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Aos Excelentíssimos

Deputadas e Deputados Federais Representantes da Bancada Paranaense na


Câmara dos Deputados
Brasília-DF
Excelentíssimos,

Vimos, por meio deste instrumento, externar nossas preocupações acerca


do chamado Reordenamento da Rede Federal de Ensino, promovido pelo
Ministério da Educação, no que se faz pertinente ao Instituto Federal do Paraná
– IFPR. Para o melhor entendimento de Vossas Excelências acerca do tema
proposto pelo MEC, apresentamos o seguinte histórico:
- Em 30 de agosto de 202, em reunião convocada pelo Excelentíssimo Ministro
da Educação, Sr. Milton Ribeiro, e com a presença dos Reitores de 10 Institutos
o Ministério da Educação apresentou a proposta de Reordenamento da Rede
Federal de Ensino, que contaria com a divisão desses institutos visando a,
segundo a Pasta, um redimensionamento que atendesse melhor às condições
geográficas e socioeconômicas das macrorregiões atendidas pelos IFs em
questão.
Acompanhado de tal proposta o MEC deu aos Institutos presentes na referida
reunião um exíguo prazo de 20 dias para que os Reitores das instituições se
pronunciassem quanto à aceitação ou não da proposta de Reordenamento.

Da cronologia dos fatos:

- Em 02 de setembro, o Reitor do Instituto Federal do Paraná apresentou em


reunião do Colégio de Dirigentes da Instituição a proposta feita pelo Ministério
da Educação;
- No dia 10 do mesmo mês, o Instituto Federal do Paraná abriu processo de
consulta pública à comunidade acadêmica acerca da participação no processo
de Reordenamento da Rede;

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- Em 14 de setembro foi encerrado o processo de consulta, que apontou que,
por ampla maioria, a comunidade acadêmica do IFPR rejeitou a proposta de
Reordenamento;
- Em 15 de setembro ocorreu reunião extraordinária do Colégio de Dirigentes do
Instituto Federal do Paraná, composto pelos diretores dos campi, que, por
unanimidade, rechaçou a proposta enviada pelo governo;
- Em 17 de setembro ocorreu a reunião extraordinária do Conselho Superior do
Instituto Federal do Paraná, que também por unanimidade, rechaçou a
proposta de Reordenamento no IFPR;
- Na mesma data, o Reitor do IFPR, Prof. Odacir Antônio Zannatta, presidente
do Conselho Superior, exara parecer desfavorável ao Reordenamento do
IFPR;
- Ainda em 17 de setembro, o IFPR envia ofício ao MEC confirmando o parecer
exarado pelo Reitor da instituição;
- Em 20 de outubro, em Audiência Pública na Comissão de Controle e Finanças
da Câmara dos Deputados, o Ministro da Educação afirmou que o Instituto
Federal do Paraná estaria incluído no processo de reordenamento, embora
esse processo não tivesse sido imposto às instituições, o que caracterizaria
participação voluntária do IFPR quanto a sua divisão. Ainda na mesma
audiência, os Excelentíssimos Deputados Federais Ricardo Barros e Luísa
Canziani agradeceram em público a disponibilidade do IFPR em ser
dividido, citando inclusive nominalmente o Reitor da Instituição, Prof.
Odacir Antônio Zanatta, como se este houvesse concordado com o referido
processo. Na ocasião, os Excelentíssimos Deputados ainda agradeceram a
instalação de DUAS REITORIAS com proximidade de cerca de 70km na divisão
do IFPR em três.
Essa tese per se já invalidaria o argumento do MEC de que um dos quesitos de
divisão seria a descentralização do Instituto Federal do Paraná para atender de
forma mais efetiva as macrorregiões do Estado.
Não obstante, em momento posterior, foi apresentada pelo Excelentíssimo
Deputado Vandscheer mais uma Reitoria, agora na cidade de Cascavel,

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totalizando a divisão do Instituto Federal do Paraná não mais em três, o que já
se fazia descabido, mas em quatro Institutos diferentes, o que por si não
encontra qualquer justificativa que não apenas ganho de capital político.
- Em 09 de novembro, o Conselho Superior do IFPR reuniu-se novamente para
deliberar acerca do mesmo tema, havendo, na reunião, novamente, rechaço
unânime em relação ao reordenamento.
- Na mesma data, houve Audiência Pública na Assembleia Legislativa do
Paraná, organizada pelos Excelentíssimos Deputados Requião Filho, Tadeu
Veneri, Arilson Chiorato, Luciana Rafagnin e Professor Lemos para debater
sobre o tema, contando com a participação das lideranças da UNE, da UPES,
do Sindiedutec, de docentes, técnicos administrativos, diretores de campi e
discentes da Instituição.

Dos fatos:

O histórico apresentado elenca as principais discussões e acontecimentos


acerca do Processo de Reordenamento dos Institutos Federais, in casu o IFPR,
e de como a Instituição se portou, em todos os momentos, contra o
Reordenamento.
Causou sobressalto a afirmação proferida pelo Excelentíssimo Ministro da
Educação de que o Instituto Federal do Paraná havia aceitado participar do
processo, uma vez que, de acordo com o próprio Ministro, essa escolha foi
facultada aos Institutos. Mais espécie ainda causaram os agradecimentos
públicos proferidos pelos Deputados Federais já mencionados, dando como
certa uma ação repudiada pelo IFPR desde seu início. Para horror definitivo,
a proposta de divisão do Instituto Federal do Paraná não mais em dois ou em
três, mas em quatro Institutos diferentes apenas escancara o que realmente
parece estar em jogo nos bastidores desse Processo de Reordenamento, qual
seja a disputa por capital político.
Tal fato se evidencia uma vez que a proposta apresentada pelo MEC ab initio é
desprovida de qualquer caráter técnico que contemple as divisões. Não há

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previsão orçamentária para a execução das mudanças em infraestrutura, bem
como de contratação de pessoal e de construção de novas Reitorias. Não
obstante, sequer há estudos de impacto em relação à melhoria na qualidade de
atendimento na oferta de uma instituição divida em quatro, cujo orçamento, cada
vez mais restrito devido aos sucessivos cortes promovidos pelo Governo
Federal, será também fatiado, sem perspectivas de maiores investimentos.
Soma-se a isso o custo efetivo da implantação das chamadas novas Reitorias
que, por força do Estatuto do IFPR, não podem ocupar lugar físico de
campus, devendo, portanto, possuir estrutura própria.
A não provisão de concursos públicos para a contratação de pessoal e a
pontuação negativa no Banco de Equivalentes do IFPR também não permite que
haja expansão do corpo técnico, o que apenas reitera que não há qualquer
ganho prático com a divisão da Instituição. Por fim, a justificativa da divisão de
dois institutos na região Norte do Paraná, com Reitorias separadas por menos
de cem quilômetros uma da outra, pouco ou nenhum sentido prático dá ao
Processo de Reordenamento, caracterizando mais agraciamento político a
determinadas regiões do que preocupação com o desenvolvimento educacional
em si.

Do que é pedido:

Diante de todo o exposto, todos os subscritores abaixo relacionados rogam a


essa Excelentíssima Bancada, a restauração da ordem institucional do IFPR,
em que sejam respeitados os desejos da Comunidade Acadêmica e da
afirmativa do Ministério da Educação de que apenas participarão do
Processo de Reordenamento as Instituições que com ele concordarem!

Não é cabível que, em um sistema Democrático, a partir da base de um Governo


que também se preza democrático, posições institucionais de autarquias
autônomas sejam desrespeitadas em prol de ganhos políticos de quem quer

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que seja, ainda mais quando há prejuízo ou ganho nulo por conta do
desrespeito à posição e à ordem Institucionais.

Ante todo o exposto, subscrevemo-nos.

Atenciosamente,

ROSANGELA GONÇALVES DE OLIVEIRA


Presidenta do SINDIEDUTEC-Sindicato

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