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96 ——___________ RFrormapor O MEDIUM... (Continuagio da pag. 85) Ao chegar @ cena o contingente de guardas do templo, os soldados romanos deram ds costas, eno~ jados, enguanto os vassalos do Sumo-Sacerdote que- bravam 0 crénio ¢ as pernas dos dois ladrées sacri- Hicados tateraimente ao Cristo, Gatus Cassius era, ao que apurow Ravenscroft, de origem germanica e foi afastado do servigo ativo por causa da catarata que atacou seus othos. Envia- do a Jerusalém, ali ficou como observador dos mo- vimentos politicos ¢ retigiosos da Palestina, Durante dots anos, acompanhou a atividade de Jesus e, de- ois, seguin 0 doloroso proceso da execugdo do profeta, que diziam ameacar a autoridade de Roma. Impressionou-o a coragem ¢ a dignidade com que © joven pregador suportou o seu martirio, Por ou~ tro lado, entendiam os sacerdotes ser indispensdvel mutilar seu corpo, nois era absolutamente essenciat desmentir sua condicdo de Mesias, uma vez que, segundo as escrituras, seus ossos ndo seriam que- brados (Jodo 19:36). Gaius Cassius tao impressio- natto ficou com o tétrico espetdculo, de um lado, ¢ com a grandeza do Cristo, de outro, que resolveu impedir que Jesus também fosse mutilado. E, assim, esporeou o cavalo na direedo da cruz central e tres- Passou 0 térax do crucificado, entre a quarta ¢ a quinta costelas, procedimento costumeiro dos sol- dados romanos quando desejavam verificar se 0 ini- migo, ferido no campo de batalha, estava realmente morto. Ndo se sabe ao certo se Cassius tomou a langa da mao do comandante judeu, que a trazia em nome de Herodes, ou se usou sua propria lanca. De qualquer forma, a legenda se criou e se consoli- dou. Gaius Cassius se converteu ao cristianismo ¢ passou a chamar-se Longinus, nome com que con- tinuou sua carreira através dos séculos. E a arma ficou sendo conhecida como a langa de Longinus. Diz-se dela que representa um talisind de poder tanto para o bem como para o mal, mas, ao que parece, somente tem sido usada como tnstrumento de conquista e opressdo, pois pertenceu, depois, a Mauritius, comandante da Legido Tebana, que, com ela nas méos, morreu martirizado por ordem de Mazimiano, ao se recusar a adorar 0s deuses pa- gaos. Em solidariedade ao chefe, que morreu cris- to, seus 6.666 legiondrios também se recusaram, ajoetharam-se € ofereceram 0 pescoco @ espada. Maximiano decidiu pelo espantoso massacre, como oferenda aos seus deuses. Assim, a mats valorosa legido romana daquele tempo fot sacrificada numa chacina sem precedentes na Histéria antiga, Seria imposstvel retracar toda a histéria da Tanga, mas sabe-se que ela esteve em poder de Cons- tantino, Teodésio, Alarico, Ectus, Justiniano, Carlos Martelo, Carlos Magno, Frederico Barba-Roza e Otto, o Grande. Em que outras méos teria ela esta- do, € a que propésitos incon fessdveis serviu através do tempo? & certo, no entanto, que quem a cobigava na- quela fria tarde de outono, em Viena, era um jovem = 35. MaRco, 1976 que tinha a impressdo viva de té-la jd possuido alhures, no tempo e no espaco. * Hitler dedicou-se dai em diante ao estudo de tudo quanto pudesse estar relacionado com o seu fascinante problema. Cedo foi dar em niicleos do saber oculto, Um dos seus bidgrafos, Alan Bullock (Hitler: A Study in Tiranny”), sem ter alcangado as motivagées do futuro lider nazista, diz que ele foi um inconseatiente, o que se poderia provar pelas suas lelturas habituals, pois seus assuntos’predile- tos eram a historia de Roma antiga, as religides orientais, loga, ocultismo, hipnotismo, astrologia Parece legitimo admitir que tenha ldo também obras de pesquisas espiritas, porque os autores nao especializados insistem em grupar espiritismo, ma- gla, mediunismo e adivinhacho, e muito mais sob © rotulo comum de ocultismo. Sim, Hitler estudou tudo isso profundamente € no se limitou @ teoria; passou & prdtica, Con- veneido da sua missio transcendental, quis logo informar-se sobre os instrumentos e recursos que Ihe serlam facultados para leva-la a cabo. O pri- meiro impacto da idéia da reencarnagio em seu espirito 0 delxou algo aténito, como vimos, na sua primeira crise espiritual diante da langa, no museu de Hofburg; logo, no entanto, se tornou convicto dessa realidade e tratou a sério de identificar algu- mas de suas vidas anteriores. Bsses estudos leva- ram-no ao culdadoso exame da famosa legenda do ‘Santo Graal, de que Richard Wagner, um dos seus grandes {dolos, se serviu para o enredo da opera Parsifal. Hitler foi encontrar nos escritos de um poeta do sécullo XIII, por nome Wolfram von Eschenbach, a fascinante narrativa da lenda, chela de conota- ges misticas e simbolismos curiosos, que captaram a sua imaginaco, porque all a histérla e a profecia estavam como que mal disfarcadas atrés do véu diéfano da fantasia. ‘Mas, Hitler tinha pressa, e, para chegar logo ao conhecimento dos mistérios que o seduziam, no hesitou em experimentar com o peiote, substéncia alucindgena extraida do cogumelo mexleano, hoje conhecida como mescalina, Sob a direcdo de um estranho individuo, por nome Ernst Pretzsche, 0 Jovem Adolf mergulhou em visdes fantasticas que, mals tarde, Identificaria como sendo cenas de uma existéncia anterior que teria vivido como Landulf @e Cépua, que serviu de modelo ao Klingsor na 6pera de Wagner. Esse Landulf foi um principe medieval (século nono) que Ravenscroft declara ter sido “the most evil figure of the century” — a figura mals infame do século. Sua influéneia tornou-se considerdvel na politica de sua époce e, segundo Ravenscroft, “ele fol a figura central em todo o mal que se praticou entio”. © Imperador Luis II conferiu-Ihe posto que situava como a terceira pessoa no seu reino, € con- cedeu-Ihe honrarias e poderes de toda a sorte. Landulf terla passado muitos anos no Egito, onde

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