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Rui Cunha Marques

A Regulação no Brasil e
no Mundo
Origem da regulação no mundo, primórdios da
regulação e desenvolvimento
Evolução regulatória no
mundo
Regulação: Evolução histórica
• Nos Estados Unidos, a regulação de serviços
públicos privados foi implementada no século XIX.
A tradição foi sempre regular empresas privadas;
• O Reino Unido e a Austrália estabeleceram
Nos EUA e na Europa existem reguladores independentes nas décadas de 1980
reguladores (e regulação) há e 1990 como parte de um pacote de reformas
muitos anos . construídas em torno da liberalização,
privatização ou corporização dos mercados;
• Outros países europeus nos anos 90 seguiram os
seus passos;
• Ainda assim, na França e na Espanha a regulação
por contrato tem historicamente dominado.

Rui Cunha Marques


Regulação: Evolução histórica

• Até ao ano 2000 foram criadas mais de 100 agências reguladoras para os serviços de saneamento. No ano 2010
estimavam-se em mais de 200 agências reguladoras e hoje (2022) serão próximas das 300;

• O Brasil é o pais do mundo com mais agências reguladoras dos serviços de saneamento, com quase 100 agências
reguladoras, entre agências estaduais, intermunicipais (consorciais) e municipais;

• A regulação nos países de renda baixa ou média (e.g. América Latina) foi imposta pelas agências multilaterais que
condicionavam o financiamento à existência destas entidade reguladoras, com o objetivo de remover a influência
política na gestão dos serviços de infraestruturas.
Regulação: Evolução histórica

• No entanto, o contexto de regulação nos vários países era muito diferente daquele de onde os modelos eram
originários - em termos de acesso, qualidade de serviço, disponibilidade de dados, capacidade humana,
governança e contexto institucional, entre outros;

• Inicialmente, muitos dos reguladores só regulavam tecnicamente os serviços de saneamento, outros só


economicamente e ainda outros só fiscalizavam. Muito pouco era inclusivos e se focavam no acesso aos serviços
de saneamento. Desta forma, a abordagem de copiar e colar de um país ou região para outra pode, no entanto,
ser ineficaz;

• Para que a regulação seja eficaz, seus objetivos, forma e função devem se alinhar à estrutura institucional
estabelecida do país/região e considerar as realidades de sua economia política (políticas, instituições, ambiente
e contexto).
Regulação: Evolução
histórica
Similar a outros serviços de infraestrutura, com a privatização dos serviços de
saneamento foi necessário reforçar sua regulação (mercado mais livre, mais regras!...) e
criar agências reguladoras independentes (fenômeno chamado agencificação) para
corrigir falhas de mercado existentes, fornecer estabilidade regulatória (segurança
jurídica) e proteger o interesse público;

Uma vez que as agências reguladoras são dirigidas por seres


humanos, às vezes com tentações populistas, podem não ser
independentes e os processos regulatórios adotados podem não
ser consistentes e proporcionais e dotados de estabilidade
regulatória, tendo como consequência o aumento do risco da
atividade (chamado risco regulatório ).

Rui Cunha Marques


Regulação: Evolução
histórica
Nos diversos setores regulados, o risco regulatório é um dos mais
relevantes, com forte impacto (negativo) no financiamento do setor;

• Seja porque aumenta o custo de capital ou porque torna o mercado


menos atrativo e consequente distanciamento da participação do setor
privado;

Desta forma, uma das possibilidades de mitigar o risco regulatório é


contratar os direitos e obrigações mínimos do prestador regulado (e
do regulador), limitando assim a amplitude de ação do regulador,
mas ao mesmo tempo, aumentando a estabilidade regulatória e
reduzindo consideravelmente o risco regulatório

• Dessa forma, a regulação contratual complementa a regulação por


uma agência reguladora.

Rui Cunha Marques


Regulação: Evolução
histórica

Regulação Assim, o oportunismo ex post pode ocorrer por


por ambas as partes, o que levará a conflitos e à
contrato revisão e renegociação do contrato, o que é
sempre desgastante e penalizador para ambas
• Sempre incompletos; as partes;
prestador e a entidade titular

• O futuro não pode ser previsto com


Contrato firmado entre o

certeza; Assim, é necessária a existência de uma terceira


(longo prazo)

• Não inclui todas as situações e entidade, externa e independente, uma espécie


contingências possíveis; de árbitro (regulador, de fato), que permita
• Porque a realidade muda ao longo do ultrapassar os impasses existentes e
tempo (por exemplo, incluindo requisitos
de qualidade de serviço). simultaneamente possa ser um motor de
promoção e melhoria contínua do prestador
regulado.

Dessa forma, a regulação pela agência reguladora


complementa a regulação contratual.

Rui Cunha Marques


Regulação: Evolução
histórica Também no caso das empresas públicas, observa-se que
estas são cada vez mais reguladas por entidades externas,
muitas vezes independentes;

A politização dessas empresas, com a aplicação de preços


políticos e a falta de investimentos e sua utilização para
fins não comerciais, levou à necessidade de serem
reguladas por terceiros (reguladores);

Para a sua organização e funcionamento, são celebrados


contratos entre as empresas públicas e as entidades
proprietárias (acionistas) que estabelecem direitos e
obrigações, nomeadamente metas de desempenho e
obrigações de serviço público;

Desta forma, também as empresas públicas são


normalmente sujeitas à regulação contratual.

Rui Cunha Marques


Regulação: Evolução
histórica

Dessa forma, Problemas com contratos mais regulação


poderá ser
adotada uma
regulação
Deve haver um equilíbrio entre o regulador e o contrato
híbrida (agência
reguladora mais
contrato)
Esta solução híbrida, se devidamente implementada, permite ultrapassar
os problemas do contrato que nunca é concluído e a magnitude do risco
regulatório, simultaneamente

Rui Cunha Marques


Regulação: Evolução
histórica

Bem implementado
• O melhor de dois
mundos (jogo de soma
positiva)

Mal implementado
• O pior de dois mundos
(jogo de soma
negativa)

Rui Cunha Marques


Nome do curso

Obrigado!
Rui Cunha Marques
Instituto Superior Técnico - Universidade de Lisboa (IST-UL)
rui.marques@tecnico.ulisboa.pt
www.ruicunhamarques.com

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