Você está na página 1de 24

Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Departamento de Engenharia
Curso de Graduação em Engenharia de Produção
ENG 1090 – Introdução à Engenharia de Produção
Prof. Gustavo Suriani de Campos Meireles, M.Sc.
 Considere inicialmente as situações comuns em postos
de trabalho de computador:
 Altura do monitor muito alta ou muito baixa, obrigando
o operador a levantar ou abaixar a cabeça  tensões no
pescoço;
 Cadeiras muito altas ou muito baixas  formigamento
nas pernas;
 Altura inadequada do teclado e mouse e ausência de
suporte para os braços  uso desnecessário dos
músculos das mãos e dos ombros;
 Ausência de suporte para pés e punhos, etc.
 Todas essas questões estão relacionadas à ergonomia
2
 A figura abaixo destaca a ergonomia dentre as áreas da
Engª de Produção; engloba, por exemplo, Engª de
Métodos (6º per.), Instalações Industriais (7º per.),
Ergonomia e Segurança Industrial (8º per.)

3
 Segundo a Associação Internacional de Ergonomia –
IEA,
“ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina
científica interessada na compreensão das interações
entre os humanos e outros elementos de um sistema;
é o campo profissional que aplica teoria, princípios,
dados e métodos para projetar objetivando otimizar
o bem-estar humano e o desempenho geral do
sistema. Os ergonomistas contribuem para o projeto
e avaliação de tarefas, trabalhos, produtos,
ambientes e sistemas para fazê-los compatíveis com
as necessidades, habilidades e limitações das
pessoas.”
4
 O termo foi usado pela 1ª vez em 1857 em um artigo
sobre ensaios de ergonomia, quando esta foi proposta
 Mas foi a partir da Revolução Industrial que ficou
evidente a necessidade da compatibilidade entre o
projeto das máquinas e o operador humano
 Destacaram-se a formação de grupos de várias áreas
para elevar a eficácia combativa, a segurança e o
conforto de soldados, marinheiros e aviadores
 Atualmente existem associações de ergonomia em
todos os países industrializados; no Brasil, foi criada
em 1983 a Associação Brasileira de Ergonomia –
ABERGO (www.abergo.org.br) 5
 Consiste no uso dos recursos dos diversos campos de
conhecimento que possibilitam averiguar, levantar,
analisar e sistematizar o trabalho e suas condições
 São diversas as formas de abordagens metodológicas:

 Sistema homem-máquina-ambiente: é a unidade básica


da ergonomia; em seu posto de trabalho, o homem
recebe informações da máquina (dispositivos e
ambiente), capta-as pelos sentidos e processa-as no
sistema nervoso central; são determinadas as ações do
aparelho locomotor para a consecução dos objetivos do
sistema
6
7
 Análise ergonômica do trabalho: compreende as
análises da demanda, da tarefa, da atividade,
diagnóstico e recomendações
 Itinerário metódico, ambientado e contextualizado da
ergonomia: foca demanda, modelagem e projeto
 Diagnóstico ergonômico: foco na origem médica
 Design ergonômico: projeto de postos de trabalho
 Intervenção ergonômica: objetiva modificar a situação
 Antropotecnologia: foca a transferência de tecnologia
 Macroergonomia: busca otimizar o funcionamento
homem-sistema
 Pontos de verificação ergonômica: busca soluções
práticas
 Ergonomia participativa: envolvimento dos usuários
8
 Os métodos e as técnicas podem ser:
 Ordem objetiva: registro direto das atividades
 Ordem subjetiva: questionários, check-lists, entrevistas
 Como instrumentos ou ferramentas de análise e
diagnóstico das situações de trabalho citam-se:
 Índice de risco de lesões em mãos, pulsos e cotovelos
 Avaliação da postura de pescoço, tronco e membros sup.
 Análise postural sensível a riscos musculoesqueléticos
 Análise postural baseada em filmagens bidimensionais
 Avaliação de cargas posturais na parte superior do corpo
 Carga máxima no posto de trabalho
 Avaliação da postura do trabalhador (posturograma)
9
 Segundo a IEA, os domínios são os seguintes:

 Ergonomia física – ocupa-se com as características


anatômicas, antropométricas, fisiológicas e
biomecânicas dos seres humanos e sua atividade física

 Ergonomia cognitiva – relaciona-se com os processos


mentais (percepção, memória, raciocínio e resposta
motora) e suas interações com um sistema

 Ergonomia organizacional – diz respeito à otimização de


sistemas sociotécnicos, incluindo suas estruturas
organizacionais, suas políticas e seus processos

10
 Como áreas de especialização podem ser citadas:
 Função dos fatores humanos: projeto de sistemas
 Fundamentos dos fatores humanos
 Projetos da tarefa e do trabalho
 Projeto de equipamento, posto de trabalho e ambiente
 Projeto para saúde, segurança e conforto
 Modelagem de desempenho
 Avaliação
 Interação humano-computador
 Projeto para diferenças individuais
 Aplicações específicas

11
 Dois tipos de lesões podem afetar o corpo humano:
 Lesão aguda: refere-se à aplicação de uma força que
excede a tolerância da estrutura; está associada a
esforços de grande intensidade de força. Exemplo:
mover um saco de milho de 60 kg
 Lesão cumulativa: aplicação de forças repetitivas a uma
estrutura, que tende a desgastá-la, reduzindo sua
tolerância
 Diversas avaliações ergonômicas têm se voltado para o
estudo das tarefas repetitivas, mais comuns nos
tempos atuais; o risco ergonômico é aquele que pode
causar uma lesão ao longo do tempo (acumulação)
12
 Lesões por esforços repetitivos – LER (ou DORT –
doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho)
são cumulativas e provocadas por uso inadequado e
excessivo do sistema musculoesquelético (ossos,
nervos, tendões e músculos); atingem principalmente
mãos, punhos, braços, antebraços, ombros e coluna
 Principais causas (e inversas prevenções) das LER:
a) organização do trabalho: baixa autonomia, ritmos
acelerados, pressão de tempo e de produtividade,
excesso de trabalho e de horas extras
b) posto de trabalho: móveis, ferramentas e instrumentos
que exigem esforços inadequados e desnecessários,
posturas prolongadas inadequadas 13
 O trabalho estático exige contração contínua de alguns
músculos para manter uma determinada posição;
exemplos: segurar algo com as mãos, ficar de pé por
um longo período
 Se a contração muscular for de até 20% da capacidade
da força muscular (ou máxima contração voluntária –
MCV), a circulação sanguínea continuará normal
 Se, no entanto, chegar a 60% da MCV, a circulação
será interrompida
 Acredita-se que um trabalho pode ser mantido por
várias horas por dia, sem sintomas de fadiga, se a força
exercida não exceder 10% da MCV 14
15
 “É de 60 kg (sessenta quilogramas) o peso máximo
que um empregado pode remover individualmente,
ressalvadas as disposições especiais relativas ao
trabalho do menor e da mulher.” (CLT, art. 198)
 A musculatura das costas é a que mais sofre com o
levantamento de pesos, devido à estrutura da coluna
vertebral, e pode estar sujeita à diversas forças:

compressão tensão cisalhamento encurvamento torção


16
Estresse
compressivo de
um lado dos
discos e
estresse de
tração do outro

17
 Deve-se evitar levantar cargas com as costas curvadas;
a carga deve ser mantida o mais próximo possível do
corpo e evitar girar ou flexionar lateralmente a coluna
durante o levantamento de peso

Abaixamento - Coluna fletida Agachamento - Joelhos fletidos


< gasto energético > gasto energético
18
errado certo
 A postura pode se definida como fenômeno da
organização dos diversos segmentos corporais no
espaço
 Para um projeto ou adequação ergonômica de um
posto de trabalho, um dos pontos fundamentais a
serem avaliados é a postura
 Posturas inadequadas por um longo período de tempo
pode provocar dores e doenças
 A partir de análises fotográficas, observou-se 72
posturas típicas que ocorrem em uma indústria
pesada; estas foram classificadas em classes de 1 a 4
(gravidade não patológica até sério risco de lesão) 19
 A antropometria reúne conhecimentos acumulados
sobre as dimensões do corpo humano, movimento dos
membros e comprimento dos músculos
 Alguns exemplos:
- em média as mulheres são 7%
menores que os homens e têm 65%
de sua força
- do nascimento à fase adulta, nosso
comprimento aumenta de 3-4 vezes
e o peso em torno de 20 vezes
- à medida que cresce a faixa salarial, O "Homem Vitruviano“
o peso aumenta Leonardo da Vinci, 1492
20
Antropometria estática diz
respeito às medidas inerciais

21
A ergonomia é
largamente
utilizada no
design de
produtos e de
processos
22
 Higiene e Segurança do Trabalho (HST) é o campo de
conhecimento que lida com as doenças e acidentes de
trabalho no intuito de prevenir suas ocorrências
 Na prática, as 2 funções são interdependentes
 A eliminação dos acidentes e doenças do trabalho é
vital para o interesse público; provocam perdas
econômicas e sociais, afetam a produtividade coletiva
e individual, causam ineficiência e retardam o avanço
dos padrões de vida
 O campo de segurança concentra esforços em 2 áreas:
 Prevenção de acidentes
 Mitigação de acidentes 23
 O Engº de Produção no planejamento ou na gestão dos
sistemas produtivos necessita dos conhecimentos da
HST, e muitas vezes responderá pela gestão da
engenharia de segurança do trabalho na empresa;
cuidará das atividades relacionadas à função da gestão
de riscos
 O sistema de gestão da saúde e segurança do trabalho
é parte integrante de um sistema de gestão de toda e
qualquer organização; engloba desde a estrutura
operacional até a disponibilização de recursos,
passando pelo planejamento, definição de
responsabilidades, práticas, procedimentos, etc.
24

Você também pode gostar