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Resumo II - Sociologia Da Constituição
Resumo II - Sociologia Da Constituição
FACULDADE DE DIREITO
São Paulo
2022
O presente trabalho intende resumir os principais conceitos apresentados nos excertos
disponibilizados e articulá-los com os conteúdos das aulas expositivas. Primeiramente, serão
abordados os conceitos de sistema político e sistema jurídico, depois será tratado dos
movimentos sociais e como estes se relacionam com o sistema jurídico. Por fim, questões da
atualidade serão postas sobre as tensões existentes entre essas entidades.
O Prof. Campilongo em sua obra Sistema Jurídico e Sistema Político: A diferenciação
funcional trabalha as diferenças entre o sistema político e o sistema jurídico, para isso tomo a
teoria luhmanniana de direito. Um sistema é caracterizado pela diferença com seu ambiente,
sendo estabelecida uma primeira distinção importante para a compreensão dessa teoria:
sistema/ambiente. O autor diz que “os sistemas sociais das sociedades modernas são
funcionalmente diferenciados em diversos sistemas parciais” (CAMPILONGO, p.66, 2011),
sendo exemplos de sistemas parciais o sistema político, o sistema jurídico, o sistema
econômico. Completa o autor que os sistemas político e jurídico são auto-organizados e
autodeterminados, ou seja, são intrínsecos à sociedade e ao sistema social. Veremos como
esses sistemas operam e o que os diferencia, para tal analisaremos as condições de fechamento
e abertura desses sistemas, uma vez que eles só podem operar dentro de seus próprios limites.
O sistema político
O sistema político atua no âmbito de tomada de decisões, estas coletivamente
vinculantes. Um exemplo de procedimento deste sistema é a eleição política, do qual será
eleito um governo e que terá como mecanismo de atuação a dualidade governo/oposição. Esse
sistema atuará num ambiente democrático, promovendo a redução e manutenção de sua
complexidade. Na teoria luhmanniana, a redução de complexidade não significa suprimir
embaraços do processo decisório, do contrário, paradoxalmente ela contribui para a
manutenção desse processo. O que se deve levar em consideração é a capacidade de
fechamento do sistema político para que ele mantenha sua complexidade interna. A
democracia, bem como todo o seu aparato formal promovem o incremento de possibilidades
de escolha.
O sistema político é sistema complexo, não se pode dizer que hierarquizado, mas
composto por inúmeras fontes de comunicação política que se organizam de maneira
circunferencial, cujo centro, representado pelo Estado e com uma função de orientação e
subordindação, tende a ser mais hierarquizado. A periferia é composta por várias organizações
políticas, estas diferenciada por segmentos não coordenados.
Com relação ao par centro/periferia, Campilongo nos ensina que:
“pode-se dizer que a democracia do sistema político possui desníveis de
complexidade: na periferia a tematização da política das pretensões é mais
intensa e o incremento das possibilidades de escolha mais veloz; no centro
estão os mecanismos seletivos e de autocontrole dessas pretensões
(CAMPILOGO, p.74, 2011).
Essa relação de assimétrica complexidade é importante para a o fechamento do
sistema, para sua capacidade de controlar o ambiente por meio do controle de si mesmo. Vale
lembrar que a “diferença entre sistema e ambiente envolve um desnível de complexidade. O
ambiente é sempre mais complexo e rico de possibilidade que o sistema” (CAMPILONGO,
p.73, 2011).
O sistema jurídico
Como já vimos, um sistema reage dentro de seus próprios limites, ele deve observar o
duplo valor de código e ter a comunicação que lhe é cabida. O problema básico dos sistemas
autopoiéticos é o de “conectar referências internas e externas sempre mediante operações
internas”. O código do sistema jurídico é o direito/não direito. Esse sistema possuí programas
normativos, tais quais como leis, contratos, regulamentos e jurisprudência. O direito se
autorreferencia e se autorreproduz (autopoiese) é através do próprio direito, só o direito diz o
que é direito.
Sobre esse sistema é relevante mencionar a indeclinabilidade de jurisdição, que é
condição de fechamento operativo e de abertura cognitiva do sistema. Essa negação ao
sistema jurídico força sua operabilidade e faz garantir respostas aos outros sistemas. A
distinção periferia/centro também se aplica a esse sistema, o centro não é hierarquicamente
superior à periferia, e esta opera com maior complexidade que o centro.