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CDH

A questão das detenções


offshore australianas
IX SPMUN

Guia de Estudos
Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas

A questão das detenções offshore australianas

Diretores acadêmicos responsáveis:


Álvaro A. Amyuni, Carmen M. Maglano, Fernanda F. Dourado, Julia Lauer, Victor D. Mendes
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Sumário

1. Apresentação………………………………………………………..……………………2
Extra: Os diretores…………………………………………………………………….4
2. Introdução aos Direitos Humanos……………………………………………………....6
a. O que são os Direitos Humanos…………………………………………………...6
b. A imigração e os Direitos Humanos………………………………………………9
3. O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas………………………………..13
4. As detenções offshore australianas…………………………………………………….15
a. Histórico………………………………………………………………………….15
b. Atualidade………………………………………………………………………..21
5. Posicionamento internacional..........…………………………………………………….26
a. Oceania..................................................................................................................26
b. Europa Ocidental e América do Norte...................................................................28
c. Ásia........................................................................................................................33
d. América Latina e Caribe........................................................................................42
e. África.....................................................................................................................44
f. Europa Oriental e Turquia.....................................................................................46
6. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável................................................................48
a. O que são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.....................................48
b. Aplicação à questão das detenções........................................................................50
7. Recomendações..................................................................................................................51
8. Referências.........................................................................................................................54

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1. Apresentação

Car@s delegados,

Primeiramente, estamos agradecidos de poder compartilhar da experiência deste comitê


com @s senhor@s, na medida em que será discutido um tópico importantíssimo do âmbito dos
direitos humanos, a imigração, a partir de uma perspectiva nunca antes explorada: a Oceania;
continente com pouco enfoque, também, nas mais diversas simulações. Isso que torna ao
Conselho de Direitos Humanos do IX SPMUN um comitê pioneiro ao explorar temas
relacionados a esta região.
Os processos offshore de imigração da Austrália são um tópico de pouco conhecimento e
abordagem nas Relações Internacionais e também pouco citado pela mídia global; Diz-se aqui
respeito às políticas de imigração do país que seguem o slogan ‘’No way - you will not make
Australia home’’ [Sem chance - a Austrália não será seu lar] e que, em suma, atuam de modo
com que qualquer tipo de imigrante não documentado ou não possuidor de um visto de
permanência ou asilo que chegue à costa australiana de barco seja automaticamente direcionado
às ilhas de Nauru ou Natal (Christmas) ou à ilha de Manus, na Papua Nova-Guiné, onde então
terão seus processos de imigração analisados e assim encontrarão asilo (ou não) em outros
países.
A Austrália é o único país do mundo que usa outros países para processar reivindicações
de refugiados. O processamento offshore é justificado pelo governo australiano como "uma
forma de quebrar o modelo de negócios do contrabandista de pessoas", removendo o incentivo
financeiro para enviar barcos clandestinos para a Austrália e garantindo que aqueles que chegam
de barco não ganhem uma "vantagem injusta" sobre os outros refugiados.
Essa questão, no entanto, é extremamente problemática pois, juridicamente falando, é
uma forma de burlar as políticas de non-refoulement (não devolução) estabelecidas pela
Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951, do Alto Comissariado das Nações
Unidas para Refugiados (ACNUR), onde os Estados se comprometeram a receber qualquer
refugiado e tratá-lo com humanidade dentro de seu território enquanto corre seu processo
imigratório (mesmo que o indivíduo acabe sendo transferido a outro país).
No entanto, o processamento offshore levanta diversas preocupações principais, como por
exemplo: soar uma punição e não proteção aos necessitados, levar a uma detenção prolongada e

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indefinido e um enorme sofrimento humano, dado que estes ‘’retidos’’ acabam em condições
desumanas, com cuidados de saúde grosseiramente inadequados e tratamento incompatível com
os direitos humanos, que expõe as pessoas altamente vulneráveis a outros danos, com relatórios
consistentes de abuso sexual, físico e psicológicos.
Diversos relatórios e acontecimentos denunciam o descaso em relação a estes refugiados;
no entanto, apesar da repetida condenação internacional e significativa oposição junto à protestos
do povo australiano, ambos os principais partidos do país se recusam a mudar a política de
processamento offshore.
Ao formularmos este comitê, acreditávamos que fosse de suma importância trazer tal
pauta ao SPMUN, não apenas por trazer um conteúdo pouco conhecido aos estudantes como
também uma forma de evidenciar que as más condições relativas a refugiados não se limitam aos
países subdesenvolvidos, como também possuem grandes crises naqueles supostamente
pertencentes ao ‘’Primeiro Mundo’’. Também vemos esta como uma oportunidade de
desenvolver uma argumentação política além da usual dentre @s senhor@s, visto que o tópico é
pouco disseminado no Brasil e no mundo.
Por fim, esperamos que produzam discussões ricas e com conclusões tangíveis acerca de
um tema tão importante. Para tal, pedimos que estudem não apenas o guia, como também
busquem nossas recomendações (colocadas mais à frente), assim como suas próprias
informações para tornarem o debate mais construtivo para todos. Não hesitem, também, de nos
procurar em caso de qualquer tipo de dúvida!

Atenciosamente, a diretoria

Álvaro A. Amyuni
Carmen M. Manglano
Fernanda F. Dourado
Julia Lauer
Victor D. Mendes

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Extra: Os diretores

Álvaro A. Amyuni
Aluno de Relações Internacionais da PUC-SP, atualmente trabalha na AIESEC,
organização sem fins lucrativos que promove a liderança jovem por meio de intercâmbios
voluntários e profissionais. Participou como delegado na Confemack São Paulo 2015 (AGNU),
no comitê independente da Revisão Periódica Universal da Conectas Direitos Humanos em 2017
e no VIII SPMUN (British Parliament). Atua também como Conselheiro Discente no Cenários
PUC-SP. https://www.facebook.com/als.amyuni

Carmen M. Manglano
Aluna de Relações Internacionais da PUC-SP, atualmente trabalha na AIESEC,
organização sem fins lucrativos com extensão internacional que desenvolve a liderança jovem e
voluntariado. Participou como delegada no comitê independente da Revisão Periódica Universal
da Conectas Direitos Humanos em 2017 e atua como Conselheira Discente do Cenários PUC-SP.
Também participou do fórum UNIV Brasil, evento internacional com o objetivo de fomentar a
produção de pesquisa em todas as áreas. https://www.facebook.com/carmen.manglano.7

Fernanda F. Dourado
Aluna de Relações Internacionais da PUC-SP, com interesses tanto na carreira em
Organizações Não-Governamentais (foco em migração especializada em mulheres e crianças),
quanto acadêmica ou diplomática. Atualmente trabalha no Programa de Educação Tutorial de
Relações Internacionais da PUC-SP, onde desenvolve pesquisas e eventos, e também como
estagiária voluntária na SUR - Revista Internacional de Direitos Humanos da ONG Conectas
Direitos Humanos. Participou como delegada no comitê independente da Revisão Periódica
Universal da Conectas Direitos Humanos em 2017 e atualmente é diretora de Imprensa da SiEM
2018. Também atua como Conselheira Discente do Cenários PUC-SP.
https://www.facebook.com/fefogaca

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Julia Lauer
Aluna de Relações Internacionais da FAAP, tem como meta seguir a carreira diplomática
e/ou trabalhar no ACNUR, além de fazer diversos trabalhos voluntários. Também faz parte da
chapa gestora do Diretório Acadêmico de Economia da FAAP, onde é responsável pela
organização de visitas, workshops, eventos, palestras, voluntariados, campanhas de doação,
mídias sociais, fotografia e estrutura física do diretório. Atualmente trabalha no Consulado Geral
de Luxemburgo em São Paulo. Participou como delegada na Confemack Tamboré 2016 (AGNU)
e no MUNdo Insper de 2017, mesmo ano em que atuou como Staff no Fórum FAAP. Este é seu
primeiro ano como diretora, trabalhou no Fórum FAAP (ONU Mulheres) no início de junho e
trabalhará (além do SPMUN) na SiEM 2018. https://www.facebook.com/julialauerr

Victor D. Mendes
Aluno de Relações Internacionais da PUC-SP, atualmente estagiando como professor-
monitor no projeto MONU-EM do Colégio Bandeirantes, mas com o objetivo de seguir carreira
diplomática futuramente. Participou como delegado das Confemacks Tamboré 2013 (OMC) e
São Paulo 2014 (AGNU), no Fórum FAAP 2015 (Conselho Europeu) e no comitê independente
da Revisão Periódica Universal da Conectas Direitos Humanos (2017); e como diretor nas
Confemacks Tamboré 2014 (ACNUR), 2015 (CDH) e 2016 (Imprensa) e no VIII SPMUN
(Conferência de Berlim). Também atua como Conselheiro Discente no Cenários PUC-SP.
http://www.facebook.com/ovictormendes

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2. Introdução aos Direitos Humanos

a. O que são os Direitos Humanos


Não se pode falar sobre os Direitos Humanos e seu desenvolvimento sem fazer uma
conceituação fundamental: do que se tratam estes direitos? A aplicação literal dos termos pode
trazer uma boa iluminação sobre o conceito. Segundo o dicionário1:

Direito (subst.): Coisas às quais você tem direito ou é permitido; liberdades


garantidas. (Cambridge Dictionary, 2018)

Humano (subst.): Um homem, uma mulher, uma criança, uma pessoa; indivíduo
da espécie Homo sapiens. (Cambridge Dictionary, 2018)

Desse modo se evidencia: Direitos Humanos são aqueles obtidos puramente por se ser
humano. Esses direitos são baseados no princípio do respeito pelo indivíduo. A premissa
fundamental é a de que cada pessoa é um ser moral e racional que merece ser tratado com
dignidade.
Considerando que as nações ou grupos especializados gozam de direitos específicos que
se aplicam apenas a eles, os direitos humanos são os direitos aos quais todos têm direito -
independentemente de quem são ou onde vivem - simplesmente porque estão vivos.
No entanto, é comum que, quando questionadas, as pessoas entendam como seus direitos
humanos apenas tópicos como a liberdade de expressão e de fé; não há dúvida de que estes são
direitos importantes, mas o alcance total dos direitos humanos é muito mais amplo.
Eles significam escolha e oportunidade; significam a liberdade de obter um emprego,
adotar uma carreira, selecionar um parceiro de sua escolha e criar filhos. Eles também incluem o
direito de viajar amplamente e o direito de trabalhar com sucesso sem assédio, abuso e ameaça
de demissão arbitrária, além de aceitar o direito ao lazer. Em suma: os Direitos Humanos estão
aplicados a todos os âmbitos da vida, com o objetivo de dar uma vida digna a todos.
Estes Direitos, no entanto, não surgem do nada. Eles datam desde a Antiguidade, de
diversas maneiras e com diversas interpretações; de qualquer forma, os Direitos Humanos como
os conhecemos hoje são razoavelmente recentes.

1
Vide https://dictionary.cambridge.org/.

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Os terrores da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) abalaram não só a História como


também a própria noção de humanidade. Como o mundo e os seres humanos permitiram que
uma atrocidade como o Holocausto ocorresse perante seus olhos e, mais, perdurasse por anos?
Essa era uma das questões que pairava por entre os representantes da recém-criada Organização
das Nações Unidas ao debater a redação de um documento que alteraria os rumos da História:

A PRESENTE DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS

como o ideal comum a ser atingido por todos os povos e todas as nações, com o objetivo
de que cada indivíduo e cada órgão da sociedade, tendo sempre em mente esta
Declaração, se esforce, através do ensino e da educação, por promover o respeito a
esses direitos e liberdades, e, pela adoção de medidas progressivas de caráter nacional e
internacional, por assegurar o seu reconhecimento e a sua observância universal e
efetiva, tanto entre os povos dos próprios Estados-Membros, quanto entre os povos dos
territórios sob sua jurisdição. (Organização das Nações Unidas, 1948, p. 4).

Há 70 anos a Assembleia Geral das Nações Unidas adotou, por unanimidade, a


Declaração Universal dos Direitos Humanos - DUDH. Embora não tenha força legal, sua
autoridade é sem paralelo. Muitos juristas estimam que ela tenha adquirido o status de lei
consuetudinária2 internacional (DE BAETS, 2010) - ou seja, algo que se tornou um costume por
entre os Estados e passou a ser aceito como norma, mesmo que não institucionalizado por
alguma organização com força de lei (pois a ONU tem caráter recomendatório).
A DUDH é o documento mais traduzido do mundo, atualmente em torno de 375 línguas.
Dois importantes tratados vinculados, o Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos –
PIDCP e o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – PIDESC são
derivados da mesma. Juntos, esses três textos formam a Carta Internacional de Direitos
Humanos.
A Carta continua uma tradição de três séculos de pensamentos sobre direitos humanos,
desenvolvidos desde a Revolução Francesa, e mais de dois milênios de lei natural. Por sua vez,
tem inspirado um grande número de tratados; além de possibilitar a existência de Cortes
internacionais e ser fundamento das constituições da maioria dos países. ‘’Talvez não exista
nenhum texto com mais amplo impacto em nossas vidas do que a DUDH.’’ (DE BAETS, 2010).

2
Caso considere necessário, uma definição de lei consuetudinária se encontra em http://www.enciclopedia-
juridica.biz14.com/pt/d/lei-consuetudin%C3%A1ria/lei-consuetudin%C3%A1ria.htm.

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No entanto, um fator polêmico acerca da Carta é a questão da mesma se denominar


universal, como respeitar as diversidades culturais da humanidade ao mesmo tempo em que se
normatiza que todos os seres humanos possuem os mesmos direitos?
Essa tensão é algo debatido por um autor referência na área, Boaventura de Sousa Santos,
em seu texto ‘’A Concepção Multicultural dos Direitos Humanos’’. Segundo o autor, o meio
fundamental para lidar com os Direitos Humanos sem que isso ocorra de forma hegemônica
(uma cultura sobre outra ou a universalização total) é que sejam usados de forma cosmopolita;
ou seja, consistidos na reunião de pessoas ou ideias, a nível global, sem intermediação estatal
necessária, voltada para a difusão dos mesmos de forma ativa ao mesmo tempo em que se
respeitam as diversidades.
Ainda que a proposta soe genérica, o autor propõe o preenchimento de algumas condições
para que isso ocorra; Deve-se reconhecer que todas as culturas apresentam concepções de
dignidade humana, porém nem todas realmente se encaixam nos padrões dos Direitos Humanos.
Também, é necessário entender que todas as culturas são incompletas e, logo, apresentam noções
incompletas de dignidade da pessoa humana; essas diferentes percepções de dignidade
apresentam grau de reciprocidade diferenciado, devendo-se preferir aquela que apresenta um
círculo mais alargado de reconhecimento de direitos.
Levando isso em consideração, o autor conclui que as questões interculturais envolvendo
igualdade e diferença entre os humanos devem ser resolvidas a partir da seguinte construção:

(...) uma vez que todas as culturas tendem a distribuir pessoas e grupos de acordo com
dois princípios concorrentes de igualdade e diferença, as pessoas e os grupos sociais têm
o direito de ser iguais quando a diferença os inferioriza, e o direito a ser diferentes
quando a igualdade os descaracteriza. (SANTOS, 1997, p. 30).

A colocação de Souza Santos é vista como uma forma de legitimar o uso dos Direitos
Humanos das Nações Unidas perante qualquer situação de injustiça social e política que ocorra
no planeta. De crises democráticas em países latinos, passando pela mutilação genital em países
africanos e recaindo, então, na questão das detenções offshore australianas, onde direitos
fundamentais têm sido violados, como:

Artigo I: Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. (...).

Artigo III: Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.

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Artigo V: Ninguém será submetido (...), a tratamento [ou castigo] cruel, desumano ou
degradante.

Artigo IX: Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado.

Artigo XIV:

1. Todo ser humano, vítima de perseguição, tem o direito de procurar e de


gozar asilo em outros países.

(...)

Artigo XXV:

1. Todo ser humano tem direito a um padrão de vida capaz de assegurar-lhe, e


a sua família, saúde e bem-estar, inclusive alimentação, vestuário, habitação, cuidados
médicos e os serviços sociais indispensáveis, (...). (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES
UNIDAS, 1948, p. 5-16).

Neste comitê, o objetivo dos delegados é que encontrem soluções para lidar com tais
violações e evitar que as mesmas continuem a acontecer no futuro.

b. Imigração e os direitos humanos

Desde o início da história humana, o movimento dos povos de uma região a outra foi
sempre algo recorrente. Verificando que imigração se trata de “fenômenos espontâneos
relacionados com o ato de estabelecer nova residência em um país ou região diferente do local de
origem”3, é possível notar que as imigrações se tornam uma questão relevante em um sistema
internacional composto por Estados.

Apesar de ter recebido muita atenção da mídia, a politização das migrações é um tema
que se iniciou no século XIX e após a grande guerra é contemplado pela Carta Universal dos
direitos humanos de 1948.

Levando em consideração que o texto com maior impacto sobre nossa sociedade
atualmente é exatamente a Declaração dos Direitos humanos (DUDH), se faz imprescindível
discutir como a “Carta Magna de todos os homens em todos os lugares”, trabalha a questão da
imigração.

3
Vide <https://www.significados.com.br/imigracao-e-emigracao/>

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Na carta enunciada pela ONU chamam atenção dois artigos que esclarecem a questão dos
imigrantes:

Artigo VI “Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como
pessoa perante a lei.”

Artigo XIII 2. “Todo ser humano tem o direito de deixar qualquer país, inclusive o
próprio, e a este regressar.” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1948, p. 6-8)

A partir desse ponto é interessante notar que segundo a carta da ONU, pertencer à
humanidade significa ter direitos. Dessa forma, é necessário considerar a garantia dos direitos
humanos e a soberania dos Estados no que se refere às imigrações. Esses dois artigos são
importantes para se discutir o tema das migrações internacionais que tem recebido cada vez mais
importância nas questões políticas mundiais.

A ampliação da mobilidade global, o aumento da complexidade dos padrões migratórios


e seu impacto em países, comunidades e famílias contribuíram para que a migração internacional
se tornasse uma prioridade para a comunidade internacional. Segundo os dados da ONU,
publicados em 2016, aproximadamente 244 milhões de pessoas vivem fora de seu país de
origem, muitos em busca de oportunidades e proteção. É evidente que existe uma lacuna na
administração governamental de migração baseada nos direitos humanos, criando uma crise nas
fronteiras e no território de países destino.

Para se pensar a questão dos direitos humanos dos imigrantes é imprescindível discutir a
autonomia dos Estados no controle de suas fronteiras. O conceito de soberania no direito público
internacional resulta na proibição de intromissão nos assuntos internos de um Estado, declaração
avigorada na Carta das Nações Unidas. Dessa maneira, percebe-se a concepção de um conflito
entre o princípio de não intervenção nos assuntos internos de um estado e a proteção
internacional dos direitos humanos (COSTA; REUSCH, 2016).

Levando em consideração que num sistema anárquico os Estados atuam em favor de seus
interesses a fim de garantir sua sobrevivência, em momentos de crise, a história aponta que
buscando legitimar os direitos soberanos, esses atores se utilizam de políticas com efeitos
excludentes, como por exemplo, a restrição aos direitos dos imigrantes. Dessa forma, apesar dos
Estados controlarem a sua imigração, se faz necessário reconhecer os princípios dos direitos
humanos internacionais, de modo que a soberania estatal se torna sujeita a tais direitos. Um

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exemplo desse conflito é a resistência que muitos países têm em aceitar refugiados apesar de ser
proibido qualquer movimento de expulsão dos mesmos (COSTA; REUSCH, 2016).

É importante destacar que embora os Estados sejam o fator mais importante na causa da
manutenção dos fluxos, as políticas de imigração e cidadania são um fator importante na
moldura que os fluxos adquirem.

Dentro desse contexto, é fundamental evidenciar que a Convenção de Genebra, tratados


assinados entre 1864 e 1949 que definem as normas para as leis internacionais relativas ao
Direito Humanitário Internacional, e o Protocolo de Nova York, publicado em 1967, relativo ao
estatuto dos refugiados, representam certa limitação à autonomia dos Estados.

Com relação à imigração, a Declaração dos Direitos Humanos afirma, em seu artigo XV,
que todos os homens têm direito a uma nacionalidade e de mudar de nacionalidade. Porém, os
países carregam a liberdade para estabelecer seus critérios de atribuição de nacionalidade,
levando a sobreposição da soberania sobre os direitos humanos. Além disso, vale destacar que se
levarmos o direito universal de migrar as últimas consequências, não deveria existir a imigração
ilegal. Contudo, na prática, o direito internacional clássico reafirma que nenhum Estado tem o
dever de aceitar estrangeiros em seu território. O mesmo acontece com a concessão de asilo e
refúgio, a Declaração, em seu artigo XVI, e as demais Convenções que abordam o estatuto do
refugiado, ao fim também estão limitadas a soberania dos Estados (BRITO, 2013).

Dessa forma, os direitos humanos estão no centro da discussão a respeito dos imigrantes e
refugiados, uma vez que são as declarações e as ONGs que dão maior atenção ao tema. Vale
ressaltar as diversas tentativas de estender os princípios de direitos humanos aos imigrantes,
como a Convenção Internacional de 1990 sobre a Proteção dos Direitos de todos os
Trabalhadores Migrantes e suas famílias. Segundo a Corte Interamericana de Direitos Humanos,
todo indivíduo tem direitos fundamentais que não podem ser violados, em consequência, são
superiores ao poder do Estado (COSTA; REUSCH, 2016).

Atualmente, as imigrações internacionais receberam uma expressão marcada pela atitude


repressiva do Estado e do aumento de sua importância no cenário político. Essa politização
refere-se aos imigrantes temporários no mercado internacional e os imigrantes não temporários.
Os primeiros são maioria pela dificuldade de inserção no mercado de trabalho e de ascensão

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social. É evidente que a institucionalização de diferenças culturais e sociais leva a um


preconceito étnico que incentiva a temporalidade. Os imigrantes não buscam a integração na
sociedade de um país desenvolvido, fazendo apenas parte de um mercado de trabalho
institucionalizado. Porém, a livre circulação de mão de obra, esbarra na questão do monopólio
que o Estado tem sobre a mobilidade internacional dentro do seu território (BRITO, 2013).

Os segundos podem ser assimilados à sociedade ou não, quando os critérios de


desigualdade incorporam as diferenças nacionais ou quando decidem manter seus traços
culturais. Com a pressão dos imigrantes há uma tendência de fortalecimento da legislação e
reforço das bases sociais e culturais que de alguma forma garantem a unidade nacional. As
condições demográficas, crescimento positivo dos imigrantes, apenas potencializaram a ideia de
um possível rompimento da unidade nacional como uma ameaça ao poder soberano do Estado,
resultando em ideologias nacionalistas e anti-migratórias. Essas dimensões de politização do
imigrante indicam uma ruptura com os direitos humanos, problema que se manteve
historicamente desde a proclamação dos mesmos nas Declarações de 1776 e 1789 e que se
confirmou na Declaração de 1948 (BRITO, 2013).

Conclui-se que houve um desenvolvimento no que se refere à questão de reconhecimento


dos direitos do indivíduo independentemente de sua nacionalidade, porém a implementação dos
direitos continua dependente do interesse estatal. Evidencia-se que a legislação internacional,
diversas vezes, traz o tema do imigrante já existente, e as convenções se referem aos direitos dos
imigrantes, e não a um direito de imigração. Dessa maneira, os estrangeiros estão vulneráveis
diante dos interesses dos Estados. O mundo pós-guerra ainda mantém a contradição entre direitos
humanos e soberania nacional. Essa é a dimensão política das migrações internacionais e a razão
da sua politização na nossa sociedade.

3. O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas


A ONU é uma organização que repousa em três pilares: direitos humanos, paz e
segurança, e o desenvolvimento. O Conselho dos Direitos Humanos (CDH) é uma das principais
instituições de direitos humanos, juntamente com o Gabinete do Alto Comissário para Direitos
Humanos e os corpos que monitoram a implementação dos tratados de Direitos Humanos, como
Cortes Regionais.

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O órgão é responsável por promover o fortalecimento e a disseminação desses direitos ao


redor do globo e por entre os Estados - por meio da observação, análise e debate acerca de casos
de violação, formulando relatórios e propostas e os enviando como feedback à Assembleia Geral
das Nações Unidas (AGNU).
Criado em 2006 pela resolução 60/21 da AGNU, o CDH é o sucessor da antiga Comissão
de Direitos Humanos, e hoje é composto por 47 membros (no SPMUN, 39+1). Cada um dos
membros possui um mandato de 3 anos, não havendo a possibilidade de uma reeleição imediata.
Com sede em Genebra, o Conselho se reúne 3 vezes ao ano, contando com a participação
de membros observadores e organizações não-governamentais (ONGs) quando necessário. Além
de suas sessões ordinárias, há a possibilidade de convocar sessões extraordinárias com a
finalidade de discutir violações dos direitos humanos dotadas de caráter emergencial, contanto
que a decisão seja apoiada por, ao menos um terço dos membros. As suas sessões podem tanto
tratar de situações específicas, problemáticas de alguma nação em específico, ou podem tratar de
“mandatos temáticos”, assuntos mais abrangentes como direito à cultura, direitos dos idosos e
direitos dos indígenas.
O Conselho possui um acompanhamento detalhado sobre a problemática dos direitos
humanos dos 193 países reconhecidos pela ONU, descrevendo a atual situação do país em
questão com as resoluções do CDH, da ONU, e ainda descrevendo os posicionamentos que o
país, voluntariamente, proferiu acerca de matéria ligada a estes direitos.
Tendo uma postura ativa na comunidade internacional, seja na função de observador,
pesquisador e de conscientizador, o CDH sempre procura expandir o alcance da proteção e
manutenção de direitos que ele proporciona. Desde 2011 e a Primavera Árabe, o CDH tem
provado particularmente reativo em sua manipulação para situações específicas a países, com a
criação de quatro Comitês de Investigação (Líbia, Síria, Coréia do Norte e Eritréia) e seis
procedimentos especiais (Costa do Marfim, Irão, Bielorrússia, Eritreia, Mali e República Centro-
Africana), além da adoção de novas resoluções, atualizadas, para temas específicos (Iêmen e Sri
Lanka).
Além do crescente número de resoluções adotadas pelo CDH a cada ano (cerca de 100
em comparação com não mais de 80 nos anos anteriores) e o crescimento da quantidade de
declarações conjuntas, houve também um aumento de outros fenômenos como o uso de grupos
transregionais para lançar novas iniciativas e um maior número de eventos paralelos sendo

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organizado pelos estados para abrir caminho para novas questões. Em suma, os Direitos
Humanos são uma pauta importantíssima na política internacional contemporânea, e isso reflete
no empenho dos Estados em atuarem no CDH.
No IX SPMUN, trabalhar-se-á com os seguintes países, de acordo com os grupos
regionais utilizados na estrutura das Nações Unidas:

AMÉRICA DO
NORTE, AMÉRICA EUROPA
ÁFRICA ÁSIA EUROPA LATINA E ORIENTAL E
OCIDENTAL CARIBE TURQUIA
E OCEANIA

Argélia, Afeganistão, Alemanha, Brasil, Rússia,


Egito, Arábia Saudita, Austrália, México, Turquia.
Líbia, Camboja, Canadá, Venezuela.
Tunísia. China, EUA,
Indonésia, França,
Iraque, Nauru,
Irã, Noruega,
Israel, Nova Zelândia,
Iêmen, Papua-Nova
Malásia, Guiné,
Síria, Reino Unido,
Sri Lanka, Suécia
Vietnã.

Além disso, se fará presente a Anistia Internacional.

4. As detenções offshore australianas

a. Histórico

A política detenção compulsória de imigrantes ilegais provenientes de barcos ilegais na


Austrália foi iniciada no ano de 1992, durante o governo de Paul Keating. Essa medida foi
efetuada devido a uma “onda” migratória que ocorreu entre 1989 e 1994, quando 18 barcos

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chegaram com 735 pessoas (predominantemente de nacionalidade cambojana, fugindo da


Insurgência Cambojana4)5 na costa australiana.
Com esse aumento da imigração por via marítima, o governo australiano se comprometeu
a reformular suas políticas imigratórias de forma a garantir que

1) as pessoas que chegam sem autoridade legal não entrem na comunidade australiana
até que tenham completado satisfatoriamente as qualificações de saúde, caráter e
segurança e que tenham recebido um visto, e 2) aqueles que não têm autorização para
estar na Austrália estejam disponíveis para serem removidos do país. (PHILLIPS,
SPINKS; 2013, p. 3)

Desta forma, foi criada a Lei de Reforma da Migração de 1992 (Migration Reform Act
1992) , de forma a tentar controlar satisfatoriamente a entrada de pessoas no país.
Num primeiro momento, a lei estabelecia que o tempo de permanência máxima era de
273 dias nas detenções, e eram detidos apenas aqueles que as autoridades julgavam como
“imigrantes ilegais”.
Contudo, quando a lei foi finalmente sancionada, determinou-se o (um) prazo
indeterminado para a detenção e simplificou-se a classificação dos que chegavam de barco:
legais (com visto válido) e ilegais (quaisquer outros). Além disso, os custos da detenção,
reconhecidos pelo governo australiano como muito altos, acabavam por recair nos próprios
migrantes.
Os imigrantes que eram detidos ficavam nas instalações até que adquirissem as
qualificações para que sua entrada fosse autorizada pelo país, conforme os critérios pré-
estabelecidos; Aqueles que esgotassem todos os mecanismos de autorização eram retirados do
país. As deportações só eram efetuadas quando o imigrante era qualificado nas categorias de
"criminoso", "ameaça à segurança nacional" e "ter cometido determinadas infrações graves". Por
fim, mesmo que o imigrante tivesse um visto, ele passava a ser considerado ilegal uma vez que
tivesse chegado ao país numa embarcação não autorizada.

4
A insurgência cambojana iniciou-se com a invasão do Camboja por parte do Vietnã, levando à queda do
Kampuchea Democrático, e se transformou em uma guerra civil entre o exército do governo cambojano e os
guerrilheiros do Khmer Vermelho até 1999. Este conflito conduzia ao retorno da monarquia no Camboja e o
desaparecimento do Khmer Vermelho. Vide “Guerra do Camboja”, disponível em:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/guerra-do-camboja
5
Vide página 16 de ‘’Joint Standing Committee on Migration, Asylum, Border Control and Detention’’, Canberra:
Australian Government Publishing Service (AGPS), 1994.

15

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Mesmo com essa nova lei de migração, mais rígida, a chegada de imigrantes no país não
cessou; na verdade, aumentou drasticamente: entre 1999 e 2001, houve uma nova onda de
aproximadamente 9500 barcos não-autorizados buscando asilo (sendo a maioria provenientes do
Oriente Médio)6 que preocuparam as autoridades australianas.
O governo vigente na época (1999), de John Howard, criou um Visto Temporário de
Proteção (TPVs), para que aqueles detidos que se enquadrassem na condição de refugiado
pudessem ser liberados à comunidade. O visto garantia proteção e residência temporária – no
início, com revisão do status a cada três anos –, de forma a desencorajar tanto a chegada quanto à
permanência destes7. Contudo, a lei foi criticada pois o visto não permitia reagrupamento
familiar, o trabalho e o retorno à Austrália em caso de saída.
Mesmo que a medida adotada em 1999 tenha reduzido significativamente o número de
pessoas detidas, o parlamento optou por aprovar duas emendas constitucionais às leis de
migração, dando início ao processo de offshore conhecido como Solução Pacífico (Pacific
Solution) em 2001.
O ponto decisivo para a aprovação dessas leis foram os eventos ocorridos em agosto
deste mesmo ano, quando 433 imigrantes foram resgatados de um dos barcos ilegais que sofrera
um naufrágio. O resgate feito por um outro barco de origem norueguesa, não foi autorizado a
entrar em águas australianas. Os 433 imigrantes resgatados foram transferidos para uma
embarcação australiana e conduzidos até a ilha de Nauru8.
Com a Solução do Pacífico, os imigrantes que chegassem em embarcações ilegais às
Ilhas de Natal, de Ashmore e Cartier e de Cocos (Keeling), que foram excluídas da zona
migração australiana – entende-se zona de migração como qualquer lugar na Austrália onde uma
pessoa que chega sem um visto válido (o que é tecnicamente chamado de "sem autoridade legal")
ainda pode fazer um pedido de visto válido - seriam impedidos de solicitar um visto australiano,
incluindo os vistos de proteção. A única forma possível de adquiri-lo seria se uma discrição
ministerial partisse da Austrália autorizando o indivíduo a aplicar para um visto.

6
Vide página 3 de ‘’Joint Standing Committee on Migration, Immigration detention in Australia: a new beginning:
criteria for release from detention’’, Canberra: Australian Government Publishing Service (AGPS), 1994.
7
Vide nota de imprensa ‘’Ruddock announces tough new initiatives.’’ do Ministério para Imigração e Assuntos
Multiculturais (1999). Disponível em:
http://parlinfo.aph.gov.au/parlInfo/search/display/display.w3p;query=Id%3A%22media%2Fpressrel%2FYOG06%2
2.
8
Vide http://parliamentflagpost.blogspot.com/2011/08/tampa-ten-years-on.html.

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Com isso, os imigrantes eram redirecionados à centros de processamento offshore


estabelecidos nas ilhas de Nauru e Manus (sendo a última pertencente à Papua Nova Guiné) e lá
permaneciam enquanto seus processos de pedido de asilo eram efetuados. Aqueles que
conseguissem os asilos eram reassentados ou na Austrália ou outros países (tanto do mesmo
continente como a Nova Zelândia, quanto países como Canadá, Estados Unidos e Suécia), dando
sempre preferência aos países que não fossem a própria Austrália. Caso a resposta ao pedido
fosse negativa, os requerentes de asilo tratados sob a Solução do Pacífico não teriam acesso à
assistência jurídica ou revisão judicial; ou seja, se fosse negado o asilo ao imigrante, ele não teria
ajuda jurídica e muito menos a chance de revisar a decisão negativa. Desta forma, o imigrante
era obrigado a retornar ao seu país de origem, sem ter a oportunidade de requisitar novamente o
status de asilo.

Mapa das ilhas utilizadas no Processamento Offshore (Fonte: Google Maps)

A Solução do Pacífico de fato reduziu a entrada de imigrantes que chegavam em


embarcações ilegais. Além disso, entre sua efetivação e o seu término, a medida migratória
deferiu o status de refugiado à 70% dos 1637 imigrantes (dos quais eram 786 afegãos, 684
iraquianos e 88 cingaleses), realocando-os à países como Nova Zelândia, Canadá, Suécia,

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Estados Unidos, Dinamarca, Noruega e, claro, a Austrália (que alocou 61% desses refugiados)9.
Contudo, mesmo que a intenção da Austrália de reduzir a entrada de imigrantes ilegais
tenha sido atendida, a Solução do Pacífico foi altamente criticada por agências de Direitos
Humanos e de apoio à refugiados. Isso se deu pelas denúncias das condições nas quais os
imigrantes detidos eram submetidos – causando prejuízos psicológicos como estresse pós-
traumático -, além de que essa medida vai em desacordo com a Convenção Relativa ao Estatuto
dos Refugiados, na qual a Austrália é signatária.
Uma das principais críticas às detenções australianas foi um relatório publicado em 2004
pela Comissão Australiana de Direitos Humanos com o título “Um último recurso? Inquérito
nacional sobre detenção de crianças na imigração” (A last resort? National Inquiry into Children
in Immigration Detention). Suas conclusões acerca da situação das crianças nas detenções foram
que 1) as leis de imigração da Austrália, aplicadas a crianças vindas em embarcações ilegais,
propagam um sistema de detenção que é incompatível com a Convenção sobre os Direitos da
Criança (CRC); 2) as crianças que permanecem detidas por longos períodos, correm o risco de
graves danos psicológicos a longo prazo; e 3) que a incapacidade por parte da Austrália de retirar
as crianças da prisão com seus pais, mantendo assim a família unida, constitui uma punição
cruel, desumana e degradante.
Devido às críticas, a Solução do Pacífico terminou oficialmente em 8 de fevereiro de
2008, finalizando os 21 últimos processos de requerimento de asilo no Centro de Processamento
Offshore (OPC) em Nauru, reassentando-os na Austrália. O governo australiano afirmou que os
centros localizados em Nauru e em Manus não seriam mais utilizados, e que os barcos não
autorizados de imigrantes seriam direcionados para a ilha de Natal – que ainda permanecia fora
da zona de migração australiana.
O senador Chris Evans, ministro de Imigração e Cidadania na época, manifestou a
revisão acerca das detenções e suas diretrizes durante o governo de Kevin Rudd, com base nos 7
seguintes valores-chaves:
1- A detenção obrigatória é um componente essencial para o forte controle de fronteira.
2- Para apoiar a integridade do programa de imigração da Austrália, três grupos
estarão sujeitos à detenção obrigatória:

9
Vide nota de imprensa ‘’Last refugees leave Nauru, media release’’ do Ministro para Imigração e Cidadania C.
Evans (2008), disponível em http://www.minister.immi.gov.au/media/media-releases/2008/ce08014.htm e
http://parliamentflagpost.blogspot.com/2011/08/tampa-ten-years-on.html.

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- Todas as chegadas não autorizadas, para o gerenciamento de riscos de saúde,


identidade e segurança para a comunidade;
- Não-cidadãos ilegais que apresentam riscos inaceitáveis para a comunidade;
- Não-cidadãos ilegais que repetidamente se recusaram a cumprir as condições
de visto.
3- Crianças, incluindo pescadores estrangeiros juvenis e, sempre que possível, suas
famílias, não serão detidos em um centro de detenção de imigração.
4- A detenção indefinida ou arbitrária não é aceitável e o comprimento e as condições de
detenção, incluindo a adequação tanto do alojamento como dos serviços prestados,
estarão sujeitas a revisão periódica.
5- A detenção nos Centros de Detenção de Imigração é apenas para ser usada como
último recurso e pelo menor tempo praticável.
6- As pessoas detidas serão tratadas de forma justa e razoável dentro da lei
7- As condições de detenção assegurarão a dignidade inerente à pessoa humana.’’
(EVANS, 2008)10

Desta forma pode-se observar que, no discurso governamental, as detenções deixaram de


ser uma ação obrigatória e passaram a ser consideradas como “último recurso”. Depois de
passarem por todas as checagens, apenas as pessoas consideradas como um risco à segurança
nacional ou aqueles que não cumpriam suas condições de visto eram mantidas na detenção. Para
estes que eram mantidos, não lhe cabia mais custear todos os gastos de sua estadia como era
determinado até então (desde a primeira formulação da lei em 1992) – vale ressaltar que dos
débitos criados, apenas 4% foram pagos desde 199211.
Para aqueles que chegavam nas ilhas que ainda eram excluídas da zona de imigração
australiana (as Ilhas de Ashmore e Cartier e de Cocos [Keeling], que permaneciam fora da zona)
eram redirecionados para a Ilha de Natal, onde seu pedido de asilo era processado e avaliado.
Junto a isso, os imigrantes passariam a ter acesso ao conselho e à representação publicamente
financiada pela própria Austrália, além de uma possível revisão caso o pedido fosse negado.
Entre 2009 e 2010, houve uma nova onda de imigrantes vindos em embarcações que
exigiu a introdução de mudanças específicas na política de migração. Citando mudanças nos
casos do Afeganistão e do Sri Lanka, o governo australiano anunciou que suspenderia o
processamento de novos pedidos de asilo de cidadãos do Sri Lanka por três meses e cidadãos
afegãos por um período de seis meses. Aqueles afetados pela nova determinação permaneceriam
indefinidamente na detenção da imigração até que as suspensões fossem retiradas.

10
Vide discurso ‘’New directions in detention: restoring integrity to Australia’s immigration system’’ do Ministro
para Imigração e Cidadania C. Evans (2008), disponível em
http://www.minister.immi.gov.au/media/speeches/2008/ce080729.htm.
11
Vide página 350 de “The Administration and Operation of the Migration Act 1958” do Comitê de Assuntos
Jurídicos e Constitucionais do Senado Australiano (2006).

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Ainda assim, mesmo com toda a alteração no discurso estatal em relação à imigração, na
prática muitos imigrantes que chegavam em barcos ilegais ainda eram mantidos nas detenções –
em outubro de 2011, 39% das pessoas estavam detidas a pelo menos um ano12.
Em decorrência da lotação das detenções e do aumento nos gastos de financiamento
desse sistema de processamento, o governo de Julia Gillard deu continuação aos esforços em
diminuir o número de pessoas detidas. Para isso, anunciou que criaria centros de detenção para
famílias e crianças desacompanhadas em Melbourne e outro exclusivo para homens adultos em
Queensland e na Austrália Ocidental. Após críticas acerca do tratamento das crianças (que ia de
encontro com os 7 valores-chaves já citados do governo anterior), o governo se comprometeu em
expandir o seu programa de determinação de residência existente e começar a mudar as crianças
e os grupos familiares vulneráveis para fora dos centros de detenção de imigração, e coloca-las
em acomodações na própria na comunidade australiana.
Além dessa medida, outras 5 foram tomadas para contornar a situação:
1. Devido a distúrbios/manifestações que ocorreram dentro das detenções, em 27 de
abril de 2011 (e aprovada em julho do mesmo ano) o ministro de Imigração e
Cidadania propôs que deveria endurecer o teste de caráter nas detenções; assim, se
uma pessoa falhasse o teste de caráter e fosse condenado por qualquer delito
cometido durante a detenção de imigrantes, seria impedido de solicitar um visto
de proteção permanente.
2. Em maio de 2011 houve uma negociação com a Malásia, denominada Solução
[da] Malásia (Malasia Solution), em que o governo australiano se comprometeria
a receber 4000 refugiados da Malásia num período de quatro anos se a Malásia
recebesse 800 embarcações ilegais (que chegassem na Austrália).
3. Em junho de 2011, montou-se um comitê investigativo para apurar as condições
da Rede de Detenção de Imigração da Austrália, incluindo áreas como gestão,
gastos públicos, possíveis soluções alternativas, entre outras.
4. Em agosto de 2011 os governos da Austrália e Papua-Nova Guiné assinaram um
Memorando de Compreensão para propor a instalação de um "centro de
avaliação" na Ilha Manus.

12
Vide “Immigration detention statistics summary” do Departamento de Imigração e Proteção de Fronteiras (2011).
Disponível em http://www.immi.gov.au/managing-australias-borders/detention/_pdf/immigration-detention-
statistics20111031.pdf.

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5. Depois que o Tribunal Superior decidiu contra a "Solução da Malásia" em 31 de


agosto de 2011, lançando dúvidas sobre a legalidade do processamento offshore, o
governo propôs um novo projeto de lei para atualizar a lei de imigração vigente
(que acabou não passando pelo parlamento)
Como boa parte das medidas propostas não foram levadas à diante, em outubro de 2011 o
governo Gillard propôs que alguns imigrantes requerentes de asilo que chegassem em
embarcações não autorizadas recebessem vistos de ponte (como na maioria das chegadas de ar; é
um visto temporário que permite a estadia no país até que o processo de pedido de asilo termine)
e liberados da detenção para a comunidade enquanto suas reivindicações são processadas. Em 31
de dezembro de 2012, 10 356 vistos de trânsito foram concedidos desde que o programa
começou em novembro de 2011 (2760 dos quais posteriormente receberam vistos de proteção)13.
Em junho de 2012, o primeiro-ministro fez o anúncio de que o governo estaria criando
um painel de especialistas para examinar "o melhor caminho a seguir para a nossa nação em
lidar com questões de requerentes de asilo”. O relatório deste painel14 fez sugestões para o
problema, reconhecendo que não há soluções rápidas, mas que não se poderia abandonar.
O governo aceitou as recomendações do relatório e, como primeira medida, retomou a
prática do processamento offshore em de Nauru e Papua Nova Guiné, sob acordos com os
governos locais. Assim, qualquer candidato a asilo que chegue na Austrália de barco após 13 de
agosto de 2012 seria transferido para as detenções em Nauru ou Manus para processamento, após
uma "avaliação pré-transferência" realizada pelo Departamento de Imigração e Cidadania para
determinar se é "razoavelmente praticável" para a pessoa ser transferida.
No entanto, em 19 de julho de 2013, o recém-nomeado primeiro-ministro, Kevin Rudd,
anunciou que a Austrália havia firmado um acordo com a Papua Nova Guiné pouco antes das
eleições. Nesse acordo, foram redefinidos os rumos do processamento offshore, de forma a
declarar que todos aqueles que chegassem em embarcações ilegais à Austrália seriam
obrigatoriamente assentados na PNG ou em países terceiros, mas jamais na Austrália. Um
arranjo semelhante foi feito com Nauru. Em setembro do mesmo ano, uma política de devolução

13
Vide página 115 em “Additional Budget Estimates, Immigration and Citizenship Portfolio”, do Comitê de
Assuntos Jurídicos e Constitucionais do Senado (2013)
14
Para mais informações, ver “Breaking the deadlock? The Report of the Expert Panel on Asylum Seekers” de H.
Spinks, disponível em http://parliamentflagpost.blogspot.com.br/2012/08/breaking-deadlock-report-of-expert.html.

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de embarcações também foi implementada como parte de uma estratégia conhecida como
"Operação Soberana de Fronteiras" (Operation Sovereign Borders).
A Operação Soberana de Fronteiras é uma operação de proteção de fronteira liderada pela
Força de Defesa Australiana, que se comprometeu a cessar a chegada de barcos ilegais na
Austrália. A operação tinha como principal foco abordar a questão do tráfico de pessoas para a
Austrália, implementando a postura de "tolerância zero" em relação às chegadas de embarcações
ilegais, em conjunto com a detenção obrigatória.

b. Atualidade
A partir de 2013, todo e qualquer barco suspeito de trazer imigrantes ilegais que tentasse
chegar à costa australiana era imediatamente interditado pela Operation Sovereign Borders. Esta
operação se tornou a única linha de atuação da fronteira em 2015 15, se estabelecendo como
principal mecanismo contra a entrada de embarcações ilegais.
Segundo a operação, suas ações contribuem para que o país siga tendo 1) forte segurança
nacional, 2) uma economia forte e 3) uma sociedade próspera e coesa. Além disso, todos os
termos assinados entre a Austrália e os países que hospedam as detenções frisam a necessidade
de combater a indústria do contrabando de pessoas no Oceano Pacífico. Também há a
justificativa de combater as crescentes ameaças terroristas advindas de extremistas violentos e o
aumento do crime organizado.
Desta forma, a Força Fronteiriça Australiana (Australian Border Force) age em bases ao
longo dos (aproximadamente) 37.000 km de costa, mais de 60 portos marítimos internacionais e
uma zona econômica offshore no mar que cobre 10 milhões de quilômetros quadrados de
oceano16.
Esta ação, desde sua implementação, conseguiu diminuir drasticamente a chegada ilegal
de barcos à costa, chegando ao número de zero embarcações e zero pessoas em 2015.

Gráfico referente às chegadas entre 2009 e 2016

15
Vide relatório do Serviço Australiano de Alfândega e Proteção das Fronteiras, disponível em
https://www.homeaffairs.gov.au/ReportsandPublications/Documents/budget/2014-15-pbs-09-
customs.pdf#search=offshore%20detention.
16
Vide https://www.homeaffairs.gov.au/australian-border-force-abf/protecting/where-we-work

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Fonte: Parlamento Australiano 17

Para ser transferido para as detenções em Nauru e na Papua Nova Guiné, os requerentes
de asilo interditados pela Força Fronteiriça Australiana são pessoas que:

1) tenham viajado irregularmente por mar para a Austrália; ou


2) tenham sido interceptados no mar por autoridades australianas no curso de tentar
alcançar a Austrália por meios ilegais; e
3) são exigidos pela lei australiana para serem transferidos para Papua Nova Guiné ou
para Nauru. (AUSTRÁLIA; PAPUA NOVA-GUINÉ, 2012, p. 4) ( AUSTRÁLIA;
NAURU, 2012, p. 4)

Essas pessoas ficam interditadas no centro até que se consiga um visto para entrar no país
ou então são deportadas (caso tenham cometido algum delito, tenham provado alguma ofensa ou
por motivos de segurança). Vale ressaltar que em casos de parto ou de tratamento médico, as
pessoas são mandadas para a Austrália como “pessoas transitórias”; contudo, assim que a razão
para seu retorno à Austrália for resolvida, devem ser enviadas de volta à detenção.18
Além disso, a Operation Sovereign Borders possui a postura de priorizar o retorno
forçado destas embarcações – ou seja, assim que os barcos são interditados, a principal decisão é
fazer com estes retornem ao país de origem ou que sejam forçados a detenção nos
processamentos offshore em Manus e Nauru. Vale ressaltar que este retorno forçado vai

17
Vide ‘’Boat arrivals and boat ‘turnbacks’ in Australia since 1976: a quick guide to the statistics’’, disponível em
https://www.aph.gov.au/About_Parliament/Parliamentary_Departments/Parliamentary_Library/pubs/rp/rp1617/Quic
k_Guides/BoatTurnbacks; o recorte feito no gráfico leva em consideração dados desde 2009 – em que houve a
suspenção da operação –, 2013 – ano em que a Operation Sovereign Borders foi retomada – e 2016 – ano no qual os
últimos dados foram divulgados.
18
Ato Migratório 1958. Artigos 46B, 198(1A), 198AH, 198B.

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totalmente de encontro com a lei de non-refoulement (não devolução) do artigo 33 presente na


Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados da ACNUR – na qual a Austrália é signatária –,
em que afirma que os contratantes jamais devem devolver os refugiados para os territórios em
que a sua vida ou a sua liberdade seja ameaçada em virtude da sua raça, da sua religião, da sua
nacionalidade, do grupo social a que pertence ou das suas opiniões políticas.
Para reforçar este gesto e desencorajar a viagem, a operação investiu na divulgação on-
line de vídeos de instrução19 e pôsteres (principalmente nas línguas dos países de origem da
maior parte dos requerentes de asilo) como a seguir:

Imagem: Campanha de promoção do retorno forçado dos barcos ilegais (Fonte: The Guardian) 20
Em maio de 2013, foi emendada ao Ato de Migração 1958 (Migration Act 1958) uma
resolução que retira a costa australiana da zona de migração da mesma. Com isso, aqueles que
chegam de barco à costa australiana pedindo asilo não poderão mais fazer a solicitação com base
nas leis de imigração da Austrália e ficarão impedidos de acessar os tribunais australianos para
revisão judicial, sendo diretamente encaminhados para as detenções.

19
Vídeo em inglês, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=rT12WH4a92w.
20
Tradução: “De jeito nenhum, eles não irão fazer da Austrália sua casa | DE JEITO NENHUM | As regras
mudaram. Cheque os fatos. | Pessoas que viajam para a Austrália por barco sem visto não irão alcançar a Austrália;
eles serão mandados para as ilhas de processamento em Nauru ou na Ilha de Manus. | Eles não poderão trabalhar, e
poderão esperar um longo período até que o pedido seja processado.” Disponível em
https://www.theguardian.com/world/2014/feb/11/government-launches-new-graphic-campaign-to-deter-asylum-
seekers.

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Gráfico: Número de detidos em Manus (Papua Nova Guiné) e em Nauru21 (Dados: Parlamento
Australiano)
Nos últimos cinco anos, denúncias sobre a situação das detenções offshore tem chegado
ao conhecimento público, muitas destas em formas de denúncias e protestos pelos detidos. Um
dos principais documentos foi um produzido por ex-funcionários do Exército da Salvação
(responsáveis pelo bem-estar e gerenciamento de casos nas detenções) – que passaram dez meses
trabalhando com requerentes de asilo nos Centros Regionais de Processamento em Nauru e
Manus Island – em forma de uma declaração pública em julho de 2013.
Neste documento, eles comentam um motim de protesto organizado pelos detentos, e, no
ponto de vista desses staffs, já era algo esperado dada as condições da detenção. Afirmam que
“os requerentes de asilo não têm ideia de quando as suas candidaturas serão processadas, ou
quando podem deixar Nauru” (MEMBROS DO EXÉRCITO DA SALVAÇÃO, 2013, p. 1), além
dos danos à saúde mental dos detentos.
Outro documento importante foi o brieffing elaborado pela Anistia Internacional sobre os
centros de detenção, um documento rico em explicações e entrevista com pessoas detidas. Nesta
avaliação, se retoma novamente a temática da saúde física e mental dos detidos, em suas
palavras,

21
Vide “Estatisticas sobre Operation Sovereign Borders e o processamento offshore” publicado pelo Conselhor de
Refúgio da Austrália, disponível em: https://www.refugeecouncil.org.au/getfacts/statistics/operation-sovereign-
borders-offshore-detention-statistics/.

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as condições apertadas [das detenções de Manus, Papua Nova Guiné] resultam em falta de
privacidade ou espaço privado. Vários detidos entrevistados citaram a privacidade como um
problema, particularmente nos dormitórios, muitos dos quais têm 50 leitos em um quarto sem
divisórias. A equipe de saúde mental da instituição também expressou preocupação com a falta de
privacidade, afirmando que os homens acham difícil encontrar tempo e espaço para ficar
sozinhos. Essa falta de privacidade e espaço pessoal também pode exacerbar os sintomas de
ansiedade ou Transtorno de Estresse Pós-Traumático. (ANISTIA INTERNACIONAL, 2013, p.
38)
Também houveram reclamações sobre o contato com o mundo externo, uma vez que os
detentos têm acesso restrito a telefones, sendo que estes ainda possuem péssima qualidade de
sinal. Com tais denúncias, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR) passou a enviar missões e emitir relatórios sobre a situação em que as detenções
offshore se encontravam. Esses relatórios começaram a ser emitidos em novembro de 2012
(tendo quatro emissões apenas em 2013), afirmando que mesmo que tenha tido certos avanços na
estrutura, as detenções estão longe de se enquadrarem no padrão internacional e de respeitarem
as condições dos detentos22.
Para responder às denúncias, os responsáveis pelas detenções passaram a adotar medidas
de forma a melhorarem as condições dos detentos, como reformas nos centros de detenção. Outra
medida adotada foi uma redistribuição entre as detenções, feitas de forma a não prejudicar tanto
mulheres e crianças; assim, mulheres e famílias com crianças foram transferidas apenas para
Nauru.

5. Posicionamento internacional:

a. Oceania
Em posição de destaque neste comitê, a Austrália sempre participou ativamente dos
órgãos de Direitos Humanos, principalmente os organizados pela ONU. Participando da
fundação da organização, o país em questão sempre demonstrou suporte ao tema na organização
e advoca cinco principais princípios norteadores:
1. Igualdade de gênero

22
Vide relatório “”A interdição dos requerentes de asilo no mar: Lei e (mal) prática na Europa e na Austrália,
emitido pela Agêndcia de refugiados da ONU, disponível em:
http://www.unhcr.org/events/conferences/5a0574597/interdiction-asylum-seekers-sea-law-malpractice-europe-
australia.html?query=australia%20offshore%20detention.

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2. Boa governança
3. Liberdade de expressão
4. Os direitos dos povos indígenas
5. Fortes instituições nacionais de direitos humanos e capacitação23
Embora seja signatária tanto da Convenção quanto do Protocolo sobre o status dos
refugiados, a questão de imigração não é um dos principais pilares norteadores da política
externa australiana no tema de Direitos Humanos.
Contudo, isso não significa que não se tenha esforços que caminhem nessa direção. Sobre
esse tema, a abordagem dada pela Austrália é a de combate ao contrabando e ao tráfico de
pessoas, principalmente com relação aos problemas nos quais as fronteiras do país enfrentam,
como descrito anteriormente neste documento.
Nesta temática, o país é um dos principais precursores e representantes do Processo de
Bali Sobre Contrabando de Pessoas, Tráfico de Pessoas e Crimes Transnacionais Relacionados,
conhecido como Bali Process, cujo principal objetivo é organizar uma cooperação regional e
com organizações internacionais, agindo através de conferências ministeriais regulares e
atividades práticas de capacitação a nível de funcionários.
Além disso, o país possui seus próprios mecanismos de observação e de monitoramento
de Direitos Humanos, como a Comissão Australiana de Direitos Humanos que, dentre suas
funções, realiza atividades internacionais bilaterais como parte do programa de desenvolvimento
do governo australiano, executado pelo Departamento de Assuntos Internacionais e Comércio
(DFAT).
Outro país fundamental no contexto é Nauru, um país que sua população total é em torno
de 10,000 habitantes e sua principal fonte econômica é a mineração de fosfato. Em termos de
diplomacia em âmbito multilateral, a ilha lançou sua missão diplomática permanente na ONU em
1999, se estabelecendo em 2000.
Neste âmbito, as principais linhas de atuação do país são questões relativas ao
aquecimento global, aos testes nucleares, à busca por ajuda no Pacífico- principalmente com
foco no desenvolvimento – e medidas destinadas a combater o terrorismo internacional. Além
disso, apoia os direitos humanos e a autodeterminação de seus vizinhos do Pacífico. Com relação

23
Vide posicionamento “Pillars and priorities” publicado pelo Departamento de Assuntos Internacionais e
Comércio do Governo da Austrália, disponível em http://dfat.gov.au/international-relations/international-
organisations/un/unhrc-2018-2020/pillars-and-priorities/Pages/pillars-and-priorities.aspx.

27

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aos Direitos Humanos na temática aqui abordada, Nauru ratificou tanto o Protocolo quanto a
Convenção sobre o status dos refugiados apenas em 2011.
Na região, a Nova Zelândia possui uma postura fundamental com relação à diplomacia
em prol dos Direitos Humanos. Possui missões permanentes em Nova Iorque quanto em Geneva
e ainda é signatário de diversos acordos internacionais de Direitos Humanos – inclusive a
Convenção e o Protocolo sobre o status dos refugiados.
Sobre o tema de refúgio, a partir deste ano o país passou a se comprometer em aceitar
1000 refugiados e suas famílias imediatas – advindos de diversas partes do globo –,
encaminhados pela ACNUR, para o reassentamento no país. Há também guias fornecidos pelo
próprio governo para que seus cidadãos tenham condições de oferecer assistência à imersão dos
refugiados em seu território24.
Além disso, possuem o orçamento de US$ 6 milhões por ano de financiamento ao
ACNUR e fornecem socorro emergencial para países afetados por desastres naturais,
particularmente no Pacífico.
Por fim, outro país de destaque nesse contexto é a Papua Nova Guiné. Este país é
signatário e ratificou tanto a Convenção quanto o Protocolo sobre o status dos refugiados em
1986. Contudo, o mesmo não se enquadra no perfil de país influenciador e exportador de boas
práticas relacionadas aos Direitos Humanos.
Há diversas parcerias entre a ONU e a Papua Nova Guiné de promoção de Direitos
Humanos no país, uma vez que, nas palavras do próprio governo, por ser um dos países

mais diversos do mundo, com mais de 1.000 tribos e 800 idiomas, as disparidades de
localização, riqueza, gênero e idade criaram acesso desigual aos serviços sociais e
afetam o desenvolvimento humano, bem como o bem-estar das crianças. (NAÇÕES
UNIDAS NA PAPUA NOVA GUINÉ)

O país, a nível internacional, se compromete com a agenda de combate ao tráfico de


pessoas, inclusive sendo um dos membros do Bali Process, citado anteriormente.

b. Europa Ocidental e América do Norte


Compreender a atuação da América do Norte e da Europa Ocidental na questão é,
principalmente, entender os laços compartilhados entre a Austrália e estes lados, algo acentuado
especialmente com os países anglo-saxônicos (Canadá e Estados Unidos).

24
Este guia está disponível (em inglês) no site https://www.immigration.govt.nz/assist-migrants-and-students/assist-
refugees.

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No caso canadense, principalmente no século XX houve grande aproximação entre os


dois lados (que lutaram juntos tanto na Segunda Guerra Mundial quanto na Guerra do Vietnã).
Na atualidade, ambos os Estados colaboraram na missão liderada pela Organização do Tratado
do Atlântico Norte (OTAN) com aval do Conselho de Segurança no Afeganistão, com o objetivo
de dar suporte ao governo democrático para que se estabelecesse após a queda do Talebã.
Curiosamente, é justamente do Afeganistão que provém grande parte dos refugiados em processo
offshore.
A atuação global do Canadá mediante os direitos humanos é notória. Desde 1968 com a
eleição do Primeiro-Ministro Pierre Trudeau o país buscou aumentar sua área de atuação externa
para além da zona de influência estadunidense e, assim, passou a ser um bastião de temas como a
imigração – que haviam sido colocados em nichos secundários na política internacional da
Guerra Fria – e a aproximar-se de outros países, como a Austrália.
Consolidado como uma potência média, o Canadá (assim como o Brasil) é um dos
Estados que, na comunidade internacional, crê que a política externa e internacional deve ir além
dos próprios interesses e sim focar na responsabilidade comum dos países para/com o mundo;
desse modo, busca nas organizações internacionais trabalhar meios de cooperação e negociação
para situações críticas e/ou de conflitos (KARNS; MINGST, 2007).
Buscando servir de modelo a outros Estados, o Canadá também é pioneiro em políticas
imigratórias e de refúgio que buscam a inclusão do indivíduo em sua sociedade. Segundo o
Primeiro-Ministro Justin Trudeau, a imigração ‘’é a ferramenta para construir a nação’’
(TRUDEAU, 2017); assim, o país busca incorporar o imigrante em seu sistema político e social
para vê-lo tão cidadão canadense como os natos.
No caso dos EUA, o que se vê é um contraste direto com relação aos vizinhos canadenses
acerca da imigração - algo acentuado com o governo de Donald Trump. Desde 2016,
Washington propôs incontáveis planos de contenção à imigração para o país, numa resposta a
promessas de campanha do presidente - dentre elas os banimentos de imigrantes muçulmanos ou
de outras áreas consideradas ‘’ameaças à segurança nacional americana’’, assim como a
ascensão de barreiras burocráticas ainda mais firmes para imigrantes centro-americanos e
mexicanos (além das deportações em massa de imigrantes ilegais).
A política externa estadunidense, no entanto, não consegue se sustentar apenas em
promessas de campanhas presidenciais - e o Departamento de Estado dos EUA tem consciência

29

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disso. A Austrália é um parceiro diplomático fundamental e de longa data de Washington;


durante o governo Obama principalmente, as relações entre os dois lados foram aproximadas - e
disso surgiu um acordo de extrema relevância ao tema aqui proposto: os EUA reassentariam
grupos de imigrantes proveniente das ilhas onde ocorrem os processos offshore - e em troca,
Canberra aceitaria alguns imigrantes latinos na Austrália (sem passar por qualquer tipo de
processamento).
Desde então, mais de 1300 imigrantes provenientes das ilhas de Manus e Nauru já
chegaram em território estadunidense, enquanto uma pequena quantidade de imigrantes
(majoritariamente costarriquenhos) foram recebidos por Canberra25. No entanto, ainda restam
cerca de 2000 pessoas em espera de processo de reassentamento.
Tal acordo é considerado ‘’burro’’ por Donald Trump, todavia continua vigente. De
qualquer maneira, a política externa americana passa por um momento em que está sendo
redesenhada; a potência está se voltando cada vez mais a questão domésticas e colocando
questões internacionais como secundárias - o que justificaria, por exemplo, os banimentos a
imigrantes muçulmanos, vistos como problemáticos pela sociedade americana (ou, ao menos,
àqueles que dão apoio ao presidente). Do panorama internacional, tal questão pode ser
problemática pois o país pode se distanciar ainda mais dos direitos humanos (levando em
consideração que já não é signatário de acordos importantes como a Convenção Americana de
Direitos Humanos). Em declaração, o ex-Secretário de Estado, Rex Tillerson, afirmou que os
direitos humanos podem ser obstáculos para a satisfação de interesses econômicos e segurança
do país26.
Do outro lado do Oceano Atlântico, os posicionamentos e opiniões acerca da imigração
(e, logo, sobre o processamento offshore) são distintas caso a caso, ao mesmo tempo em muito
similares - e particularmente impactadas pela crise humanitária e imigratória que a região do
Mediterrâneo vive. Focar-se-á nos países que, neste comitê, apresentarão delegações presentes.
No caso da Alemanha, segundo a ONG Human Rights Watch, o país tem um histórico
memorável acerca do bom tratamento a imigrantes; devido a isso, quando em 2017 o presidente

25
Vide ‘’US Accepts More Refugees from Australian Offshore Camps‘’, Voa News, disponível em
https://www.voanews.com/a/us-accepts-more-refugees-from-australia-offshore-camps/4228382.html, acesso em
16/03/2018.
26
Vide ‘’Chefe de Direitos Humanos da ONU prefere sair a ter que se calar’’, Observatório Político para os
Estados Unidos, disponível em http://www.opeu.org.br/2018/01/17/chefe-de-direitos-humanos-da-onu-prefere-sair-
ter-que-se-calar/, acesso em 16/03/2018.

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do país Frank-Walter Steinmeier viajou à Austrália em visita diplomática houve grande pressão
de organizações voltadas aos direitos humanos para que Berlim passasse a pressionar Canberra
por uma melhor solução a questão dos refugiados em processamento offshore.
De qualquer forma, internamente a Alemanha sofre uma forte cisão política acerca da
imigração, algo facilitado pela xenofobia em ascensão de forma epidêmica na Europa com o
aumento do número de refugiados de zonas de guerra e a intolerância religiosa aos muçulmanos -
taxados de possíveis terroristas; em pesquisa de 2017, 53% dos alemães se mostrava a favor de
um veto a imigração de refugiados provenientes de países islâmicos 27, opinião que se evidenciou
com o crescimento exponencial do partido de extrema-direita AFD nas eleições alemãs ao final
do ano passado (algo que não ocorria desde o nazismo).
Na França a situação não se mostra muito diferente. O governo centrista de Emmanuel
Macron tem problemas ao conciliar o bem-estar social à crise imigratória que impacta o país.
Desde 2017, Paris tenta tornar mais fortes suas leis imigratórias para poder processar as centenas
de milhares de pedidos de asilo que recebe, principalmente de imigrantes que foram negados na
vizinha Alemanha.
De acordo com o Ministro do Interior Gérard Collomb, para poder comportar todos os
imigrantes que a buscam, a França teria que construir uma cidade comparável a Lyon - a segunda
maior do país28. O contingente de imigrantes incomoda a sociedade francesa, que teve sua
intolerância aumentada com os diversos atentados que ocorreram no país desde 2015. Na mesma
pesquisa que demonstrou o número de cidadãos contra a imigração de muçulmanos na
Alemanha, 61% dos franceses entrevistados também se mostraram contra.
Vale ressaltar que a França, dentre os europeus, é apenas o quarto país na fila de
preferência dos imigrantes para ficar29 - o que o torna um país de trânsito, principalmente.
Cidades como Calais, na fronteira com o Reino Unido, são as que mais sofrem com tal êxodo. O
fato é que a França historicamente tende a ouvir a opinião pública ao tomar suas decisões, e tais
fatos podem impactar diretamente em sua política externa.

27
Vide ‘’A Europa contra os imigrantes’’, IstoÉ. Disponível em https://istoe.com.br/europa-contra-os-imigrantes/,
acesso em 17/03/2018.
28
Vide ‘’Macron government plans to tighten French immigration policy’’, Financial Times, disponível em
https://www.ft.com/content/efac20e0-e3db-11e7-97e2-916d4fbac0da, acesso em 17/03/2018.
29
Vide ‘’Immigration in France in ten stats that matter’’, The Local France, disponível em
https://www.thelocal.fr/20141201/immigration-in-france-10-key-stats, acesso em 17/03/2018.

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Algo similar ocorre no caso do Reino Unido; o ex-império se equilibra em cordas


bambas da política externa para lidar com a imigração. Como citado, dada sua fronteira com a
França, o Reino Unido é um dos grandes destinos almejados por imigrantes rumo à Europa por
diversos fatores, como a língua inglesa e a ideia de uma possível facilitação de imigração para os
Estados Unidos (o topo do ranking imigratório global). Assim como no caso francês, os recentes
atentados a Londres e a outras cidades como Manchester dividiram a opinião pública britânica
acerca da imigração, o que impactou diretamente na política do país e, dentre outras coisas, abriu
espaço para que a Primeira-Ministra conservadora Theresa May ganhasse certa (e polêmica)
popularidade.
Em relação à questão australiana, Londres evita posicionamentos drásticos; isso pois os
países são aliados de longa-data e com relações políticas, econômicas e sociais extremamente
profícuas - além de a aliança com a Austrália ser um elo fundamental para a sustentação da
Commonwealth.
Ao norte europeu, a situação também é complexa. No caso da Suécia, o país era
conhecido mundialmente por suas políticas de acolhimento de imigrantes extremamente
generosas, com uma atitude positiva a refugiados e reuniões familiares. Nos últimos anos, com o
crescimento exponencial do número de imigrantes na Europa e consequentemente no país,
Estocolmo passou a ter de reestruturar suas políticas imigratórias, porém nunca desfazendo suas
leis anteriores - apenas tornando-as mais seletivas.
A onda imigratória impactou a economia sueca, visto que é responsabilidade das
municipalidades disponibilizar a estrutura do Estado de Bem-Estar Social tanto para os nativos
quanto para os imigrantes; além disso, com os recentes casos de crimes cometidos por
estrangeiros no país, a opinião pública passou a se tornar mais dura: as eleições de 2018 para o
Parlamento sueco podem ser o momento histórico em que nenhum partido conseguirá os 50%
necessários de votos para se tornar o líder parlamentar, dada a divergência do pensamento
popular. Isso abre espaço para que partidos como o Sverigedemokraterna (Democratas Suecos),
com caráter anti-imigratório e passado neonazista, ganhem espaço30. A diversidade de
abordagens públicas da Suécia impacta diretamente em sua política externa, no entanto,

30
Vide ‘’Sweden was among the best countries for immigrants. That’s changing.’’, Public Radio International,
disponível em https://www.pri.org/stories/2017-09-11/sweden-was-among-best-countries-immigrants-thats-
changing, acesso em 08/04/2018.

32

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Estocolmo ainda mantém sua postura negociadora e aberta à imigração - entretanto, possui maior
cautela.
Uma dinâmica semelhante ocorre no caso da Noruega. Segundo a Human Rights
Watch31, o país é um dos grandes defensores dos Direitos Humanos e possui uma política
facilitadora de acesso a refugiados. Sua luta, no entanto, se concentra na prevenção da quebra
dos Direitos por outros países, principalmente os militarizados, em guerra ou recentemente em
paz, justamente para evitar que seja necessário que os refugiados imigrem.
Como citado anteriormente, houve um incidente diplomático entre Oslo e Canberra
quando um barco norueguês resgatou imigrantes náufragos a caminho da costa australiana e foi
impedido de atracar. Ainda que seja um incidente superado, pode-se dizer que a Noruega foi um
dos poucos países ‘’distantes’’ que se viu diretamente envolvido com a questão dos
processamentos offshore.

c. Ásia
A questão dos processos offshore de imigração da Austrália é sensível a alguns países da
Ásia presentes no comitê. O Afeganistão é um país asiático central nessa questão pois, como já
dito anteriormente, é de lá que boa parte dos pedidos de refúgio para a Austrália partem. O
histórico da imigração de afegãos para a Austrália data seu início ainda no século XIX, com
trabalhadores de minas de carvão e os chamados “Afghan cameleers” que trabalhavam com
transporte via camelos na região do outback e que segue até 1920 com a implementação de
automóveis no país, que forçou parte dos trabalhadores afegãos a retornarem ao Afeganistão,
enquanto outros se tornaram pequenos proprietários. A segunda onda de imigração afegã ocorreu
com a Guerra do Afeganistão promovida pela União Soviética em 1979, e formalmente a
Austrália recebeu apenas alguns com o status de refugiados que, posteriormente, formaram uma
comunidade significativa de afegãos nascidos na Austrália na década de 1990. Com a
desocupação soviética e a ascensão do Talibã no Afeganistão na década de 1990, houve mais
uma migração forçada por perseguições religiosas e nos anos 2000, por conta de uma grave seca
no país, houve uma migração em massa via barcos para a costa australiana. Em 2011, a
população descendente de afegãos somente na província de Victoria era de quase 10.000.

31
Vide quadro em destaque na página ‘’Norway’’. Disponível em https://www.hrw.org/europe/central-
asia/norway., acesso em 01/05/2018.

33

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Atualmente, os conflitos entre as forças governamentais e do Talibã continuam a forçar a


migração para países vizinhos como o Irã e Paquistão, mas também para a Austrália e a Europa.
O ACNUR contabilizava em 2015 cerca de 2,6 milhões de refugiados afegãos no mundo, e os
motivos ultrapassam somente os conflitos bélicos, caracterizando um país com uma forte crise de
migrantes econômicos. Existem centenas de processos de refúgio entre a Austrália e o
Afeganistão, inclusive envolvendo casos de processamento offshore intensamente denunciados
pela comunidade imigrante afegã na Austrália.32
A questão do refúgio, atualmente, é especialmente sensível na região do Oriente Médio
onde os diversos conflitos forçam fluxos migratórios daquela região para outros continentes.
Todos os países da região do Golfo Pérsico (exceto o Irã) não são signatários da Convenção de
Refugiados das Nações Unidas de 1951, o que dificulta a absorção de boa parte desses
refugiados para esses países ou a contabilização oficial das Nações Unidas.
É o caso da Arábia Saudita, que 2016 tinha de 500 mil a 2,5 milhões de sírios refugiados,
mesmo não sendo signatária da Convenção de 1951. Houve uma campanha da mídia ocidental e
de países como os EUA33 de tentar ocultar a absorção de refugiados sírios por parte da Arábia
Saudita. Entretanto, o país é parte beligerante apoiadora das forças do governo na Guerra Civil
do Iêmen, a maior crise humanitária hoje no mundo, realizando bombardeios constantes a alvos
civis e expulsando trabalhadores iemenitas Houthi34 do país35, alimentando ainda mais o conflito.
As relações formais sauditas-australianas36 recentes estão pautadas no estabelecimento de
parcerias educacionais para estudantes sauditas na Austrália e na cooperação comercial, além de
ambos os países cooperarem em inteligência contra organizações terroristas.
O Iêmen, como já dito, enfrenta uma guerra civil extremamente sangrenta e com graves
implicações humanitárias. O país hoje é classificado pelo ACNUR como em situação de
emergência, com pelo menos 190 mil iemenitas buscando refúgio em países vizinhos e, ao

32
Vide: http://www.refworld.org/country,COI,AUS_AAT,,AFG,,,,0.html.
33
Como denunciado pelos jornais BBC e Huffington Post, disponível em: https://www.huffingtonpost.com/anhvinh-
doanvo/europes-crisis-refugees_b_8175924.html, acesso em 04/05/2018.
34
Movimento religioso e político armado que surgiu na década de 1990 no Iêmen sendo uma das principais forças
opositoras ao governo central iemenita junto às forças pró-Saleh e da Guarda Republicana, todos apoiados
internacionalmente por Irã, Coreia do Norte e o Hezbollah.
35
Vide “Yemen civil war: Saudi expulsion of Yemeni workers swells Houthi ranks”, The Independent, disponível
em: https://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/yemen-civil-war-saudi-arabia-houthi-yemeni-workers-
expel-deport-fighters-recruitment-al-qaeda-a8248506.html, acesso em 10/05/2018.
36
Vide relatório da Missão Cultural Saudita na Austrália disponível em https://sacm.org.au/saudi-australian-
relationships/.

34

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mesmo tempo que há o fluxo migratório de refugiados para fora do país, há solicitantes de
refúgio no Iêmen, vindos especialmente de países do Nordeste da África (Djibuti, Eritreia,
Somália etc., cerca de 280 mil pessoas)37.
Os casos da Síria e do Iraque também não são diferentes. O primeiro em guerra civil
desde 2011, atualmente existem no mundo 5,4 milhões de refugiados sírios38, a maioria deles
buscou asilo nos países vizinhos, enquanto países desenvolvidos têm administrado a entrada de
refugiados via ACNUR e comissões regionais de direitos humanos (a Austrália recebeu cerca de
12.000 refugiados sírios até 201739). No caso iraquiano, existem 260.000 refugiados40 do país em
todo o mundo devido os conflitos da última década no país.
O Irã, um dos países-chave na região do Oriente Médio também possui uma situação
delicada a respeito do refúgio. Ao mesmo tempo que o Irã é elogiado pela ONU pela forma como
absorveu refugiados afegãos durante os últimos 40 anos41 (sendo um dos únicos países da região
signatários da Convenção de 1951), o país tem o histórico de perseguições políticas e religiosas
promovidas pelo Estado, tendo como consequência um mercado complexo de migração
clandestina via barco para a Austrália, fazendo com que centenas de refugiados iranianos sejam
processados no sistema offshore australiano. Assim, o Irã caracteriza-se como um dos três
principais países emissores de imigrantes ilegais42 (IMAs43, pela classificação do governo
australiano) para a costa da Austrália a partir de 2010, atrás apenas de Afeganistão e Sri Lanka,
como mostra o gráfico a seguir:

37
De acordo com o site oficial do ACNUR: http://www.acnur.org/portugues/iemen/, acesso em 10/05/2018.
38
De acordo com o site oficial do ACNUR. Disponível em
https://data2.unhcr.org/en/situations/syria#_ga=2.83127254.1548527816.1525973849-1149432465.1525973849,
acesso em 10/05/2018.
39
Vide ‘’Migrant crisis: How will Australia's Syrian refugee pledge work?”, BBC, disponível em
http://www.bbc.com/news/world-australia-34183120, acesso em 10/05/2018.
40
Dados retirados do site oficial do ACNUR. Disponível em: http://www.acnur.org/portugues/iraque/, acesso em
10/05/2018.
41
Vide “Iran's 'exemplary' refugee hosting efforts praised by UN”, The Independent, disponível em:
https://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/iran-refugee-resettlement-efforts-exemplary-un-praise-
united-nations-a7633621.html, acesso em 10/05/2018.
42
Working Paper: Iranian Refugees: An exploration of irregular migration to Australia. Seefar-Farsight. 2015.
Disponível em: https://seefar.org/research/iranian-refugees-irregular-migration-to-australia/, acesso em 14/05/2018.
43
IMA - irregular maritime arrival.

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Gráfico: Número total de IMAs e a proporção de pedidos de proteção pelas três maiores
nacionalidades (2008-2014) (Fonte: SEEFAR – Farsight)

Outra polêmica envolvendo o refúgio e o Irã está no fato de o país receber poucos
refugiados da Guerra Civil na Síria oficialmente, apesar de apoiar o governo de Bashar Al-Assad
contra os rebeldes sírios e forças estrangeiras, o que é considerado por muitos uma contradição.44
Além disso, o país foi alvo da recente política de banimento de imigrantes do governo dos EUA
a países específicos (Irã, Chade, Líbia, Somália, Síria e Iêmen) em 2017, todos de maioria
muçulmana.45
O Estado de Israel possui uma história conflituosa e conturbada desde a sua criação por
intermédio das Nações Unidas em 1948. O país é acusado constantemente de violações aos

44
Al Jazeera: “Iran has a duty to take in Syrian refugees”. Disponível em:
https://www.aljazeera.com/indepth/opinion/2015/09/iran-duty-syrian-refugees-150910081439202.html, acesso em:
14/05/2018.

45
The Independent: Travel Ban: What is Trump's major immigration policy, and why is it called a 'Muslim
ban'? All you need to know. Disponível em: https://www.independent.co.uk/news/world/americas/us-
politics/travel-ban-trump-what-is-it-muslim-countries-list-restrictions-latest-a8093821.html, acesso em 14/05/2018.

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direitos humanos da população palestina, especialmente quanto à violação de territórios


definidos no Plano de Partilha da Palestina, ao cerceamento da liberdade com a construção de
barreiras físicas impedindo a circulação de palestinos e aos bombardeios desproporcionais
ocorridos durante as chamadas “Intifadas”. Além disso, Israel é constantemente acusado de
violações ao direito internacional com as sucessivas guerras por territórios com as nações árabes
vizinhas como Síria, Egito, Jordânia e Líbano.
Mesmo Israel patrocinando financeiramente e militarmente os rebeldes contrários a
Assad, o governo israelense desde o início da guerra tem rejeitado a entrada de refugiados sírios
com a justificativa de ser um país pequeno46; entretanto, em 2016, Israel construiu um plano de
ajuda humanitária aos sírios da região ocupada por tropas israelenses nas Colinas de Golã47,
avaliado na opinião de analistas como uma forma de melhorar a visão que os sírios possuem a
respeito das tropas de Israel naquela região.
Israel também lida com uma questão muito particular: os “African Dreamers”, nome
dado aos imigrantes africanos que buscam refúgio em Israel por meio da fronteira com o Egito
no Deserto do Sinai. O governo israelense está empreendendo a construção de uma cerca na
fronteira para impedir que mais africanos entrem em seu território. Além disso, o governo
conseguiu um acordo com o ACNUR para distribuir parte dos refugiados para países
desenvolvidos como Itália e Canadá, ao mesmo tempo que o governo se comprometeria a emitir
permissões de trabalho para os cerca de 16 mil refugiados remanescentes - no entanto, o acordo
foi cancelado horas depois pelo primeiro-ministro Netanyahu, o que gerou a acusação de
movimentos pró-refugiados de o governo estar cedendo às pressões de extremistas judeus. 48 49
Na Ásia, o país com maior influência e poder é a China. O país é signatário da
Convenção de 1951 e, portanto, possui uma representação permanente do ACNUR. Porém, na
maior crise de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial a China continua a se abster de

46
Folha de S. Paulo: “Israel começa construção de muro com a Jordânia e rejeita refugiados sírios”.
Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mundo/2015/09/1678462-israel-comeca-construcao-de-muro-com-a-
jordania-e-rejeita-refugiados-sirios.shtml, acesso em 14/05/2018.
47
The New York Times: “Israeli Aid Gives an Unexpected ‘Glimmer of Hope’ for Syrians”. Disponível em:
https://www.nytimes.com/2017/07/20/world/middleeast/israel-syria-humanitarian-aid.html, acesso em: 14/05/2018.

48
Los Angeles Times: “Israel reaches agreement with U.N. on African refugees — then suspends it in face of
criticism”. Disponível em: http://www.latimes.com/world/middleeast/la-fg-israel-un-refugees-20180402-story.html,
acesso em 14/05/2018.
49
The New York Times: “Israel’s Got Its Own Refugee Dilemma: African ‘Dreamers’”. Disponível em:
https://www.nytimes.com/2018/04/24/opinion/israel-refugees-african-dreamers.html, acesso em 14/05/2018.

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receber refugiados de países do Oriente Médio e África. No imaginário coletivo chinês, por conta
da superpopulação e políticas de controle de natalidade, seria controverso o país aceitar
refugiados. A posição oficial do governo chinês vai de encontro a isso e acrescenta que o país
também é um emergente e que as crises que geraram essa grande onda de refugiados foi gestada
pelos países ocidentais, se eximindo de qualquer responsabilidade de aceitá-los. O governo
chinês afirma, de qualquer modo, que contribui financeiramente com o ACNUR, o que
comprovaria que não é totalmente negligente com a situação atual do refúgio no mundo.50
O Sri Lanka, como já citado, é o país de onde saem a maioria dos imigrantes
processados no sistema offshore australiano. O país passou por uma guerra civil entre 1983 e
2009 travada entre o governo cingalês e os separatistas da etnia tâmil que formaram um exército
rebelde para separar as regiões Norte e Leste da ilha, a fim de formar um Estado independente
denominado Eelam. Calcula-se que durante todo o conflito tenham perecido em torno de 70 mil
pessoas. O ano de 2009 foi classificado por muitos como um dos anos mais violentos da guerra
com a empreitada final do governo cingalês para destruir as forças rebeldes tâmeis.51
Durante o conflito e especialmente após 2009, o governo cingalês perseguiu a população
tâmil que se viu forçada a migrar e buscar refúgio em outros países, dentre eles, a Austrália. O
governo australiano tem sido criticado pelo ACNUR por desrespeitar os termos da Convenção de
1951 que impede que solicitantes de refúgio sejam enviados de volta ao Estado no qual esteja
sendo perseguido ou ameaçado de morte. Há diversos casos de cingaleses tâmeis que foram
enviados em aviões oficiais australianos das Ilhas Natal de volta para o Sri Lanka, com a única
justificativa de não terem cumprido o prazo para solicitar o refúgio.52 53
Em 2013, durante o Encontro de Chefes de Estado da Comunidade das Nações
(CHOGM, em inglês) a Austrália e o Sri Lanka firmaram um acordo para reduzir o “tráfico de
pessoas” entre os dois países, em que houve a doação de duas embarcações para o governo

50
Foreign Policy: “Why Do Some Countries Get Away With Taking Fewer Refugees?”. Disponível em:
http://foreignpolicy.com/2017/09/12/why-do-some-countries-get-away-with-taking-fewer-refugees-united-states-
china/, acesso em 14/05/2018.
51
BBC: “Entenda o conflito no Sri Lanka”. Disponível em:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2009/02/090220_qanda_srilanka_cq, acesso em 14/05/2018.
52
The Guardian: “UN condemns Australia’s forced return of asylum seeker to Sri Lanka”. Disponível em:
https://www.theguardian.com/world/2017/dec/22/un-condemns-australias-forced-return-of-asylum-seeker-to-sri-
lanka, acesso em: 14/05/2018.
53
The Australian: “Sri Lankan boatpeople sent home”. Disponível em:
https://www.theaustralian.com.au/national-affairs/immigration/sri-lankan-boatpeople-sent-home/news-
story/bd0b686914d1872875e2a451f6a67815, acesso em 14/05/2018.

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cingalês realizar a patrulha do oceano. Durante o mesmo encontro, o então primeiro-ministro


australiano Tony Abbot minimizou as preocupações com possíveis crimes de guerra cometidos
pelo governo cingalês ao final da guerra civil.54 Os dois governos firmaram uma série de
parcerias desde o final da guerra, incluindo ajuda especial por parte da Austrália para lidar com
refugiados.55 Vale ressaltar que o Sri Lanka não é signatário da Convenção de 1951.
O Camboja possui uma posição importante na questão dos processamentos offshore pela
Austrália. Isso porque o país foi o emissor da primeira onda de migrantes que fugiram do país
por barco em direção à Austrália devido à Insurgência Cambojana, dando início à política de
processamentos offshore pelo governo australiano, como já explicitado anteriormente neste guia.
Além disso, o Camboja possui um acordo de realocação de refugiados exclusivo com a Austrália
(Australia-Cambodia Refugee Relocation Agreement) que consiste basicamente em transferir
refugiados de Nauru para os cuidados do governo cambojano. Este acordo firmado em 2014, foi
duramente criticado e considerado motivo de preocupação pelo ACNUR em nota naquele mesmo
ano, com a declaração do então alto-comissário das Nações Unidas para refugiados, Antonio
Gutérrez:
Esse é um afastamento preocupante das normas internacionais. Nós estamos presenciando um
recorde de deslocamentos forçados globalmente, com 87% dos refugiados sendo hospedados em
países em desenvolvimento. É crucial que os países não transfiram suas responsabilidades para
com os refugiados para outro lugar (...).56 (ACNUR, 2014)

Entretanto, apesar deste acordo, as relações entre Austrália e Camboja são mais
complexas. A Austrália se juntou em 2018 à condenação conjunta do governo de Hun Sen por 45
países no Conselho de Direitos Humanos sob a acusação do primeiro-ministro cambojano estar
promovendo um governo altamente autoritário. Apesar da condenação ao governo cambojano no
âmbito deste comitê, a Austrália manteve o acordo milionário de processamento de refugiados

54
ABC: “Australia to donate navy boats to Sri Lanka in people smuggling deal”. Disponível em:
http://www.abc.net.au/news/2013-11-16/abbott-boost-cooperation-on-people-smuggling-with-sri-lanka/5097132,
acesso em 14/05/2018.
55
The Sidney Morning Herald: “Australia boosts Sri Lanka aid by $4.5m”. Disponível em:
https://www.smh.com.au/national/australia-boosts-sri-lanka-aid-by-45m-20090429-amev.html, acesso em
14/05/2018.
56
Tradução livre. “UNHCR statement on Australia-Cambodia agreement on refugee relocation”, 26 de setembro de
2014. ACNUR, disponível em: http://www.unhcr.org/news/press/2014/9/542526db9/unhcr-statement-australia-
cambodia-agreement-refugee-relocation.html acesso em 10/05/2018.

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com o Camboja (estima-se que já tenha custado ao governo australiano cerca de 40 milhões de
dólares em ajuda especial ao Camboja).57
No Sudeste Asiático os únicos países signatários da Convenção de 1951 são o Camboja e
as Filipinas. Dessa forma, a região é crítica para o tratamento de pessoas em situação de refúgio,
facilitando a atuação dos Estados para que lidem com a questão sem o constrangimento
internacional.
A Indonésia, portanto, não está sujeita às normas internacionais de refúgio e é usada
como passagem na rota rumo à Austrália pelos imigrantes vindos da Ásia continental e África.
Há um forte esquema no país para transportar pessoas ilegalmente via barco para a Austrália que
vem sendo combatido de forma cooperativa por ambos os países em nome da proteção da vida
dos imigrantes. A partir de 2013, com a adoção de medidas mais duras contra a imigração ilegal,
o governo australiano quando intercepta barcos de imigrantes no mar os envia de volta à
Indonésia. Apesar de não ser signatária da Convenção de 1951, a Indonésia possui um escritório
do ACNUR que por sua vez recomenda a adaptação dos refugiados ao país da melhor forma que
puderem. O governo indonésio permite que os refugiados fiquem no país até que a sua situação
seja analisada pela ONU, mas garante que a situação dos mais de 14 mil refugiados na Indonésia
não é permanente, retificando que o país fornece apenas asilo temporário. Na prática, porém, os
refugiados têm pouca esperança de serem redirecionados a países como EUA, Canadá e países
europeus, daí a recomendação do ACNUR.
Outro país que mantém relações com a Austrália para conter o fluxo de refugiados via
barco no Oceano Índico é a Malásia. Em 2011 os dois países firmaram um acordo58 de “troca”
de refugiados que, segundo a então primeira-ministra australiana, esmagaria o modelo de
negócio de traficantes de pessoas. O acordo consistia em trocar 800 solicitantes de asilo da
Austrália por 4 mil refugiados vindos da Malásia. A Anistia Internacional condena a situação
como os refugiados são tratados na Malásia, tendo denunciado por diversas vezes
encarceramento e tortura dessas pessoas pelo governo malaio que por sua vez afirma seguir as
regras internacionais de tratamento de refugiados, apesar de o país não ser signatário nem da

57
Vide “Australia joins UN condemnation of Cambodia but refugee deal remains”, The Guardian, disponível em:
https://www.theguardian.com/world/2018/mar/22/australia-joins-un-condemnation-of-cambodia-but-refugee-deal-
remains acesso em 10/05/2018
58
BBC: “Australia and Malaysia sign refugee swap agreement”. Disponível em:
http://www.bbc.com/news/world-asia-pacific-14271460, acesso em 15/05/2018.

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Convenção de 1951, nem da Convenção Internacional contra a Tortura. A Suprema Corte da


Austrália barrou o acordo tomando como base as denúncias de desrespeito aos direitos humanos
pelo governo malaio e a inconstitucionalidade do acordo.59
Escândalos de corrupção a partir de 2014 na Malásia reacenderam uma série de questões
étnicas, políticas e religiosas. A Malásia possui diversas etnias que controlam setores específicos
da economia e da burocracia do Estado, o que gera tensões entre os grupos étnicos. Isso criou
uma nova onda de pedidos de asilo por malaios na Austrália, o país democrático mais próximo
signatário da Convenção para Refugiados de 1951.
Por fim, o Vietnã possui uma longa história de pedidos refúgio com a Austrália que data
da década de 1970, auge da Guerra do Vietnã, conflito que envolveu as potências da Guerra Fria
na maior “proxy war60” do período. O primeiro barco com refugiados vietnamitas atracou no
porto de Darwin em abril de 1976, e até 1977 a Austrália recebeu cerca de 111 vietnamitas - que
logo foram colocados na quarentena e barrados pela imigração. Durante 40 anos, a recepção do
governo australiano aos vietnamitas não mudou muito, apesar de atualmente serem a quinta
maior comunidade estrangeira na Austrália - fundamental no cenário multiétnico e multicultural
do país. O governo australiano continua a devolver ao Vietnã refugiados capturados no mar
alegando a defesa de sua costa.
Até hoje vietnamitas buscam asilo no exterior com as mesmas justificativas dos tempos
da guerra. O Vietnã está entre os países com mais violações aos direitos humanos61, segundo a
ONG Human Rights Watch, com restrições à liberdade de expressão e imprensa, à liberdade de
associação e à liberdade religiosa. Muitos vietnamitas que tentam refúgio em outros países
temem a extradição pois o governo de seu país aplica uma pena de 2 a 15 anos de prisão àqueles
que retornam ao país. O Vietnã, seguindo o padrão do Sudeste Asiático também não assinou a
Convenção de 1951 e não tem o histórico de aceitar refugiados.

59
BBC: “Australia court rules out refugee ‘swap’ with Malaysia”. Disponível em:
http://www.bbc.com/news/world-asia-pacific-14727471, acesso em 15/05/2018.
60
Ou “Guerra por procuração”: conceito que define guerras que são instigadas por potências, mas em que não se
envolvem diretamente em um enfrentamento direto.
61
Vide relatório da Human Rights Watch. Disponível em: https://www.hrw.org/world-report/2018/country-
chapters/vietnam, acesso em 15/05/2018.

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d. América Latina e Caribe


Averiguando a questão a respeito dos processos offshore de imigração da Austrália mais
uma vez é possível reconhecer a importância mundial do tema dos refugiados. O Brasil sempre
se mostrou importante no assunto devido ao seu papel pioneiro na proteção internacional dos
refugiados.
O país é signatário dos principais tratados internacionais de direitos humanos e faz parte
da Convenção das Nações Unidas de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados e do seu Protocolo de
1967, que também considera os que se tornaram refugiados em decorrência dos acontecimentos
ocorridos depois de 1951. Em julho de 1997 promulgou a sua Lei de Refúgio (nº 9.474/97), que
recebeu grande destaque por ter sido escrita sob a ótica dos direitos humanos - e foi reconhecida
como uma das mais modernas e generosas do mundo. Posteriormente, o país criou o Comitê
Nacional para os Refugiados (CONARE), um órgão interministerial presidido por seu Ministério
da Justiça que lida com a formulação de políticas para refugiados no país. A lei garante
documentos básicos aos mesmos, como documento de identificação e de trabalho, além de
permitir liberdade de movimento no território nacional e de assegurar outros direitos civis.
Dessa forma, o Brasil se mostra um ator influente para a América Latina na questão
apresentada. Além disso, vale destacar o papel mediador que o país assume em questões globais,
como a dos refugiados. É evidente que o Brasil busca engajamento nas questões internacionais, a
fim de edificar uma imagem protagonista no cenário internacional. Os processos de paz se
mostram ocasiões importantes para a efetivação de uma diplomacia pacifista e sua intervenção
como mediador beneficia os interesses brasileiros. Dessa forma, o Brasil visa sua política externa
na responsabilidade comum dos países dentro sistema mundial, cooperando e negociando
situações críticas.
Ao tratar da questão dos processamentos offshore, são levantados temas que englobam os
direitos garantidos aos refugiados. Atualmente, ao se discutir o assunto dos refugiados se faz
imprescindível comentar sobre a Venezuela.
Segundo a Human Rights Watch, o país passa por uma grave crise econômica e política,
na qual, a escassez de alimentos, medicamentos e suprimentos médicos se intensificou desde
2014, danificando os direitos dos venezuelanos à saúde e à alimentação. Vale ressaltar que sob a
liderança do presidente Nicolás Maduro, o poder centralizado no executivo e a degradação das
garantias dos direitos humanos, levaram o governo a censurar seus críticos.

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O Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Zeid Al-Hussein, acusa Maduro
de “esmagar instituições democráticas e vozes críticas, incluindo por meio de processos
criminais contra líderes da oposição”.62
A falta de segurança, de suplementos básicos e a censura política levaram a milhares de
venezuelanos migrarem do país, buscando asilo nas fronteiras vizinhas. Segundo o Alto
Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) houve um forte aumento de
pedidos de asilo e outros vistos entre 2014 e 2017.
Dessa forma, a atual situação do país está gerando onda de fluxos de pessoas refugiadas
nos países vizinhos, como Chile, Brasil e Colômbia. A presente situação leva a tensão a respeito
das questões migratórias e ascendem discursos voltados para políticas restritivas, como é o caso
da Austrália.
Outro país que atualmente tem um número significativo de pessoas deixando seu
território é o México - no caso, o principal destino dos mexicanos é os EUA. As relações entre os
dois países referem-se a questões diplomáticas, econômicas e culturais. Na esfera econômica, os
EUA são o maior parceiro comercial do México, que por sua vez tem grande destaque na
economia do país vizinho. Além disso, é importante enfatizar que compartilham uma extensa
fronteira marítima e terrestre, que é fundamental para manter a relação intrínseca comercial entre
os Estados. Por consequência, os dois países estão interligados demograficamente, de maneira
que a maioria dos imigrantes que adentram no território estadunidense é mexicana, trazendo a
imigração ilegal como um ponto de discussão dentro desse cenário.
Com a eleição do governo Trump, em 2016, o tema ganhou respaldo no cenário político,
principalmente com a proposta da construção de um muro fronteiriço com o intuito de impedir a
imigração mexicana foi pauta na propaganda eleitoral. Desde sua candidatura nos EUA, o
presidente tem manifestado insatisfação com a falta de controle por parte do governo mexicano
em deter a onda migratória.
O governo mexicano rejeita as ameaças e acusações realizadas pelo governo estado-
unidense, informando que a relação intensa entre os dois países traz desafios, porém os mesmos

62
Vide ‘’Migração venezuela tem números similares aos da crise no Mediterrâneo’’, Exame, disponível em
https://exame.abril.com.br/mundo/migracao-venezuelana-tem-numeros-similares-aos-da-crise-no-mediterraneo-diz-
oim/, acesso em 19/04/2018.

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não justificam as atitudes do presidente. O governo mexicano também ressalta que tais ações
apenas evidenciam o racismo e a xenofobia institucionalizados nos EUA.
O México criticou na ONU a política migratória do Trump, que além da proposta da
construção de um muro na fronteira, decretou o veto migratório a países de maioria muçulmana e
buscou acelerar deportações. Em 2017, subsecretário para Assuntos Multilaterais e Direitos
Humanos do México, alegou que "os muros entre as nações são também muros entre as pessoas e
materializam o extremismo e a intolerância em barreiras físicas e ideológicas que não
aceitaremos sob nenhuma circunstância"63. Segundo o diplomata, são medidas que têm um alto
custo social, uma vez que a criminalização de certos grupos transgridem o Estado de Direito,
fomentando os riscos e a vulnerabilidade dos imigrantes. Além disso, ressaltou que os países
devem garantir que suas políticas sejam baseadas no direito internacional, evidenciando a
contradição entre direitos humanos e soberania nacional, que embasa a dimensão política das
migrações internacionais e a razão da sua politização na atualidade.

e. África
A Argélia possui sua própria crise humanitária pois, por sua localidade geográfica entre a
África subsaariana e a Europa, se tornou principal rota de migrações ilegais, incluindo
principalmente tráfico humano por Marrocos, Líbia e Tunísia. Além disso, políticas dos países-
membro da União Europeia que dificultam o trânsito de estrangeiros irregulares agravam a
situação, uma vez que até os mais próximos e mais capazes economicamente em contribuir para
uma, mesmo que em parte, solução, resolvem se abster da responsabilidade.
Sua política para o refúgio em território doméstico é, além disso, consideravelmente
criticada pelo ACNUR64, uma vez que os refugiados não têm acesso a emprego formal e por isso
acabam em grande maioria sendo acomodados em empregos informais e até ilegais, agravando
ainda mais casos de exploração laboral.
Segundo constatação feita pelo ACNUR, o governo do Egito não compreende e nem é
signatário de instrumentos de regulação de refúgio e nem comporta compreendimento de
63
Vide ‘’Na ONU, México critica política migratória de Trump e diz que muro materializa extremismo’’, Estado de
São Paulo, disponível em: http://internacional.estadao.com.br/noticias/geral,na-onu-mexico-critica-politica-
migratoria-de-trump-e-diz-que-muro-materializa-extremismo-e-intolera,70001684306, acesso em 19/04/2018.

64
Vide relatório ‘’Submission by the United Nations High Commissioner for Refugees for the Office of the High
Commissioner for Human Rights’ Compilation Report - Universal Periodic Review: Algeria’’, disponível em
http://lib.ohchr.org/HRBodies/UPR/Documents/session13/DZ/UNHCR_UPR_DZA_S13_2012_UNCHR_E.pdf.

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instrumentos legislativos para lidar com casos de refugiados. Apenas iniciativas de leis
domésticas regulam seus status legais.
O artigo 91 da Constituição de 2014, por exemplo, deixa proibida a extradição de
refugiados políticos abrigados no país - esta reconhece o direito de asilo político de estrangeiros
defendendo interesses humanitários, de paz e justiça. Entretanto, segundo a Human Rights
Watch, o artigo não segue a definição de “refugiado” dada pela ONU65e nem as obrigações
definidas para o Egito na Convenção da Organização de Unidade Africana (OUA).
Já o artigo 8 do mesmo documento, retornando para o início do mesmo, prescreve como
crime punível por sentença de prisão qualquer forma de assistência dada à um imigrante ilegal
até mesmo se provida por grupo de assistência humanitária ou membros da família. Nesse
sentido se evidencia o quanto políticas domésticas podem influenciar a construção de políticas
externas.
A Líbia, assim como a Argélia, é principal rota de passagem para a tão sonhada Europa
pelos refugiados, sendo assim uma “porta de entrada” extremamente procurada. No país, os
imigrantes enfrentam uma grande insegurança em relação à permanência – podendo mencionar
prisões por atores não-Estatais, detenções de período indeterminado, explorações de trabalho,
sexuais, morais, legais etc.
Diversos indivíduos e suas famílias, portanto, que chegaram ao país com a intenção de
permanecer e trabalhar, eventualmente escolhem continuar seus caminhos além do Mediterrâneo
à procura de um ambiente mais seguro para viver. Para se ter ideia, a segurança de vida é
altamente questionável até mesmo para diplomatas.
Por fim, em relação à Tunísia, o país apesar de diversas dificuldades em manter uma
política interna e externa estável e igualmente justa para refugiados, oficialmente todas as
crianças refugiadas em idade escolar são providas de acesso a ensino primário ao chegar em
território tunisiano - mas não se deve enganar: assistências desse tipo estão longe de serem
iniciativas governamentais. O país não oferece apoio à saúde do refugiado, cabendo à ONGs
como a Crescente Vermelha e organizações como o ACNUR se responsabilizarem por esse

65
"São pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a
questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como
também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos armados" (ORGANIZAÇÃO DAS
NAÇÕES UNIDAS, 1951)

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apoio. O Estado tunisiano prometeu adotar em breve leis de asilo nacional a fim de facilitar o
trabalho feito pelo ACNUR até o momento.

d. Europa Oriental e Turquia


Como um dos países membro no Conselho de Segurança na ONU se faz importante
ressaltar o posicionamento da Rússia frente a discussão sobre refugiados.
Devido a sua extensão, a Rússia faz fronteira com catorze países e se encontra entre os
principais destinos dos imigrantes. Grande parte dos migrantes vem das antigas repúblicas
soviéticas e de países do Oriente Médio e África que estão afetados por conflitos recentes. Vale
ressaltar o caso da Ucrânia, no qual milhares de ucranianos pediram asilo ou outras formas de
permanência na Federação Russa. Em 2014, ano em que um alto número de pessoas solicitou o
status de refugiado ou asilo temporário, o sistema de controle de migração automatizado passou
a ser operado e foram adotadas leis visando a diminuição de estrangeiros ilegais no país, de
maneira que mais de 1,2 milhões de pessoas foram deportadas ou banidas de entrada.66
As políticas de refúgio e asilo temporário são desenvolvidas sob a Convenção de 1951 e
Protocolo de 1967 relativo ao Estatuto dos Refugiados. Solicitar refúgio na Rússia é um processo
complicado e burocrático. Os candidatos são sujeitos a procedimentos de revisão, são assentados
dentro do país de acordo com cotas regionais definidas pelo governo, são limitados na seleção de
locais de residência e suas viagens dentro da Rússia são monitoradas. Segundo dados da
ACNUR, atualmente houve um aumento do número de pedidos de asilo tratados pelas
autoridades competentes, porém o fornecimento de uma forma temporária de proteção está sendo
cada vez mais recorrente, ao invés da Convenção de 1951.
Além disso, as organizações de direitos humanos estão preocupadas com as condições
nos centros de detenção, onde são colocados aqueles que tiveram seus pedidos negados ou não
registrados. Vale ressaltar que não existe um sistema formal para a decisão de deter esses
migrantes e tampouco para o tempo que ficam nessa situação. A ACNUR ainda denuncia que
indivíduos com reivindicações legítimas têm suas solicitações negadas sem justa causa e
problematiza a regra do país terceiro, em que é negada a reivindicação do candidato se o mesmo
chegou de um país onde poderia realizar tal solicitação, ao não considerar se o solicitante teve a

66
Dados disponíveis em https://www.loc.gov/law/help/refugee-law/russianfederation.php, acesso em 18/05/2018.

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oportunidade de pedir asilo e se pode reingressar no país. Dessa forma, é possível reconhecer a
importância de Rússia nesse contexto e evidenciar suas deficiências com relação aos refugiados.
Dentro do presente tema não se pode ignorar a crise migratória europeia e o papel que a
Turquia exerce nesse contexto. Segundo ACNUR, nos últimos anos o país absorveu mais de 3,5
milhões de refugiados sírios em seu território, juntamente com milhares de outras
nacionalidades.
Vale ressaltar que o país é parte da Convenção de 1951 sobre Refugiados e do Protocolo
de 1967, de maneira que é recorrente o reassentamento para um terceiro país como solução para
os refugiados. A Turquia tem executado reformas legislativas e institucionais para construir um
sistema de asilo nacional eficaz para os padrões internacionais. Em abril de 2013, foi aprovada
de forma pioneira a Lei sobre Estrangeiros e Proteção Internacional, que estabelece as principais
diretrizes do sistema de asilo nacional da Turquia e determinou a Direção Geral de Estrangeiros.
Vale também destacar a adoção, em 2014, do Regulamento de Proteção Temporária que designa
os direitos daqueles que recebem proteção temporária na Turquia.
Dessa forma, a crise dos refugiados sírios surgiu quando o governo turco estava em meio
à revisão de seu sistema de imigração para atender aos padrões internacionais. A implementação
das reformas em pauta limitou a capacidade das autoridades turcas de administrar os fluxos
sírios, logo a gestão da crise foi deixada em parte nas mãos de organizações nacionais. Enquanto
isso, o reconhecimento do status de refugiado permanece restrito aos europeus, de maneira que
os não europeus recebem status de proteção temporária e devem se instalar em um terceiro país.
Diante da crise de refugiados, a Europa realizou um acordo com a Turquia que tem como
objetivo deter o fluxo de imigrantes ilegais em direção à região em troca de recompensas
financeiras para o país. Esse acordo foi muito criticado pela agência de refugiados da
Organização das Nações Unidas (ONU) que verifica a devolução de refugiados em massa como
violação aos direitos de proteção, garantidos pelas leis internacionais. Segundo Vincent
Cochetel, diretor regional europeu do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
(Acnur), “a expulsão coletiva de estrangeiros é proibida, segundo a Convenção Europeia de
Direitos Humanos”.67

67
Vide ‘’Devolução de refugiados à Turquia violaria a lei, diz ACNUR’’, 8 de março de 2016. Exame, disponível
em https://exame.abril.com.br/mundo/devolucao-de-refugiados-a-turquia-violaria-a-lei-diz-acnur/, acesso em
18/05/2018.

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Diante dessa situação é importante notar que, apesar do Estado ter uma capacidade de
absorção de estrangeiros grande, a integração dos mesmos tem sofrido complicações. Segundo
Human Rights Watch, muitos refugiados se encontram sem efetiva proteção ou acesso a
empregos e serviços. As leis que regem essas pessoas não lhes conferem plenamente seus
direitos e ainda precisam ser colocadas efetivamente em prática. A espera para obter o registro de
proteção temporária significa falta de acesso à educação, saúde e emprego, além da existência do
risco de deportação. Tais dificuldades expõe as famílias em situação de risco que levam à
pobreza e ao trabalho infantil. Vale ressaltar que novas pesquisas demonstram como a qualidade
de proteção oferecida pela Turquia não confere os níveis estabelecidos para países de refúgio.
Diante dessa situação, na qual os refugiados não veem seus direitos atendidos, se faz
pauta de discussão o papel dos governos da UE, que poderiam permitir aos sírios solicitação de
refúgio.

6. Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável


a. O que são os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
Constituída a partir dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a resolução que
ganhou nome de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável começou a ser discutida em 2013,
quando as ideias de que houvessem, além de uma renovação, uma extensão da primeira com o
intuito de abranger mais temas que necessitavam de holofotes mundialmente passaram a surgir.
Aprovada em 2015, os objetivos totais que a compuseram foram dezessete, cada um se
diferenciando e especializando dentro de cada tema - como diferenciar os grupos de meio
ambiente dentre os terrestres e aquáticos, além de reconhecer tipos e escalas de desigualdade e as
relações disso com outras discussões, como a de gênero.
Quando o tema designado a este comitê entra em pauta dentro do contexto dos objetivos,
é de se esperar que tópicos específicos sejam enfatizados para uma melhor análise e
compreensão do ponto de vista legal e burocrático das instituições base.
“Assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades”
(Objetivo Número 3), é um dos objetivos condizentes com o tema aqui proposto. A ONU
determinou como meta, até 2030, reduzir a taxa de mortalidade maternal global, acabar com
epidemias de doenças como tuberculose, malária, AIDS, transmissíveis por água (resultadas

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principalmente pela renda, região de moradia e saneamento básico), entre outras; também busca
acabar por completo com mortes consideradas evitáveis de recém-nascidos e crianças, reduzir
mortalidade neonatal e prematura por doenças não-transmissíveis, além de garantir o acesso
universal aos serviços de saúde sexual e reprodutiva por meio de programas nacionais e
estratégias, por exemplo, e assegurar o acesso universal à saúde (incluindo não apenas médicos,
mas remédios e vacinas de qualidade)
Para esta última citada ocorra, é essencial que o investimento na área de desenvolvimento
e pesquisa de vacinas e medicamentos seja promovido e posteriormente disponível para todos,
flexibilizando burocracias estatais.
O Objetivo de número três, entretanto, também aborda e sugere a necessidade de reduzir
pela metade as mortes e ferimentos por acidentes nas estradas até 2020. Por isso, o investimento
nos reforços de prevenção e tratamento do abuso de substâncias, como drogas entorpecentes e
uso excessivo do álcool é altamente necessário justamente por ser alguns dos maiores fatores
contribuintes para acidentes envolvendo meios de transporte.
“Promover sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável,
proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições eficazes, responsáveis e
inclusivas em todos os níveis”, como indica no Objetivo Número 16, é outro ponto importante
para este comitê. A meta é reduzir significativamente todas as formas de violência, colocando
um fim ao abuso, exploração e tráfico de pessoas, principalmente crianças. Em questões com
envolvimento mais burocrático e legal, os objetivos são garantir a igualdade de acesso à justiça
para todos e promover o Estado de Direito, reduzir fluxos financeiros e de armas ilegais e
combater todas as formas de crime organizado. Em relação a este último, uma das medidas é
desenvolver instituições responsáveis, transparentes e honestas justamente para o enfoque nas
questões de corrupção (seja ativa ou passiva) e formas de suborno. Fortalecer e estreitar relações
entre países em desenvolvimento e instituições de governança global são medidas também
instituídas, juntamente com o fortalecimento de instituições nacionais mais relevantes em âmbito
internacional, para que todos juntos possam cooperar na prevenção de questões como violência,
terrorismo, crimes internacionais entre outros.
Por último, mas não menos importante, o Objetivo Número 17, que acompanha o título
de “Fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o
desenvolvimento sustentável” adotando como meta estabilizar a macroeconomia global com o

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auxílio da política e fazer com que a última invista em medidas de desenvolvimento sustentável e
de liderança para contribuir com a erradicação da pobreza e no já então dito desenvolvimento
sustentável global. Para isso ser possível, a ONU pretende ajudar os países em desenvolvimento
a alcançar a sustentabilidade da dívida de longo prazo, por meio de políticas coordenadas
destinadas a promover o financiamento, a redução e a reestruturação das dívidas - conforme
apropriado - e tratar da dívida externa dos países pobres altamente endividados para reduzir o
superendividamento, além de adotar e implementar regimes de promoção de investimentos para
os países de menor desenvolvimento relativo (17.4 e 17.5 na lista das ODS, respectivamente).

b. Aplicação à questão das detenções


No tópico anterior foram mencionados e explicados três dos dezessete objetivos que
compõem a proposta, mas por que estes foram destacados?
Para discutir e trabalhar em cima do tema proposto da forma desejada, os critérios de
avaliação e padrões configurados pela lista base devem ser usados como direcionadores e, dentre
os dezessete, os citados (três, dezesseis e dezessete) foram avaliados como as melhores
recomendações para uma maior atenção dentro do contexto (no entanto, a Diretoria poderá acatar
a discussão de outros Objetivos caso os Srs. Delegados achem plausível). Os já presentes aqui
não foram, então, escolhidos por acaso.
Quando se trata de qualidade de saúde e vida em geral, prevenção de doenças e fome, é
notável que em uma situação de milhares de refugiados pobres, doentes e inclusive infantes (sem
contar com o racismo e xenofobia dados por seus países de origem), o terceiro objetivo seja
crucial para esclarecer pontos em que a mudança é urgentemente necessária. Segundo a
Plataforma da Agenda de 2030, por exemplo, ao menos 63% de todas as mortes no mundo são
causadas por doenças não transmissíveis, sendo em sua maioria por implicações
cardiovasculares, respiratórias, diabetes e, por fim, o câncer. A plataforma estima que as perdas
econômicas para os países de renda média e baixa provenientes das doenças mencionadas irão
ultrapassar US$ 7 trilhões até o ano de 2025.
Reconhecer refugiados como seres humanos e nada menos que isso é outro fator
apontado – desta vez no de número dezesseis, sendo acompanhado de questões como o tráfico
humano e outras formas de violência contra adultos e crianças. Em uma situação em que um caso
onde seres humanos deixam de ser cidadãos de uma pátria, perdem seus grandes vínculos legais

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com seu país de origem justamente por estar fugindo de uma situação em que nem o próprio
Estado consegue conter (ou quando o mesmo é o problema em si) e passam a ser refugiados -
termo definido pelo ACNUR como "são pessoas que escaparam de conflitos armados ou
perseguições" - estes indivíduos ficam juridicamente desprotegidos e a mercê de situações de
perigo – tanto de crimes organizados, quanto de abusos de autoridade vindo dos países que
passam a “abriga-los”. Exatamente o que acontece no caso das detenções offshore.
Para uma maior participação de diferentes nações em questões internacionais, deve-se
considerar a situação socioeconômica e política do país. Ao menos na visão construtivista, o
sistema internacional vigente no mundo é anárquico, mas isso não significa que cada ator
soberano tenha o mesmo poder de barganha das outras. Por isso o objetivo de reduzir iniquidades
e incentivar um maior poder de participação e troca de favores entre países é importante e
compõe o último objetivo da lista.
Pode-se considerar relativamente improvável que países emergentes tenham a mesma
capacidade de cumprir com as propostas que os desenvolvidos no mesmo período de 15 anos.
Por esse motivo o suporte internacional para garantir uma ordem mais justa do sistema é tão
crucial, principalmente quando se fala em poder de barganha em assuntos polêmicos
internacionais, os quais grande parte de outras soberanias não possuem poder suficiente para
mudar legal e efetivamente o rumo da crise.

7. Recomendações*
* Dentre as recomendações aqui citadas há documentos em língua estrangeira (inglês). Caso algum delegado
encontre dificuldade com a barreira linguística, favor procurar a Diretoria para apoio e/ou alternativas.

The World Factbook


Central Intelligence Agency (CIA)
Website organizado pela Agência de Inteligência dos Estados Unidos onde se compilam
informações das mais diversas sobre todos os países do globo, assim como mapas e dados acerca
dos mais variados temas.
Disponível em: https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/ (em inglês)

IMUNA - Country Profiles

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International Model United Nations Association (IMUNA)


Seção do website da Associação Internacional dos Modelos das Nações Unidas onde há uma
listagem de grande parte dos países do globo e onde se compilam informações gerais acerca da
atuação diplomática dos mesmos.
Disponível em: http://imuna.org/resources/country-profiles/ (em inglês)

Index Mundi
Index Mundi
Website onde se compilam os mais diversos dados numéricos acerca de todos os países do globo.
Disponível em: https://www.indexmundi.com/pt/.

History of the Human Rights


United for Human Rights
Documentário de nove minutos com versões em português e inglês onde se demonstra a linha de
desenvolvimento histórico dos Direitos Humanos, assim como coloca do que eles se tratam.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kcA6Q-IPlKE (legendado para o português)

Declaração Universal dos Direitos Humanos


Organização das Nações Unidas
Documento redigido pelas Nações Unidas em 1948 onde são expressos os Direitos Humanos
fundamentais; esse que até a atualidade são usados como fundamento jurídico de grande parte da
comunidade internacional.
Disponível em: http://www.onu.org.br/img/2014/09/DUDH.pdf (versão em português)

Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados


Organização das Nações Unidas
Documento redigido pelas Nações Unidas em 1951, seguindo a decisão da Assembleia Geral de
1950 (Resolução n. 429 V) de convocar uma conferência para redigir uma Convenção regulatória
do status legal dos refugiados.
Disponível em:

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http://www.acnur.org/fileadmin/scripts/doc.php?file=fileadmin/Documentos/portugues/BDL/Co
nvencao_relativa_ao_Estatuto_dos_Refugiados (versão em português)

Boat arrivals and boat ‘turnbacks’ in Australia since 1976: a quick guide to the statistics
Janet Phillips | Parlamento da Austrália
Documento fornecido pelo parlamento australiano que levanta os dados e estatísticas sobre a
chegada de imigrantes em embarcações à Austrália desde 1976.
Disponível em:
https://www.aph.gov.au/About_Parliament/Parliamentary_Departments/Parliamentary_Library/p
ubs/rp/rp1617/Quick_Guides/BoatTurnbacks (documento em inglês)

The World Refugee Burden


Asylum Seeker Resource Centre | Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
Infográfico que localiza a Austrália no cenário de migração recente (em comparação com países
como Estados Unidos, Canadá, Alemanha, entre outros).
Disponível em: https://asherhirsch.files.wordpress.com/2013/11/bvdwnvgcmaad030.jpg
(documento em inglês)

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IX SPMUN | Guia de Estudos

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