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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS ALBERTO

CHIPANDE
Escola Superior de Ciências Políticas e Sociais

CURSO: PSICOLOGIA

NÍVEL: 2ºANO
Iº SEMESTRE-2024
Disciplina: Psicologia do Desenvolvimento 1
Tema: Teoria de Kohlberg: desenvolvimento moral

DISCENTES:
Armando Nhone
Telton Mucavele
Virgínia Matsinhe

DOCENTE:
Laura Manhiça

ISCTAC

Maputo, fevereiro de 2024


Sumário

1. Introdução.................................................................................................................................3

1.1. Objectivo geral..................................................................................................................4

1.1.2. Objetivos específicos.........................................................................................................4

1.2. Justificativa....................................................................................................................4

2. Metodologia..............................................................................................................................5

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................................................................................7

3.1. Introdução À Teoria De Kohlberg: Origens, Fundamentos e Contribuições...................7

3.2. Fatores Influenciadores no Desenvolvimento Moral Segundo Kohlberg.........................7

3.3. Estrutura da Teoria de Kohlberg: Estágios do Desenvolvimento Moral..........................8

3.3.1. Estágio 1: Obediência e Punição (Orientação Egocêntrica)......................................9

3.3.2. Estágio 2: Troca Instrumental (Orientação Instrumental Relativista).......................9

3.3.3. Estágio 3: Conformidade Interpessoal (Orientação do "Bom Menino/Menina")....10

3.3.4. Estágio 4: Manutenção da Ordem Social (Orientação da Lei e da Ordem).................10

3.3.4. Estágio 5: Contrato Social e Direitos Individuais....................................................11

3.5. Estágio 6: Princípios Éticos Universais.......................................................................12

3.6. Críticas e controvérsias em relação a teoria de Kohlberg...............................................13

3.6.1. Viés Cultural e de Gênero........................................................................................13

Ênfase na Justiça....................................................................................................................13

Racionalização dos Estágios Morais......................................................................................14

Estágios Inalcançáveis............................................................................................................14

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Contexto Social e Cultural.....................................................................................................14

3.7. Aplicações práticas da Teoria de Kohlberg em contextos educacionais e sociais..........15

3.8. Educação Moral: Desenvolvimento do Currículo...........................................................15

Treinamento Ético em Contextos Profissionais e Desenvolvimento de Liderança................16

Ética Organizacional..............................................................................................................16

Abordagem de Questões Sociais............................................................................................16

Tomada de Decisão Cívica.....................................................................................................16

Autoconhecimento e Auto-desenvolvimento.........................................................................16

4. Considerações Finais..............................................................................................................18

5. Referências bibliográficas......................................................................................................20

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1. Introdução
A teoria do desenvolvimento moral de Kohlberg, estabelecida no século XX, segundo Morreira
(2013), representa um marco significativo na compreensão da formação ética e moral dos
indivíduos. Kohlberg (1984), intimamente influenciado pelo trabalho de Jean Piaget, dedicou-se
a investigar como as pessoas desenvolvem seus sistemas de valores e raciocínio moral ao longo
da vida. Em sua obra "A filosofia do desenvolvimento moral: estágios da moral e a ideia de
justiça" (1981), Kohlberg traça uma estrutura de estágios sequenciais que descreve o processo
pelo qual as pessoas progridem em seu raciocínio moral desde a infância até a idade adulta. Sua
teoria é fundamentada na crença de que o julgamento moral é construído sobre a capacidade de
raciocínio, e não apenas sobre a obediência a regras externas.

Olhando nessa perspectiva, Kohlberg (1984), ao longo deste estudo, vamos analisar em detalhes
as etapas, que estão divididas em três níveis distintos, cada um com dois estágios. No primeiro
nível, o pré-convencional, prevê-se que as pessoas ajam de acordo com as regras para evitar
punições ou garantir recompensas. No segundo nível, o convencional, espera-se que os
indivíduos sigam as normas sociais para manter a ordem e demonstrar respeito pela autoridade.
No terceiro nível, pós-convencional, antecipa-se que os participantes desenvolvam uma
moralidade autônoma, fundamentada em princípios como justiça e igualdade.

Portanto, ao longo deste trabalho, exploraremos detalhadamente cada um desses estágios,


examinando suas características distintas e as habilidades morais associadas a cada um. Além
disso, discutiremos os diversos fatores que influenciam a progressão através dos estágios, como
experiências pessoais, interações sociais e influências culturais. Contudo, é importante
reconhecer que a teoria de Kohlberg (1984), não está isenta de críticas e controvérsias. Algumas
críticas incluem a falta de consideração de variáveis contextuais e culturais, bem como questões
de universalidade dos estágios propostos. Abordaremos essas críticas de maneira crítica e
reflexiva ao longo do nosso estudo e investigaremos as aplicações práticas da teoria de Kohlberg
em diversos contextos, desde a educação até o sistema jurídico, destacando sua relevância na
promoção do pensamento ético e da tomada de decisões moralmente informadas. Ao nos
aprofundarmos nesses aspectos, esperamos ampliar nossa compreensão da complexidade do
desenvolvimento moral humano e suas implicações para a sociedade.
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1.1. Objectivo geral
Compreender como as pessoas desenvolvem sua compreensão do certo e do errado ao longo da
vida, conforme proposto por Kohlberg.

1.1.2. Objetivos específicos


 Identificar as etapas do desenvolvimento moral segundo a Teoria de Kohlberg.

 Analisar os fatores que influenciam o desenvolvimento moral, como experiências de vida


e contexto cultural.

 Explorar as implicações práticas da teoria de Kohlberg na educação e na formação moral.

 conceber a abordagem critica da teoria de Kohlberg explorando diversos aspectos que a


permeiam.

1.2. Justificativa
O interesse pelo comportamento humano e pela ética, impulsionou vários teóricos e estudiosos a
buscar compreender como as pessoas desenvolvem sua compreensão do certo e do errado. Ao
nos depararmos com a Teoria do Desenvolvimento Moral de Kohlberg (1984), surge uma
fascinação pela sua abordagem sistemática e pela forma como autor descreve o processo pelo
qual indivíduos evoluem moralmente ao longo da vida. Essa fascinação pessoal motiva-nos a
aprofundar os estudos nessa área e a investigar mais profundamente as implicações práticas e
sociais dessa teoria.

No contexto acadêmico, como estudante, reconhecemos a importância de compreender as teorias


do desenvolvimento humano para a formação profissional. A Teoria de Kohlberg oferece uma
perspectiva única sobre como o pensamento moral evolui ao longo do tempo e como isso
influencia o comportamento das pessoas. Estudar essa teoria não apenas enriquecerá nosso
conhecimento acadêmico, mas também me permitirá aplicar esses conhecimentos em futuras
práticas profissionais, seja na área clínica, educacional ou social. Ademais, consideramos
relevante explorar as implicações sociais da Teoria de Kohlberg, pois, vivemos em uma

5
sociedade cada vez mais diversificada, na qual conflitos morais e éticos são frequentes, por isso,
compreender melhor como as pessoas desenvolvem sua moralidade pode contribuir
significativamente para entender a manifestação de alguns aspectos sociais e humanos.

2. Metodologia
Esta pesquisa seguirá uma abordagem qualitativa, utilizando uma revisão bibliográfica
sistemática como método principal. O objetivo é reunir e analisar informações relevantes de
fontes acadêmicas e científicas sobre a Teoria do Desenvolvimento Moral de Kohlberg.

Seleção de Fontes

Foi pesquisado material bibliográfico, para identificar estudos e artigos relevantes sobre a
Teoria de Kohlberg e seu desenvolvimento moral. Além disso, foram consultados livros, teses,
dissertações e documentos oficiais relacionados ao tema.

Critérios de Inclusão e Exclusão

Os critérios de inclusão abarcaram estudos que abordam diretamente a Teoria de Kohlberg e


seu desenvolvimento moral, bem como trabalhos que ofereceram bases relevantes sobre suas
implicações práticas e sociais, foram excluídos trabalhos que não estiveram diretamente
relacionados ao tema ou que fossem considerados de baixa qualidade metodológica.

Extração e Análise de Dados

Os dados relevantes serão extraídos dos estudos selecionados, incluindo conceitos-chave,


resultados e conclusões. A análise dos dados será realizada de forma qualitativa, identificando
padrões, tendências e lacunas na literatura existente sobre o tema.

Síntese e Discussão

Os resultados foram sintetizados e discutidos de forma crítica, destacando as principais


descobertas e contribuições da Teoria de Kohlberg para o entendimento do desenvolvimento

6
moral humano. Foram exploradas também as implicações práticas e sociais da teoria, bem como
suas limitações e áreas para futuras pesquisas.

A metodologia permitiu uma análise abrangente e crítica da Teoria do Desenvolvimento Moral


de Kohlberg, fornecendo bases importantes para a compreensão do desenvolvimento moral
humano e suas implicações na sociedade.

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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1. Introdução À Teoria De Kohlberg: Origens, Fundamentos e Contribuições.


A teoria de Kohlberg sobre o desenvolvimento moral é uma contribuição significativa para a
compreensão da formação do juízo moral nas pessoas. Desenvolvida pelo psicólogo Lawrence
Kohlberg na década de 1950 e 1960, esta teoria foi influenciada pelo trabalho do psicólogo suíço
Jean Piaget, que estudou o desenvolvimento cognitivo infantil. Kohlberg expandiu a teoria de
Piaget, buscando entender como as pessoas raciocinam sobre questões éticas e morais ao longo
de suas vidas. Kohlberg conduziu uma série de estudos longitudinais e transversais que
envolviam entrevistas semiestruturadas com crianças, adolescentes e adultos de diferentes
idades, culturas e contextos sociais.

Através desses estudos, ele identificou seis estágios distintos de desenvolvimento moral,
agrupados em três níveis: pré-convencional, convencional e pós-convencional. A teoria de
Kohlberg foi amplamente influente no campo da psicologia do desenvolvimento e além. Ela
forneceu também caminhos profundos sobre como as pessoas constroem seus sistemas de valores
morais e éticos ao longo da vida e como esses sistemas influenciam seu comportamento. Ainda
sim, segundo Morreira (2013), a teoria de Kohlberg inspirou uma série de pesquisas
subsequentes sobre moralidade, ética e tomada de decisão em uma variedade de campos,
incluindo psicologia, filosofia, educação e ética aplicada.

3.2. Fatores Influenciadores no Desenvolvimento Moral Segundo Kohlberg.


A teoria de Kohlberg, concebida pelo renomado psicólogo Kohlberg (1981), tem sido um marco
no estudo do desenvolvimento moral. Esta abordagem revolucionou a maneira como
compreendemos a forma que os indivíduos adquirem e assimilam princípios éticos e morais.
Inspirada nas ideias de Jean Piaget, Kohlberg propôs uma estrutura que destaca o papel crucial
do raciocínio moral na tomada de decisões éticas. A pesquisa de Kohlberg (1984), baseada em
dilemas morais apresentados a diversas faixas etárias, levou segundo Morreira (2013), à
identificação de estágios de desenvolvimento moral, esses estágios refletem a evolução do

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pensamento moral, desde um foco nas recompensas e punições até a consideração de princípios
éticos universais.

Os contributos da teoria de Kohlberg são vastos e significativos. Primeiramente, ela


proporcionou uma compreensão mais profunda do desenvolvimento moral, destacando a
importância do raciocínio moral em contraste com o comportamento moral observável. Isso
permitiu uma análise mais abrangente das motivações por trás das ações éticas e uma
compreensão mais ampla das diferenças individuais no desenvolvimento moral, a teoria de
Kohlberg teve implicações práticas importantes, especialmente na educação moral e na
psicologia aplicada e ajudaram educadores e profissionais a adaptar abordagens pedagógicas
para promover o desenvolvimento ético em crianças e jovens.

A influência da teoria de Kohlberg estende-se também para além da psicologia do


desenvolvimento, impactando a pesquisa em ética e filosofia, suas ideias desafiaram concepções
anteriores sobre a natureza da moralidade humana, estimulando debates acadêmicos sobre as
origens e fundamentos da ética. A teoria de Kohlberg (1984), representa um avanço significativo
no estudo do desenvolvimento moral, seus fundamentos e contribuições continuam a influenciar
uma variedade de campos, destacando a importância do raciocínio moral na formação do caráter
humano e na compreensão da complexidade da ética.

3.3. Estrutura da Teoria de Kohlberg: Estágios do Desenvolvimento Moral.


Kohlberg (1984), organizou o desenvolvimento moral em um modelo de estágios, possuindo três
níveis, o pré-convencional, convencional e o pós-convencional, totalizando seis estágios, sendo
cada nível segundo Morreira (2013), constituído por dois estágios, de forma a entendermos
profundamente os aspectos mencionados anteriormente serão apresentados e explicada cada um
dos mencionados.

A Teoria dos Estágios do Desenvolvimento Moral de Lawrence Kohlberg (1984), é uma


explicação importante sobre como as pessoas desenvolvem sua moralidade ao longo da vida. Ele
propõe seis estágios que mostram como nosso pensamento moral evolui, desde um ponto de vista
mais simples até uma compreensão mais complexa e universal dos princípios éticos.
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No Nível Pré-Moral, que compreende os Estágios 1 e 2 da Teoria de Kohlberg, o
desenvolvimento moral está em estágios iniciais, onde as crianças ainda estão aprendendo sobre
as noções básicas de certo e errado, mas sua compreensão é limitada pela sua perspectiva
egocêntrica.

3.3.1. Estágio 1: Obediência e Punição (Orientação Egocêntrica)


Segundo Shimizu (2005), no primeiro estágio, as crianças veem a moralidade de uma forma
bastante simples, centrada em si mesmas. Elas obedecem às regras impostas pelas figuras de
autoridade, como pais, professores ou outras figuras de autoridade, principalmente para evitar
punições físicas ou perda de privilégios. Essa obediência é baseada na noção de que o certo é
fazer o que é dito pelas autoridades e o errado é o que elas proíbem. Esse estágio reflete um
pensamento moral bastante rudimentar, onde as crianças não consideram as perspectivas ou
necessidades dos outros.

Piaget (1932) apud Morreira (2013), foi um dos primeiros a explorar o desenvolvimento moral
na infância, identificando esse estágio inicial de obediência às figuras de autoridade como uma
parte fundamental do desenvolvimento cognitivo.

3.3.2. Estágio 2: Troca Instrumental (Orientação Instrumental Relativista)


No segundo estágio, as crianças começam a reconhecer que as ações podem ser feitas em troca
de benefícios pessoais. Aqui, o pensamento é mais orientado para o interesse próprio, mas ainda
é bastante limitado em termos de consideração pelos outros. As crianças entendem que podem
fazer algo para obter algo em troca, mas essa troca é vista de forma pragmática, sem considerar
ainda as necessidades ou perspectivas dos outros de forma mais profunda.

Esses dois estágios iniciais representam os estágios iniciais do desenvolvimento moral, onde as
crianças estão começando a aprender sobre as regras e normas sociais, mas sua compreensão
ainda é bastante limitada e egocêntrica. Esses estágios estabelecem as bases para o
desenvolvimento moral subsequente, à medida que as crianças avançam para estágios mais
complexos de raciocínio moral. No nível convencional segundo Morreira (2013), existe uma
preocupação com a obediência aas regras e com a manutenção das expectativas sociais, e atende-
las é uma atitude importante pelo facto de representar uma forma de manutenção das relações
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sociais. Numa perspectiva mais avançada, o respeito pelas regras representa uma forma de
manutenção do bem-estar social, esse nível é formado pelos estágios três e quatro.

3.3.3. Estágio 3: Conformidade Interpessoal (Orientação do "Bom Menino/Menina")


Neste estágio, segundo Shimizu (2005), as pessoas veem a moralidade em termos de relações
interpessoais. Elas começam a internalizar as expectativas sociais e buscam a aprovação dos
outros. O comportamento moral é determinado pela necessidade de ser percebido como "bom"
aos olhos dos outros, como pais, amigos e outras figuras de autoridade. As pessoas nesse estágio
valorizam a harmonia nas relações e tendem a evitar conflitos. O julgamento moral é
influenciado pela busca da aceitação social e pela preocupação em ser visto como uma pessoa
que se comporta de acordo com as normas e expectativas sociais. Um autor relevante para
entender esse estágio é Erikson (1950), com sua teoria do desenvolvimento psicossocial. Em
suas obras, como "Infância e Sociedade" (1950), o autor discute a importância da formação da
identidade pessoal e do papel das relações interpessoais no desenvolvimento moral e social.

3.3.4. Estágio 4: Manutenção da Ordem Social (Orientação da Lei e da Ordem)


No Estágio 4, segundo Morreira (2013), as pessoas valorizam a manutenção da ordem social e o
cumprimento das leis e normas sociais estabelecidas. O comportamento moral é determinado
pela obediência aos papéis sociais e às regras da sociedade. Há uma preocupação em preservar a
estabilidade e o funcionamento eficaz das instituições sociais, mesmo que isso exija sacrifícios
pessoais. As pessoas nesse estágio tendem a respeitar a autoridade e a seguir as regras
estabelecidas, acreditando que é dever de todos contribuir para o bem-estar da sociedade.

O nível pós-convencional, é caracterizado pela necessidade de manutenção de direitos


individuais, pelo respeito pelo ser humano e por acções motivadas por princípios éticos. Para
compreender melhor esse estágio, podemos recorrer ao trabalho de Durkheim, especialmente em
sua obra "Da Divisão do Trabalho Social" (1893), onde ele discute a importância da coesão
social e da ordem para a estabilidade da sociedade. Durkheim argumenta que a obediência às
regras e normas sociais é essencial para evitar o caos e garantir a coesão social.

Esses estágios representam uma transição significativa no desenvolvimento moral, onde as


pessoas começam a internalizar as normas sociais e a se preocupar mais com as expectativas da
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sociedade. Eles estabelecem as bases para a compreensão mais complexa da moralidade que
surge nos estágios posteriores do desenvolvimento moral.

As regras sociais segundo Morreira (2013), existem e são respeitadas apenas se atendem aos
direitos humanos e se estão de acordo com os princípios individuais, esse nível e formados pelos
dois estágios abaixo:

3.3.4. Estágio 5: Contrato Social e Direitos Individuais


As pessoas passam a valorizar os direitos individuais e a justiça social, reconhecendo que as leis
e normas sociais podem ser mutáveis e devem ser modificadas para atender às necessidades da
sociedade. Neste estágio, segundo Morreira (2013), as pessoas reconhecem que cada indivíduo
tem direitos fundamentais que devem ser respeitados e protegidos. Elas entendem que a
moralidade vai além da conformidade com as normas sociais e leis estabelecidas e envolve
garantir que todos tenham igualdade de oportunidades e liberdade para buscar seus interesses. As
pessoas neste estágio são sensíveis às injustiças sociais e lutam pelos direitos das minorias e
grupos marginalizados.

3.4. Importância da Justiça e Igualdade Social


Salientando afirma Morreira (2013), que, as pessoas neste estágio valorizam a justiça e a
igualdade social, elas reconhecem que as leis e normas sociais devem ser avaliadas com base em
critérios éticos mais elevados, como a promoção da igualdade, a proteção dos direitos individuais
e a maximização do bem-estar de todos os membros da sociedade. Elas são capazes de
questionar as leis injustas e trabalhar para mudá-las em nome da justiça e do bem comum.

Flexibilidade das Normas Sociais


Um aspecto fundamental citado por Shimizu (2005), deste estágio, é a compreensão de que as
leis e normas sociais são mutáveis e podem ser modificadas para servir melhor à sociedade. As
pessoas reconhecem que as normas sociais não são imutáveis e devem evoluir com o tempo para
refletir as mudanças nas necessidades e valores da sociedade. Elas estão dispostas a desafiar as
normas estabelecidas e a propor mudanças progressivas que promovam a justiça e a igualdade
para todos.

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O estágio 5 representa uma compreensão mais avançada e complexa da moralidade, onde as
pessoas são capazes de pensar criticamente sobre as normas sociais e as instituições e agir de
acordo com princípios éticos universais. Essa orientação para os direitos individuais e os
princípios democráticos contribui para uma sociedade mais justa, igualitária e inclusiva.

3.5. Estágio 6: Princípios Éticos Universais


As pessoas operam de acordo com princípios éticos que transcendem as leis e normas sociais.
Este estágio segundo Shimizu (2005) apud Morreira (2013), representa o mais alto nível de
desenvolvimento moral, onde o julgamento moral é guiado por um senso interno de justiça e
pelos valores éticos mais elevados. Morreira (2013), apresenta algumas características deste
estágio que são arroladas abaixo:

3.5.1. Características
 Base em Princípios Universais: As decisões e ações das pessoas neste estágio são
baseadas em princípios éticos universais, como a igualdade, a dignidade humana, a
liberdade e o respeito pela vida. Elas reconhecem que certos valores éticos são
interiormente valiosos e devem ser seguidos independentemente das leis ou normas
sociais existentes.

 Senso de Justiça Abstrata: As pessoas neste estágio têm um senso de justiça mais abstrato
e sofisticado. Elas são capazes de considerar diferentes pontos de vista e ponderar os
interesses de todas as partes envolvidas em uma situação moral, suas decisões são
guiadas pela busca da equidade e pela minimização do dano.

 Disposição para Desafiar Normas Injustas: No Estágio 6, as pessoas estão dispostas a


desafiar leis e normas sociais injustas em nome dos princípios éticos universais. Elas
reconhecem que nem todas as leis são moralmente justas e que é seu dever agir de acordo
com sua consciência ética, mesmo que isso signifique enfrentar consequências pessoais.

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 Autonomia Moral: As pessoas neste estágio têm um alto grau de autonomia moral. Elas
confiam em sua própria consciência ética para orientar suas decisões e ações, em vez de
depender exclusivamente de autoridades externas ou normas sociais.

Os estágios de desenvolvimento moral elaborados por Kohlberg (1984), representam formas


estruturadas de raciocínio moral, que se diferenciam qualitativamente quanto ao tipo de
organização das estruturas cognitivas do desenvolvimento, cada estagio moral apresenta uma
forma de equilíbrio cognitivo que é sempre mais complexa e elaborada que a forma anterior

3.6. Críticas e controvérsias em relação a teoria de Kohlberg


A Teoria dos Estágios do Desenvolvimento Moral de Kohlberg é uma das teorias mais influentes
no campo da psicologia do desenvolvimento moral. No entanto, ao longo dos anos, ela tem sido
alvo de diversas críticas e controvérsias por parte de outros teóricos, pesquisadores e
acadêmicos. Morreira (2013), aponta algumas das principais críticas e controvérsias em relação à
teoria de Kohlberg:

3.6.1. Viés Cultural e de Gênero


Uma das críticas mais frequentes à Teoria de Kohlberg é seu viés cultural e de gênero. A teoria
foi desenvolvida principalmente com base em estudos realizados com homens ocidentais, o que
levou alguns críticos a questionar a validade de seus estágios em outras culturas e entre
mulheres. Algumas pesquisas sugeriram que as mulheres tendem a alcançar estágios morais mais
baixos de acordo com a teoria de Kohlberg, o que levantou questões sobre a aplicabilidade
universal dos estágios de desenvolvimento moral propostos por ele.

Ênfase na Justiça
Outra crítica significativa à Teoria de Kohlberg é sua ênfase excessiva na justiça e na moralidade
baseada em princípios universais. Alguns críticos argumentam que a teoria negligencia outros
aspectos importantes da moralidade, como a ética do cuidado e a preocupação com os
relacionamentos interpessoais. Carol Gilligan, em particular, criticou Kohlberg por não levar em

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conta a perspectiva feminina e por não reconhecer a importância das relações interpessoais na
formação da moralidade.

Racionalização dos Estágios Morais


Alguns críticos argumentam que a Teoria de Kohlberg (1984), dá muito peso ao raciocínio
verbal e à capacidade de resolver dilemas morais hipotéticos, ignorando outras formas de
comportamento moral que podem ser mais importantes na vida cotidiana. Além disso, pesquisas
mostraram que nem sempre há uma correspondência entre o raciocínio moral de uma pessoa e
seu comportamento moral real, levantando dúvidas sobre a validade dos estágios de
desenvolvimento moral propostos por Kohlberg.

Estágios Inalcançáveis
Alguns críticos argumentam que os estágios mais altos da Teoria de Kohlberg (1984),
especialmente o Estágio 6, representam ideais inatingíveis e não são observados na prática. Isso
levanta questões sobre a utilidade da teoria na compreensão do desenvolvimento moral humano,
se os estágios mais altos são praticamente inacessíveis para a maioria das pessoas.

Contexto Social e Cultural


Outra crítica importante é a falta de consideração do contexto social e cultural na formação da
moralidade. A teoria de Kohlberg (1984), pressupõe uma progressão linear de estágios morais
que ocorre independentemente do contexto cultural ou social de uma pessoa. No entanto,
pesquisas mostraram que o desenvolvimento moral pode ser influenciado por fatores como
cultura, religião, educação e experiências sociais.

Portanto , embora a Teoria dos Estágios do Desenvolvimento Moral de Kohlberg tenha sido uma
contribuição significativa para o campo da psicologia do desenvolvimento, ela não está isenta de
críticas e controvérsias. As críticas levantadas por outros teóricos e pesquisadores destacam a
necessidade de uma abordagem mais abrangente e inclusiva no estudo da moralidade humana,
levando em consideração uma variedade de perspectivas e contextos sociais e culturais.

Apesar das críticas, a Teoria de Kohlberg continua a ser uma referência importante para
pesquisadores e profissionais interessados no desenvolvimento moral e ético. Seu modelo de

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estágios oferece uma estrutura útil para entender a evolução do pensamento moral, enquanto sua
ênfase no desenvolvimento ao longo da vida destaca a importância contínua da educação moral
em todas as idades. Embora a teoria possa não ser completa e universalmente aplicável, suas
contribuições para o campo da psicologia do desenvolvimento moral são indiscutíveis, e seu
legado continua a influenciar nosso entendimento da moralidade humana.

3.7. Aplicações práticas da Teoria de Kohlberg em contextos educacionais e sociais


A Teoria dos Estágios do Desenvolvimento Moral de Kohlberg(1984), segundo Morreira (2013),
oferece uma estrutura abrangente para entender como as pessoas desenvolvem sua moralidade ao
longo da vida, com implicações significativas em diversos contextos, desde a educação até o
mundo profissional e social. Morreira (2013), leva-nos a explorar mais detalhadamente as
aplicações práticas dessa teoria:

3.8. Educação Moral: Desenvolvimento do Currículo


A compreensão dos estágios do desenvolvimento moral permite aos educadores adaptar o
currículo para promover o crescimento moral dos alunos. Isso pode incluir a integração de
atividades de discussão e resolução de dilemas morais que desafiem os alunos a pensar
criticamente e a considerar diferentes perspectivas.

Resolução de Conflitos :Os educadores podem usar a teoria de Kohlberg para ajudar os alunos a
resolver conflitos de forma construtiva, incentivando-os a considerar não apenas suas próprias
necessidades, mas também as necessidades dos outros. Estratégias como mediação de conflitos e
programas de resolução de problemas são fundamentais para promover a empatia e a cooperação
entre os alunos.

Modelagem de Comportamento: Os professores desempenham um papel crucial como modelos


de comportamento moral, demonstrando valores como respeito, justiça e responsabilidade em
suas interações com os alunos e entre si. Essa modelagem de comportamento ajuda a reforçar os
princípios morais e a criar um ambiente escolar positivo.

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Treinamento Ético em Contextos Profissionais e Desenvolvimento de Liderança
A compreensão dos estágios do desenvolvimento moral é essencial para o treinamento de
líderes em ambientes profissionais. Líderes que reconhecem a importância de considerar
diferentes perspectivas e princípios éticos estão mais preparados para tomar decisões
responsáveis e promover uma cultura organizacional ética.

Ética Organizacional
Empresas e organizações podem integrar os princípios da teoria de Kohlberg em suas políticas e
práticas para promover uma cultura organizacional ética. Isso pode incluir a implementação de
códigos de conduta, programas de treinamento em ética e sistemas de recompensa que valorizam
o comportamento ético.

Abordagem de Questões Sociais


Justiça Social

A teoria de Kohlberg destaca a importância da justiça e da igualdade social. Ela pode ser
aplicada para entender e abordar questões sociais complexas, como desigualdade de renda,
discriminação e injustiça, promovendo um engajamento mais informado e crítico com essas
questões.

Tomada de Decisão Cívica


A compreensão dos estágios do desenvolvimento moral capacita os cidadãos a tomar decisões
cívicas mais informadas e éticas. Isso é fundamental para promover a participação cívica ativa e
para o funcionamento saudável da democracia.

Autoconhecimento e Auto-desenvolvimento
Reflexão Pessoal

A teoria de Kohlberg incentiva a reflexão pessoal sobre valores, crenças e comportamentos.


Isso promove o autoconhecimento e o autodesenvolvimento, levando a uma maior consciência
moral e à capacidade de tomar decisões éticas em diversas situações.

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Desenvolvimento Moral ao Longo da Vida: Reconhecer que o desenvolvimento moral é um
processo contínuo ao longo da vida permite às pessoas buscar constantemente o crescimento
moral e pessoal. Isso encoraja a busca por oportunidades de aprendizado e a aplicação dos
princípios morais em todas as áreas da vida.

Os aspectos analisados são deveras importantes para entendermos a envergadura da teoria


apresentada por Kohlberg, suas aplicações e importância no quotidiano para a compreensão
desenvolvimento moral dos indivíduos.

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4. Considerações Finais
O estudo feito no presente trabalho acerca da teoria de desenvolvimento moral, forneceu
conhecimento valioso no que tange a manifestação moral e ética humana, foi analisada a Teoria
do Desenvolvimento Moral de Kohlberg, elaborada pelo mesmo autor, é um marco importante
no estudo da moralidade humana. Kohlberg expandiu as ideias de Jean Piaget e propôs seis
estágios de desenvolvimento moral, distribuídos em três níveis: pré-convencional, convencional
e pós-convencional. No nível pré-convencional, as crianças estão focadas em evitar punições e
obter recompensas pessoais. Isso é evidenciado no estágio um, onde a obediência às regras é
motivada pelo medo do castigo, e no estágio dois, onde o comportamento moral é influenciado
pelo desejo de ganhos pessoais e trocas justas.

No nível convencional, os indivíduos começam a internalizar as normas sociais e a buscar a


aprovação dos outros. No estágio três, há uma ênfase na conformidade com as expectativas
sociais e na manutenção de relacionamentos interpessoais harmoniosos. No estágio quatro, as
pessoas valorizam a estabilidade social e a ordem, obedecendo às leis e regras estabelecidas pela
sociedade. O nível pós-convencional é caracterizado pela capacidade de pensar criticamente
sobre questões morais e éticas, independentemente das normas sociais. No estágio cinco, os
indivíduos reconhecem a importância dos direitos individuais e da democracia, mesmo que isso
signifique desafiar leis injustas. No estágio seis, os princípios éticos universais orientam o
comportamento, priorizando a justiça, a igualdade e o respeito pela dignidade humana.

A teoria de Kohlberg é importante porque destaca a natureza dinâmica e contínua do


desenvolvimento moral ao longo da vida. Ela enfatiza que a moralidade não é estática, mas sim
influenciada por experiências, interações sociais e reflexões pessoais. Além disso, a teoria de
Kohlberg ressalta a importância do raciocínio moral na tomada de decisões éticas em diversas
áreas, desde a educação até a política.

As contribuições de Kohlberg também são significativas para a compreensão da diversidade


cultural e social no desenvolvimento moral. Embora sua pesquisa inicial tenha sido realizada em
sociedades ocidentais, estudos posteriores mostraram que os estágios de desenvolvimento moral
propostos por Kohlberg podem ser aplicados em diferentes contextos culturais, embora haja

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variações na ênfase de certos valores. Apesar de sua importância, a teoria de Kohlberg não está
isenta de críticas, argumentando-se que ela é excessivamente centrada no raciocínio moral
abstrato, ignorando fatores emocionais e contextuais importantes. Além disso, a abordagem de
Kohlberg tem sido criticada por ser insuficientemente sensível às diferenças de gênero no
desenvolvimento moral.

No entanto, a teoria de Kohlberg continua a ser uma ferramenta valiosa para compreender a
complexidade da moralidade humana e influenciar pesquisas e práticas em campos como
psicologia, educação e ética aplicada. Seu trabalho estabeleceu as bases para investigações
posteriores sobre desenvolvimento moral e continua a inspirar debates sobre a natureza e o
desenvolvimento da moralidade humana, aspectos que no seu conjunto foram a cerne do trabalho
desenvolvido.

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5. Referências bibliográficas
Kohlberg, L. Ensaios sobre o Desenvolvimento Moral: A Filosofia do Desenvolvimento
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