que não houve uma descriminalização, continua
sendo crime, houve a descarcerização.
USAR drogas não é crime, mas ESTAR com a droga para o uso próprio, é.
Adquirir droga para o consumo de outra pessoa NÃO configura o art. 28 e sim o art.33 (tráfico
de drogas).
O art. 28 não gera reincidência. Por exemplo, se uma pessoa comete o crime de porte de drogas
para o uso pessoal e três anos depois comete o crime de tráfico, ele não será considerado
reincidente. Porém, o art. 28 gera algo chamado de reincidência específica (ou endôgena).
As penas do art. 28 são: Advertência sob o uso de drogas, Prestação de Serviços à Comunidade e
Participação de Programas Educativos. E podem ser aplicadas por NO MÁXIMO 5 meses, porém
se a pessoa for reincidente no art. 28, o prazo máximo deixa de ser 5 meses e passa a ser 10
MESES.
O ônus probatório não é do acusado e sim do acusador. Ou seja, cabe ao Ministério Público
provar que, por exemplo, o acusado cometeu o crime do art. 33 e não o art. 28.
É cabível a concessão de salvo-conduto para o plantio e o transporte de Cannabis Sativa para fins
exclusivamente terapêuticos, com base em receituário e laudo.
As condutas de plantar maconha para fins medicinais e importar sementes para o plantio não
preenchem a tipicidade material, motivo pelo qual se faz possível a expedição de salvo-conduto,
desde que comprovada a necessidade médica do tratamento.
CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS | ART. 33
Se na mesma circunstância, o agente for encontrado com mais de uma droga (ex: heroína,
cocaína e maconha), ele ainda responderá por um único crime de tráfico, porém isso será levado
em conta na dosimetria.
O sujeito não precisa estar na posse direta da droga, a negociação consuma o crime.
Não é preciso haver o intuito de lucro, aquele que fornecer drogas ainda que gratuitamente,
responderá pelo art. 33.
Existe a possibilidade de concurso de crimes com Associação Para o Tráfico. Duas ou mais
pessoas que se associam para traficar. Não precisa que ocorra o efetivo tráfico,
Dimuição de pena de ⅓ a ⅙.
Se a mula do tráfico cumprir os quatro requisitos, ela pode ter direito a redução de pena do
tráfico privilegiado.
Lâmina de barbear, papelotes, sacos plásticos, fita adesiva, pente de cabelo, tampa de caneta
NÃO são considerados maquinários.
Possível a consumação pelo crime de tráfico, desde que não caracterizada a existência de
contextos autônomos e coexistentes.
Não responderá pelo crime do art. 34, quando a posse dos instrumentos configura ato
preparatório destinado ao consumo pessoal. EX: agente com equipamentos para o plantio de
cannabis.
É irrelevante a apreensão de drogas na posse direta do agente. Ou seja, não é preciso que haja
droga com esses agentes, pois pode haver até mesmo a negociação por telefone.
O fato de o flagrante do delito de tráfico de drogas ter ocorrido em comunidade apontada como
local dominado por facção criminosa, por si só, não permite presumir que os réus eram
associados (de forma estável e permanente) a referida facção, sob pena de se validar a adoção de
uma seleção criminalizante norteada pelo critério espacial e de se inverter o ônus probatório,
atribuindo a prova diabólica de fato negativo à defesa.
A diferença entre financiar e custear é que financiar é o investidor, é a pessoa que não participa
dos atos criminosos, visando um retorno lucrativo. Exemplo: Uma pessoa investe 20 mil no
tráfico e espera um retorno de 50 mil. A pessoa que custeia não visa lucro, mas presta dinheiro
para alguém traficar.
O autofinanciamento, ou seja, a pessoa que trafica e usa os próprios recursos para investir nele
mesmo, também não responde no art. 36, mas sim no art. 33 com a causa de aumento de pena
do art. 40, VII.
É equiparado a hediondo.
Na qualidade de INFORMANTE (verbalmente, por sinais, soltando pipa, fogos de artifício, etc).
Tráfico interestadual e transnacional - não precisa haver a efetiva transposição das fronteiras.
Possibilidade de incidência simultânea nos crimes do art. 33 e do art. 35 nos casos em que sua
prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente.
MARIA DA PENHA
A Lei Maria da Penha cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos do §8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a violência contra a mulher e de outros tratados internacionais.
Psicológica: qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que
prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo a saúde psicológica e à autodeterminação.
Patrimonial: qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de
seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.
Moral: entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.
A lei será aplicada a todas as situações previstas no seu art. 5, (unidade doméstica, relação
familiar, relação íntima de afeto), independentemente da causa ou motivação dos atos de
violência e da condição do ofensor ou da ofendida.
A lei trás duas formas de proteger a mulher, que são: medidas de assistência e medidas
protetivas de urgência.
Medidas Protetivas de Urgência: que obrigamn o agressor, de proteção à ofendida. Tem natureza
cautelar, numa situação de risco. Só pode ser concedida pelo Juiz.
MEDIDAS DE ASSISTÊNCIA
PREVENÇÃO - EXEMPLOS
Campanhas educativas
MEDIDAS JUDICIAIS
obs: B e C | o Juiz deve ser comunicado no prazo máximo de 24h e decidirá também em 24h pela
manutenção ou revogação da medida aplicada, dando ciência concomitante ao MP.
PROIBIÇÃO de:
I. aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo
de distância
II. contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por QUALQUER MEIO de
comunicação | pode ser contato por ligação, whatsapp, email, telegram.
III. frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e
psicológica da ofendida | pode ser bar, balada, boteco.
DE PROTEÇÃO À OFENDIDA
Determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, a
guarda dos filhos e alimentos.
Não revitimização | tratar a vítima como culpada ou solicitar que ela conte a mesma história
VÁRIAS vezes, revivendo o trauma.
Obs: crime de abuso de autoridade - figura “sui generis” - violência institucional, detenção de 3
meses a 1 ano.
Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ao local seguro, quando
houver risco de vida (casa abrigo)
PROCEDIMENTOS
Remeter, no prazo de 48h, expediente apartado ao Juiz com o pedido da ofendida para concessão
das MPUs.
Aplicação subsidiária do CPP. CPC, ECA e Estatuto do Idoso (causas cíveis e criminais)
Ofendida pode propor ação de divórcio ou dissolução da união estável no Juizado de Violência
Doméstica e Familiar contra a mulher.
Caso a VDFcM se inicie após o ajuizamento da ação (divórcio ou dissolução da união estável) a
ação ganha preferência no juízo onde estiver.
Competência cível (opção da ofendida)
a) seu domicílio ou residência
b) lugar do fato
c) domicílio do agressor
Lesão Corporal Leve e Lesão Corporal Culposa, se praticados em contexto de Lei Maria da Penha,
a ação será pública incondicionada
Vedadas: pena de cesta básica, outras de prestação pecuniária, pagamento isolado de multa.
A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no
ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos.
Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta
Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente
designada com tal finalidade, ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA e ouvido o MInistério
Público.
Art. 19, §4º. As medidas protetivas de urgência serão concedidas EM JUÍZO DE COGNIÇÃO
SUMÁRIA a partir do depoimento da ofendida perante a autoridade policial ou da apresentação
de suas alegações escritas e poderão ser indeferidas no caso de avaliação pela autoridade de
inexistência de risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida
ou de seus dependentes.
§6º. As medidas protetivas de urgência vigorarão enquanto persistir o risco à integridade física,
psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou de seus dependentes.
Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas
nesta lei:
pena - detenção, de 3 meses a 2 anos.
Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. (não o
delegado, APENAS o juiz).
ESTATUTO DO DESARMAMENTO
Para o STJ, os bens jurídicos protegidos pelo estatuto do desarmamento são: incolumidade
pública, paz social e segurança pública.
COMPETÊNCIA
É competência, em regra, é da Justiça Comum Estadual.
CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: V - os crimes previstos em tratado ou
convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente. Exemplo: Tráfico Internacional de Armas.
Aqui a conduta é a posse, não o porte. E se refere a uma arma de fogo de calibre de uso
permitido, não entra calibres de uso restrito ou proibido.
Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência
ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o
responsável legal do estabelecimento ou empresa:
O sujeito que adquire arma de fogo e tem posse legal tem um prazo para renovação do
documento que o permite ter a posse da arma. Caso deixe o prazo vencer, ele não responderá
por crime, mas estará sujeito a apreensão da arma de fogo e aplicação de multa. Ou seja,
responderá somente de forma administrativa.
QUESTÕES CONTROVÉRSAS
Arma de Fogo Desmuniciada: Se um sujeito for encontrado com uma arma de fogo sem munição
- valendo-se para posse e porte -, ele ainda responderá por crime do estatuto de desarmamento,
pois estamos diante de um crime de perigo abstrato.
Arma de Fogo Desmontada: Da mesma forma, ainda será considerado crime, pois estamos diante
de um crime de perigo abstrato.
Arma de Fogo Defeituosa: Ineficácia Absoluta, não será presumido perigo pois é inexistente.
Os acessórios não são considerados crime de omissão de cautela, como por exemplo: munições.
Somente a arma de fogo.
Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com a determinação
legal ou regulamentar: pena - reclusão, de 2 a 4 anos e multa.
Trata-se do sujeito que está com a arma de fogo fora da residência, dependência da residência
ou fora do estabelecimento comercial, sendo ele o proprietário.
I. Porte ilegal de arma de fogo e roubo circunstanciado pelo emprego da arma de fogo
II. Porte ilegal de arma de fogo e homicídio.
Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via
pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de
outro crime: pena - reclusão, de 2 a 4 anos e multa.
É um crime de perigo abstrato, ou seja, não precisa necessariamente provar que haviam pessoas
na rua, basta saber que aquele local é habitado.
POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO
Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal
ou regulamentar: pena - reclusão, de 3 a 6 anos e multa.
§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de
fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma
de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração,
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório,
munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer
forma, munição ou explosivo.
Se as condutas descritas no caput e no §1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso
proibido, a pena é de reclusão, de 4 a 12 anos.
Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar: pena - reclusão,
de 6 a 12 anos e multa.
Equipara-se à atividade comercial ou industrial, qualquer forma de prestação de serviços,
fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.
Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presenter elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.
Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.
TRÁFICO INTERNACIONAL
Para a configuração do tráfico internacional de arrma de fogo, acessório ou munição NÃO BASTA
apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessário que se comprove a
internacionalidade da ação.
MAJORANTES
Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da METADE se a arma de fogo,
acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.
Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da METADE se:
I. Forem praticados por integrantes dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6 (porte
funcional), 7 (empregados das empresas de segurança privada e de transporte de
valores) e 8 (armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituidas)
II. O agente for reincidente específico em outros crimes dessa natureza.