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que-compoem-um-mapa

Publicado em NOVA ESCOLA Edição 244, 01 de Agosto | 2011

Cartografia

Os elementos que
compõem um mapa
Terceira reportagem da série sobre cartografia apresenta
seis principais itens cartográficos e as funções de cada um
deles
Fernanda Salla

Tamanhos e distâncias | Depois de assistir a O Caminho das Nuvens, a turma


da EE Doutor Adail Luiz Miller traçou a rota dos personagens em um mapa do
Brasil e calculou a distância real levando em conta a escala cartográfica. Em
seguida, comparou o mapa do país com o do Rio de Janeiro e analisou detalhes
deles.

Um mapa não é simplesmente uma imagem colorida. É a representação de um


lugar com dados codificados para passar informações sobre ele. Isso tem de
ser trabalhado com os alunos desde a alfabetização cartográfica (assunto
tratado na primeira reportagem da série). Com o avançar do tempo, para que
eles adquiram proficiência no que diz respeito ao conteúdo, é preciso enfocar
o estudo dos elementos cartográficos, que são os seguintes:
Título Revela o assunto do mapa.
Fonte Indica a origem dos dados apresentados e a data a que se referem.
Orientação Mostra a direção e a localização por meio da rosa dos ventos
ou de um ícone que indica o norte (esses desenhos nem sempre estão
explícitos).
Projeção É a distorção feita para adaptar uma superfície esférica (a Terra,
por exemplo) para um plano (o papel ou a tela do computador).
Escala cartográfica Informa a relação entre o tamanho do espaço real e
a redução feita para representá-lo.
Legenda Decodifica os símbolos usados (como as cores e formas, como
linhas de diferentes espessuras para diferenciar, por exemplo, ruas e
rodovias).

Título, fonte e orientação são elementos de simples compreensão, pois têm


uma leitura mais direta. Já a projeção e a escala cartográfica precisam ser
apresentadas em aulas bem planejadas. "Os alunos devem compreender que,
no universo cartográfico, a realidade é distorcida e reduzida em tamanho",
afirma Jorn Seemann, docente do Departamento de Geociências da
Universidade Regional do Cariri (Urca).

No que diz respeito à projeção, encaminhe a garotada a compreender que se


trata de um elemento que distorce a forma e/ou o tamanho dos continentes.
"Existem vários tipos de projeção e, ao criar um mapa, os cartógrafos têm de
pensar qual é a mais adequada, de acordo com a região representada, a
finalidade do material e a localização no globo", diz Ruth Nogueira,
coordenadora do Laboratório de Cartografia Tátil e Escolar da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). Nos planisférios dos atlas escolares, é usada
a projeção de Robinson (criada pelo norte-americano Arthur Robinson, 1915-
2004). Nela, os meridianos são colocados em linhas curvas, em forma de
elipses que se aproximam à medida que se afastam da linha do Equador.

A escala cartográfica deve ser explorada com foco na relação entre o real e o
desenho, inclusive no que se refere ao tamanho dos eventos - como a área de
um estado e a extensão de um rio(leia a próxima página). Apresentada com
números (1:100 ou 1-100) ou gráficos (uma pequena régua), ela evidencia a
relação de proporção entre as distâncias lineares no mapa e as distâncias
correspondentes no terreno real. "1:100 quer dizer que 1 centímetro no mapa
representa 100 centímentros no terreno", diz Rosângela Doin de Almeida, livre-
docente em Prática do Ensino de Geografia pela Universidade Estadual Paulista
"Júlio de Mesquita Filho" (Unesp).

Para entender a escala cartográfica, é importante relacioná-la com o conceito


de escala geográfica. Ele corresponde à área abrangida pelo mapa e tem de ser
considerado para a representação da informação. Um mapa do Brasil, por
exemplo, abrange uma escala geográfica maior que o do estado do Pará.
A turma tem de prestar atenção: quanto maior a área do terreno a ser
representada (maior escala geográfica), maior a redução necessária (menor a
escala cartográfica) para que ele caiba em um espaço determinado.
Consequentemente, é menor a quantidade de detalhes possíveis de ser
mostrados (leia a sequência didática).

Para explorar as escalas cartográfica e geográfica com a turma do 7º ano da EE


Doutor Adail Luiz Miller, em São Bernardo do Campo, região metropolitana de
São Paulo, o professor Jefferson da Silva Júnior conduziu a análise de um mapa
do Brasil e outro do estado do Rio de Janeiro. A ideia era problematizar o
cálculo de distâncias e discutir os diversos níveis de detalhamento possíveis
nas representações.

Ao compreender como funcionam esses elementos, os alunos estão no


caminho para se apropriar da linguagem cartográfica, composta de símbolos.
Relacioná-la à legenda não basta. É preciso ir além, interpretando as
informações para ler a realidade. Esse é o foco da próxima reportagem da
série.

Pergunta do aluno

Se a escala cartográfica de um mapa é 1:1.000, isso significa que o


terreno foi reduzido mil vezes?
Não. Ela indica uma redução linear e não da área. O espaço foi reduzido
mil vezes vertical e horizontalmente, ou seja, a redução foi feita ao
quadrado. O terreno real é 1 milhão de vezes maior (1.000 x 1.000) que sua
representação.

Exercício de comparação entre mapas com diferentes escalas


cartográficas

Os mapas abaixo apresentam uma área em comum (o Sudeste brasileiro) com


nível de detalhamento crescente e escalas cartográficas diferentes. Veja como
mostrar essas diferenças seguindo os três passos a seguir:

Visualização Sugira que os alunos observem atentamente os mapas.


Pergunte: "Em qual deles é possível observar mais detalhes?" e "como
isso interfere no que é representado em cada um?". Anote as falas.
Comparação Peça que eles comparem os mapas focando o Sudeste do
Brasil. Qual tem a menor escala geográfica? Eles devem responder que é
o da esquerda. Questione-os sobre o nível de detalhamento de cada um.
Conclusão Com base nas respostas anteriores, sistematize o elemento
"escala cartográfica": quanto maior a área do terreno, menor ela é. Assim,
é possível apresentar mais detalhes.

América Político
Brasil Político
Região Sudeste Político

Quer saber mais?

BIBLIOGRAFIA
Atlas Geográfico Escolar, Maria Elena Simielli, 48 págs., Ed. Ática, tel. 0800-
115-152, 33,90 reais

FILMOGRAFIA
O Caminho das Nuvens, Vicente Amorim, 87 minutos, coprodução Filmes do
Equador/Miravista/Globo Filmes/Lereby Produções.

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