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Isso, no
entanto, é uma ideia que pode até ter surgido com boas intenções, mas acabou prestando
um desserviço à luta contra o racismo e a favor da igualdade racial. Historicamente a
sociedade sustentou-se por meio de uma relação desigual entre pessoas por vários
fatores. Os principais fatores de desigualdade são:
Gênero;
Cor da pele;
Sexualidade;
Condição socioeconômica.
Isso evidencia, a partir de uma leitura materialista da história, que as relações sociais
são desiguais e que é preciso corrigir essa distorção para que a sociedade evolua.
Para unificar o povo preto em torno de sua luta contra séculos de escravização e após a
abolição da escravatura no Brasil, passou-se a pensar em uma forma de unir a população
preta e conscientizá-la de sua cultura, da luta diária das pessoas pretas e do valor de ser
preto. O objetivo é ainda parecido com o da negritude, mas vai além, pois indica às
pessoas pretas que, apesar de elas não ocuparem muitos lugares de destaque na
sociedade dominada por pessoas brancas, elas merecem destaque por sua intensa luta.
Para filósofos existencialistas, a nossa existência precede a nossa essência. Isso significa
que é ao viver que nos criamos. Também é nesse movimento vital que criamos a nossa
consciência, que é aquela capacidade de pensar na existência e se perceber como um ser
no mundo e capaz de modificar o mundo. Tudo isso compõe uma complexa rede de
significações que nos molda enquanto seres e não é simples de ser percebida.
Para que um indivíduo que sofre a exploração contra a sua classe social, a exploração de
seu trabalho, perceba-se enquanto um ser explorado, ele precisa tomar consciência de
que o que é feito com ele não está certo. O mesmo vale para a mulher, que, para
perceber que a cultura que a colocou como um ser inferior, frágil (até mesmo um objeto
dos homens) é errada, precisa tomar consciência de que é a cultura que está errada, e
não ela mesma. Isso também se aplica para o preto: o racismo estrutural é internalizado
pelas pessoas que o sofrem, o que faz parecer normal ser historicamente discriminado.
No entanto, a criação da consciência negra na pessoa faz com que ela perceba que ela
não está errada por ser quem ela é, mas é a sociedade que está errada por discriminá-la.
A trajetória dos ex-escravos libertos não foi fácil. Eles não tiveram direito à terra nem a
qualquer tipo de indenização. Começaram a viver à margem da sociedade, iniciando a
difícil trajetória da população preta após a abolição em nosso país. Mesmo compondo
uma comunidade em sua maioria pobre e marginalizada, a cultura negra, com suas ricas
raízes africanas, continuou se desenvolvendo.
O grupo sofreu certa perseguição, pois, na ocasião de seu nascimento, o Brasil vivia o
auge dos chamados anos de chumbo da Ditadura Militar. No entanto, os movimentos
sociais que atuavam em defesa da população negra cresciam cada vez mais em nosso
país. Em 1978, inclusive, foi criado no Brasil o Movimento Negro Unido (MNU).
Em 1988 foi promulgada a atual Constituição Federal de nosso país, apelidada pelo
deputado Ulysses Guimarães como Constituição Cidadã. Ela recebeu esse carinhoso
apelido por ser resultado de uma intensa consulta popular de vários setores da
sociedade, representados por deputados e por movimentos sociais que puderam
participar das sessões de criação e votação do texto constitucional. Um dos princípios
estabelecidos na constituição é a igualdade e o veto à discriminação por qualquer
motivo, inclusive racial.
Em 1989 foi promulgada a Lei n.º 7.716, de 5 de janeiro de 1989, que dispõe contra o
preconceito racial, tornando a discriminação racial, de cor, de religião ou nacionalidade
um crime passível de punição penal.
Veja também: Como ficou a vida dos ex-escravos após a Lei Áurea?
Zumbi teria liderado por anos o Quilombo dos Palmares, um complexo de quilombos na
região da Serra da Barriga. Na época, a região pertencia à Capitania de Pernambuco,
sendo atualmente o estado de Alagoas.