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Duque de Caxias (cteulo XIN), fotografia. de Carmeroe Smith Arquivo Nacional, Rio de Janeiro (R)). De famitia militar, Duque de Caxias participou das campanhas Que derotaram revoltas como Baloiadae a Farrouptha. Uma <écada depois de errotaromovimento tio-gandense, Caxias, Jamarechal do Exército, participou da Guerra do Parag, maior conflito militar do Estado brasileiro, D. Pedvo, Dona Francisca «Dona anuéria(c 1835), pintura de Félix-Emile Tounay. Museu Imperial, Petrépolis (8) Nota-se ‘no aposento um globo ‘errestre, uma pintura, uma mesa e objetos de estudo, como livrose paptis, Desde edo, D. Pedro (epresentado aqui com suas irs) recebeu uma educagao refinada, com a intengio dle preperé-lo para exercer sua fungio de imperador. 192 Derrota dos farrapos Em 1842, 0 govemo imperial nomeou Luis Alves de Limae Silva, futuro Duque de Caxias, para presidente da entio provincia de S80 Pedro do Rio Grande do Sul. Caxias procurou derrotar os farrapos, dificultando o escoamento dos seus produtos paraa fronteira, umaver que os rebeldes controlavam grande parte do interior, mas no tinham acesso ao mar. Além, disso, Caxias soube explorar as divergéncias politicas entre as liderancas do movimento, aproximando-se dos es tancieiros mais moderados e isolando os republicanos maisradicais. Assim, em fevereiro de 1845, 0 govemo imperial derrotou o movimento. ‘Ac contrétio do que aconteceu com os cabanos ¢ os malés, ogoverno negociou a paz com 05 rebeldes. Nessa negociacdo se estabeleceu a anistia aos rebeldes, 0 direito de escolher o presidente da provincia eo beneficio na comercializagao do charque importado, {8 que o governo optou pela clevacdo da taxa de impostos para os produtos similares que vinham da regio do Prata Em relago aos escravos que lutaram na revolusao, acredita-se que alguns consegui- ram fugir para o Urugual, onde formaram quilombos, enquanto muitos permaneceram nna condigdo de escravos. Um grupo de lanceiros chegou a ser encaminhado para 0 Rio de Janeiro como libertos, mas nao se sabe se eles de fato conquistaram sua liberdade a0 Unegarern & cidade. ® Golpe da Maioridade Diante da crise politica e da dificuldade em estabelecer a paz nas provincias, no final de 1839 os politicos liberais comecaram a defender o projeto de antecipacdo da maiori- dade do principe Pedro de Alcantara, apresentando-o como uma solugo paraa crise de governabilidade. O mais provavel & que, derrubando 0 ministério conservador de Aratijo Lima, 0s liberais esperassem controlar o poder manipulando o jovem imperador. A fundagao do Clube da Maioridade em 1840, presicido pelo liberal Anténio Carlos de Andrada e Silva, e 0 papel da imprensa, igualmente hostil & centralizagao regencial, contribuiram para 0 chamado "Golpe da Maioridade”. Em 23 de julho de 1840, Pedro de Alcéntara, com apenas 14 anos, foi declarado maior deidade e assumiu o goverio do pais. Coroado imperador em julho do ano seguinte, recebeu o titulo de D, Pedro Il. t j & i : ® Politica no Segundo Reinado Durante 0 governo de D. Pedro ll, de 1840 a 1889, dois partidos politicos disputaram 0 poder no Brasil 0 Liberal e 0 Conservador, ambos constituidos nos tltimos anos do periodo regencial. © Partido Liberal originou-se do grupo dos progressistas e 0 Partido Conservador do grupo dos regressistas Embora os dois partidos apresentassem inegdveis semelhancas em relagdo a origem social e aos interesses econdmicos dos seus integrantes, havia entre eles diferengas quanto ao modelo de Estado que queriam estabelecer no pals. Os conservadores defendiam 0 fortalecimento do Executivo e do poder central, enquanto os liberais manifestavam-se a favor da ampliagao da autonomia das provincias e alguns eram simpatticos &s ideias republicanas. primeiro ministério do imperador adolescente, apds 0 Golpe da Maioridade, era formado pela maioria liberal. Porém, o gabinete no tinha o apoio da Cémara dos De- putados, dominada pelos conservadores. Pressionado, D. Pedro II dssolveu a Camara e convocou novas eleicdes. As eleigdes para a nova Camara, realizadas em outubro de 1840, transformaram-se numa batalha pelo voto. Praticas como falsificagao de votos, roubo de urnas e espanca- mento de adversarios politicos levaram aquela disputaa ficar conhecida como “elei¢o do cacete", O resultado deu a vitéria aos liberais. No entanto, pressionado pelos conservado- res,D. Pedro dissolveu o gabinete liberal e formou um ministério conservador. Excluidos do poder, os liberais também perderam a Camara, que foi dissolvida pelo imperador por presses do novo gabinete. Fortalecimento do poder central De volta ao govemo, os conservadores retomaram a politica de centralizacdo, destinada a fortalecer a autoridade imperial e a reduzir a autonomia dos presi- dentes das provincias, Assimn, 0 Conseltwo de Estado, que havia sido extinto em 1834, foi restaurado em 1841. No mesmo ano, houve a reforma do Cédigo do Processo Criminal, transferindo as atribuigdes judicidrias, antes exercidas pelos presidentes das provincias, para o gover~ ino central. Além disso, a escolha dos oficiais da Guarda Nacional passou a ser da competéncia de individuosin- dicados pelo imperador ou pelo presidente da provincia O fortalecimento do poder central nao agradou 0s setores liberals de algumas provincias, como Minas Gerais e Sa0 Paulo, que ja vinham articulando-se por causa da insatisfacdo com a dissolugo da Camara em 184 Te areducdo do poder judicial das provincias. Diante disso, em 1842, os liberais paulistas e mineiros inicaram uma série de manifestacdes em defesa da autonomia regional, que foram rapidamente reprimidas pelasfor¢as imperiais. Em Pernambuco, cenario de tantas rebelides, a mobilizagéo liberal assumniu maior amplitude, com a eclosio da Rebelido Praieira, em 1848. Retrato do imperador D,Pedrolt (1873), pintura de Félix mile Taunay, Museu Imperial, Petrépolis, Rio de Janeiro (R) 193 @ Praieiro: nome dado aos liberais mais radicals que divulgavam suse ideias no jornal Didrio ‘Novo, Seus membros | era chamados de ‘raieitos" pelo ato dea sede do joral estar situada na Rua da Praia, no Recife Vistada Ponte da Boa Vista (1852), no Recife, representada em syavura de Emil Bauch, ® Rebeliao Praieira: Pernambuco, 1848 Desde 1837, Pernambuco era governado por Francisco do Rego Bastos, pertencente a oligarquia acucareira. Ao longo de seu mandato, o presidente da provincia manteve uma postura conciliatéria em relagSo & oposicdo liberal. Porém, em 1842, a situacSo, alterou-se. Muitos membros do Partido Liberal se rebelaram porque nem todos os aliados de Rego Bastos tinham acesso aos cargos do governo € a outros beneficios. A revolta iniciou-se pelas insatisfagoes desse grupo com o favorecimento do centro-sul. que recebia do governo central a maior parte dos recursos. e pela crise da produgao acucareira nordestina, Em ambito local, o objetivo politico era combater 0 ‘monopélio do comércio pelos estrangeiros e a concentragao de terras nas maos de poucos proprietérios; em ambito nacional, pretendiam instaurar uma repiblica, extin- guir o Poder Moderador, instituir o sufragio universal masculino e declarar a liberdade de imprensa. Leia, a seguir, um trecho do manifesto dos praieiros. “Quando de todos os pontos do Império se levantam queixumes contra a poli- tica da corte, acusando-a de egoista e eminentemente maligna as provincias[.), devxando-as arrastarem-se no po da miséria, sem cultura, Sem adiantamento, a0 asso que chama todos os seus recursos para o Rio de Janeiro, eli os consome em festas, cortejos e bailes; responde-se que esses queixumes sio injustos ¢ puros inventos de espiritos turbulentos e inovadores, pois 0 governo trata com igual cuidado das necessicades de todo 0 Brasil. Entretanto aqui estao os Fatos falando mais alto que todas as vozes do serviismo; aqui esté uma populacio de cinco milhdes de habitantes exposta a toda casta de sofrimentos [1 Cansadla toda a provincia de tanto softer, vendo inteiramente anuladas todas as condigdes do sistema constitucional, [...] a um sé grito de cooperagao ~ as armas ~ ecoou em todos os pontos da provincia; os pemambucanos [..J,de modo que soem inspirar o patriotismo e a razdo, derramam o seu sangue em prol da [...] regeneracao da provincia, e sem diivida do Brasil inteiro [.1.” ‘Abandeira do movimento literal. Dirio Novo, Pernambuco, 19 der. de 1248 Disponicl en ci namerotscaigitaln b> ‘Aces em 18 jan 2016, 5 praieiros chegaram ao poder em 1845. com a nomeacao de Ant6nio Pinto Chi- chorro da Gama para a presidéncia da provincia, Porém, em 1848, com sua destituicSo pelo governo central, houve o desencadeamento de uma rebeligo armada. Em fevereiro de 1849, os praieiros atacaram Recife. No entanto, no chegaram a tomar a cidade, pois foram detidos pelas forgas governistas, 0 que esfacelou o movimento, Nos combates & nas execugbes que se seguiram, 0 movimento praieiro deixou mais de 800 mortos, entre rebeldes e govemistas. i t j & i : Parlamentarismo a moda brasileira fracasso da Rebeligo Praieira encerrou o ciclo de manifestagbes revolucionarias contra o poder central. O governo procurou aperfeigoar as regras do jogo politico, ja que a restauragao do Poder Moderador e do Conselho de Estado havia sido conclutda. Atransago politica das elites comecou a delinear-se como funcionamento de um sisterna de govemo que se declarava semelhante ao modelo parlamentarista britanico. Em 1847, um decreto do imperador criou o cargo de presidente do Conselho de Minis- tros, ato que teria introduzido 0 parlamentarismo no Brasil. Entretanto, o funcionamento do “parlamentarismo a brasileira” nao deve ser confundido como modelo classico britanico. Na Grd-Bretanha, o monarca tem papel decorativo, e quem governaéo primeiro-ministro, escolhido pelo partido vencedor nas eleicdes legislativas. Nesse modelo, diz-se que o rei “reina, mas nao governa” No Brasil, por meio do Poder Moderador, o imperador podia nomear ou demitir ministros, além de poder dissolver o Parlamento. Dessa forma, 0 soberano reinava € governava, Devido a essas caracterisicas, esse sistema de governo ficou conhecido como "parlamentarismo as avessas”. © presidente do Conselho de Minis tos (0 equivalente ao primeiro-ministrono modelo briténico) era nomeado pelo imperador. Ele, por sua vez, escolhia os demais membros do. Conselho, que eram encarregados de convocar as eleigdes paraa Cémara. Organizadas de for- ma fraudulent, csaseleicaes garantiam para o partida da situagan amaioria nal egislative ‘Ao longo do Segundo Reinado, o pals assistiu 8 organizaco de 36 gabinetes, comuma m&dia de um ano trés meses para cada govemo. No total, os conservadores govemaram por mais de 29 anos ¢ os liberais por mais de 19 anos. Na década de 1850, as disputas politicas foram amenizadas por mecanismos de aproxi- magao entre os lideres mais moderados dos grupos liberal e conservador. O entendimento politico foi oficializado em 1853, com a criacdo do chamado Ministerio da Conciliacao, por iniciativa do mineiro Honério Carneiro Ledo, o marqués de Parand, que organizou um Conselho de Ministros composto de liberais e conservadores. Além de contribuir para Valrandarento des Uivergeritias, v aurdy Lonsoliduy a exdlusav dus selores ulbanius nascentes do cenario politico. Rta Corrente ultramontana: doutrina que defendia a cantrlizagio de poder papal, o dogma da infaibilidade do papae aautonomia da igreja Catolica em relagao a0 Estado brasileco. Charge do cartunista V. Cruz publicada na revista America ustrada, de 26 de janeiro de 1879. Fundagao Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (R). Na imagem, ochargistaironiza a lentido do Partido Liberal na adocao das eleigdes diretase tia o Partido Conservador reacionérias que andam para tris 195 @ Beneficiamento do café: tratamento plo qual passa 0s frutos do café antes desua comercializagio. Entre as etapas desse processo esto: eliminacgo da eaecas, 2 separagio dos gras, 0 descarogamento ealimpeza.fsse processo ¢ utlizado para deixar os graos de café em condigbes de torra e moagem. Escravos em fazenda de {ale na epiau do Vale do Paraiba (1882), fotografia de Marc Ferrez Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro (8). 196 ©® Sua majestade, o café No inicio do século XVIll, 0 café j era bem conhecido na Europa e considerade um produto de luxo. No Brasil, cultivo de café fol introduzido em terras do atual estado do Pard, em 1727, provavelmente pelo tenente-coronel Francisco de Melo Palheta. Nas cercanias da cidade do Rio de Janeiro, os primeiros indicios do cultivo desse artigo datam de 1760. As condigdes climaticas e topograficas mostraram-se decisivas para 0 desenvolvi- ‘mento da cafeiculturano Brasil. Os brejos os pantanos drenados da Baixada Fluminense tomaram-se ideais para as primeiras plantagdes. Recursos e equipamentos existentes na regido, originérios das minas e da atividade mercantil, foram reaproveitados no cultivo do café, Acompanhando o crescimento do consumo internacional, as plantacées foram- -se expandinds pelo Vale do Paraiba, que até 1870 chegou ao seu auge como © maior produtor nacional de café. Nessa época, o grao jd era produzido em Sao Paulo ena Zona da Mata de Minas Gerais. A dinamica da producao cafeeira no Vale do Paralba seguiu padrdes existentes na economia colonial, isto 6, ainda predominava o trindmio latifindio, monocultura e mio de obra escrava. A montagem da fazenda comecava pela construco da casa-prande e lerminava Cunt @ posterior formayau de 1oyds Je generus alinnenticivs (milo, feijso e mandioca) destinados a garantir a sobrevivéncia dos escravos. © mecanismo de criar ‘uma margem de economia propria para o escravo dentro do sistema escravista, a chamada brecha camponesa, teve funsdio semelhante a exercida no periodo colonial. © declinio da produgdo do café na regio do Vale do Paraiba, a partir de 1870, no dese- quilibrou a economia nacional. Esse decinio ocorreu em razo do esgotamento do solo e 0 envelhecimento da mao de obra escrava. Nessa época, a regido do oeste paulista assistia a acelerada expansdo do setor cafeciro. Até 1850, ano da proibigdo do trafico negreiro, foram ‘mantidas plantation ea utilzacao plena do braco escravo. A partir de 1850, o trabalho escravo foilentamente substituido pelo imigrante Os cafeicultores do oeste paulista, embora utilizassem o trabalho escravo em muitas fazendas da regio, conseguiam atrair, mals facilmente, o imigrante para suas lavouras. Os paulistas souberam utilizar tecnologia de beneficiamiento do café e tornaram-se em- presérios dinamicos, donos de companhias de navegacZo, ferroviais, bancos, industria, além de présperos comerciantes. t j & i : a ! 2 2 : 3 2 3 ‘Expansao da cultura cafeeira so do Raper OCEANO ATLANTICO fer nearer [Vale de Paralbs urine pala v ame | Sona a Mats mincia ase Compas (Observe o mapa. De que forma o cultvo de café contribu para a expansio das ferrovias no Brasil? Fonte: CAMPOS, Flavio de. | @)centro-oeste paulsta OLNIKOF, Miriam. Alas J )Nertede Parana — Vale do vai | star ral Sa Pas ® Brasil: exportacao de café no século XIX Arépida expansao do cultivo de café contribuiu paraa solugio da rise econémica,instau- rada desde 0 governo de D. Pedro. Além dos mercados europeus, o produto conquistou os Estados Unidas, que ainda no século XIX se tornaram o maior consumidor do café brasileiro. Por volta de 1870, o café representava 56% da pauta de exportacdes do Império, atingindo 61% na década de 1880. O desenvolvimento do setor cafeeiro contrib. decisivamente para o incremento das relagdes assalariadas de producao e possibilitou a acumulagio de capital que, disponivel, foi aplicado em sua propria expansdo e em alguns setores urbanos, como o industrial € 0 ferroviario. Entretanto, a excessiva concentraco da renda nas maos dos cafeicultores dificultou opleno desenvolvimento de outros setores produtivos de bens de consumo cotidiano, como tecidos ¢ outros artigos industrializados, Assim. tornou-se necessério um grande volume de importacées, que esvaziaram os cofres publicos. ® Expansao das ferrovias Os capitais gerados pela economia cafeeira, somados aos investimentos britanicos foram decisivos para a construgao das estradas de ferro no Brasil. Com o objetivo de fa- ilitar o escoamento de matérias-primas e produtos agricolas, as dreas produtoras de café fluminense e paulista foram interligadas aos portos por meio da construcio de ferrovias, que transformou a paisagem e contribuiu para a formagao de novos centros urbanos. ‘A pprimeira ferrovia construida no pais, a Estrada de Ferro Petrépolis,foiinauguradaem 1854 ligava 0 porto de Maus, na Bafa de Guanabara, até Fragoso, no caminho para acidade de Petrépolis. neu Evangelista de Sousa, o Bardo e depois Visconde de Mau. financiou a ferrovia. Considerado o primeito grande empresério brasileiro, Maul financiou a construgao de ferrovias, além de investir em servicos piblicos, criar varias empresas e um banco. ‘Na provincia de So Paulo, a primeira ferrovia foi a Sao Paulo Railway Company, mais co- nnhecida como Estrada de Ferro Santos-junciai,inaugurada em 1867, que contribuiu parareduzir em quase 35% os custos com o transporte de café. A rede ferrovidria paulista acompanhou atmarchada café parao neste Re maneira ger, as feerovia foram cons tniidas em direc. a Santos, que se tornou, depois do Rio de Janeiro, o principal centro de exportagao do café : @susene donot Gros 805s Scene isp. Exportacio brasileira decafé Periodo | Toneladas a2. To | 190.680 1631- 1837, | 584.640 ten. | eso | 027.260 res) | 175.180 1730.820 2.180.160 3.199.560 Fonte: CORENDER, Jacob. escravsmo colon et sao Paulo He, 2007p. $83 197@ Vuleanizacéo: ‘ratamento quimico que consiste na adicio de enxofre {3 composio da borracha natural, ‘tomando-a mais reciztente e lexvel Pneumstico: cobertura de borracha que reveste a roda de velculos Theatro da Paz em Belém (PA), fundado em 1878. Foto de 2014. A exploracio daborracha alavancou o rapido creccimento econdmico 4a regio amaxénia, Centros urbanos como Manaus e Belém expressavam a riqueza -gerada pelos seringas © Outras atividades econémicas Enquanto 0 café c a medemizag3o tomavam conta do Sudeste, 0 restante do pais conhecia uma realidade bem diferente. No sertao e no agreste nordestino, o panorama socioeconémico era critico. Os sertanejos dedicavam-se basicamente a criacéo de gado 8 agricultura de subsisténcia, As secas da regiso desencadearam fortes movimentos migratérios a partir do final do século XIX. Em busca de trabalho e de melhores condigdes, de vida, os nordestinos iam em diregdo a Amazénia, trabalhar na extracao do latex. A seringueira, explorada pelos indigenase conhecida pelos europeus desde a chegada 20 territorio brasileiro, tomou-se uma riqueza importante no século XIX. Apds a desco- berta do processo de wtileanizaga6 da borracha pelo norte-americano Charles Goodyear, ‘em 1839, iniciou-se um surto de exploragio do produto a partir da década de 1860. Com © aparecimento dos prieumaticds, na segunda metade do século XIX, a demanda pela ‘mercadoria cresceu ainda mais. agiicar produzido no Nordeste, por sua vez, continuow a ocupar importante lugar nna pauta das exportacées brasileiras durante o Segundo Reinado. Porém, a concorréncia da produco antilhana e do acticar de beterraba, produzido em larga escala na Alemanha, diininuiu vy Lucius geradus pelu agicer Lresileiy, ifivullandy us investinrentus ns 110- demizac3o de equipamentos. De maneira geral, presa ao trabalho escravo e a métodos tradicionais, a produgao acucareira no Nordeste entrou em crise. Outro artigo importante na economia brasileira do periodo foi o algodSo, produzido no Maranho, no Par8, na Bahia, no Ceara, em Minas Gerais e em Goids. A lavoura no, requeria grandes investimentos e era explorada até por pequenos agricultores. O algod3o brasileiro alimentava as industrias téxteis da Gré-Bretanha e concorria com a produco norte-americana, Na década de 1860, em razdo da guerra civil que eclodiu nos Estados Unidos, a producdo brasileira de algodao teve um grande impulso. No sul da Bahia destacava-se 0 cultivo do tabaco, mercadoria usada nas operagées de escambo que possibilitavam adquirir escravos african os desde o periodo colonial. 198 t j & i : @® Sociedade em transformacao ‘A sociedade imperial era composta basicamente de trés segmentos distintos: 0 dos homens brancos, pertencentes as “boas familias", quase sempre ligadas & propriedade da terra; 0 dos escravos, cujo trabalho impulsionava a economia do Brasil imperial; e 0 do povo, que inclufa brancos, mesticos e negros libertos e abrangia varios grupos sociais, desde os profissionais de diversas areas até as pessoas de baixa renda. Os homens brancos pobres costumavam trabalhar nas lojas como vendedores ou @ivairos. Os mesticos, am geral, teabalhavam como alfaiates, castureiras e artessos de ‘todo tipo ~ muitas vezes prejudicados com a concorréncia de profissionais estrangeiros que moravam no Brasil os poucos desenvolveu-se um nove setor social, 0 das camadas médias urbanas, integrado por profissionais mais qualificados que viviam do rendimento do seu trabalho. Esse segmento contava com agrimensores, médicos, dentistas, escultores, jomalistas, barbeiros, marceneiros, advogados etc. Ocrescimento econémico durante o Segundo Reinado propiciou ds camnadas mais ricas da sociedade adotarem costumes novos e refinados, importados dos centros urbanos eu- ropes. Tarnou-se comum, por evampla, a presanga de profescores de francés e de piano. enire as familias da elite. Por meio de casamentos, estabeleciam-se sdlidas e rentaveis relacbes entre as grandes familias, interessadas em preservar seus bens e sua posicao socal | diversio preferida da elite imperial eram os concertos lricos e as pecas de teatro, «geralmente europeias. Apaixonado por épera, D. Pedroll incentivou o aperfeicoamento de mmiisicos brasileiros, fornecendo-Lhes bolsas de estudo na Europa. As festas de saldes (os saraus), encontros regulares nas residancias das personagens mais ilustres da corte, eram os eventos apropriados para ouvir boa miisica e, obviamente, discutir politica e economia. carnaval promovia 0 encontro da elite e do povo nas ruas das cidades. O entrudo era uma brincadeira tipica das camadas mais populares, incluindo osescravas. Com agua, polilhoe tama, as pessoas brincavam de atirar essa mistura umas nas outras, divertindo-se por trés dias. ‘Mas, evidentemente, nem tudo era festa, Havia a violencia estrutural da escravidao, ‘agravada por torturas e outros castigos fisicos, bem como 0 abandono de criangas, a ex- plorago de menores, a miséria ea fome, fatos comuns aos grupos excluidos da sociedade. Caixeiro: nome ‘generico dado as pessoas que ‘rabalhavam no comércio, Os calxelros trabalhavar, por exemplo, em escrtérios, padarias, ‘tabemas, engenhos, na distribuigao de pio ena realizagio de cobrancas. Agrimensor: profisional espedalizade em meair, avidir ‘edemarcar propriedades ruras, Botica (1823), pintura de Jean-Baptiste Debret. Museus Castro May Rio de janciro (8) 199 @ @ Incentivos a producao industrial Desde os tratacios de comércio assinacios com a Gra-Bretanha em 1810, as mercadorias britanicas eram taxadas em apenas 15%, situacdo que desestimulava a producao nacional Porém, uma crise financeira instauradano pals apés aindependéncia alterou essa politica alfandegéria, A crise foi gerada pelos gastos para obter o reconhecimento intemacional da independencia e pelas dificuldades do setor agropecusiio. Assim, com o objetivo demethorar a balanca comercial brasileira, em 1844, 0 ministro da Fazenda, Manuel Alves Branco, baixou um decreto que criou a Tarifa Alves Branco, {que aumentava 0s impos tos cobrados de cerca de 3 mil artigos importados. Os produtos com similares nacionais passariam a pagar um imposto de 60%; nao havendo similar, 0 percentual seria de 30% A politica alfandegaria, que a principio parecia tentar resolver a questo orgamentria, acabou servindo de estimulo 4 produgao industrial, devido ao protecionismo que se havia instalado. © governo estimulou, assim, uma incipiente industrializagao, especialmente no Sudeste. Nesse contexto, comecou a se formar um novo segmento das camadas po- pulares urbanas: o operariado, utra questo relevante nessa arrancada industrial foi o emprego da mao de obra infantil para baixar os custos da producdo. Escravos carregadores, 1865), fotografia de 7 Z 5 e or Instituto © Fim do trafico negreiro Morira Salles, $0 Paulo (SP). Apésa Lei Diante da insatisfacao dos britanicos— habituados desde inicio do século aos privilé- Bill Aberdeen, amo de _gios com a comercializacao de seus produtos -, 0 Parlamento britanico, em 1845, aprovou obraescravasetomou um projeto delei em represalia a implantacao da Tarifa Alves Branco. Esse projeto, depois cada ver mais cara, convertido na Lei Bill Aberdeen, tornava legal o apresamento, pela Marinha brit&nica, de navios negreiros de qualquer nacionalidade e autorizava os tribunais da Gr8-Bretanha ajulgarem a tripulacgo. A ofensiva de Londres pelo fim do tréfico negreiro tinha como alvo o Brasil, para onde se dirigia a maior parte dos africanos escravizados. As pressdes britnicas vinham desde 0 overno do principe regente D. Jodo, que se comprometeu, nos tratados assinados com a Gr3-Bretanha em 1810, a abolir gradualmente o trafico de escravos. Entretanto, apolitica de compromisso entre o governo imperial e os grandes proprietarios de terras impedit. uma solucao imediata para a questo escravista. Com a promulgacao da Lei, as relacées anglo-brasileiras chegaram a beira da ruptura. Assim, sem condigées de adiar por mais, tempo essa decisio, em 1850 o Brasil aprovou a Lei Eusébio de Queirés, que extinguiu co trafico negreiro. A entrada de africanos no Brasil caiu drasticamente, eo prego de um escravo dobrou em poucos meses, t j & i : ee anes Apressao britanica para ofim do trafico negreirono Brasil deveu-se a diversos fatores. Entre eles podemos; destacaro fim da escravidaonas Antilhasbritanicas, que encareceu o agicar britanico-e otomou menos competi- tivo que o brasileiro, ea necessidade de aGra-Bretanha aumentar 0 mercado consumidor para seus produtos. Os escravos no podiam comprar, pois nao tinham, renda. Com o fim do trafico negreiro e da escravidao no Brasil, essa situacio mudaria, Além disso, existiam™ —jyereador de ecravos no Rio, gravura publicada na obra Sketches muitos intelectuais britanicos que defendiam o fim da grportuguese if manners, costume and character (1826), escravido no mundo, o que impulsionou a politica do fibioteca Nacional de Portugal, Lisboa. Os britéricostirham pais em relagSo & questo eseravista, reaaeaeconémicos telacionedas ao fim do trficanegreiro, 200 ® Lei de Terras £m 1850, oParlamento brasileiro instituiu a Lei de Terras. Essa lei proibia a obtengao de terras publicas por qualquer meio que nao fosse a compra; estabelecia que imigrantes sé poderiam comprar um lote de terra apés trés anos de permanéncia no pals; e determinava que todo proprietdrio registrasse suas terras nos Registros Paroquiais. lei alterava subs- tancialmente os meios para aquisicao de terrasno Brasil. Desde o inicio da colonizacao até a aprovacio dessa lei, a terra podia ser obtida por meio de doacdo da Coroa portuguesa, heranga ou ocupagao. A nova medida atendia aos interesses da aristocracia agraria, pois, dificultava 0 acesso a terra por parte dos individuos sem recursos. Nao por acaso, a Lei de Terras foi votada no mesmo ano da aprovaco da Lei Eusébio de Queirés. Com 0 fim do trafico negreiro, os grandes proprietarios rurais se sentiram ameacados e reagiram pressionando 0 govemo a dificultar 0 acesso a terra, Para esses ‘grupos, a Lei de Terras impediria que posseiros mais pobres, imigrantes e ex-escravos obtivessem a propriedade legal das terras que cultivavam, garantindo, assim, a oferta de mo de obra barata para as lavouras, principalmente de café Desenvolvimento urbano O fim do tréfico de escravos liberou recursos que puderam ser investidos em outros setores, principalmente no meio urbano, Sede do governo central, oRio de Janeiro recebeu Uma série de melhorias a partir de 1840, enquanto nos demais niicleos os equipamentos urbanos eram absolutamente precérios ou nao existiam. De modo geral, os centros por- tuérios estavam em melhor situacao do que os estabelecidos no interior, fato que refletia uma estrutura econémica voltada para as exportacbes de produtos primarios. Na década de 1850 foram fundadas, no Rio de Janeiro e em outros centros urbanos, como Salvador, $0 Paulo e Recife, centenas de induistrias, alguns bancos, companhias de seguros, navegacSo, transporte urbano e de gas. O governo isentava de impostos a importagao de maquinarias e facilitava.o crédito dos investidores nos setores de servicos. A cidade do Rio de Janeiro ganhou iluminagio a gis e agua canalizada. As antigas carruagens foram substituidas pelos bondes puxados a burro, que ligavam os bairros de Botafogo e Tijuca; mais tarde chegariam os bondes elétricos, vistos como sinal de pro- -gresso. Nas vitrines dos estabelecimentos comerciais podiam ser encontradas as mais recentes novidades europeias. Rua e canal do Aterrado, correspondente ao atual canal do Mangue (c. 1860). Rio de Janeio. Fotografia de Revert Henrique Klumb. Fundagao Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro (Rl), As transformagdes modernizadoras, ‘ocotridas.a partir de meados do século XIX eramevidentes na cidade do Rio de Jarier. Lieto informativo produzido pelo governo de Séo Paulo para orientar (0s imigrantes italiano aque chegavam ao estado (1886). 0 de Escravos e imigrantes no Sudeste ‘As mudangas geradas pela cafeicultura, pelo fim do tréfico de escravos pelo desenvolvimento dasatividades industrials acarretaram signiticativas mo- icagies nas relacbes socioeconémicas. A medida que a caréncia de cativos para 0 trabalho foi crescendo, tanto no Sudeste quanto no restante do pais, foram aparecendo novos tipos de relagao social. Isso contribuiu parao aumento do nimero de trabalhadores livres, muitos deles imigrantes, que comegaram a vir para o Brasil principalmente apés a abolicao do trafico negreiro em 1850. Os tazendeiros tentaram suprir a falta de mao de obra por meio do tratico interprovincial de escravos, que consistia na transferéncia de escravos do Nordeste, mergulhado em grave crise econémica, para o Sudeste cafeeiro, No entanto, para os fazerieitos do Sudeste, a solugao mals barata e eficaz estava mesmo associada ao trabalho livre do imigrante. Entre 1847 e 1857, osenador Nicolau de Campos Vergueito trouxe para sua fazenda no interior de Sao Paulo familias belgas, suicas, alemas e portuguesas para trabalhar no sistema de parceria, Por meio desse sistema, todas as des- esas com a viagem, amanutencio. a instalacdo do imigrante e de sua familia ‘ho Brasil eram assumidas pelo fazendelro, Esses Imigrantes receblarn umm Lote de terra para cultivar e, a0 final da colheita, ap6s quitar suas dividas com os fazendeiros, ficavam com uma parte do dinheiro das vendas de café sistema, contudo, fracassou. Mesmo podendo parcelar o saldo da divida com o proprietario, com 6% de juros anus, os imigrantesndo conseguiam quitar 05 débitos, jS que tudo aquilo de que eles necessitavam para cultivar e sobre- viver, até.a colheita, era cobrado pelo fazendeiro, Além disso, muitas garantias contratuais estabelecidas para os colonos foram simplesmente desprezadas pelos proprietérios, acostumados a tratar os escravizados com brutalidade. A partir de 1870, o governo brasileiro e as autoridades paulistas passaram a investir em propaganda na Europa, procurando mostrar as opcdes de trabalho existentes no Brasil e, assim, atrair imigrantes. Nesse periodo, a Europa vivia uma séria crise devido ao desemprego e as ‘guerras associadas 8 unificacSo italiana e alema, Essa conjuntura acabou levando grande ntimero de europeus a migrar para a América, motivados pelo sistema de contrato, que definia salarios e prémios em fungao das colheitas. U sistema de parceria deu lugar a0 regime de colonato, no qual o Estado assumia as despesas de viagem doimigrante e este recebia, além de uma porcentagem de parte da colheita, um salirio fixo. No final do Império, havia mais de 350 mil imigrantes no Brasil, em geral concentrados nas areas cafeeiras. Museu da Imigracao do estado de Sao Paulo www.museudaimigracao.org. br © Museu da Imigracdo localiza-se atualmente no prédio onde funcionava a antiga Hospedaria de Imigrantes, na cidade de S80 Paulo, inaugurada em 1887. Nosite dainstituicio, voce encontrara uma série de documentos (listas. de bordo, fotografias, depoimentos, jomais, mapas etc) relacionados aos estrangeiros que chegaram ao Brasil por meio da Hospedaria de Imigrantes, além de pod er fazer um tour virtual pelo museu e uma pesquisa em seu acervo, Imigrantes europeus no patio da Hospedaria dos Imigrantes (1896-1900) Fotopratla de Guilterrne Gaetsly. Purdayau Energla © Sumwattiento, Sa0 Pauly (SP) t j & i : ' i : 2 < H i & g ea Guerra do Paraguai 2000 So ove aut je qnsemeteda popu Desde a independéncia do Paraguai, em 1811, as embarcagées paraguaias tiveram dificuldades para navegar pela Bacia do Prata, o que prejudicava 0 comeércio exterior do pais. Em 1813, José Gaspar de Francia assumiui o governo com o objetivo de superar esse isolamento comercial por meio do desenvolvimento auténomo do Paraguai. Entre outras medidas, aboliu o trabalho escravo ea servidao, distribuiu terras aos camponeses etomou ensino primério obrigatério. ‘pos @ morte de Francia, 0 governo passou @ Carlos Antonio Lopez, que deu conti- nuidade ao projeto de desenvolvimento autdnomo. As indiistrias foram incrementadas por meio de inves timentos puiblicos. Em 1862, Francisco Solano Lépez sucedeu ao pai, disposto a aumentar a participacdo do paisna politica platina. No entanto, o envolvimento do Paraguai, da Argentina e do Brasil nas questées internas do Uruguai, onde Blancos ‘olorados disputavam o poder, mudaria os rumos dos paraguaios. Francisco Solano Lépez apoiava os blancos, com quem mantinha boas relacdes diplo- méticas, garantindo a livre ciraulac3o dos navios paraguaios na Bacia do Prata. Argentina, governada por Bartolomeu Mitre, por sua vez, apoiava os colarados, assim como 0 governo Liasileiru. A politica dus blamus nav favurecia us inleresses Uo Brasil, puis resUingia & posse de terras dos rio-grandenses no pais, dificultando seus negdcios. O govern blanco também era omisso em relacao as incursdes de uruguaios ao territorio brasileiro e aos saques de gado que lesavam os estancieiros do Rio Grande do Sul. Em 1864, aesquadra imperial do Brasil bloqueou Montevidéu, numa aco que colocou 05 colorados no poder. Em represilia, Lopez rompeu relagées com o Brasil, aprisionou 0 navio Marqués de Olinda, que navegava o Rio Paraguai em direcSo 2 Cuiaba, proibiu a navega¢do brasileira em dguas paraguaias e invadiu a provincia de Mato Grosso. Era 0 Blanco: pessoa ligada 20 Partido Blanco, compost de grandes proprietirios rural, Colorado: individuo ligado 20 Partido Colorado, compote basicamente de comerciantes, fogate, desde yeaa ma Secor de gosnearso oo cise © guar Yess Sthemerena dene inicio da Guerra do Paraguai. ‘regis, una oporturicde pera os intresses prvedas la Gra-Brete- @ Isolamento paraguaio saickeoken £111 1865, us pataguaivs invauitain o provincia aigentina de Comientes, de vide pretendiam alcancar o Rio Grande do Sul e o Uruguai. Porém, em maio de 1865, Brasil, Argentina e Uruguai assinaram 0 Tratado da Triplice Alianga. Essa derrota diplomatica deixou Lépezisolado ¢ abalou sua politica militar. [As tropas paraguaias que invadiram o Rio Grande do Sul alcangaram algumas vitérias iniciais, mas ficaram totalmente isoladas depots que a frota brasileira destruiu quase todos 0s navios paraguaios na Batalha do Riachuelo (11 de junho). Os paraguaios perderam 0 controle do Rio Parand, sua nica via de acesso ao exterior, ¢ acabaram rendendo-se em terras gatichas em setembro, Desse momento até o final da guerra, os paraguaios estiveram na defensiva. No dia 12 de marco de 1870, Lopez foi derrotado e assassinado no combate de Cerro Cora. Ao terminar a guerra, o Paraguai encontrava- -se arrasado. Perdera todo o seu Exercito, parte de seu territério e quase um quinto da popula- do. Amaioria dos sobreviventes era constituida de idosos, mulheres e criangas. Soldados brasileira Guerra do Paragus (1865) fotogfiade autor deaconhecide,FundozSo Bbiotece Nacional, Rio de Janeiro (R)) > CULE RuCl Ceili Cae ee ae ea ec eee rete) espunto. Afinal, era um pais contra trés. Mas a vitéria ee eer ee ees Rye et ean eee Pa ee Mee a Dee eee eee y, B emergenciais para reverter a situacéo. PO ee are * Cee eee cree Pe oe aN cee ed Cee ees ae eee para o pais. Consequéncias 1guai foi arasado palo bate perdeu par para Bra paraa Argentina, Epidemias, ‘Asituacdomudau em prostitutas ecozinheiras que inanigéo eo confronto mato de soo, na ataina Bcompannavam os soldadk armago mataram parcela Que retagso pode ser estabelecida entre a charge ea abolicso da escravidio no Brasil? Qual éa critica do cartinista nessa charge? Positivismo: doutrina flosofica ‘que surgiu na Franca, no século XIX, e detendia que o nico conhecimento vilido ra aquele alcancado pela cencia. Olema "Ordem e Progresso” da bandeira brasileica ‘tem inspires positivist, 9206: es 3 BRASIL, 2010 MANOEL, QUE NAO & ESCRAVO, CORTA CANA RECEBE EM TROCA DE SEU TRABALHO UM DINHEIRO ‘QUE MAL DA PRA [ALIMENTAGAO E MORADIA, @ Leis abolicionistas No contexto das transformacées que estavam ocor rendo no Brasil, uma questo desencadeou discussées interminaveis e apaixonadas em toda a sociedade: a aboligéo da escravatura. A conjuntura intemacional e as pressdesintemas favo- receram a aprovaco de uma série de leis que restringiram glavativamente aesfera de azao do escravismo. Aprimeira, ‘como vimos, foia Lei Eusébio de Queirés, em 1850. Em 1871, aLei do Ventre Livre, que assegurou a liberdade dos filhos de escravas que nascessem apés o inicio da vigéncia da lei Aassinat ura da Lei do Ventre Livre deu novo impulso campanha abolicionista no Brasil. Em 1883, por exem- plo, José do Patrocinio e outros militantes fundaram a Confederacao Abolicionista, unindo diversas associa- ‘Ges antiescravistas. Os abolicionistas mais devotados dv hesitaran ent apuier fugas e até mesiiy rebeliGes de escravos. Diante disso, as elites tiveram de fazer novas concess6es na tentativa de conter a cam- panha abolicionista. Assim, em 1885 foi criada a Lei Saraiva-Cotegipe ou Lel dos Sexage- nérios, que libertava os escravos com mals de 60 anos ¢ os obrigava a trabalhar mais trés ‘anos para os ex-senhores como forma de indenizacao. A lei desobrigava os proprietarios de sustentar os escravos idosos, que jé nao tinham mais condigies fisicas para trabalhar. Somente em 13 de maio de 1888, aprincesa Isabel, regente do mpério na auséncia do pai, que se encontrava na Europa, assinou aLel Aurea, libertando todos os escravosno Brasil. Ap6s a aboligao, avida dos negrosnao sofreumuitas alteracbes, uma vez que nao houve preocupacaoem integré-los &sociedade. Alguns ex-escravos plantaram pequenas rocas de subsistencia, Outros conseguiram empregos precarios nas regides rurais ou entao seguiram para as cidades, formando uma mao de obra marginalizada, com poucas condiges de com- petircom a forgadettrabalho dos imigrantes, mais qualficadae valorizada pelos empresérios. @® Proctamagao da repdblica A resist8ncia dos setores conservadores do Estado brasileiro & abolicSo da escravatura fazia sentido, pois a sobrevivéncia do Império era associada & manutenSo do escravismo. ‘Quando a escravidso foi abolida, a vitéria republicana tornou-se uma questo de tempo. Na década de 1860, uma ciso do Partido Liberal criou o Partido Liberal Radical. A nova organizagao reivindicou reformas politicas e econdmicas, como a abolicao da escravidio, maior autonomia para as provincias e a extingao do Poder Moderador. Na década de 1870, esse grupo deu origem ao Partido Republicano, Nos uitimos anos do Império, as campanhas dos abolicionistas e dos republicanos se reforcavam mutuamente. Os republicanos procuravam obter 0 apoio do Exército. que. for- talecido apds a Guerra do Paraguai, almejava conquistar mais forga politica no pals. Muitos militares encontravam no pésitivisM6 a justificativa tedrica para colocar o Exércitoem posicao de destaque na sociedade brasileira. Para apravar a situagao, a monarquia caia em profundo descrécito, inclusive por parte dos monarquistas, que desferiam duras criticas a D. Pedro I Esse contexto incentivou 0 Clube Militar, fundado em 1887, a conspirar contra arealeza, No dia 15 de novembro de 1889, ¢ marechal Deodora da Fonseca dissolveu o gabinete imperial e proclamou a repaiblica no Brasil. demdacla de monary, Em reac aso Aste Lo i | Ae ecu 0 13 de maio oe as avessas A Lei Aurea libertou todos os escravos do Brasil; porém, isso nao significou melhores condigdes de vida para os libertos. A escravidao estava extinta, mas “ Assim se pronunciou 0 conselheiro Manuel Machado Portella. presidente da provincia da Bahia, na fala com que abriu os trabalhos da As- sembleia Legislativa no ano de 1889, a respeito do cumprimento da lei que extinguira a escravidao. “Em parte alguma manifestou-se oposicao a sua execugao, dando assim os ex-proprietirios a mais brithante prova de nobreza e elevagao de sentimen- tos, ede respeito e acatamento a vontade nacional, Em nenhuma localidade foi preciso a intervencao direta da autoridade para que os ex-escravos en- trassem no pleno gozo da liberdade. I... No entanto, as fontes policiais e as noticias veiculadas nos jornais revelam que o tema dos conflitos envolvendo ex-senhores e libertos na Bahia pos-aboligao preocupa os politicos € as autoridades policiais. [..1 Hi noticias de acordos € negociacdes feitos entre libertos e os agora patroes. Destes acordos, podemos concluir que se pos fim aos castigos corporais e que uma das condigées basicas para o trabalho era a remuneracéo. Entretanto, mesmo nestas relagdes contratuais, percebemos algumas sobrevivéncias da experién- cia da escravidao, Em alguns casos, as senzalas continuaram sendo 0 espaco de moradia dos trabathadores - livres ¢ libertos. L. A Gazeta da Tarde |. diz. constar que 08 ex- -senhores dos libertos, despeitados com a Tel, agarraram os ex-escravos e os esparcaram em carceres privados, e menciona dois casos, sendo um na Rua do Carmo e outro nas Palmeiras. [...1 ‘A Bahia nao seria a tinica regio do Brasil em que houve violéncias contra os libertos, apds emancipacdo. No Rio de Janeiro e no sul de Minas, surgiram dentincias de manutencao do cativeiro em varias fazendas. [...1 is praiticas desse sistema permaneceram em muitas fazendas Lu] Alguns ex-senhores, apés 0 13 de maio, passaram a tentar obter tutela sobre os inaénuos [filhos de escravas nascidos apés a lei de 1871], a fim de garantir mao de obra gratuita nas fa- zendas. [...] Em 8 de outubro de 1888, Victoria, ex-escrava de Marcos Ledo Velloso, proprietério do Engenho Coit, [...1 dirigiu-se ao presidente da provinci solicitando que Ihe fossem entregues seus trés filhos I... que até aquela data eram mantidos como escravos, trabalhando nos canaviais e su- Jeitos a castigos. Victoria informou que. ‘indo a africana Felicidade, denacao nagé, pedir também os seus netos, os referidos filhos da suplicante, nao quis 0 mesmo Marcos Leao Velloso entregé-los, prendendo-os na dispensa da casa onde mora’. Outra estratégia usada por alguns ex-senhores. foi recorrer a forca para obrigar os libertos a tra- balharem sem remuneragdo. Hi noticias de que libertos estavam sendo mantidos em cércere pri vado e presos no tronco no interior da provinci por se recusarem a trabalhar gratuitamente. 3s libertos nao permaneceram passivos fren- te as investidas dos fazendeiros que tentaram forcé-los a reviver condicdes de vida e trabalho dos tempos da escravidao; recorreram a justia, contaram com aliados, que fizeram com que as noticias de violéncia dos ex-senhores ecoassem nos Jornats; solicitaram, em seu favor, 0 auxtito da forca policial; recusaram-se terminantemen- te a trabalhar sem remuneracdo. As suas acdes foram decisivas para por fim as atitudes destes ex-senhores.”” MATA, lacy Maia. Lbertos de treze de malo e ex-senhores na Bahia: oniltos no pés-abolcia.Ato-Asia n. $5. 2007, . 163-198, Disponivel em . Acesso em 17 jan, 2016 sobre o cumprimento da Lei Aurea. Identifique das no pés-abolicao que contradizem essa fala O texto apresenta um trecho da fala do presidente da provincia da Bahia no texto situacdes ocomm- De que forma os ex-escravos resistiram as tentativas de seus antigos se- nhores de forcé-los a reviver préticas escravistas? Atualmente, ainda existem formas de trabalho Brasil. Em grupos, pesquisem sobre esse tema para criar um cartaz de combate ao trabalho escravo. andlogas a escravidéo no

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