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O paciente com hipertensão

arterial sistêmica: manejo na


APS

Medicina de Família e de Comunidade V


Profa Mestra: Joana Elisabeth
Centro Universitário UniFacid/Idomed
2023-1
I-Conceito
Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)
Condição clínica multifatorial (que depende de fatores
genéticos, ambientais e sociais).
Elevação sustentada dos níveis pressóricos: Maior igual 140
e/ou 90 mmHg.
Associada: distúrbios metabólicos, alterações funcionais e/ou
estruturais de órgãos-alvo

Agravada: presença de Fatores de Risco: dislipidemia,


obesidade abdominal, intolerância à glicose, Diabetes
Mellitus.

Associada com eventos: morte súbita, acidente vascular


encefálico, infarto agudo do miocárdio, ins. cardíaca,
doença arterial periférica, doença renal crônica.
I-Conceito
Compromete fundamentalmente o equilíbrio dos
mecanismos vasodilatadores e vasoconstritores:
Levando a um aumento da tensão sanguínea nos vasos
Carregando…
Comprometendo a irrigação tecidual e assim provocar
danos aos órgãos por eles irrigados.
É o principal fator de risco modificável com associação
independente, linear e contínua para doenças
cardiovasculares (DCV), doença renal crônica (DRC) e
morte prematura.
É uma síndrome:
Não envolve só o aumento dos níveis tensionais;
Envolve repercussões sistêmicas: coração, cérebro
e rins.
Prevenção Primária
A HA mostra-se de fácil diagnóstico e seu tratamento é
eficaz utilizando-se um arsenal terapêutico diversificado,
bastante eficiente e com poucos efeitos adversos.
Seu controle em todo o mundo é pífio, porque se trata de
doença frequentemente assintomática, o que dificulta a
adesão aos cuidados, elevando o desafio do tratamento.
A prevenção continua a ser a melhor opção em termos de
custo-benefício. A abordagem adequada dos fatores de
risco para o desenvolvimento da HA deve ser o grande
foco do SUS.
Vários pontos merecem destaque. Muitos se confundem
Estágios da hipertensão
arterial
PASM (mmHg) PAD (mmHg)

Ótimo < 120 < 80


Normal
Normal-Alto
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120-129
130-139
80-84
85-89
Estágio 1 140-159 90-99
Estágio 2 160-179 100-109
Estágio 3 ≥ 180 ≥ 110
Como fazer o diagnóstico.

A medida em consultório continua como padrão por


sua simplicidade e baixo custo.
O ideal é medir nos dois braços na primeira consulta
e usar maior valor.
Consiste na média aritmética da PA maior ou igual a
140/90 mmHg, verificada em pelo menos três dias
diferentes com intervalo mínimo de uma semana
entre as medidas.
Quanto maior a PA basal, menor o intervalo entre tais
consultas.
No paciente com HAS estágio 3, e/ou se houver lesão
do órgão-alvo já instalada, não é necessária uma
segunda consulta e você está autorizado a começar o
HAS- Avaliação Inicial
Objetivos:
Confirmação diagnóstica
Suspeição e a identificação de causa secundária.
Lesões de órgão-alvo
Doenças associadas.
Medição da PA (técnica adequada e equipamentos
validados)
História médica ( pessoal e familiar)
Exame físico
Investigação clínica e laboratorial.
Anamnese
Tempo de diagnóstico.
Evolução.
Tratamento prévio.
História familiar.
Fatores de risco específicos para DCV, comorbidades,
aspectos socioeconômicos e estilo de vida.
Uso prévio e atual de medicamentos.
Anamnese

Sintomas :
Tontura -

Vertigem -

Cefaleia -
Insônia L
Abordar a existência de fatores de risco
Aferir a PA.
Exame Físico
A PA deve ser medida com técnica adequada;
Dados antropométricos: peso, altura, IMC, circunferência
abdominal, frequência cardíaca.
Sopro cardíaco- sistólico, sem irradiação, comuns em foco
mitral e aórtico.
Patologias de base descompensadas.
Edema de MMII- associado a PA sistólica elevada.
Dor X Pressão Arterial Elevada.
QUAIS OS EXAMES QUE FAZEM PARTE DA
ROTINA MÍNIMA DO PORTADOR DE
Carregando…
HIPERTENSÃO ARTERIAL?
Exames de rotina para o
paciente hipertenso
Análise de urina –EAS
Potássio Plasmático
Glicemia de jejum
Creatinina plasmática *
Colesterol total, HDL-C, triglicerídeos
Ácido úrico plasmático.
ECG- convencional.

• Adicionados :
• Ureia
• Sódio
• Relação albumina/creatinina em amostra urinária
Outros Exames...
1-Radiografia de tórax- pacientes com suspeita clínica de
comprometimento cardíaco e pulmonar. Comprometimento
da aorta sem o ECO disponível.
2- Ecocardiograma- mais sensível do que o ECG- na
presença de indícios hipertrofia ventricular E. ao ECG ou
com IC.
3- Albuminúria
4- US das carótidas
5- US renal
5- Hemoglobina Glicada (história familiar de DM-2).
Triagem e diagnóstico de hipertensão
arterial
PA ótima (menor 120/80)---- repetir medidas anualmente.
PA normal (120-129/80-84)--- repetir medidas anualmente.

Pré-hipertensão.(130-139/85-89)-----considerar hipertensão
Mascarada (HM).(MAPA ou MRPA).

Hipertensão estágio 1 e 2( 140-179/90-109)-----considerar


hipertensão do avental branco (HAB). (MAPA ou MRPA).

MAPA/MRPA normal- Normotensão verdadeira ou HAB e repetir


medidas anualmente.
MAPA/MRPA anormal—HM ou H.Sustentada e iniciar tratamento.
Triagem e diagnóstico de hipertensão
arterial
Hipertensão estágio 3 (maior igual 180/110)------
diagnóstico de hipertensão e iniciar tratamento.

Emergência ou urgência hipertensiva---serviço de


emergência ---hipertensão confirmada e iniciar o
tratamento.
TRATAMENTO

1-Não medicamentoso e
2- Medicamentoso
1-Não medicamentoso
Adesão às MEV:

- Redução do peso.
c

- Interrupção do tabagismo. -
- Aumento da atividade física aeróbica (30-45 minutos na maioria
dos dias da semana). -
- Redução da ingestão de gordura saturada e colesterol da dieta.↳
- Ingestão limitada de álcool não excedendo a 30 ml de etanol por
dia (720 ml de cerveja, 300 ml de vinho ou 60 ml de uísque) ou 15
ml de etanol por dia para mulheres e pessoas de baixo peso.-

- Redução da ingestão de sódio a não mais do que 2,4 g de sódio


ou 6 g de cloreto de sódio/dia. L
- Ingestão adequada de potássio na dieta (aproximadamente 90
meEq/dia). -
- Ingestão adequada de cálcio e magnésio. u
Medicamentoso
• A má adesão é proporcional à quantidade de comprimidos,
indo de 10% em pacientes com uma dose por dia a 40%
com três tomadas.
• Simplificar posologia.
• Envolver o paciente no autocuidado e no tratamento.
• Reforçar a importância de tomar a medicação mesmo com
a PA controlada.
• Preferir medicações de baixo custo.
Medicamentoso !
Disponíveis:

O
IECA—inibidor da enzima de conversão da angiotensina-
Enalapril capto pil
BCC– bloqueador de canal de cálcio- — Anlodipino
O bloqueador do receptor da angiotensina- —
BRA–
Losartana
O .
a
DIU — Hidroclorotiazida ou Furosemida /
BB —betabloqueador- Atenolol

B
T
BGurRboarbimdi aalDo
MontLidamen(
eresi
Enalepeil
&

-Atendid
-

-
Anla(Bech
dipino
Medicamentos anti-
Classe
hipertensivos
Classe e Medicamento Dose diária
habitual
(mg)
Freq.* Comentários e recomendações

Diuréticos Tiazidas e Hidroclorotiazida 25-50 1 Doses mais elevadas dos tiazídicos


similares. Clortalidona 12,5-25 1 e similares aumentam o efeito
Indapamida 1,5 1 diurético sem adicionar ação anti-
hipertensiva.

Diuréticos de alça Furosemida Bumetanida 20-240 1-3 Utilizada em insuficiência renal


1-4 1-3 crônica (IRC), insuficiência cardíaca
congestiva (ICC) e estados de
retenção de líquidos (edema).

Diuréticos Espironolactona 25-100 1-2 Pode provocar hiperpotassemia,


poupadores de particularmente na IRC e quando
potássio associada a inibidores da ECA ou
BRA.
Medicamentos anti-hipertensivos
Classe Classe e Dose diária Freq.* Comentários e recomendações
Medicamento habitual (mg)

Bloqueadores dos Anlodipino 2,5-10 1 Evite o uso em pacientes com insuficiência


canais de cálcio Nifedipino 10-60 1-3 cardíaca com fração de ejeção reduzida. Pode
(BCC) provocar edema de membros inferiores
relacionado com a dose utilizada.

Inibidores da Captopril 25-150 2-3 Evite o uso em mulheres em idade fértil, pois há
enzima de Enalapril 5-40 1-2 grande risco de malformações fetais e outras
conversão da
angiotensina Mulhere complicações na gestação. Contraindicada em
associação a outros inibidores do sistema

idade
1-
(IECA) c .

reninaangiotensina-aldosterona, exceto
espironolactona na ICC. Risco de hiperpotassemia
m
· zentil ⑭
em pacientes com insuficiência renal ou que
estejam recebendo suplementação de potássio.
Enalaprila

Bloqueadores dos Losartana 50-100 1-12 Mesmas recomendações feitas aos IECA.
receptores AT1 da Valsartana 80-320
Angiotensina II Olmesartana 20-40 1
(BRA) Losartana
50-100 1-2
Mesmas
recomendações
feitas aos IECA.
Valsartana 80-320
1
Medicamentos anti-
hipertensivos
1-Betabloqueadores (BB) não cardiosseletivos -Propranolol (80-320
Mg) 2-3/dia.
A retirada abrupta dos BB deve ser evitada, pois pode provocar
taquicardia reflexa e mal-estar.
f
2- Vasodilatadores diretos - Hidralazina 50-200 mg. 2-3/dia. Pode
provocar retenção de sódio e água, hipervolemia e taquicardia reflexa.
3- Betabloqueadores cardiosseletivos –
Atenolol 50-100 mg. ( 1-2/dia)
Metoprolol 50-200 mg.1/dia. Bisoprolol 5-20mg /dia.
4- Betabloqueadores cardiosseletivos -Atenolol 50-100/ 1-2. Metoprolol
50-200 /1 Bisoprolol 5-20 1 Nebivolol 2,5-10 1
5- Ação vasodilatadora via óxido nítrico.
Carvedilol 12,5-50 1-2/dia.
Efeito alfabloqueador produz menor bradicardia. Simpatolíticos de
ação central - Metildopa 500-2.000mg. /2 /dia.
1 I
O
o

Combinações *

Combinações preferenciais:
Hidroclorotiazida e inibidor da enzima de conversão da
angiotensina. (IECA) enolapil captopil
- ,

Hidroclorotiazida e bloqueador dos receptores de


angiotensina (BRA) losartana
-

Hidroclorotiazida e bloqueadores dos canais de cálcio


-
(BCC) Autodipino
Combinações não preferenciais:
IECA e BRA D
Fluxo para o tratamento de
HAS
!!
*
Atenção!!!!!
Determinantes sociais
Riqueza e renda
Educação
Ocupação/ emprego
Acesso ao sistema de saúde.
Ambiente
Dieta não saudável
Aumento do sódio
Diminuição do potássio
Sedentarismo
Tratando e diagnosticando a pessoa e não a doença.
Quando nos voltamos para a pessoa, determina melhores
resultados.
Sempre levar em consideração quem é a pessoa.
Mensagens principais
Os números que definem a hipertensão arterial são
arbitrários, mas se caracterizam como valores em que os
benefícios do tratamento (não medicamentoso e/ou
medicamentoso) superam os riscos.
A HA é uma condição multifatorial (genética, meio
ambiente, hábitos de vida e fatores socioeconômicos).
A HA é um dos principais fatores de risco para doenças
cardiovasculares e renais.
A HA tem alta prevalência, é de fácil diagnóstico e possui
tratamento adequado, mas é de difícil controle pela baixa
adesão.
A prevenção da HA é custo-efetiva e o melhor caminho para
a diminuição da morbimortalidade cardiovascular.
Referências
Rosimery Cruz de Oliveira DantasAngelo Giuseppe
Roncalli

Carregando…
Protocolo para indivíduos hipertensos assistidos
na Atenção Básica em Saúde
Temas Livres • Ciênc. saúde colet. 24
(1) • Jan 2019 • https://doi.org/10.1590/1413-
81232018241.35362016
Diretrizes da Hipertensão Arterial Sistêmica, 2020.
Caso clínico
Caso clínico
Caso Clínico
Paciente ACM, 52 anos, sexo masculino, comerciário, casado, raça
negra.
Pedreiro, baixa escolaridade, 4 filhos e residente em Teresina-Pi.
Possui sobrepeso, não realiza atividade física e consome álcool ao
menos uma vez na semana.
Pai diabético e hipertenso, falecido de AVC, mãe morreu de infarto,
irmão doente do coração.
M
D .

Procurou a UBS, a fim de renovar suas receitas de metformina e


D
M
.
glibenclamida, visto que possui diabetes mellitus-2 mal controlada.
Na consulta, foi aferida sua pressão arterial conforme as medidas
recomendadas para o rastreio de HAS.

Caso clínico
Exame Físico
Peso: 86 kg Altura: 1,65 cm. IMC- 31. C Abd- 100. Pulso: 82 bpm,
cheio.
PA: 140/95mmHg INivel 1)

Normocorado.
AC- Ritmo cardíaco regular, bulhas normofonéticas, sem sopros.
AP-Murmúrio vesicular presente, com presença de roncos em
bases.
Abd- Globoso, indolor à palpação, sem visceromegalias.
Pulsos periféricos- palpados nos 4 membros, simétricos e de
amplitude semelhantes.
Caso clínico
Exames laboratoriais:
Glicemia- 130mg/dl #
Colesterol total- 256 mg/dl #
HDL colesterol- 35
Triglicerídeo- 250 mg/dl
Ldl- 171
Creatinina- 1,0
u

Potássio – 4,1
EAS- sem alteração luina) L
C

ECG- normal.
Questionamentos
1-Quais fatores apresentados no caso são preditivos para o
aparecimento de Hipertensão Arterial (HA)? C A H F IMCT .
.
.
. ,
S0-
BRE PESO SEDENTÁRIO ETIVISTA SOCIAL

2-Quais são os sinais clínicos de maior relevância na HA?


, ,

3-Quais os métodos diagnósticos seriam preconizados para


o caso? Azerição P .

braços
A
,
nos a

4-Pensando em tratamento na HA, quais orientações e


tratamento seriam indicados para o caso?
DIU + ECA
HAS
Idade- 75% acima de 70 anos
Mais em Homens do que Mulheres antes da menopausa
(estrógeno diminui DCV).
Aumento da prevalência: crianças e adolescentes
(obesidade/ hábitos de vida).
Natureza: assintomática!!!
Diagnóstico: mediante ao primeiro evento cardiovascular.
Jaleco Branco: causa de hipertensão sensível à APS.
Percentual de adultos (≥ 18 anos) que referiram diagnóstico médico
de HA, por sexo, segundo as capitais dos estados brasileiros e o
Distrito Federal.

Vigitel, 2019 .
Capital % Masculino Feminino
São Luís 17,6 17,3 14,8
Porto Alegre 28,2 27,2 29,0
Distrito Federal 28,5 29,6 27,5
Teresina 22,4 22,1 22,6
Recife 28,4 26,0 30,2
Fatores de Risco/ Causas
Doença herdada dos pais em 90% dos casos, mas há
vários fatores que influenciam nos níveis de pressão
arterial, entre eles:
Idade
Sexo
Etnia
Ingestão de Sal
Ingestão de álcool
Sedentarismo
Fatores socio-econômicos.

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