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SUMÁRIO

1. Introdução...................................................................... 3
2. Transcrição.................................................................... 3
3. Exportação do mRNA para fora do núcleo.....14
4. Tradução.......................................................................15
5. Polirribossomos.........................................................20
Referências bibliográficas .........................................24
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 3

1. INTRODUÇÃO Assim como o DNA, o RNA é um polí-


mero linear composto de quatro tipos
O DNA genômico não direciona a sín-
diferentes de subunidades nucleotídi-
tese proteica diretamente, mas utiliza
cas unidas entre si por ligações fofo-
o RNA como uma molécula interme-
diéster. O RNA difere quimicamente
diária. Quando a célula necessita de
do DNA em dois aspectos. Os nucle-
uma proteína específica, a sequência
otídeos do RNA são ribonucleotíde-
de nucleotídeos da região apropriada
os, isto é, eles contêm o açúcar ribose
de uma molécula de DNA imensa-
em vez de desoxirribose presente no
mente longa em um cromossomo é
DNA. Outra diferença é a existência
inicialmente copiada sob a forma sob
da base uracila (U) em vez da timi-
a forma de RNA por meio de um pro-
na (T) encontrada no DNA. A apesar
cesso denominado transcrição. São
disso, a U, assim como a T, pode for-
estas cópias de RNA de segmentos
mar pares pelo estabelecimento de li-
de DNA que são usadas diretamen-
gações de hidrogênio com a adenina
te como moldes para direcionar a
(A). Em outras palavras, as proprieda-
síntese da proteína em um processo
des de complementaridade por pare-
chamado de tradução. O fluxo da in-
amento de bases que se aplicam para
formação genética nas células é, por-
o DNA também são aplicáveis para o
tanto, de DNA para RNA para proteí-
RNA. A única peculiaridade do RNA,
na. Todas as células, desde a bactéria
nesse sentido, é a presença da U no
até seres humanos, expressam sua
lugar da T.
informação genética dessa maneira.
Um princípio tão fundamental que é A maioria dos genes carreados no
denominado dogma central da bio- DNA das células especifica a sequ-
logia molecular. ência de aminoácidos de proteínas.
As moléculas que são copiadas a
partir desses genes são chamadas
2. TRANSCRIÇÃO de moléculas de RNA mensageiro
O primeiro passo executado pela cé- (mRNA). No entanto, as moléculas de
lula para ler a informação necessária a mRNA representam somente 3 a 5%
partir de suas instruções genéticas é do peso seco de uma célula. Existem
a cópia de uma parcela específica da outras variadas moléculas RNA, sen-
sequência de nucleotídeos do DNA, do que a maioria do RNA nas células
ou seja, de um gene. O gene é copia- é constituída pelo RNA ribossômico
do sob a forma de uma sequência de (rRNA). Veja na tabela abaixo os ti-
nucleotídeos de RNA. A esse proces- pos de RNA produzidos nas células.
so denomina-se transcrição.
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 4

TIPO DE RNA FUNÇÃO


mRNAs (RNA mensageiro) Codificam proteínas.
Formam a estrutura básica do ribossomo e catalisam a síntese
rRNAs (RNA ribossômico)
proteica.
São elementos essenciais para a síntese proteica, funcionando
tRNAs (RNA transportador)
como adaptadores entre o mRNA e os aminoácidos.
Atuam em uma série de processos nucleares incluindo o splicing do
snRNAs (pequenos RNAs nucleares)
pré-mRNA

snoRNAs (pequenos RNAs nucleolares) Utilizados para processar e modificar quimicamente os rRNAs

scaRNAs (pequenos RNAs de Cajal) Usados para modificar snoRNAs e snRNAs.

Regulam a expressão gênica tipicamente pelo bloqueio da tradução


miRNAs (micro RNAs)
de mRNAs selecionados.

Desligam a expressão de genes pela degradação direta de mRNA


siRNAs (pequenos RNAs de
selecionados e pelo estabelecimento de estruturas de cromatina
interferência)
compacta.

Atuam em diversos processos celulares, incluindo a síntese de


RNAs não codificantes telômeros, a ativação do cromossomo X e o transporte de proteínas
para o retículo endoplasmático.

Transcrição em procariotos à cadeia de RNA em formação, por


meio de uma reação catalisada enzi-
A transcrição começa com a abertura
maticamente pela RNA-polimerase.
e a desespiralização de uma peque-
Assim como a DNA-polimerase cata-
na porção da dupla-hélice de DNA, o
lisa a replicação do DNA, as RNA-po-
que expõe as bases em cada fita de
limerases catalisam a formação de li-
DNA. Uma das duas fitas da dupla-
gações fofodiéster que conectam os
-hélice de DNA age, então, como um
nucleotídeos entre si formando uma
molde para a síntese de uma molécu-
cadeia linear.
la de RNA. Assim como na replicação
do DNA, a sequência de nucleotídeos A RNA-polimerase move-se pau-
da cadeia de RNA é determinada pela latinamente sobre o DNA, desespi-
complementariedade do pareamen- ralizando a dupla-hélice à frente do
to de bases entre os nucleotídeos a sítio ativo de polimerização e, assim,
serem incorporados e o DNA-molde. expondo uma fita molde para o pa-
Quando o pareamento adequado é reamento de bases por complemen-
estabelecido, o ribonucleotídeo a ser taridade. Dessa maneira, a cadeia de
incorporado é covalentemente ligado RNA em formação é estendida em
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 5

um nucleotídeo por vez na direção 5’ Após a RNA-polimerase se ligar for-


para 3’. A hidrólise de trifosfatos de temente ao DNA promotor, ela abre a
nucleotídeos (como ATP, CTP, UTP dupla-hélice para expor uma peque-
e GTP) fornece a energia necessária na extensão de nucleotídeos em cada
para impulsionar essa reação. fita (passo 2). Com o DNA desespi-
Nas bactérias (principais represen- ralizado, uma das duas fitas de DNA
tantes dos procariotos), a RNA-poli- expostas age como um molde para a
merase bacteriana é um complexo de complementaridade por pareamento
múltiplas subunidades que sintetiza de bases com ribonucleotídeos que
RNA a partir de um molde de DNA. são incorporados, dois dos quais são
Uma subunidade destacável, deno­ unidos pela polimerase para dar iní-
minada fator sigma (σ), se associa cio a uma cadeia de RNA (passo 3).
com o cerne da enzima e auxilia na Após cerca de 10 nucleotídeos de
leitura dos sinais no DNA que indicam RNA serem sintetizados, a enzima
onde iniciar a transcrição. Em conjun­ quebra suas interações com o DNA
to, a enzima base (RNA-polimerase) promotor, relaxa suas interações com
e o fator sigma (σ) são denominados o fator σ e começa a se mover sobre o
holoenzima RNA-polimerase. Esse DNA, sintetizando RNA (passos 4 e
complexo adere firmemente ao DNA 5). A extensão da cadeia continua a
bacteriano quando ele desliza em uma velocidade de aproximadamen-
uma região de dupla-hélice de DNA te 50 nucleotídeos/segundo até que
denominada promotor, uma sequên- a enzima libera a tanto cadeia-mol-
cia especial de nucleotídeos indicando de de DNA, quanto a cadeia de RNA
o ponto inicial para a síntese de RNA. recém-sintetizada (passo 7). Após a
A holoenzima polimerase, através de enzima polimerase ter sido liberada
seu fator σ, reconhece a sequência de no terminador, ela reassocia-se com
DNA promotor pelo estabelecimento um fator σ livre para forma uma ho-
de contatos específicos com porções loenzima que poderá começar nova-
de bases que estão expostas na face mente o processo de transcrição. Veja
externa de hélice (passo 1). na figura abaixo os passos da trans-
crição descritos acima.
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 6

Fator σ
RNA

DNA

RNA-polimerase

RNA
RNA
Figura 1. Fonte: Adaptado de ALBERTS, B.; JOHNSON, A. & WALTER, P. Biologia Molecular da Célula. 6ª Ed. 2017.

O terminador consiste em um se- de bases de Watson-Crick. Confor-


guimento de DNA que contém sinais me a polimerase transcreve um ter-
de terminação para a transcrição. No minador, a formação de um grampo
caso da maioria dos genes bacteria- pode ajudar a “empurrar” o transcrito
nos, o sinal de terminação consiste em de RNA para longe do sítio ativo. O
uma fita de pares de nucleotídeos A-T, híbrido DNA-RNA no sítio ativo, que
precedida por uma sequência de DNA está preso ao terminador predominan-
duplamente simétrica, a qual, quando temente por interações entre pares de
transcrita em RNA, dobra-se em uma bases U-A (os quais são menos está-
estrutura em “grampo de cabelo” (ob- veis do que pares de bases G-C, pois
serve a figura acima) pelo pareamento formam duas ligações de hidrogênio
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 7

por par de bases em de três) não é su- bacteriana, mas transcrevem diferen-
ficientemente forte para manter essa tes tipos de genes. As RNA-polime-
união e dissocia-se, causando a libe- rases I e III transcrevem os genes que
ração da polimerase do DNA. É válido codificam o tRNA, o rRNA e vários
lembrar que a transcrição em procario- pequenos RNAs. A RNA-polimerase
tos ocorre no citosol. II transcreve a grande maioria dos ge-
nes, inclusive todos aqueles que codi-
ficam proteínas. Por isso, essa última
Transcrição em eucariotos enzima se torna o cerne da descrição
Em contraste com as bactérias, que dos processos envolvidos na transcri-
contêm um único tipo de RNA-poli- ção em eucariotos. Vale ressaltar que
merase, os núcleos eucarióticos têm a transcrição em eucariotos ocorre no
três: RNA-polimerase I, RNA-poli- núcleo da célula. Confira na tabela
merase II e RNA-polimerase III. As abaixo os genes transcritos pelas po-
três polimerases são estruturalmente limerases em eucariotos.
similares entre si e, inclusive, à enzima

TIPO DE POLIMERASE GENES TRANSCRITOS


RNA-polimerase I Genes do rRNA 5,8S, 18 S e 28S.
Todos os genes que codificam proteínas, além de genes de que codifi-
RNA-polimerase II
cam snoRNA, miRNA, siRNA e a maioria dos genes de snRNA.
Genes de tRNA, rRNA 5S, alguns snRNA e genes de outros pequenos
RNA-polimerase III
RNAs.

Apesar de a RNA-polimerase II eu- coletivamente chamadas de fato-


cariótica apresentar muitas simi- res gerais de transcrição.
laridades estruturais em relação à
• A iniciação da transcrição eucarió-
RNA-polimerase bacteriana, existem
tica precisa lidar com o DNA em-
várias diferenças importantes na ma-
pacotado em nucleossomos e sob
neira como as enzimas bacterianas e
outras formas de estruturação de
eucarióticas atuam. Por exemplo:
cromatina, características ausen-
• Enquanto a RNA-polimerase bac- tes nos cromossomos bacterianos.
teriana requer uma única prote-
ína adicional (o fator σ) para que
ocorra a transcrição, as RNA-po- Os fatores gerais de transcrição
limerases eucarióticas necessitam ajudam a posicionar a RNA-polime-
de diversas proteínas adicionais, rase eucariótica corretamente sobre o
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 8

promotor, auxiliam na separação das Início da transcrição


duas fitas de DNA para permitir que
a transcrição inicie e liberam a RNA-
-polimerase do promotor no modo de
extensão, uma vez que a transcrição TBP TFIID
tenha iniciado. Esses fatores consis-
tem em um grupo de proteínas inte-
rativas designadas como TFII (fator
de transcrição para a polimerase II)
e recebem nomes arbitrários, como TTFIIB
TFIIB, TFIID e assim por diante. Em
um sentido amplo, os fatores gerais
de transcrição eucarióticos desempe- CTD
TFIIF
nham funções equivalentes àquelas
do fator σ em bactérias.
O processo de transcrição tem início TFIIE
com a ligação do fator geral de trans-
crição TFIID a uma pequena sequên- TFIIH
cia de DNA de dupla-hélice composta RNA-polimerase II
por nucleotídeos T e A. Por esse moti-
vo, essa sequência é conhecida como
TATA, ou TATA box, e a subunidade
de TDFIID que reconhece é denomi-
nada proteína de ligação a TATA. A
sequência TATA box, geralmente,
UTP, ATP ATIVIDADE HELICASE E
está localizada 25 nucleotídeos antes CTP, GTP FOSFORILAÇÃO CTD
do sítio de início da transcrição. Ou-
DISSOCIAÇÃO DA MAIORIA DOS
tros fatores são então reunidos, junto FATORES GERAIS DA
à RNA-polimerase II, para formar um TRANSCRIÇÃO

complexo de iniciação de transcri-


ção completo.

SE LIGA! A sequência TATA não é a úni-


ca sequência de DNA que sinaliza o iní-
RNA
cio da transcrição. Porém, para a maioria
dos promotores de polimerase II, ela é a
TRANSCRIÇÃO
mais importante.
Figura 2. Fonte: Adaptado de ALBERTS, B.; JOHN-
SON, A. & WALTER, P. Biologia Molecular da Célula. 6ª
Ed. 2017.
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 9

Após a formação de um complexo Uma vez que a polimerase II tenha


de iniciação de transcrição sobre o iniciado a extensão do transcrito de
DNA, a RNA-polimerase II deverá ter RNA, a maioria dos fatores gerais
acesso à fita molde no ponto inicial de transcrição é liberada do DNA
da transcrição. O TFIIH, o qual con- de forma que eles estarão disponí-
tém uma enzima denominada DNA- veis para iniciar outro ciclo de trans-
-helicase como uma de suas subuni- crição, com outra nova molécula de
dades, torna possível esse passo por RNA-polimerase.
hidrólise de ATP, promovendo a de- Um fato que ganha relevância em re-
sespiralização do DNA e consequen- lação a transcrição em eucariotos é a
temente expondo a fita-molde. A se- forma como o DNA se encontra nas
guir, a RNA-polimerase II, da mesma células. O DNA das células eucarió-
forma que a polimerase bacteriana, ticas está empacotado em nucleos-
se mantém no promotor, sintetizan- somos, os quais são posteriormente
do pequenos fragmentos de RNA organizados em estruturas de croma-
até sofrer uma série de alterações tina de alta magnitude. Como resul-
estruturais que permitem sua saída tado, a iniciação da transcrição nas
do promotor e a entrada na fase de células eucarióticas requer uma ma-
extensão da transcrição. Um evento quinaria molecular complexa. Nesse
importante para essa transição é a sentido, a presença de um comple-
adição de grupos fosfato à “cauda” da xo proteico conhecido como Media-
RNA-polimerase II, conhecida como dor se torna relevante. O complexo
CTD, ou domínio C-terminal. Nesse Mediador permite que as proteínas
sentido, resíduos de serina da “cau- ativadoras se comuniquem adequa-
da” são fosforilados pelo TFIID, o qual damente com a polimerase II e com
contém uma proteína-cinase como os fatores gerais de transcrição. Fi-
uma de suas subunidades. A polime- nalmente, a iniciação da transcrição
rase pode então se separar do agru- nas células eucarióticas tipicamente
pamento de fatores gerais de trans- requer o recrutamento da cromatina
crição. Durante esse processo, ela e enzimas modificadoras de histonas.
sofre uma série de modificações con- Ambos tipos de enzimas possibilitam
formacionais que fortalecem a sua in- maior acesso ao DNA presente sob a
teração com o DNA e adquire novas forma de cromatina e, assim, facilitam
proteínas que lhe permite transcrever a montagem da maquinaria de inicia-
por longas distâncias, e em muitos ção da transcrição sobre o DNA.
casos por várias horas, sem se disso-
ciar do DNA.
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 10

Proteínas ativadora

TATA box
Estimulador Início da
(sítio de ligação para a LIGAÇÃO DOS FATORES GERAIS DE transcrição
proteína ativadora) TRANSCRIÇÃO, RNA-POLIMERASE, MEDIADOR,
COMPLEXOS DE REMODELAÇÃO DE
CROMATINA E ENZIMAS MODIFICADORAS DE
HISTONAS

Complexo de
remodelação da
cromatina
Mediador

Enzimas modificadora de
histona

INÍCIO DA TRANSCRIÇÃO

Figura 3. Fonte: Adaptado de ALBERTS, B.; JOHNSON, A. & WALTER, P. Biologia Molecular da Célula. 6ª Ed. 2017.

Processamento do mRNA transcrito de RNA pelo processo de


splicing do RNA.
Os mRNAs bacterianos são sintetiza-
dos somente pela RNA-polimerase, Ambas as extremidades do mRNA
começando e finalizando em regiões eucariótico são modificadas pelo ca-
específicas do genoma. Nos eucario- peamento na extremidade 5’ e pela
tos, no entanto, o cenário é bastan- poliadenilação na extremidade 3’.
te diferente. Em particular, a trans- Essas extremidades especiais permi-
crição é apenas o primeiro passo de tem que a célula verifique se ambas
diferentes etapas necessárias para a as extremidades de uma molécula
produção de um mRNA. Outras eta- de mRNA estão presentes e, conse-
pas essenciais incluem a modificação quentemente, se mensagem está in-
covalente de ambas extremidades do tacta, antes de exportar a sequência
RNA e a remoção de sequências de de RNA do núcleo para ser traduzida
íntrons que são retiradas do meio do em proteína.
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 11

Capeamento do RNA: a primeira é realizada por três enzimas agindo


modificação dos pré-mRNAs sucessivamente. Uma fosfatase re-
eucarióticos move um fosfato da extremidade 5’
do RNA nascente. Outra, uma gua-
Assim que a RNA-polimerase II tenha
nil-transferase, adiciona um GMP
produzido aproximadamente 25 nu-
em uma ligação reversa (5’ para 5’
cleotídeos de RNA, a extremidade 5’
em vez de 5’ para 3’). Uma terceira,
da nova molécula de RNA é modifi-
metil-transferase, adiciona um gru-
cada pela adição de um “quepe” que
po metil à guanosina.
consiste em um nucleotídeo guanina
modificado. A reação de capeamento

CAPEAMENTO DA EXTREMIDADE 5’
DISTINÇÃO DO mRNA
PARA OS OUTROS RNAS

Fosfatase remove
um Pi

Guanil-transferase
Adiciona um GMP

Metil-transferase
adiciona um Metil a
Guanosina

Figura 4. Fonte: Adaptado de ALBERTS, B.; JOHNSON, A. & WALTER, P. Biologia Molecular da Célula. 6ª Ed. 2017.

O quepe metil 5’ identifica a extre- os mRNAs dos outros tios de molécu-


midade 5’ de mRNAs eucarióticos, e las de RNA presentes na célula. Por
esta marca ajuda a célula a distinguir exemplo, as RNA-polimerases I e III
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 12

produzem RNAs não-capeados du- precursor de mRNA ganha grande


rante a transcrição, em parte porque relevância. Somente após ter ocorri-
essas polimerases carecem de um do o splicing e o processamento das
CTD. No núcleo, o quepe se liga a um extremidades 5’ e 3’ esse RNA será
complexo proteico denominado com- denominado mRNA.
plexo de ligações ao quepe, o qual, Cada evento de splicing remove um
como discutiremos em seções subse- íntron, por meio de duas reações se-
quentes, ajuda o RNA a ser adequa- quenciais de transferências de fosforil,
damente processado e exportado. O conhecidas como transesterificações,
quepe metil 5’ também desempenha as quais unem dois éxons, enquanto
um importante papel na tradução dos removem o íntron sob a forma de um
mRNAs no citosol. “laço”. Uma vez que o número de li-
gações de fosfato de alta energia per-
manece o mesmo, tais reações podem
Splicing do RNA ocorrer, em princípio, sem hidrólise de
As sequências codificantes de genes trifosfatos de nucleosídeo. Entretanto,
eucarióticos são caracteristicamente a maquinaria que catalisa o splicing
interrompidas por sequências inter- do pré-RNA é complexa, consistin-
venientes não codificantes, os íntrons. do em cinco moléculas adicionais de
Em outras palavras, os genes eucari- RNA e até 200 proteínas, e hidrolisa
óticos são encontrados sob a forma muitas moléculas de ATP por evento
de pequenos pedaços de sequências de splicing. Essa complexidade é pre-
expressas ou éxons intercaladas por sumivelmente necessária para asse-
sequências muito longas, as sequên- gurar que o splicing seja exato, sen-
cias intervenientes ou íntrons. Assim, do ao mesmo tempo suficientemente
a porção codificantes de um gene flexível para lidar com a enorme di-
eucariótico é, em geral, apenas uma versidade de íntrons encontrada em
pequena fração do comprimento do uma célula eucariótica típica.
gene. No contexto de uma escala de tempo
Tanto as sequências de íntrons quan- evolutiva, a presença de numerosos
to de éxons são transcritas em RNA. íntrons no DNA permite que a recom-
As sequências dos íntrons são remo- binação genética facilmente combine
vidas do RNA recentemente sinteti- éxons de diferentes genes, possibili-
zado (pré-RNA) por meio de um pro- tando que genes para novas proteí-
cesso denominado splicing de RNA. nas evoluam mais facilmente por in-
Grande parte do splicing de RNA que termédio da combinação de partes de
ocorre nas células atua na produção genes preexistentes.
de mRNA. Portanto, o splicing do
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 13

Outra vantagem que é, atualmente, Poliadenilação na extremidade 3’


observada é o splicing de diferentes
À medida que a RNA-polimerase II
maneiras ou splicing alternativo.
se aproxima do final de um gene, um
Estima-se que 75% dos genes em
mecanismo similar ao capeamento da
humanos sofram splicing alternativo,
extremidade 5’ assegura que a extre-
permitindo que um mesmo gene pro-
midade 3’ do pré-mRNA seja correta-
duza um grupo de correspondente
mente processada. Duas proteínas de
de diferentes proteínas. Dessa forma,
subunidades múltiplas, denominadas
esse processo concede aos eucario-
fator de estimulação à clivagem (CstF)
tos incrementar o já enorme potencial
e fator de especificidade de clivagem
codificante de seus genomas.
e poliadenilação (CPSF) são de espe-
O splicing do RNA é realizado pelo cial importância. Ambas movimen-
spliceossomo. Cinco moléculas de tam-se com a cauda da RNA-polime-
RNA (U1, U2, U4 e U5 e U6) relativa- rase e são transferidas à extremidade
mente pequenas, com menos de 200 3’ da sequência em processamento
nucleotídeos cada, constituem o ma- sobre uma molécula de RNA, logo
quinário molecular envolvido na prin- que ela emerge da RNA-polimerase.
cipal forma de splicing do pré-mRNA.
Uma vez que CstF e CPSF se ligam a
Conhecidas como snRNAs ou pe-
sequências nucleotídicas específicas
quenos RNAs nucleares, cada uma é
sobre a molécula de RNA que está
complexada com pelo menos sete su-
em formação, proteínas adicionais
bunidades proteicas para formar um
associam-se a elas para criar a extre-
snRNP (pequena ribonucleoproteína
midade 3’ do mRNA. Inicialmente, o
nuclear). As snRNPs formam o cerne
RNA é clivado. Logo após, uma enzi-
do spliceossomo, o grande complexo
ma denominada poli-A-polimerase
de moléculas de RNA e de proteínas
(PAP) adiciona, um a um, aproxima-
que realiza o splicing do pré-mRNA
damente 200 nucleotídeos A (adeni-
na célula.
na) à extremidade 3’ produzida pela
clivagem. O nucleotídeo precursor
dessas adições é o ATP, e o mesmo
tipo de ligações 5’ a 3’ utilizado na
síntese convencional de RNA é for-
mado nessa situação.
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 14

POLIADENILAÇÃO DA EXTREMIDADE 3’

mRNA é clivado

Adição ± 200
Nucleotídeos

Figura 5. Fonte: Adaptado de ALBERTS, B.; JOHNSON, A. & WALTER, P. Biologia Molecular da Célula. 6ª Ed. 2017.

Após a clivagem da extremidade 3’ 3. EXPORTAÇÃO DO mRNA


de uma molécula de pré-mRNA eu- PARA FORA DO NÚCLEO
cariótica, a RNA-polimerase II conti-
Os mRNAs adequadamente proces-
nua a transcrever, em alguns casos
sados são guiados através dos canais
transcrevendo até várias centenas de
aquosos dos complexos do poro
nucleotídeos. Mas a polimerase logo
nuclear (NPCs) da membrana nucle-
libera a sua pressão sobre a fita-mol-
ar, os quais conectam diretamente o
de, e a transcrição termina.
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 15

nucleoplasma e o citosol. Pequenas presente em sua sequência de nu-


moléculas, com menos de 50.000 cleotídeos é usada para sintetizar
dáltons, podem difundir livremente uma proteína. Ocorre, portanto, uma
através desses canais. No entanto, a tradução da informação contida no
maioria das macromoléculas celula- RNA para uma linguagem que en-
res, inclusive mRNAs complexados a volve uma sequência de aminoácidos
proteínas, apresenta tamanho exces- que dará origem a uma proteína. Isso
sivo, o que as impossibilita de atraves- ocorre por meio da aplicação de re-
sar os canais sem o uso de processos gras que são conhecidas como códi-
especiais. A célula usa energia para o go genético.
transporte ativo dessas macromolé- A sequência de nucleotídeos em uma
culas em ambos os sentidos através molécula de mRNA é lida em grupos
dos complexos do poro nuclear. consecutivos de três. O RNA é um po-
As macromoléculas são transporta- límero linear de quatro diferentes nu-
das através dos complexos do poro cleotídeos, de tal forma que existem
nuclear via receptores de transpor- 64 combinações (4x4x4) possíveis
te nuclear, os quais, dependendo da de três nucleotídeos: os tripletes AAA,
identidade da macromolécula, as es- AUA, AUG, e assim por diante. Entre-
coltam do núcleo para o citoplasma tanto, somente 20 aminoácidos dife-
ou vice-versa. Para que ocorra a ex- rentes normalmente são encontrados
portação do mRNA, um receptor de nas proteínas. Ou alguns tripletes de
transporte nuclear específico deve ser nucleotídeos nunca são usados, ou o
carregado sobre o mRNA, uma etapa código é redundante e alguns ami-
que, pelo menos em alguns organis- noácidos são determinados por mais
mos, ocorre em concerto à clivagem e de um triplete. Essa segunda pos-
poliadenilação 3’. Uma vez que tenha sibilidade é, de fato, a possibilidade
auxiliado a transportar uma molécu- correta, conforme demonstrado pelo
la de RNA através do complexo do código genético completamente de-
poro nuclear, o receptor de transporte cifrado. Cada grupo de três nucleotí-
se dissocia do mRNA, penetra nova- deos consecutivos no RNA é denomi-
mente o núcleo e exporta uma nova nado códon, e cada códon especifica
molécula de mRNA. ou um aminoácido, ou a finalização
do processo de tradução. É importan-
te ressaltar que o código genético é
4. TRADUÇÃO utilizado universalmente em todos os
Uma vez que o mRNA tenha sido organismos conhecidos.
produzido por meio da transcrição
e do processamento, a informação
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 16

Ribossomos Quando a síntese de proteínas não


está ativa, as duas subunidades do
A síntese de proteínas é guiada pela
ribossomo estão separadas. Elas se
informação presente nas molécu-
unem sobre uma molécula de mRNA,
las de mRNA. Para manter a fase
normalmente próxima à sua extremi-
de leitura correta e para assegurar a
dade 5’, para iniciar a síntese de uma
exatidão, a síntese é realizada no ri-
proteína. O mRNA é então puxado
bossomo, uma maquinaria catalítica
através do ribossomo. Conforme seus
complexa feita a partir de mais de 50
códons encontram os sítios ativos dos
proteínas ribossomais e diversas mo-
ribossomos, a sequência nucleotídica
léculas de RNA, os RNAs ribossômi-
do mRNA é traduzida em uma se-
cos (rRNAs). Uma célula eucariótica
quência de aminoácidos, usando os
típica contém milhões de ribossomos
tRNAs como adaptadores para adi-
em seu citoplasma. As subunidades
cionar cada aminoácido na sequência
ribossomais eucarióticas são mon-
correta à extremidade da cadeia po-
tadas nos nucléolos pela associação
lipeptídica em formação. Quando um
de rRNAs recém-transcritos e modi-
códon de terminação é encontrado, o
ficados com proteínas ribossomais,
ribossomo libera a proteína finalizada,
as quais foram transportadas para o
e suas duas subunidades separam-
interior do núcleo após sua síntese no
-se novamente. Essas subunidades
citoplasma. As duas subunidades ri-
podem então ser utilizadas para ini-
bossomais são então transportadas
ciar a síntese de outra proteína sobre
para o citoplasma, onde serão unidas
outra molécula de mRNA.
para realizar a síntese de proteínas.
Um ribossomo contém quatro sítios de
Os ribossomos eucarióticos e proca-
ligação para moléculas de RNA: uma
rióticos são muito similares tanto em
para o mRNA e três denominados sí-
forma quanto em função. Ambos são
tio A, sítio P e sítio E, que são para
compostos de uma subunidade gran-
tRNA. Uma molécula de tRNA adere
de e de uma subunidade pequena que
fortemente aos sítios A e P apenas
se encaixam para formar um ribosso-
se seus anticódons formam pares de
mo completo. A subunidade pequena
bases com o códon complementar na
fornece uma região sobre a qual os
molécula de mRNA que está ligada
tRNAs pode ser eficientemente pa-
ao ribossomo. Os sítios A e P estão
reados sobre os códons do mRNA,
suficientemente próximos para que
enquanto que a subunidade gran-
suas duas moléculas de tRNA se-
de catalisa a formação das ligações
jam forçadas a formar pares de base
peptídicas que unem os aminoácidos,
com códons adjacentes na molécu-
formando uma cadeia polipeptídica.
la de mRNA. Essa característica do
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 17

ribossomo mantém a fase de leitura Etapas da Tradução


correta no mRNA.
A tradução ocorre por três etapas
subsequentes: iniciação, alongamen-
RNA transportador (tRNAs) to e terminação.
A tradução do mRNA em proteína de-
pende de moléculas adaptadoras que Iniciação
podem reconhecer e se ligar ao códon
A tradução de um mRNA inicia com
e, em outra região de sua superfície,
um códon AUG, e um tRNA especial
ao aminoácido. Esses adaptadores
é necessário para iniciar a tradução.
consistem em um conjunto de pe-
Esse tRNA iniciador sempre carrega
quenas moléculas de RNA conhecido
o aminoácido metionina, portanto
como RNAs transportadores (tR-
todas as proteínas recém-formadas
NAs), cada um com tamanho aproxi-
possuem metionina como seu primei-
madamente de 80 nucleotídeos.
ro aminoácido em suas extremidades
Quatro pequenos segmentos do N-terminal, a extremidade de uma
tRNA dobrado formam dupla-héli- proteína que é sintetizada primeiro.
ces, produzindo uma molécula que O tRNA iniciador pode ser especifi-
se assemelha que se a uma folha de camente reconhecido pelos fatores
trevo quando desenhada esquemati- de iniciação, pois tem uma sequên-
camente. Essa é a estrutura do tRNA. cia nucleotídica distinta do tRNA que
Duas regiões de nucleotídeos não- normalmente carrega a metionina.
-pareados situadas em cada uma das Nos eucariotos, o complexo iniciador-
extremidades da molécula são cru- -metionina (Met-tRNAi) é inicialmen-
ciais para a função do tRNA na sínte- te depositado sobre a subunidade ri-
se de proteínas. Uma dessas regiões bossomal pequena, juntamente com
forma o anticódon, um conjunto de proteínas adicionais denominadas
três nucleotídeos consecutivos que fatores de iniciação eucarióticos
pareiam com o códon complementar ou eIFs. Apenas o tRNA carregado
em uma molécula de mRNA. A outra com metionina é capaz de se ligar
é uma pequena região de fita simples firmemente à subunidade ribosso-
na extremidade 3’ da molécula: este é mal pequena, sem a presença do ri-
o sítio onde o aminoácido que corres- bossomo completo, sendo capaz de
ponde ao códon é ligado ao tRNA. ligar diretamente ao sítio P. A seguir,
a subunidade ribossomal pequena se
liga à extremidade 5’ de uma molé-
cula de mRNA, a qual é reconhecida
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 18

em virtude de seu quepe 5’ e de seus da subunidade ribossomal grande


dois fatores de iniciação ligados, o eI- para completar o ribossomo.
F4E e o eIF4G. A subunidade ribos- Diferentemente de um ribossomo
somal pequena então se move para eucariótico, um ribossomo bacteria-
frente (5’ para 3’) sobre o mRNA, fa- no pode facilmente ligar-se de modo
zendo uma varredura e procurando direto a um códon de iniciação que
pelo primeiro AUG. Esse movimento esteja no interior de uma molécula de
é facilitado pelos fatores de iniciação mRNA, desde que um sítio de ligação
adicionais, que agem como helicases, ribossomal o preceda por diversos
impulsionados por ATP. A tradução nucleotídeos. Como resultado, os mR-
então se inicia no primeiro AUG en- NAs bacterianos com frequência são
contrado pela subunidade pequena. policistrônicos, ou seja, codificam
Nesse ponto, os fatores de iniciação várias proteínas diferentes, todas tra-
dissociam-se, permitindo que a subu- duzidas a partir da mesma molécula
nidade ribossomal grande se associe de mRNA. Em contraste, um mRNA
ao complexo e complete o ribossomo. eucariótico geralmente codifica uma
O tRNA iniciador encontra-se, nesse única proteína (monocistrônico).
momento, ligado ao sítio P, deixando
o sítio A livre. A síntese de proteína
está, portanto, pronta para iniciar. Alongamento
Nas bactérias, o mecanismo para se- Uma vez que a síntese de proteína
lecionar o códon de iniciação é dife- tenha sido iniciada, cada novo ami-
rente. Os mRNAs das bactérias não noácido é adicionado à cadeia em ex-
possuem quepe 5’ para iniciar a pro- tensão em um ciclo de reações con-
cura pelo início da tradução. Em vez tendo quatro passos iniciais: ligação
disso, cada mRNA bacteriano contém do tRNA, formação da ligação pep-
um sítio de ligação ao ribossomo es- tídica, translocação das subunidades
pecífico denominado sequência Shi- grande e pequena. Como resultado
ne-Dalgarno, o qual está localizado dos dois passos de translocação, o ri-
uns poucos nucleotídeos acima do bossomo completo move-se três nu-
AUG em que a tradução deve iniciar. cleotídeos sobre o mRNA e é posicio-
Essa sequência nucleotídica forma nado para dar início ao próximo ciclo.
pares de bases com o rRNA 16S da Partindo do princípio que alguns ami-
subunidade ribossomal pequena para noácidos já foram ligados entre si e
posicionar o códon de iniciação AUG que já existe uma molécula de tRNA
no ribossomo. Um grupo de fatores de no sítio P no ribossomo ligada cova-
iniciação da tradução orquestra essa lentemente à extremidade da cadeia
interação e a subsequente montagem polipeptídica em crescimento, no
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 19

passo 1 do alongamento, um tRNA no processo. Esses fatores são de-


carregando o próximo aminoácido nominados EF-Tu e EF-G em bacté-
da cadeia liga-se ao sítio A ribosso- rias, e EF1 e EF2 em eucariotos. Sob
mal, formando pares com o códon do determinadas condições in vitro, os
mRNA lá posicionado. Dessa forma, o ribossomos podem ser induzidos a
sítio P e o sítio A contêm tRNAs adja- realizar a síntese proteica sem a aju-
centes ligados. No passo 2, a extre- da desses fatores de extensão e da
midade carboxila da cadeia polipep- hidrólise de GTP, mas essa síntese é
tídica é liberada do tRNA no sítio P muito lenta, ineficiente e inexata. O
pelo rompimento da ligação altamen- acoplamento de alterações mediadas
te energética entre o tRNA e seu ami- pela hidrólise de GTP nos fatores de
noácido. A carboxila é, então, ligada extensão às transições entre os dife-
ao grupo amino livre do aminoácido rentes estados do ribossomo aumen-
ligado ao tRNA no sítio A, formando ta bastante a velocidade do processo.
uma nova ligação peptídica. Essa re- Os ciclos de associação dos fatores
ação central da síntese de proteínas de extensão, hidrólise de GTP e dis-
é catalisada por uma peptidil-trans- sociação asseguram que as mudan-
ferase contida na subunidade ribos- ças conformacionais ocorram em um
somal grande. No passo 3, a subuni- sentido “para a frente” e, dessa ma-
dade grande se move em relação ao neira, a tradução pode proceder com
mRNA que está preso à subunidade maior eficiência.
pequena, o que interfere nas hastes
aceptoras dos dois tRNAs que se en-
contram nos sítios E e P da subunida- Terminação
de grande. No passo 4, outra série de O final da mensagem codificadora de
modificações conformacionais move uma proteína é sinalizado pela pre-
a subunidade pequena e o mRNA a sença de um de três códons de ter-
ela conectado exatamente três nucle- minação: UAA, UAG ou UGA. Eles
otídeos, reposicionando o ribossomo são reconhecidos por um tRNA e não
de tal forma que ele está pronto para determinam um aminoácido. Em vez
receber o próximo aminoacil-tRNA. O disso, sinalizam para o ribossomo o
passo 1 é então repetido com a che- final da tradução. As proteínas co-
gada de um novo aminoacil-tRNA, e nhecidas como fatores de termina-
assim por diante. ção ligam-se a qualquer ribossomo
Dois fatores de extensão entram e que possua um códon de terminação
saem do ribossomo a cada ciclo, cada posicionado no sítio A, e esta ligação
um hidrolisando GTP em GDP e le- força a peptidil-transferase no ri-
vando a modificação conformações bossomo a catalisar a adição de uma
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 20

molécula de água em vez de um ami- finalizada é imediatamente liberada


noácido no peptidil-tRNA. Essa rea- no citoplasma. O ribossomo, então, li-
ção libera a extremidade carboxila da bera o mRNA e separa-se nas duas
cadeia polipeptídica em crescimento subunidades grande e pequena, as
de sua conexão a uma molécula de quais podem associar-se sobre essa
tRNA. Tendo em vista que apenas mesma ou outra molécula de mRNA
essa conexão normalmente mantém para iniciar um novo cilco de síntese
unido o polipeptídio em crescimento de proteínas.
ao ribossomo, a cadeia de proteína

QUADRO RESUMO: FATORES DE TRADUÇÃO


PAPEL PROCARIOTOS EUCARIOTOS
eIF-1, eIF-1A, eIF-2, eIF-2B, eIF-3,
Iniciação IF-1, IF2, IF-3 eIF-4A, eIF-4B, eIF-4E, eIF-4G,
eIF-5
Alongamento EF-Tu, EF-Ts, EF-G eEF-1α, eEF-1βγ, eEF-2
Terminação RF-1, RF-2, RF-3 eRF-1, Erf-3

5. POLIRRIBOSSOMOS citoplasmáticos compostos de vá-


rios ribossomos separados por cerca
A síntese da maioria das moléculas
de 80 nucleotídeos sobre uma única
de proteína leva entre 20 segundos
molécula de mRNA. Essas iniciações
e alguns minutos. Porém, mesmo du-
múltiplas permitem que a célula pro-
rante esse período bastante curto, é
duza muito mais moléculas de prote-
comum ocorrerem iniciações múlti-
ína em um espaço de tempo deter-
plas sobre cada molécula de mRNA
minado do que seria possível se cada
que está sendo traduzida. Assim que
ribossomo tivesse que completar o
o ribossomo precedente tenha tradu-
processo antes que o próximo ribos-
zido o suficiente da sequência nucle-
somo o iniciasse.
otídica para mover-se, a extremidade
5’ da molécula de mRNA é capturada Tanto as bactérias quanto os eucario-
por um novo ribossomo. As molécu- tos utilizam polissomos, e ambos em-
las de mRNA que estão sendo tra- pregam estratégias adicionais para
duzidas são, consequentemente, de acelerar ainda mais a taxa de síntese
modo geral encontradas sob a forma proteica. Tendo em vista que o mRNA
de polirribossomos, também conhe- bacteriano não necessita de proces-
cidos como polissomos. Estas estru- samento e que ele está acessível aos
turas consistem em grandes arranjos ribossomos ao mesmo tempo em que
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 21

está sendo produzido, os ribossomos


podem ligar se à extremidade livre de
uma molécula de mRNA bacteriano TRANSCRIÇÃO
e iniciar sua tradução, mesmo antes
que a transcrição deste RNA esteja
finalizada, seguindo bastante próxi-
mos da RNA-polimerase, à medida
que ela se move sobre o DNA. Em PROCARIOTO
eucariotos as extremidades 5’ e 3’
do mRNA interagem. Portanto, assim
que um ribossomo se dissocia, suas
FATOR σ RNA-POLIMERASE
duas subunidades estão em uma po-
sição ótima para reiniciar a tradução
sobre a mesma molécula de mRNA.
DNA PROMOTOR

DESESPIRALIZAÇÃO DE UMAPORÇÃO
DA DUPLA-HÉLICE DE DNA

FITA-MOLDE DNA

QUEBRA DAS
INÍCIO DA TRANSCRIÇÃO
INTERAÇÕES DA
POLIMERASE COM
FATOR σ E O PROMOTOR

EXTENSÃO DA CADEIA DE RNA


BASES DE
WATSON-CRICK
(“GRAMPO DE CABELO”)
RNA

TERMINADOR
MENSAGEIRO

TRANSPORTADOR

RIBOSSÔMICO

OUTROS TIPOS
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 22

TRANSCRIÇÃO

EUCARIOTO

RNA-POLIMERASE

I II III

FATORES GERAIS DE TATA BOX


TRANSCRIÇÃO (TFII)

COMPLEXO DE INICIAÇÃO
DE TRANSCRIÇÃO

DESESPIRALIZAÇÃO DE UMA PORÇÃO


DA DUPLA-HÉLICE DE DNA

FITA-MOLDE DNA

FOSFORILAÇÃO
DA “CAUDA” DA
INÍCIO DA TRANSCRIÇÃO
POLIMERASE II

EXTENSÃO DA CADEIA DE RNA

QUEPE METIL NA
EXTRMIDADE 5’ PRÉ-mRNA

CAPEAMENTO SPLICING POLIADENILAÇÃO

PAP
REMOÇÃO DOS UNIÃO ENTRE ÉXONS ALTERNATIVO
ÍNTRONS (“LAÇO”)

INCREMENTO ADICIONA 200


NO POTENCIAL NUCLEOTÍDEOS A NA
CODIFICANTE DO EXTREMIDADE 3’
GENOMA

mRNA EXPORTAÇÃO PARA


(PROCESSADO) FORA DO NÚCLEO
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 23

INÍCIO DA TRADUÇÃO

REDUNDANTE 64 CÓDONS
CÓDON AUG

UNIVERSAL 20 AMINOÁCIDOS (AA)


SEQUÊNCIA SHINE- SUBUNIDADE GRANDE
DALGARNO
CÓDIGO GENÉTICO SUBUNIDADE
RIBOSSOMOS
FATORES DE PEQUENA
Met-tRNAi INICIAÇÃO
PROCARIÓTICOS tRNA ESTRUTURA EM
“FOLHA DE TREVO”

MAQUINÁRIO EXTREMIDADES
INICIAÇÃO TRADUÇÃO
MOLECULAR
ANTICÓDON
FATORES DE
Met-tRNAi INICIAÇÃO SÍTIO DE LIGAÇÃO P/AA
EUCARIÓTICOS
ALONGAMENTO TERMINAÇÃO
SUBUNIDADE trocar
UAA
RIBOSSOMAL PEQUENA
FATORES DE CÓDONS DE
UAG
PASSO 1 NOVO tRNA NO SÍTIO A TERMINAÇÃO TERMINAÇÃO
QUEPE 5’
UGA

CÓDON AUG LIGAÇÃO PEPTÍDICA


PASSO 2 DISSOCIAÇÃO DAS
(PEPTIDIL-TRANSFERASE) SUBUNIDADES
RIBOSSÔMICAS
INÍCIO DA TRADUÇÃO TRANSLOCAÇÃO LIBERAÇÃO DA
PASSO 3 DA SUBUNIDADE CADEIA DE PROTEÍNA
RIBOSSOMAL GRANDE FINALIZADA

TRANSLOCAÇÃO
PASSO 4 DA SUBUNIDADE CITOPLASMA
RIBOSSOMAL PEQUENA
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 24

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
ALBERTS, B.; JOHNSON, A. & WALTER, P. Biologia Molecular da Célula. 6ª Ed., Artmed
Editora, 2017.
ALBERTS, B.; BRAY, D.; JOHNSON, A. et al. Fundamentos da Biologia Celular. 6ª Ed., Artmed
Editora, 2017.
TRANSCRIÇÃO E TRADUÇÃO 25

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