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UNIVERSIDADE LICUNGO
FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS

LICENCIATURA EM GADEC E HABILITAÇÕES EM ECOTURISMO


4º POS-ANO LABORAL

DUNIA LUIS COLAÇO


ESMENIA ORLANDO PEDRO
NELSON ANDRADE
NILZA COELHO ZEVO

CARACTERÍSTICAS DO PATRIMÓNIO NATURAL E


CULTURAL EXISTENTE NA ÁREA DE INTERVENÇÃO
(MOÇAMBIQUE)

BEIRA
2023
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DUNIA LUIS COLAÇO


ESMENIA ORLANDO PEDRO
NELSON ANDRADE
NILZA COELHO ZEVO

CARACTERÍSTICAS DO PATRIMÓNIO NATURAL E


CULTURAL EXISTENTE NA ÁREA DE INTERVENÇÃO
(MOÇAMBIQUE)

Trabalho á apresentar na cadeira de


PNCDPT, no Departamento de Ciências
da Terra e Ambiente na Faculdade de
Ciências e Tecnologias.

Docente: PhD. Kiran Narandas.

BEIRA
2023
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Índice
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 4

1.1. Objectivos do trabalho ....................................................................................... 4

1.1.1. Geral ........................................................................................................... 4

1.1.2. Específicos .................................................................................................. 4

1.2. Metodologia ........................................................................................................... 5

2. CONTEXTUALIZAÇÃO ......................................................................................... 6

2.1. Património cultural ............................................................................................ 6

2.1.1. Características de património cultural ............................................................ 9

2.2. Património Natural .............................................................................................. 10

2.2.1. Património Subaquático ............................................................................... 10

2.2.2. Geodiversidade ............................................................................................. 10

2.2.3. Geossítio ....................................................................................................... 11

2.3. Património geológico ........................................................................................... 11

2.3.1. Geoconservação ........................................................................................... 12

2.4. Programa Homem e Biosfera da UNESCO (MAB) ............................................ 13

2.4.1. Convenção de Ramsar .................................................................................. 13

3. CONCLUSÃO ........................................................................................................ 15

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 16


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1. INTRODUÇÃO

Moçambique é um país rico em património natural e cultural, com uma herança


diversificada que reflecte a sua história, geografia e diversidade étnica. A sua
localização na costa sudeste da África confere-lhe uma variedade impressionante de
características naturais, incluindo praias deslumbrantes, vastas savanas, florestas
tropicais, montanhas majestosas e uma rica vida marinha. Além disso, a diversidade
cultural do país é evidenciada pela convivência de várias etnias, cada uma com suas
tradições, línguas e práticas culturais únicas.

O património natural de Moçambique é marcado por parques nacionais, reservas


naturais e áreas de conservação que abrigam uma rica biodiversidade, incluindo
elefantes, leões, rinocerontes, crocodilos, hipopótamos e uma variedade de aves e
peixes. As praias ao longo da costa são famosas por suas águas cristalinas, recifes de
coral e vida marinha, tornando Moçambique um destino de sonho para mergulhadores e
amantes do oceano.

No que diz respeito ao património cultural, Moçambique possui uma herança vibrante,
enriquecida pela convivência de diferentes grupos étnicos, como os Macua, Shona,
Tsonga, Sena e outros. Cada grupo é conhecido por suas danças tradicionais, música,
vestuário e culinária única. Além disso, o país preserva locais históricos que
testemunham sua luta pela independência e sua diversidade cultural, como a Ilha de
Moçambique, classificada como Património Mundial pela UNESCO.

Este rico património natural e cultural não apenas atrai visitantes de todo o mundo, mas
também desempenha um papel crucial na identidade e na economia de Moçambique. No
entanto, é importante ressaltar a necessidade de preservar e proteger esses recursos para
garantir que futuras gerações possam desfrutar de sua beleza e riqueza cultural.

1.1.Objectivos do trabalho
1.1.1. Geral
 Compreender a interacção entre os elementos do ecossistema costeiro em
Moçambique.
1.1.2. Específicos
 Descrever as características físicas e biológicas dos ecossistemas costeiros de
Moçambique;
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 Identificar as principais ameaças e pressões que afectam os ecossistemas


costeiros em Moçambique;
 Avaliar as estratégias de conservação e gestão actualmente em vigor em
Moçambique.
1.2.Metodologia

Para a obtenção de informações científica para elaboração do presente trabalho,


recorrer-se-á ao método bibliográfico que o colocará em correlação com os objectivos
traçados, a partir de livros, artigos disponíveis na internet, revistas e jornais que
permitirá relacionar as abordagens feitas pelas literaturas sobre o tema com a real
situação.

Partindo do pressuposto que, Conforme LAKATOS (1992), métodos constituem as


etapas mais concretas de investigação, com finalidade mais restritas em termos de
explicação geral dos fenómenos abstractos, pressupõe uma atitude concreta em relação
ao fenómeno.
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2. CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1.Património cultural

Com a Independência Nacional, verificou-se uma série de mudanças na área do


património Cultural. O marco desta época na valorização da nossa identidade foi a
elaboração e aprovação de uma Legislação de protecção do Património Cultural
moçambicano, a partir da Lei n.° 10/88 de 22 de Dezembro, como foi mencionado na
introdução deste trabalho.

A i ˚ 10/88, de 22 de Dezembro determina património cultural moçambicano na sua


imensa diversidade. Esta Lei enfatiza o respeito pelo legado do passado que é a
memória do Povo moçambicano, através dos bens materiais e imateriais criados ao
longo do 20 seu percurso histórico. Objecto desta lei é “ o conjunto de bens materiais e
imateriais criados ou integrados pelo povo moçambicano ao longo da sua história, com
a relevância para a definição da identidade cultural moçambicano“ (Lei n°10/88:14,
1988).

Em 1994, foi aprovado o Decreto n.° 27/94 de 20 de Julho, sobre o Regulamento da Lei
n.° 10/88 de 22 de Dezembro com o objectivo específico de proteger o património
arqueológico moçambicano. O Governo aprovou este Decreto tendo em vista a
implementação de um conjunto de regras para licenciar os trabalhos de pesquisas
arqueológicas em território nacional.

Este Regulamento pode ser também aplicabilidade aos locais ancestrais do Património
da Luta de libertação Nacional. Exemplos: a Árvore N’solo, no local histórico de
Matcedeje, floresta sagrada de Nwadjahane, e a mafurreira M’ chovane, no local
Histórico de Chilembene. Estes espaços são venerados pela comunidade e podem ter
uma antiguidade cujo alcance pelas fontes escritas e orais não é suficiente, havendo a
necessidade do recurso aos estudos arqueológicos. No contexto da evolução de
Legislação de Protecção do Património Cultural, incluindo o Património da Luta de
Libertação Nacional, sempre o governo deu os melhores passos para a sua protecção.

Em 1997, é aprovada a Resolução n.°12/97 de 10 de Junho que aprova a política


Cultural de Moçambique e estratégia de sua implementação. A intervenção do Estado
no desenvolvimento Cultural, guia-se por esta política cultural, cujos pressupostos se
encontram estabelecidos na Constituição da República, na Lei do Património Cultural
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(Lei n.°10/88, de 22 de Dezembro) e nas experiências de gestão do Património Cultural


já acumuladas dentro e fora do País, sobretudo na nossa região da África Austral
(Resolução n˚ 12/97, 1997 40).

Esta Resolução aborda os Monumentos, Sítios, e Locais Históricos, parte dos quais está
relacionada com a Luta de Libertação Nacional (Resolução nº. 12/97, 1997: 41). Na
mesma Resolução são abordados os museus, que desempenham um papel muito
importante, na preservação, investigação e comunicação da memória colectiva e da
cultura material e espiritual do povo moçambicano e de outros povos ao longo da
história (Resolução n.° 12/97, 1997: 41).

A Política Cultural de Moçambique e Estratégia da sua Implementação encoraja o


melhoramento e a expansão da rede dos Museus nacionais e regionais, em particular os
museus da Luta de Libertação Nacional. Para além do Museu da Revolução criado no
dia 25 de Junho de 1978, no âmbito da comemoração do 3° ano da independência,
foram criados os seguintes museus e Centros de Interpretação sobre a Luta de
Libertação Nacional:

 Museu de Chai, criado pelo Ministério da Cultura e Juventude, em 2005, no


distrito de Macomia, na província de Cabo-Delgado (Decreto nº 1/2005, de 23
de Fevereiro). O museu foi instalado no edifício do antigo Chefe do Posto do
tempo colonial. Contém colecções sobre a história da Luta de Libertação
Nacional (Colectânea da Legislação do Património Cultural 2007:121);
 Centro de Interpretação do Local Histórico de Matchedje, criado pelo Ministério
da Educação e Cultura, em 2008, localizado no distrito de Sanga, na província
de Niassa. Este Centro interpr t II C r ss d FRE I O (D r t ˚ 33/2008);
 Centro de Interpretação do Local Histórico de Mueda, localizado no distrito de
Mueda, na província de Cabo Delgado, criado pelo Ministério da Cultura, em
2010, por ocasião do 50 ° aniversário do Massacre de Mueda, em homenagem
aos mártires moçambicanos, do regime colonial português (Jopela, 2014:40).

Com a Lei n.°10/88, de 22 de Dezembro deram-se os primeiros passos para a protecção


legal dos bens materiais ou tangíveis e imateriais ou intangíveis do Património Cultural
moçambicano, para o desenvolvimento da cultura e personalidade nacionais (Lei n.°
10/88:2, 1988). Logo na sua introdução, a Lei abre espaço para a actividade de
identificação, registo, preservação e valorização do património cultural. Em 2003,
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houve um esforço do Governo, através do então Ministério da Cultura, que decidiu levar
ao conhecimento do público os bens imóveis existentes no País, através da divulgação
de uma brochura, contendo o seu inventário (Macamo 2003).

Na base desta brochura deram os primeiros passos de inventariação e apresentação


sistemática de bens culturais imóveis de Moçambique, a partir da Lei n.° 10/88 de 22 de
Dezembro.

Alguns Locais Históricos da Luta de Resistência contra o sistema colonial, como é o


caso do Local Histórico de Magul, com a categoria de monumento, registo n.º 41 e
inventário n.º 99, localiza-se no distrito de Bilene, na província de Gaza, a cerca de 10
km da vila de Macia (Macamo 2003:102). A origem deste local deu-se como resultado
da batalha travada no dia 08 de Setembro de 1895 movida pela recusa do rei
Ngungunhane em proceder com a entrega dos chefes militares, Mahazul e Matibejane,
às autoridades do Governo colonial português. Actualmente, existe um pedestal, onde
está afixada uma placa em homenagem aos guerreiros moçambicanos que morreram na
luta de resistência contra a ocupação colonial. Em 1988 foi colocada a placa indicativa
de protecção do local por lei n.º 10/88 de 22 de Dezembro, (Macamo 2003: 102).

De acordo com a Lei n.° 10/88 de 22 de Dezembro, foram de imediatos classificados,


genericamente os seguintes bens do Património Cultural especificamente da Luta de
Libertação Nacional: todos os edifícios erguidos em data anterior ao ano de 1920, o ano
que marca o fim da primeira fase da resistência armada contra a ocupação colonial, as
principais Bases operacionais da Frente de Libertação de Moçambique (Resolução n.º
12/2010:22).

Assim, em 2008, foram classificados como Património Cultural, os seguintes Locais


Históricos da Luta de Libertação Nacional: Mactchedje (Decreto n.°33/2008 de 13 de
Agosto), Chilembene (Decreto n.º 46/2008 de 30 de Outubro) e Nwadjahane (Decreto
n.°65/2008 de 23 de Dezembro). O Local Histórico de Matchedje como já foi referido
valoriza a realização do II Congresso da FRELIMO, conhecido como o Congresso da
Vitória. O Local Histórico de Nwadjahane valoriza o pensamento, vida e obra do
Arquiteto da Unidade Nacional, Dr. Eduardo Chivambo Mondlane, fundador da Frente
de Libertação de Moçambique.
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O Local Histórico de Chilembene valoriza o pensamento, vida e obra do Fundador do


Estado Moçambicano, Marechal Samora Moisés Machel, primeiro Presidente de
Moçambique independente.

2.1.1. Características de património cultural

O Diploma Ministerial n.° 183/2013 de 18 de Outubro, que aprova os princípios e as


regras de conservação e uso do Local Histórico de Chilembene, no seu artigo 02 define
o Local Histórico de Chilembene como uma área, destinada à preservação, conservação
e gestão dos bens do Património Cultural presentes no local associados aos valores,
históricos, culturais, naturais, económicos e de outros domínios, de acordo com a
legislação específica.

No artigo 4 define o depositário, nos termos d Arti 6 d i ˚ 10/88 d 22 de Dezembro.


“Enquanto não for criada a Fundação Samora Moisés Machel, o depositário dos bens do
Local Histórico de Chilembene, são os herdeiros de Samora Machel” (Diploma
ministerial n°183/2013:84).

No Artigo n°. 14 é caracterizado o Património Cultural do Local Histórico de


Chilembene, composto pelos seguintes bens:

 Berço de Samora Moisés Machel;


 Residência de Samora Moisés Machel;
 Busto e monumento de Samora Moisés Machel;
 Monumento a Josina Machel;
 Cemitério familiar;
 Árvore sagrada N’ chovane venerada pela comunidade local;
 Escola frequentada por Samora Moisés Machel;
 Conjunto de construções edificadas antes de 1975, incluindo o edifício prisional
da polícia Internacional de Defesa do Estado PIDE-DGS;
 Antiga residência do Chefe do Posto de Chilembene e a casa dos Sipaios”
(Diploma ministrial n ˚ 183/2013:84).

O Diploma Ministerial n°184/2013 de 18 de Outubro, que aprova os princípios e as


regras de conservação, gestão e o uso do Local histórico de Macthedje, no seu artigo 2
define o LHM como a zona de protecção destinada a preservação, gestão e o uso do
LHM. No seu Artigo 3 o seu objectivos que são: “preservar e promover o conhecimento
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da história de libertação nacional pr s rv r pr v r h i t d História de Luta de Libertação


Nacional, atribuir a classificação dos elementos que fazem parte do LHM, com vista a
garantir a sua conservação sustentável, assegurar a documentação de bens de interesse
histórico- u tur i d s H d tr r d P ís” (Diploma ministerial n° 184/2013:84).

2.2.Património Natural

Em termos paisagísticos a zona de protecção padece de alguns problemas de poluição,


sendo igualmente preocupante a sua ocupação descontrolada com habitações
tradicionais, que já se iniciou na costa, nomeadamente em Jembesse e Sanculo. A
construção de casas de férias e o complexo turístico na duna primária da Cabaceira,
juntamente com o trânsito de veículos e respectivas consequências, poderão vir a
provocar perturbações significativas, com consequências ambientais graves para a baía.

2.2.1. Património Subaquático

De acordo com o PDIM, foram descobertos, desde o ano 2000, vários sítios de vestígios
de navios naufragados, tendo sido feitas, pela empresa Arqueonautas Worldwide
S.A./Património Internacional SARL, duas escavações e estando duas outras em curso.
Apesar do elevado número de descobertas, apenas 14 sítios (estações arqueológicas)
aparecem referenciadas nos documentos oficiais.

A esta limitada informação sobre o património subaquático acresce que, mesmo


relativamente aos sítios dos quais alguma informação foi disponibilizada, ela não inclui
quaisquer dados sobre o respectivo estado de conservação in situ (especialmente dos
dois sítios já escavados, mas também dos prospectados), nem qualquer plano de
monitorização e gestão de cada um deles. Elementos do património etno-arqueológico
náutico tradicional (certos tipos de embarcações tradicionais da região) ainda existem na
Ilha de Moçambique não havendo para já perigo relativo ao seu desaparecimento
(CESO-CI 2009).

2.2.2. Geodiversidade

O conceito “geodiversidade” começou a ser utilizado pelos geólogos nos anos noventa,
para se referirem à diversidade que ocorre dentro da natureza abiótica (Gray, 2004).

Segundo este autor, o termo “geodiversidade” foi utilizado em 1993 por C. Sharples, em
estudos de conservação geológica e geomorfológica na Austrália, sendo igualmente
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referido nas actas da Conferência de Malvern sobre Conservação Geológica e


Paisagística realizada no mesmo ano, no Reino Unido. Numa abordagem simplista pode
definir-se geodiversidade como sendo a diversidade na natureza não viva, assim como a
biodiversidade é a diversidade na natureza viva.

2.2.3. Geossítio

Na Terra ocorrem sítios geológicos naturais excepcionais, do ponto de vista científico,


didáctico, cultural, turístico, etc., denominados geossítios. Os geossítios diferem de
outros sítios geológicos pelo seu carácter excepcional, o que pressupõe o
desenvolvimento de estratégias de inventariação e avaliação do seu valor ou relevância.

Geossítio é uma parte da Geoesfera que apresenta uma importância particular para a
compreensão da história geológica da Terra, sendo delimitado em termos de espaço
físico. Brilha (2005) define geossítio como sendo a ocorrência de um ou mais elementos
da geodiversidade, que afloram como resultado da acção de processos naturais ou
devido a intervenção humana; os geossítios são bem delimitados em termos geográficos
e devem apresentar um valor excepcional do ponto de vista científico, pedagógico,
cultural, turístico, etc.

De acordo com as características de cada geossítio, este pode apresentar um ou vários


elementos de interesse: estrutural, petrológico, mineralógico, paleontológico,
estratigráfico, geomorfológico, etc.

2.3.Património geológico

O património geológico é o conjunto de geossítios inventariados e caracterizados numa


determinada área ou região (Brilha, 2005). O património geológico é constituído pelo
conjunto de ocorrências geológicas representativas de uma determinada região, que
possuem reconhecido valor científico, pedagógico, cultural, turístico ou outro.

O património geológico pode ser dividido em património paleontológico, mineralógico,


hidrogeológico, geomorfológico, petrológico, etc. Esta subdivisão do património
geológico é feita de acordo com o conjunto de elementos geológicos que este
património engloba.

O património paleontológico, por exemplo, é o património geológico que é constituído


pelo conjunto de geossítios de interesse paleontológico excepcional, inventariados e
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caracterizados numa determinada área. Os termos património paleontológico,


património mineralógico, etc., deverão restringir-se apenas a especialistas da área.

2.3.1. Geoconservação

O património geológico, assim como outros recursos naturais, também pode ser
modificado, danificado e até destruído por processos naturais e pela actividade humana
(actividade extractiva, desenvolvimento de obras, colheita de amostras para fins não
científicos, etc.).

O património geológico é um recurso natural não renovável. A sua destruição constitui,


por isso, uma perda irrecuperável. Para assegurar a salvaguarda do património
geológico, desenvolvem-se actividades que visam a geoconservação. Assim, as
actividades que têm como finalidade a conservação e gestão sustentável do património
geológico e dos processos naturais a ele associados denominam-se por geoconservação
(Brilha, 2005).

Conservar todos os geossítios é uma tarefa bastante complicada. Para que se conserve
um geossítio, os valores ou atributos por este apresentados devem estar acima da média.

O património geológico faz parte do património natural. Os critérios de qualificação


para a inclusão do património natural na lista do Património Mundial, também
contemplam valores geológicos. Assim, para que um bem natural de carácter geológico
possa ser considerado como sendo de valor universal excepcional deve:

 Ser um exemplo excepcional e representativo dos momentos mais importantes


da história da Terra, incluindo o registo da vida, processos geológicos
significativos no desenvolvimento de paisagens ou de características
geomorfológicas ou fisiográficas significativas;
 Representar fenómenos naturais superlativos ou áreas de beleza natural
excepcional e valor estético (UNESCO, 1999a).

Para que sejam incluídos sítios na lista do Património Mundial, elaboram-se listas
indicativas e propostas as quais são apresentadas pelos Estados. A avaliação das
propostas é feita através da comparação entre um determinado sítio proposto com outros
sítios do mesmo tipo.
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O critério utilizado para a inclusão de sítios na lista do Património Mundial, baseado em


propostas apresentadas pelos países, tem dificultado a criação de uma rede de sítios
geológicos com valor geológico excepcional e com representatividade global dos
sistemas naturais e da geodiversidade, protegidos dentro do Património Mundial.

2.4.Programa Homem e Biosfera da UNESCO (MAB)

No âmbito do Programa Homem e Biosfera da UNESCO (MAB), foram criadas as


Reservas da Biosfera em 1971. O MAB é um programa interdisciplinar de investigação
e formação dentro das ciências naturais e sociais, com o propósito de promover a
conservação e uso sustentável dos recursos naturais e melhorar as relações existentes
entre as pessoas e o meio ambiente.

As Reservas da Biosfera são áreas de ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos onde


a partir de uma delimitação e gestão adequada, a conservação dos ecossistemas é
articulada com o uso sustentável dos recursos naturais e inclui a investigação,
monitorização, educação e formação (UNESCO, 1996). As Reservas da Biosfera têm
como função conservar, permitir o desenvolvimento humano e dar suporte logístico a
programas de pesquisa.

Alguns países criaram legislação específica para o estabelecimento das Reservas da


Biosfera e outros converteram áreas já protegidas neste tipo de reservas (Barettino,
2000). As Reservas da Biosfera estão concebidas para promover a investigação,
educação e formação, nos aspectos que dizem respeito à geoconservação.

Com a finalidade de fortalecer a conservação do património geológico através dos


programas MAB e Património Mundial, a UNESCO está a desenvolver um programa
denominado Geoparks (UNESCO, 1999b), cujo objectivo é estabelecer uma rede de
parques geológicos.

2.4.1. Convenção de Ramsar

A Convenção de Ramsar para a protecção de áreas húmidas, assinada em Ramsar, Irão,


em 1971, é um tratado intergovernamental que visa a conservação e uso sustentável das
áreas húmidas, incluindo ecossistemas marinhos, estuarinos, lacustres, ribeirinhos e
palustres.
14

O objectivo deste tratado é de manter a longo prazo o funcionamento dos ecossistemas


das áreas húmidas e a conservação dos seus valores ecológicos e económicos. Apesar de
os locais serem seleccionados pela sua importância na conservação da biodiversidade,
há oportunidade para a inclusão de sítios de especial interesse geológico tais como
estuários, sistemas dunares, recifes de corais, lagos, rios ou terras pantanosas de vários
tipos (Dingwall, 2000).
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3. CONCLUSÃO

Na busca por compreender a interacção dos elementos do ecossistema costeiro em


Moçambique, estabelecemos objectivos específicos que nos guiaram na exploração das
características, ameaças e estratégias de conservação dessas áreas. Ao longo deste
estudo, pudemos aprofundar nosso conhecimento sobre a riqueza ecológica e cultural
dos ecossistemas costeiros do país.

Nossos esforços de descrição nos permitiram mapear e apreciar as complexas dinâmicas


dos ecossistemas costeiros, destacando sua importância para a biodiversidade e a
subsistência das comunidades locais. Identificamos ameaças significativas que esses
ecossistemas enfrentam, incluindo a erosão costeira e a poluição, que afectam tanto a
natureza quanto as pessoas que dependem desses recursos.

A avaliação das estratégias de conservação existentes nos mostrou que Moçambique já


está tomando medidas para proteger seus ecossistemas costeiros, mas há espaço para
melhorias. Propomos recomendações que podem contribuir para uma gestão mais eficaz
e sustentável dessas áreas, garantindo a preservação de sua riqueza natural e cultural
para as gerações futuras.

Em última análise, a compreensão dos ecossistemas costeiros de Moçambique é


fundamental para a sua preservação e para o bem-estar das comunidades que deles
dependem. Esperamos que este estudo contribua para o fortalecimento das iniciativas de
conservação e gestão desses recursos valiosos, garantindo um futuro mais sustentável e
próspero para o país.
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Muchangos, A. dos. (1999). Moçambique, Paisagens e Regiões Naturais. Edição: do


Autor.

Panizza, M. & Piacente, S. (1993). Geomorphological assets evaluation. Zeitschr. für


geomorphologie N.F, 87, 13-18.

Lei nº 10/97, que cria os Municípios de Cidade e de Vila em algumas Circunscrições


Territoriais. Boletim da República nº 56, de 31 de Maio de 1997.

Lei nº 8/2003, que define os Princípios e Normas de Organização, Competências e


Funcionamento dos Órgãos Locais do Estado nos Escalões de Província, Distrito, Posto
Administrativo e Localidade.

Lobato, A. 1970. Conservar e Modernizar na Ilha de Moçambique. Monumenta 6 (VI):


7-10. Lourenço Marques: Comissão dos Monumentos Nacionais de Moçambique.
Macamo, S. 2003a.

Dicionário de Arqueologia e Património Cultural de Moçambique, Maputo:


MC/UNESCO.

Macamo, S. (coord.) 2003b. Inventário Nacional de Monumentos, Conjuntos e Sítios.


Maputo: MC/DNPC.

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