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FACULDADE SUMARE

CLOUD COMPUTING COMO ESTRATÉGIA PARA

ALTA DISPONIBILIDADE

ESTUDO DIRIGIDO

REDES DE COMPUTADORES

SÃO PAULO

2014
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LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS

Figura 1 – Exemplo de failover stateless simples (Pág.51)

Figura 2 – Pilha de software do cluster de alta disponibilidade (Pág. 53)

Figura 3 – Alta disponibilidade de máquina virtual através de migração ativa contínua


(Pág. 55)
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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 6
1.1. O CONCEITO ...................................................................................................... 8
1.2. TOPOLOGIAS...................................................................................................... 9
1.3. MODELO DE IMPLANTAÇÃO ........................................................................... 10
1.4. CONCEITO DE CLOUD COMPUTING .............................................................. 11
1.5. MUDANÇAS A VISTA ................................................................................................... 13
1.6. À ESPERA DAS NUVENS ................................................................................................ 14
2. EVOLUÇÃO DO CONCEITO ............................................................................................... 15
2.1. APPLICATION SERVICE PROVIDER (ASP) ......................................................... 15
2.1. VIRTUALIZAÇÃO ............................................................................................... 16
2.2. GRID COMPUTING ........................................................................................... 17
2.3. UTILITY COMPUTING ....................................................................................... 18
2.4. SOFTWARE COMO SERVIÇO .......................................................................... 19
2.5. NOVO FORMARO DE AQUISIÇÃO DE TECNOLOGIA .................................... 20
2.6. REDUÇÃO DE CUSTOS DE TI ......................................................................... 21
2.7. MAIS TEMPO PARA DEDICAÇÃO AOS NEGOCIOS ...................................... 22
2.8. ESCABILIDADE, ALTA DISPONIBILIDADE E AGILIDADE ............................. 23
3. BENEFÍCIOS E OPORTUNIDADES PARA OS FORNECEDORES............................. 24
4. IMPACTO NAS ÁREAS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DAS EMPRESAS . 24
4.1. A VISÃO DA CLOUD COMPUTING NO MERCADO......................................... 25
4.2. MUDANÇA NA INFRA-ESTRUTURA DE TI ...................................................... 26
4.3. REDUÇÃO DE PESSOAL ................................................................................. 27
4.5. A NECESSIDADE DE UM NOVO PROFISSIONAL DE TI................................. 27
4.6. O TEMPO COMO ALIADO ................................................................................ 28
5. DESAFIOS PARA OS FORNECEDORES ........................................................................ 30
5.1. TRANSIÇÃO PARA UM NOVO MODELO DE NEGÓCIOS ................................... 30
5.2. MUDANÇA DE MENTALIDADE ............................................................................ 31
5.3. LEGADO DE INFRA-ESTRUTURA ....................................................................... 32
5.4. SEGURANÇA E CONFIABILIDADE ...................................................................... 33
5.5. QUALIDADE DOS SERVIÇOS .......................................................................... 34
6. SOLUÇÕES NO MERCADO ................................................................................................ 35
6.1. APLICATIVOS DE ESCRITÓRIO ....................................................................... 35
6.2. SISTEMAS DE GESTÃO EMPRESARIAL ......................................................... 36
6.3. SISTEMAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE .................................... 37
5

6.4. SERVIÇOS DE DATA CENTER ........................................................................ 38


6.5. APLICAÇÕES PARA USUÁRIOS DOMÉSTICOS ............................................. 39
7. INVESTIMENTOS E PESQUISA ......................................................................................... 40
7.1. IBM .................................................................................................................... 40
7.2. MICROSOFT ..................................................................................................... 41
7.3. GOOGLE ........................................................................................................... 42
7.4. LOCAWEB E TIVIT ............................................................................................ 43
7.5. OUTRAS EMPRESAS ....................................................................................... 44
8. TENDÊNCIAS E PREVISÕES ............................................................................................. 45
8.1. NUVENS EM ALTA ............................................................................................ 45
8.2. MOVIMENTAÇÃO DO MERCADO .................................................................... 46
8.3. AVANÇOS NA TECNOLOGIA E MELHORIA NOS SERVIÇOS ......................... 47
8.5. A INFRA-ESTRUTURA DE TI DAS EMPRESAS USUÁRIAS ........................... 48
9. ALTA DISPONIBILIDADE COM BASE NA NUVEM ....................................................... 50
9.1. ALTA DISPONIBILIDADE COM FAILOVER........................................................... 50
9.2. FAILOVER STATELESS ........................................................................................ 51
9.3. FAILOVER STATEFUL .......................................................................................... 53
9.4. MIGRAÇÃO ATIVA ................................................................................................ 53
9.5. MIGRAÇÃO ATIVA CONTINUA ........................................................................ 54
9.6. OUTRAS ABORDAGENS ................................................................................. 56
10. CLOUD COMPUTING COMO ESTRATÉGIA PARA ALTA DISPONIBILIDADE ...... 57
10.1. DISPONIBILIDADE .............................................................................................. 57
CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 59
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 60
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1. INTRODUÇÃO

A computação em nuvem ou CloudComputing é um novo modelo de


computação que permite ao usuário final acessar uma grande quantidade de
aplicações e serviços em qualquer lugar e independente da plataforma, bastando
para isso ter um terminal conectado à “nuvem”.

A palavra nuvem sugere uma ideia de ambiente desconhecido, os quais


podem ver somente seu início e fim. Por este motivo esta foi muito bem empregada
na nomenclatura deste novo modelo, onde toda a infra-estrutura e recursos
computacionais ficam “escondidos”, tendo o usuário o acesso apenas a uma
interface padrão através da qual é disponibilizado todo o conjunto de variadas
aplicações e serviços. A nuvem é representada pela internet, isto é, a infra-estrutura
de comunicação composta por um conjunto de hardwares, softwares, interfaces,
redes de telecomunicação, dispositivos de controlo e de armazenamento que
permitem a entrega da computação como serviço.

Para tornar este modelo possível, é necessário reunir todas as aplicações e


dados dos usuários em grandes centros de armazenamento, conhecidos como data
centers. Uma vez reunidos, a infra-estrutura e as aplicações dos usuários são
distribuídos na forma de serviços disponibilizados por meio da internet.

Outro ponto importante para o entendimento deste modelo de computação refere-se


aos participantes da nuvem. Estes podem ser divididos em três grandes grupos:
Provedor de serviço,

Desenvolvedor e Usuário. O provedor é responsável pela tarefa de


disponibilizar, gerenciar e monitorar toda a infra-estrutura da nuvem, garantindo o
nível do serviço e a segurança adequada de dados e aplicações. Já o desenvolvedor
deve ser capaz de prover serviços para o usuário final, a partir da infra-estrutura
disponibilizada pelo provedor de serviço. Enquanto o usuário final é o consumidor
que irá utilizar os recursos oferecidos pela nuvem computacional.

Enfim, a computação na nuvem representa um novo modelo de serviço capaz


de fornecer todo o tipo de processamento, infra-estrutura e armazenamento de
dados através da internet (tanto como componentes separados ou uma plataforma
completa) baseado na necessidade do usuário.
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Computação
Acto ou efeito de computar, Computar ≡ Calcular, processar, analisar Computação
pode ser definido também como a busca de uma solução para um problema a partir
de entradas (inputs) e através de um algoritmo

Nuvem
Grande reservatório de recursos facilmente utilizáveis e acessíveis (como infra-
estrutura, plataformas de desenvolvimento e aplicativos) através da Internet na
forma de serviços daí a alusão à nuvem. Serviço = servir, trabalhar para alguém.
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1.1. O CONCEITO

Uso de recursos de computadores e servidores compartilhados e interligados por


meio da Internet. Os dados residem na nuvem e podem ser apagados de qualquer
lugar (anywhere) do mundo, a qualquer hora (anytime) O acesso a programas,
serviços e arquivos é remoto, através da nuvem.

Quando se fala em computação em nuvens, fala-se na possibilidade de acessar


arquivos e executar diferentes tarefas pela internet. Quer dizer, você não precisa
instalar aplicativos no seu computador para tudo, pois pode acessar diferentes
serviços online para fazer o que precisa, já que os dados não se encontram em um
computador específico, mas sim em uma rede.

Uma vez devidamente conectado ao serviço online, é possível desfrutar suas


ferramentas e salvar todo o trabalho que for feito para cessá-lo depois de qualquer
lugar é justamente por isso que o seu computador estará nas nuvens, pois você
poderá acessar os aplicativos a partir de qualquer computador que tenha acesso à
internet.

Basta pensar que, a partir de uma conexão com a internet, você pode acessar
um servidor capaz de executar o aplicativo desejado, que pode ser desde um
processador de textos até mesmo um jogo ou um pesado editor de vídeos. Enquanto
os servidores executam um programa ou acessão uma determinada informação, o
seu computador precisa apenas do monitor e dos periféricos para que você interaja.

O conceito de computação em nuvem (em inglês, cloudcomputing) refere-se à


utilização da memória e das capacidades de armazenamento e cálculo de
computadores e servidores compartilhados e interligados por meio da Internet,
seguindo o princípio da computação em grade.

O armazenamento de dados é feito em serviços que poderão ser acessados


de qualquer lugar do mundo, a qualquer hora, não havendo necessidade de
instalação de programas ou de armazenar dados. O acesso a programas, serviços e
arquivos é remoto, através da Internet - daí a alusão à nuvem. O uso desse modelo
(ambiente) é mais viável do que o uso de unidades físicas.
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Num sistema operacional disponível na Internet, a partir de qualquer


computador e em qualquer lugar, pode-se ter acesso a informações, arquivos e
programas num sistema único, independente de plataforma. O requisito mínimo é
um computador compatível com os recursos disponíveis na Internet. O PC torna-se
apenas um chip ligado à Internet a "grande nuvem" de computadores — sendo
necessários somente os dispositivos de entrada (teclado, mouse) e saída (monitor).

1.2. TOPOLOGIAS

Atualmente, a computação em nuvem é dividida em seis tipos:

 IaaS - Infrastructure as a Service ou Infra-estrutura como Serviço (em


português): quando se utiliza uma percentagem de um servidor, geralmente
com configuração que se adeqúe à sua necessidade.

 PaaS - Plataform as a Service ou Plataforma como Serviço (em português):


utilizando-se apenas uma plataforma como um banco de dados, um web-
service, etc. (p.ex.: Windows Azure).

 DaaS - Development as a Service ou Desenvolvimento como Serviço (em


português): as ferramentas de desenvolvimento tomam forma no
cloudcomputing como ferramentas compartilhadas, ferramentas de
desenvolvimento web-based e serviços baseados em mashup.

 SaaS - Software as a Service ou Software como Serviço (em português): uso


de um software em regime de utilização web (p.ex.: Google Docs , Microsoft
SharePoint Online).

 CaaS - Communication as a Service ou Comunicação como Serviço (em


português): uso de uma solução de Comunicação Unificada hospedada em
Data Center do provedor ou fabricante (p.ex.: Microsoft Lync).

 EaaS - Everything as a Service ou Tudo como Serviço (em português):


quando se utiliza tudo, infraestrurura, plataformas, software, suporte, enfim, o
que envolve T.I.C. (Tecnologia da Informação e Comunicação) como um
Serviço.
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1.3. MODELO DE IMPLANTAÇÃO

No modelo de implantação, dependemos das necessidades das aplicações


que serão implementadas. A restrição ou abertura de acesso depende do processo
de negócios, do tipo de informação e do nível de visão desejado. Percebemos que
certas organizações não desejam que todos os usuários possam acessar e utilizar
determinados recursos no seu ambiente de computação em nuvem. Segue abaixo a
divisão dos diferentes tipos de implantação:

 Privado - As nuvens privadas são aquelas construídas exclusivamente para


um único usuário (uma empresa, por exemplo). Diferentemente de um data
center privado virtual, a infra-estrutura utilizada pertence ao usuário, e,
portanto, ele possui total controle sobre como as aplicações são
implementadas na nuvem. Uma nuvem privada é, em geral, construída sobre
um data center privado.

 Público - As nuvens públicas são aquelas que são executadas por terceiros.
As aplicações de diversos usuários ficam misturadas nos sistemas de
armazenamento, o que pode parecer ineficiente a princípio. Porém, se a
implementação de uma nuvem pública considera questões fundamentais,
como desempenho e segurança, a existência de outras aplicações sendo
executadas na mesma nuvem permanece transparente tanto para os
prestadores de serviços como para os usuários.

 Comunidade - A infra-estrutura de nuvem é compartilhada por diversas


organizações e suporta uma comunidade específica que partilha as
preocupações (por exemplo, a missão, os requisitos de segurança, política e
considerações sobre o cumprimento). Pode ser administrado por
organizações ou por um terceiro e pode existir localmente ou remotamente.

 Híbrido - Nas nuvens híbridas tem uma composição dos modelos de nuvens
públicas e privadas. Elas permitem que uma nuvem privada possa ter seus
recursos ampliados a partir de uma reserva de recursos em uma nuvem
pública. Essa característica possui a vantagem de manter os níveis de serviço
mesmo que haja flutuações rápidas na necessidade dos recursos. A conexão
entre as nuvens pública e privada pode ser usada até mesmo em tarefas
periódicas que são mais facilmente implementadas nas nuvens públicas, por
exemplo. O termo computação em ondas é, em geral, utilizado quando se
refere às nuvens híbridas.
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1.4. CONCEITO DE CLOUD COMPUTING

Fruto da evolução e da reunião de uma série de outras correntes e


ferramentas já difundidas na área de Tecnologia, o conceito de Cloud Computing
(Computação em Nuvem) tem como principal característica a transformação dos
modos tradicionais de como empresas utilizam e adquirem os recursos da
Tecnologia da Informação (TI). De forma mais ampla, sua abordagem parte do
princípio de que toda a infra-estrutura de TI (hardware, software e gestão de dados e
informação), até então tratada como um ativo das empresas usuárias, passa a ser
acessada e administrada por estas através da Internet (nuvem), com o uso de um
simples navegador (browser) da rede mundial de computadores.

Através de um acesso remoto, com o uso de qualquer tipo de equipamento –


celulares inteligentes, notebooks, computadores de mesa etc. – fornecedores de
tecnologia passam a prover a infra-estrutura e os serviços capacitados para atender
a essa demanda. Trata-se de um modelo eficiente para utilizar softwares, acessar,
armazenar e processar dados por meio de diferentes dispositivos e tecnologias Web.

Na prática, a Computação em Nuvem seria a transformação dos sistemas


computacionais físicos de hoje em uma base virtual. Neste modelo de negócios
possibilitado pela Cloud Computing, a Internet passa a ser o cérebro das operações
e atividades das empresas, permitindo que novas capacidades sejam entregues
como serviço pela rede, sem necessidade de aumento de infra-estrutura e com
pagamento atrelado ao uso feito pelos usuários. Dessa forma, a web torna-se o
grande centro de armazenamento e gestão de recursos variados, uma complexa
rede de sistemas hoje instalada fisicamente em milhares de servidores e
computadores de usuários.

Com a Computação em Nuvem, a rede passa a concentrar desde sistemas


utilizados em larga escala pelo consumidor final – como sistemas operacionais,
programas de produtividade de escritório, arquivos de músicas e fotos - até
aplicativos desenhados para o ambiente corporativo, como os sistemas de gestão
empresarial de relacionamento com o cliente, ou ainda de gerenciamento do ciclo de
estoque de produtos. Ainda em fase de maturação e com interpretações diversas
por parte de especialistas de TI, o conceito de Cloud Computing já começa a
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movimentar o mercado de tecnologia com maior intensidade e essa tendência já é


percebida em ferramentas comuns do dia-a-dia, como sistemas de correio
eletrônico, textos e planilhas disponibilizadas pelo Google, através do Google Aps,
ou ainda pela IBM, com o seu Lotus Simphony.

Essas ferramentas apresentam uma série de aplicativos bem próximas ao que


se encontra hoje em programas do pacote Office, da Microsoft, com a diferença de
que esses recursos não ocupam espaço no computador do usuário, não demandam
licença de uso ou ainda o download de programas para serem utilizados.

União de conceitos e tendências Apontados por muitos especialistas como


uma evolução natural do que vem sendo Computing mantém uma linha tênue entre
conceitos, tendências e recursos já trabalhados na área de tecnologia e outros mais
recentes, como Software como Serviço, ASP (Application Service Provider),
Virtualização, Utility Computing e Grid Computing.

Dessa forma, a Computação em Nuvem pode ser entendida como uma


reunião de conceitos, agora apresentados sob uma nova dinâmica, uma
reorganização do modus operandi, que promete mudar gradativamente a forma e a
entrega da computação nos próximos anos, incluindo a transferência de infra-
estrutura tecnológica para terceiros e um processo de remuneração que pode ser
comparado ao que se pratica hoje no pagamento mensal de contas de energia, água
ou gás.

Entre as diversas vantagens que pode trazer para os usuários, especialmente os


corporativos, a nuvem computacional comporta os seguintes aspectos:

 Liberação da verba destinada à manutenção de infra-estrutura tecnológica


dos usuários para outros fins;
 Flexibilidade e maior facilidade nas transições e adequações para novas
gerações e ferramentas;
 a extinção de custos de manutenção, atualizações, licenças e suporte;

Por outro lado, essas mudanças não reduzem as responsabilidades dos


profissionais de TI das corporações. A despeito dessas alterações, funções como
prover segurança, tempo de resposta, níveis de serviço, mudança de cultura e
disponibilidade permanecem intocadas na lista de suas preocupações.
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1.5. MUDANÇAS A VISTA

Ao mesmo tempo em que reúne benefícios de outras tendências já em uso,


potencializando suas aplicações, a Cloud Computing irá trazer grandes mudanças
no mercado de Tecnologia da Informação, de acordo com a visão de especialistas
do setor.

Para muitos analistas, a nuvem pode provocar profundas modificações no


segmento, especialmente nas atuações dos fornecedores e dos profissionais de
tecnologia que ocupam postos de comando em usuários corporativos. No caso dos
fornecedores de TI, a principal alteração será a transição do foco na venda de
produtos para a oferta de serviços, estabelecendo um novo modelo para seus
negócios. Dentro desse cenário, essas empresas terão de desenvolver meios e
métodos para aproveitar ao máximo as novas oportunidades e satisfazer seus
clientes, superando barreiras como as já citadas questões de segurança e de cultura
dos usuários.

Nesse processo, os próprios fornecedores deverão direcionar esforços para


se adequarem à nova realidade, passando obrigatoriamente por fatores como a
necessidade de elevar o nível dos serviços oferecidos aos seus consumidores. Já
para os usuários, as mudanças mais significativas devem mesmo acontecer no
segmento de profissionais que respondem pelas áreas de TI de organizações
presentes nos mais variados setores da economia. Com a utilização em maior
escala dos recursos propostos pela Cloud Computing, eles deverão modificar seu
perfil, hoje predominantemente técnico e operacional, e adotar uma nova postura,
caracterizada por uma atuação intimamente ligada aos negócios de suas empresas.

Será preciso adquirir novos conhecimentos e habilidades para desenvolver


um trabalho em extrema sintonia com outros departamentos, como forma de auxiliar
suas corporações na conquista de seus objetivos de mercado.
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1.6. À ESPERA DAS NUVENS

Apesar de ainda não ser um conceito estabelecido e de motivar uma série de


questionamentos, a previsão de que a Computação em Nuvem será o próximo
grande passo na área de TI encontra importantes aliados em fatores como o
panorama cada vez mais incerto da economia global e a crescente necessidade das
empresas cortarem custos, reduzirem as despesas de energia e otimizarem suas
operações. Paralelamente a esse contexto, as empresas e usuários estão
percebendo gradativamente que é preciso modificar a visão que eles têm sobre
tecnologia e reavaliar sua função dentro das estruturas empresariais.

Assim, o que vislumbra um cenário propício e promissor para a Cloud


Computing não é apenas a possibilidade de reduzir os investimentos em recursos
tecnológicos, mas também, o entendimento de que esses recursos poderão ser
utilizados de maneira mais eficiente no negócio principal dessas organizações. Esse
pensamento é impulsionado pela provável ampliação de recursos de ponta a uma
parcela maior de usuários, a melhoria dos serviços oferecidos, a redução de
equipamentos e capacidades ociosas de computação nas empresas e a idéia de que
os departamentos de Tecnologia da Informação poderão migrar dos aspectos
puramente técnicos de hoje para se tornarem uma fonte geradora de importantes
ferramentas e soluções para o crescimento das corporações.

Segundo os defensores do conceito, tudo isso, e muito mais, será possível


com a Computação em Nuvem, e é justamente nessas bases que a propaganda da
Cloud Computing se apóia. Resta saber se todos os investimentos em pesquisa, o
contexto favorável e todo esse interesse inicial despertado pela idéia serão capazes
de transformar essa tendência em realidade, juntamente com todas as suas
promessas.
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2. EVOLUÇÃO DO CONCEITO

Como destacado, Cloud Computing não é exatamente um conceito novo, mas sim, o
resultado da combinação de uma série de outras tendências e processos que vem
sendo desenvolvidos na área de tecnologia. A utilização de todas essas aplicações
em conjunto, com seus respectivos serviços e vantagens oferecidas ao usuário,
acabam por definir o que vem sendo chamado de Computação em Nuvem.

Desta forma, é importante conhecer um pouco mais a fundo alguns desses


recursos aos quais nos referimos. São eles: Application Service Provider (ASP),
Virtualização, Grid Computing, Utility Computing e Software como Serviço.

2.1. APPLICATION SERVICE PROVIDER (ASP)

O Application Service Provider (ASP) é um formato de terceirização, baseado em


fornecedores que disponibilizam serviços e recursos de tecnologia e computação
para projetos específicos de determinados usuários, através da Internet. Entre essas
ferramentas podemos incluir softwares, infra-estrutura e mesmo mão-de-obra
especializada. Neste modelo, a partir de um centro de dados com grande potencial,
os provedores desenvolvem e alugam aplicações e serviços, adaptados a
necessidades específicas de seus clientes.

Os consumidores por sua vez, pagam uma taxa mensal para usufruir dessas
operações. A adoção do modelo ASP traz como atrativo a expectativa de economia
proporcionada aos usuários, especialmente as pequenas e médias empresas, que
podem ter acesso a recursos tecnológicos de ponta a um custo relativamente baixo,
eliminando a necessidade de realizar investimentos em uma infra-estrutura própria
ou mesmo de melhorar os sistemas que já possuem. Além desses aspectos, o
Application Service Provider promete outros benefícios, como a agilidade para
atualizar aplicativos e sistemas, e o fim da necessidade de upgrades nas versões de
software, por exemplo:
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2.1. VIRTUALIZAÇÃO

Uma das tendências em destaque no setor de tecnologia nos últimos anos e


apontada como um dos recursos que mais trará impactos para esse segmento a
médio prazo, a Virtualização é um processo que permite – a partir do uso de
softwares - a utilização simultânea de diversos sistemas operacionais em um único
servidor, otimizando os data centers e maximizando o uso dos recursos
computacionais disponíveis nas organizações.

Diversas empresas vêm apostando na Virtualização como uma forma de


amenizar a extrema fragmentação de suas infra-estruturas tecnológicas, que
demandam muito espaço físico e consomem altos índices de energia, com o
trabalho de uma série de servidores independentes e muitas vezes ociosos.
Geralmente, empresas montam infra-estruturas preparadas para suportar momentos
de pico de utilização. Assim, ao mesmo tempo em que existem máquinas rodando
100% de sua potência, há outros servidores utilizando apenas 10% a 15% de sua
capacidade máxima, o que gera desperdício.

Reduzindo esses gastos desnecessários, as vantagens trazidas pela


virtualização em relação à infra-estrutura são muito claras. Ela possibilita um melhor
aproveitamento da capacidade dos servidores, reduzindo a necessidade de
máquinas e, consequentemente, gerando economia em espaço e nos gastos com
eletricidade e refrigeração de data centers. Além disso, permite centralizar
aplicativos, facilitando o gerenciamento do ambiente, o suporte e a atualização.

Como exemplo desse fator, uma troca de sistema, que normalmente levaria
meses para ser feita máquina por máquina, pode ser finalizada em apenas alguns
dias em um ambiente virtualizado.
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2.2. GRID COMPUTING

Outra tendência cada vez mais difundida em tecnologia é a Grid Computing.


Derivada da computação distribuída, a chamada Computação em Grade permite
utilizar uma grande capacidade de processamento sem que o usuário precise se
preocupar com a origem desses recursos ou como eles são mantidos. Através de
camadas virtuais, é possível alcançar alta taxa de processamento ao se dividir as
tarefas em diversas máquinas, utilizando os recursos ociosos desses computadores
independentes. Para compor esse supercomputador virtual, a Grid Computing pode
ser desenvolvida em rede local ou de longa distância. Assim, a Computação em
Grade torna acessível o que antes estava restrito a equipamentos de custo muito
elevado: o desenvolvimento de uma série de aplicativos de ponta e a utilização de
uma grande variedade de recursos computacionais sem a necessidade de
investimentos em novos equipamentos.

A Grid Computing tem origem nas soluções desenvolvidas para dar


continuidade às pesquisas acadêmicas na década de 90. Esses estudos exigiam o
processamento de grandes quantidades de dados, como cálculos, mas encontravam
sérias barreiras nas verbas escassas para custear o equipamento necessário para
que o trabalho fosse executado. Hoje, essa tecnologia já é colocada em prática por
companhias de diversos segmentos, que aproveitam a capacidade ociosa de
algumas máquinas para ampliar as possibilidades de atuação de seus
equipamentos.
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2.3. UTILITY COMPUTING

Dentro do panorama de conceitos e idéias que vem se desenhando no


mercado de Tecnologia da Informação, a Utility Computing é mais uma peça-chave
entre as novidades difundidas recentemente no setor. Em um modelo que poderia
ser traduzido como Computação de Utilidade Pública e classificado como
Computação sob Demanda, o usuário tem a possibilidade de contratar software,
hardware e serviços conforme sua necessidade de utilização e em função de fatores
como picos, quedas e conforme o período de uso.

Nesse formato, o processo se assemelha ao modo de comercialização de


serviços como o fornecimento de água, luz ou telefone. Dessa forma, a ideia da
Utility Computing é que o usuário, seja ele uma empresa ou um indivíduo, possa
utilizar software como quem abre uma torneira ou acende a luz, concentrando sua
atenção em apenas fazer uso dos recursos de computação, enquanto os
fornecedores se ocupam dos investimentos para viabilizar uma infra-estrutura que
permita a disponibilidade e ao mesmo tempo, a qualidade dos serviços que chegam
ao consumidor da tecnologia em questão.

Ao possibilitar a compra e o consumo temporário de capacidades extras de


processamento e armazenamento de dados, a Computação de Utilidade Pública
auxilia as empresas em questões como redução de custos, controle na utilização de
tecnologia e flexibilidade para contratar serviços e ferramentas de acordo com os
projetos específicos que irá desenvolver, sem que para isso precise adquirir
aplicativos que não terão utilidade constante após essa primeira aplicação. Nessa
mesma linha de raciocínio, as corporações podem ter acesso a equipamentos e
recursos para atender necessidades sazonais, onde seus negócios atingem maior
demanda de tecnologia, diferentemente de outras épocas do ano.
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2.4. SOFTWARE COMO SERVIÇO

Executado por meio de navegador de Internet, sem demandar a instalação de


códigos no computador do usuário, o Software como Serviço, ou Software as a
Service (SaaS), pode ser definido na prática como uma evolução dos Application
Service Providers (ASPs), com a diferença de que os programas disponibilizados por
esse recurso tecnológico não servem apenas a uma necessidade específica de um
único usuário, mas sim, a de diversos clientes dos fornecedores. No caso do
Software como Serviço, a intenção não é desenvolver um novo aplicativo, mas sim,
uma nova forma de entregar via web programas com recursos já disponíveis no
mercado, sem que o usuário tenha necessidade de arcar com os custos de licença
anuais por uso, como acontece tradicionalmente neste segmento.

De certa forma, o SaaS se assemelha ao conceito geral de Cloud Computing,


mas aqui relacionado apenas à comercialização de softwares. Outra diferença
importante do Software como Serviço em relação ao ASP é a questão da
permanência dos serviços oferecidos. Se antes as organizações contratavam os
provedores para desenvolver projetos esporádicos, no caso do SaaS, essa relação
entre fornecedor e usuário é mais duradoura. Um dos principais benefícios desse
modelo de entrega de computação é a redução dos investimentos em infraestrutura,
já que o serviço é operacionalizado através da rede, sob o pagamento de uma taxa
contínua de utilização. Para os usuários, o SaaS vem se mostrando como uma
alternativa mais atraente e econômica se comparada às operações que
privilegiavam a aquisição de programas tradicionais, com todos os custos que esse
tipo de iniciativa acarreta, incluindo a atualização de aplicativos, e
conseqüentemente, de equipamentos.
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2.5. NOVO FORMARO DE AQUISIÇÃO DE TECNOLOGIA

Um dos principais efeitos positivos que a Cloud Computing pode trazer é o


estabelecimento e a consolidação de um novo modelo de acesso à tecnologia. A sua
aplicação básica consiste na idéia de que as empresas usuárias passem a privilegiar
a contratação de serviços ao invés de comprarem produtos e a pagarem para ter
uma infra-estrutura em seus domínios, transferindo essa responsabilidade para
fornecedores e intermediários.

Ao mesmo tempo em que suas estruturas de tecnologia migram para uma


base virtual suportada por contratos de serviços, em detrimento da compra de
aplicativos, sistemas e programas, as empresas podem utilizar esses recursos de
acordo com a sua demanda, pagando apenas por aquilo que consumirem. Isso
também favorece a realização de projetos específicos, que nos modelos anteriores
eram mais difíceis de serem desenvolvidos, já que dependiam muitas vezes de
investimentos de alto custo, impraticáveis para as verbas reduzidas de muitas áreas
de TI ou mesmo por seu custo-benefício no conjunto de operações das corporações.

Com a Cloud Computing, essa opção torna-se viável, pois as soluções de


ponta estarão disponíveis a preços e formas mais compatíveis com a realidade
econômica das organizações. Essa flexibilidade no consumo de tecnologia também
permitirá que as companhias ampliem suas capacidades de computação à medida
que seus negócios alcancem novos patamares. Ao contrário do que se verifica hoje,
a Computação em Nuvem poderá diminuir significativamente a necessidade de
grandes investimentos na compra de hardware e software para as empresas que
estão ingressando no mercado, assim como agilizará e facilitará a atualização de
programas e sistemas de organizações que já estão em operação em diversos
nichos.
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2.6. REDUÇÃO DE CUSTOS DE TI

Com o surgimento de um novo parâmetro de aquisição de tecnologia e a


consequente transferência parcial ou total de infra-estrutura para os fornecedores,
os custos tendem a cair para os usuários de TI. A exigência da compra de
equipamentos de grande potência e variedade de recursos passa a ser menor, pois
toda a parte mais complexa e mais cara deste processo estará abrigada na nuvem,
sob-responsabilidade de terceiros.

Os recursos na ponta são simplificados e uma boa conexão de Internet,


muitas vezes, pode vir a ser mais importante que o investimento em data centers e
sistemas com grande capacidade de computação, que exigem quantias elevadas
para serem instalados. Além da redução de investimentos em infra-estrutura, a
possibilidade de firmar contratos de nível do serviço (SLA, na sigla em inglês) e de
pagar pelos recursos à medida que estes sejam utilizados também proporciona uma
diminuição sensível dos custos dos usuários.

Atualmente, para manterem suas estruturas de TI e dar suporte às operações


de seus negócios, muitas empresas contam com equipamentos ociosos na maior
parte do tempo, com capacidades sub-aproveitadas e alto consumo de energia.

As soluções de Cloud Computing devem trazer boas alternativas para


amenizar esse quadro que afeta o orçamento das companhias, reduzindo o
desperdício gerado por esses sistemas.

Aliado ao pagamento por serviços conforme a demanda, outro fator que


contribuirá para a economia dos usuários será a ausência de custos com
manutenção, atualização, licenças e suporte, que hoje concentram uma fatia
considerável das verbas destinadas às áreas de Tecnologia da Informação nas
empresas. No cenário da Cloud Computing, essa verba poderá ser redirecionada
para outros fins, abrindo uma nova gama de possibilidades para as corporações.
22

2.7. MAIS TEMPO PARA DEDICAÇÃO AOS NEGOCIOS

No modelo desenvolvido nos dias de hoje pela maioria das empresas, os


departamentos e profissionais de Tecnologia da Informação privilegiam seus
esforços e concentram boa parte de seu tempo para resolver questões relacionadas
à manutenção dos equipamentos.

Atualmente, 70% do trabalho das áreas de TI nas corporações é direcionado


para a solução de problemas e situações dessa natureza, de acordo com o
pesquisador Nicholas Carr, um dos principais nomes na defesa e na divulgação do
conceito de Cloud Computing em todo o mundo.

A partir da nova maneira de consumir tecnologia na forma de serviços


(hardware, softwares, armazenamento, processamento e gestão de dados), essa
preocupação com a manutenção de equipamentos e componentes será em grande
parte “terceirizada”, juntamente com a infra-estrutura de computação e os centros de
dados das empresas. Ela deixará de ser a função principal das áreas de Tecnologia
da Informação, o que reduzirá de forma considerável o tempo gasto pelos
profissionais nesse sentido.

Desse modo, os chefes e demais integrantes desses departamentos estarão


liberados para se dedicarem quase que integralmente ao core business de suas
organizações, ou seja, para desenvolverem novos projetos, iniciativas e estratégias
de tecnologia que otimizem e potencializem a aplicação de recursos computacionais
em conjunto com outras áreas, contribuindo decisivamente para o bom andamento
dos negócios das empresas em seus respectivos mercados de atuação.

Outro papel que os profissionais de TI podem desempenhar é pesquisar,


determinar e implantar as soluções disponíveis no mercado que se mostrarem mais
adequadas para reduzir os custos, agilizar os processos realizados em toda a
empresa e fazer com que o desenvolvimento da tecnologia utilizada seja
proporcional ao crescimento dos negócios da companhia.
23

2.8. ESCABILIDADE, ALTA DISPONIBILIDADE E AGILIDADE

Um dos pontos que a Cloud Computing deve favorecer é uma maior agilidade
na escalabilidade da infra-estrutura das empresas, que poderão aumentar e diminuir
suas capacidades de computação sempre que for oportuno, de forma imediata e
rápida, sem que para isso tenham que prejudicar suas operações ou efetuar a troca
de equipamentos, máquinas e componentes.

Paralelamente, a nuvem também auxiliará na determinação por parte dos


profissionais de TI da estrutura mínima de recursos tecnológicos para que as
empresas mantenham seus negócios. A Computação em Nuvem também deverá
ampliar a oferta de sistemas de alta disponibilidade para um leque maior de clientes,
estabelecendo mais garantias para os usuários e minimizando os riscos de falhas e
interrupção de suas atividades em virtude do não funcionamento de determinados
recursos.

Para os usuários, outro benefício será a facilidade para trabalhar a partir de


qualquer local com os dados abrigados nas nuvens da Cloud Computing, já que os
dispositivos de acesso à Internet estão em franco desenvolvimento, assim como
seus aplicativos e ferramentas. Deste modo, muitas das operações das empresas,
especialmente as externas, ganharão em agilidade e rapidez, otimizando o tempo
dos profissionais, aumentando sua produtividade e melhorando o atendimento aos
clientes dessas companhias.
24

3. BENEFÍCIOS E OPORTUNIDADES PARA OS FORNECEDORES

Assim como os usuários, os fabricantes de tecnologia também poderão ser


beneficiados com os efeitos da Computação em Nuvem, especialmente se
souberem se adequar à realidade desse modelo. Uma das oportunidades que a
Cloud Computing deve abrir para os fornecedores é o ganho de escala em termos
de clientes.

Se antes eles desenvolviam pacotes de produtos e sistemas


extremamente caros para uma pequena parcela de usuários, a nuvem possibilitará a
oferta desses recursos de ponta, por meio de serviços, a um número maior de
consumidores, em especial, as pequenas e médias empresas, que passarão a ter
acesso mais fácil a tecnologias sofisticadas. Se bem trabalhada, essa base potencial
de clientes poderá ampliar o mercado desses fornecedores e conseqüentemente,
elevar sua participação dentro de seus respectivos segmentos.

Outro ponto que deve ser explorado por essas empresas fabricantes é
aproveitar o formato para desenvolver novos negócios e aplicativos que
estabeleçam um diferencial para suas operações no mercado, assim como o
investimento na melhoria dos serviços ofertados aos usuários.

4. IMPACTO NAS ÁREAS DE TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO DAS


EMPRESAS

Os departamentos de Tecnologia da Informação das companhias, e por


consequência os profissionais de TI, estarão entre os principais afetados pelo novo
formato de negócios prometido pela Cloud Computing. Neste módulo procuraremos
analisar de que maneira isso poderá ocorrer e quais aspectos estarão em jogo
nesse processo.
25

4.1. A VISÃO DA CLOUD COMPUTING NO MERCADO

É importante identificar, antes de mais nada, como a evolução da Cloud


Computing é vista atualmente pelos profissionais de Tecnologia da Informação. Por
não se tratar de uma nova ferramenta ou técnica da área de TI, e sim de um
conceito, a abrangência da Computação em Nuvem ainda é objeto de estudo e
discussão entre empresários e especialistas do setor.

O tema vem despertando a curiosidade dos profissionais de TI, cada vez mais
ávidos por soluções que permitam aliar o gerenciamento integrado e o
armazenamento de dados com a redução de custos e a necessidade constante de
aplicar recursos que acompanhem o crescimento econômico de suas empresas. A
Cloud Computing é vista como uma possível resposta para essas demandas por
grande parte dos analistas, mas encontra suas ressalvas em outras frentes, que
vêem na supervalorização desse conceito uma certa dose de exagero, já que suas
promessas ainda contam com poucos exemplos práticos e suas implicações ainda
não são totalmente conhecidas, ou mesmo não encontraram alternativas
satisfatórias para serem solucionadas.

Outros profissionais e especialistas também entendem que toda a


movimentação e a discussão em torno da Computação em Nuvem encontram suas
raízes mais atreladas a ações de marketing do que propriamente às novidades que
o conceito pode trazer, visto que os recursos destacados pelos defensores da idéia
já são oferecidos – em maior ou menor grau – por algumas tendências de mercado,
como a terceirização de infra-estrutura de TI ou mesmo de áreas de negócios, o
chamado Business Process Outsourcing (BPO).
26

4.2. MUDANÇA NA INFRA-ESTRUTURA DE TI

O movimento de terceirização e virtualização do ambiente de TI e a migração


dos aplicativos e recursos para a Cloud Computing vêm ao encontro da
complexidade que permeia a evolução tecnológica. Diante desse cenário, as
empresas terão que se adequar ao novo modelo que vem se configurando e esse
ajuste incluirá a necessidade de repensar a infraestrutura, ajustar a interface dos
usuários com os sistemas e alterar o foco da área de tecnologia dentro das
companhias.

Para atingir essas metas, a compreensão e a percepção das novas relações


no mercado de tecnologia por parte dos profissionais dessas áreas será
fundamental, bem como a escolha do melhor caminho a ser seguido neste contexto.

Se por um lado a transferência de infraestrutura das empresas para terceiros


estará em alta, caberá aos responsáveis pelos departamentos de TI identificar qual o
nível mais adequado para essa transição dentro da realidade de sua organização.
Como exemplo desse processo, em alguns casos, a migração total dos sistemas se
mostrará mais interessante para os negócios da companhia. Em outros, a adoção de
um modelo híbrido de gestão será mais viável para alcançar os resultados
esperados.

Diversos estudiosos do setor entendem que a tendência é mesmo uma


redução significativa das estruturas físicas e dos centros de dados das empresas,
muito em virtude da busca pela economia de espaço e de custos, especialmente no
que se refere aos altos gastos com manutenção e energia. Os equipamentos dentro
das companhias deixarão gradativamente de serem tratados como um ativo, uma
estrutura própria, em virtude de suas necessidades constantes de atualização,
aliadas à rápida depreciação desses recursos.
27

4.3. REDUÇÃO DE PESSOAL

As modificações na infra-estrutura de tecnologia não implicarão apenas na


redução de hardware e na simplificação dos data centers das empresas. Com o
estabelecimento do conceito de Cloud Computing, a aplicação dessas práticas
fatalmente trará como consequência a formação de departamentos mais enxutos de
Tecnologia da Informação, tendo em vista que muitas das atribuições do setor
passarão a estar sob-responsabilidade dos fornecedores de serviços.

Alguns estudiosos mais alarmistas chegam mesmo a prever a extinção das


áreas de TI em muitas empresas nos próximos anos e a migração dos profissionais
para as fabricantes de tecnologia, que não terão condição de absorver todo esse
contingentes. Outros analistas mais comedidos acreditam que, mesmo reduzidos,
esses departamentos sobreviverão na estrutura das empresas, porém, com um
outro papel, expresso em poucas funções, de caráter mais estratégico. Assim, o
principal desafio para os profissionais das áreas de TI será encontrar novas formas
de atuação e novas maneiras de mostrarem-se úteis dentro do organograma da
empresa, o que exigirá mudanças de foco e direcionamento, como veremos a
seguir.

4.5. A NECESSIDADE DE UM NOVO PROFISSIONAL DE TI

Apoiado pelo desenvolvimento de soluções tecnológicas e pelos crescentes


investimentos dos fabricantes de tecnologia na construção de data centers capazes
de rodar um volume crescente de informações, tirando dos usuários essas
responsabilidades, o conceito de Cloud Computing caminha para se tornar realidade
em um futuro não tão distante. Diante dessa nuvem que vem ganhando forma no
horizonte da Tecnologia da Informação, quais são as perspectivas para os
profissionais da área de TI das empresas usuárias? Segundo o estudioso Nicholas
Carr, os profissionais com capacidades técnicas estarão cada vez mais fora dos
ambientes de TI dessas companhias e perderão espaço no mercado.
28

Para se sustentar e se sobressair nessa nova etapa em que a tecnologia deve


estar inserida, o profissional vai ter que se reciclar, adquirindo conhecimentos mais
abrangentes para desempenhar um papel menos técnico e mais estratégico nas
empresas. O padrão atual de funcionário dos departamentos de TI, onde a maioria
das iniciativas das iniciativas acaba se voltando para as soluções ligadas à
manutenção, promete ficar obsoleto. Em meio às mudanças causadas pela
Computação em Nuvem, as exigências para os profissionais serão ampliadas,
abrangendo novos patamares de atribuições e compreendendo funções bem mais
complexas do que as exercidas atualmente, extremamente caracterizadas por
aspectos operacionais. Com a migração de grande parte da estrutura interna de
tecnologia para terceiros, os profissionais poderão se dedicar integralmente na
elaboração e implantação de uma gestão integrada de TI, aproximando suas
iniciativas e projetos do principal negócio das empresas. Ao identificar e implementar
as ferramentas mais adequadas para o crescimento da companhia como um todo,
criando condições para que a tecnologia suporte e acompanhe esse
desenvolvimento, os funcionários das áreas de TI irão estabelecer uma nova
vocação para o seu trabalho, com um grande ganho de produtividade para suas
organizações.

Em muitos casos, a tecnologia pode até deixar de ser apenas um “meio” para
que a empresa realize seus negócios, e passe a atuar mais diretamente no negócio
final da companhia. Os indivíduos que souberem fazer essa transição do padrão
técnico de hoje para o perfil de negócios do profissional de TI da Cloud Computing
sairão na frente e irão ganhar muitas posições nessa corrida.

4.6. O TEMPO COMO ALIADO

A partir da mudança de foco pela qual passarão os departamentos de


Tecnologia da Informação, os profissionais dessas divisões terão um importante
auxílio para estabelecer novos parâmetros e desempenhar uma função diferenciada
dentro das companhias. O fator tempo, antes gasto prioritariamente nas questões de
manutenção, poderá ser redirecionado para outros fins, abrindo muitas
29

oportunidades para que esses indivíduos se dediquem ao desenvolvimento de


ferramentas e recursos de caráter inovador para os negócios das organizações.

Além disso, a centralização de dados (armazenamento, processamento) em


sistemas de grande capacidade de computação também permitirá que esses
profissionais tenham uma visão global do contexto em que a empresa está inserida,
abrangendo desde os principais problemas enfrentados em suas operações, até
uma infinita variedade de soluções disponíveis para resolver essas barreiras da
forma mais adequada e eficiente.
30

5. DESAFIOS PARA OS FORNECEDORES

Se as mudanças para os usuários devem ser profundas, para as empresas


fabricantes de tecnologia a nuvem apresentará uma série de desafios, já que eles
serão os responsáveis por duas etapas essenciais para o sucesso do conceito de
Computação em Nuvem: a oferta e a entrega dos recursos de computação neste
novo modelo. Por isso, é importante destacarmos alguns desses aspectos que
deverão ser trabalhados pelos fornecedores.

5.1. TRANSIÇÃO PARA UM NOVO MODELO DE NEGÓCIOS

O primeiro detalhe a ser levado em conta pelos fornecedores de Tecnologia da


Informação será o novo modelo de negócios, baseado majoritariamente na oferta de
serviços, e não mais na venda de produtos como hardware e softwares. As
empresas devem estar atentas para todas as implicações que essa transição
acarreta, tanto em termos operacionais como no que se refere aos trâmites
burocráticos, especialmente na formalização da nova relação com seus clientes.

Um passo fundamental nesse sentido será estabelecer a forma de cobrança pelos


serviços que serão oferecidos aos usuários, além de definir preços, duração,
cláusulas e tipos de contrato, margens de negociação, enfim, um padrão para que
seus recursos possam ser comercializados no mercado de maneira competitiva e
viabilizem o retorno de seus investimentos. Outra necessidade das empresas
fornecedoras será implementar uma estrutura para lidar com o provável alto volume
de contratos. Paralelamente, através de suas divisões, a companhia precisa estar
capacitada para dar suporte e atender aos seus usuários e clientes em potencial de
forma ágil e qualificada, além de garantir a eficiência de aspectos como
manutenção, bom funcionamento dos recursos, inovações e a entrega de um serviço
de alto nível.

Neste campo, será preciso reservar uma atenção especial para soluções que
resolvam problemas internos, como por exemplo, a economia de energia, já que
para garantir soluções de qualidade, o fornecedor terá que arcar com o alto custo
31

operacional de seus equipamentos. Em busca dessa excelência e da agilidade nos


serviços, as empresas também deverão avaliar as vantagens de estabelecer
parcerias com outros fornecedores ou intermediários, com o objetivo de ampliar seu
leque de soluções e poder atender de forma mais completa e abrangente às
demandas de seus clientes.

5.2. MUDANÇA DE MENTALIDADE

Atualmente, o conceito de Cloud Computing é o centro de muitos debates e


discussões, e vem despertando o interesse de analistas, pesquisadores,
profissionais e empresários do setor de tecnologia. Porém, essa curiosidade quanto
ao tema ainda não se traduz em um entusiasmo significativo por parte dos usuários
corporativos, ou seja, em uma súbita empolgação que os levem a simplesmente
querer abraçar essa nova tendência em suas organizações sem maiores
questionamentos. Essa resistência é reforçada pelo fato da definição sobre a
Computação em Nuvem ainda não estar totalmente clara para muitos profissionais
da área.

Ao lado de fatores como a incerteza sobre a qualidade e confiabilidade dos


serviços que serão oferecidos, e de quais as reais vantagens e retornos que a Cloud
Computing pode trazer para a estratégia de tecnologia de suas empresas, a cultura
desses profissionais responsáveis pelas áreas de TI nas companhias é um dos
grandes obstáculos a serem superados pelos fornecedores. Acostumados a
centralizar todas as informações e recursos em suas mãos, esses profissionais
ainda vêem com grandes ressalvas a possibilidade de transferirem essas atribuições
para fora de seus domínios, sob a responsabilidade de terceiros. A idéia de que todo
o processo de gestão tecnológica não estará mais inteiramente sob seu controle
ainda encontrará um longo caminho para ser digerida por esses indivíduos.

Deste modo, os fornecedores de tecnologia deverão dedicar grande parte de


seus esforços na tentativa de modificar gradualmente a mentalidade dos
profissionais de TI das empresas usuárias, desenvolvendo estratégias que
demonstrem, com clareza, em que a Cloud Computing pode ser útil para o trabalho
dessas pessoas e, consequentemente, para os resultados que eles poderão vir a
32

proporcionar para as corporações. Os prestadores de serviços terão de trabalhar


muito para definir e divulgar essa nova proposta de negócios, e nesse sentido, as
iniciativas e abordagens de marketing serão fundamentais.

5.3. LEGADO DE INFRA-ESTRUTURA

Quando falamos da necessidade de promover uma mudança de postura dos


usuários corporativos não estamos nos referindo apenas ao receio que esses
profissionais nutrem em relação aos impactos que a Computação em Nuvem poderá
trazer diretamente para o seu trabalho, mas também, aos fatores estruturais que
provavelmente afetarão as companhias como um todo.

Um dos pontos-chave para essas organizações na transição para o cenário


da Cloud Computing é a questão do legado de infra-estrutura de tecnologia. É um
processo extremamente difícil e complexo entender e aceitar que os equipamentos e
máquinas que consumiram altos investimentos da empresa para a montagem de
uma base tecnológica podem, de uma hora para outra, ter sua utilidade minimizada
ou mesmo descartada no conjunto de operações da companhia. Além disso, outra
dificuldade para os departamentos de TI será justificar, dentro da própria
corporação, esse possível descarte de sistemas de computação que demandaram
recursos vultuosos para serem adquiridos. Sendo assim, as fabricantes e
fornecedoras de serviços devem encontrar meios eficazes para conseguir convencer
as corporações que por muitos anos direcionaram pesados investimentos para a
área de tecnologia com o objetivo de abastecer e implementar seus centros de
dados e seus sistemas de operação.

Em contrapartida, a necessidade de constante atualização dos recursos


tecnológicos nas empresas, em virtude de seu alto grau de depreciação, tende a se
reduzir com a transferência de infra-estrutura para os fornecedores. Se os
prestadores de serviço souberem trabalhar esse argumento, mostrando o retorno
que as organizações terão a médio e longo prazo, este poderá ser um grande fator
de persuasão junto aos seus clientes.
33

5.4. SEGURANÇA E CONFIABILIDADE

Um tema que também deve concentrar os esforços das empresas de


fornecimento de serviços de TI é a segurança dos dados de terceiros que estarão
sob suas responsabilidades. Para o sucesso de suas operações, essas companhias
terão obrigatoriamente que desenvolver meios eficazes para garantir a máxima
proteção e a confidencialidade desses data centers virtuais, evitando um vazamento
de informações extremamente prejudicial para seus clientes. Na prática, uma
estrutura precária de segurança pode colocar em risco dados extremamente
sigilosos, como por exemplo, as informações financeiras ou o banco de dados de
clientes de algumas empresas.

Assim, a falta de investimentos em uma estrutura lógica e física que


resguarde a integridade de elementos confidenciais dos usuários dificultará bastante
a adesão das corporações ao modelo de terceirização proposto pela Cloud
Computing. Juntamente com a segurança, o conhecimento detalhado por parte dos
usuários dos trâmites operacionais e da forma como o sistema é disponibilizado
pelos fornecedores será essencial para que esse cliente estabeleça uma relação de
confiança com seus prestadores de serviços. Um passo importante para conquistar
esse nível de parceria é garantir que o usuário em questão tenha ferramentas para
controlar quem terá acesso aos dados da companhia nessa estrutura terceirizada.
34

5.5. QUALIDADE DOS SERVIÇOS

De nada adiantará destinar recursos para superar todas as barreiras citadas


anteriormente se o nível dos serviços oferecidos ao cliente não sustentar, na prática,
o que está sendo vendido na teoria. Os fornecedores não devem medir esforços
para tornar realidade as promessas sugeridas pela Cloud Computing e para
comprovar que o conceito pode ir além de tudo aquilo que hoje já é oferecido em
termos de tecnologia. Só assim, a nuvem poderá atrair os consumidores e mostrar
que não é apenas mais uma versão maquiada para tendências já disponíveis no
mercado.

Assim, as empresas fornecedoras devem investir cada vez mais em


pesquisas e estudos inovadores, que permitam a formatação de um pacote que
reúna, desenvolva e atualize de forma constante recursos como alta disponibilidade,
escalabilidade e latência, ou seja, o tempo de resposta, a agilidade na entrega dos
serviços. Por outro lado, elas deverão fornecer subsídios para que seus clientes
possam medir o retorno de seus investimentos. Além de ser uma condição básica
para os negócios, a qualidade dos serviços prestados deve ganhar ainda mais peso,
já que a relação fornecedor-cliente será regida por um contrato de nível de serviço,
que estabelecerá regras e até multas se alguma promessa não for cumprida
satisfatoriamente.
35

6. SOLUÇÕES NO MERCADO

Destacar algumas das soluções formatadas dentro da Cloud Computing ou


próximas daquilo que o conceito promete como modelo de entrega de serviços de
tecnologia. Ao falarmos de recursos e formatos que já estão sendo oferecidos aos
usuários corporativos do mercado de tecnologia em todo o mundo ou em
desenvolvimento, vamos priorizar em cada tópico uma determinada aplicação do
conceito da Computação em Nuvem.

6.1. APLICATIVOS DE ESCRITÓRIO

Em termos de soluções que podem ser aplicadas nas rotinas de trabalho das
organizações, a oferta de serviços baseadas na proposta da Computação em
Nuvem vem crescendo nos últimos tempos, com a participação de empresas que,
até então, não atuavam com esse tipo de aplicativo. O Google, que tem a raiz de
seus serviços planta na Internet, criou o Google Apps Premier Edition, um pacote de
serviços com formato definido para concorrer com o pacote Office, da Microsoft, e
com demais alternativas baseadas em código aberto.

Hospedado na web e com foco empresarial, o pacote conta com recursos


como e-mail com alta capacidade de armazenamento, comunicador instantâneo,
agenda, editor de textos, planilhas, “gerador” de sites, página web inicial que pode
ser customizada, proteção contra malwares, ferramentas de gerenciamento de TI e
implementação de políticas de compliance, além de suporte técnico por telefone,
suporte a acesso via Blackberry e garantia de 99,9% de disponibilidade por ano,
garantida por contrato.

Com a proposta, o Google espera conquistar uma boa recepção junto aos
usuários domésticos e repetir essa boa acolhida no mercado corporativo, seguindo a
tendência da Cloud Computing e apostando em fatores como o menor custo em
relação ao pacote Office, apesar de ainda não oferecer tantos recursos quanto o
concorrente da Microsoft. A disputa pelos aplicativos deve aumentar nos próximos
anos. Outra companhia de peso que pretende brigar pelo mercado hoje dominado
36

pela Microsoft é a IBM, com o seu Lotus Simphony, um conjunto de ferramentas de


escritório que também leva a Internet um processador de texto e de planilhas, e um
editor de apresentações.

6.2. SISTEMAS DE GESTÃO EMPRESARIAL

Trabalhando com uma quantidade crescente de informações em suas


operações, que envolvem a necessidade de gerenciamento de aspectos diversos
como finanças, RH, produção, estoque e vendas, várias empresas têm optado pela
terceirização do controle dessas atividades. Nesse cenário, os sistemas de gestão
empresarial (ERP, na sigla em inglês) oferecidos por empresas como Oracle, SAP e
Totvs, vêm desempenhando um papel fundamental para centralizar esses dados,
agilizar a atualização das informações e facilitar o controle da empresa para a
tomada de decisões. Nos últimos anos, as grandes empresas do setor têm investido
na mudança do modelo de entrega desses softwares, caracterizando-se cada vez
mais por ofertas de serviços, e não de produtos.

No caso da Oracle, por exemplo, esse novo panorama inclui fatores como a
oferta de parte dos recursos de um programa e o pagamento sob demanda ou de
acordo com o número de usuários, com a opção de abrigar o software tanto nos data
centers da companhia como nas instalações do cliente em questão ou de
intermediários. A SAP, por sua vez, está trabalhando no Business ByDesign, suíte
online de soluções sob demanda que será direcionada para pequenas e médias
empresas e vem concentrando os esforços de desenvolvimento da companhia há
mais de cinco anos. A idéia inicial é de que a cobrança pelo serviço seja feita
através do pagamento de uma taxa mensal por usuário.
37

6.3. SISTEMAS DE RELACIONAMENTO COM O CLIENTE

Outro setor que já vem apresentando soluções próximas ao conceito de


Computação em Nuvem é o mercado de sistemas de relacionamento com o cliente
(CRM, na sigla em inglês), que abrange diversas formas das empresas se
relacionarem com seus consumidores, desde aspectos relacionados a vendas, call
center, ações de marketing e canais de comunicação, entre outras questões. Neste
segmento, um nome de destaque é a Salesforce, que já ultrapassou a marca de 1
milhão de usuários em todo o mundo, incluindo clientes brasileiros nesse pacote.

No modelo de negócios praticado pela companhia, o programa de


relacionamento é totalmente baseado na Internet, com hospedagem nos data
centers da empresa, localizados nos Estados Unidos. A partir desses centros de
dados, a Salesforce fornece um pacote de soluções de CRM a seus clientes, que
inclui ferramentas para operações e estratégias de vendas, serviços, marketing e
centro de atendimento ao cliente. Através desses recursos, que podem ser
acessados através de um navegador, os usuários podem gerenciar de forma
integrada todas essas atividades, o que permite agilizar diversos processos na
estrutura da companhia. Todos esses recursos são ofertados no modelo de serviços
e a cobrança por essas tecnologias é feita por meio de taxas, que se assemelham
ao pagamento de uma assinatura por parte dos clientes. Com o objetivo de tornar
seus serviços mais abrangentes, a Salesforce fechou uma parceria com o Google,
que possibilita a combinação de seus aplicativos de Gerenciamento de
Relacionamento com o Cliente com os aplicativos do Google Apps.
38

6.4. SERVIÇOS DE DATA CENTER

O investimento em serviços de data center é mais uma tendência que


caminha rumo aos preceitos estipulados na Computação em Nuvem. Muitas
empresas estão “alugando” parte da capacidade de seus poderosos centros de
dados para usuários que necessitam de potência extra de computação para
viabilizar seus negócios. Do mesmo modo, empresas como Tivit, EDS, IBM e
Accenture têm se especializado cada vez mais em não serem apenas provedores e
integradores de infra-estrutura, mas também de serviços agregados, como
consultoria, gestão e desenvolvimento de sistemas. Mais conhecida por sua atuação
no mercado de e-commerce (comércio eletrônico), a Amazon também já está
focando parte de suas atividades para o modelo de entrega previsto na Cloud
Computing, desenvolvendo diversos serviços na área de Tecnologia da Informação,
entre os quais, um dos principais destaques é o que vem sendo chamado de Elastic
Cloud Computing (EC2).

A companhia começou a apostar nas nuvens pelo fato de possuir um grande


centro de dados, mantido para suportar suas próprias operações, mas que se
encontrava ocioso em algumas épocas do ano. Com o Elastic Cloud Computing, a
Amazon oferece grandes capacidades de processamento e computação para as
empresas através dos servidores da Amazon Web Services, empresa subsidiária da
companhia, além de prometer uma boa escalabilidade e alta disponibilidade para
quem utiliza o pacote. Apostando em um modelo de contrato de nível de serviço, a
Amazon cobra pelos serviços na medida em que estes são consumidos pelos
usuários. Contando com clientes como o jornal The New York Times e a National
Geographic, a empresa já oferece o serviço nos Estados Unidos e em países da
Europa, e pode ser utilizado em conjunto com outras aplicações em nuvem da
Amazon, como o Simple Storage Service (S3), que trabalha com o armazenamento
de dados.
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6.5. APLICAÇÕES PARA USUÁRIOS DOMÉSTICOS

Em meio aos recursos que privilegiam os usuários corporativos, uma série de


aplicativos que miram os usuários domésticos e mantém contato com o conceito de
Cloud Computing também já estão disponíveis no mercado, sempre com base na
Internet. Um dos exemplos dessa tendência é o Photoshop Express, versão online
da Adobe para o conhecido software de edição de imagens. Gratuito e mais simples
do que o programa original, o aplicativo conta com recursos de edição e tratamento,
além de permitir que os usuários armazenem e compartilhem suas fotos na rede.

Outra solução neste contexto é o Num Sum, aplicativo gratuito da TrimPath


que fornece recursos para a criação e o gerenciamento de planilhas eletrônicas,
contando com algumas ferramentas como cálculos, gráficos e formatação de
células. Já no Brasil, o provedor Terra disponibiliza o Terra Disco Virtual, serviço que
disponibiliza uma capacidade de armazenamento de até 100 MB e conta com
ferramentas de compartilhamento de pastas com outros usuários. Outra vantagem é
o recurso de poder acessar os arquivos de qualquer lugar do mundo.
40

7. INVESTIMENTOS E PESQUISA

Depois de destacar anteriormente algumas soluções já em oferta no mercado


de Tecnologia da Informação com base na Cloud Computing, vamos falar sobre os
investimentos que algumas empresas do setor estão fazendo em direção a esse
conceito. Essa é uma boa forma de vislumbrar o que nos reserva o futuro da
computação baseada na Internet.

7.1. IBM

Uma das mais antigas companhias do mercado de tecnologia, a IBM vem


abrindo suas portas - e também seus cofres - para a Cloud Computing nos últimos
anos, construindo infraestruturas para clientes e ao mesmo tempo, mantendo
projetos em seus ambientes de Computação em Nuvem. Os centros de dados da
companhia estão disponíveis para usuários de diferentes indústrias, como bancos,
telecomunicações, governo, educação e serviços de hosting. Entre as iniciativas da
empresa nessa direção o destaque é o Blue Cloud, conjunto de soluções de
hardware, software e serviços baseados na Internet. Apostando alto no conceito e
projetando investimentos grandiosos em Cloud Computing, a companhia já conta
com 13 centros tecnológicos para desenvolver iniciativas dentro dessa tendência.

Com a participação e a dedicação integral de mais de 200 pesquisadores,


essas divisões da empresa estão distribuídas em locais como São Paulo, Bangalore
(Índia), Seoul (Coréia) e Hanói (Vietnã). Com o objetivo de incluir novas tecnologias
e serviços que irão capacitá-la a oferecer soluções em larga escala de Computação
em Nuvem aos clientes, a IBM também anunciou a construção de um novo data
center cloud no Estado da Carolina do Norte, Estados Unidos, com investimento
previsto de US$ 360 milhões. Outra iniciativa de destaque da companhia em direção
à nuvem computacional é o centro de dados que será implementado em Tóquio, no
Japão. O novo centro de pesquisas atuará no fornecimento de serviços online sob
demanda para empresas, universidades e agências do governo.
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7.2. MICROSOFT

A gigante de software Microsoft é mais uma das companhias que, aos


poucos, começa a enxergar a nuvem computacional com outros olhos, ao destinar
parte de seus recursos para desenvolver soluções nesse campo. Se nos últimos
anos a empresa preferiu adotar um comportamento cauteloso em relação às
promessas da Computação em Nuvem, dando continuidade à busca por inovações
de seus sistemas no modelo tradicional de aquisição – o de licença por usuário -,
agora, a companhia tem sinalizado uma mudança em seu perfil, com atenção
especial para o desenvolvimento de soluções que combinem software e serviços,
afastando-se gradativamente de seu modelo tradicional de negócios. Essa
modificação rumo ao conceito de nuvem fica mais clara quando se verifica que a
maior empresa de software do mundo está empenhada na construção de 20 novos
centros de dados da empresa, estrutura que abrigará aplicações formatadas e
disponibilizadas pela rede.

O custo de cada data center está estimado em cerca de US$ 500 milhões.
Juntamente com esses esforços, a Microsoft está realizando uma série de alianças
com pequenos e médios parceiros em todo o mundo, com o objetivo de estimular
pesquisas e inovações em soluções de computação que utilizem a web como ponto
central. Um exemplo prático dessa investida da Microsoft é o Office Live, versão web
do pacote de sistema para quem já adquiriu sua tradicional licença. Os aplicativos do
Office são disponibilizados na Internet, em versão beta, sem a exigência de
download de nenhum software. Armazenados nos data centers da empresa, os
dados podem ser acessados pelos usuários por meio de qualquer dispositivo web,
em qualquer local. Além de possibilitar a utilização de arquivos de programas como
Word e Excel através da rede, o conjunto de recursos traz uma ferramenta de
compartilhamento com outras pessoas, que pode ser ativada com o pagamento de
uma licença bem próxima do que se verifica hoje em relação aos softwares
tradicionais.
42

7.3. GOOGLE

Atualmente, quando se fala em Cloud Computing, é impossível não citar o


Google como uma das empresas que vem liderando as pesquisas e investimentos
no setor. Com dois data centers em operação nos Estados Unidos, a companhia
está construindo um novo centro de dados avaliado em US$ 600 milhões no distrito
de Bluffs, Estado de Iowa. Entre outros fins, o empreendimento se dedicará ao
desenvolvimento de serviços online. Em suas estratégias relacionadas à
Computação em Nuvem, o Google também está apostando em uma série de
parcerias para conquistar avanços nesse segmento, como por exemplo, as
iniciativas implementadas em colaboração com a Salesforce.com.

Entre essas ações, vale destacar a aliança que resultou na combinação de


soluções online, reunindo o pacote de aplicativos Google Apps (e-mail, agenda,
planilhas etc.) e a suíte de aplicativos de gerenciamento com clientes (CRM) da
Salesforce, expandindo o potencial desses recursos e a abrangência na oferta de
serviços para os clientes. Batizado de Salesforce para Google Apps e vendido no
modelo de software como serviço, o pacote traz como promessa facilitar a
comunicação, a colaboração e o compartilhamento de informações comerciais para
seus usuários. Ainda é cedo para dizer se essa e outras iniciativas serão bem
sucedidas para estabelecer um novo formato de negócios, mas é certo que o Google
é uma das companhias que está mostrando – ou ao menos tentando buscar –
diversos caminhos para alcançar as nuvens e seus consequentes benefícios.
43

7.4. LOCAWEB E TIVIT

No Brasil, algumas empresas de tecnologia também já ensaiam seus


primeiros passos no caminho aberto pelo conceito de Computação em Nuvem. A
Locaweb e a Tivit são bons exemplos do que vem ocorrendo com grandes
companhias de hospedagem e gestão de TI.

Recentemente, a Locaweb investiu R$ 18 milhões para adquirir uma área


para a construção de um data center, em São Paulo. Apostando na idéia de que a
Cloud Computing mudará o modelo de negócios atuais dos data centers, o objetivo
da Locaweb é tornar-se a maior hospedeira de aplicativos em nuvem da América
Latina. Enquanto o crescimento da companhia está na casa de 40% ao ano, sua
área dedicada a data center mantém níveis de expansão de 70%. No data center
que será instalado na capital paulista, cada unidade comportará entre três e quatro
mil servidores físicos, basicamente a mesma quantidade de equipamentos
disponível no atual centro de dados da companhia, que também passa por reformas.

O empreendimento terá capacidade de abrigar 100 mil servidores físicos. Na


Tivit, empresa de TI e BPO, um data center recém inaugurado em São Paulo,
recebeu investimentos de R$ 20 milhões. O local será usado para abrigar,
principalmente, operações de BPO (Business Process Outsourcing) de voz e de
sistemas aplicativos. Atualmente a Tivit possui 18 centros de dados no país. Em sua
nova unidade, a empresa terá capacidade para comportar até seis mil
colaboradores.
44

7.5. OUTRAS EMPRESAS

Um número crescente de empresas está investindo em data centers,


realizando pesquisas e estabelecendo parcerias para elaborar novas soluções que
se aproximam da Computação em Nuvem, em menor ou maior grau, das mais
variadas formas. Quem também já aderiu à onda foi a EMC, com a criação de uma
unidade de negócio dedicada à Cloud Computing, fruto da aquisição da Pi
Corporation, empresa de gerenciamento de informações. A aposta da EMC é que,
com o constante crescimento da produção de dados, as corporações terão que
mudar seus data centers.

Como não é possível fazer essa mudança diversas vezes em curtos períodos
de tempo, a virtualização e o conceito de Cloud Computing serão a resposta para as
barreiras encontradas. Entre outras companhias que se rendem ao conceito e
preparam ofertas estão a Citrix e a VMware. Esta última, líder no mercado de
virtualização, inaugurou recentemente o sistema operacional Virtual Datacenter OS,
como parte de sua estratégia de Cloud. A VMware também está desenvolvendo
inovações para dispositivos móveis e lançou o vCloud Initiative, serviço que suporta
mais de cem parceiros e tem como objetivo apoiar empresas de todos os tamanhos,
garantindo qualidade para qualquer tipo de serviço e para qualquer aplicativo que
queiram rodar, internamente ou como serviço.
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8. TENDÊNCIAS E PREVISÕES

Neste último módulo procuraremos falar sobre o cenário que os especialistas


do setor de Tecnologia da Informação projetam para esse mercado, além de
destacar as perspectivas para alguns processos e segmentos envolvidos nesse
contexto.

8.1. NUVENS EM ALTA

Defendida por muitos, criticada por poucos, e ainda não muito clara, mesmo
para muitos profissionais de tecnologia, a Cloud Computing descortina um horizonte
promissor, mas que ainda está cercado de interrogações e incertezas. O debate
sobre a sua viabilidade, suas possíveis aplicações e prováveis conseqüências vem
crescendo em todo o mundo, assim como os investimentos na direção desse
conceito e as iniciativas que podem transformar em realidade o que ainda hoje é
uma tendência sujeita a diversas interpretações. Tudo isso em um futuro bem
próximo. Com a previsão de que em 2012, 25% da TI das empresas serão
entregues por meio de modelos não tradicionais, o instituto de pesquisas Gartner,
por exemplo, já alertou as empresas prestadoras de serviços e os CIOs para a
necessidade de avaliarem a Cloud Computing nas ofertas disponíveis aos seus
clientes, ao lado de modalidades como Infrastructure Utility, Software as a Service e
Storage as a Service.

Entre 2009 e 2014, a nuvem computacional ocupará um lugar de destaque na


estratégia de TI das companhias, juntamente com tendências como TI Verde,
Virtualização e Enterprise Social Software. Para o mesmo período, o conceito é
apontado como uma das principais tecnologias que irão dominar e impactar a área
de TI das empresas em escala mundial.

Ainda segundo o Gartner, 800 das 1000 empresas constantes na lista da


Fortune terão algum serviço dentro do conceito de Cloud Computing até 2012 e
cerca de 300 delas pagarão por alguma infra-estrutura em nuvem.
46

Em um segmento mais específico, o Gartner prevê que a porcentagem de e-


mails comerciais usuários de Cloud Computing crescerá de 1%, número registrado
em 2007, para 20% em 2012, impulsionada por mudanças na economia, como
queda nos preços e aumento nas vendas. O instituto aposta em uma reestruturação
no mercado de correio eletrônico com o investimento de grandes players nessa
tecnologia. O conceito de Cloud Computing se fortalece com todas essas projeções
e, mais do que nunca, as crescentes discussões em torno do tema e os impulsos
proporcionados pelos investimentos das organizações fazem crer que as nuvens
dessa corrente abrigarão vôos ainda mais altos para o mercado de tecnologia.

8.2. MOVIMENTAÇÃO DO MERCADO

Acompanhando essa tendência, diversas empresas do setor vêm


empreendendo esforços significativos na Computação em Nuvem, expressos em
soluções e aplicações variadas, de acordo com seus objetivos e suas capacidades.
Com a recente evolução de alguns recursos e ferramentas de tecnologia, como a
virtualização, a grid computing e o software como serviço, e diante das
transformações que eles estão promovendo na área de TI, grandes companhias
como Microsoft e Google estão dedicando uma maior atenção a suas pesquisas no
campo da Computação em Nuvem, antes delegadas às pequenas e médias
empresas do mercado.

Motivadas pelo receio de não acompanharem esse momento de transição e


conseqüentemente perderem espaço para concorrentes de menor expressão, as
grandes empresas estão se afastando pouco a pouco de seu modelo tradicional de
negócios, ao apostarem em novos formatos de entrega e comercialização de seus
produtos, ou melhor, de seus serviços. Ao mesmo tempo, algumas dessas gigantes
já estão encontrando dificuldades para se adequarem, em virtude da diferença
considerável entre as duas estratégias de mercado. Porém, a entrada desses
grandes fabricantes - dotados de maiores recursos financeiros e de melhores
estruturas para pesquisa - promete estimular a competição na área e acelerar o
processo de estabelecimento das tendências prometidas pela Cloud Computing.
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Desta forma, com a entrada de novos protagonistas no jogo, o Instituto


Gartner aponta os fornecedores IBM, Google, Microsoft, Salesforce e Amazon como
as companhias que terão maior presença e participação nas tecnologias
relacionadas à Cloud Computing nos próximos anos.

8.3. AVANÇOS NA TECNOLOGIA E MELHORIA NOS SERVIÇOS

Além de facilitar o acesso a tecnologias de ponta para os usuários, a corrida


em direção à Cloud Computing por parte dos fornecedores abre boas possibilidades
para o surgimento de inovações no campo das tecnologias disponíveis,
especialmente aquelas que propiciam o aumento de eficiência dos sistemas de TI.
No desenrolar dessa evolução, um papel fundamental deve ser desempenhado pela
multiplicação de parcerias entre as empresas do setor, pesquisando em conjunto
para conquistar melhorias nas tecnologias já existentes e inerentes ao conceito de
Computação em Nuvem. Para Carl Claunch, analista do Gartner, os servidores, por
exemplo, serão muito diferentes daquilo que conhecemos atualmente.

As próximas gerações de servidores Blade devem deixar de ser centralizadas


e cada vez mais modulares, com os projetos inserindo componentes de rede,
armazenamento, memória e funcionalidades de softwares, distribuídas num mesmo
suporte físico e melhorando desempenho. Segundo Claunch, o que deve mudar é o
compartilhamento e conexão de diferentes memórias entre as diversas áreas dos
centros de dados. Nesse processo, a virtualização é uma ferramenta que deve
ganhar fôlego nos próximos anos, já que as empresas que estão investindo em seu
parque de servidores são atraídas pela capacidade de rodar com eficiência sistemas
de gestão, sem consumir recursos adicionais, o que abre uma oportunidade para
introdução de softwares que dividam a máquina física em estruturas virtuais.

Esse provável crescimento no número de servidores virtuais possibilitará o


avanço da computação suportada via Web, ampliando a capacidade de entrega de
serviços de qualidade por parte dos fornecedores e minimizando os custos desse
processo para os mesmos. Outro campo que deve ser beneficiado com a Cloud
Computing e a comunicação baseada na web é a questão da mobilidade. Como a
48

idéia é ter tecnologia disponível, em qualquer hora e qualquer lugar, os dispositivos


móveis (celulares inteligentes, notebooks e computadores de mão) terão um papel
fundamental na disseminação do conceito e por isso, deverão motivar pesquisas e
inovações que permitam a ampliação de utilização de seus respectivos recursos.

8.5. A INFRA-ESTRUTURA DE TI DAS EMPRESAS USUÁRIAS

As perspectivas de ampliação dos investimentos de fabricantes de tecnologia


e fornecedores na Computação em Nuvem também devem ser acompanhadas por
mudanças relevantes nas infra-estruturas de TI dos usuários corporativos. Com a
crescente demanda pela redução de custos e otimização da área de TI, a tendência
é que nessas empresas onde a tecnologia é um meio, e não o fim dos negócios, os
gestores de tecnologia passem a se preocupar em fazer mais com menos, ou seja,
direcionem seu trabalho para estratégias que reduzam a necessidade de novos
investimentos em equipamentos na área e, ao mesmo tempo, utilizem todas os
recursos disponíveis em sua potencialidade máxima.

Essa provável diminuição nos investimentos já é projetada pelo Instituto


Gartner, em um estudo cujos resultados apontam que em 2011, os pioneiros em
adoção de novas tecnologias vão deixar de gastar com equipamentos e, em vez
disso, comprar 40% da sua infra-estrutura de TI como serviço. Assim, a expectativa
é de que haja uma migração da classificação da tecnologia como um custo fixo para
o patamar de custo variável, especialmente com o crescimento de utilização de
acordo com a demanda. No mesmo sentido, a forma como a tecnologia chegará até
as empresas perderá importância na escala de valores desses gestores. Para esses
profissionais, os pontos fundamentais serão a qualidade do serviço que contratarem
e o quanto esses recursos podem acrescentar para nas operações da organização
como um todo.

Outra projeção feita por especialistas do setor será a crescente adoção de


sistemas híbridos pelos usuários, com parte das operações baseada em seus
domínios e o restante abrigado nos data centers de terceiros. Dentro dessa nova
realidade, as organizações deverão estar preparadas para gerir um ambiente de
multisourcing, expresso em uma combinação dinâmica de recursos internos e
49

externos. Ao mesmo tempo, será preciso ser mais criterioso para definir quais
processos trarão mais vantagens se forem terceirizados e o que deve ficar fora
desse processo. Para os analistas do setor, a transferência de infra-estrutura será
um processo de longo prazo. O caminho já está traçado, o que não se espera,
porém, é uma corrida desenfreada atrás das nuvens.
50

9. ALTA DISPONIBILIDADE COM BASE NA NUVEM

Embora a alta disponibilidade seja uma atividade complexa, independentemente


do aplicativo, nuvens e suas plataformas de virtualização na verdade tornam esse
objetivo mais simples e mais direto. A virtualização como uma abstração da
plataforma física cria uma nova oportunidade para alta disponibilidade.

9.1. ALTA DISPONIBILIDADE COM FAILOVER

A redundância é uma abordagem comum para aumentar a disponibilidade de um


sistema. Essa abordagem funciona bem nos níveis de um sistema, de redundância
de conexões de rede (para gerenciar indisponibilidades e cabeamento incorreto), até
redundância em fontes de alimentação (para minimizar a perda de energia) e até
redundância do armazenamento (através de replicação, como espelhamento ou com
o uso de códigos de erro, como Exclusive OR [XOR] com array redundante de
discos independentes [RAID]-5). Essa abordagem também funciona em altos níveis,
em que servidores inteiros são redundantes para minimizar a indisponibilidade. Com
servidores redundantes, o processo de trocar de um servidor que falhou para um
servidor sobressalente é chamado failover (ou hot-swapping).

O servidor para o qual a carga de trabalho está sendo transferida é chamado de


sobressalente— um hot-spare se o servidor estiver ativo ou cold-spare se o servidor
estiver desligado e precisar ser ligado e inicializado antes de o processo de failover
ser realizado. Embora um hot-spare minimize o tempo necessário para failover, ele
também consome energia e, portanto, é menos eficiente. Veremos duas abordagens
de failover (stateless e stateful) e os vários modelos a que têm suporte.
51

9.2. FAILOVER STATELESS

Failover stateless é a abordagem mais simples, mas também a menos útil, dado
que a abordagem não mantém nenhum estado entre o servidor que falhou e o
servidor de backup.

No caso mais simples, um servidor é emparelhado com um backup que serve


como destino defailover. Usando algum esquema para identificar quando o servidor
ativo (ou seu aplicativo) falhou (como por meio de batimentos cardíacos), o servidor
de backup assume o controle. No caso de um servidor da Web, um balanceador de
carga remove o servidor que falhou e o substitui pelo servidor de backup como o
destino para solicitações da Web. Esse processo é mostrado na Figura 1:

Figura 1. Exemplo de failover stateless simples

Esse tipo de solução é implementada através do projeto Linux-HA. O Linux-HA é


um projeto abrangente sobre um conjunto de blocos de construção de software livre
de alta disponibilidade para o desenvolvimento de sistemas de cluster de alta
disponibilidade. Consiste em uma camada de sistema de mensagens , um conjunto
de agentes de recurso (que fornece interface padronizada para recursos de cluster),
um daemon (para permitir o registro e a notificação de recursos novos ou com falha)
e um gerente de recursos de cluster (para fornecer orquestração de serviço).
52

Recursos neste contexto referem-se a uma variedade de entidades, com uma


instância do servidor da Web Apache, ou uma instância de um sistema de arquivos
montados sobre um dispositivo. O agente de recursos é comumente implementado
como um script shell que expõe um conjunto de operações para o recurso (como
iniciar, terminar e monitorar). Essas operações fornece uma interface padronizada
para o gerenciador de recursos. O projeto Linux-HA fornece um repositório para um
grande número de agentes de recursos (consulte os Recursos para obter detalhes
adicionais). A Figura 2 fornece a visão da pilha desse software.

Figura 2. Pilha de software do cluster de alta disponibilidade

A seção Recursos também fornece um lista dos pacotes de software livre que
podem ser usados para as várias camadas da pilha do cluster (como sistema de
mensagens, gerenciamento, recursos). Você também encontrará links ara outros
pacotes de software livre úteis, como mecanismos de política e outros daemons de
gerenciamento de recursos.
53

9.3. FAILOVER STATEFUL

Embora o failover stateless funcione em um grande número de modelos de


uso, ele certamente não é ideal em casos em que capacidade stateful é necessária.
Por exemplo, se um sistema operacional ou aplicativo mantém informações
relevantes para o servidor de failover (como estado do aplicativo ou informações no
nível do sistema operacional, como conexões de rede), um método mais complexo é
necessário. Essa abordagem forneceria uma migração transparente e oportuna sem
o sistema operacional ou aplicativo estar ciente de que ela ocorreu.

Um método desse tipo é implementado no hypervisor Xen, seguindo o


trabalho de um projeto de pesquisa chamado Remus, e em Kernel-based Virtual
Machine (KVM), através do trabalho de Kemari. Remus e Kemari definem um
método de migração de máquina virtual stateful que migra de maneira transparente
uma máquina virtual de um servidor que falhou para um novo servidor, mas de
maneira contínua. Ambas as abordagens (Xen e KVM) contam com a capacidade de
migração ativa, que foi descrita primeiro, e então exploram o failover da máquina
virtual stateful.

9.4. MIGRAÇÃO ATIVA

Migração ativa (ou online) é um recurso implementado na maioria dos


hypervisors que permite que uma máquina virtual seja movida de um servidor físico
para outro sem interrompê-lo. Da perspectiva da máquina virtual, a migração é
transparente, sendo o único efeito colateral visível uma pequena quantidade de
latência para a comunicação externa. Observe que a migração ativa não é um
recurso restrito a virtualização de plataforma (através de um hypervisor). Você
também pode encontrar migração ativa no contexto de virtualização do sistema
operacional através de produtos de software livre como o OpenVZ. A virtualização
do sistema operacional usa recursos de suspensão e restauração existentes.

O processo de migração está centralizado em torno do empacotamento do


estado suspenso da máquina virtual (representada por memória) e da transferências
dessas páginas para um novo host e posterior restauração da máquina virtual para
54

execução. O processo de suspender a máquina virtual para migrá-la para o novo


host geralmente é chamado de parar e copiar , porque a máquina virtual é
interrompida e migrada (embora uma pré-cópia também possa ocorrer). Isso resulta
em um atraso visível como uma função do número de páginas (conjunto de trabalho
sujo) para migrar do host antigo para o novo.

9.5. MIGRAÇÃO ATIVA CONTINUA

O projeto Remus (da University of British Columbia) adotou a ideia de


migração ativa e a ajustou para fornecer alta disponibilidade no contexto de uma
máquina virtual. Isso foi realizado por meio do processo de migração contínua para
outro servidor. O servidor de backup ou sombra é um ponto de verificação contínua
do servidor ativo, que é implementado através de duas mudanças primárias ao
processo tradicional de migração ativa.
A primeira mudança está relacionada à migração de páginas de memória
entre os hosts. Lembre, na migração ativa, que as páginas são migradas enquanto a
máquina virtual continua a operar, o que é chamado de pré-cópia; quando um limite
de páginas sujas é alcançado, migração ativa entra na fase de parar e copiar, em
que a máquina virtual é temporariamente suspensa para mover todas as páginas
sujas. Na migração ativa contínua, o host ativo realiza a pré-cópia com os pontos de
verificação em uma base contínua (na fase parar e copiar). Em essência, o
hypervisor ativo realiza uma migração ativa (com parar e copiar), mas mantém a
máquina virtual operando no host ativo atual. O resultado da fase parar e copiar é
um ponto de verificação em si. Quando ocorre uma falha, o hypervisor de backup
(em um servidor físico independente) usa o ponto de verificação mais recente para
reiniciar a imagem.
55

Figura 3. Alta disponibilidade de máquina virtual através de migração ativa


contínua

A segunda mudança está relacionada à E/S na máquina virtual ativa. Embora


a memória seja simples de gerenciar, a sincronização de E/S é um problema mais
complexo. Pacotes de rede são salvos até que um ponto de verificação ocorra.
Quando o host de backup indica que o ponto de verificação está concluído, ele está
liberado, permitindo que o estado externo do host seja preservado para networking.
O armazenamento é uma questão um pouco mais complexa e pode ser resolvida
por um simples espelhamento no host de backup. Quando um bloco é gravado no
disco ativo, uma cópia do bloco também é gravada no host de backup. Quando
ocorre um ponto de verificação, o buffer do disco é liberado.

A frequência do ponto de verificação é configurável, documentada para


ocorrer a cada 25 ms. Fazer os pontos de verificação ocorrerem a essa alta
frequência minimiza o número de páginas sujas que devem ser transferidas e
também o custo de armazenamento em buffer para quatros de armazenamento e
rede.
É possível encontrar migração ativa contínua hoje em hypervisors de software
livre. O Xen foi o primeiro destino para essas ideias do projeto Remus, mas KVM
também implementa essa funcionalidade por meio do projeto Kemari. Ambas as
abordagens operam em um sistema operacional não modificado.
56

9.6. OUTRAS ABORDAGENS

Embora as abordagens discutidas aqui tenham seguido seu caminho para


hypervisores de software livre de ponta, uma grande quantidade de trabalho está
acontecendo nessa área.
Em 1995, Thomas Bressoud e Fred Schneider pesquisaram a implementação
de tolerância a falha em ambientes de hypervisor através de protocolos de
replicação. Antes do Remus, houve um projeto chamado SecondSite, que forneceu
a base e as ideias centrais para o Remus. O SecondSite também descobriu que a
compactação de páginas sujas poderia render até 80% de melhoria na largura de
banda para a replicação de uma única máquina virtual.
Mas uma das abordagens mais interessantes é um projeto chamado ExtraVirt,
que foca em gerenciar falhas de processador transitórias através de virtualização . O
ExtraVirt define um hypervisor que reside acima de processadores de múltiplos
núcleos, executando réplicas de máquinas virtuais, cada uma em um núcleo
separado. A replicação no nível da máquina virtual é gerenciada pelo hypervisor e
monitora as saídas (antes que sejam visíveis) para detectar e então recuperar falhas
do processador interno. As máquinas virtuais são mantidas consistentes através da
criação de log e reprodução de máquina virtual. O ExtraVirt é implementado como
uma extensão ao hypervisor Xen.
O ExtraVirt é uma solução com base em virtualização para tolerância a falha,
mas existem outros esquemas como esse para tolerância a falha no nível do
processador. Algumas das abordagens interessantes incluem Software Implemented
Fault Tolerance (SWIFT) e Error Detection by Duplicated Instructions (EDDI). EDDI
duplica um fluxo de instruções com o objetivo de verificar o resultado do fluxo
consequente. Se os resultados concordarem, então não ocorreu nenhuma falha;
caso contrário, quando os resultados dos fluxos discordam, uma falha foi encontrada
e manipulada de acordo. O compilador é responsável por gerar e então entrelaçar
os fluxos de instrução duplicados, tornando-os uma solução apenas de software.
O projeto SWIFT adota uma abordagem semelhante, mas implementa um
esquema mais eficiente reclamando recursos em nível de instrução não usados para
as instruções duplicadas.
57

10. CLOUD COMPUTING COMO ESTRATÉGIA PARA ALTA


DISPONIBILIDADE

10.1. DISPONIBILIDADE

As organizações preocupam-se quanto à disponibilidade dos serviços


oferecidos pelos servidores. Conseqüentemente, isso faz com que algumas delas
sejam cautelosas e desconfiadas sobre a Cloud Computing, dificultando assim a
procura e adoção do mesmo. A permanência do serviço tem de ser ofertada durante
24 horas do dia, pois se faz direito do contratante que o serviço esteja sempre
disponível.

Alguns softwares improvisam sua capacidade de interoperabilidade entre


plataformas divergentes, entretanto, por ser essencialmente proprietária, a Cloud
não incorpora uma normalização da prestação deste serviço, pois esta ainda é
inexistente. Assim, os clientes encontram dificuldades na migração de arquivos e
programas de um provedor para o outro. A dificuldade em se exportar dados, faz
com que algumas empresas se distanciem deste modelo. Este aprisionamento que
se tem com o fornecedor, chama-se de lock-in. A prática anteriormente citada pode
ser atrativa para os provedores de serviços, mas para os usuários é inviável, porque
estes estarão vulneráveis a políticas agressivas da empresa que buscam impedir a
transferência para outro serviço de concorrentes, sendo inevitável o pagamento de
altos custos para realização da mudança.
58

10.2. CONFIABILIDADE

Importante passo na migração para o sistema de Cloud Computing, a


segurança não deve de maneira alguma ser preterida, medidas devem ser tomadas
como a definir qual parte da operação será transferida para o Cloud durante a
migração e quais as medidas de segurança serão adotadas, uma vez os dados
estando nos servidores de outra empresa para que não haja vazamento de
informações.

Além de escolher qual o nível de acordo de serviço com o fornecedor do


cloud: é interessante que a equipe que gerencia a parte da aplicação no cloud
trabalhe em paralelo com sua área de TI local.

Disponibilizando-se arquivos nas nuvens, tem-se uma hesitação por parte dos
usuários, pois seus dados estão sendo cuidados por terceiros. Em conjunto, tanto
contratante quanto contratado devem elaborar políticas internas de segurança para
assegurar que os dados permaneçam armazenados e invioláveis. A empresa deve
se perguntar se é confiável concentrar enorme quantidade de informações em um
único local, uma vez que essa condensação de informações serviria de atração para
ataques virtuais. Outro ponto a ser questionado é quais recursos os provedores
utilizariam para evitar ataques de Hackers.
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CONCLUSÃO

Ainda iniciando, vê-se que por melhor gerenciar os recursos e gastos, este
modelo possui características que viabilizam o desenvolvimento da TI nestes tempos
em que sempre há a busca por um crescimento equilibrado.

Permitiu-se que por meios teóricos, futuras aplicações serão embarcadas nas
clouds. Recomenda-se a adaptação às novas tecnologias, e como tal, a computação
na nuvem não deve ser temida ou ignorada, pois a relutância diante de uma
tendência como esta provocaria estagnação às próprias empresas. Lembra-se
também que seja necessária uma busca constante com relação aos delimitadores
de implantação da Cloud.

Assim, é necessário que se desenvolvam políticas relacionadas ao tema com


a finalidade de oferecerem a padronização dos serviços prestados, facilitando
consequentemente à compreensão de aspectos duvidosos deste conceito por parte
dos interessados.
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REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 Intel
http://www.nextgenerationcenter.com/detalle-curso/Cloud_Computing.aspx

Acessado em 25/03/2013

 IBM
http://www-935.ibm.com/services/us/en/it-services/cloud-
services/index.html?lnk=mseIS-clou-usen
Acessado em 15/03/2013

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