Você está na página 1de 18

LEI DE TÓXICOS

De acordo com a Lei dos Tóxicos, são consideradas drogas todas as substâncias nocivas capazes
de causar dependência ao indivíduo.

É proibido em todo o território nacional o uso de drogas ilícitas, incluindo: o plantio, cultivo,
colheita ou fabricação.

A lei não considera como drogas plantas utilizadas em rituais religiosos. Além disso, há abertura
para autorização do cultivo em casos específicos, sejam eles medicinais ou científicos.

Um dos principais aspectos da lei dos tóxicos é para diferenciar o usuário do traficante de
drogas, assim como traz medidas diferentes para cada um deles.

Os crimes associados à lei 11.343 são:


I. tráfico de drogas
II. porte de drogas para uso próprio
III. colaboração com informante
IV. induzimento, instigação ou auxílio ao uso indevido de drogas
V. condução de embarcação ou aeronave sob efeito de drogas
VI. tráfico privilegiado
VII. tráfico de maquinários
VIII. associação para o tráfico de drogas
IX. financiamento e custeio do tráfico de drogas
X. figuras assemelhadas ao tráfico de drogas

Todos os exemplos citados acima são vistos perante a lei como dolosos. Salvo exceção ao artigo
38, classificado como culposo: “prescrever ou ministrar, culposamente, drogas sem que delas
necessite o paciente, ou fazê-lo em doses excessivas ou em desacordo com a determinação legal
ou regulamentar”.

MUDANÇAS NA LEI

A lei de 11.343 revogou a lei 6.368/76 e 10.409/02. E as principais mudanças foram a inclusão
de:

I. crimes relacionados à drogas podem ser classificados como ofensas contra a saúde
pública
II. substitui o termo substância entorpecente por droga, visando incluir um número maior
de substâncias
III. sem pena de prisão em flagrante para usuário
IV. medidas mais rigorosas contra o tráfico.
PORTE DE DROGAS PARA O USO PESSOAL | ART. 28

Não existe pena privativa de liberdade e não pode haver prisão em flagrante pelo porte de
drogas para uso próprio. É válido ressaltar que não houve uma descriminalização, continua
sendo crime, houve a descarcerização.

Não se aplica o princípio da insignificância, pois se trata de um crime de perigo abstrato.

USAR drogas não é crime, mas ESTAR com a droga para o uso próprio, é.

Adquirir droga para o consumo de outra pessoa NÃO configura o art. 28 e sim o art.33 (tráfico
de drogas).

O art. 28 não gera reincidência. Por exemplo, se uma pessoa comete o crime de porte de drogas
para o uso pessoal e três anos depois comete o crime de tráfico, ele não será considerado
reincidente. Porém, o art. 28 gera algo chamado de reincidência específica (ou endôgena).

As penas do art. 28 são: Advertência sob o uso de drogas, Prestação de Serviços à Comunidade e
Participação de Programas Educativos. E podem ser aplicadas por NO MÁXIMO 5 meses, porém
se a pessoa for reincidente no art. 28, o prazo máximo deixa de ser 5 meses e passa a ser 10
MESES.

O ônus probatório não é do acusado e sim do acusador. Ou seja, cabe ao Ministério Público
provar que, por exemplo, o acusado cometeu o crime do art. 33 e não o art. 28.

Os critérios para diferenciar se a droga era para consumo próprio ou tráfico:


I. natureza
II. quantidade
III. local
IV. condições em que se desenvolveu a ação
V. circunstâncias sociais e pessoais
VI. conduta e antecedentes do agente

Competência do Juizado Especial Estadual

A prescrição do art. 28 é bienal (DOIS ANOS).

É cabível a concessão de salvo-conduto para o plantio e o transporte de Cannabis Sativa para fins
exclusivamente terapêuticos, com base em receituário e laudo.

As condutas de plantar maconha para fins medicinais e importar sementes para o plantio não
preenchem a tipicidade material, motivo pelo qual se faz possível a expedição de salvo-conduto,
desde que comprovada a necessidade médica do tratamento.
CRIME DE TRÁFICO DE DROGAS | ART. 33

Não é necessário que a droga pertença ao agente.

Se na mesma circunstância, o agente for encontrado com mais de uma droga (ex: heroína,
cocaína e maconha), ele ainda responderá por um único crime de tráfico, porém isso será levado
em conta na dosimetria.

O sujeito não precisa estar na posse direta da droga, a negociação consuma o crime.

Não é preciso haver o intuito de lucro, aquele que fornecer drogas ainda que gratuitamente,
responderá pelo art. 33.

A pequena quantidade de droga não descaracteriza o delito.

O grau de pureza da droga não é levado em consideração.

O crime de tráfico não é hediondo, mas é equiparado a hediondo.

Existe a possibilidade de concurso de crimes com Associação Para o Tráfico. Duas ou mais
pessoas que se associam para traficar. Não precisa que ocorra o efetivo tráfico,

TRÁFICO PRIVILEGIADO E JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA

Os requisitos cumulativos são:


I. Primário
II. Bons antecedentes
III. Não pode se dedicar a atividades criminosas
IV. Não pode integrar organização criminosa

E devem estar presentes ao mesmo tempo.

Dimuição de pena de ⅓ a ⅙.

O sujeito pode ser condenado simultaneamente ao art. 33 e ao art. 35.

Se a mula do tráfico cumprir os quatro requisitos, ela pode ter direito a redução de pena do
tráfico privilegiado.

A elevada quantidade de drogas apreendidas, a multiplicidade de agentes envolvidos na trama


criminosa - que perpassa pela contratação e pela proposta de pagamento -, a forma de
transporte da substância entorpecente, a distância entre os estados da federação e a nítida
divisão de tarefas entre os membros do grupo descaracterizam a condição de pequeno traficante
- ou traficante ocasional - impedindo o reconhecimento do benefício do tráfico privilegiado.
É vedada a utilização de inquéritos e/ou ações penais em curso para impedir a aplicação do
tráfico privilegiado, pelo princípio da presunção da inocência.

TRÁFICO DE MAQUINÁRIO | ART. 34

Maquinário, aparelho, instrumento, qualquer objeto para fabricação, preparação, produção ou


transformação.

Lâmina de barbear, papelotes, sacos plásticos, fita adesiva, pente de cabelo, tampa de caneta
NÃO são considerados maquinários.

Possível a consumação pelo crime de tráfico, desde que não caracterizada a existência de
contextos autônomos e coexistentes.

Não responderá pelo crime do art. 34, quando a posse dos instrumentos configura ato
preparatório destinado ao consumo pessoal. EX: agente com equipamentos para o plantio de
cannabis.

ASSOCIAÇÃO PARA O TRÁFICO | ART. 35

Não é preciso que os agentes efetivamente pratiquem o tráfico.

Deve haver um sentido de permanência e estabilidade.

Existe a possibilidade de concurso com o art. 33

É irrelevante a apreensão de drogas na posse direta do agente. Ou seja, não é preciso que haja
droga com esses agentes, pois pode haver até mesmo a negociação por telefone.

Não constitui crime equiparado a hediondo.

O fato de o flagrante do delito de tráfico de drogas ter ocorrido em comunidade apontada como
local dominado por facção criminosa, por si só, não permite presumir que os réus eram
associados (de forma estável e permanente) a referida facção, sob pena de se validar a adoção de
uma seleção criminalizante norteada pelo critério espacial e de se inverter o ônus probatório,
atribuindo a prova diabólica de fato negativo à defesa.

FINANCIAMENTO OU CUSTEIO DO TRÁFICO | ART. 36

A diferença entre financiar e custear é que financiar é o investidor, é a pessoa que não participa
dos atos criminosos, visando um retorno lucrativo. Exemplo: Uma pessoa investe 20 mil no
tráfico e espera um retorno de 50 mil. A pessoa que custeia não visa lucro, mas presta dinheiro
para alguém traficar.

É necessário que exista estabilidade e reiteração, ou seja, não é um crime eventual.


O financiamento esporádico (forma eventual) não incide no art. 36, mas sim no art. 33 com a
causa de aumento de pena do art. 40, VII.

O autofinanciamento, ou seja, a pessoa que trafica e usa os próprios recursos para investir nele
mesmo, também não responde no art. 36, mas sim no art. 33 com a causa de aumento de pena
do art. 40, VII.

É equiparado a hediondo.

COLABORAÇÃO COM O TRÁFICO | ART. 37

Na qualidade de INFORMANTE (verbalmente, por sinais, soltando pipa, fogos de artifício, etc).

É algo esporádico, eventual, sem vínculo efetivo.

Subsidiário em relação aos delitos dos arts. 33 e 35.

MAJORANTES E JURISPRUDÊNCIA RELACIONADA

Tráfico interestadual e transnacional - não precisa haver a efetiva transposição das fronteiras.

É possível aplicar as duas majorantes (interestadual e transnacional) ao mesmo tempo, caso


haja a intenção de distribuir a droga por vários estados. Exemplo: um agente que trouxe a droga
do Paraguai para o Brasil (tráfico transnacional) e tem a clara intenção de distribuir a droga para
Pernambuco, Paraiba, Fortaleza e Bahia (tráfico interestadual).

Dependências ou imediações de Igreja configura majorante.

No tráfico de drogas nas dependências ou imediações de estabelecimenos prisionais, a droga


não precisa passar por dentro do presídio.

Possibilidade de incidência simultânea nos crimes do art. 33 e do art. 35 nos casos em que sua
prática envolver ou visar a atingir criança ou adolescente.

DESTRUIÇÃO DE DROGAS E PROVIDÊNCIAS

SITUAÇÃO AUTORIZAÇÃO PROVIDÊNCIA PRAZO FORMA


JUDICIAL

Plantação ilícita Não precisa Destruição pelo IMEDIATA Pode ser


Delegado de utilizada
Polícia queimada
Apreensão de PRECISA Destruição pelo 15 DIAS após a A lei não
Drogas COM Delegado de determinação do menciona a
Prisão em Polícia Juiz forma da
Flagrante destruição

Apreensão de Não precisa Destruição pelo Prazo máximo Incineração


Drogas SEM Delegado de de 30 dias após
prisão em Polícia a apreensão
flagrante

Em todos os casos, deve-se guardar amostra necessária à realização de laudo definitivo.

MARIA DA PENHA

A Lei Maria da Penha cria mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos do §8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a
Eliminação de Todas as Formas de Violência contra a Mulher, da Convenção Interamericana para
Prevenir, Punir e Erradicar a violência contra a mulher e de outros tratados internacionais.

O STJ decidiu que também se consideram as mulheres trans.

Já o agressor pode ser homem ou mulher.

ÂMBITO DE APLICAÇÃO | UDFRIA

UD (Unidade Doméstica): espaço de convívio permanente de pessoas com ou sem vínculo


familiar (inclusive as esporadicamente agregadas, como por exemplo: empregada doméstica).

F (Família): são ou se consideram aparentados (laços naturais, afinidade ou vontade expressa) -


“natureza ampla de parentesco”, como por exemplo: padrasto e enteada).

RIA (Relação Íntima de Afeto: (conviva ou tenha convivido, independentemente de coabitação,


como por exemplo: ex namorado) - obs: namoro êfemero (ficante), não se aplica.
FORMAS DE VIOLÊNCIA | ART. 7

Física: qualquer conduta que ofenda a sua integridade ou saúde corporal.

Psicológica: qualquer conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que
prejudique e perturbe o pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações,
comportamentos, crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação,
manipulação, isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem,
violação de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo a saúde psicológica e à autodeterminação.

Sexual: qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação


sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força, que a induza a
comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça de usar qualquer
método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao aborto ou à prostituição,
mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação, ou que limite ou anule o exercício de
seus direitos sexuais e reprodutivos.

Patrimonial: qualquer conduta que configure retenção, subtração, destruição parcial ou total de
seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou
recursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer suas necessidades.

Moral: entendida como qualquer conduta que configure calúnia, difamação ou injúria.

A lei será aplicada a todas as situações previstas no seu art. 5, (unidade doméstica, relação
familiar, relação íntima de afeto), independentemente da causa ou motivação dos atos de
violência e da condição do ofensor ou da ofendida.

A lei trás duas formas de proteger a mulher, que são: medidas de assistência e medidas
protetivas de urgência.

Medidas de assistência: medidas de prevenção, medidas administrativas (não precisa de ordem


do Juiz) e medidas judiciais (precisam de ordem do Juiz). | situação de violência. É para dar
amparo à mulher. Podem ser concedida pelo Juiz e outras áreas do Estado.

Medidas Protetivas de Urgência: que obrigamn o agressor, de proteção à ofendida. Tem natureza
cautelar, numa situação de risco. Só pode ser concedida pelo Juiz.

MEDIDAS DE ASSISTÊNCIA

PREVENÇÃO - EXEMPLOS

Estudos, pesquisas, estatísticas - perspectiva de gênero e de raça ou etnia (causas,


consequências e frequência da VDFcM)
Meios de comunicação social - coibir papéis estereotipados

Campanhas educativas

Convênios e parcerias com entidades não-governamentais

Programas educacionais (valores éticos) e currículos escolares

MEDIDAS ADMINISTRATIVAS - EXEMPLOS

Violência sexual (contracepção de emergência, profilaxia de DST e AIDS)


Ressarcimento dos custos com o SUS e da “tornozeleira eletrônica” - sem importar ônus ao
patrimônio da mulher e dos dependentes e NÃO configurar atenuante, nem ensejar
possibilidade de substituição da pena aplicada. Por exemplo: o homem deixaria de pagar a
pensão aos filhos para conseguir pagar os custos com o SUS e tornozeleira eletrônica, assim
prejudicaria a mulher e seus dependentes.

Prioridade para matrícula ou transferência escolar dos dependentes - apresentação dos


documentos comprobatórios do registro da ocorrência policial ou do processo de violência
doméstica e familiar em curso (dados sigilosos).

MEDIDAS JUDICIAIS

a) determinar, por PRAZO CERTO, a inclusão no cadastro de programas assistenciais


(governo federal, estadual e municipal)
b) acesso prioritário à remoção, quando servidora (administração direta ou indireta)
c) manutenção do vínculo trabalhista, POR ATÉ 6 MESES
d) encaminhamento à assistência judiciária, quando for o caso (ações cíveis relacionadas -
divórcio, separação judicial, anulação do casamento, dissolução de união estável)

MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA

QUE OBRIGAM O AGRESSOR

SUSPENSÃO da posse ou RESTRIÇÃO do porte de armas, com comunicação ao órgão


competente.

Restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento


multidisciplinar ou serviço similar.

Prestação de alimentos provisionais ou provisórios.

Afastamento do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida. | art. 12-C.


Verificada a existência de risco ATUAL ou IMINENTE à VIDA ou à INTEGRIDADE FÍSICA ou
PSICOLÓGICA da mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes,
o agressor será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a ofendida.

a) pela autoridade judicial | regra.


b) pelo delegado, quando o Município não for sede de comarca
c) pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado
disponível no momento.

obs: B e C | o Juiz deve ser comunicado no prazo máximo de 24h e decidirá também em 24h pela
manutenção ou revogação da medida aplicada, dando ciência concomitante ao MP.

PROIBIÇÃO de:
I. aproximação da ofendida, de seus familiares e das testemunhas, fixando o limite mínimo
de distância
II. contato com a ofendida, seus familiares e testemunhas por QUALQUER MEIO de
comunicação | pode ser contato por ligação, whatsapp, email, telegram.
III. frequentação de determinados lugares a fim de preservar a integridade física e
psicológica da ofendida | pode ser bar, balada, boteco.

Comparecimento do agressor a programas de recuperação e reeducação.

Acompanhamento psicossocial do agressor, por meio de atendimento individual e/ou em grupo


de apoio.

DE PROTEÇÃO À OFENDIDA

Encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção ou de atendimento.

Determinar a recondução da ofendida e a de seus dependentes ao respectivo domicílio após


afastamento do agressor.

Determinar o afastamento da ofendida do lar, sem prejuízo dos direitos relativos a bens, a
guarda dos filhos e alimentos.

Determinar a separação de corpos.

Determinar a matrícula dos dependentes da ofendida em instituição de educação básica mais


próxima do seu domicílio, ou a transferência deles para essa instituição, INDEPENDENTEMENTE
da existência de vaga.

Proteção patrimonial (bens da sociedade conjugal):


I. restituição de bens indevidamente subtraídos
II. proibição temporária para a celebração de atos e contratos de compra, venda e locação
de propriedade em comum, salvo expressa autorização judicia (Juiz deve oficiar ao
cartório)
III. suspensão das procurações conferidas pela ofendida ao agressor (Juiz deve oficiar ao
cartório)
IV. prestação de caução provisória, mediante depósito judicial, por perdas e danos materiais
decorrentes da prática de violência doméstica e familiar contra a ofendida.

ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL

Atendimento policial e pericial especializado, ininterrupto , prestado PREFERENCIALMENTE


por servidores do sexo feminino previamente capacitados.

Atendimento especializado: Estados e DF - criação de DEAMs, Núcleos Investigativos de


Feminicídios e de equipes especializadas de atendimento e investigação.

Salvaguarda da integridade física, psíquica e emocional.

Contato da mulher, de seus familiares ou testemunhas com investigados ou suspeitos e pessoas a


eles relacionadas: EM NENHUMA HIPÓTESE

Não revitimização | tratar a vítima como culpada ou solicitar que ela conte a mesma história
VÁRIAS vezes, revivendo o trauma.

Obs: crime de abuso de autoridade - figura “sui generis” - violência institucional, detenção de 3
meses a 1 ano.

Em recinto especialmente projetado (idade, tipo e gravidade da violência)

Quando for o caso, será intermediado por profissional especializado

Registro do depoimento em meio eletrônico ou magnético

PROVIDÊNCIAS | INDEPENDEM DA AUTORIZAÇÃO DO JUIZ

Proteção policial, quando necessário (comunicação imediata ao MP e ao Juiz)

Encaminhamento ao hospital/posto de saúde e ao IML

Fornecer transporte para a ofendida e seus dependentes para abrigo ao local seguro, quando
houver risco de vida (casa abrigo)

Se necessário, acompanhar p/assegurar a retirada de seus pertences do local da ocorrência ou


do domicílio familiar

INFORMAR direitos e serviços disponíves (inclusive o de assistência judiciária)


REQUISITAR os serviços públicos necessários à defesa da mulher e de seus dependentes

PROCEDIMENTOS

Ouvir, lavrar BO e tomar representação a termo, se apresentada.

Colher todas as provas.

Remeter, no prazo de 48h, expediente apartado ao Juiz com o pedido da ofendida para concessão
das MPUs.

Determinar exame de corpo de delito e outros exames periciais


I. admitidos como meios de prova os laudos ou prontuários médicos fornecidos por
hospitais e postos de saúde.
II. prioridade na realização do exame de corpo de delito

Ouvir agressor e testemunhas.

Identificação do agressor, juntando folha de antecedentes criminais

VERIFICAR se o agressor possui registro de porte ou posse de arma de fogo - JUNTAR


informação aos autos - NOTIFICAR a ocorrência à instituição responsável pela concessão do
registro ou da emissão do porte.

Remeter, no prazo legal, os autos do IP ao Juiz e ao MP.

E quem decide se suspende o porte ou posse é o Juiz.

PROCEDIMENTOS NA ESFERA JUDICIAL

Aplicação subsidiária do CPP. CPC, ECA e Estatuto do Idoso (causas cíveis e criminais)

Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher


a) órgãos da Justiça ordinária
b) competência cível e criminal
c) podem ser criados: União (DF e Territórios) e pelos Estados
d) atos processuais podem se realizar em horários noturnos

Ofendida pode propor ação de divórcio ou dissolução da união estável no Juizado de Violência
Doméstica e Familiar contra a mulher.

obs: exclui-se da competência a pretensão relacionada à partilha de bens.

Caso a VDFcM se inicie após o ajuizamento da ação (divórcio ou dissolução da união estável) a
ação ganha preferência no juízo onde estiver.
Competência cível (opção da ofendida)
a) seu domicílio ou residência
b) lugar do fato
c) domicílio do agressor

Não se aplica a 9.099/95 (art. 41)

Não cabe Acordo de Não Persecução Penal

Lesão Corporal Leve e Lesão Corporal Culposa, se praticados em contexto de Lei Maria da Penha,
a ação será pública incondicionada

Vedadas: pena de cesta básica, outras de prestação pecuniária, pagamento isolado de multa.

A prática de crime ou contravenção penal contra a mulher com violência ou grave ameaça no
ambiente doméstico impossibilita a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de
direitos.

É inaplicável o princípio da insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados


contra a mulher no âmbito das relações domésticas.

Art. 16. Nas ações penais públicas condicionadas à representação da ofendida de que trata esta
Lei, só será admitida a renúncia à representação perante o juiz, em audiência especialmente
designada com tal finalidade, ANTES DO RECEBIMENTO DA DENÚNCIA e ouvido o MInistério
Público.

Recebido o expediente com o pedido da ofendida, no prazo de 48h, o juiz:


a) decidir sobre as MPUs
b) ENCAMINHAMENTO da ofendida ao órgão de assistência jurídica (inclusive para ações
de família relacionadas)
c) comunicar ao MP
d) determinar a APREENSÃO imediata de arma de fogo sob posse do agressor

O Juiz não pode conceder MPU de ofício.

Medidas Protetivas de Urgência:


I. concessão inaudita altera pars (MP pode não ser ouvido previamente, mas será
prontamente comunicado) pode conceder sem ouvir nem o agressor e nem o Ministério
Público.
II. aplicada isolada ou cumulativamente, podendo ser substituídas a qualquer tempo
III. a requerimento do MP ou a pedido ofendida, ouvido o MP - conceder novas MPUs ou
rever as já concedidas

Art. 19, §4º. As medidas protetivas de urgência serão concedidas EM JUÍZO DE COGNIÇÃO
SUMÁRIA a partir do depoimento da ofendida perante a autoridade policial ou da apresentação
de suas alegações escritas e poderão ser indeferidas no caso de avaliação pela autoridade de
inexistência de risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida
ou de seus dependentes.

§5º. As medidas protetivas de urgência serão concedidas INDEPENDENTEMENTE da tipificação


penal da violência, do ajuizamento de ação penal cível, da existência de inquérito policial ou do
registro de boletim de ocorrência.

§6º. As medidas protetivas de urgência vigorarão enquanto persistir o risco à integridade física,
psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou de seus dependentes.

CRIME DE DESCUMPRIMENTO À MPU

Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medidas protetivas de urgência previstas
nesta lei:
pena - detenção, de 3 meses a 2 anos.

Independe da competência civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas.

Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a autoridade judicial poderá conceder fiança. (não o
delegado, APENAS o juiz).

Não exclui a aplicação de outras sanções cabíveis.

ESTATUTO DO DESARMAMENTO

BEM JURÍDICO TUTELADO

Para o STJ, os bens jurídicos protegidos pelo estatuto do desarmamento são: incolumidade
pública, paz social e segurança pública.

Não há a necessidade de demonstração de risco concreto, pois se trata de crimes de perigo


abstrato.

COMPETÊNCIA
É competência, em regra, é da Justiça Comum Estadual.

Exceções: Justiça Militar e Tráfico Internacional de Armas.

CF, art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: V - os crimes previstos em tratado ou
convenção internacional, quando, iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter
ocorrido no estrangeiro, ou reciprocamente. Exemplo: Tráfico Internacional de Armas.

CRIME DE POSSE IRREGULAR DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO

Aqui a conduta é a posse, não o porte. E se refere a uma arma de fogo de calibre de uso
permitido, não entra calibres de uso restrito ou proibido.

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de uso
permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de sua residência
ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que seja o titular ou o
responsável legal do estabelecimento ou empresa:

pena - detenção, de 1 a 3 anos, e multa.

REGISTRO DE CAUTELA VENCIDO

O sujeito que adquire arma de fogo e tem posse legal tem um prazo para renovação do
documento que o permite ter a posse da arma. Caso deixe o prazo vencer, ele não responderá
por crime, mas estará sujeito a apreensão da arma de fogo e aplicação de multa. Ou seja,
responderá somente de forma administrativa.

QUESTÕES CONTROVÉRSAS

Arma de Fogo Desmuniciada: Se um sujeito for encontrado com uma arma de fogo sem munição
- valendo-se para posse e porte -, ele ainda responderá por crime do estatuto de desarmamento,
pois estamos diante de um crime de perigo abstrato.

Arma de Fogo Desmontada: Da mesma forma, ainda será considerado crime, pois estamos diante
de um crime de perigo abstrato.

Arma de Fogo Defeituosa: Ineficácia Absoluta, não será presumido perigo pois é inexistente.

Princípio da Insignificância: A apreensão de ínfima quantidade de munição desacompanhada de


arma de fogo, excepcionalmente, a depender da análise do caso concreto, pode levar ao
reconhecimento da atipicidade da conduta, diante da ausência de exposição de risco ao bem
jurídico tutelado pela norma.

CRIME DE OMISSÃO DE CAUTELA


Deixar de observar as cautelas necessárias para impedir que menor de 18 anos ou pessoa
portadora de deficiência mental se apodere de arma de fogo que esteja sob sua posse ou que
seja de sua propriedade: pena - detenção, de 1 a 2 anos e multa.

ÚNICO CRIME CULPOSO DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO.

Os acessórios não são considerados crime de omissão de cautela, como por exemplo: munições.
Somente a arma de fogo.

A arma de fogo pode ser legal ou ilegal.

O crime se consuma quando o menor ou o deficiente mental efetivamente se apodera da arma de


fogo.

Nas mesmas penas incorrem o proprietário ou diretor responsável de empresa de segurança e


transporte de valores que deixarem de registrar ocorrência policial e de comunicar à Polícia
Federal perda, furto, roubo ou outras formas de extravio de arma de fogo, acessório ou munição
que estejam sob sua guarda, nas primeiras 24 horas depois de ocorrido o fato.

PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PERMITIDO

Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em desacordo com a determinação
legal ou regulamentar: pena - reclusão, de 2 a 4 anos e multa.

Trata-se do sujeito que está com a arma de fogo fora da residência, dependência da residência
ou fora do estabelecimento comercial, sendo ele o proprietário.

CONCURSO DE CRIMES OU CONSUMAÇÃO

I. Porte ilegal de arma de fogo e roubo circunstanciado pelo emprego da arma de fogo
II. Porte ilegal de arma de fogo e homicídio.

DISPARO DE ARMA DE FOGO

Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas adjacências, em via
pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha como finalidade a prática de
outro crime: pena - reclusão, de 2 a 4 anos e multa.

O crime previsto neste artigo é inafiançável.

É um crime de perigo abstrato, ou seja, não precisa necessariamente provar que haviam pessoas
na rua, basta saber que aquele local é habitado.
POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO

Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder, ainda que
gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob sua guarda ou ocultar arma de fogo,
acessório ou munição de uso restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal
ou regulamentar: pena - reclusão, de 3 a 6 anos e multa.

POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO -


MODALIDADES EQUIPARADAS

§ 1º Nas mesmas penas incorre quem: (Redação dada pela Lei nº 13.964, de 2019)
I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma de
fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a arma
de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer modo
induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;
IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração,
marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório,
munição ou explosivo a criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer
forma, munição ou explosivo.

POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO PROIBIDO

Se as condutas descritas no caput e no §1º deste artigo envolverem arma de fogo de uso
proibido, a pena é de reclusão, de 4 a 12 anos.

COMÉRCIO ILEGAL DE ARMA DE FOGO

Adquirir, alugar, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, adulterar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, arma de fogo, acessório ou munição,
sem autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar: pena - reclusão,
de 6 a 12 anos e multa.
Equipara-se à atividade comercial ou industrial, qualquer forma de prestação de serviços,
fabricação ou comércio irregular ou clandestino, inclusive o exercido em residência.

Com objetivo de lucro.

O proveito não precisa ter sido obtido.

Incorre na mesma pena quem vende ou entrega arma de fogo, acessório ou munição, sem
autorização ou em desacordo com a determinação legal ou regulamentar, a agente policial
disfarçado, quando presenter elementos probatórios razoáveis de conduta criminal
preexistente.

Não há crime, quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação.

TRÁFICO INTERNACIONAL

Importar, exportar, favorecer a entrada ou saída do território nacional, a qualquer título, de


arma de fogo, acessório ou munição, sem autorização da autoridade competente: pena -
reclusão, de 8 a 16 anos e multa.

Para a configuração do tráfico internacional de arrma de fogo, acessório ou munição NÃO BASTA
apenas a procedência estrangeira do artefato, sendo necessário que se comprove a
internacionalidade da ação.

MAJORANTES

Nos crimes previstos nos arts. 17 e 18, a pena é aumentada da METADE se a arma de fogo,
acessório ou munição forem de uso proibido ou restrito.

Nos crimes previstos nos arts. 14, 15, 16, 17 e 18, a pena é aumentada da METADE se:
I. Forem praticados por integrantes dos órgãos e empresas referidas nos arts. 6 (porte
funcional), 7 (empregados das empresas de segurança privada e de transporte de
valores) e 8 (armas de fogo utilizadas em entidades desportivas legalmente constituidas)
II. O agente for reincidente específico em outros crimes dessa natureza.

POSSIBILIDADE DE INCIDÊNCIA DE MAIS DE UMA CAUSA DE AUMENTO


Ex: Policial Civil pratica o tráfico internacional de arma de fogo de uso restrito.

No concurso de causas de aumento ou de diminuição previstas na parte especial, PODE o juiz


limitar-se a um só aumento ou a uma só diminuição, prevalecendo, todaviam a causa que mais
aumente ou diminua

Você também pode gostar