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XX Encontro Anual de Iniciação Científica – EAIC

X Encontro de Pesquisa da UEPG

CARACTERIZAÇÃO FÍSICA, CAPACIDADE DE


COMPACTAÇÃO E PERMEABILIDADE DE LODO DE ETA

Fabricio Martins Beraldo (IC/UEL), Raquel Souza Teixeira (Orientadora),


Tatiana Tavares Rodriguez(colaboradora), e-mail:
fabricio_beraldo@hotmail.com, raquel@uel.br, tatianarodriguez@uel.br.

Universidade Estadual de Londrina/Departamento de Construção Civil, PR.

Engenharia Civil e Geotecnia

Palavras-chave: caracterização física, compactação, lodo de ETA.

Resumo: Este trabalho tem como objetivo avaliar um destino apropriado


para o lodo proveniente de uma estação de tratamento de água (ETA).
Sendo assim, foi feito um estudo das características físicas do lodo de ETA e
dos traços solo-lodo, bem como um estudo da compactação desses
materiais e seus coeficientes de permeabilidade, para a utilização em aterro
sanitário. Os resultados mostraram que os traços, depois de compactados,
apresentaram características físicas e coeficientes de permeabilidade
requeridos em projetos de aterros sanitários.

Introdução

Durante o processo de tratamento de água nas ETAs são gerados


subprodutos, um deles é o lodo, que é retirado dos filtros dos decantadores
enquanto é efetuada a limpeza dos mesmos.
O destino do lodo de ETA era o despejo em rios. No entanto, essa
prática foi abolida pelo CONAMA n°357 (2005), que obriga a disposição
deste material em local correto, pois o lodo pode ser prejudicial à qualidade
da água, além de colaborar no processo de assoreamento de rios. Logo,
foram criadas alternativas para o despejo do lodo que em sua grande
maioria têm custos elevados, devido à aquisição de equipamentos ou outras
atividades realizadas para tal disposição.
Este trabalho tem como objetivo avaliar uma alternativa, para a
disposição legal desse material, sem elevar o custo desta operação,
empregando em camada de fechamento ou camada de impermeabilização
de fundo de aterro de resíduos sólidos. Logo, foram avaliadas características
e parâmetros do lodo, traços (solo:lodo), bem como o solo utilizado. Foram
determinados: granulometria, teor de umidade, parâmetros de compactação
e coeficiente de permeabilidade.

Materiais e métodos

Anais do XX EAIC – 20 a 22 de outubro de 2011, UEPG, Ponta Grossa –PR.


ISSN:
XX Encontro Anual de Iniciação Científica – EAIC
X Encontro de Pesquisa da UEPG

Os materiais utilizados neste trabalho foram o solo do CEEG


(Campo Experimental de Engenharia Geotécnica), localizado no interior da
UEL – Universidade Estadual de Londrina, da profundidade de 2 m, e o lodo
fornecido da ETA Cafezal, em duas cargas. Os dois carregamentos de lodo
foram dispostos em leito de secagem localizado no campus da UEL. O lodo
foi ensaiado na sua forma natural, sem nenhum processo de
destorroamento, e com umidade inicial aproximadamente de 15%. Também
foram avaliados traços do solo e lodo (1:1 e 2:1 solo-lodo em massa).
O controle de umidade do lodo nos leitos de secagem foi realizado
segundo a NBR 6457/1986. Os ensaios de caracterização física foram
realizados segundo as normas: massa específica dos sólidos (NBR
6508/1984); granulometria (NBR 7181/1984); limites de consistência (NBR
6459/1984 e NBR 7180/1984). As curvas de compactação (solo, lodo e
traços solo-lodo) foram obtidas usando Energia Normal de Proctor (NBR
7182/1986). Os coeficientes de permeabilidade (k) foram determinados em
corpos de prova, compactados na umidade ótima, usando permeâmetro de
carga variável (NBR 14545/2000, Método B). Todos os ensaios de
laboratório foram realizados via seca.

Resultados e Discussão

O teor de umidade do lodo nos leitos de secagem, nos primeiros cinco dias,
chegou a 80% do valor inicial e, em 30 dias, chegou próximo a 15%.
Os resultados da caracterização física estão apresentados na Tabela
1. Observa-se que a massa específica dos materiais variou de 2,75 a 3,17
g/cm3, valores comumente encontrados no solo de Londrina. Estes
resultados eram esperados também para o lodo uma vez que as partículas
do solo são carreadas até o ponto de captação. Também os limites de
consistência foram semelhantes entre o solo e os traços. Não foi possível
obter os limites de consistência para o lodo, pois não houve material menor
que 0,42 mm de diâmetro. A granulometria mostra que o lodo é um material
granular, composto principalmente por pedregulho. Já o solo e os traços são
materiais finos, composto principalmente por argila.
As curvas de compactação estão na Figura 1 e os valores de umidade
ótima (ωót) e massa específica seca máxima (γdmáx) na Tabela 2. Novamente
os valores referentes ao lodo dispersam dos encontrados no solo e nos
traços. O lodo apresenta γdmáx menor que o solo, enquanto os traços
apresentam os maiores γdmáx. Isto indica que os traços fornecem um ganho
de densidade do material depois de compactado.
Os valores dos coeficientes de permeabilidade ou condutividade
hidráulica (k), que estão mostrados na Tabela 3, conferem aos materiais
classificação como impermeáveis segundo a literatura e podem ser usados
para revestimentos de fundo e coberturas.

Anais do XX EAIC – 20 a 22 de outubro de 2011, UEPG, Ponta Grossa –PR.


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Tabela 1 – Caracterização física dos materiais estudados.


Características Físicas Lodo Solo Traço 1:1 Traço 2:1
(*) (*)
Massa específica dos 2,75 3,03 3,17 3,17
sólidos (g/cm³)
Limite de Liquidez (%) NP 51,80 54,86 54,78
Limite de Plasticidade (%) NP 38,27 33,11 36,37
Índice de Plasticidade (%) NP 13,53 21,75 18,41
Argila (%) 0 55,5 49 45,06
Silte (%) 0 23,5 29 26
Areia Fina (%) 0.5 20,73 21,20 28
Areia Média (%) 2.0 0,27 0,57 0,71
Areia Grossa (%) 2.5 0 0,23 0,23
Pedregulho (%) 95 0 0,0 0,0
Classificação textural pedregulho argila argila argila
arenoso siltosa siltosa arenosa

Figura 1 - Curvas de compactação do solo, lodo,traços 1:1 e 2:1

Tabela 2 – Valores de Umidade ótima e Massa específica seca.


Descrição do Umidade ótima (ωót) Massa específica seca (γd)
Material
Solo CEEG (%)
32 1,44
Lodo - Carga 1 38,5 1,32
Traço 1:1 31 1,46
(Solo:Lodo)
Traço 2:1 31,5 1,45
(Solo:Lodo)
Lodo - Carga 2 36 1,36
*Os materiais que compõem os traços para este ensaio são o Solo CEEG e o Lodo.
*O solo do CEEG foi realizado por HAULY (2010)
*O Lodo Carga 1 foi realizado por MARQUES (2009)
Tabela 3 – Coeficientes de permeabilidade dos materiais.

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Descrição do Material k (cm/s) k (m/s)


Solo (Hauly, 2010) 1.0x10-7 1.0x10-9
Lodo Carga 1 9.4x10-8 9,4x10-10
Traço 1:1 (Solo:Lodo) 3.1x10-8 3.1x10-10
Traço 2:1 (Solo:Lodo) 6.3x10-8 6.3x10-10
*Os materiais que compõem os traços para este ensaio são o Solo CEEG e o Lodo.
*O solo do CEEG foi realizado por HAULY (2010)

Conclusões

Através dos valores obtidos por ensaios, foi constatado que os traços podem
ser utilizados para camada de cobertura e camada impermeabilizante de
aterros sanitários, sendo este muito parecido com o solo que atualmente é
empregado para tal função. Sendo assim, o lodo poderá ser disposto sem
danos ao meio ambiente.

Agradecimentos

À SANEPAR, ao técnico do laboratório de Geotecnia Pedro Cândido de


Souza, aos alunos bolsistas (PIBIQ e UEL) e não bolsistas.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6459:


Determinação do Limite de Liquidez. Rio de Janeiro, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6508:
Determinação da Massa Específica dos Grãos. Rio de Janeiro, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7180:
Determinação do Limite de Plasticidade. Rio de Janeiro, 1984.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7182: Ensaio
de compactação. Rio de Janeiro, 1986.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7181: Análise
Granulométrica. Rio de Janeiro, 1984.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. CONAMA N°357. 2005
HAULY, S.L. Parâmetros de comportamento do solo compactado da
cidade de Londrina. 2010. pág. 105 Trabalho de Conclusão de Curso. CTU
– Universidade Estadual de Londrina, Londrina.
OLIVEIRA JUNIOR, O.M., FERNANDES, F., RODRIGUEZ, T.T.
Caracterização Física de Lodo de Estação de Tratamento de Água
Retirado de Leito de Secagem. In Anais do XVIII EAIC, Guarapuava, 2010.
SILVA, R.C., SILVA, S.M.C.P., TEIXEIRA, R.S. Caracterização geotécnica
do lodo da Estação de Tratamento de Água Cafezal. In Anais do XXXI
Congresso Interamericano AIDIS, Santiago, 2008, Vol.1, 1-9.

Anais do XX EAIC – 20 a 22 de outubro de 2011, UEPG, Ponta Grossa –PR.


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