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Núcleo interfásico

e em divisão
Universidade Federal de Minas Gerais
Instituto de Ciências Biológicas
Departamento de Morfologia
Prof. Aristóbolo M. Silva
O núcleo da célula
- é geralmente único e localiza-se no centro da célula.
Algumas exceções:
> Células c/ dois ou mais núcleos: células hepáticas e células musculares
esqueléticas.
> Células que armazenam material a ser secretado → células acinosas do
pâncreas e células caliciformes do intestino, cuja posição do núcleo é basal.

- geralmente acompanha a forma da célula.

- células com metabolismo intenso apresentam núcleos volumosos;

- quantidade de DNA variável (46 cromossomos na célula humana);

- produção protéica elevada - mRNA (cópias do DNA);

- DNA com bases nitrogenadas disponíveis para serem lidas (= transcritas)


e assim codificar (= traduzir) proteínas.
Núcleo
Ciclo de vida da célula
O ciclo de vida da célula é dividido em duas fases principais:
- a intérfase;
- a mitose.

O ciclo de vida da célula

a) envoltório nuclear Núcleo em


Núcleo b) nucleoplasma divisão
interfásico c) cromatina
d) nucléolo
Ciclo de vida da célula
Núcleo interfásico
Formas de Núcleo
Constituintes do Núcleo interfásico
Cromatina

Nucléolo

Nucleoplasma
A) Envoltório Nuclear (EN)
- É constituído por:
- duas unidades de membrana (membrana interna e membrana externa) que
delimitam uma cavidade conhecida como cisterna perinuclear.
- lâmina nuclear;
- complexo do poro;

Membrana interna:
lâmina nuclear (LN): rede fibrosa
(espessamento) na face
nucleoplasmática constituída por
proteínas estruturais (as lamínas)
que conferem forma e suporte
estrutural ao envoltório nuclear.
OBS.: destruição da LN leva à perda
do EN e liberação do DNA.

Membrana externa:
- continuidade com o Retículo
Endoplasmático Rugoso.
Cisterna perinuclear
ao MET
Poros e complexo do poro

Aspectos morfológicos:
locais de fusão da Membrana nuclear Interna com a Membrana Nuclear Externa.
Aspectos funcionais
Transporte seletivo
- moléculas até 9 nm: atravessam livremente;
- moléculas maiores: transporte ativo seletivo, abertura dos canais do poro;
- a quantidade varia com o tipo celular e estado funcional.
Complexos do poro → constituídos por 2 anéis distribuidos em arranjo octogonal que delimitam o
perímetro do poro.
• NUCLEOPORINAS: estruturas filamentosas protéicas (fibrilas) que se estendem dos anéis;
Poros/Complexos de poro ao MET
Núcleo
(As setas indicam os poros)

Corte oblíquo de calota


nuclear (célula renal).
Observar que a cromatina
condensada (região
mais eletrondensa da
eletromicrografia) se interrompe
nas regiões correspondentes aos
poros.

Em alguns poros é visível uma


estrutura eletrondensa que
constitui os complexos de poro
(nucleoporinas).
Criofratura mostrando poros nucleares
Transporte de macromoléculas
entre o citoplasma e núcleo
Importação
- proteínas como DNA e RNA polimerases possuem um Sinal de Localização
Nuclear (SLN).

- Sítio de Localização Nuclear → reconhecido pela proteína Importina no


citoplasma → Importina liga-se ao complexo do poro → translocação para o
núcleo.

Exportação
- proteínas e RNAs (mRNA, tRNA e rRNA).
- Sinal de exportação nuclear:
> podem estar presentes nos próprios RNAs ou proteínas específicas.
> hnRNPs (RiboNucleoProteínas nucleares heterogêneas): estão associadas
aos RNAs
- Tipos de RNAs exportados para o citoplasma: Os RNAs são transportados juntos
com proteínas - hnRNPs (estas possuem o sinal para exportação).
Transporte de RNA
do núcleo para o citoplasma
B) Nucleoplasma
Solução aquosa de moléculas contidas dentro do núcleo: proteínas (DNA e RNA
polimerases, topoisomerases, helicases), RNAs, nucleosídeos, nucleotídeos e
íons onde estão mergulhados os nucléolos e a cromatina.

Controvérsia: existência de uma MATRIZ NUCLEAR que seria uma estrutura


fibrilar formando um endoesqueleto nuclear semelhante ao citoesqueleto celular.

Qual seria a função da Matriz Nuclear ?


- ancorar a cromatina e enzimas envolvidas na replicação e transcrição do DNA, e
de proteínas envolvidas no transporte dos RNAs.
C) Cromatina
Cromatina: associação de DNA + proteínas específicas presente no núcleo.
- Corresponde a toda porção do núcleo (exceto nucléolo) que se cora e é visível ao MO;

- Há dois tipos de cromatina (qdo. observada ao MET):


- Heterocromatina
- Eucromatina

HeteroCromatina (HC):
- eletrondensa;
- aparece como grânulos grosseiros (devido ao
DNA condensado): transcricionalmente
INATIVA.
- visível ao Microscópio Óptico.

EuCromatina (EC): Cromatina ativa


- aparece granulosa e clara entre os grumos de
HC;
- filamento de DNA não está condensado e tem
condições de transcrever os genes = ATIVA.
- abundante em células que estão produzindo
muita proteína.

- Proporção HC:EC é responsável pelo aspecto


mais claro ou mais escuro dos núcleos quando
são observados ao MO ou ME.
Heterocromatina
CONSTITUTIVA
- formada por sequências nucleotídicas altamente repetitivas que nunca são transcritas;

- localizadas em regiões específicas do cromossomo (telômero, centrômero, constrições secundárias).

FACULTATIVA
- parte da HC que, em um mesmo organismo, aparece condensada em algumas células e não-condensada
em outras.

- pode conter sequências gênicas em cópia única ou medianamente repetitivas (passíveis de transcrição)
mas que são inativas.

- EXEMPLO: cromossomo X nas femêas de mamíferos: apenas um cromossomo é ativo.

A presença ou não da cromatina sexual


permite o diagnóstico citológico do sexo
Histonas: Proteínas específicas da cromatina
As proteínas que se associam ao DNA para formar a cromatina são classificadas em:
- Histonas
- Não-histônicas

Histonas
- participam da arquitetura molecular das fibras cromatínicas, sendo assim os principais
componentes da cromatina.
- Cinco tipos: H1, H2A, H2B, H3 e H4.

ESTRUTURA MOLECULAR DA CROMATINA


- A unidade estrutural básica da cromatina é o
nucleossomo: 200 pares de bases (pb) de DNA
associados a um octâmero de histonas e à uma
molécula de histona H1.
-A histona H1 prende os 200 pares - “clip”

- Os aa das histonas podem ser acetilados ou


fosforilados → muda interação c/ DNA e influi na forma
da cromatina.
- Espermatozóides (de peixes): protaminas substituem
histonas.
DNA
dupla-hélice

nucleossomos

cromatina
não condensada

cromatina
condensada

cromossomos
Proteínas não-histônicas da cromatina

Proteínas não-histônicas:
- constituem um grupo heterogêneo de proteínas que
podem encontrar-se ligadas ao DNA ou dispersas no
nucleoplasma.

- Do ponto de vista funcional podem ser divididas em:


a) proteínas que participam da estrutura dos cromossomos.

b) proteínas do processo de replicação e reparo do DNA


(DNA polimerases, topoisomerases, Helicases).

c) proteínas que participam do processo de ativação ou


repressão de genes: fatores de transcrição.
Fibras cromatínicas

Dois tipos de fibra cromatínica são encontradas


no núcleo interfásico:

- NUCLEOFILAMENTOS (10 nm):


- 1° nível de compactação;
- interação de histonas H1 de nucleossomos
vizinhos.

- SOLENÓIDE (30 nm):


- 2° nível de compactação;
- enovelamento da fibra de 10 nm em uma estrutura
helicoidal.
Nucleofilamento (10nm)

Solenóide
(30nm)
D) Nucléolo
- esférico, sem membrana, normalmente único.

- tamanho relacionado com intensidade de síntese protéica pela célula.

- Local de processamento/síntese do RNA ribossômico.

Constituição

60% proteínas e rRNAs


DNA com genes codificadores dos rRNAs
Ultra-estrutura do nucléolo ao MET
Ultra-estrutura do nucléolo ao MET
Centro Fibrilar
(pars fibrosa):
constituído por
fibrilas finas (4-8 nm
dia.) e por RNA,
moléculas de
RNA-polimerase,
topoisomerases,
fatores de
transcrição. Contém
os genes para
rRNA: início da
transcrição.

Componente granular
(pars granulosa):
formado por grânulos
de RNA (10-15 nm
dia.); É o local onde
ocorre o
processamento final
dos rRNAs, de onde
serão exportados
para o citoplasma.
Ultra-estrutura do nucléolo ao MET
Centro Fibrilar
(pars fibrosa):
constituído por
fibrilas finas (4-8 nm
dia.) e por RNA,
moléculas de
RNA-polimerase,
topoisomerases,
fatores de
transcrição. Contém
os genes para
rRNA: início da
transcrição.

Componente granular
(pars granulosa):
formado por grânulos
de RNA (10-15 nm
dia.); É o local onde
ocorre o
processamento final
dos rRNAs, de onde
serão exportados
para o citoplasma.
Nucléolo
Biogênese
dos
Ribossomos
Núcleo em divisão
Formação do cromossomo

-Os cromossomos são resultantes da condensação


máxima da cromatina e ocorrem na mitose e na
meiose.

- O grau de condensação máxima ocorre na numa das


fases da mitose, a METÁFASE.

- Cromossomo metafásico: é composto por duas


moléculas-filhas de DNA, cada qual presente em uma
das duas cromátides que constituem o cromossomo.

- Cada cromátide é resultante da compactação da fibra


cromatínica de 30 nm (solenóide).
Mitose: núcleo em divisão
A divisão celular é o período em que a célula reparte igualmente o seu
conteúdo, já duplicado na intérfase, para as duas células-filhas.

Mitose ou cariocinese: divisão do material nuclear.


Citocinese: divisão do citoplasma.

Ciclo Celular:

a) Intérfase núcleo interfásico

b) Prófase
c) Metáfase Mitose: núcleo em divisão
d) Anáfase
e) Telófase
Ciclo celular
Fases
- G1: síntese protéica, crescimento celular,
início da duplicação do centríolo.
- S: duplicação de DNA.
- G2: síntese protéica, crescimento celular.
- M: mitose e citocinese.

MPF (Fator Promotor de fase M)


É um complexo protéico dimérico composto
por: ciclina B1 e proteína quinase cdc2.

- acumula-se durante a fase G2.


- fosforila a lâmina nuclear → desmontagem.
- fosforila histona H1 → empacotamento do DNA.
- fosforila outras proteínas → formação do fuso.
- Importante para a transição G2 - M.
Mitose: prófase
Prófase
- condensação gradual das fibras cromatínicas
induzida pelo Fator Promotor de fase M (MPF):
fosforila H1 e outras proteínas não-histônicas.

- início da formação do fuso mitótico.

- fragmentação do envoltório nuclear.

- Microtúbulos começam a se ligar aos cromossomos.

- Os cromossomos são visualmente individualizados B


e compostos por seus dois elementos longitudinais
idênticos: as cromátides (material genético duplicado na
intérfase).

- Formação do Áster: Centrossomos (são estruturas


constituídas por um par de centríolos e material
pericentriolar) mais fibras radiais de microtúbulos.
Prófase

DNA
Microtúbulos
Mitose: metáfase
Metáfase

- cromatina atinge estado de condensação


máxima (1000X a da intérfase), quando os
cromossomos se tornam realmente
visíveis ao MO.

- Microtúbulos estão completamente


ligados aos cromossomos.

- Formação da placa metafásica:


alinhamento dos cromossomos na região
equatorial da célula.

- Constituição do fuso mitótico:


- Fibras polares
- Fibras cinetocóricas
- Fibras livres
Metáfase

DNA
Microtúbulos
Mitose: anáfase
Anáfase
- separação dos centrômeros;

- migração das cromátides para os


pólos opostos.

- os microtúbulos presos aos


cromossomos encurtam-se.

- O deslocamento dos
cromossomos depende dos
microtúbulos.
Evidência experimental:
tratamento de células com
colchicina ou vinblastina leva à
parada do ciclo celular na
metáfase.
Anáfase

DNA
Microtúbulos
Mitose: telófase

Telófase

- descondensação da cromatina.

- reorganização dos nucléolos.

- reconstituição do envoltório
nuclear.

- fuso mitótico se desmonta.


Telófase

DNA
Microtúbulos
Mitose: citocinese

Citocinese

Divisão do citoplasma, deve-se


à interação dos filamentos de
actina e miosina (formam um
anel contrátil na zona equatorial
da célula-mãe).
Citocinese

DNA
Microtúbulos
Ciclo celular
Fases
- G1: síntese protéica, crescimento celular,
início da duplicação do centríolo.
- S: duplicação de DNA.
- G2: síntese protéica, crescimento celular.
- M: mitose e citocinese.

MPF (Fator Promotor de fase M)


É um complexo protéico dimérico composto
por: ciclina B1 e proteína quinase cdc2.

- acumula-se durante a fase G2.


- fosforila a lâmina nuclear → desmontagem.
- fosforila histona H1 → empacotamento do DNA.
- fosforila outras proteínas → formação do fuso.
- Ou seja, é importante para a transição G2 - M.
As quatro fases do Ciclo Celular
Fase G0: fase de repouso

Fase G0:
- As células entram em
repouso.

- A partir de G0:
> as células podem re-entrar no
ciclo ativo;
> permanecerem por um tempo
longo;
> ou mesmo permanentemente.

Ponto de restrição (R): impede


que células defeituosas entrem
na fase S e continuem o ciclo.
Aula prática
FME 38 - Núcleo denso em célula de baixa atividade metabólica
Aula prática
FME 34 - Núcleo vesiculoso em célula de alta atividade metabólica:
Aula prática
cromatina frouxa, nucléolo e envoltório nuclear com poros
FME 35 – Aula prática
Complexos do poro nuclear
FME 36 - Nucléolo - região granular e fibrilarAula prática
FME 37 - Lâmina fibrosa acoplada ao envoltório nuclear
Aula prática
FME 39 - complexos de poro ao MEV Aula prática
Aula prática
Duplicação da molécula
de DNA, ligação a
histonas,
formação de filamentos
de cromatina interfásica

Filamento de
cromatina interfásica :
A e B – filamento de 10 nm
C – filamento de 25 nm
Aula prática
Cromossoma metafásico - MET
Metáfase - MET
Aula prática
Fases da mitose em imunofluorescência para tubulina
Centríolo (9 tríades de MTs) e região pericentriolar (setas)
Aula prática
Citocinese em célula animal mostrando restos de MTs prática
Aula
do fuso mitótico e microfilamentos abaixo da membrana

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