Você está na página 1de 13

Escola Secundária Alves Martins

Viseu
11ºano (2022.2023)

O RACIONALISMO DE DESCARTES
(Parte 2)

(1596- 1650)

Profª:
Isabel Fonseca
DO COGITO À DESCOBERTA DA 2.ª VERDADE
(A IDEIA DE DEUS)

1- ARGUMENTO DA MARCA

• Descartes vê, com clareza e distinção, que traz dentro de si


a ideia de perfeição.

• Com a mesma clareza e distinção, vê que a causa da ideia


de perfeição não pode vir de um ser imperfeito (o cogito).

• Conclui, então, que tem de haver um ser perfeito que


causa em si essa ideia: esse ser é Deus: penso a ideia de
perfeição, logo o ser perfeito (Deus) existe.

(Analisemos as palavras de Descartes – texto pág. 39 do


manual e seguidamente a formulação explícita do argumento na página 40)
O DUPLO PAPEL DE DEUS:
O facto de Deus existir, não enganar e ser a fonte eterna de todo o saber
tem um duplo papel:
1. É garantia da validade das evidências atuais e passadas

2. Podemos confiar nos nossos raciocínios apoiados em premissas claras e


distintas

Analisemos as palavras de Descartes – texto página 41


Conclusão: isto permite conceber clara e distintamente que sou uma
substância pensante, que Deus existe e não me engana, e que posso
confiar na validade de todas as ideias claras e distintas (ideias inatas),
as únicas que posso aceitar como verdadeiras, pois provêm de Deus.
A partir daqui posso deduzir outras verdades:
Analisemos as páginas 42 e 43 do manual
Prova da existência do mundo físico como pura
extensão - res extensa
• Sustentando o mundo no pilar de Deus,
Descartes irá tratar das coisas físicas. Para isso,
coloca à nossa consideração a seguinte
experiência mental:
Observo um pedaço de cera com uma certa
forma, tamanho, cor, odor; através dos sentidos
tenho a experiência desta propriedades; mas, se o
aproximo do fogo, estas propriedades alteram-se,
embora o pedaço de cera continue o mesmo.
Logo, estas propriedades não pertencem à
natureza ou essência da cera.
(cont.)
Isto quer dizer que a experiência não nos permite
captar a essência da cera; e o mesmo sucede com
qualquer coisa física. Deste modo, só o raciocínio
descobre a essência da cera; a cera muda de
forma, tamanho, cor, odor e o mesmo se dirá de
qualquer outra propriedade de que temos
experiência através dos sentidos; mas se deixar de
ser uma coisa extensa no espaço, deixará de ser o
que é.
Logo, é evidente que a extensão pertence à
essência da cera e à de qualquer outra coisa
física.
CONCLUSÕES:
 A partir dos três pilares (Cogito, Deus existe, o
mundo existe como extensão), Descartes pode
agora construir com segurança o edifício do
conhecimento.
 Sabe (ainda que por evidência sentimental) que tem
um corpo e que as coisas corpóreas existem.
 Existe uma fundamentação metafísica para o saber:
Deus existe e não pode enganar, por isso é a
garantia da objetividade das verdades racionais
(evidências claras e distintas).
 Só o bom uso da razão nos poderá fazer evitar o
erro.
(vejamos último parágrafo pág. 43 do manual e seguidamente resolve a ficha de
revisão)
EM SÍNTESE
COMO RESPONDERIA DESCARTES ÀS SEGUINTES
QUESTÕES:
1. O conhecimento é possível?
• Sim. Descartes não é um cético, não duvida por
duvidar mas apenas metodologicamente para
separar o verdadeiro do falso, e encontrar
verdades.
• Descartes concorda com os céticos: não há
conhecimento se as crenças não forem
justificadas, mas contrariamente aos céticos
acredita na justificação.
2- A razão dá-nos conhecimento acerca da
realidade independentemente da experiência?
• Sim. Descartes rejeita o empirismo. Os sentidos
não são fonte de conhecimento seguro. O
conhecimento não começa pelos sentidos,
porque estes enganam-nos.
3- Podemos conhecer a realidade tal como é em si
mesma? Até onde podemos ir?
• A razão, apoiada na veracidade divina, pode
conhecer a essência das coisas, construindo o
conhecimento objetivo que escape à dúvida.
4- Como é justificado o conhecimento?
• A objetividade do conhecimento, o facto de ser
uma crença verdadeira e não uma mera opinião,
é justificada pela existência de Deus cuja
veracidade garante a verdade, quer as minhas
evidências atuais, quer passadas.

• Podemos confiar nos nossos raciocínios


apoiados em premissas claras e distintas.
Objeções à resposta racionalista de
Descartes:
1. Objeções ao argumento da marca
IDEIAS EM
(página 49 do manual) e… DIÁLOGO

2. Objeção do círculo cartesiano


IDEIAS EM
(página 50 do manua) e… DIÁLOGO
1. Objeções ao argumento da marca

• O ataque à premissa 1:
Tenho a ideia de um ser perfeito
analisemos e tiremos conclusões (pág. 49)

• O ataque à premissa 2:
Se Tenho a ideia de um ser perfeito, então um
ser perfeito existe
analisemos e tiremos conclusões (pág. 49)
1. Objeção do círculo cartesiano

• Descartes cai numa petição de princípio ao


tentar demonstrar que Deus existe a partir das
ideias claras e distintas.
Descartes estabelece a prova da
existência de Deus a partir das ideias
claras e distintas que habitam o seu
pensamento, ao mesmo tempo que
admite que só podemos confiar nessas
ideias claras e distintas por que Deus
existe.
Vamos às ideias em diálogo – pág.50
Fim da 2ª parte

ESAM 2022.2023
Profª Isabel Fonseca

Você também pode gostar