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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4
1. AS BASES TEÓRICAS E LEGAIS DA GESTÃO ESCOLAR ....................... 5
2. PAPEL E PERFIL DO GESTOR ESCOLAR ............................................... 10
3. DIMENSÕES DA GESTÃO ESCOLAR ....................................................... 16
4. GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA: Trabalho Colaborativo... 20
4.1 Colegiado Escolar ................................................................................. 21
4.1.1 Funções do Colegiado Escolar ............................................................... 22
4.2 Conselho de Classe .............................................................................. 24
4.3 Líderes de Turma .................................................................................. 26
4.4 Grêmio Estudantil ................................................................................. 28
5. A GESTÃO ESCOLAR E O PLANEJAMENTO DE ENSINO ...................... 31
5.1 O Planejamento no cotidiano escolar.................................................... 32
5.1.1 O Plano de Trabalho da Gestão Escolar e Supervisão ........................... 33
5.1.2 O Plano de Ação .................................................................................... 35
5.1.3 A Formação Continuada ......................................................................... 36
5.1.4 A Delegação de Funções e fluxo de reuniões......................................... 37
5.2 O Planejamento no Trabalho Pedagógico ............................................ 41
5.2.1 O Planejamento de Ensino ..................................................................... 41
5.2.2 Os Instrumentos de Planejamento.......................................................... 43
6. PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO ......................................................... 47
REFERÊNCIAS................................................................................................ 49

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OBJETIVO:

Desenvolver competências e habilidades relativas à Dimensão


Pedagógica, observando as bases teóricas e legais e os princípios de concepção
democrática e participativa, para melhor acompanhamento das ações
pedagógicas, com vistas ao aperfeiçoamento do ensino e garantia da
aprendizagem.

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● INTRODUÇÃO
No contexto das escolas públicas, a gestão escolar tem sido objeto de
pesquisas que discutem a passagem de uma gestão tradicional e centralizadora
para uma democrática que oportuniza posturas dialógicas entre os membros da
comunidade escolar. Nesse sentido, é imprescindível que o ambiente escolar,
enquanto organização social, assegure o envolvimento e participação efetiva de
todos os sujeitos em seus processos pedagógicos, com papéis definidos no
desenvolvimento e execução do Projeto Político Pedagógico.
É corrente, o entendimento que o modus operandi das escolas públicas
advém das ações pactuadas em regime de colaboração entre a União, os
Estados e os Municípios, implicando no funcionamento destas e visando garantir
o direito à educação de qualidade. Contudo, é em cada espaço escolar que esse
direito pode ou não ser acessado pelos beneficiários diretos e indiretos, ou seja,
a gestão escolar é engrenagem relevante para que a política social atenda seus
fins de melhoria das condições socioeconômicas e educacionais em cada
território.
Os espaços escolares necessitam manter uma rotina que proporcione
conjunturas pedagógicas, administrativas e operacionais capazes de possibilitar
o processo de ensino e aprendizagem com qualidade, sabendo que não há um
que seja mais ou menos responsável pelo processo, mas todos os sujeitos
devem estar envolvidos nas diversas ações. Então, a gestão escolar deve liderar
o planejamento, a execução, o controle e a avaliação desses processos que
implicam nos resultados dos desenvolvimentos educacionais de seus
estudantes.
Ademais, este texto, para desenvolver as competências e habilidades
relativas à dimensão pedagógica, abordará a discussão sobre as bases teóricas
e legais e os princípios da concepção democrática e participativa no contexto da
gestão escolar. Também, estabelece um modelo de gestão que mostre as
competências técnicas e comportamentais, além das dimensões dos processos
internos e externos. E, por fim, as instâncias e estratégias de engajamentos do
coletivo escolar por meio de um trabalho colaborativo.

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1. AS BASES TEÓRICAS E LEGAIS DA GESTÃO ESCOLAR

Os parâmetros legais devem ser compreendidos como princípios e


finalidades para a organização da educação. Os atos normativos, que dizem
respeito diretamente ao ensino e à escola como um todo, devem estar presentes
no cotidiano dos gestores escolares como instrumentos de apoio ao seu trabalho
e como fontes de pesquisa.
Como proceder no que diz respeito à legislação e organização da
educação básica? Como se desenvolve a educação na prática em relação à lei
e às diretrizes vigentes?
O princípio da Gestão Democrática do ensino público foi incorporado à
Constituição Federal de 1988, junto a outros princípios inseridos no artigo 206
do corpo constitucional, vindo reforçar o caráter democrático da chamada
“Constituição Cidadã”, reafirmado no período pós-ditadura.
No que se refere ao direito à participação na gestão do ensino, a
Constituição Federal de 1988 declara que o Brasil é um Estado Democrático de
Direito que tem a cidadania como um de seus fundamentos (art.1°, II). No
restante do texto constitucional, um conjunto de mecanismos necessários ao
exercício dessa cidadania são instituídos, destacando-se, em relação à gestão
pública, o chamado direito à participação, a ser regulamentado legalmente
(Art.37. §3°. A lei disciplinando as formas de participação do usuário na
administração pública direta e indireta, [...]).
Em termos educacionais, a Constituição foi ainda mais explícita e inovou
em relação aos textos anteriores ao incluir dentre seus princípios a “gestão
democrática do ensino público” (art.206, VII). Esses dispositivos abriram espaço
para a institucionalização de mecanismos de participação na gestão de escolas
e sistemas educacionais.
Vale ressaltar que os princípios constitucionais do ensino devem ser lidos
e interpretados em sua integralidade, portanto, em termos jurídicos, a gestão
democrática é tão importante para a “garantia do padrão de qualidade” quanto à
“valorização dos profissionais da educação”, à “gratuidade” e o “pluralismo de

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ideias e concepções pedagógicas” (CF/88, art.206, incisos VII, V, IV e III,
respectivamente).
O texto legal da Constituição tem o mérito de apresentar uma moldura de
organização educacional, dentro de um escopo de autonomia possível, dando
total abertura para que iniciasse o projeto de lei da nova LDBEN – Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
A LDBEN (Lei n°9.394/1996) toma para si a atribuição de regulamentar
parte dos dispositivos constitucionais, reafirmando o princípio da gestão
democrática e delegando para os sistemas de ensino específicos (nacional,
estaduais e municipais) a definição das formas de exercitá-los (LDBEN, art.3°,
VIII, e art.14).
A LDBEN trouxe inúmeras inovações, dentre elas, a preocupação com
uma educação mais abrangente, voltada para outros aspectos da cidadania. A
lei apresenta um novo desenho de natureza estrutural envolvendo gestão e
financiamento da educação, reestruturação curricular, inovação metodológica,
formação do professor e os sistemas de ensino dinamicamente articulados,
assim como responsabilidades na formulação e implementação de políticas.
No aspecto legal, deve-se considerar, também, o Estatuto da Criança e
do Adolescente-ECA (Lei n° 8.069/1990) que, por sua vez, estabelece o direito
à liberdade de opinião, de expressão e de participação na vida política (art.16, II
e VI). Além disso, dentre os direitos especiais de crianças e adolescentes,
assegura “o direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer às
instâncias superiores” (art.53, III) e “o direito de organização e participação em
entidades estudantis” (art.53, IV). Estabelece, ainda, o direito dos pais ou
responsáveis de “terem ciência do processo pedagógico, bem como participar
da definição das propostas educacionais” (art.53, parágrafo único).
Ainda no aspecto Legal, temos a Resolução nº 118/2016, do Conselho
Estadual de Educação, que aprovou o Regimento Escolar dos Estabelecimentos
de Ensino da Rede Pública Estadual do Maranhão em 2016. Este foi elaborado
com o objetivo de nortear as ações desenvolvidas nas Instituições de Ensino que
trabalham em prol da qualidade social da educação, com vistas ao
desenvolvimento de pessoas, respeitando o que está disposto na legislação
vigente. Nele estão definidas as responsabilidades para os que compartilham os

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diversos espaços, bem como valores e posturas que, necessariamente, devem
ser transpostos para as atuações em todos os ambientes.
O documento encontra-se em consonância com a Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional nº 9.394/96 e normas pertinentes, com as
Diretrizes Curriculares Estaduais, bem como com atos normativos emanados do
Conselho Estadual de Educação – CEE e da Secretaria de Estado da Educação–
SEDUC, os quais contemplam os princípios de liberdade, solidariedade,
cidadania e qualificação para o trabalho, apresentando elementos da
organização administrativa e pedagógica para favorecer aos estabelecimentos
de ensino o funcionamento com qualidade, promovendo a aprendizagem
significativa dos estudantes.
O Regimento aborda, no Art. 112, que os Estabelecimentos de Ensino da
Rede Estadual terão a seguinte estrutura administrativa:
I – Gestão Escolar;
II - Órgãos Colegiados;
III - Apoio da Educação Básica.
Para dispor sobre as diretrizes da Gestão Escolar destaca-se no
documento na Seção I os seguintes Artigos:

Art. 116 - A Gestão Escolar será composta por um/a Gestor(a)


Geral/Gestores(as) Auxiliares, conforme o quantitativo de estudantes,
e os turnos de funcionamento da escola.
Parágrafo único. O Gestor(a) Geral e os Gestores(as) Auxiliares são
subordinados à Unidade Regional de Educação-URE.
Art. 117 - A gestão das Unidades da Educação Básica da Rede de
Ensino do Estado do Maranhão é exercida por servidores integrantes
das Carreiras de Docência em Educação Básica e de Suporte
Pedagógico, conforme disposto no Estatuto e Plano de Carreiras,
Cargos e Remuneração dos integrantes do Subgrupo Magistério da
Educação Básica.
Art. 118 – Fica assegurado o princípio da democratização, por meio da
eleição direta, no processo de escolha para os ocupantes da função de
Gestão Escolar das Unidades de Ensino da Rede Estadual, com a
exigência de qualificação profissional em curso de Formação
Continuada na área de Gestão Escolar, disponibilizada pela Secretaria
de Estado da Educação ou por instituições por ela conveniadas,
conforme disposto no Estatuto e Plano de Carreiras, Cargos e
Remuneração dos integrantes do Subgrupo Magistério da Educação
Básica.
Parágrafo único. A regulamentação do processo de escolha da função
de Gestão Escolar de que trata o caput deste artigo será instituída por
decreto, com critérios definidos por comissão composta por
representantes da Secretaria de Estado da Educação e da Entidade
Classista.

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A nível de Estado, temos também a Lei nº 9.860, de 1º de julho de 2013,
que dispõe sobre o Estatuto e o Plano de Carreiras, Cargos e Remuneração dos
integrantes do Subgrupo Magistério da Educação Básica e dá outras
providências.

Art. 1º - Esta Lei dispõe sobre o Estatuto e o Plano de Carreiras, Cargos


e Remuneração do Subgrupo Magistério da Educação Básica,
pertencente ao Grupo Educação, instituído pela Lei nº 9.664, de 17 de
julho de 2012, tendo como objetivos:
I - definir princípios e instituir normas sobre os direitos, deveres e
responsabilidades, de modo a assegurar o fortalecimento da prática
pedagógica em prol da qualidade do ensino;
II - estabelecer critérios para o desenvolvimento na carreira do
magistério e o exercício funcional, com foco na melhoria contínua do
processo ensino-aprendizagem.

No trato sobre a Gestão Escolar, a referida lei disciplina que:

Art. 60 - A gestão das Unidades de Ensino da Educação Básica do


Estado do Maranhão é exercida por servidores integrantes das
Carreiras de Docência em Educação Básica e de Suporte Pedagógico.
Parágrafo único - Excetuam-se do disciplinamento do caput deste
artigo as escolas indígenas, as escolas quilombolas e as escolas de
áreas de assentamento, cuja gestão escolar é exercida por profissional
com formação mínima de magistério de nível médio na modalidade
normal, indicado por suas respectivas lideranças.
Art. 61 - Fica assegurado o princípio da democratização, por meio da
eleição direta, no processo de escolha para os ocupantes da função da
Gestão Escolar das Unidades de Ensino da Rede Pública Estadual,
com a exigência de qualificação profissional em curso de Formação
Continuada na área de Gestão Escolar, disponibilizada pela Secretaria
de Estado da Educação ou por instituições por ela conveniadas.
Parágrafo único - A regulamentação do processo de escolha da função
da Gestão Escolar de que trata o caput deste artigo será instituída por
decreto, com critérios definidos por comissão composta por
representantes da Secretaria de Estado da Educação e da Entidade
Classista.

A Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE)/Conselho Pleno


(CP) nº 4, de 17 de dezembro de 2018, institui a Base Nacional Comum
Curricular na Etapa do Ensino Médio (BNCC-EM), como etapa final da Educação
Básica, nos termos do artigo 35 da LDBEN. Sendo um documento normativo que
define o conjunto de habilidades essenciais e progressivas para cada segmento
escolar. Por isso, ela deve servir como norteadora dos currículos das escolas
públicas e privadas do país. As diferentes áreas do conhecimento, trabalhadas
na Educação Básica, têm definidas as competências que devem ser
desenvolvidas pelos estudantes ao longo da escolaridade.

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E, por fim, no tocante à legislação nacional, a Gestão Escolar deve
garantir o conhecimento e a prática da Lei nº 13.415/20171, que trouxe a
Reformulação do Ensino Médio e uma nova organização curricular que passou
a ser composta por uma parte comum curricular e outra diversificada. A primeira
parte, chamada de Formação Geral Básica (FGB), deverá promover aos
estudantes o desenvolvimento das competências e habilidades, conforme
previstas na BNCC; a segunda parte, a Diversificada, integra os Itinerários
Formativos e tem por objetivo aprofundar o currículo e possibilitar a escolha
pelos estudantes, levando em consideração a oferta da rede e de cada unidade
escolar (MARANHÃO 2022).

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Altera as Leis n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional, e 11.494, de 20 de junho 2007, que regulamenta o Fundo de Manutenção e
Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação.

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2. PAPEL E PERFIL DO GESTOR ESCOLAR

Após a Constituição Federal de 1988, que estabeleceu a Gestão


Democrática como um dos princípios do ensino, quase dez anos depois, a
LDBEN, Brasil (1996) ao estabelecer as diretrizes da educação em nível
nacional, retomou a Gestão Democrática nos artigos 12, 13 e 14 que concretizam
essa concepção de Gestão Escolar:

Art. 12 – Os estabelecimentos de ensino, respeitadas as normas


comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência de:
I - Elaborar e executar sua proposta pedagógica;
II - Administrar seu pessoal e seus recursos materiais e financeiros;
III - Assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula
estabelecidas;
IV - Velar pelo cumprimento do plano de trabalho de cada docente;
V - Prover meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento;
VI - Articular-se com as famílias e a comunidade, criando processos de
integração da sociedade com a escola;
VII - informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for
o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos
alunos, bem como sobre a execução da proposta pedagógica da
escola (Redação dada pela Lei nº 12.013, de 2009);
Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de:
I - Participar da elaboração da proposta pedagógica do
estabelecimento de ensino;
II - Elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta
pedagógica do estabelecimento de ensino;
III - zelar pela aprendizagem dos alunos;
IV - Estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor
rendimento;
V - Ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de
participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à
avaliação e ao desenvolvimento profissional;
VI - Colaborar com as atividades de articulação da escola com as
famílias e a comunidade.
Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão
democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as
suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios:
I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto
pedagógico da escola;
II - participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes.

O artigo 14 contempla mais um aspecto importante para a garantia da


Gestão Democrática na escola ao definir que o sistema de ensino deve garantir
a participação dos professores e da comunidade escolar na vida da instituição.
Cabe ao gestor escolar promover a estruturação institucional das relações
entre os diferentes segmentos, como coordenador e responsável pela gestão da
escola, pois suas ações devem integrar os vários setores. Suas finalidades

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administrativas subsidiam sua finalidade principal, que é a pedagógica. Uma das
funções primordiais é coordenar a construção coletiva da ação educacional e
pedagógica da escola propiciando uma gestão participativa e democrática.
Assim, fortalecer todas as áreas de atuação no gerenciamento dentro do
ambiente escolar é outra função desse profissional na organização e
administração da escola no atual contexto educacional, que terá como desafio
romper uma forma de administração pautada na centralização do poder da
decisão e do autoritarismo, propiciando uma reflexão sobre o desafio da Gestão
Escolar como uma liderança democrática com finalidade de garantir uma escola
de qualidade, em consonância com as especificações e expectativas da
comunidade escolar e local. (MARANHÃO 2020)
Nesse sentido, o gestor deve promover na escola ações pedagógicas,
administrativas e financeiras, respectivamente, como discriminadas no Figura 1
a seguir:

Figura 1: Ações pedagógicas, administrativas e financeiras

Coordenar a elaboração
coletiva do projeto político Administrar o patrimônio Decidir coletivamente,
pedagógico – PPP, da escola, a com a comunidade escolar
propiciando um clima de documentação escolar e Colegiado Escolar, como
altas expectativas de (diário de classe/SIAEP, os recursos financeiros
aprendizagem na que a escola recebe do
arquivos, etc.), recursos poder público devem ser
elaboração do currículo materiais, pedagógicos,
escolar; que contemple a utilizados, providenciando
manutenção do prédio, os gastos e a devida
inclusão, com ações bens permanentes e de prestação de contas de
voltadas para o consumo. Além de forma transparente.
atendimento de estabelecer em conjunto,
estudantes com regras, procedimentos e
deficiência, bem como rotinas para cumprir a
promovendo ações de legislação, observando o
formação continuada aos Regimento Escolar.
servidores e atendimento
à comunidade escolar.

Fonte: LDBEN (1996)

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A gestão da comunidade escolar abrange os seguintes aspectos:
● Envolver os pais na gestão escolar, estimulando a participação no
acompanhamento da aprendizagem dos seus filhos, mantendo uma
comunicação dinâmica e tranquila com a comunidade escolar;
● Manter uma boa gestão de relações pessoais com ações voltadas
para a promoção e organização do trabalho coletivo;
● Estabelecer a cultura da comunicação; estimular a troca de
experiências; organizar formação continuada de todos os servidores
e professores;
● Acompanhar efetivamente os resultados escolares com intervenções
pertinentes e análise qualitativa dos resultados das avaliações
externas (IDEB, SAEB, SEAMA, entre outros);
● Acompanhar a aprendizagem dos estudantes, definindo quais as
expectativas de aprendizagem;
● Desenvolver uma rede de relacionamento entre a escola e seu
entorno, onde o gestor deverá estar atento aos acontecimentos locais
e aos relativos a políticas educacionais. Para tanto, é importante: ter
contatos com as escolas vizinhas, proporcionando troca de
experiências e ajuda mútua; estar atualizado com as políticas
públicas vigentes em sua rede de ensino; manter relacionamento com
as organizações presentes na localidade.
Compreende-se que o exercício da gestão escolar é um grande desafio
nos dias atuais, considerando o desenvolvimento da liderança nos âmbitos
pedagógico, administrativo, financeiro e relacional. Assim, espera-se que o
gestor seja o elo entre o fazer pedagógico e a política de educação, tendo por
objetivo maior a aprendizagem dos estudantes comprometida com uma
educação pública e de qualidade social para todos, na perspectiva de uma
educação cidadã.
As atribuições da Gestão Escolar Geral estão elencadas nos artigos 119
e 120 do Regimento Interno da SEDUC, conforme descrito abaixo:

I - elaborar o Plano de Trabalho Anual (PTA) em parceria com o


Colegiado;
II - coordenar, articular e participar das discussões dos segmentos da
comunidade escolar e local sobre a função social da escola, para
construção e implementação do Projeto Político Pedagógico da escola,

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atendendo às Diretrizes Curriculares Nacionais e às Diretrizes
Curriculares do Estado;
III - submeter à aprovação do Colegiado Escolar o Projeto Político
Pedagógico da escola;
IV - garantir a elaboração e execução do Projeto Político Pedagógico;
V - definir o horário escolar e garantir o seu cumprimento, conforme
orientações para o ano letivo, enviadas pela Secretaria de Estado da
Educação;
VI - garantir a elaboração e execução do planejamento de ensino, de
acordo com as Orientações Normativas para o Funcionamento
Escolar, emanadas da Secretaria de Estado da Educação;
VII - elaborar, em conjunto com o Supervisor/a e representantes do
segmento do Colegiado Escolar, o calendário escolar, de acordo com
as normas estabelecidas;
VIII - garantir a realização do plano de ensino por meio do
acompanhamento das atividades desenvolvidas pelos docentes;
IX - elaborar e implementar juntamente à equipe do Suporte
Pedagógico um plano de formação continuada em serviço;
X - acompanhar as atividades do Suporte Pedagógico junto ao corpo
docente, quanto à organização, à metodologia, à utilização de recursos
didáticos, ao domínio de conteúdo e ao relacionamento com os
estudantes, bem como orientar sobre o uso do diário de classe e/ou
diário eletrônico, no que se refere aos conteúdos e atividades
trabalhadas, de conformidade com o planejamento escolar;
XI - propor junto ao Suporte Pedagógico atividades diversificadas
relativas ao tratamento dos conteúdos para subsidiar a prática docente;
XII - realizar reuniões com pais, mães ou responsáveis para análise do
rendimento dos estudantes e discussões acerca de questões relativas
ao processo educativo;
XIII - apoiar o Suporte Pedagógico, viabilizando ações de melhoria
contínua do currículo da escola;
XIV - promover e coordenar reuniões periódicas de avaliação do
desenvolvimento da aprendizagem dos estudantes, objetivando a
busca de correções e implementação de ações pedagógicas e
administrativas;
XV - acompanhar e propor intervenções para correção das taxas de
reprovação, abandono, infrequência e similares, de modo a formar
competências pedagógicas de sucesso escolar;
XVI - mobilizar a comunidade escolar para realizar a avaliação
institucional periódica, com vistas à melhoria contínua da instituição;
XVII - promover atividades de integração escola-comunidade,
estabelecendo parcerias otimizadoras de cunho sócio educacional;
XVIII - organizar, acompanhar e avaliar a execução das atividades de
planejamento, avaliação escolar e do Projeto Político Pedagógico
juntamente com a equipe de Suporte Pedagógico;
XIX - promover atividades pedagógicas, científicas, tecnológicas,
esportivas, sociais e culturais em articulação com a comunidade
escolar;
XX - viabilizar a formação continuada para o pessoal técnico,
administrativo e pedagógico da escola na valorização das
competências e trocas de conhecimentos;
XXI - representar, oficialmente, o estabelecimento de ensino sempre
que se fizer necessário;
XXII - propor ao setor competente a abertura de sindicâncias para
apurar irregularidade de que tenha identificado no âmbito do
estabelecimento de ensino;
XXIII - encerrar, em conjunto com o secretário do estabelecimento de
ensino, as atas dos trabalhos realizados durante o ano letivo,
encaminhando-as ao setor competente;

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XXIV - manter a conservação do prédio escolar, mobiliários e
equipamentos;
XXV - planejar e acompanhar a utilização das dependências do
estabelecimento de ensino para eventos externos, submetendo à
apreciação da Unidade Regional de Educação;
XXVI - elaborar relatório das atividades desenvolvidas no
estabelecimento de ensino, encaminhando ao setor competente;
XXVII - apoiar e supervisionar a organização de grupos discentes em
grêmio, com vistas ao exercício da cidadania e ampla melhoria da
escola;
XXVIII - autorizar o exercício aos membros do corpo docente, pessoal
administrativo e operacional, de acordo com documento expedido pelo
setor competente da Secretaria de Estado da Educação;
XXIX - despachar, em tempo hábil, os requerimentos sobre matrículas,
transferências, declarações e outros que lhe competirem;
XXX - expedir certificados e/ou diplomas;
XXXI - expedir declarações, certificados e/ou diplomas, bem como
qualquer outro documento de cunho administrativo ou pedagógico que
lhe for solicitado;
XXXII - convocar e presidir reuniões técnicas, administrativas e
pedagógicas mediante a necessidade da escola;
XXXIII - zelar pelo cumprimento do expediente dos funcionários de
acordo com a lei vigente;
XXXIV - controlar a frequência e pontualidade dos servidores, enviando
ao setor competente da Secretaria de Estado da Educação os
documentos pertinentes;
XXXV – responder, legalmente, perante os órgãos públicos
competentes, pelo funcionamento da Unidade de Ensino;
XXXVI - encaminhar mensalmente ao Juizado da Infância e da
Adolescência e ao Conselho Tutelar a relação nominal dos estudantes
menores de quatorze anos, regularmente matriculados, que se
ausentarem da unidade de ensino por mais de três dias seguidos no
mês, a fim de evitar a evasão e a reprovação, conforme a legislação
em vigor;
XXXVII - zelar pela qualidade da alimentação escolar e criar
mecanismos de acompanhamento e controle do estoque, evitando
desvios dos gêneros, bem como comunicando ao setor competente
qualquer irregularidade detectada;
XXXVIII - realizar a gestão dos recursos tecnológicos e de consumo da
escola para otimizar os processos administrativos e pedagógicos;
XXXIX - articular a relação entre a escola e a Secretaria de Educação;
XL - articular a relação entre a escola e a comunidade;
XLI - formular e adotar medidas normativas e regulamentares
condizentes com os objetivos da escola;
XLII - articular, organizar e supervisionar as ações de todos os
segmentos da comunidade escolar no cumprimento da função social
da escola;
XLIII - assegurar o processo participativo de tomadas de decisões e
zelar para que essas ações se convertam em ações concretas;
XLIV - conhecer a legislação educacional e de ensino, as normas
emitidas pela Secretaria de Educação e o Regimento Escolar,
assegurando seu cumprimento;
XLV - coordenar o trabalho da Secretaria da Escola, zelando pela
organização, atualização e conservação da documentação e
escrituração escolar;
XLVI – conferir, expedir e assinar documentos escolares, em
concordância com as Diretrizes e/ou Resoluções do Conselho
Estadual de Educação;

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XLVII - divulgar os objetivos e metas da escola, assim como
acompanhar o desempenho dos estudantes e apresentar os resultados
à comunidade escolar;
XLVIII - monitorar os registros de frequência, conteúdos programáticos
e notas no Sistema de Administração das Escolas Públicas – SIAEP;
XLIX - planejar intervenções pedagógicas a partir da análise dos
relatórios emitidos pelo SIAEP;
L - zelar pela observância deste Regimento, bem como pelas
determinações legais emanadas dos Conselhos Nacional e Estadual
de Educação e da Secretaria de Estado da Educação;
LI - identificar, para viabilização do Projeto Político Pedagógico,
diversas formas de financiamento e suas fontes coerentes com a
gestão pública, e delas fazer uso, elaborando planos e projetos,
acompanhando-os e avaliando-os junto ao Colegiado Escolar;
LII - planejar, controlar, acompanhar e avaliar, junto com o Colegiado
Escolar e a Caixa Escolar, a administração dos recursos financeiros e
o controle fiscal;
LIII - prestar contas dos recursos financeiros à comunidade escolar e
aos órgãos competentes;
LIV - disponibilizar o acesso aos documentos normativos da escola a
toda comunidade escolar;
LV - fornecer as informações solicitadas no Censo Escolar da
Educação Básica;
LVI - preencher e atualizar anualmente as informações constantes em
cada um dos quatro cadastros do sistema Educacenso;
LVII - conferir os dados preliminares do Censo publicados no Diário
Oficial da União e, caso seja necessário, proceder às correções dentro
dos prazos legais no sistema Educacenso.
Art. 120 - Ao (À) Gestor (a) a Auxiliar compete:
I - representar ou substituir o (a) Gestor (a) Geral em sua ausência e/ou
impedimentos;
II - desenvolver, em conjunto com o (a) Gestor (a) Geral, todas as
atribuições que lhe são afetas.

Diante do exposto para caracterizar o papel e perfil da gestão escolar,


torna-se relevante lembrar que cabe à gestão, o qual, entre muitas ações, de
coordenar a elaboração e execução da proposta pedagógica, garantir condições
necessárias para efetivação do trabalho de cada docente, articular e estabelecer
relações de parceria entre a escola, as famílias e a comunidade, além de gestar
e promover a cultura de paz nos espaços escolares.

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3. DIMENSÕES DA GESTÃO ESCOLAR

No âmbito dos processos de organização e gestão escolar, a Constituição


Federal, em seu artigo 208, inciso VII, e a LDB nº 9.394/96, em seu artigo 15º,
assegura à gestão escolar a autonomia nas dimensões administrativa,
pedagógica e financeira. Vale ressaltar que a autonomia é sinônimo de
responsabilidade individual e coletiva com envolvimento da comunidade escolar
para alcance das metas estabelecidas. Portanto, ter autonomia significa também
que a escola está inserida num processo que envolve o sistema educativo, a
comunidade escolar e suas relações internas e externas.
Esses pressupostos servem como objeto de reflexão em nosso diálogo
sobre a gestão escolar, uma vez que são pelas dimensões da gestão que a
escola assegura sua autonomia e efetivação das ações pedagógicas, cujos fins
estão atrelados à dimensão social de formação do cidadão. Dessa forma, a
discussão das dimensões da gestão escolar nos permite aprofundar o
conhecimento acerca do trabalho de organização da escola, focalizando o
exercício da autonomia pedagógica em suas diversas dimensões.
A prática da autonomia demanda, por parte dos gestores e das gestoras
da escola e de sua comunidade bem como dos responsáveis e agentes do
sistema de ensino, um amadurecimento caracterizado pela confiança recíproca,
pela abertura, pela transparência, pela ética e pela transcendência de vontades
e interesses em nome de uma educação de qualidade para os estudantes e
também em uma autoridade intelectual, política e social. Isto é, uma autoridade
que se configura em um saber conceitual e técnico, na descentralização do
poder, no compartilhamento das tarefas e nas tomadas de decisão, produzindo
resultados que visem à melhoria e qualidade do processo de ensino e
aprendizagem.
Para Veiga (1998, p.15), “a autonomia é questão fundamental numa
instituição educativa, envolvendo quatro dimensões básicas, relacionadas e
articuladas entre si”. Estas dimensões implicam em direitos e deveres e,
principalmente, um alto grau de compromisso e responsabilidade de todos os
segmentos da comunidade escolar, a saber:

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Figura 2- Dimensões da Gestão Escolar

Fonte: (VEIGA, 1998, p. 16)

A Dimensão Pedagógica refere-se à autonomia da escola, no conjunto


das suas relações, deliberar sobre a aprendizagem e o ensino. É condição
necessária para o trabalho de elaboração, desenvolvimento, avaliação e revisão
do projeto político pedagógico da escola e também de fundamental importância
para a gestão das atividades pedagógico-curriculares.
Conforme o autor Paro (2001), a Gestão Pedagógica deve ser
compreendida como a liberdade que a escola tem para escolher os
conteúdos e os métodos de ensino, sem a qual fica comprometido o caráter
pedagógico de sua intervenção escolar, no qual a participação da
comunidade escolar se configura como importante passo para a
democratização dos processos decisórios da escola por meio do
compartilhamento de ideias e ações.
Isso significa que a escola, para cumprir sua missão de modo a
corresponder à qualidade esperada, precisa dispor das condições essenciais à
realização de seu trabalho e, apesar de todas as dimensões serem fundamentais
para que a escola produza os resultados esperados, ressaltamos que o principal
objetivo da missão escolar está relacionado à sua dimensão pedagógica.
A Dimensão da Gestão Administrativa impede que a escola seja
submetida a uma administração na qual as suas decisões sejam tomadas

17
fora dela e por pessoas que não conheçam a sua realidade, fazendo da
comunidade escolar uma simples executora de projetos elaborados em
gabinetes. A autonomia administrativa cria várias possibilidades, como a
constituição dos conselhos escolares, a atualização e emissão da
documentação e escrituração escolar e a construção, aprovação e efetivação
do plano de gestão que envolve os serviços com pessoal, comunicação,
materiais e equipamentos.

As atividades desenvolvidas pela gestão administrativa


representam indispensável apoio ao trabalho docente, visando
melhores condições físicas e materiais na execução das ações
pedagógicas. Por meio de um trabalho coletivo, a gestão
administrativa passa a ser vista como uma organização viva que
atua empregando recursos disponíveis, cujas diretrizes são
fundamentadas pelo Regimento Escolar. (MARANHÃO, 2021, p.
38)

Esta também é presente na rotina organizacional da escola e são


importantes meios de gestão em busca dos fins propostos no Projeto Político
Pedagógico - PPP. Essas rotinas no campo da gestão administrativa
representam meios que asseguram aos profissionais da educação condições
para o desenvolvimento do trabalho e garantem qualidade de ensino no espaço
escolar.
Nesta dimensão, cabe à escola organizar a rotina de trabalho técnico-
administrativo como uma prática aliada às ações propostas no PPP da escola,
superando a velha prática que separa o pedagógico do administrativo. As
atividades desenvolvidas pela gestão administrativa representam indispensável
apoio ao trabalho docente, visando melhores condições físicas e materiais na
execução das ações pedagógicas.
Por meio de um trabalho coletivo, a gestão administrativa passa a ser vista
como uma organização viva que atua empregando recursos disponíveis, cujas
diretrizes são fundamentadas pelo Regimento Escolar. Sabe-se que a
participação do cidadão e o exercício da cidadania na gestão da escola estão
diretamente relacionados a um processo mais amplo de democratização da
sociedade.
A Dimensão Financeira está diretamente relacionada à gestão dos
recursos financeiros recebidos pela escola e à participação da comunidade
escolar, por meio das instituições, nas ações de planejamento, execução e
18
prestação de contas dos recursos públicos. Esses recursos precisam ser
aplicados onde são necessários, sempre visando a melhoria da qualidade do
processo de ensino e aprendizagem dos/as estudantes. E para que isso
aconteça, o planejamento de gastos deve estar alinhado com o Projeto Político
Pedagógico (PPP), pois as metas e objetivos definidos nesse documento vão
sinalizar de que forma esses recursos deverão ser investidos para o bom
funcionamento da escola.
A Dimensão Jurídica diz respeito à possibilidade da escola elaborar suas
próprias normas e orientações escolares, como matrícula, transferência de
estudantes, admissão de professores, etc. Mesmo estando vinculada à
legislação dos órgãos centrais, a instituição escolar deve policiar-se no sentido
de não se tornar numa instância burocratizada, descaracterizando seu papel de
proporcionar aos educandos, mediante um ensino efetivo, os instrumentos que
lhes permitam melhores condições de participação cultural, profissional e sócio-
política.

19
4. GESTÃO DEMOCRÁTICA E PARTICIPATIVA: Trabalho Colaborativo

Na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 9.394/96, nos


Artigos 14 e 15, disciplinam a Gestão Democrática deixando claro que todos os
segmentos da comunidade escolar devem estar envolvidos nas decisões e nas
atividades de gestão escolar.

Art. 14 - Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão


democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as
suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I participação
dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da
escola; II. Participação das comunidades escolar e local em conselhos
escolares ou equivalentes.
Art. 15 - Os sistemas de ensino assegurarão às unidades escolares
públicas de educação básica que os integram progressivos graus de
autonomia pedagógica e administrativa e de gestão financeira,
observadas as normas gerais de direito financeiro público. (BRASIL,
1996).

A concepção de Gestão Democrática da educação está


indissociavelmente vinculada ao estabelecimento de mecanismos legais e
institucionais de participação política e à organização de ações voltadas para a
participação social. Trata-se de uma concepção segundo a qual a atuação
política da população tem papel fundamental na formulação das políticas
educacionais, em seu planejamento, na tomada de decisões e na definição de
onde, quando e como utilizar os recursos públicos.
Desse modo, tornar realidade a Gestão Democrática da escola, como um
dos princípios constitucionais, requer a participação de toda a comunidade
escolar e de lideranças comprometidas com este novo modo de gerenciar a
escola.
O processo de construção coletiva possibilita à escola uma reflexão de
sua prática cotidiana, eliminando decisões centralizadas, cedendo espaço ao
exercício da autonomia do cidadão, comprometendo-o com o processo
educativo. Construir coletivamente requer participação. A Democracia implica
participação, entendida como um processo no sentido legítimo do termo:
infindável, em constante vir a ser, sempre se fazendo [...], é em essência
autopromoção e existe enquanto conquista processual. Não existe participação
suficiente nem acabada. Participação que se imagina completa, nisto mesmo
começa a regredir. (DEMO, 1996)

20
Este processo de gestão busca alcançar uma unidade com a participação
de todos por meio do diálogo e do compartilhamento do processo de tomada de
decisões, num esforço coletivo para a melhoria da qualidade da aprendizagem.
A Gestão Democrática é concretizada na escola por meio da atuação dos
Órgãos Colegiados descritos a seguir e todos juntos são responsáveis pelo
trabalho colaborativo.

• 4.1 Colegiado Escolar


É um órgão constituído por representantes dos diversos segmentos da
comunidade escolar (pais ou responsáveis, estudantes, professores e demais
servidores), eleitos democraticamente a cada biênio, objetivando a participação
nas decisões da escola, nos âmbitos administrativo, político, pedagógico e
financeiro. “Emite opiniões, toma decisões, elabora diagnóstico, fiscaliza, apoia,
promove e estimula a comunidade escolar em busca da melhoria da qualidade
do ensino” (MARANHÃO, 2016, p. 3)
Portanto, o Colegiado Escolar é um instrumento de democratização das
decisões, permitindo a vivência democrática de ideias, de necessidades comuns,
de alternativas discutidas e partilhadas coletivamente. Representa um espaço
de participação e decisão, discussão e negociação das demandas educacionais,
propiciando o exercício da cidadania participativa ao definir os rumos e as
prioridades da escola.
Os princípios de atuação do Colegiado Escolar:

● Participação na: ação dialógica, mobilização, organização e


transformação;
● Autonomia reafirmada no (a): autoconhecimento e autogestão;
● Compartilhamento de decisões em harmonia com a Gestão Escolar
e responsabilização;
● Parceria formalizada na: interação, construção coletiva,
corresponsabilidade e cooperação;
● Democratização em função do (a): reconhecimento do direito,
compartilhamento do poder, acesso às informações e socialização de
decisões.

21
4.1.1 Funções do Colegiado Escolar

O Colegiado Escolar busca o exercício permanente de construção de


práticas pedagógicas coletivas, exercendo uma função de natureza pedagógica
e política, fundamental na construção de uma escola democrática e autônoma.
Vejamos então, as funções deste órgão.
A Função Deliberativa elabora normas para a organização e
funcionamento da escola, contribui com o Projeto Político Pedagógico, aprova e
toma decisões relativas às ações pedagógicas, administrativas e financeiras,
incluindo gerenciamento dos recursos públicos destinados à unidade escolar. As
atribuições relativas à esta função são:
● Analisar e aprovar o Plano de Gestão da Escola;
● Participar da definição do calendário escolar, contemplando os
interesses e necessidades da escola;
● Apreciar e emitir parecer sobre desligamento de um ou mais
membros do Colegiado Escolar, quando não houver o cumprimento
das normas estabelecidas no estatuto do Colegiado Escolar;
● Examinar e aprovar o Plano de Aplicação, apresentado pelo
presidente da Caixa Escolar e Prestação de Contas dos recursos
financeiros repassados à escola;
● Fixar normas de funcionamento do Colegiado Escolar;
● Participar da elaboração do Projeto Político Pedagógico da escola.

A Função Consultiva ocorre quando assessora a gestão escolar sobre


questões encaminhadas pelos diversos segmentos da escola. As atribuições
relativas à esta função são:

● Opinar sobre assuntos de natureza pedagógica, administrativa e


financeira que lhe forem submetidos à apreciação pela gestão da
unidade escolar;
● Acompanhar a proposta curricular, bem como analisar o desempenho
dos estudantes da unidade escolar para propor o planejamento das
atividades pedagógicas, com base nas Diretrizes Curriculares
emitidas pela Secretaria Estadual de Educação;

22
● Planejar a utilização do espaço físico, do material didático-
pedagógico e da formação do quadro de pessoal da escola;
● Opinar sobre o planejamento global e orçamentário da escola
exposto pelo presidente da Caixa Escolar e deliberar sobre suas
prioridades, para fins de aplicação de recursos a ela destinados.

As Funções Fiscalizadora e Avaliativa, são responsáveis pela


elaboração de documentos no processo de diagnóstico, acompanhamento e
avaliação das ações da escola (pedagógica, administrativa e financeira) para
garantir o cumprimento das normas e um ambiente social de qualidade no
cotidiano escolar. Ao final de cada ano letivo, acompanha e avalia o
desenvolvimento do Projeto Político Pedagógico. As atribuições relativas à estas
funções são:

● Acompanhar os indicadores educacionais: evasão, aprovação,


reprovação;
● Ações pedagógicas e socioeducativas para a melhoria do processo
educativo da escola;
● Acompanhar o cumprimento do calendário escolar elaborado pela equipe
pedagógica e participar da elaboração de calendário especial, quando
necessário, conforme orientações da Secretaria de Estado da Educação;
● Acompanhar e avaliar por meio de comissão especial a frequência do
corpo docente e administrativo, em casos de eventuais irregularidades ou
necessidades;
● Acompanhar a realização do Censo da Unidade Escolar, assim como os
processos administrativos e as inspeções instauradas na escola;
● Acompanhar e analisar o plano de aplicação específico apresentado pelo
presidente da Caixa Escolar, para cada recurso financeiro alocado à
escola, zelando por sua correta aplicação, observando os dispositivos
legais pertinentes;
● Acompanhar a execução das obras de ampliação, pequenos reparos e
reforma do prédio escolar, compatibilizando a planilha com os trabalhos
realizados.

23
A Função Mobilizadora apoia, promove e estimula as comunidades
escolares nas mais diversas atividades, buscando a vivência democrática, a
melhoria da qualidade do ensino, do acesso, da permanência e da aprendizagem
dos estudantes. As atribuições relativas à esta função são:

● Criar mecanismos para estimular a participação da comunidade


escolar e local na elaboração do Projeto Político Pedagógico,
promovendo a divulgação;
● Incentivar o desenvolvimento das atividades voltadas para a cultura
literária, artística e desportiva da comunidade escolar;
● Contribuir com a Gestão da escola nos esforços para captação de
recursos financeiros via Caixa Escolar;
● Articular junto à comunidade escolar e local ações de preservação e
conservação do patrimônio da escola;
● Contribuir com a realização de eventos pedagógicos, culturais e
comunitários que favoreçam o respeito ao saber do estudante e
elevem o nível intelectual, técnico e político dos diversos segmentos
da comunidade escolar;
● Incentivar seus pares a participarem de atividades de formação
continuada, além de promover relações de cooperação e intercâmbio
com outros Conselhos/Colegiados Escolares.

• 4.2 Conselho de Classe

No processo de gestão democrática é necessário que a escola institua o


Conselho de Classe, visando o acompanhamento e desenvolvimento do
processo de ensino e aprendizagem do estudante, caracterizando-o como
espaço de avaliação permanente e coletiva do trabalho escolar e como
instrumento de democratização das relações escolares, favorecendo dessa
forma a integração entre gestão, professor, estudante e família, tornando a
avaliação dinâmica, processual, coesa e reflexiva.
O Conselho de Classe, diante de suas atribuições, deverá conduzir a uma
modificação das relações, possibilitando uma gestão democrática e um espaço

24
avaliativo que deve ser entendido como uma excelente oportunidade de rever as
práticas pedagógicas por meio de discussões sistemáticas acerca dos avanços
e necessidades do estudante.
Portanto, o Conselho de Classe não deve ser constituído com o objetivo
de discutir notas, mas de discutir estratégias de intervenção pedagógica e
avaliação do cotidiano escolar, a partir da socialização das práticas pedagógicas,
metodologias e instrumentos de coleta de dados utilizados em sala de aula,
capazes de reconfigurar o conhecimento, de reverem as relações pedagógicas
alternativas e contribuirem para alterar a própria organização do trabalho didático
pedagógico presente no projeto Político Pedagógico da escola e do Regimento
escolar.
O Conselho de Classe deverá reunir-se, ordinariamente, 4 (quatro) vezes
durante o ano letivo, sempre após o término de cada período. Poderão, ainda,
ser realizadas reuniões em caráter extraordinário, conforme necessidade. As
datas das reuniões deverão constar no Calendário Escolar Anual.
O Conselho de Classe será constituído de três momentos: Pré-Conselho,
Conselho de Classe e Pós Conselho. A organização, acompanhamento e
monitoramento dessas etapas cabem à equipe pedagógica da escola. Enquanto
instância colegiada, essa equipe se preocupa com processos avaliativos
capazes de reconfigurar o conhecimento, de rever as relações pedagógicas
alternativas e contribuir para alterar a própria organização do trabalho
pedagógico presente no Projeto Político Pedagógico da escola.
O Conselho de Classe é fruto de um processo coerente e efetivo de
construção coletiva e tem papel decisivo na democratização da educação na
escola, considerando que reúne diretor, professor, funcionário, estudante, família
e representantes da comunidade para discutir, definir e acompanhar o
desenvolvimento da Proposta Pedagógica.
É importante reafirmar que o Conselho de Classe é uma ferramenta de
gestão democrática da educação para a construção da cidadania, sendo o
estudante o foco desse processo. É o órgão colegiado responsável pelo
processo coletivo de acompanhamento e avaliação do ensino e aprendizagem
dos estudantes. A sua principal finalidade é intervir em tempo hábil no processo
de ensino, oportunizando ao estudante formas diferenciadas de apropriar-se dos
conteúdos.

25
A gestão escolar deve assegurar a participação dos professores da série,
professores tutores, líderes de turma e equipe gestora no Conselho de Classe.
Neste momento, serão discutidos e pactuados entre os conselheiros e os líderes
de turma os encaminhamentos para a superação de dificuldades e/ou
fortalecimento daquilo que foi identificado como bem-sucedido. Faz-se
necessário a explicação da função do líder de turma, que é apresentar o
documento elaborado junto à sua turma para os demais participantes.
Imediatamente após a realização do Conselho de Classe, o professor
tutor apoia o líder de turma na organização dos pontos discutidos e apresentados
pelos conselheiros, bem como o posicionamento acerca dos pontos
apresentados a partir da avaliação da turma (MARANHÃO, 2022b). Este
momento de pós-conselho deve ser realizado em sala de aula com a condução
dos professores tutores e líderes de turma.

• 4.3 Líderes de Turma

A liderança é um importante exercício do protagonismo estudantil pois é


nesse processo que os:

[...] estudantes se colocam a serviço da melhoria dos resultados de


aprendizagem de sua turma, confirmando sua atitude solidária em não
ser indiferente e fazer parte da solução dos problemas identificados.
Também atuam ativamente no processo porque aprendem a fazer
análises do tipo causa-consequência no contexto da sala de aula,
fazem escolhas sobre seguir ou não o que foi pactuado no Conselho,
por exemplo, e aprendem a responder pelo que decidem. (ICE,2021,
p.23)

Dessa forma, o líder contribui para a melhoria da comunicação entre a


sua turma, professores e gestão escolar. Para tanto, é necessário compreender
que a escolha desse representante deve levar em consideração o perfil ético e
solidário para que o diálogo aconteça de forma saudável e resolutiva.
O perfil de liderança, na perspectiva protagonista, deve levar em
consideração os seguintes aspectos: proatividade, espírito de coletividade,
resolutividade e compromisso, a fim de garantir a melhoria do processo de
ensino e aprendizagem apresentando propostas e soluções que visem um bom
convívio coletivo no espaço escolar.

26
O termo protagonismo tem estado cada vez mais presente na escola e,
enquanto conceito, define-se pela proatividade dos estudantes em
desenvolverem um papel ativo e criativo no ambiente escolar e na sua vida
social, articulando a partir de sua autonomia, soluções e decisões para
problemas que afetam o seu cotidiano.
Na escola, convém, portanto, a utilização do termo protagonismo
estudantil, considerando o engajamento do educando no processo de ensino-
aprendizagem, envolvendo desde a expressão de opiniões como também sua
participação no planejamento das atividades, projetos, reuniões, tornando-se
assim um agente ativo na construção do seu próprio conhecimento.
Uma das principais características do protagonismo estudantil é a
autonomia, que estimula a responsabilidade com a dinâmica da escola,
apoiando, sobretudo, na efetivação do projeto de vida do estudante.
A Escola se transformou com a inclusão das competências gerais
definindo o desenvolvimento de habilidades para o ciclo formativo dos
estudantes, expressando o rompimento com o ensino conteudista e permitindo
que o educando se reconheça em seu contexto sociocultural, sendo crítico,
colaborativo e atento à identificação de problemas, mas com possibilidades de
sugerir soluções.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) sugere que as escolas
adotem práticas pedagógicas que insiram o estudante no processo de
aprendizagem por meio de metodologias que estimulem a investigação, o
diálogo, a resolução de problemas e a tomada de decisões. Dessa forma, orienta
que os professores estejam preparados para apoiá-los, criando um ambiente
seguro e acolhedor para o desenvolvimento da aprendizagem que se tornará
ainda mais significativa.
Segundo DEMO (2020) a participação do estudante enquanto
protagonista de sua aprendizagem não desqualifica o professor, ao contrário,
valoriza sua função curadora e mediadora, fortalecendo a ação autoral do
educando na construção do conhecimento. Para Freire,

A tarefa fundamental do educador e da educadora é uma tarefa


libertadora. Não é para encorajar os objetivos do educador e as
aspirações e os sonhos a serem reproduzidos nos educandos,
mas para originar a possibilidade de que os educandos se
tornem donos de sua própria história. É assim que eu entendo

27
a necessidade que os professores têm de transcender sua
tarefa meramente instrutiva e assumir a postura ética de um
educador que acredita verdadeiramente na autonomia total,
liberdade e desenvolvimento daqueles que ele ou ela educa
(FREIRE, 2001, p.78).

Dessa forma, o protagonismo estudantil contribui para um ambiente


escolar mais democrático e participativo, criando um sentimento de
pertencimento e valorização na construção de uma escola melhor, que atende
às expectativas de aprendizagens significativas no contexto educacional e
corroborando para a formação integral do estudante.
O protagonismo se relaciona ainda à diversidade e à inclusão, uma vez
que a BNCC reconhece a importância de se valorizar a diversidade cultural,
étnico- racial, gênero, orientação sexual entre outras. Essas questões podem ser
trabalhadas de forma transversal nas diferentes áreas de conhecimento,
fortalecendo a participação do estudante na construção de uma sociedade mais
igualitária, com respeito e valorização das diferenças.

• 4.4 Grêmio Estudantil

É o órgão de representação máxima da organização coletiva do corpo


discente da escola, de forma que as reivindicações, ideias e os anseios dos
estudantes sejam expostos de maneira organizada e representativa. Ele é a
organização para que os estudantes discutam, criem e fortaleçam inúmeras
possibilidades de ação, tanto no próprio ambiente escolar, como também na
comunidade.
Os princípios básicos que norteiam este órgão são: Representação,
Participação, Disciplina e Diálogo. A partir de Martins (2013), podemos
compreender a representação como um conceito complexo, que envolve
responsabilidade, poder, distância e tensão entre representantes e
representados. A participação tem por base o envolvimento dos estudantes e é
entendida como processo de interação que resulta na criação de espaços
coletivos (FERREIRA, 2011).
O diálogo é compreendido a partir da ideia de falar com (e não para) o
outro, como troca que possibilita enriquecimento e verdadeiro pensar, como
afirma Paulo Freire (2005), e a disciplina como um “conjunto de normas que

28
tornam possível a convivência relativa à organização escolar e ao respeito entre
todos os seus membros” (MASSAGUER, 2002).
Aceitamos que estes princípios possibilitam a análise, construção de
consensos e a compreensão/o enfrentamento de conflitos a partir de uma
perspectiva positiva de resolução.
O Governo do Maranhão, por meio da SEDUC, criou o Programa Mais
Grêmios com o objetivo de incentivar e fortalecer o protagonismo e a participação
estudantil na gestão escolar da rede pública estadual, inserindo o estudante no
campo do debate das políticas públicas, tendo como foco as políticas
educacionais. Diante disso, o gestor escolar deve apoiar os estudantes e sua
liberdade de organização e garantir a efetivação dos Grêmios Estudantis.
Desse modo, a criação de um grêmio deve favorecer na escola um
ambiente que estimule a participação estudantil nas decisões das escolas,
fomentando o protagonismo juvenil. Assim, é necessário que haja a promoção
de ações que despertem:

● O sentimento de equipe e a socialização das informações;


● O surgimento de novas lideranças;
● A comunicação dos estudantes entre si e com os outros participantes;
● Aumento da autoestima dos estudantes;
● A valorização de habilidades e conhecimentos desconsiderados na
avaliação formal.

Segundo a Cartilha de Orientações Eleição Unificada de Grêmios


Estudantis das Unidades de Ensino da Rede Pública do Estado do Maranhão
(2020), temos as seguintes Atribuições do Grêmio Estudantil:

● Representar condignamente o corpo discente;


● Defender os interesses individuais e coletivos dos estudantes da
escola;
● Incentivar a cultura literária, artística e desportiva de seus membros;
● Promover a cooperação entre administradores, funcionários,
professores e estudantes no trabalho escolar, buscando seus
aprimoramentos;

29
● Realizar intercâmbio e colaboração de caráter cultural e educacional
com outras instituições;
● Lutar pela democracia permanente por meio do direito de
participação nos fóruns internos de deliberação da escola.

Ademais, o Grêmio Estudantil representa os estudantes com objetivo


perene de construção de espaços escolares democráticos, como também na
inserção política e social dos estudantes nos diversos movimentos sociais e
organizações, em particular, nas discussões e proposições em torno da
Educação pública, gratuita e de qualidade e dos direitos fundamentais no
exercício da cidadania.

30
5. A GESTÃO ESCOLAR E O PLANEJAMENTO DE ENSINO

O Planejamento Educacional é a metodologia de enfoque racional e


científico dos problemas relacionados à educação, compreendendo o sentido de
prioridades e levando em conta a afinidade entre os distintos níveis do contexto
educacional. Cabe destacar a relevância social do planejamento e de suas
contribuições para a educação, especialmente para a formulação e
implementação de políticas públicas no Brasil após a Constituição Federal de
1988.
Refletir sobre o planejamento educacional na perspectiva do cotidiano
escolar, reporta-nos à essencialidade humana da atividade de planejar, tendo
em vista a reflexão e a intencionalidade.
A reflexão exigida no planejamento conduz nosso olhar para a realidade
da escola. Realidade essa, constituída pelas dimensões física, cultural,
pedagógica, social e política. Importante é que, para o alcance dos objetivos
estabelecidos no planejamento, não haja descuido da ideia de que o
planejamento é também um ato político. Nesse sentido, a reflexão em torno das
práticas pedagógicas e do compromisso social da escola pública são atitudes
importantes requeridas para os sujeitos sociais que interagem como
protagonistas na dinâmica das instituições escolares.
A ideia de planejamento está associada ao que desejamos realizar,
transformar e até mesmo manter. Isto porque as concepções sobre
planejamento tanto podem estar ligadas a ideias de transformação como às de
manutenção da realidade ou situações existentes. (SANT’ANNA, ENRICONE,
ANDRÉ e TURRA,1995).
As demandas da gestão escolar relacionadas ao planejamento remetem-
nos à estrutura organizacional da escola, tendo em vista seu entendimento como
um espaço de compartilhamento de significados, de conhecimentos e de ações
entre as pessoas. Entendida ainda, conforme Libâneo (2001), como comunidade
democrática de aprendizagem, que transforma a escola em lugar de
compartilhamento de valores e de práticas, por meio do trabalho coletivo que
busca a efetividade do processo de ensino e aprendizagem, à medida que
garante as condições de funcionamento da escola.
Gandin (1983) define o ato de planejar enquanto ação que exige organizar
31
ou delimitar a própria ação realizada. Portanto, o ato de planejar está
intimamente ligado a movimentos organizacionais presentes na realidade
vivenciada.
As particularidades ou as peculiaridades presentes em cada realidade
indicarão por qual caminho o planejamento deve seguir, quais objetivos a serem
traçados, quais as metodologias mais adequadas a serem empregadas para a
superação das dificuldades e a promoção da educação de qualidade.

• 5.1 O Planejamento no cotidiano escolar

O planejamento no cotidiano escolar deve então contemplar ações que


possibilitem à escola a melhoria e qualidade do processo de ensino e
aprendizagem. Para tanto, relaciona-se automaticamente com o ato de reflexão,
no sentido de repensar a prática, buscando articular experiências vindas das
ações vivenciadas, avaliando e ressignificando essas ações de acordo com as
necessidades ou interesses da comunidade escolar, sendo, portanto, um
elemento integrador, assumindo um importante papel na articulação entre as
tarefas da escola, as necessidades do contexto social e o processo de
participação democrática.
Nessa perspectiva, o planejamento é um processo em que se estabelece
para aonde ir e quais as maneiras adequadas de chegar lá, tendo em vista a
situação presente e as possibilidades futuras, de modo que a educação atenda
tanto às necessidades do desenvolvimento da sociedade, quanto às do
indivíduo.
No âmbito escolar, há três modalidades de planejamento articuladas entre
si: a Proposta Pedagógica, o Plano Anual de Ensino e o Plano de Atividade
Docente, todos sustentados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais, Estaduais
ou Municipais. São indispensáveis para a organização do trabalho escolar, pois
preveem ações de monitoramento e avaliação com vistas aos ajustes
necessários.
Do planejamento escolar, resultam os planos de ação, os quais
estabelecem os caminhos que possam direcionar mais apropriadamente a
execução das ações educativas. Na perspectiva da gestão escolar democrática,

32
este planejamento possui caráter interativo ou dialógico, flexível, é caracterizado
pela participação e organizado seguindo algumas etapas, conforme a seguir:

● Diagnóstico e análise da realidade da escola: utilização de


informações reais e atualizadas que permitam identificar as
dificuldades existentes e as causas que as originam, em relação aos
resultados obtidos até então;
● Definição de objetivos e metas que compatibilize a política
educacional, as diretrizes da rede e as intenções, expectativas e
decisões tomadas pela equipe escolar;
● Definição de ações, atividades e projetos a serem desenvolvidas em
função de prioridades elencadas pela equipe e compatibilização com
os recursos disponíveis (elementos humanos e recursos materiais e
financeiros).

Desta forma, o principal objetivo do planejamento é a melhoria contínua


das ações pedagógicas, e o plano de ação norteia as metas de curto, médio e
longo prazo para este fim. O mesmo resulta do planejamento, que é utilizado
para o registro das decisões sobre o quê, quem, como, quando e por que se
pensa fazer na escola, bem como representa um momento de discussões em
torno das finalidades e objetivos de aprendizagens. É uma etapa necessária em
que se identificam as demandas dos estudantes e intensificam-se os esforços
para a superação dos desafios.

5.1.1 O Plano de Trabalho da Gestão Escolar e Supervisão

O objetivo da gestão escolar é promover ações que viabilizem o


funcionamento adequado e a participação na escola, o sucesso do processo de
ensino aprendizagem, as relações de parcerias com as famílias, educandos e
demais organizações sociais. Muitos são os comprometimentos assumidos
pelos gestores escolares: tomar decisões, estabelecer metas e linhas de ação,
definir mecanismos de análise dos resultados, viabilizar os processos de
comunicação clara e transparente, gerir a participação e construir autonomia
coletivamente, entre outras.

33
Com tantas demandas, o gestor precisa de organização para garantir o
bom gerenciamento do cotidiano escolar. O Plano de ação da escola é o
instrumento que subsidia a construção do Plano de trabalho da gestão, tendo
em vista não perder de vista as ações que estarão acontecendo, de forma a
garantir que as mesmas sejam efetivas quanto às metas e aos objetivos
propostos no Plano de ação da escola.
Assim como a gestão escolar, a Supervisão precisa garantir o bom
desenvolvimento das ações dentro de sua área de atuação seguindo o
planejamento.
O plano de trabalho da Supervisão é o documento em que se registram
as atividades, os objetivos e as tarefas necessárias nesta área de atuação da
escola. Está diretamente relacionado com o alcance de propósitos educativos,
permitindo a organização das ações a serem desenvolvidas e a execução das
mesmas de acordo com os tempos definidos no calendário escolar e no plano
de ação da instituição. Tendo em vista as várias ações a serem desenvolvidas
pela supervisão ao longo do período letivo, o plano de trabalho será atualizado
constantemente de acordo com as atividades que serão executadas.
Outrossim, sem desconsiderar a importância das demais funções, uma
das funções primordiais da supervisão ou apoio pedagógico é a de acompanhar
e avaliar os planos de ensino e propor intervenções para a melhoria das práticas
escolares oriundas das reuniões de planejamento e de formação continuada.
(MARANHÃO, 2020).
Portanto, as atividades de orientação, supervisão e acompanhamento do
currículo e da proposta educacional compreendem etapas essenciais da
organização do trabalho pedagógico e das rotinas da gestão. Nesse sentido, a
gestão escolar, o planejamento e o currículo caminham juntos para a
consecução dos objetivos de aprendizagens, envolvendo, ainda, a habilidade de
gerenciar os recursos e de mobilizar equipes para o planejamento da ação
educativa. (MARANHÃO, 2021)
Em 2022, através do processo de escuta dos Ciclos de Acompanhamento
Formativos - CAF’s, o planejamento escolar foi evidenciado como sendo um dos
principais pontos de atenção para o alinhamento das ações escolares. Em face
disso, as escolas da rede estadual deverão organizar um dia por mês, dentro da
semana de serviço, para as reuniões mensais de planejamento, no intuito de

34
alinhar ações entre os professores da Formação Geral Básica e da Parte
Diversificada do Currículo (MARANHÃO, 2023).

5.1.2 O Plano de Ação

Por meio do plano de ação, definem-se metas, propostas de ação e do


currículo a serem trabalhadas diante dos resultados educacionais projetados
pela escola como um todo.
No plano de ação, determina-se o que se quer atingir, como fazer e onde
se quer chegar. Esse documento concentra ações efetivas para verificar em que
medida os estudantes estão aprendendo, como as aprendizagens estão
acontecendo e quais as intervenções necessárias. A partir de um diagnóstico
inicial, é possível verificar os níveis de aprendizagem e identificar quais
dificuldades apresentam. Assim, é possível planejar as intervenções mais
adequadas.
O documento contempla diversos atores da escola para as discussões
coletivas sobre formação dos profissionais, sobre os indicadores educacionais e
a revisão de metodologias de ensino. Isso contribui para a formação de uma
cultura avaliativa, com foco na gestão dos resultados de aprendizagem.
Para a elaboração do plano de ação, é necessária a escuta da equipe
escolar que deverá atuar na elaboração, execução e monitoramento do plano,
fazendo ajustes constantes, visto que é um documento de acompanhamento
contínuo e deve estar acessível a todos, uma vez que traduz sua intenção
educativa.
Nesse sentido, compreendemos o plano de ação como um instrumento
de planejamento imprescindível à prática gestora, uma vez que ele colabora na
elaboração de respostas às problemáticas identificadas no contexto escolar. Sua
(re)elaboração mobiliza a participação da comunidade escolar na análise dos
resultados atuais e definição de ações futuras. Alguns elementos importantes
impulsionam essa reelaboração, entre eles a Base Nacional Comum Curricular
(BNCC) e a Sistemática de Avaliação da Rede – Portaria 2.343/2017.
O plano de ação começa a ser elaborado após a definição do diagnóstico,
missão, visão, levantamento de dados sobre recursos, necessidades e diretrizes
pedagógicas. Mas, o plano ainda não é a ação, mas sim o esboço que lança a

35
comunidade para agir, refletir e voltar a agir, por isso sugere-se o
acompanhamento das ações nas fases do planejamento, execução, avaliação e
replanejamento ou ação após checagem, aplicando a ferramenta da
administração, conforme a seguir:

Figura 3: Modelo de Plano de Ação

Fonte: SEDUC-MA

O planejamento contínuo pode acontecer por meio de um método


dinâmico que permite ações em ciclos ininterruptos, que é o PDCA (Plan, Do,
Check, Act, ou em português, Planejar, Fazer, Verificar e Agir), o qual dá início
à etapa de planejamento prosseguindo com as etapas de execução, checagem
e ajustes.

5.1.3 A Formação Continuada

A Formação Continuada para os professores surge como necessidade


constante de aprimoramento das práticas pedagógicas e inclusão de
metodologias inovadoras que primam pela qualificação do processo de ensino-
aprendizagem. Nessa perspectiva, a SEDUC - MA, visando à melhoria contínua
das práticas escolares, oferta aos profissionais da educação uma constante
rotina de formações, a qual se dá por meio de cursos, seminários, oficinas e
ciclos de palestras, no formato presencial, não presencial e semipresencial, além
do Ciclo de Acompanhamento Formativo que ocorre por unidade de ensino da
Rede Estadual de Ensino. O ponto de partida para a Formação Continuada no
ano de 2023 acontecerá com a Jornada Pedagógica, momento de acolhimento
e formação dos docentes.

36
5.1.4 A Delegação de Funções e fluxo de reuniões

O sucesso de toda ação pedagógica requer acompanhamento contínuo,


bem como uma distribuição adequada de responsabilidades. Assim, seguem as
orientações com vistas à melhoria das práticas escolares, a partir das atribuições
da equipe gestora:
O Gestor Geral deve manter uma rotina de reuniões a fim de potencializar
as equipes escolares. Assim, sugerimos que promova e lidere as agendas de
planejamento, avaliação e alinhamento com:

● O Gestor Adjunto e os Supervisores escolares (semanalmente);


● Os Estudantes e representantes do grêmio (quinzenalmente);
● Os Pais ou Responsáveis (após término de cada período letivo).

O Gestor Adjunto precisa realizar reuniões diagnósticas/avaliativas e


formativas, com pautas específicas, de acordo com a Formação Geral Básica e
Parte Diversificada do Currículo, juntamente com:

● Docentes (mensalmente).

Os Supervisores Escolares e/ou Articuladores de Itinerários


Formativos devem:

● Realizar reuniões no intuito de acompanhar o planejamento e


execução das ações do período letivo junto aos professores dos
componentes da Parte Diversificada do Currículo (mensalmente);
● Manter planilha de faltas e livro de ocorrência da turma atualizados;
● Disponibilizar e revisar os Planos das Eletivas de Base;
● Planejar e auxiliar os professores na execução do Feirão, na
Inscrição e nas Culminâncias das Eletivas de Base;
● Revisar Planos e outros instrumentos de planejamento dos docentes
junto à FGB e PD;
● Acompanhar a efetivação do currículo da FGB e PD.

37
O Presidente do Grêmio Estudantil deve:

● Realizar reuniões mensais com líderes de turma e membros das


diferentes secretarias do grêmio estudantil.

Observação: As pautas e resultados das reuniões devem ser registradas e


arquivadas para organização administrativa e pedagógica da escola
(MARANHÃO, 2023).

SUGESTÃO DE PAUTAS INICIAIS E PERIÓDICAS PARA REUNIÕES

O Gestor Geral com os líderes e representantes do grêmio


(quinzenalmente):

● Averiguar o entendimento dos estudantes sobre as características e


diferenciações entre as novas Unidades Curriculares (Eletiva de
Base, Pré-IF, Tutoria, Cultura Espanhola e Hispano-Americana,
Corresponsabilidade Social e Empreendedorismo, Aprofundamentos
e Projeto de Vida);
● Indagar estudantes sobre os principais problemas na execução da
BNCC e das novas unidades curriculares;
● Solicitar apoio no acolhimento diário, colocando como opções o
revezamento entre turmas na acolhida;
● Discutir as diferentes formas de acolhida, entre acolhidas simples e
acolhidas temáticas, podendo solicitar ao grêmio estudantil a
participação e organização desses momentos;
● Solicitar descrição dos principais problemas vivenciados pelos
estudantes na rotina escolar e solicitar apoio e sugestões para
resolução dos mesmos;
● Solicitar apoio na observação da depredação do espaço escolar;
● Solicitar apoio na organização da biblioteca e utilização da mesma;

38
● Apresentar aos estudantes a ficha de frequência diária do líder junto
a sua turma, com intuito de fornecer dados da turma e auxiliar na
busca ativa necessária contra evasão;
● Apresentar planejamento anual da escola, como: Gincanas, Feira de
Ciências e demais atividades possíveis.

O Gestor Geral com Gestor Adjunto e Supervisores escolares e/ou


Articuladores de IF:

● Diagnosticar, junto ao gestor adjunto e supervisor escolar, as principais


dificuldades administrativas, financeiras e pedagógicas para efetivação
das Unidades Curriculares e BNCC;
● Apresentar e discutir os problemas evidenciados durante a reunião com o
grêmio e líderes estudantis, com intuito de levantar soluções entre o trio
e junto aos professores durante as reuniões específicas;
● Apresentar mapa atualizado de faltas pelo supervisor escolar;
● Apresentar e acompanhar demandas da Agenda Bimestral.

O Gestor Geral com pais ou responsáveis:

● Apresentar as características da Reformulação do Ensino Médio;


● Apresentar os resultados gerais dos estudantes nas avaliações
externas (SEAMA, SAEB);
● Apresentar resultados das notas dos estudantes no período;
● Solicitar apoio no acompanhamento diário da efetivação da agenda
de estudos dos estudantes.
Para esta reunião, é importante orientar os professores que entregarão os
resultados aos pais através do:

● Boletim do período;
● Total de faltas dos estudantes;
● Caderno de notificações com ocorrências internas dos estudantes;
● Sensibilizar os responsáveis para a necessidade de
acompanhamento da vida escolar do estudante.

39
Os Gestores Adjuntos e Supervisores/AIF com professores da FGB e
PD:

● Diagnosticar, junto aos professores da FGB e PD, as principais


dificuldades para efetivação do Plano de Ensino e levantar
sugestões para resolução dos problemas;
● Apresentar e discutir os problemas evidenciados pelo Gestor Geral
junto à reunião com o grêmio e líderes estudantis, com intuito de
levantar soluções em relação às dificuldades;
● Acompanhar execução dos objetos de conhecimento previstos no
Plano de Ensino e demais instrumentos de planejamento;
● Acompanhar resultado de proficiência nos componentes de
Letramento;
● Solicitar levantamento dos sonhos dos estudantes através de
planilha com nome e turma, além da confecção da árvore dos
sonhos pelos professores de Projeto de Vida (PV);
● Acompanhar as pautas finalizadas de PV a cada 15 dias, no intuito
de garantir a efetivação de 10 pautas por período letivo;
● Diagnosticar, junto aos professores das Eletivas de Base, as
principais dificuldades para efetivação do Plano de Eletiva e
levantar sugestões para resolução dos problemas;
● Apresentar e discutir os problemas evidenciados pelo Gestor Geral
junto à reunião com o grêmio e líderes estudantis, com intuito de
levantar soluções em relação às dificuldades;
● Disponibilizar aos professores os arquivos padronizados dos Planos
de Eletivas ;
● Solicitar aos docentes os Planos das Eletivas de Base após sua
confecção;
● Indicar possíveis correções dos Planos das Eletivas após revisão
das mesmas;
● Planejamento do Feirão, Inscrição e Culminância das Eletivas de
Base, incluindo a solicitação dos materiais necessários que os
docentes indicarem para realização dessas atividades;

40
● Planejamento da consulta de escolha do Itinerário Formativo pelo
docente, em meados do 3º para o 4º período letivo.

• 5.2 O Planejamento no Trabalho Pedagógico

É preciso esclarecer que o planejamento é imprescindível no trabalho


pedagógico, pois deve ser vivenciado no cotidiano da prática social docente,
enquanto um processo permanente de reflexão. Nesse sentido, a gestão escolar
deve priorizar que este seja assegurado no ambiente escolar. Tanto a partir dos
instrumentos de planejamento quanto no processo de discussão e apropriação
das bases teóricas e metodológicas por parte dos sujeitos envolvidos.

5.2.1 O Planejamento de Ensino

O planejamento de ensino norteia as ações educativas na escola,


preocupando-se com a proposta geral de aprendizagem que a escola deve
oferecer ao estudante, por meio dos diversos componentes curriculares. “É o
processo de tomada de decisões sobre a dinâmica da ação escolar. É a previsão
sistemática e ordenada de toda a vida escolar do estudante” (VASCONCELLOS,
1995, p. 56).
Sendo o currículo a expressão dos vínculos entre a cultura e a sociedade
exterior, a escola e a educação; entre o conhecimento e a aprendizagem dos
estudantes, entre a teoria (ideias, suposições e aspirações) e a prática possível,
o mesmo pode ser entendido como o caminho para o conhecimento necessário
à aprendizagem e desenvolvimento do ser humano. É no currículo que são
sistematizados os esforços pedagógicos da escola.
Assim, o planejamento de ensino representa um instrumento importante
para a orientação da prática pedagógica do professor e a organização curricular
que se encontra prevista no Projeto Político Pedagógico da escola, que objetiva
orientar o trabalho pedagógico da sala de aula por meio da organização de um
sistema de relações lógicas e psicológicas dentro de um ou vários campos do
conhecimento.
A função mais imediata que os professores devem realizar é a de planejar

41
ou prever a prática do ensino. É o processo de decisão sobre a atuação concreta
dos professores no cotidiano de seu trabalho pedagógico, envolvendo as ações
e situações em constantes interações entre professor e alunos e entre os
próprios estudantes." (PADILHA, 2001, p. 33).
O planejamento do ensino, com seus elementos essenciais,
metodologias, recursos didáticos, projetos pedagógicos interdisciplinares,
transdisciplinares e procedimentos e formas de avaliação da aprendizagem,
traduz a identidade da escola porque apresenta a proposta de educação que se
pretende desenvolver.

5.2.1.1 O Planejamento Mensal

A escola deverá definir no calendário um dia por mês para a realização do


referido planejamento, por área de conhecimento e de forma interdisciplinar,
conforme as orientações abaixo:

● O planejamento será realizado de forma presencial no ambiente


escolar;
● A equipe gestora deverá definir, no calendário da escola, as datas e
os turnos em que o planejamento será realizado, observando ao
longo dos meses a alternância dos dias da semana (por exemplo:
fevereiro: segunda-feira, março: terça-feira, abril: quarta-feira...);
● Toda a comunidade escolar deverá ser previamente informada sobre
as datas definidas para a realização do planejamento mensal;
● O professor deverá comparecer à escola no dia do planejamento
mensal, independentemente do dia e do seu horário de aula,
conforme os turnos em que leciona;
● No dia do planejamento mensal, não haverá aula presencial, sendo
necessário, para constar como dia letivo, o envio de atividades
remotas previamente organizadas pelos professores e
disponibilizadas para os estudantes;
● A equipe gestora deverá acompanhar as atividades remotas
disponibilizadas pelos professores aos estudantes, bem como
reforçar com os mesmos sobre a importância da realização das

42
atividades para que esse dia possa ser, de fato, contabilizado como
dia letivo;
● A cada realização do planejamento, a escola deverá organizar o
portfólio das atividades, tais como: ata, frequência, registros
fotográficos, cópia dos planos, dentre outros instrumentos que serão
encaminhados ao GAEM (Grupo de Acompanhamento do Ensino
Médio) que acompanha a escola.

Além desse momento de planejamento mensal, socializamos aqui uma


estratégia de construção do horário escolar que favorece as reuniões semanais
de planejamentos entre membros da mesma área ou mesmo componente
curricular, da seguinte forma: os gestores, durante a construção do horário,
devem deixar 02 horários de “janela” para os professores do mesmo componente
curricular da Parte Diversificada do currículo, no intuito de ocorrerem reuniões
entre esses professores e a Gestão Pedagógica/AIF/Supervisor para
alinhamento das pautas, planos e aulas previstas da Agenda Bimestral do
período.

5.2.2 Os Instrumentos de Planejamento

A orientação da Rede Estadual de Ensino é que o planejamento seja


coletivo, por área de conhecimento e no espaço escolar, utilizando a hora-
atividade dos professores prevista legalmente.
Nesse sentido, a Lei 9.860/2013, art. 15, também determina que um terço
da carga horária dos docentes deve ser destinado a atividades extraclasse,
compreendendo preparação de aulas, avaliação da produção dos alunos,
reuniões escolares, planejamentos, contatos com a comunidade e formação
continuada. (MARANHÃO, 2013).
Assim, compete à equipe gestora da escola garantir a utilização desse
tempo determinado legalmente para realização dessas atividades de
planejamento que são fundamentais para fortalecer a qualidade do processo
educativo. Dessa forma, faz-se necessário que os/as docentes, com o apoio da
equipe gestora, elaborem seus planos de desenvolvimento de ensino, como por
exemplo: Plano de Ensino Anual e Plano de Atividade docente.

43
5.2.2.1 O Plano de Ensino Anual

O plano de ensino anual deve ser organizado por componente curricular


e ano escolar, devendo conter os elementos essenciais à organização
operacional do processo de ensino-aprendizagem em cada período do ano
letivo:

1. Aprendizagens esperadas;
2. Conteúdos a serem trabalhados;
3. Metodologias de ensino;
4. Formas e instrumentos de avaliação.

O plano do ensino anual é tão importante para o professor quanto para a


gestão e supervisão escolar, pois, além de definir a organização da ação
pedagógica a ser desenvolvida em sala de aula, prevendo suas possibilidades e
recursos, constitui-se, também, como um instrumento de análise e avaliação do
ensino e da aprendizagem efetivados para o alcance dos objetivos educacionais.
Por meio dessa organização e do acompanhamento realizado pela equipe
pedagógica, pode-se inferir se as metodologias, os conteúdos, as estratégias,
os procedimentos avaliativos estão de acordo com a proposta pedagógica
defendida pela escola e se serão capazes de cooperar para a oferta da educação
com a qualidade que se espera alcançar.

5.2.2.2 O Plano de Atividade Docente

Os planos de aula devem orientar o professor na prática pedagógica


diária, observando o método de ensino, as aprendizagens esperadas descritas
no Plano Anual de Ensino, a problematização inerente à prática social dos
estudantes, a instrumentalização que compreende o conteúdo, os
procedimentos metodológicos e os recursos necessários no desenvolvimento da
aula e, ainda, a avaliação da aprendizagem no que tange à forma e aos
instrumentos avaliativos. O plano de aula é utilizado para o registro de decisões
do que se pensa, daquilo que está no campo das ideias, ou seja, o plano é

44
produto do planejamento e prevê objetivos, conteúdos,
competências/habilidades, métodos, recursos. (MARANHÃO, 2023)
O planejamento do professor orienta a prática escolar e inclui:

Figura 4: Orientações para o planejamento dos professores

Fonte: MARANHÃO, 2023

A SEDUC orienta em seus documentos normativos curriculares o


currículo integrado, que permite uma relação integradora dos conteúdos
conceituais, procedimentais e atitudinais com temas especiais e integradores,
pertinentes à prática social. Dessa forma, além de classificar o currículo da rede

Elaborar o planejamento
bimestral e/ou mensal e
Elaborar o planejamento Elaborar rotinas de trabalho
seus desdobramentos
anual por série. - Plano de Aula.
para o cotidiano de sala
de aula.

Identificar os estudantes
Identificar as interfaces do Avaliar permanentemente o que apresentam
trabalho com as demais que foi planejado, o que foi dificuldades de
séries (o que pode ser desenvolvido e as aprendizagem e
trabalhado de forma aprendizagens alcançadas coletivamente com a equipe
integrada). pelos estudantes. escolar, planejar o apoio
pedagógico necessário.

Ajustar o ensino às
Participar dos encontros de
possibilidades de
formação continuada,
aprendizagem dos
contribuindo para reflexão
estudantes e definição do
sobre os problemas e
tratamento metodológico
desafios apresentados pelo
que poderá ser
grupo.
desenvolvido.

estadual como integrado, pode-se afirmar que também deve ser:

Figura 5: Fluxograma do currículo da rede estadual de educação

45
Fonte: MARANHÃO, 2023.

Assim, os componentes curriculares devem se relacionar facilmente


compondo áreas de conhecimento. Os aspectos mencionados estão mais bem
explicitados nos documentos disponibilizados por esta rede de ensino para
orientação curricular.
Por fim, os espaços escolares precisam discutir outras formas de trabalhar
o planejamento do ensino para além dos planos estabelecidos normativamente.
É relevante fomentar um processo de contínua discussão sobre o ensino e
aprendizagem na condição de transformar o currículo em práticas sociais que
impactem o território.

46
6. PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO

O Projeto Político Pedagógico (PPP) é um documento que traduz o


planejamento escolar. É um instrumento de efetivação da Gestão Democrática
e assim encontra-se definido nos documentos normativos da Secretaria Estadual
de Educação. A gestão escolar articula o planejamento, a implementação e o
monitoramento do PPP através da mobilização da participação de todos os
profissionais da escola, em todas as etapas, desde o diagnóstico situacional,
elaboração, implementação e avaliação. Com isso, todos se tornam
corresponsáveis.
Segundo Veiga (2000), é Político por estar intimamente articulado ao
compromisso sociopolítico e aos interesses reais e coletivos da população, com
o fim de formar cidadãos; e é Pedagógico por intencionalmente indicar as ações
educativas e as características que a escola deve apresentar para o alcance de
objetivos intencionalmente sistematizados.
O PPP tem como objetivo final atender às necessidades educativas dos
estudantes, identificando seus perfis, potenciais e dificuldades. É quando se
definem metas, constroem propostas de ação e redefine o currículo com foco na
aprendizagem após refletir sobre os seguintes questionamentos: Quem são os
sujeitos da aprendizagem? Quais interesses e necessidades? Quais sonhos?
Que história de vida? Quais conhecimentos já possuem? O documento expressa
a identidade da escola, sua proposta educacional e os caminhos a seguir.
Os estabelecimentos de ensino da rede estadual têm previsto em seus
regimentos que cabe aos gestores e aos especialistas em educação,
supervisores escolares e orientadores educacionais a organização do PPP da
escola que, de acordo com as Orientações Gerais para elaboração e
implementação do PPP na Rede Estadual de Ensino do Maranhão, o mesmo
deve ser avaliado em, pelo menos, dois períodos:

● Atualização geral: Ocorrerá a cada três anos e primará pela


reestruturação integral dos elementos constitutivos do documento,
desde o diagnóstico da comunidade escolar, opção metodológica,

47
concepção de aprendizagem e de ensino, papel da escola, concepção
de homem;
● Atualização parcial: Ocorrerá a cada ano, no início do ano letivo, com
pequenos ajustes no documento, sem alterá-lo significativamente em
sua conjuntura, com base em mudanças possíveis eventualmente
demandadas por condicionantes externas legais que exijam
atualização (MARANHÃO, 2016).

Enfim, para que a escola consiga atingir seus objetivos de aprendizagem


e formação integral dos educandos, é condição sine qua non a construção,
discussão e observância do Projeto Político Pedagógico por todos os sujeitos
sociais que integram a comunidade escolar. As estratégias a serem utilizadas no
enfrentamento e superação dos desafios, perpassam por enxergar o PPP
enquanto instrumento norteador de organização escolar nos seus processos
educativos.

48
● REFERÊNCIAS

AZANHA, José Mário. Política e Planos de Educação no Brasil: alguns


pontos para reflexão. Cadernos de Pesquisa, n.85. São Paulo: Fundação
Carlos Chagas, 1993.

BRASIL. Constituição Federal. Brasília: Senado, 1988.

BRASIL, Lei nº 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e


Bases da Educação Nacional – LDB. Estabelece as diretrizes e bases da
educação Nacional. Disponível em
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/2002/L10520.htm>
Acesso em: 10 mar. 2020.

BRASIL, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da


Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm> Acesso em 02 mai 2023.

BRASIL, Lei nº 12.013, de 06 de agosto de 2009. Altera o art. 12 da Lei no


9.394, de 20 de dezembro de 1996, determinando às instituições de ensino
obrigatoriedade no envio de informações escolares aos pais, conviventes ou
não com seus filhos. Disponível em
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12013.htm>
Acesso em: 22 abr. 2023.

BRASIL. Lei nº 13.415, de 16 de fevereiro de 2017. Altera as Leis n º 9.394,


de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional e dá outras providências. Disponível em
<https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13415.htm>
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